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Laboratório de Engenharia Química I

Jaci Carlo Schramm Câmara Bastos


Experimento 1: Medidor de vazão placa de orifício

Alunas: Isadora Flávia Bussi, Naiara Cemin de Macedo e Pamela Busarello


Data: 18/07/2019

INTRODUÇÃO

Um medidor de vazão é um dispositivo que, de forma indireta, determina o


volume do fluido que passa por uma seção de escoamento por unidade de tempo. Pode
ser determinado através da pesagem, sendo baseado no fluxo de massa que passa pela
seção durante um intervalo de tempo. (TRIELLI, s.d.). Medidores por obstrução são
dispositivos muito utilizados para a medição de vazão, em que a obstrução acaba
gerando uma variação na pressão. (SCHNEIDER, 2007)

Dentre os medidores de vazão mais antigos e mais utilizados encontram-se os


medidores do tipo pressão diferencial, dentro dos quais, os mais difundidos são as
placas de orifício, devido a sua simplicidade, baixo custo, ampla aplicabilidade,
facilidade de instalação e segurança. (VALLE, 1995). Entretanto, possui a desvantagem
de impor perda de carga ao escoamento. (SCHNEIDER, 2007)

A placa de orifício possui como função gerar um diferencial de pressão, o qual


está relacionado com a vazão. Cabe ressaltar que o uso da placa de orifício é limitado a
pequenas faixas de vazão, necessitando uma recalibração quando os valores de vazão se
distanciam muito dos limites que a placa foi calibrada. (VALLE, 1995)

A configuração mais comum de uma placa de orifício é aquela constituída por


um orifício concêntrico, o qual interrompe o duto. Não se descarta a existência de placas
de orifício excêntricos e segmentais, sendo escolhidas conforme o tipo de impurezas
presentes no fluido. (SCHNEIDER, 2007)

A inserção de uma placa de orifício numa tubulação gera uma variação brusca da
seção de passagens correspondente a velocidade e pressão, visto que variações de
velocidade correspondem às variações de pressão. (DELMÉE, 1983)
1 OBJETIVO

Tem-se por objetivo, além de compreender na prática todos os conceitos teóricos


sobre escoamentos e medidores de vazão, calcular e determinar o coeficiente de
descarga obtido no experimento de um medidor de vazão tipo placa-orifício.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais

Sistema de duto com placa de orifício, bomba, manômetro, recipiente de coleta da


água (balde), balança, cronômetro e pisseta.

Figura 1. Sistema de duto com placa de orifício, bomba e manômetro

Fonte: As autoras (2019).


Figura 2. Bomba acoplada ao sistema

Fonte: As autoras (2019).


Figura 3. Balança utilizada para determinar massa da água coletada

Fonte: As autoras (2019).

Figura 4. Manômetro

Fonte: As autoras (2019).

2.2 Metodologia

Para o início do experimento, necessitou-se ligar a bomba para que assim o


sistema começasse a funcionar. Para isso, abriu-se um pouco a válvula antes de ligar a
bomba, evitando o forçamento do equipamento. Em seguida, abriu-se os bocais das
mangueiras do manômetro, lembrando que uma destas mangueiras deve estar conectada
antes da placa de orifício e a outra depois da placa, conforme Figura 5.

Figura 5. Mangueiras entre a placa de orifício

Fonte: As autoras (2019).

Após isso, verificou-se a presença de bolhas nestas mangueiras, uma vez que a sua
presença resulta em medidas errôneas. Para a retirada das bolhas, desconectou-se a
mangueira do manômetro e, com a ajuda de uma pisseta, retirou-se a maioria.

Em seguida, mediu-se a diferença de altura registrada no manômetro e, após o


escoamento estabilizar, ou seja, sua espessura não alterar mais, coletou-se água para
determinado intervalo de tempo pré-estabelecido. Então, a água coletada foi pesada com
o auxílio de uma balança.

Este experimento foi realizado com 6 (seis) vazões distintas, sendo reguladas
através da abertura da válvula, em triplicata.

2.3 Equações

Para descobrir a vazão volumétrica, primeiramente deve-se encontrar a vazão


mássica através da equação 1.

m [1]
ṁ=
t

Onde:

ṁ = vazão mássica (kg/s)

m = massa de água coletada (kg)


t = tempo (s)

Sabendo a vazão mássica, pode-se obter então a vazão volumétrica pela equação
2.


Q= [2]
ρ

Onde:

Q = vazão volumétrica (m³/s)

ρ = massa específica do fluido (kg/m³). Neste caso, ρ = 1000 kg/m³.

Para encontrar o valor do coeficiente de descarga, tem-se que calcular


primeiramente o número de Reynolds, a partir da equação 3.

ρV D
ℜ= [3]
µ

Onde:

Re = número de Reynolds

V = velocidade do fluido (m/s)

D = diâmetro interno do tubo (m) ∴ D = 0,042 m.

µ = viscosidade do fluido (Pa.s) ∴ µ = 0,001 Pa.s

Nota-se que para calcular o número de Reynolds, deve-se encontrar


primeiramente a velocidade. Para isso, utiliza-se o valor descoberto de vazão
volumétrica e a equação 4.

Q [4]
V́ =
A

Onde:

V́ = velocidade média de escoamento (m/s)

A = área da seção transversal do tubo (m²) ∴ A = 0,0013854 m²

A partir disso tudo, consegue-se calcular o valor do coeficiente de descarga


teórico, através da equação de Stolz.
0,75
106
C teórico   = 0,5959 + 0,0312β 2,1   + 0,1840 β 8   + 0,0029β 2,5    ( Re D     ) [5]
Onde:

Cteórico = coeficiente de descarga teórico

ReD = número de Reynolds

β = relação do diâmetro do orifício na placa (d0) com o diâmetro da tubulação (d1), em


metros.

Para descobrir o valor do coeficiente de descarga experimental, deve-se primeiramente


calcular a variação de pressão causada pela placa de orifício, utilizando a equação 6.

∆ P=¿ [6]

Onde:

∆P = variação da pressão (Pa)

ρHg = massa específica do mercúrio (kg/m³) ∴ ρHg = 13600 kg/m³

ρágua = massa específica da água (kg/m³) ∴ ρágua = 1000 kg/m³

g = aceleração da gravidade (m/s²) ∴ g = 9,81 m/s²

∆h = diferença da altura do fluido manométrico (m)

Para determinar o coeficiente de descarga experimental, utiliza-se a relação de


Bernoulli e a equação da continuidade. Já rearranjando as variáveis para assim
determinar C:
4
d 0 
C=
Q
A0
√ 1− ( )
d1
∆P
[7]

Onde:
√ 2
ρ

C = coeficiente de descarga experimental

A0 = área do orifício (m²) ∴ A0 = 0,0003464 m²

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Coleta de dados

Ao realizar o experimento, conforme mostrado acima, obtêm-se os seguintes


dados de massa, tempo, ∆h (variação de altura) e ∆P (variação de pressão).

Tabela
1.
Dados Amostras/Volt
1 2 3 4 5 6
experi as
mentais

1 4,650 5,480 5,775 7,380 6,520 7,960
Massa 2 4,800 5,700 5,700 7,480 6,660 7,725
(kg) 3 4,800 6,050 6,500 7,520 6,700 7,440
Média 4,750 5,743 5,992 7,460 6,627 7,708
1 4,000 4,480 4,400 4,340 3,350 3,460
Tempo 2 4,360 4,520 4,380 4,500 3,450 3,410
(s) 3 4,380 4,530 4,500 4,580 3,530 3,350
Média 4,247 4,510 4,427 4,473 3,443 3,407
∆h (cm) 6,700 7,900 8,600 13,100 16,600 21,200
8281,60 9764,87 10630,11 16192,38 20518,59 26204,47
∆P (Pa) 2 4 6 6 6 2

Fonte: As autoras (2019).

3.2 Análise de dados

Para cada vazão mássica, obtida a partir da Equação 1 e dos valores médios,
foram calculadas as vazões volumétricas (Eq.2), Reynolds (Eq. 3) e os Coeficientes de
Decarga teórico (Eq.5), de Stolz, e o experimental (Eq.7), como apresentados na Tabela
2.

Tabela 2. Resultados obtidos referentes a cada vazão obtida.

Vazão mássica Vazão volumétrica Reynolds Cexperimental Cteórico


(kg/h) (m3/s)
1,118524 0,001119 33925,52 0,769427 0,610382
1,273466 0,001273 38625,00 0,806101 0,609780
1,353539 0,001354 41053,66 0,821758 0,609517
1,667660 0,001668 50581,14 0,820229 0,608703
1,924492 0,001924 58371,00 0,840477 0,608213
2,262720 0,002263 68629,60 0,874765 0,607720
Fonte: As autoras (2019).
Analisando a relação entre Reynolds e o Coeficiente experimental, apresentada
na Figura 6, é possível observar o aumento nos valores dos coeficientes conforme
Reynolds aumenta. Também, percebe-se pontos em que o coeficiente é,
aproximadamente, constante, onde Reynolds permanece entre 4000 e 5000.

Figura 6. Gráfico Reynolds versus Coeficiente experimental


0.89
Coeficiente de Descarga experimental

0.87

0.85

0.83

0.81

0.79

0.77

0.75
30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000 70000 75000

Reynolds

Fonte: As autoras (2019).

Referente aos valores de Coeficiente teóricos, Figura 7, a tendência observada é


contrária ao verificado em laboratório. O Coeficiente de Descarga decresce,
proporcionalmente, enquanto os valores de Reynolds aumentam.

Figura 7. Gráfico Reynolds versus Coeficiente teórico


0.61
Coeficiente de Descarga teórico

0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000 70000 75000

Reynolds

Fonte: As autoras (2019).


Os resultados obtidos experimentalmente seguem praticamente o oposto do
esperado, considerando os resultados teóricos. Além disso, as faixas de valores
experimentais e teóricos também variam. Enquanto os Coeficientes teóricos
permanecem de 0,60 a 0,61, os valores experimentais variam de 0,76 a 0,88.

Assim como os gráficos plotados para avaliar as relações entre coeficientes e


Reynolds, também foram plotados gráficos avaliando a relação entre vazão volumétrica
e coeficientes.

As Figuras 8 e 9 são semelhantes as 6 e 7, uma vez que a tendência observada é


a mesma, mudando somente a variável independente e, consequentemente, a escala do
eixo.

Figura 8. Gráfico vazão volumétrica versus Coeficiente experimental


0.89
Coeficiente de Descarga experimental

0.87

0.85

0.83

0.81

0.79

0.77

0.75
0 0 0 0 0 0 0 0

Vazão volumétrica (m3/s)

Fonte: As autoras (2019).


Figura 9. Gráfico vazão volumétrica versus Coeficiente teórico
0.61

Coeficiente de Descarga teórico


0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0.61
0 0 0 0 0 0 0 0

Vazão volumétrica (m3/s)

Fonte: As autoras (2019).

3.3 Valores teóricos x experimentais


A diferença de valores experimentais e teóricos chega a um máximo de 30,53%,
este para a última vazão aplicada. É observada maior variação nos valores dos
coeficientes conforme o valor da vazão aumenta.

Tabela 3. Coeficientes de Descarga teóricos e experimentais

C teórico: Cexperimental Erro Absoluto (%)


0,6104 0,7694 20,67
0,6098 0,8061 24,35
0,6095 0,8218 25,83
0,6087 0,8202 25,79
0,6082 0,8405 27,63
0,6077 0,8748 30,53
Fonte: As autoras (2019).

4. CONCLUSÃO
Foi observado um comportamento experimental diferente do teórico, que pode
ser justificado pelas fontes de erros. Os resultados foram satisfatórios considerando os
erros relativos próximos a 25%.

O Coeficiente de Descarga é utilizado na determinação da vazão, apesar de que


nesta prática o inverso foi realizado, partindo-se da vazão para determinar o Coeficiente.
Os dados experimentais demonstram que a vazão, Reynolds e o Coeficiente apresentam
relação direta, aumentando conforme os demais aumentam, diferindo do
comportamento teórico esperado.

FONTES DE ERRO

Uma das fontes de erro mais notável é referente ao enchimento do balde em


determinado intervalo de tempo, visto que se utilizou de um tempo pré-definido, a
retirada do balde de onde a água escoa pode ocorrer com certo atraso, prejudicando o
cálculo da vazão. Por ser um processo extremamente manual, acrescenta-se erros
humanos, logo deve-se pensar em modernizar este processo.

Além disso, pode-se citar como fonte de erro a medição de ∆h no manômetro.


Afinal, mesmo procurando evitar a presença de bolhas de ar em suas mangueiras, não se
tira a possibilidade de algumas pequenas bolhas em seu percurso, visto que há uma
grande dificuldade em retirá-las.

Outra fonte de erro pode estar ligada ao parâmetro utilizado de medida, ou seja,
a pesagem. Pois utilizou-se de uma balança não tão precisa. Além disso, pode-se
acrescentar a possibilidade da presença de água na parte externa do balde, causando
uma medição de massa equivocada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELMÉE, G.J., Manual de Medição de Vazão, Editora Edgard Blücher Ltda, São
Paulo, 1983.
SCHNEIDER, P.S., Medição de Velocidade e Vazão em Fluidos, Apostila da
disciplina de Medições Térmicas, Engenharia Mecânica, UFRGS, Porto Alegre, 2007.
TRIELLI, M., Medidores de Vazão, Apostila da disciplina de Mecânica dos Fluidos I,
USP, s.d.
VALLE, R. M., Escoamento laminar em placas de orifício: análise teórica e
experimental em regime permanente e transiente, 1995.

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