Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
___________________________________________________________________
CAICÓ - RN
2023
TAÍSA FLORIZA DA SILVA
CAICÓ/RN
2023
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, razão maior da minha existência e pelo apoio irrestrito nos
momentos difíceis e conturbados da minha vida acadêmica, mas sempre
intercedendo junto a Deus pelo meu êxito.
O presente estudo tem escopo de desenvolver uma análise sobre a violência e uma
reflexão sobre as múltiplas expressões da violência contra a mulher e o papel do
Serviço Social. Neste estudo abordaremos a violência cometida contra as mulheres;
a violência conjugal, ou violência de gênero. Para a elaboração deste trabalho foi
feito a partir de levantamento bibliográfico. O seu desenvolver se dará em volta da
violência de gênero, que consiste em qualquer ação ou conduta, baseada no
gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto no âmbito público como privado. Há de se considerar o tema trabalhando-o na
perspectiva da discriminação e da violência, fenômenos intrinsecamente
relacionados no que se refere às desigualdades de gênero. Desigualdades estas
que se concretiza pela cultura, valores, significações, e hierarquizações numa
sociedade caracterizada como machista e patriarcal. Do ponto de vista
metodológico, trata-se de um estudo bibliográfico, que aponta para uma reflexão
sobre as múltiplas expressões da violência contra a mulher e sua condição de
vulnerabilidade social.
The scope of this study is to develop an analysis of violence and a reflection on the
multiple expressions of violence against women and the role of Social Work. In this
study, we will address violence committed against women; marital violence, or
gender-based violence. For the elaboration of this work, it was made from a
bibliographic survey. Its development will revolve around gender violence, which
consists of any action or conduct, based on gender, that causes death, harm or
physical, sexual or psychological suffering to women, both in the public and private
spheres. It is necessary to consider the theme from the perspective of discrimination
and violence, phenomena intrinsically related to gender inequalities. These
inequalities are materialized by culture, values, meanings, and hierarchies in a
society characterized as sexist and patriarchal. From a methodological point of view,
this is a bibliographic study which points to a reflection on the multiple expressions of
violence against women and their condition of social vulnerability.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................9
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................39
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA...............................................................................41
7
1. INTRODUÇÃO
viabilizados pela mídia eletrônica, imprensa e falada, tornando-se assim notícia e por
sua vez é alvo de comentários por parte da população ouvinte dos programas e
leitores de jornais.
Em face deste quadro social, buscaremos compreender a problemática,
buscando no seio do Serviço social, a melhor maneira de acolher a mulher vitima de
feminicídio e seus condicionantes no município de Caicó-RN.
Na compreensão desta problemática, buscaremos compreender por meio
dos parâmetros do serviço social, as problemáticas sobre os conflitos familiares que
emergem como questão social, a violência doméstica são mais evidenciadas
associadas aos abusos e maus tratos pelos quais sofrem as mulheres. Recorte este
que essa tese pretende focar. Em pesquisar as causas dos homicídios praticados
por homens para contra suas mulheres deveria ser considerado de grande
importância já que existem contradições de gênero no que diz respeito a discussão
desse tema, publicamente.
9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Diante deste comentário não se pode dizer que o agressor de mulheres tem
sua localização geográfica em bairros vulneráveis, eles podem ser encontrados em
todas as classes sociais. No entanto não existem estatísticas sobre a classe social
dos agressores. A única diferença é que mulheres de classe social mais elevado
acabam por não denunciar seus companheiros, namorados e maridos. A principal
12
causa de agressões sofridas pelas mulheres justifica-se pelo fato cultural aonde o
homem tem a percepção de que é dono da mulher e ela por sua vez não fazendo a
determinação do marido, parceiro ou namorado merece ser punida.
CECÍLIA MEIRELES
A vingança
Para Rousseau não existe nenhuma desculpa para o homem perder a sua
liberdade. Onde a Escola classista definia a ação criminal em termos legais e a
Escola Positivista onde se destacava o determinismo em vez da responsabilidade
individual e ao defender um tratamento cientifico do criminoso, tendo em vista a
proteção da sociedade.
Nesse sentido Mirabete (1999, p.41) fala sobre os princípios da Escola
Positiva:
A violência
1998). "Nos Estados Unidos, a violência no lar é a maior causa isolada de ferimentos
em mulheres, responsável por mais internações hospitalares do que estupros,
assaltos e acidentes de trânsitos juntos". (BANDEIRA, 1998).
Atualmente calcula-se que 40 % das mulheres assassinadas no Canadá foram
vítimas de homicídio pelo parceiro. Nos Estados Unidos esta porcentagem salta para
52% sendo que no Brasil, como poderia ser esperada, a incidência de homicídios
femininos pelo parceiro é mais alta ainda chegando o pelo menos 66 % (Machado,
1998).
Corroborando com essa ideia Teles (2006, p. 64), comenta:
O índice alto da violência conjugal faz com que a casa da mulher seja o local
em que ela mais corre perigo – "É de senso comum o fato de que os homens
morrem nas ruas e as mulheres morrem em casa" (BANDEIRA, 1998, p.68) A
violência contra mulher é comumente ilustrada pelas pessoas que se aproximam
para narrar episódios sofridos pela família.
Tais acontecimentos de acordo com Bandeira (1998) têm sido peculiares por
três razões:
Repele mais uma vez o estereótipo de que apenas o homem pobre
e com baixa escolaridade se engaja em tal tipo de violência;
Força a imprensa a analisar a cobertura que dá a este tipo de
fatalidade, que muitas vezes apenas culpa a vítima e justifica o
comportamento do agressor;
Alerta para a questão da impunidade e do despreparo de
profissionais para identificarem sinais de perigo.
agressiva, às vezes esquecendo com detalhes o que tenha feito durante essas
crises de furor e ira. É comum nesses casos o uso de murros e tapas, agressões
com diversos objetos e queimaduras por objetos ou líquidos quentes. Além das
dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades,
ou porque o agressor quando não bebe "é excelente pessoa", segundo as próprias
parceiras, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão
necessidade, a situação vai persistindo.
As ameaças de agressão física ou de morte, bem como as crises de quebra
de utensílios, mobílias e documentos pessoais são considerados violência física
embora não haja agressão física diretamente sobre o corpo.
Portanto, fica evidente que os citados tipos de violência de gênero alimentam
a agressividade masculina promovendo o homicídio, o mais agravante tipo de
violência, objeto de estudo deste projeto.
GÊNERO E VIOLÊNCIA
mostraram que a cada seis mulheres no mundo uma já sofreu algum tipo de
violência. Estes dados contribuíram para a realização da campanha internacional:
"Está em Suas Mãos: Pare a Violência Contra as Mulheres" organizada pela Anistia
Internacional com o intuito de modificar as atitudes que levam mulheres a se
manterem em relações de violência. Esta fonte de interesse cientifica surge com a
intenção de questionar a imagem que a sociedade construiu ao longo dos anos
sobre a mulher.
As pesquisas indicam que a mulher é alvo de todo tipo de violência, seja
física, simbólica ou sexual que geralmente parte de parentes próximos da vítima.
Quando a mulher agredida internaliza o medo através de um processo educativo
repressor, inibe todo tipo de iniciativa, até mesmo a iniciativa de denunciar o
agressor e buscar alternativas de mudança para a sua própria vida, sendo
aprisionada em seu próprio medo. A ruptura com o agressor leva tempo e um
intenso trabalho de regaste dos valores das mulheres que foram agredidas. A
conquista de independência econômica e psicológica é o passo principal para
autonomia dessas mulheres. As mulheres como vítima da dominação masculina
pressupõe que as que são capazes de desenvolver atitudes adequadas se livram
das práticas de descriminação e encontram caminhos que restauram seus direitos e
práticas libertárias.
Dentro deste contexto a violência contra a mulher surge com uma
experiência política na década de 1980 através da conscientização e sensibilização
as feministas em sua militância atendiam nos chamados de SOS – Mulher2 as
mulheres que sofriam de violência. Os maus tratos sofridos pelas mulheres não
eram considerados questões de gênero ele foi elaborado através de opinião
particular das feministas em cenário internacional acerca da opressão sofrida pelas
mulheres no âmbito do patriarcalismo. Apenas uma década mais tarde foram
inaugurados novos paradigmas acerca da violência exercida pelos homens perante
as mulheres onde os movimentos feministas tornaram publica uma abordagem
sobre conflitos e violência nas relações entre homens e mulheres. Essa abordagem
não estava contemplada na retórica nem tão pouco nas práticas jurídicas e
2
O serviço SOS Mulher, é um serviço de escuta, orientação, denúncia e encaminhamentos. Ele
registra todos os tipos de violência, cometidas contra as mulheres em todo o país e as encaminha aos
órgãos competentes, monitorando as providências adotadas. Ainda escuta, orienta e incentiva as
mulheres a registrarem o Boletim de ocorrências da violência sofrida, e/ou buscarem seus direitos
através dos órgãos e instituições disponíveis na rede social de proteção. FONTE:
<http://codimm.defesasocial.rn.gov.br>, Acesso 19/08/2023 às 10:36.
25
3
A Lei 11.340/06, conhecida com Lei Maria da Penha, ganhou este nome em homenagem à Maria da
Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso. FONTE:
<http://www.observe.ufba.br>, Acesso 25/08/2023 ás 16:47.
4
O princípio da legalidade é um dos mais importantes do ordenamento jurídico Pátrio, é um dos
sustentáculos do Estado de Direito, e vem consagrado no inciso II do artigo 5º da Constituição
Federal, dispondo que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei, de modo a impedir que toda e qualquer divergência, os conflitos, as lides se resolvam
pelo primado da força, mas, sim, pelo império da lei. FONTE: SITE:
<http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/2647/o_principio_da_legalidade_na_constituicao_federal>,
Acesso, 14/09/2023 ás 15:35.
26
Não se pode negar que nas sociedades capitalistas aonde o lucro vem em
primeiro lugar às relações sociais se estruturam de maneira a se afirmar a
supremacia masculina culpando sempre a mulher pela violência contra ela cometida.
Mesmo nas sociedades atuais como diz Kollontay (1978, p. 15) “a ideologia
patriarcal subordina a mulher utilizando-se da disciplina para obtenção de sua
rejeição, o que vem resultar na neutralização do fenômeno violência contra a
mulher”. É de maneira a considerar uma cultura que vem sendo questionada pelos
movimentos feministas que lutam em prol da valorização da mulher, por sua
emancipação e contra as discriminações a ela impostas, ou seja, é a busca pela
cidadania.
Os movimentos das mulheres através de debates e sugestões
desempenharam papel importante na elaboração da Constituição Federal vigentes,
pois em meados da década de 1988 o movimento das mulheres mobilizou-se na
elaboração de uma carta conhecida como Programa de Ação5 que faz parte do
Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM) enviada aos representantes
na constituinte aonde nesta continha os direitos e interesses da mulher. A
5
O Plano de Ação, dentro do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, aqui apresentado, foi construído
com base nos resultados da I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres que indicou “as
diretrizes da política nacional para as mulheres na perspectiva da igualdade de gênero, considerando
a diversidade de raça e etnia”. e expressa o reconhecimento do papel do Estado como promotor e
articulador de ações políticas que garantam um Estado de Direito, e o entendimento de que cabe a
ele, e aos governos que o representam, garantir políticas públicas que alterem as desigualdades
sociais existentes em nosso país. Expressa ainda o reconhecimento de que a construção destas
políticas deve ser feita em permanente diálogo com a sociedade e as organizações que a
representam. (BRASIL, 2004).
28
todo e qualquer tipo de descriminação e ato violento contra mulheres ocasionou uma
grande manifestação masculina demonstrada em sua maioria através da violência
física. Essa violência vem se constituindo uma das mais graves formas de violação
dos direitos humanos em todo o nosso País.
A Lei 11.340/2006
6
O trabalho do assistente social na Divisão de Crimes Contra a Integridade da Mulher – DCCIM, é ser
o agente mediador entre a mulher e a organização na busca de encaminhamentos, e reflexão sobre
essas questões de desigualdades e direitos. (BERTANI (1993:44-45)
30
acaba se calando, talvez por medo, vergonha ou até mesmo por dependência
financeira.
Discorrer sobre a violência não é pratica novo, nem tampouco nova é a
existência desse fenômeno. Ela está profundamente arraigada nos hábitos,
costumes e comportamentos socioculturais.
Em nossa sociedade muitos ainda acreditam que o melhor jeito de resolver
um problema é através da força. Nas grandes metrópoles, onde as injustiças e os
afrontamentos são muito comuns, os desejos de vingança se materializam sob a
forma de roubos e assaltos ou sob a forma de agressões e homicídios.
Nos lares, a violência contra a mulher pode se manifestar de várias formas e
com diferentes graus de severidade: abuso físico, sexual, psicológico, negligência,
abandono. Estas formas de violência não se produzem isoladamente, mas fazem
parte de uma sequência crescente de episódios, do qual o homicídio é a
manifestação mais extrema.
Os tipos de violência descritos acontecem, na maior parte das vezes, dentro
de casa, e os agressores são pessoas muito próximas das vítimas (marido,
namorado, irmão, ex-marido). Esses casos de violência doméstica, não excluem que
ela também aconteça em outros espaços, como no trabalho, na escola, na rua.
Como a família representa, para boa parte das mulheres, relações de afeto,
de preocupação, de cuidado, isso acaba ocultando os casos de violência, e poucas
pessoas ficam sabendo quando acontece.
Vincular o perfil do agressor como sendo de classe baixa, envolvidos com
drogas, desempregados, moradores de favela, é no mínimo arriscado, pois
pesquisas revelam que não se podem definir características para agressores de
mulheres, pois eles se encontram em todas as classes sociais. Azevedo (1985, p.
125), esclarece que: Não se consegue encontrar características definitivas nos
espancadores de esposas. O crime de agressão e espancamento de cônjuge não
conhece nenhuma barreira social, geográfica, econômica, etária ou racial.
Apesar, na maioria das vezes as mulheres mascarem as agressões com
desculpas, verifica-se que as mulheres da classe mais pobres denunciam mais, por
não ter nada a perder, já às de classe media alta “vão para o maquiador", ou seja,
ocultam os fatos, seja por vergonha, medo ou submissão econômica (GROSSI,
2001).
32
O índice alto da violência conjugal faz com que a casa seja o local em que a
mulher mais corre perigo. "É de senso comum o fato de que os homens morrem nas
ruas e as mulheres morrem em casa" (BANDEIRA, 1998, p. 68) A violência contra
mulher é comumente ilustrada pelas pessoas se aproximam para narrar episódios
sofridos pela família.
Tais acontecimentos de acordo com Bandeira (1998) tem sido peculiar por
três razões:
a) repele mais uma vez o estereótipo de que apenas o homem pobre e com
baixa escolaridade se engaja em tal tipo de violência, b) força a imprensa a analisar
a cobertura que dá a este tipo de fatalidade, que muitas vezes apenas culpa a vítima
e justifica o comportamento do agressor e, finalmente c) alerta para a questão da
33
podem, são perceptíveis que elas não são tão valorizadas quanto os
homens (BALLONE; ORTOLANI, 2007, p. 5).
O agressor diante desta nova lei deveria se inibir ou pensar duas vezes antes
de agredir uma mulher, mas não é o que vem sido demonstrado nas estatísticas
nacionais. As quais mostram índices alarmantes de tentativa de homicídios.
39
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje com o advento da Lei Maria da Penha, espera-se que esse quadro tenha
uma considerável melhora. Dentre as medidas protetivas elencadas na
referida Lei, algumas merecem destaque, diante de seus feitos
intimidativos, bem como para a garantia da integridade física e
moral da ofendida.
Além disto, a Lei determina o encaminhamento de mulheres
em situação de violência e seus dependentes à programas e
serviços de proteção, garantindo-lhe os Direitos Humanos que se
achavam positivados na Constituição Federal. À mulher vítima de
violência doméstica e familiar também é garantida assistência
jurídica gratuita, bem como o acompanhamento jurídico em todos os
atos processuais.
Avaliar quais serão os reais resultados destas ações neste
presente momento é impossível, mas é inegável que a Lei apresenta
uma estrutura adequada e específica para atender a complexidade
do fenômeno da violência contra as mulheres ao prever um conjunto
de políticas públicas, mecanismos de prevenção e punição, voltados
para a garantia dos Direitos Humanos e da proteção da mulher
vítima de agressão doméstica e familiar.
É fundamental que as vítimas se sintam encorajadas e
protegidas pela família e pelo Estado. Para que possam denunciar os
agressores sem precisarem viver com medo de represarias ou se
conformar com a violência velada.
É necessário que a sociedade encare a violência doméstica
contra mulher como um mal social grave que precisa ser extinto
através da cidadania. Apenas tornar as leis punitivas mais rígidas,
não mudará todo um histórico de agressões que perdura por
40
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
MINAYO, MCS. Violência e saúde [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003.
PUGLISI, M.L.; FRANCO, B. Análise de conteúdo. 2. ed. Brasília: Líber Livro, 2005.
42