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SERVIÇO SOCIAL

AGDA ROBERTA MEDINA

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL (PTI)

INTERVENÇÃO SOCIAL NOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

CATAGUASES
2021
AGDA ROBERTA MEDINA

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL (PTI)

INTERVENÇÃO SOCIAL NOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Trabalho de Serviço Social apresentado à Universidade


Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a
obtenção de média bimestral, referente às disciplinas de
Metodologia Científica, Responsabilidade Social e
Ambiental, Homem, Cultura e Sociedade e Psicologia e
Políticas Públicas

Professores:
Maria Luíza Mariano
Maurílio Bergamo
Maria Gisele de Alencar
Mayra Campos

CATAGUASES
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO...........................................................................................4
2.1 BREVE CONSIDERAÇÃO QUANTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA..................4
2.2 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SAÚDE PÚBLICA................................................5
2.3 INTERVENÇÃO SOCIAL NOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA............6
3 CONCLUSÃO........................................................................................................8
4 REFERÊNCIAS......................................................................................................9
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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho tem por escopo abordar a Atuação do Serviço Social


no Enfrentamento da Violência Doméstica, mais precisamente da Violência Contra a
Mulher, e, ainda, discutir e analisar uma das várias expressões da Questão Social
que é a violência doméstica. A violência doméstica contra a mulher apresenta efeitos
muito prejudiciais e devastadores à saúde, tanto psicológica, quanto física das
mulheres. Infelizmente, essa triste realidade não apenas atinge as vítimas
envolvidas, mas, de forma direta ou indireta toda a sociedade.
Os altos índices de violência contra a mulher, que vem crescendo
assustadoramente a cada dia, sobretudo em tempos de pandemia, ocorre, dentre
outros fatores, em virtude da falta de denúncia por parte da vítima, já que em muitas
ocasiões, as vítimas são coagidas pelo agressor, que em geral, mantém uma
relação de proximidade com estas.
Assim. este trabalho procura, de forma não exaustiva, analisar o
papel do profissional social no combate a violência doméstica contra a mulher,
buscando uma reflexão multi e interdisciplinar, pois acreditamos que apenas através
de suas contribuições interventivas que o assistente social poderá atuar, de forma
efetiva, no fortalecimento da autonomia e libertação de mulheres vítimas deste tipo
de abuso e assim poderem sair de uma situação de violência e submissão, para
uma de controle da autoestima e da própria vida.
Quando da elaboração do referencial teórico, procuramos abordar a
desigualdade de gênero e o conceito de violência, para podermos entender o
contexto no qual essa questão se insere.
A percepção do Assistente Social, bem como o seu papel como
profissional diante destas questões deve se pautar na ética e no profissionalismo há
muito difundido, utilizando-se de seus vastos instrumentos e técnicas para diminuir
os impactos sofridos pela vítima de violência doméstica.
Assim, a pesquisa utilizada para a elaboração deste trabalho será a
bibliográfica, uma vez que, segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos.
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2 DESENVOLVIMENTO

É de suma importância para o Assistente Social conhecer os


campos de atuação do Serviço Social no que tange aos casos de violência
doméstica, especialmente num momento em que cresce o movimento de
emponderamento feminino ante as arbitrariedades histórico-culturais que
acompanham nossa sociedade patriarcal.

A violência baseada no gênero está interligada aos aspectos históricos e


culturais constituídos a partir das diferenças entre homens e mulheres, no
qual se reproduz relações de desigualdade social, resultando em
subordinação e dominação do homem sobre a mulher. A supervalorização
masculina, ainda se mantém forte e presente na sociedade, pois ao longo
dos anos, essa valorização do homem de superioridade em relação a
mulher foi reforçada através do patriarcado e do machismo, surgindo assim
efeitos de relações violentas entre os sexos. (PEREIRA, 2019, p. 249).

2.1 BREVE CONSIDERAÇÃO QUANTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Desde dos primórdios, ocorre violência contra as classes “inferiores”,


na qual a muito se acreditava estar a mulher. Nesse contexto, o homem exerce seu
poder sobre a mulher, que, por questões de compleição física, tendem a ser mais
facilmente subjugadas e a trata como um objeto de posse, onde os mesmos a
poderiam dispor da forma que bem lhe aprouvesse.
Diversos estudos apontam este aspecto de subordinação das
mulheres perante os homens. Dito isto, sabemos que desde muito tempo as
mulheres não possuíam os mesmo direitos dos homens, não podendo se expressar
ou opinar, tampouco fazer parte da vida política, laboral e em muitos casos até
social, já que apenas o homem era visto como sujeito de poder e chefe da família.
Com relação ao poder e suas formas de interação, Michel Focault nos ensina que:
[...] o poder não é algo que se adquira, arrebate ou compartilhe, algo que se
guarde ou deixe escapar; o poder se exerce a partir de inúmeros pontos e em
meio a relações desiguais e móveis; que as relações de poder não se encontram
em posição de exterioridade com respeito a outros tipos de relações (processos
econômicos, relações de conhecimentos, relações sexuais), mas lhe são
imanentes (FOUCAULT, 2001, p. 89-90).
Sabemos que a violência de gênero não é uma exclusividade
tupiniquim, sendo uma praga mundial, assim, não se restringe a uma determinada
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classe social, região ou mesmo jeito de ser da mulher, sendo vista em todas as
partes do mundo de acordo com certos contextos sociais e culturais e o
envolvimento de classe, etnia e geração (CORDEIRO, 1995 apud SOUZA, 2002).
Assim, esta violência pode ser definida como uma questão social,
presente em todas as camadas sociais, não estando relacionada apenas a aspectos
fisiológicos, mas também aspectos psicológicos e emocionais. Conforme bem
apresenta Teles e Melo:
Violência se caracteriza pelo uso da força, psicológica ou intelectual para obrigar
outra pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger, e tolher a
liberdade, é incomodar, é impedir a outra pessoa de manifestar seu desejo a sua
vontade, sob pena de viver gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada,
lesionada ou morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é
uma violação dos direitos essenciais do ser humano. (TELES E MELO, 2003,
p.15),
Nas últimas décadas, contudo, sobretudo com o advento de
inúmeras inovações tecnológicas, principalmente no campo das comunicações,
felizmente as barreiras dessa desigualdade histórico-cultural vêm sendo sendo
quebradas através de diversos movimentos, como o feminismo e o
emponderamento feminino.

2.2 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SAÚDE PÚBLICA

Com números assustadores, que vem aumentando


preocupantemente a cada dia, o Brasil é quinto país do mundo no ranking de
violência contra a mulher, fiando atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala
e Rússia, registrando um número assustador de uma mulher agredida a cada quatro
minutos e uma morte a cada oito horas.
Esta violência possui um certo padrão, e vem sendo estudada e
encarada como questão de saúde pública pelas autoridades. Em geral a violência se
inicia com um relacionamento abusivo, que paulatinamente evolui para uma
violência, sendo que, uma vez que não são tomadas as atitudes para a cessação
destas, pode fatalmente terminar em morte.
Neste sentido, faz-se necessário, não apenas romper o silêncio,
através da denúncia, mas, ainda, garantir um processo e um julgamento efetivo e
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mais que isso, precisamos de mais políticas públicas voltadas a amparar e apoiar
essas vítimas. Políticas repressivas, como a Lei Maria da Penha, são importantes,
mas faz-se necessário também políticas públicas voltadas para a orientação,
educação, inserção destas mulheres na sociedade e no mercado de trabalho, entre
outras medidas. Nesse intuito, a Política Nacional de Enfrentamento a Violência
Contra a Mulher (2011) tem por finalidade:
[...] estabelecer conceitos, princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à
violência contra as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos às
mulheres em situação de violência, conforme normas e instrumentos
internacionais de direitos humanos e legislação nacional. (p.9)

2.3 INTERVENÇÃO SOCIAL NOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Historicamente, no Serviço Social, existiram grandes avanços,


enquanto profissão, a partir das conquistas dos movimentos feministas, visto que a
violência contra a mulher é um enfrentamento constante no dia a dia profissional e
muitas vezes pessoal do profissional. Tais movimentos dão uma visibilidade à
questão da violência contra a mulher.
O Serviço Social, em seus primórdios, pautava-se pelo
conservadorismo, com forte influência da Igreja Católica, que por seus dogmas,
tendia a ratificar a dominação do homem, visto que as próprias escrituras dizem que
a mulher deve ser submissa ao homem. Assim, o profissional de Serviço Social
atuava de acordo com as demandas da classe dominante, majoritariamente
machista e com características doutrinárias, trazendo ao serviço social um caráter
assistencialista, com objetivos bastante tímidos, servido para satisfazer apenas aos
interesses da elite e consequentemente da expansão do capital, através da
exploração da força de trabalho. Conforme Iamamoto:
A profissão não se caracteriza apenas como nova forma de exercer a caridade,
mas como forma de intervenção ideológica na vida da classe trabalhadora, com
base na atividade assistencial; seus efeitos são essencialmente políticos: o
enquadramento dos trabalhadores nas relações sociais vigentes, reforçando a
mútua colaboração entre capital e trabalho (IAMAMOTO, 2007, p. 20).
Atualmente, o Serviço Social se reestruturou, tendo hoje um
posicionamento ético-político, em que o principal objetivo da categoria é lutar para
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efetivação do acesso aos direitos sociais, ou seja, as múltiplas expressões da


questão social. Desta forma, o Assistente Social atua em várias áreas da sociedade,
estando inserido no atendimento as vítimas de violência doméstica. Tudo isto se
deve ao movimento de reconceituação da profissão, conforme Silva:
O Movimento de Reconceituação vem, portanto, questionar as estruturas sociais,
sugerindo um Serviço Social com uma prática vinculada às lutas e interesses de
classes populares. Ao se estabelecer a possibilidade do vínculo da prática do
Serviço Social com as classes populares, indica-se a perspectiva de
transformação social enquanto exigência da própria realidade social, dada a
situação de dominação e exploração político econômica em que vivem essas
classes. Tal perspectiva implica, para o Serviço Social, colocar como horizonte de
sua prática o movimento de transformação da própria realidade. (SILVA, 2006, p.
89).
Dessa forma, o Serviço Social vem ganhando cada vez mais espaço
dentro da divisão sociotécnica do trabalho, e vem sendo cada vez mais requisitado
para atuar nas mais variadas áreas, e neste ponto no campo do enfrentamento da
violência doméstica.
A atuação do profissional social consiste em estudar a realidade
social do campo de atuação e buscar compreender as situações em que essas
vítimas se encontram, para identificar suas necessidades. Deve-se ponderar as
várias demandas, fazendo uso das instrumentalidades que estão embasadas na
base teórico-metodológica, no instrumental técnico-operativo e no projeto ético-
política.
Inúmeros instrumentos poderão são utilizados pelo profissional
social na intervenção e no atendimento as mulheres vítimas de violência, dentre os
quais podemos citar: a entrevista, que consiste na primeira conversa e a escuta
qualificada; a visita domiciliar, onde ocorre a identificação da realidade em que a
vítima se encontra; o relatório e o parecer social, onde estão contidas todas as
informações necessárias da mulher atendida; o acompanhamento psicossocial, para
que ela possa se sentir mais fortalecida para superar a violência sofrida; entre
outros. Assim, o Assistente Social não deve apenas promover o atendimento, mas
promover o acompanhamento que é de suma importância, na medida em que o
Serviço Social tem o papel de empoderar a mulher durante esse processo.
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3 CONCLUSÃO

Este trabalho teve por escopo analisar atuação do profissional do


Serviço social frente ao enfrentamento da Violência Doméstica Contra a Mulher,
através da pesquisa bibliográfica, e estabelecer algumas considerações e sugestões
que abrangem o tema abordado.
Entendemos que a violência doméstica e familiar é um tema
complexo e que se faz necessário que o profissional social trabalhe para facilitar a
descoberta e a revelação dessa prática, para que se possa de fato encontrar
soluções.
É de suma importância que o Assistente Social se aprofunde nessa
questão, pois ele é o profissional que irá mediar e intervir através de informação e da
orientação dessas mulheres vítimas de violência que têm seus direitos
hodiernamente violados. O papel do Serviço Social nestes tipos de situação está
além de fazer palestras e prestar orientações, o profissional deve buscar, com uma
equipe multidisciplinar, um atendimento mais humanizado e efetivo para as mulheres
que sofrem violência doméstica. Para que isso ocorra é necessário não apenas a
quebra do silencio e a aplicação de leis mais severas, como também é essencial a
adoção de medidas e políticas públicas eficazes, que busquem dirimir cada vez mais
esta chaga que assola nossa sociedade.
Portanto, o combate e a busca pela erradicação da violência contra
a mulher não dependem única e exclusivamente de recursos humanos e financeiros,
mas principalmente de um olhar diferenciado por parte das autoridades públicas e,
primordialmente, da presença e luta de toda a sociedade.
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4 REFERÊNCIAS

BORELLI, Andrea. Meu nome é Maria da Penha: Considerações sobre a Lei de


violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil. Caderno Espaço Feminino,
Minas Gerais, v. 26, n. 2, p. 234-247 Jul-Dez. 2013.

FERNANDES, Maria da Penha Maia. Sobrevivi posso contar. 1. ed. Fortaleza:


Armazém da Cultura, 2010.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade de saber. 14ª ed. Rio de


Janeiro: Graal, 2001, 3v. V. 1.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.

IAMAMOTO, Marilda. Carvalho. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social:


ensaios críticos. 8º ed. São Paulo: Cortez, 2007.

LISBOA, Tereza K; PINHEIRO, Eliane Aparecida. A intervenção do Serviço Social


junto à questão da violência contra a mulher. Katálysis, Florianópolis, v.8, n.2 p. 199-
210, jul -dez.2005.

LUCENA, de Tavares. et al. Repercussão da violência na mulher e suas formas de


enfrentamento, 2011.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e


Realidade. Porto Alegre, n. 20, v. 2, p. 71 —99, jul —dez, 1995. PIOVESAN, Flávia;
PIMENTEL, Silvia (Coord.).

SAFFIOTI, Heleieth, O Poder do macho. Coleção Polêmica, São Paulo: Moderna,


1987. SILVA, Maria Ozanira. O Serviço Social e o Popular: resgate teórico-
metodológico do projeto profissional de ruptura. 3º ed. São Paulo: Cortez, 2006.

TELES, Maria Amélia de Almeida, MELO, Mônica de. O que é Violência contra a
Mulher. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2003.

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