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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Instituto de Ciências Ambientais, Quı́micas e Farmacêuticas


Departamento de Engenharia Quı́mica

CÁLCULO NUMÉRICO
Atividade 03 - 16/fevereiro/2021

INSTRUÇÕES:

1. O programa deverá ter o seguinte cabeçalho:

/*******************************************************************
********** Atividade 3 - Cálculo Numérico **********
********** **********
********** Nome Completo **********
********** **********
*******************************************************************/

2. A atividade pode ser feita em grupos de 3 ou 4 alunos.

3. O programa deverá ser obrigatoriamente implementado no Scilab.

4. Atividades atrasadas não serão recebidas.

5. Todos os grupos deverão entregar o código devidamente identificado. Nesta atividade,


não é necessário entregar o relatório.

6. Data de entrega: até às 18:00 horas do dia 02/março/2021 (via Moodle)
1

Processo de extração em contracorrente

1. Preliminares
Em álgebra linear, uma matriz tridiagonal é uma matriz que possui elementos não-nulos
apenas na diagonal principal e nas duas diagonais vizinhas a ela (imediatamente abaixo
e acima da diagonal principal). Assim, os elementos podem ser definidos por aij = 0 se
|i − j| > 1. Genericamente, uma matriz tridiagonal de ordem n × n pode ser representada
por:
 
d1 u1 ... 0
 a2 d2 u2 

... .. .. .. 

 . . .


A= ak dk uk
 

 . ... ... ...
 ..


 
 an−1 dn−1 un−1 
0 ... an dn

A matriz tridiagonal é um tipo especial de matriz de banda1 (p = q = 1). Como o elemento


nulo é predominante, não é necessário armazenar todos os n2 elementos da matriz, sendo su-
ficiente armazenar apenas os elementos da diagonal principal e das diagonais imediatamente
acima e abaixo da principal (vetores d, u e a).
Diversas soluções numéricas de equações diferenciais parciais (EDP’s) pelo método de dife-
renças finitas, assim como em outras aplicações, geram sistemas lineares do tipo:

ai xi−1 + di xi + ui xi+1 = bi onde 1 ≤ i ≤ n, a1 = un = 0 (1)

que na forma matricial pode ser escrita como:


    
d1 u1 ... 0 x1 b1
 a2 d2 u2  x2   b2 

... ... ... ..  ..   .. 
. . .
    
    
ak dk uk   xk  =  bk (2)
    
 
 . .. .. ..  .   .
 ..   ..   ..

 . . .   


 an−1 dn−1 un−1   xn−1   bn−1 
0 ... an dn xn bn
1
Matriz de banda: é uma matriz esparsa (matriz que possui uma quantidade significativa de elementos
nulos) em que aij = 0 se j > i + p e i > j + q. Portanto, esse tipo de matriz tem como elementos não-nulos
os elementos da diagonal principal, os elementos de p diagonais secundárias acima da diagonal principal e
os elementos de q diagonais secundárias abaixo da diagonal principal
2
ou seja, a Eq. (1) representa um sistema linear Ax = b, onde a matriz de coeficientes (A
∈ Rn×n ) é uma matriz tridiagonal, b ∈ Rn é o vetor de termos independentes e x ∈ Rn é o
vetor solução (vetor de incógnitas).
Para resolver esse sistema, pode-se utilizar uma versão simplificada do método de eliminação
de Gauss conhecida como Algoritmo de Thomas (ou Algoritmo da Matriz Tridiagonal -
TDMA).
A ideia cental do Algoritmo de Thomas é eliminar os elementos da subdiagonal (elementos
ai ) e normalizar os elementos da diagonal principal, ou seja, este algoritmo transforma o
sistema tridiagonal em um sistema triangular superior com diagonal unitária equivalente ao
sistema original, isto é:
    
1 α1 ... 0 x1 g1
 0 1 α2  x2   g2 

... ... ... ..  ..   .. 
. . .
    
    
0 1 αk   xk  =  gk (3)
    
 
 . .. .. ..  .   .
 ..   ..   ..

 . . .   


 1 αn−1   xn−1   gn−1 
0 ... 0 1 xn gn

Para isso, o primeiro passo é dividir os elementos da primeira linha da Eq. (2) por d1 , ou
u1 b1
seja, α1 = e g1 = .
d1 d1
O segundo passo consiste em zerar os elementos da primeira coluna que não pertencem à
diagonal principal através de operações elementares sobre as linhas. Como todos os elementos
da primeira coluna abaixo da segunda linha são nulos, o único elemento que precisa ser
zerado é o elemento a2 , substituindo a segunda linha por ela mesma subtraı́da da linha 1
multiplicada por a2 , ou seja, `2 ← `2 − a2 `1 :
    
1 α1 ... 0 x1 g1
 0 d 2 − a2 α 1 u2  x2   b 2 − a2 g 1 

... ... ... ..  ..   .. 
. . .
    
    
ak dk uk   xk = bk
    
 
 . .. .. ..  . ..
 ..   ..
  
 . . . 
 
  . 

 an−1 dn−1 un−1   xn−1   bn−1 
0 ... an dn xn bn

Em seguida, dividimos a segunda linha por d2 − a2 α1 para normalizar a diagonal principal,


u2 b2 − a2 g1
ou seja, na Eq. (3), α2 = e g2 =
d 2 − a2 α 1 d2 − a2 α1
Aplicando o procedimento do passo 2 nas demais linhas (`i ← `i − ai `i−1 , i = 3, . . . , n),
chegamos nas seguintes relações:

ui bi − ai gi−1
αi = gi =
di − ai αi−1 di − ai αi−1
3
A solução do sistema (x1 , x2 , . . . , xn ) é obtida sistematicamente por um processo de substi-
tuição regressiva:

xn = gn
xi = gi − αi xi+1 i = n − 1, . . . , 1

Algoritmo 1: Algoritmo de Thomas


1 Dados: vetores d, u, a, b
2 inı́cio
3 α1 ← u1 /d1
4 g1 ← b1 /d1
5 para i ← 2 até n faça
6 αi ← ui /(di − ai αi−1 )
7 gi ← (bi − ai gi−1 )/(di − ai αi−1 )
8 fim
9 xn ← g n
10 para j ← n − 1 até 1 faça
11 xj ← gj - αj xj+1
12 fim
13 fim

2. Objetivos
Uma indústria planeja implantar um processo de extração conforme mostrado na figura
abaixo.

y1 y2 y3 yi yi+1 yn yn+1
S ... ... S
1 2 i n
F ... ... F
x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 xn

O objetivo do processo é separar dois componentes (A e B) presentes no fluxo de alimentação


(F) por extração em contracorrente com um solvente (S). Em cada estágio, o fluxo de ali-
mentação é misturado com o solvente (tolueno). Deixa-se então que o solvente e a ali-
mentação se separem. O componente B (água) é insolúvel no solvente e o componente A
se distribui entre as duas fases. A fase aquosa é enviada para o estágio seguinte e a fase
orgânica, ou extrato, é enviada para o estágio anterior. O solvente é alimentado puro no
processo.
No estado estacionário, as concentrações do componente A nas fases aquosa e orgânica podem
ser calculadas pelo seguinte sistema de balanços materiais:
4

F xi−1 + Syi+1 = F xi + Syi , i = 1, . . . , n

onde F é a vazão de alimentação (lb/h), xi é a concentração do componente A no fluxo


rafinado à saı́da do i-ésimo estágio (lb de A/lb de B), S é a vazão do solvente (lb/h) e yi
a concentração do componente A no extrato proveniente do i-ésimo estágio (lb de A/lb de
solvente).

Em uma primeira aproximação, a relação de equilı́brio em cada estágio pode ser dada por

yi = 9xi

Portanto, tem-se um total de n equações que devem ser resolvidas simultaneamente para
determinar a concentração de A na fase aquosa (xi ) ou na fase orgânica (yi ).
Como estagiário, você ficou responsável pelo cálculo das concentrações de A em ambas as
fases (aquosa e orgânica), em cada estágio do sistema. Para resolver o problema, faça cada
um dos itens a seguir.

a. Escrever uma função de protótipo

function x = Thomas(d,u,a,b,n);

que recebe como argumentos três vetores (d, u e a) de tamanho n contendo os elementos
não nulos de uma matriz tridiagonal A e um vetor b contendo os termos independentes
b1 , . . . , bn , e devolve no vetor x a solução de um sistema linear tridiagonal calculada
pelo Algoritmo de Thomas.

b. Escrever um programa em Scilab que imprime as concentrações do componente A nas


fases aquosa e orgânica, em cada estágio do processo. Utilize a função do item a) para
resolver o sistema linear tridiagonal.

Dados do problema: F = 100 lb/h, S = 10 lb/h, n = 10 e x0 = 0.05 (concentração


inicial de A na corrente F).

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