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VIOLÊNCIA
ESTRUTURAL
A violência estrutural refere-se a qualquer cenário em que uma estrutura
social perpetua a desigualdade, causando sofrimento evitável. Ao estudar a
violência estrutural, examinamos as maneiras pelas quais as estruturas sociais
podem ter um impacto desproporcionalmente negativo em determinados
grupos e comunidades.
VIOLÊNCIA DIRETA
Violência Direta
Uso intencional da força física ou poder, ameaçado ou efetivo, contra a si mesmo, outra pessoa
ou contra um grupo ou comunidade, que resulte em ou tenha uma alta probabilidade de
resultar em ferimentos, morte, dano psicológico, deformações ou privação. (Krug et al., 2002,
p. 5)
Diversas palavras dessa definição são mais complexas do que aparentam à primeira vista.
Primeiro, nessa definição a violência direta precisa ser intencional, mas não necessariamente
precisa ser efetivada fisicamente. A intimidação e a ameaça constituem assim uma forma de
violência direta segunda a definição da OMS, e a origem dessas atividades é identificada como
a assimetria de poder. A OMS identifica ainda quatro tipos diferentes de dano que a vítima da
violência pode sofrer: físico, sexual, psicológico ou de privação/negligência.
Vamos imaginar por exemplo o caso de uma pessoa trancar outra em um cárcere privado. Essa
ação é caracterizada como violência (direta), mesmo se não houver dano físico. Por que? Pois
ao limitar o movimento dela está instaurando uma assimetria de poder com alta probabilidade
de resultar em ferimentos, morte, dano psicológico, deformações ou privação. A vítima pode
ser agredida, sofrer abuso sexual, ser torturada psicologicamente ou ainda ser negada de
alimento e bebida. No limite, o agressor só precisa ser negligente com o fornecimento desses
alimentos e a vítima morrerá em um prazo curto de tempo sem que ele precise agredi-la
fisicamente.
As formas de medir a violência direta são as que mais estamos acostumados. Estatísticas de
número de homicídios, estupros, sequestros, roubos, estão entre as mais usualmente citadas.
Para um detalhamento das estatísticas que temos sobre casos de estupro no Brasil,
recomendo ler este outro texto que fiz sobre o assunto.
As formas de combate à violência direta são também das mais variadas, mas no âmbito das
políticas de Estado elas tendem a ser voltadas para mecanismos de punição de agressores, seja
com o intuito de vingança da sociedade (como o problema foi pensado ao longo da maior parte
da história humana, com resultados no mínimo duvidosos), seja para dissuadir novos
agressores pelo medo da punição, ou para os institucionalizarem em prisões ou hospícios com
o objetivo de os excluírem do convívio social, com ou sem a intenção de os reeducarem para a
vida em sociedade.
VIOLÊNCIA INDIRETA
violência indireta
É um tipo de violência em que não há apenas um ator identificável que cause essa forma de
violência. Não há um único responsável concreto que possa ser responsabilizado pelas
consequências, mesmo que o resultado final gere mortes ou sofrimento físico e psicológico.
O que acontece é que, nesse caso, a violência se apresenta por meio da constituição e da
estrutura do sistema socioeconômico. A disposição desigual desse poder na sociedade gera
uma má distribuição no compartilhamento de recursos, perpetua a pobreza, a fome e dificulta
o desenvolvimento. A má distribuição de poder também causa grande discrepância nas
oportunidades de vida.
O que acontece é que o sistema econômico algumas vezes falha na promoção da inclusão de
indivíduos na estrutura social. Muitas pessoas, principalmente aquelas que têm menos de 2
dólares por dia para a sobrevivência, não possuem acesso à educação, saúde e alimentação
básica, sistema de transporte e integração com mercados de consumo. A violência promovida
contra esses indivíduos é a fome, a miséria e a falta de acesso a recursos. Ela é estática e
constante, muito mais sutil e enraizada na sociedade. Isso faz com que, muitas vezes, ela seja
vista com normalidade ou como parte natural do sistema.