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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS-UFR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


LICENCIATURA EM HISTÓRIA

JENNIPHER SOUZA LEAO ANDRADE

VIOLÊNCIA ESCOLAR: O CASO DE UMA PIADA QUE


LEGITIMA O ESTRUPO CONTRA A MULHER

RONDONÓPOLIS, MT
2021
JENNIPHER SOUZA LEAO ANDRADE

VIOLÊNCIA ESCOLAR: O CASO DE UMA PIADA QUE


LEGITIMA O ESTRUPO CONTRA A MULHER

Artigo apresentado como requisito


parcial para conclusão da Licenciatura
em História, Instituto de Ciências
Humanas e Sociais, Universidade
Federal de Rondonópolis sob a
orientação da Professora Dra.
Jocenaide Maria Rossetto Silva.

RONDONÓPOLIS, MT
2021
VIOLÊNCIA ESCOLAR: O CASO DE UMA PIADA QUE
LEGITIMA O ESTRUPO CONTRA A MULHER

Resumo

Visibilizando um panorama amplo o que se entende por violência escolar


poderíamos citar diversos fatores, mas nesse trabalho relataremos a
importância da formação docente para ser mediador dessas violências
escolares que são de diversas naturezas, e estão presentes no cotidiano do
profissional. E o objetivo principal será avaliar um caso de violência verbal
praticado por um estudante que nos levou a diversas reflexões sobre o
conceito de violência e as desigualdades que estão enraizadas na nossa
sociedade. E são causadoras de anos conflitos dentro da escola. A
metodologia utilizada foi leitura de várias bibliografias e analise e observação
do cotidiano do professor e estudante dentro da sala.

Palavra-chave: violência, escolar, desigualdades.

INTRODUÇÃO

A Violência é razão de diversas investigações, discussões, pesquisas,


palestras e artigos.

Desde os primeiros estudos sobre o tema, se observou a problemática


na escola e na sociedade como um todo, cujos agravantes podem ser
atribuídos ao uso de drogas, a criação de gangues, a desestruturação familiar,
e outras.

Sobre a definição de violência Priotto e Boneti explicam:

... a violência pode ser entendida como uma ação diretamente


associada a uma pessoa ou a um grupo, a qual interfere na
integridade física, moral ou cultural de uma pessoa ou de um grupo,
mas também esses efeitos podem ser provocados por
acontecimentos e/ou mudanças radicais ocorridas na sociedade
atingindo negativamente os indivíduos ou a coletividade em relação
aos laços de pertencimentos, dos meios e condições de vida, etc.
(PRIOTTO e BONETI, 2009, p.163).

Se percebe que os problemas que eram anteriormente urbanos foram


adentrando ao ambiente escolar. Assim, a escola enquanto lugar seguro passa
a não existir, suscitando preocupação nos familiares dos alunos, professores e
na sociedade.

Ainda em busca de um conceito, fez-se um levantamento bibliográfico


e, embora exista uma quantidade significativa de pesquisas contatou-se que há
uma diversidade de entendimento do que seja violência visto que esta muda de
acordo com a sociedade e a cultura que a produz.

Neste sentido, Abramovay alerta que

Apresentar um conceito de violência requer uma certa cautela, isso


porque ela é, inegavelmente, algo dinâmico e mutável. Suas
representações, suas dimensões e seus significados passam por
adaptações à medida que as sociedades se transformam. A
dependência do momento histórico, da localidade, do contexto
cultural e de uma série de outros fatores lhe atribui um caráter de
dinamismo próprio dos fenômenos sociais. (ABRAMOVAY, 2005,
p.53)

O consenso entre as áreas que estudam esse problema social é difícil,


porém é importante conhecer todas as multiplicidades que a violência abrange.
Os fatores determinantes para violências, em sua maioria, são: histórias de
vida, sexo, idade, localização, ideologias, gênero e etnia. Assim, para buscar
uma determinação para o tema é preciso entender situações políticas,
culturais, econômicas e as desigualdades sociais.

Na comunidade escolar a violência se dá a partir de comportamentos


agressivos, destruição do patrimônio, discriminação entre os alunos em forma
de bullying, cyberbullying, abuso de autoridade por parte dos professores e
outras... Neste sentido, Priotto e Boneti, apresentam a seguinte noção de
violência:

Denomina-se violência escolar todos os atos ou ações de violência,


comportamentos agressivos e antissociais, incluindo conflitos
interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, marginalizações,
discriminações, dentre outros praticados por, e entre, a comunidade
escolar (alunos, professores, funcionários, familiares e estranhos à
escola) no ambiente escolar. ((PRIOTTO e BONETI, idem, p.163-
164).

A problemática que originou a pesquisa e este artigo demonstra que as


escolas influenciam no desenvolvimento do indivíduo e em seus
comportamentos em sociedade; sendo formadora de caráter, de profissionais e
de sujeitos críticos, justos e melhores cidadãos. Mas, a violência na Escola, a
violência da Escola, a violência contra a Escola e os profissionais da Educação
transforma este legado em mal estar coletivo. Sobre o assunto trata Aquino:

... o legado cultural da escola foi recriado e substituído, grande parte


das vezes pela visão difusa de um campo de pequenas batalhas civis,
pequenas, mas visíveis o suficiente para causar uma espécie de mal
estar coletivo nos educadores brasileiros. (AQUINO, 1998, pp.7-8)

Em tal contexto o principal objetivo da pesquisa é “Registrar o caso de


violência escolar praticada por um estudante do ensino médio, turma do
noturno, em uma escola estadual de Rondonópolis, MT visando contribuir para
a reflexão sobre o tema e o papel do(a) professor(a) de História”.

Os resultados serão apresentados neste artigo dividido em três partes,


na primeira apresenta-se uma revisão de literatura a respeito da violência; na
segunda apresenta-se um Caso de Violência Escolar presenciado pela
pesquisadora; na seguinte, faz-se discute-se sobre a violência escolar; e,
encerrando-se o artigo com as considerações finais.

1. REFLEXÕES SOBRE VIOLENCIA

O Brasil é um país de disparidades sociais e esta situação tem


marcado a nossa história.

Severo e Franco (2011) discutem os contrastes do País: Enquanto


grande parte da sociedade tem dificuldades para sobreviver, e muitos vivem
abaixo da linha da miséria, uma minoria é beneficiada com uma vida de
conforto, luxo e consumismo exacerbado.

A sociedade é repleta de desigualdades que é um dos fatores


principais para que ocorra a violência. Mas não se deve levar a pobreza como
um fator predominante para gerar violência, mas sim outros fatores que se
inserem para produzir evento.

Os educadores, no ambiente escolar, têm a possibilidade de


“trabalhar” os valores humanos, principalmente a igualdade e o respeito; os
quais se tornam ferramentas para diminuir tais comportamentos.

Severo e Franco (2011): sugerem que um dos caminhos mais


importantes para acabar com as injustiças sociais é o das reformas sociais, que
promovem transformações substanciais no atual sistema, e um sólido trabalho
de formação de nossos jovens nas escolas, para isso, é preciso que haja sólida
formação dos professores.

Na Constituição Federal de 1988, artigo 227, 3, consta a defesa e garantia de


direitos da infância e juventude, assim como, reza o Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei 8069/90, nos artigos 4º,4 e 5º,5. Estes instrumentos Legais
demonstram o esforço para impedir qualquer tipo de ameaça ou violação,
contra crianças e adolescentes. Mas na prática sabemos que esses
mecanismos da Constituição não funcionam bem.

Segundo Severo e Franco (2011): No momento em que as


necessidades básicas não estão sendo atendidas, aliadas a outros problemas
como o não desenvolvimento de valores, a aproximação com as drogas e o
narcotráfico, a facilidade para ingressar no mundo dos crimes e a impunidade,
podem ser considerados como facilitadores para o avanço da violência social.

Através de estudos buscando uma relação com a cultura de paz,


observa-se que a história da humanidade sempre foi violenta, os livros de
história e os filmes retratam nitidamente em diversos aspectos a violência seja
como: preconceito, guerra, torturas, escravidão, regime militar.

Segundo os autores Karnal, Coen a sociedade sempre foi violenta os


conflitos e divergências e o ódio sendo manifestado estão no mundo a muito
tempo, porém a ênfase decorreu com a visibilidade que a tecnologia trouxe
com a comunicação. A mídia mostra o crime, a corrupção e a informação
chegam em segundos e a população que assiste acaba levando em
consideração de que o mal é de certa forma maior do que as ações do bem,
devido a ganharem, mas relevância nas reportagens dos jornais, já que as
discussões com conteúdo de paz e amor ao próximo são raras na manchete de
jornais.

Refletindo a partir dessa percepção diríamos que sem o medo de ser


punido por seus atos todos estariam realizando realmente o seu livre e arbítrio
e o bem talvez não se sustentasse.

A história da humanidade é caracterizada por conflitos, tais como


movimentos de protesto e reinvindicação, afirmação de defesa de direitos. Em
outras palavras, muitas situações que poderiam resolver de forma amigável,
mas como não são ouvidos precisam chamar atenção das autoridades, então
faz-se protestos e greves que se tornam de expressão das reinvindicações e
contestações de demandas para que haja a modificação situações que se
tornaram intoleráveis. A cultura de paz seria um instrumento importante se
inserido juntamente a educação de jovens, ensinando questões como:
igualdade entre sexos, tolerância religiosa, liberdade política, eliminação do
racismo.

Segundo a socióloga Mirian Abramovay 2003 a escola é uma


instituição violenta, onde as relações sociais entre os professores, alunos e as
famílias são conflituosas. Cria-se um clima escolar no qual as relações não
funcionam, gerando repetência, vandalismo, conflitos, desistências. E refletindo
a respeito se percebe que a maioria das pessoas que passaram por instituições
escolares já foram vítima, testemunha, espectador de algum tipo de violência.
Porque essa questão faz parte do cotidiano de membros da comunidade
escolar.

2. UM CASO DE VIOLENCIA ESCOLAR


Observando o cotidiano dos estudantes e professores em uma escola
da rede estadual no período noturno1, não pude deixar de notar uma situação
de violência.

O professor regente estava explicando um conteúdo sobre a


Colonização do Brasil e destacou que a miscigenação foi ocasionada pelo
estupro das indígenas.
Um estudante interrompeu a explicação para dizer que estupro não
era crime e sim uma coisa normal e que as mulheres gostavam.
Os demais estudantes gargalharam e o assunto se tornou piada. O
professor regente pediu para seguirmos com conteúdo como se não tivesse
acontecido nada.
Depois conversei com o professor e ele me disse que não adiantava
conversar com os estudantes sobre o assunto, que era só passar as atividades
e ensinar a disciplina de história.
O melhor a se fazer era seguir como se nada aconteceu, porque na
prática funciona assim ainda, mas com estudantes do período noturno.
.

Após o caso relatado, temos várias possibilidades de análise e reflexão


da situação, mas iniciaremos falando da relação do professor com a situação
de violência provocada por uma piada durante a aula de História do Brasil
Colonial e constata-se que se tratou de um caso de violência verbal contra as
colegas de sala, o professor e eu mesma.

A ‘’brincadeira’’ legitimou a violência contra a mulher, porque, dá


forma como riu e brincou com os colegas, a piada reforçou a pratica do
estrupo, sendo que essa não foi em nenhum momento questionada pelo
professor ou pelos colegas, portanto, não foi levado em conta os crimes
cometidos historicamente contra os indígenas e nem a legitimação do crime de
estrupo na atualidade, incentivado pela piada proferida pelo estudante.
1
Escola Daniel Martins Moura, 2019.
De acordo com os autores Severo e Franco (2011) A sociedade,
principalmente através das ações governamentais e representações de classe,
precisa garantir melhores condições de trabalho e a adequada qualificação dos
educadores. O que leva a refletir que a imagem da escola foi recriada a ser um
cenário de conflitos e não um ambiente de aprendizagem.

Os profissionais da educação durante a graduação não são preparados


para resolver questões de violência, pois foram formados para ensinar. E não
para lidar com a indisciplina e falta de ética. Em determinadas situações limite
o professor encaminha o estudante para a coordenação que decide se chama
os responsáveis ou encaminha para um psicólogo. O docente está
impossibilitado de resolver tais questões que ocorrem quando ministra sua
aula.

Grosso modo, Aquino (1998, p,15) afirma que “poder-se-ia concluir


que, de um ponto de vista institucional, não há exercício de autoridade sem o
emprego de violência, e, em certa medida, não há o emprego de violência sem
exercício de autoridade”.

Pensaremos como exemplo a frase dita por alguns professores ‘’ se


não ficar quieto vai levar zero’’, isso é uma forma de intimidação e de mostrar a
autoridade. Será que sem demostrar que o estudante é submisso e pode levar
zero ele cumpriria com as atividades e permaneceria quieto, ou é o medo que
faz ele ter disciplina?

De acordo com Karnal, o medo é fundamental e está na base de


quase todos os grandes preconceitos e ódios que cultivamos. Alguém com
medo é alguém que aceita a autoridade. Assim, se observa a questão da
autoridade e submissão se tornar um fator, além da profissionalização.

Em outras palavras o professor ganhou uma nova atribuição em quanto


profissional da educação com as diversas dificuldades encontradas em sua
profissão que acaba trazendo novos desafios, dentre os quais, a violência
escolar.
Para se dialogar sobre o crime de violência verbal praticado se faz
necessário diagnosticar a cultura do estupro que está presente na nossa
sociedade.

De acordo com Sousa diz que chamar uma determinada prática social
de cultura implica atribuir-lhe uma série de fatores que exprimem que essa
conduta se caracteriza, entre outras coisas, por ser algo feito de maneira
corriqueira e não listado como raras exceções, colocando essa ação como uma
atividade humana. (SOUSA,2017, pp.10)

Buscaremos trazer uma reflexão sobre os mecanismos sistêmicos e


culturais que promovem a cultura do estupro dentro de quaisquer sociedades e
como, também protegem o estuprador e anulam o direito das vítimas. E
observar algumas violências simbólicas para assim diagnostica-las quando
ocorrer, e lembrar que a mesma vem difundida da violência de gênero.

Mas apesar de ser uma cultura não se pode generalizar que odos a
homens e mulheres realizem esse crime. E devemos destacar que a cultura do
machismo possibilitou muito esse tipo de violência contra mulher, porque em
vários discursos machistas os estupradores tem apoiadores.

Esses discursos defendem a socialização da mulher que foi introduzida


desde criança de formas como ensinar qual tamanho de saia usar, que tipo de
maquiagem usar para não chamar atenção, como se comportar na rua. Nessas
falas vemos que se é depositado na mulher a vítima a responsabilidade pelos
atos dos outros.

Segundo a autora Sousa antes só se considerava estupro quando o ato


sexual era realizado com a penetração vaginal, atualmente é considerado
estupro o beijo, sexo oral, anal, masturbação. Existem várias formas do
criminoso realizar seus desejos sexuais, mas uma semelhança entre elas é que
nenhuma delas respeita a vontade da vítima.

Portanto se é denominado cultura do estupro o conjunto de violências


simbólicas que viabilizam a legitimação, a tolerância e o estímulo à violação
sexual.
A sociedade mostra em alguns filmes inclusive que o estuprador é um
ser perturbado agressivo que não em boas capacidades mentais, e esses
estupros são mostrados muitas vezes como se fosse uma fala de cuidado da
vítima que saiu a noite sozinha ou a roupa que provocou.

Porém não se pode considerar o estuprador um doente mental porque


na maioria das vezes ele escolheu praticar o crime com seu livre e arbítrio, e
considerar uma doença o isentaria de suas responsabilidades por seus atos.

Observasse que estão provendo criminosos a partir desses filmes, e


reforçando as regras que a sociedade introduzi na criação da mulher. Porém
ressaltando que não só mulheres sofrem com estupro, mas também homens,
mas com a sociedade patriarcal a maioria dos casos são com mulheres.

Depois de compreender a cultura do estupro, será demostrado a


imporancua de se trabalhar esse tema nas escolas. Nos livros de história
sempre se conta que as mulheres foram sequestradas, estupradas,
principalmente em guerras e invasão de territórios.

Até o ano de 2002, existia na lei brasileira a possibilidade de o


estuprador não cumprir pena caso ele se casasse com sua vítima. Este texto
encontrava-se no artigo de nº 1520 do Código Civil (Lei 10.406/02) se referindo
à possibilidade de o casamento de menor de idade com o agressor sexual.
Dizia o seguinte: "excepcionalmente, será permitido o casamento de quem
ainda não alcançou a idade núbil, para evitar imposição ou cumprimento da
pena criminal ou em caso de gravidez”. (OLIVEIRA, 2019, pp.160)

Observasse a parir dessa afirmação da autora que os criminosos não


eram punidos pelos seus atos, mas sim protegidos pela lei e a vítima obrigada
a conviver com uma pessoa que causou um trauma irreversível. A lei não
protegia a vítima e sim o criminoso.

Independentemente que as leis atualmente mudaram e estão


melhores, a violência sexual ainda é um problema grave.

Se observa que até mesmo as escolas brasileiras que deveriam


ensinar a igualdade, realizam a desigualdade de gênero. E um exemplo nítido
disso é na forma de se vestir meninas não podem ir de short nem usar roupas
curtas, até mesmo calça rasgada que era moda, calça legging, foi proibido se
usar em uma escola de Rondonópolis. E a escola dizia que era para que assim
as meninas fossem, mas comportadas sem marcar o corpo.

Acredito que a escola estava reproduzindo a cultura machista de que


roupas são motivos para provocar assedio ou convite para abusar sexualmente
de uma mulher.

De acordo com Oliveira A escola tem que ser um lugar de descobertas,


e não reafirmar o que a sociedade deseja. É mostrar que existem diferenças
sim, mas que devem ser combatidas. mostrar para os estudantes a importância
de combater o machismo e que homens e mulheres podem se vestir como
quiser que roupa sensual ou não. ‘’ não é um convite’’ e que devemos respeitar
independente do gênero.

Crianças não nascem machistas então se for trabalhado a


desconstrução dessa cultura, abordar temas de educação sexual e igualdade
de gênero Dentro das escolas será importante. Para formação de adultos
conscientes que saibam que ‘’ piadinhas’’ agressivas ou invasivas com termos
de abuso sexual contra mulher é assedio moral.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diversas vezes quando se pergunta a um estudante de graduação que


curso está fazendo e o mesmo responde faço licenciatura vou ser professor, as
respostas são normalmente as mesmas ‘’nossa tem certeza?’’ tem coragem
porque trabalhar em escola cada dia está mais difícil os alunos estão terríveis.
A desvalorização do profissional docente é constante até mesmo pelos baixos
salários que vemos Sempre greves da categoria.

No caso relatado se observa a do professor, o qual poderia ter aberto


um debate para ver quantos concordavam com a opinião do estudante, e dar
uma explicação de que o estupro é crime. Que os povos indígenas foram
desrespeitados desde a colonização até os dias atuais. Que ninguém deve ser
estuprado. Poderia alertar ao estudante que sua atitude foi violência verbal.
A violência escolar, de acordo com Severo e Franco (2011), pode ser
encarada de duas formas distintas, por um lado, visualizar como algo
ameaçador e tentar superá-la, reforçando ainda mais os mesmos valores que
são a causa dos problemas existentes, ou seja, combater a violência com
atitudes de coerção e atos violentos. A outra alternativa é visualizar a violência
escolar como uma oportunidade para corrigir os erros, buscar novas soluções,
usar a criatividade, rever os modelos, buscando compreender a totalidade do
fenômeno.

Enfim, o professor perdeu a oportunidade de gerar valores de respeito


às mulheres, aos povos originários e outros... enquanto ensina o conteúdo de
História do Brasil.

A formação geral do professor, segundo Chaves (2004), deveria ser


modificada, tendo um “foco formativo” maior, incluindo o domínio de novas
tecnologias e a problemática dos alunos portadores de necessidades sociais;
ou seja, os professores precisam ser melhor preparados para lidar com os
casos de violência, o envolvimento e exposição ao crime, o trabalho precoce, a
desestrutura familiar, o trabalho coletivo interdisciplinar e o incentivo às
pesquisas.

Por fim, concordo com Chaves a universidade precisa preparar o(a)


professor (a) para ir além do papel disciplinador e transmissor de conteúdo.
Precisam formar professores para atuarem como transformadores da
sociedade; agentes de desenvolvimento e socialização dos estudantes visando
um mundo melhor.

Creio que o estudante que realizou está violência devido ao fato de ter
sido introduzido por anos há uma violência simbólica proporcionada pela
sociedade machista que criou regras, normas e hábitos para reprimir e assediar
uma mulher. Observasse que o mesmo praticou uma violência indireta de
gênero descriminando a mulher indígena que foi abusada na colonização, e
responsabilizando a vítima de gostar de ser abusada, reproduzindo o conceito
de diminuir a culpa do agressor. A fala de respeito com os colegas, professor,
e as mulheres é nítida na fala do estudante.
5. REFERENCIAS

AQUINO, Groppa Júlio. A Violência escolar e a crise da autoridade docente.


Cadernos Cedes, ano XIX, nº 47, dezembro/98.

BRASIL. Constituição Federal de 1988.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90.

GALVÃO, Izabel. Cenas do cotidiano escolar (conflito sim violência não).


1°Ed. Petrópolis RJ, Editora vozes Ltda., 2004.

KARNAL, Leandro. COEN, Monja. O inferno somos nós (do ódio a cultura de
paz) Editora Papirus 7 mares Ltda, 2018.

OLIVEIRA, Eunice Aparecida Sampaio. ‘’ o papel da educação escolar no


combate à cultura do estupro’’. Revista eletrônica do Cesva 2019.

PRIOTTO, Elis Palma e BONETI, Lindomar Wessler. Violência Escolar: na


escola, da escola e contra a escolaRev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 26, p.
161-179, jan./abr. 2009. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/1891/189115658012.pdf. Acesso em 02.jul. 2021.

STELKO-PEREIRA, Ana Carina; Cavalcanti de Albuquerque Williams, Lúcia


‘’Reflexões sobre o conceito de violência escolar e a busca por uma definição
abrangente’’.
Temas em Psicologia, vol. 18, núm. 1, junho, 2010, pp. 45-55.

SEVERO, Susana da Silva Gonçalves. FRANCO, Adriana de Fátima. O


professor frente aos desafios da violência escolar. X Congresso Nacional de
Educação – EDUCERE, 2011.

SOUSA, Renata Floriano ‘’ Cultura do estupro: prática e incitação à violência


sexual contra mulheres’’ 2017.

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