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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: UMA QUESTÃO DE GÊNERO

COM IMPLICAÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE1

Leonellea Pereira2
Luanda Pereira 3

RESUMO

A violência contra a mulher foi cultural e historicamente legitimada e atualmente é amparada pela Lei
nº 11.340/2006. Os profissionais de saúde que atendem a essa demanda estão despreparados, reflexo
do paradigma positivista; este fato aliado à insuficiência quantitativa da rede de apoio às vítimas de
violência inviabiliza a criação de estratégias de enfrentamento mais eficazes.

Palavras-chave: Saúde Pública, Violência doméstica, Violência contra a mulher.

ABSTRACT

Violence against women was culturally and historically legitimized and is currently supported by Law
No. 11.340/2006. Health professionals that meet this demand are unprepared, reflecting the positivist
paradigm, this fact together with the lack of quantitative support network for victims of violence
prevents the creation of more effective coping strategies.

Keywords: Public Health, Domestic Violence, Violence Against Women.

INTRODUÇÃO

O emprego da violência sempre se associa ao uso da força para oprimir, desqualificar


e coisificar o outro, destituindo-o do seu lugar de sujeito (MOCHNACZ, 2009). Segundo o
descrito no Relatório nacional brasileiro do Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de
Violência contra as Mulheres – CEDAW/ONU, a violência contra a mulher é qualquer ação

1
Artigo apresentado no grupo de trabalho – Feminismo, Gênero e Direito: difíceis relações do Seminário
Internacional Desfazendo Gênero, ocorrido de 14 a 16 de agosto de 2013, em Natal – RN, promovido pelo
Núcleo Tirésias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
2
Mestranda em Estudos Interdisciplinares sobre Gênero, Mulheres e Feminismos - PPGNEIM/UFBA.
Especialista em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera-UNIDERP/Rede LFG. Especialista em Políticas
Públicas em Gênero e Raça da Universidade Federal da Bahia - UFBA. Graduada em Direito pela Universidade
Estadual da Paraíba - UEPB. Advogada (OAB/BA). Presidenta da Comissão da Mulher Advogada da OAB -
Subseção Irecê - Seccional Bahia. Conciliadora dos Juizados Especiais da Comarca de Irecê - BA. Mediadora
Judicial certificada pelo Conselho Nacional de Justiça. Contato: leonellea@hotmail.com
3
Residente em Enfermagem Obstétrica no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP.
Especialista em Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia pela AVM Faculdade Integrada/Universidade
Cândido Mendes. Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Doula com
formação pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa/GAMA- SP. Contato: luandapereir@hotmail.com
ou omissão de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima
ser mulher, e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual,
moral, psicológico, social, político, econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode
acontecer tanto em espaços públicos como privados (PIOVESAN, 2003, p. 214).
Na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher, a violência contra a mulher é “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública
como na esfera privada”. Nesta convenção, os Estados-partes afirmam no art. 5º que:

Toda mulher poderá exercer livre e plenamente seus direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais, e contará com a total proteção desses direitos
consagrados nos instrumentos regionais e internacionais sobre direitos humanos. Os
Estados-partes reconhecem que a violência contra a mulher impede e anula o
exercício desses direitos.

Essa violência é vista como um processo social, judicial, interpessoal e pessoal de


interpretação de um relacionamento íntimo e agressivo (ANGELIM, 2009, p. 125). Por ser
processo, a violência contra a mulher não pode ser resumida a um episódio isolado de
agressão. Por ser social, não permite seja compreendida senão por meio de uma análise mais
abrangente, que inclui o papel que à mulher é reservado na sociedade. É por isso que de tal
processo deve vir acompanhada da verificação sua principal condição ideológica: o
patriarcado, compreendido como um modelo de relações sociais no qual predominam valores
estritamente masculinos, fundamentados em relações de poder. O poder, por sua vez, é
exercido por meio de diversificados e complexos mecanismos de controle social que tem por
objetivo a manutenção do modelo hegemônico, produzindo a marginalização dos grupos
considerados inferiores (BIANCHINI, MAZZUOLI, 2009). Característica das relações sociais
patriarcais é a dominação do gênero feminino pelo masculino, que costuma ser marcada (e
garantida) pelo emprego de violência física e/ou psíquica (SABADELL, 1998). Tal
dominação propicia o surgimento de condições para que o homem sinta-se (e seja) legitimado
a agredir a mulher.
Ana Lúcia Sabadell, utilizando a expressão violência de gênero, define-a como aquela
praticada contra a mulher no âmbito do processo de dominação masculina, que visa submetê-
la às regras da cultura patriarcal (SABADELL, 2005). Por este motivo, no âmbito dos estudos
feministas, é corriqueira a definição deste tipo de violência como aquela praticada contra a
mulher pelo fato de pertencer ao gênero feminino. Este conceito abrange não só a violência
direta, manifesta, mas também as formas de violência sutis e encobertas, compreendendo,
portanto, todas as formas de pressão dirigidas ao corpo e ao equilíbrio psicológico da mulher,
que impedem ou limitam sua autodeterminação.
Este conceito de Ana Lucia Sabadell designa um fenômeno ligado à constituição da
cultura patriarcal que estabelece padrões de comportamento por meio de mecanismos de
controle social informal e formal. O paternalismo e a ideologia da inferioridade, ao
veicularem, no âmbito da cultura patriarcal, uma imagem de dependência e de impotência da
mulher, favorecem, em todos os níveis da sociedade, a reprodução da concepção da mulher
como objeto, reproduzindo-se assim a violência de gênero.
Partindo desta concepção, a violência doméstica é uma forma de violência física e/ou
psíquica, exercida pelos homens contra as mulheres no âmbito das relações de privacidade e
intimidade de cunho familiar ou de convivência amorosa, que expressa o exercício de um
poder de posse, de caráter patriarcal. O traço distintivo deste tipo de violência é o fato de
ocorrer nas relações privadas e ser decorrente delas (SABADELL, 2005).
Organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) tem reconhecido a violência contra a mulher,
designada violência de gênero, como um problema de Saúde Pública desde 1990 (BORSOI,
BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009; MENEGHEL, HIRAKATA, 2011). Assim observa-se a
magnitude do problema e como este se apresenta mundialmente trazendo prejuízos nas esferas
individuais e das coletividades. Nas últimas décadas, o Brasil tem apresentado índices
crescentes de homicídios de mulheres, sendo um dos maiores níveis das Américas
(MENEGHEL, HIRAKATA, 2011).

A violência contra as mulheres está presente na história humana desde os seus


primórdios, mas só recentemente passou a ser vista como um problema que
necessita ser enfrentado, com elaboração conceitual e metodológica própria e
implementação de políticas públicas específicas (VILLELA, et al, 2011).

A OMS relaciona a violência à maior ocorrência de diversos problemas de saúde


física, reprodutiva e mental, assim como ao maior uso de serviços de saúde por parte das
mulheres (BORSOI, BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009). Deste modo, vê-se o quão grave é
o impacto social e de saúde oriundos da violência, gerador tanto de custos financeiros, quanto
de outros tão importantes quanto, como os danos psicológicos, estes imensuráveis e geradores
de muita dor e sofrimento (MOCHNACZ, 2009).
No Brasil, as pesquisas realizadas com dados populacionais, em delegacias especiais
de atendimento à mulher, ou em serviços de saúde apontam padrão centrado na violência
doméstica, com o parceiro ou ex-parceiro como agressor (BORSOI, BRANDÃO,
CAVALCANTI, 2009). Por este motivo aqui esbarramos com um dos grandes entraves para o
enfrentamento da violência: em geral, a vítima possui ou possuiu uma relação de afetividade,
de compartilhamento da vida pessoal com o seu agressor (muitas vezes dependendo
financeiramente deste), fator este que implica em menor motivação da vítima em denunciar
o(s) episódio(s) de violência.

A violência praticada contra a mulher assume um enfoque diferenciado, uma vez


que é praticada por um agressor que compartilha relações íntimas e afetuosas com a
vítima. A aplicação da força física e/ou constrangimento psicológico que se impõe a
alguma mulher contra seus interesses, vontades e desejos, resulta em danos à saúde
física e mental pela violação da dignidade humana em sua integridade. É produzida
sob a organização hierárquica do domínio masculino nas relações sociais entre os
sexos, historicamente delimitadas, culturalmente legitimadas e cultivadas, nas quais
a mulher está exposta a agressões objetivas e subjetivas, tanto no espaço público
como no privado (LUCENA, et al, 2012).

As mulheres que sofrem da violência doméstica em geral não procuram os serviços de


saúde buscando ajuda direta para este problema (VILLELA, et al, 2011). Em linhas gerais,
estas apresentaram alguns quadros específicos que serão descritos adiante. A depender do
olhar do profissional de saúde que assiste à mulher vítima de violência, este poderá deixar
escapar por diversas vezes a oportunidade de uma orientação e intervenção mais precoces pela
falta de “leitura das entrelinhas” da fala daquela que clama por um socorro, mas que não
expressa isso verbalmente.
Dada as peculiaridades da violência contra a mulher, esta assume características
multifacetadas, o que dificulta o seu diagnóstico, o seu entendimento e a organização de
medidas preventivas (OSHIKATA, et al, 2011).

A violência de uma forma geral e a violência contra a mulher têm sido


reconhecidas como questões que mantêm uma situação de comunicação com
todas as áreas do conhecimento humano, por seu caráter transversal a todas
as dimensões da experiência de viver de homens e mulheres. (LUCENA, et
al, 2012).

Implicações da violência contra a mulher chegam ao sistema de saúde por meio de


gastos com emergência, assistência e reabilitação mais onerosos que a maioria dos
procedimentos médicos convencionais; e ao social e financeiro impacta principalmente com
consequências na produção econômica do país, pois estas mulheres além de custos ao sistema
de saúde, cursam também com altas taxas de absenteísmo no trabalho (GOMES, et al, 2012).
Desde 2004, a violência contra a mulher, no Brasil, é fruto de notificação compulsória ao
SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

OBJETIVOS

Considerando a violência contra a mulher como uma das grandes responsáveis por
prejuízos nos mais diversos âmbitos da vida, este estudo objetivou-se em realizar algumas
ponderações sobre este grave problema social e de saúde que apesar de por muito tempo ter
sido naturalizado pela sociedade, atualmente há alguma abertura para discuti-lo nos mais
diversos espaços. Deste modo, nos propusemos a debater sobre suas origens, as estratégias de
enfrentamento que hoje estão disponíveis e quais as principais dificuldades para o seu
enfrentamento com efetividade.

METODOLOGIA

É importante destacar a necessidade da definição da metodologia a ser utilizada no


presente estudo, já que nela delimitamos a forma como será apresentado o trabalho, as fontes
de pesquisa e todo o seu procedimento estrutural. Além disso, a definição da metodologia
demonstra o respeito do pesquisador ao método científico, a credibilidade e seriedade da
pesquisa.
A metodologia fundamentou-se na revisão bibliográfica da literatura a partir da busca
por artigos completos, disponíveis gratuitamente nos idiomas português e inglês, que tivessem
sido publicados entre os anos de 2009 e 2013.
As bases de bases de dados científicos utilizadas foram as plataformas da LILACS
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), IBECS (Índice
Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online), Biblioteca Cochrane e SciELO (Scientific Eletronic Library
Online).
Para constituir este estudo foram utilizados termos descritores para realizar a busca
pelos artigos nas plataformas anteriormente listadas. A partir do cruzamento dos descritores
Violência Doméstica, Violência Contra a Mulher e Violência de Gênero foram encontrados
25 artigos. Após leitura de resumos e abstracts, 19 artigos contemplavam o objetivo proposto
neste estudo, sendo estes utilizados e os outros 6 artigos foram descartados. Além destes
artigos selecionados, outros materiais complementares como publicações da Secretaria de
Políticas para Mulheres da Presidência da República, algumas leis federais e livros de
pesquisadores da violência contra as mulheres foram aqui contempladas na bibliografia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dadas as necessidades gritantes, organismos como o Ministério da Saúde tem se


preocupado com a necessidade de informação para a orientação do trabalho de profissionais
que lidam com a demanda das mulheres em situação de violência (BORSOI, BRANDÃO,
CAVALCANTI, 2009). Como importantes materiais produzidos podem ser citados: Violência
Intrafamiliar: Orientações para a Prática em Serviço (2002), Atenção Integral para Mulheres e
Adolescentes em Situação de Violência Doméstica e Sexual (2011), Aspectos Jurídicos do
Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (2011), Prevenção e Tratamento dos Agravos
Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes (2012).
Como parceiros na ação contra a violência doméstica, aliados aos organismos
governamentais, não podemos deixar de falar da importância das organizações não-
governamentais feministas. Estas atuam tanto em parcerias com os órgãos governamentais,
como isoladamente em ações de capacitação para comunidades. Tomando como exemplo a
realidade da região de Irecê, no estado da Bahia, o Centro de Assessoria do Assuruá – CAA e
o Centro de Desenvolvimento Socioambiental Barriguda são duas entidades que trabalham
com projetos sociais voltados à convivência com o semiárido, trabalhando com hortas
orgânicas, cisternas de produção e agricultura familiar agroecológica. Percebendo que as
desigualdades de gênero se acentuam nas zonas rurais, onde as pessoas tem mais dificuldade
de acesso às políticas públicas básicas, passou a incluir o debate de gênero nos seus projetos,
realizando oficinas com a temática da violência contra as mulheres em comunidades rurais
não só do território de Irecê, mas também nos territórios da Chapada Diamantina e Velho
Chico, onde as duas entidades também atuam em projetos sociais. A equipe técnica do Centro
de Referência da Mulher participa voluntariamente de todas essas iniciativas (PEREIRA,
2013).
No Brasil tem se implementado serviços voltados ao atendimento de mulheres em
situação de violência, logo os “serviços comuns” em geral não possuem habilidades para
manejar adequadamente a situação. Os serviços criados com este fim constituem as
Delegacias de Defesa da Mulher, Centros de Referência Multiprofissionais e as Casas-abrigo
(BORSOI, BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009). Outros serviços como os CRAS (Centros de
Referência em Assistência Social) e os CREAS (Centros de Referência Especializados em
Assistência Social), que já existiam antes do atual entendimento sobre a temática da violência
doméstica, atuam como importantes amparos à demanda, entretanto esta é bem maior do que
o suportado por toda a rede de apoio.

Um avanço já pode ser percebido no que tange ao enfrentamento da


violência sexual pelos serviços de saúde. Tais medidas resultam tanto da
compreensão de que a violência representa uma violação dos direitos
humanos, como também do reconhecimento de que esta é uma importante
causa do sofrimento e adoecimento, sendo fator de risco para diversos
problemas de saúde (BORSOI, BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009).

Os profissionais da saúde ainda são pouco capacitados para desempenhar com


resolutividade o atendimento às mulheres vítimas de violência, muitas vezes sendo incapazes
de ajudá-las a romper com esse circulo ao qual estão aprisionadas. A pouca capacitação
impossibilita um atendimento qualificado pela incompreensão ou compreensão inadequada
das relações de gênero. Assim, se perpetua o legado do patriarcado, criando um ciclo de
violência que engloba a violência interpessoal e a violência institucional, gerando cada vez
mais ônus para uma mulher que já está em uma situação de extrema delicadeza (SANTOS,
MORÉ, 2011; VILLELLA, et al, 2011).
De forma geral, a maioria dos profissionais de outros setores – em especial assistência
social, segurança e educação – tem igualmente dificuldade para agir no caso de uma vítima de
violência doméstica. Onde não há delegacias especializadas, o atendimento das vítimas é
ainda mais precário, pois na maioria das delegacias não há nem mesmo privacidade para
registrar o boletim de ocorrência, o que já inibe muitas mulheres de prosseguirem com a
acusação. Não há atendimento adequado, a maioria dos investigadores que atendem nos
balcões são homens e já tem ideias formadas a respeito da violência contra a mulher, fazendo
comentários que fazem entender que a mulher foi a provocadora do ocorrido (“O que você fez
para ele ficar com tanta raiva de você?”) e é a culpada da situação. Além disso, não há um
compromisso das gestões, principalmente municipais, em realizar capacitação permanente e
continuada dos profissionais para que estes tenham condições de oferecer um atendimento
mais adequado e proativo nestas situações. Assistentes sociais, psicólogos e advogados são
profissionais fundamentais no acompanhamento de mulheres em situação de violência.
Geralmente os municípios dispõem dessas pessoas, mas dificilmente realizam capacitações
voltadas a esta temática (PEREIRA, 2013).
Considerando os serviços de saúde, principalmente no que tange à atenção básica,
representada, sobretudo pelas Unidades Básicas de Saúde da Família, pela sua forma de
trabalho (pautada em ações de prevenção, promoção e educação em saúde, e com grande
cobertura populacional), estas deveriam funcionar como locais privilegiados para o
acolhimento e identificação precoce de mulheres em situação de violência (BORSOI,
BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009; MOCHNACZ, 2009). Contudo, infelizmente a formação
profissional que é oferecida na academia, em geral, ainda dá pouca relevância à temática, que
quando ocorre na prática por vezes é ignorada, e o serviço de saúde acaba funcionando como
mais uma barreira para superar a violência ao invés de ser um meio de dar partida ao
enfrentamento desta.

Ser objeto de violência pelo fato de ser mulher, marcada socialmente pelo
signo da subalternidade, é um processo social que deve ser reconhecido
como uma violação de direitos e transformado. Uma mulher violentada
aponta para um problema social que afeta a homens e mulheres, pois denota
o não reconhecimento da alteridade, pressuposto da condição humana.
Transformar a mulher que sofre violência em vítima, tratando-a com
indiferença ou com insensibilidade, é participar desse processo (VILLELA,
et al, 2011).

A violência praticada contra as mulheres, no âmbito doméstico, seja ela física, sexual,
ou psicológica, não se constitui uma demanda imediata para os serviços (BORSOI,
BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009). As exceções a esta situação apresentam-se
principalmente quando a violência toma um caráter ainda mais agressivo, e a busca pelo
serviço de saúde é inevitável; os exemplos mais comuns se dão quando a mulher é vítima de
violência física, por exemplo, quando sofre um ferimento por arma de fogo, arma branca e
outras situações de emergências. Portanto, o setor saúde tem se preocupado na maioria das
vezes somente em realizar ações de reparação e reabilitação, pouco intervindo para a
interrupção da situação que provocou tais danos à saúde (MOCHNACZ, 2009), ou mesmo
encaminhá-la para um serviço que possa fazê-lo.
“Embasadas” em preceitos sexistas, muitas vezes as mulheres que aludem estar em
situação de violência sofrem condutas discriminatórias e julgamentos morais pelos
profissionais tanto da saúde, quanto do setor da segurança pública (GOMES, et al, 2009;
VILLELA, et al, 2011). Deste modo observamos o quão importante é a implementação de
ações específicas como os Centros de Referência Multiprofissional e as Delegacias de Defesa
da Mulher, pois nestes espaços a mulher tem melhor condição de ser ouvida, entendida e ter
seu caso analisado visando alguma resolutividade livre de atos discriminatórios.
Tomando como exemplo, mais uma vez, o estado da Bahia, onde há apenas 16
Delegacias de Atendimento à Mulher num quantitativo de 417 municípios, a dificuldade é
tremenda quando se fala em qualidade do serviço oferecido pelas delegacias. Primeiro, o
pequeno número de unidades especializadas faz com que a maioria esmagadora das mulheres
acabe procurando uma delegacia comum, onde não há atendimento multiprofissional nem
ambiente reservado para registro de boletim de ocorrência com privacidade. Quanto aos
Centros de Referência Multiprofissionais, são apenas 19 em todo o estado. Verifica-se que,
em cidades como Irecê, localizada no interior do estado, onde não há Delegacia
Especializada, o trabalho realizado por este equipamento de atendimento às mulheres otimiza
o trabalho da polícia, que percebendo que a vítima está amparada e orientada, não há margem
para qualquer espécie de constrangimento ou violência institucional (PEREIRA, 2013).
Alguns fatores de risco são descritos para a violência doméstica, dentre os principais
estão ser adolescente, uso de álcool e drogas, antecedente de violência sexual e baixo poder
socioeconômico (OSHIKATA, et al, 2011). Assim podemos observar o quanto as situações
de vulnerabilidade social e econômica tendem a exercer uma influência negativa, apesar de
não serem determinantes, sobre a ocorrência da violência.
As principais consequências físicas da violência constituem as lesões corporais,
queimaduras, distúrbios ginecológicos e infecções sexualmente transmissíveis. Os principais
danos psicológicos e comportamentais são a ansiedade, depressão, comportamentos suicidas e
abuso de álcool e drogas (VIEIRA, PADOIN, PAULA, 2010; WAISELFISZ, 2012).

Dados mundiais mostram que quase metade das mulheres assassinadas é


morta pelo marido ou namorado, atual ou ex. A violência responde por
aproximadamente 7% de todas as mortes de mulheres entre 15 e 44 anos no
mundo todo. Em alguns países, até 69% das mulheres relatam terem sido
agredidas fisicamente, e até 47% declaram que sua primeira relação sexual
foi forçada. No Brasil, a violência contra a mulher é um dos maiores
problemas de saúde pública, atingindo um quarto da população, excetuando-
se os casos não notificados (LUCENA, et al, 2012).

A existência de vínculos afetivos com o praticante da violência doméstica aliado à


dependência econômica são fatores fortemente ligados à desmotivação das mulheres em
realizar denúncia formal da violência. Outros fatores comumente associados são a vergonha
da situação, a exposição pública e o medo de retaliação por parte do agressor (BORSOI,
BRANDÃO, CAVALCANTI, 2009; OSHIKATA, et al, 2011).
Como já relatado, é comum que mulheres em situação de violência doméstica
procurem os serviços por causas alheias ou secundárias à situação de violência. A
pesquisadora americana Lenore E. Walker desenvolveu uma teoria explicativa sobre os ciclos
de violência chamada “Síndrome da Mulher Espancada”, que tem como principal
característica o aumento dos sintomas clínicos através de queixas vagas e repetitivas, que
muitas vezes leva a mulher a buscar o serviço de saúde, porém dada a circunstância das
queixas ela alcança pouca ou nenhuma resolutividade (MOCHNACZ, 2009).
A Síndrome da Mulher Espancada se apresentaria na mulher que tivesse passado por
pelo menos dois ciclos completos de espancamento. Esta é identificada quando há a
recorrência cíclica dos seguintes acontecimentos: Fase I ou acumulação de tensão onde há
predomínio da violência psicológica; Fase II ou explosão, em que há a exacerbação da
violência psicológica e fortes atos de violência física; e Fase II, ou Lua-de-mel, em que o
agressor mostra-se arrependido, e leva a mulher a crer que ele é capaz de se controlar e que o
ciclo de violência não terá recorrências (MOCHNACZ, 2009).
Estima-se que até 3,3% do produto interno bruto brasileiro é gasto por conta da
violência doméstica, seja em dispêndios diretos ou indiretos e a nível hospitalar gera cerca de
8% dos custos totais. Mundialmente, cerca de 7% de todas as mortes de mulheres com idades
de 15 a 44 anos tem sua causa pautada na violência (GOMES, et al, 2012).
Na América Latina, a violência doméstica incide sobre 25% a 50% das mulheres; no
Brasil, 23% das mulheres estão sujeitas à violência doméstica; dados do período de 2003 a
2007 apontam para um padrão de mortalidade por agressão de 4,1 óbitos/100.000 e no ano de
2012 o Brasil cursou com um o padrão de mortalidade de 4,4 óbitos/1000.000 (MENEGHEL,
HIRAKATA, 2011; MOCHNACZ, 2009; WAISELFISZ, 2012).

Embora seja difícil ter estimativas precisas, a violência gera prejuízos


econômicos aos países [...] Segundo o Banco Mundial, a violência contra a
mulher é causa de uma em cada cinco faltas ao trabalho. Dados do Banco
Interamericano – BID, segundo relatório divulgado pela ONU, em 2000,
revelam que o Brasil deixa de aumentar o seu PIB em 10,5% em decorrência
da violência contra a mulher (MOCHNACZ, 2009).

CONCLUSÕES

Para uma efetiva redução de danos no campo da violência doméstica se faz necessário
uma maior articulação entre as diversas instituições que são capazes de realizar alguma
intervenção.
Vimos no decorrer da discussão deste trabalho que muitos estudos indicam que no
espaço privado produzem-se graves violações dos direitos fundamentais das mulheres. Uma
parte significativa da socialização e atuação das mulheres desenvolve-se neste espaço, o qual
permanece fora do alcance efetivo das normas que protegem, por sua vez, os espaços
públicos, o que acaba por garantir a “privacidade” dos homens. A violência contida nas
relações de gênero nem sempre é percebida pela comunidade porque a relação doméstica
favorece que a situação seja mantida em sigilo. A violência doméstica contra a mulher surge,
portanto, como subproduto perverso da violência de gênero (SILVA, 2012).
As feministas indicaram que a violência doméstica, apesar de ocorrer no âmbito
privado, é um problema social geral, e reivindicaram sua politização, considerando-a como
problema público (o privado é político!), revelando, deste modo, “a violência da privacidade”,
que reproduz a subordinação das mulheres, e observando que a retórica da privacidade
permite mascarar a desigualdade e a subordinação (SABADELL, 2005, p. 08).
No campo da saúde as principais deficiências no enfrentamento à violência são
oriundas de uma formação acadêmica pautada no paradigma positivista, que não dá abertura
para um novo pensar e agir em saúde. Cabe às instituições de saúde, que saiam da posição de
conforto frente ao exercício de ações apenas de caráter medicalizador, que ignora aspectos
imprescindíveis ao combate da violência, corroborando com sua naturalização e
invisibilidade. Muitas vezes como agravante da situação o profissional ainda tende a
culpabilizar a mulher pela ocorrência da violência.
Assim, os gestores de saúde devem se preocupar com a atual não habilidade dos
profissionais em manejar o atendimento a mulheres em situações de violência. Uma saída
oportuna para o problema seria a aplicação da educação continuada por meio da realização de
capacitações nesta área do conhecimento, fazendo com que os serviços de saúde possam de
fato ser ambientes de acolhimento e de resolutividade.
Na busca de soluções, devemos levar em consideração que, do ponto de vista
masculino, o patriarcado é visto como poder legítimo de controle baseado em uma série de
valores culturais. O homem é capaz de perceber o caráter antissocial de uma lesão corporal
ocorrida na esfera pública e a desaprova, mas não consegue perceber como estruturalmente
semelhante a violência exercida pelos homens nas relações privadas. Isso vale para o agressor,
mas em larga medida também para os juízes, a polícia e outros operadores jurídicos
(SABADELL, 2005, p. 24). Ou seja, antes de qualquer trabalho de combater a violência já
ocorrida, precisamos trabalhar com a perspectiva de mudança de conceitos sociais sobre os
comportamentos violentos e opressivos contra as mulheres.
Um dos nossos destaques, neste momento, é para a importância e a necessidade do
trabalho de prevenção de novos atos de violência contra a mulher. Quando a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos julgou o Caso Maria da Penha em 2001, fez diversas
recomendações ao Estado Brasileiro em relação à violência doméstica. Dentre elas propôs
incluir, em seus planos pedagógicos, unidades curriculares destinadas à compreensão da
importância do respeito à mulher e a seus direitos reconhecidos na Convenção de Belém do
Pará de 1994, bem como ao manejo dos conflitos intrafamiliares (CIDH, 2001). De que forma
o Estado Brasileiro poderia implementar esta recomendação internacional?
O direito como mecanismo de orientação dos indivíduos mediante a ameaça ou efetiva
imposição de sanções apresenta uma dupla limitação estrutural. Primeiro, não pode prevenir a
violência doméstica, a não ser de forma indireta no âmbito da prevenção geral: tendo medo de
eventuais sanções penais, os homens deixariam de agredir as mulheres no âmbito privado. É
uma suposição pouco provável e de difícil comprovação. Em seguida, o direito deve oferecer
respostas diferenciadas segundo a gravidade da violência perpetrada. Seria inconstitucional
responder da mesma forma ao homicídio, à lesão corporal, às injúrias, às pressões
psicológicas e ao desprezo, mesmo se todas estas formas de manifestação da superioridade
masculina acarretassem consequências devastadoras para as mulheres-vítimas.
Essas diferenciações são necessárias no mundo jurídico, mas não correspondem à
realidade do fenômeno da violência contra a mulher. Têm razão as autoras que indicam a
existência de um ciclo contínuo de violência em relação ao qual os abusos apresentam
somente diferenças quantitativas, sendo todos eles manifestações da mesma estrutura, ou seja,
da violência patriarcal como meio de controle e submissão das mulheres. Enquanto for
mantida essa estrutura, o tratamento dos sintomas na forma fragmentária da intervenção
jurídica não permite solucionar o problema (SABADELL, 2005, p. 25).
Vemos, portanto, que a política pública mais eficaz para mudar esta realidade é
introduzir massivamente a educação de gênero. Tal iniciativa requer um rompimento com a
prática do sexismo nas escolas, o que implica preparação de educadores e elaboração
cuidadosa de novos modelos de linguagem aptos a impedir que se estabeleça uma relação
circular entre a linguagem e a educação sexista.
Anna Maria Piussi analisa o papel da educação na formação da cultura patriarcal,
ilustrando a função da linguagem com o seguinte suposto diálogo entre professora e aluna:

– Professora, como se forma o feminino?


– Partindo do masculino: o "o" final é substituído simplesmente por um "a".
– E o masculino, professora, como se forma?
– O masculino não se forma, existe. (PIUSSI, 1987, p. 115)

Educando as crianças para refletir sobre os modelos de comportamento de gênero,


semeando dúvidas ao modelo patriarcal com o qual elas convivem fora do ambiente escolar, e
oferecendo ao mesmo tempo modelos educacionais alternativos, é possível estabelecer novas
estratégias para enfrentar o problema da violência doméstica. Para isto, o Estado deve
introduzir na formação de seus professores a matéria de educação de gênero e deve impô-la
como disciplina obrigatória em todas as escolas, públicas e privadas, como foi feito com o
ensino de História da África objetivando criar uma identificação com a cultura negra na
formação do povo brasileiro e o respeito à diversidade étnica, combatendo assim, o racismo.
No momento de esquematizar políticas públicas, é preciso refletir sobre a adequação
dos meios empregados para resolver conflitos. Tanto o direito como a educação constituem
formas de controle social; sendo assim, o dever-ser expresso pelas normas jurídicas indica a
pretensão do legislador em transformar a realidade, tal como se propõe a fazê-lo a educação.
Porém, ambos os sistemas atuam de modo diferente sobre seus destinatários, e isso repercute
sobre os resultados das intervenções.
Ao contrário do direito, de caráter quase exclusivamente sancionador, os processos
educativos desenvolvem estratégias de orientação dos indivíduos que se distanciam da
dinâmica ordem-desobediência-penalidade. Este distanciamento permite convencer os
indivíduos por meio de processos de reflexão, conhecimento e autoconhecimento, que não
obrigatoriamente os sanciona pelos eventuais erros cometidos. Ana Lucia Sabadell assim nos
diz:

A estas colocações, devemos somar um outro elemento: a intervenção por


meio do direito individualiza o conflito ao situar em pólos opostos a vítima e
o agressor. Deste modo, torna invisível a intervenção da cultura patriarcal
que é determinante para o surgimento dos conflitos de gênero. Ora, se o juiz
não pode chamar à lide o machismo e condenar a cultura patriarcal, a
educação intervém sem individualizar os conflitos. A reflexão crítica sobre
os valores culturais está no centro dos processos. Por essa razão, a educação
de e para o gênero é muito mais eficaz do que o recurso ao direito, em
projetos que visam a erradicar a violência doméstica (SABADELL, 2005, p.
26).

A educação não oferece respostas imediatas, mas é a única capaz de produzir soluções
satisfatórias e verdadeiramente duradouras. Então cada um de nós é que deve condenar os
abusos da cultura patriarcal e, unidos, lutarmos por uma realidade onde a equidade de gênero
não seja apenas uma ilusão feminista.
Outro ponto que verificamos dificultar o enfrentamento à violência constitui a
insuficiência quantitativa da rede de serviços voltados a essa demanda. As casas-abrigos estão
superlotadas existem em pequeno número, os Centros de Referência Multidisciplinar por seu
caráter regionalizado e pelo fato de se localizar em uma determinada cidade muitas vezes
desfavorece geograficamente o atendimento de mulheres de outras cidades, e as Delegacias de
Defesa da Mulher ainda são quantitativamente insuficientes e atualmente funcionam apenas
de Segunda a Sexta-feira, deixando as mulheres desassistidas nos fins de semana, que
constituem os períodos de maior ocorrência de violência doméstica.
Por fim, é importante ressaltar a importância da atuação multiprofissional em saúde, e
no campo da defesa dos direitos das mulheres. Só a partir de uma ação contínua e bem
articulada entre todos os atores envolvidos é que será possível superar estes modelos
comportamentais oriundos do patriarcado e geradores desse tão grave problema de Saúde
Pública.

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da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
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