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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

CAMPUS DIADEMA

ENZO FASSONI MOURA

LAÍZA FELISBINO PAES

LUCAS MODESTO MARTINS

RELATÓRIO DO EXPERIMENTO DE ESCOAMENTO EM


MEIOS POROSOS (LEITO FIXO)

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA 2

PROF. MARIANA AGOSTINI DE MORAES

DIADEMA

JUNHO/2022
1. INTRODUÇÃO

O escoamento de um fluido através de um leito composto por partículas sólidas


estacionárias é denominado escoamento em leito fixo ou leito empacotado. Essa operação
tem como finalidade aumentar o contato entre a fase fluida e a fase particulada (FOUST,
1982).

As operações que utilizam o leito fixo e um fluido de trabalho, este alimenta o leito
com velocidade superficial relacionada entre a vazão volumétrica do fluido e a área da
secção transversal da coluna, assim o líquido percola os poros das partículas e os interstícios
entre elas (CREMASCO, 2018).

O líquido durante a percolação tende a escolher caminhos preferenciais, como canais


onde possui maior espaço vazio, nesse caso, é necessário garantir a fluidização utilizando
redistribuidores do líquido para que o fluido percole para o centro da coluna. Os materiais
devem ser constituídos de acordo com o objetivo do processo, podendo ser compostos de
partículas irregulares ou regulares como esferas e cilindros, compostos de materiais inertes
ou não. Para essa escolha é importante conhecer as características como resistência, perda de
carga, molhabilidade, recursos financeiros e entre outros. As principais aplicações são em
processos de adsorção, absorção, filtração e catálise (ROCHA, 2019).

Podemos utilizar diversas equações para modelar nosso experimento como a equação
de Darcy para encontrar a perda de carga que ocorre entre a permeabilidade do leito e a
viscosidade do fluido. A equação de Ergun, define a perda de carga total em um escoamento
em leito poroso para todos os tipos de regime. Além do número de Reynolds que determina
o regime de escoamento (ROCHA, 2019).
2. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

O experimento é realizado utilizando-se uma bomba de 0,5 HP de potência, com


velocidade de rotação de 3480 RPM, um tubo de acrílico, o qual tem o comprimento de 1
metro e 8,4 centímetros de diâmetro interno. Em seu interior, as partículas sólidas
estacionárias são compostas por vidro, com um diâmetro de 3 milímetros. Além disso, o
sistema possui duas válvulas que permitem o controle de vazão do sistema, sendo uma para
valores baixos e outra para vazões maiores.

Inicialmente, liga-se a bomba e mantêm-se as válvulas fechadas, de modo a


estabilizar o sistema e verificar se as pressões, quando não há vazão, são iguais. Uma vez
conferida essa condição, uma das válvulas é aberta até chegar à vazão de interesse, o que
fornece diferentes valores de pressões, uma vez que os medidores encontram-se em três
pontos distintos. O primeiro ponto encontra-se na base da placa de orifício; o segundo ponto
é localizado no teto da placa de orifício. Por fim, o terceiro ponto localiza-se no topo do tubo
de acrílico.

O experimento é realizado em triplicata, de modo a reduzir os erros de aferição dos


valores de pressão encontrados, mantendo-se as vazões iguais para cada medição. além
disso, mede-se o valor da temperatura do fluido, de modo a conhecer-se suas propriedades.

2.1 DADOS COLETADOS

Na Tabela 1. encontram-se os valores de vazão e pressões experimentais colhidas no


momento do experimento.

Tabela 1- Dados experimentais de Vazão e Pressão

Vazão P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
(L/h) (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2 (mmH2
O) O) O) O) O) O) O) O) O)

11 1049 1048 1040 1047 1046 1038 1046 1044 1037

22 1053 1050 1034 1053 1050 1033 1050 1049 1031

28 1057 1053 1030 1054 1054 1029 1053 1051 1028

36 1060 1057 1023 1059 1056 1024 1056 1055 1021


50 1066 1063 1013 1065 1063 1014 1062 1061 1012

64 1072 1070 1004 1072 1069 1004 1069 1067 1002

90 1085 1083 983 1086 1083 982 1084 1080 982

110 1101 1098 960 1099 1095 963 1096 1093 963

160 1122 1117 929 1119 1116 931 1120 1117 926

240 1192 1183 824 1191 1182 823 1189 1181 824

320 1274 1261 703 1271 1258 700 1270 1257 700

400 1372 1352 560 1367 1343 560 1368 1346 565
Fonte: Autoria própria (2022)

2.2 METODOLOGIA DE CÁLCULO

Para iniciar os cálculos, foi necessário converter a vazão e as pressões para unidades
do sistema internacional. Desse modo, converteu-se as vazões para m3/s (metro cúbico por
segundo) pela Equação 1. Usando a Equação 2, foi possível converter as pressões
primeiramente para o m.c.a (metro de coluna de água) e, depois converteu-se para o Pa
(Pascal), através da Equação 3.

3
𝑚 𝐿 1𝑚
3
1ℎ Eq. 1
𝑄( 𝑠
) = 𝑄(ℎ) · 1000 𝐿
· 3600 𝑠

𝑃 (𝑚𝐻2𝑂 𝑜𝑢 𝑚. 𝑐. 𝑎) = 0, 001 · 𝑃 (𝑚𝑚𝐻2𝑂) Eq. 2

𝑃 (𝑃𝑎) = 9806, 65 · 𝑃 (𝑚. 𝑐. 𝑎) Eq. 3


Logo após, calculou-se a pressão média para cada vazão, visto que o experimento foi
feito em triplicata, com o auxílio da Equação 4. Também determinou-se o número de
Reynolds para esse sistema, pela Equação 5. Por último, encontrou-se o valor do fator de
atrito “f”, pela Equação 6.

𝑃1+𝑃2+𝑃3 Eq. 4
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 3

ρ·𝑣'·𝑑𝑝 Eq. 5
𝑅𝑒 = µ·(1−ε)

∆𝑃 𝑑𝑝·ε
3
Eq. 6
𝑓= 𝐿
· 2
ρ· 𝑣' ·(1−ε)
Depois disso, plotou-se o gráfico de P/L em função de v’ e com isso, foi possível
determinar os pontos que são lineares e quais não são lineares neste gráfico. Também
plotou-se f em função de Re (em escala log-log).

Determinado o número de pontos dentro da faixa linear pode-se descobrir os valores


de K para cada ponto experimental e depois realizar a média destes valores, pelas Equações
7 e 8 respectivamente. O K teórico para a faixa estimada deve ser igual ao da equação de
Carman-Kozeny, representado na Equação 9.

𝐾=
µ·𝑣' Eq. 7
∆𝑃/𝐿

𝑁
∑ 𝐾𝑖
Eq. 8
𝑖=0
𝐾𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 𝑁

ε³·ϕ²·𝑑𝑝
2
Eq. 9
𝐾= 2
150·(1−ε)

Depois, determinou-se o valor de “K” e “c” para a parte não linear através da
comparação da equação de Ergun (Equações 10 e 11), com a Equação quadrática obtida
pelos pontos em que ΔP/L não é linear. A Equação 10 está representada em termos de “K” e
“c” e a Equação 11 está representada em termos de ε, ϕ e 𝑑𝑝. Por último, descobriu-se o

erro relativo para cada ponto e o desvio padrão da amostra, para o valor de ΔP/L teórico
através da equação de Ergun, com as Equações 12 e 13, respectivamente.

∆𝑃
=
µ
𝑣' +
𝑐
𝑣'
2 Eq. 10
𝐿 𝐾 𝐾

2
∆𝑃 𝑣'(1−ε)²µ 𝑣' (1−ε)ρ
𝐿
= 150 2 + 1, 75
ε³· 𝑑𝑝 ε³·𝑑𝑝

𝐸𝑅 =
|𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜| Eq. 12
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜

𝑁 Eq. 13
∑ (𝑥𝑖−µ)²
𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = 𝑖=1
𝑁−1
, com μ sendo a média de xi
Também utilizou-se da fórmula da velocidade superficial, na Equação 14:

𝑄
v’= π𝐷²/4 Eq. 14

2.3 EXEMPLO DE CÁLCULO PARA UM PONTO EXPERIMENTAL

Para exemplificar os cálculos, utilizaremos o ponto experimental de 11 L/h:

𝐿 1𝑚³ 1ℎ −6
Q= 11 ℎ
· 1000𝐿
· 3600𝑠
= 3, 056. 10 𝑚³/𝑠

1,049 +1,047+1,046
P1 média = 3
𝑚. 𝑐. 𝑎 = 1, 047 𝑚. 𝑐. 𝑎

101325 𝑃𝑎 4
P1 média=1, 047𝑚. 𝑐. 𝑎 · 10,333 𝑚.𝑐.𝑎
= 1, 0270 · 10 𝑃𝑎

−6
3,056.10 𝑚³/𝑠 −4
v’= −2 = 5, 5514. 10 𝑚/𝑠
π·(8,4·10 𝑚)²/4
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O escoamento do fluido (o qual foi a água, para esse experimento) através de um


leito fixo permite a observação da relação entre a queda de pressão do sistema, a depender
do ponto onde a pressão está sendo medida, e a vazão do fluido. Para isso, é levado em
consideração algumas propriedades do sistema, tais como o comprimento e a área da seção
transversal do equipamento, a permeabilidade do meio poroso, entre outros parâmetros,
fornecida pela Lei de Darcy. Os valores de Vazão e pressões, para 3 pontos no sistema, o
primeiro antes da placa de orifício, o segundo depois da placa e o terceiro no topo do
sistema, foram anotados e estão presentes na Tabela 1. Os valores de Vazão foram
observados em litros por hora (L/h) e, posteriormente, convertidos em metros cúbicos por
3
segundo (𝑚 /𝑠), enquanto os valores de pressão observados estão em centímetros de coluna
d’água (cmH2O).

Para a aplicação da lei de Darcy, correlação de Carman-Kozeny, equação de


Burke-Plummer e a equação de Ergun, alguns parâmetros são necessários, tais como a massa
específica do fluido, sua viscosidade, a esfericidade, porosidade, dentre outros. A Tabela 2
contém alguns dados do sistema de leito fixo, necessários para a aplicação das equações
citadas anteriormente. Sabe-se também que, por ser utilizado uma bomba, a temperatura
sofre uma pequena alteração, por isso, de modo a não tornar essa alteração um problema, os
dados de viscosidade e massa específica da água serão em relação à média aritmética das
temperaturas inicial e final do sistema. Esses valores estão presentes na Tabela 3.

Tabela 2- Dados do sistema

T0 (ºC) 25,5

Tf (ºC) 30

Tmédia (ºC) 27,75

ɛ 0,356

𝚽 1

D (cm) 8,4

A (m 2) 0,00554

H (cm) 100

dp (mm) 3
Tabela 3- Propriedades da água a 27,75 ºC

Massa Específica (Kg/m3) 996,6518355

Viscosidade (Kg/m.s) 0,00083952

Uma vez em posse desses dados, presentes nas Tabelas 1, 2 e 3, pode-se calcular as
pressões médias para cada vazão analisada; além de já ser possível calcular a velocidade
superficial do fluido, tão quanto o número de Reynolds também. Tais parâmetros
mencionados foram calculados e mostrados na Tabela 4, onde as primeiras 3 colunas
consistem na média aritmética das pressões manométricas observadas na Tabela 1 (os
valores já foram passados para a unidade metros de coluna d' água (m.c.a)) ; em seguida, tais
pressões médias são convertidas para o S.I, obtendo, portanto, valores de pressão em Pascal
(Pa), v’ consiste na velocidade superficial do fluido, dado em metros por segundo (m/s) e,
por fim, é apresentado o número de Reynolds, o qual é adimensional.

Tabela 4- Valores de vazão, pressão, velocidade superficial do fluido e número de Reynolds

Vazão P1média P2média P3média P1média P2média P3média v’ (m/s) Re


(m3/s) (m.c.a) (m.c.a) (m.c.a) (Pa) (Pa) (Pa)

3,056E 1,047 1,046 1,038 1,0270 1,0257. 1,0182 5,514 3,05


-06 E04 E04 E04 E-04

6,111E- 1,052 1,050 1,033 1,0316 1,0293. 1,0126 1,103 6,10


06 E04 E04 E04 E-03

7,778E 1,055 1,053 1,029 1,0342 1,0322 1,0090 1,403 7,76


-06 E04 E04 E04 E-03

1,000E 1,058 1,056 1,023 1,0378 1,0355 1,0028 1,804 9,98


-05 E04 E04 E04 E-03

1,389E 1,064 1,062 1,013 1,0437 1,0417 9,9334 2,506 13,86


-05 E04 E04 E03 E-03

1,778E 1,071 1,069 1,003 1,0502 1,0479 9,8386 3,208 17,74


-05 E04 E04 E03 E-03
2,500E 1,085 1,082 0,982 1,0639 1,0610 9,6327 4,511 24,95
-05 E04 E04 E03 E-03

3,056E 1,099 1,095 0,962 1,0773 1,0741 9,4333 5,514 30,49


-05 E04 E04 E03 E-03

4,444E 1,120 1,117 0,929 1,0986 1,0950 9,1065 8,020 44,35


-05 E04 E04 E03 E-03

6,667E 1,191 1,182 0,824 1,1676 1,1591 8,0768 1,203 66,53


-05 E04 E04 E03 E-02

8,889E 1,272 1,259 0,701 1,2470 1,2342 6,8740 1,604 88,70


-05 E04 E04 E03 E-02

1,111E- 1,369 1,347 0,562 1,3424 1,3209 5,5077 2,005 110,88


04 E04 E04 E03 E-02

A análise do número de Reynolds demonstra que em algumas vazões tem-se Regime


Laminar (Re<10) e em outras há o escoamento de transição (10<Re<1000). Tendo-se todos
os parâmetros apresentados e valendo-se da correlação de Carman-Kozeny para a região do
regi, é possível calcular a permeabilidade do meio poroso. Além disso, tem-se a equação
para o cálculo do valor de ‘f’, o qual é adimensional. A Tabela 5 é montada, portanto, com
os valores de permeabilidade do meio poroso (K), o fator ‘f’ e os valores de ΔP/L, onde o
ΔP é a diferença de pressão no ponto 3 e no ponto 1, sendo uma coluna o valor experimental
e outro calculado através da equação de Ergun.

Tabela 5- Valores de K, f e ΔP/L calculados experimentalmente e pela equação de Ergun

ΔP/L pela equação


ΔP/L experimental
K f de Ergun

5,245E-09 61,22 88,25 48,19

4,883E-09 32,88 189,58 101,43

4,681E-09 26,95 251,69 132,60

4,331E-09 22,65 349,75 176,49

4,180E-09 16,90 503,37 259,71


4,059E-09 13,60 663,54 351,11

3,762E-09 10,43 1006,75 542,54

3,454E-09 9,30 1340,15 708,98

3,582E-09 6,16 1879,48 1198,03

- 5,24 3598,79 2197,36

- 4,59 5595,94 3463,56

- 4,15 7916,68 4996,63

Apenas os 4 primeiros valores para a permeabilidade do meio poroso foram


calculados porque apenas nesta seção o comportamento da curva do gráfico é linear. O
Gráfico 1 representa a relação de P/L e v’ e o Gráfico 2 representa a relação de f em função
do número de Reynolds, em escala log-log.

Gráfico 1- Relação entre P/L e v’


Gráfico 2- Relação entre f e Re em escala log-log

A lei de Darcy possui aplicação para sistemas em que tenha-se um regime laminar,
com o número de Reynolds menor que 10, ou seja, aplicando-se até o ponto de vazão
equivalente a 36 L/h para este experimento. Isso constitui o quarto ponto presente nos
resultados experimentais. Por valer-se da lei de Darcy, essa região com o número de
Reynolds menor que 10 constitui uma região de comportamento linear. A partir de um valor
de Reynolds maior que 10, entra-se num regime de transição, isto se o valor não ultrapassar
1000; em regimes laminares, a lei de Darcy é válida, mas a partir de regimes de transição,
uma relação linear entre P/L e v’ não mais pode ser inferida.

Sabendo-se que os valores possuem comportamento linear até o ponto de vazão 36


L/h, para calcular-se o valor de permeabilidade do meio poroso para uma faixa linear,
calcula-se a média aritmética entre os valores de permeabilidade calculados para cada vazão,
isolando-se o termo ‘K’ na lei de Darcy. Esses valores já foram calculados e estão presentes
na Tabela 5. desse modo, fazendo a média aritmética encontra-se um valor de
−9 2
𝐾𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 = 4, 785. 10 𝑚.

Para o cálculo da permeabilidade do meio poroso para uma região em que não tem-se
um comportamento linear, plota-se o gráfico ΔP/L versus v’, para a região de vazões com
Reynolds maiores do que 10. Tal gráfico foi identificado como Gráfico 3 e, através da
ferramenta Excel, foi possível adquirir a equação que representa a curvatura do gráfico,
tendo um comportamento quadrático, uma vez que tem por base a equação de Ergun,
representada pela Equação (10), presente na seção ‘Metodologia de Cálculo’.

Gráfico 3 - ΔP/L (Pa/m) versus v’ (m/s) para a região não linear

Validando-se da equação de Ergun e tendo posse da equação do gráfico, gerado pelo


Excel, isolam-se os termos compatíveis entre ambas as equações; sendo assim, o valor de
𝜇 5
𝐾
𝑣' = 1, 35602. 10 𝑥, onde x representa v’, uma vez que o gráfico foi plotado em

relação a v’.Embora a equação possua um termo independente, o qual não é esperado pela
equação de Ergun, seu valor é baixo comparado aos valores que estão multiplicando a
incógnita x, a qual, neste caso, representa v’; por isso, é válido relacionar a equação obtida
pela ferramenta gráfica com a equação de Ergun. Desse modo, encontra-se um valor para a
−9 2
permeabilidade do meio poroso de 𝐾𝑛ã𝑜−𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 = 6, 191. 10 𝑚 .Para o cálculo de c, um

fator adimensional presente na equação de Ergun, também é feito com base na equação
fornecida pelo Excel, dessa vez isolando-se o termo que multiplica x2; assim, tem-se:
𝑐.ⲣ 2 7 2
𝑣' = 1, 27143. 10 𝑥 e, portanto, 𝑐 = 1, 003763639.
𝐾
Uma vez em posse dos valores experimentais para a permeabilidade do meio poroso,
é possível comparar tais valores com o valor teórico esperado, o qual é fornecido pela
equação de Carman-Kozeny, apresentado na Equação (9). Tais valores são apresentados na
Tabela 6.

Tabela 6- Valores de K experimentais e teórico

KLinear 4,785E-09

KNão-Linear 6,191E-09

KCarman-Kozeny 6,530E-09

A partir dos resultados obtidos, nota-se que o valor de K obtido pela equação de
Carman-Kozeny é relativamente próximo ao valor de K calculado para uma região de
comportamento não linear, uma vez que a diferença é muito maior entre o valor teórico para
o obtido na região de faixa linear.
Além disso, os valores de ΔP/L também são previstos teoricamente, sendo obtidos
através da Equação de Ergun; assim, a Tabela 7 demonstra os valores esperados, os valores
de ΔP/L obtidos experimentalmente e erro relativo entre os valores. Enquanto a Tabela 8
apresenta os valores de desvio padrão para o ΔP/L teórico e experimental.

Tabela 7- Valores de ΔP/L experimentais e teóricos e Erro relativo

ΔP/L Eq. de Ergun ΔP/L experimental Erro Relativo

48,19 88,25 83,13%

101,43 189,58 86,91%

132,60 251,69 89,81%

176,49 349,75 98,17%

259,71 503,37 93,82%

351,11 663,54 88,98%

542,54 1006,75 85,56%

708,98 1340,15 89,03%

1198,03 1879,48 56,88%


2197,36 3598,79 63,78%

3463,56 5595,94 61,57%

4996,63 7916,68 58,44%

Tabela 7- Valores de ΔP/L experimentais e teóricos e Erro relativo

Desvio Padrão ΔP/L teórico 1581,92

Desvio Padrão ΔP/L teórico 2497,95

Nota-se que os valores de erro relativo calculados estão relativamente altos, uma vez
que tem-se valores que obtiveram um erro relativo de quase 100%. Tais erros podem ter sido
ocasionados por razões mais simples, como por exemplo erros de medição, aproximações
feitas, desconsiderações a respeito do sistema, dentre outros motivos; além disso, durante a
execução do experimento, o sistema teve uma bolha de ar em seu interior, o que pode ter
ocasionado em erros de medição, em vazões mais altas houve grande oscilação nos valores
de pressão, para contornar essa variação foi feito uma média entre os valores aferidos. Por
fim, o fato de considerar-se a placa de orifício para o cálculo de ΔP também pode ter
ocasionado em problemas que causaram esse alto erro relativo.
4. CONCLUSÃO

Embora os valores esperados teoricamente, ao menos os valores de ΔP/L, tenham


sido relativamentes distantes, haja visto os valores elevados de erro relativo, o experimento
em si conseguiu demonstrar o comportamento de um fluido quando escoa por um leito de
partículas estacionárias, uma vez que foram comprovadas algumas relações previstas na
literatura, tal como o comportamento linear da relação P/L quando trata-se de um regime
laminar, o qual possui um valor de Reynolds menor que 10.

Além disso, foi possível obter valores para os coeficientes de permeabilidade do


meio poroso para o sistema, sendo tal valor próximo ao esperado teoricamente. Com base
nisso, embora alguns valores sejam considerados distantes do esperado, o procedimento
conseguiu demonstrar o comportamento de um fluido em leito fixo de maneira eficiente.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CREMASCO, M.A. Operações Unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos e
outros trabalhos. 3ª edição. São Paulo: Blucher, 2018.

FOUST, A. S. Princípios das Operações Unitárias. Tradução de Horácio Macedo. 2ª. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 1982.

ROCHA, E.C.L. Análise da perda de carga e da porosidade em leito fixo. Brazilian


Technology Symposium, São Paulo, 2019. Disponível em:
<https://lcv.fee.unicamp.br/images/BTSym-19/Papers/204.pdf> Acesso em: 6 de junho de
2022.

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