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Medidores de Vazão

A vazão é uma das grandezas físicas mais medidas nos processos industriais, devido a
sua grande importância no controle de processos. A definição se dá como a quantidade
volumétrica ou mássica de um fluido que escoa através de uma tubulação ou canal por
unidade de tempo. Ela pode ser utilizada tanto para estimar o fluxo de conteúdos líquidos,
gasosos e até mesmo particulados. Para o engenheiro químico, o conhecimento da vazão em
uma determinada operação permite que se apure a perda de carga em tubulações, o que levará
a uma verificação do rendimento do processo.
A medição da vazão é realizada com diversos tipos de equipamentos. A escolha do
equipamento depende de alguns fatores como custo, espaço disponível, o tipo de fluido que é
utilizado, as condições de operação do processo (temperatura e pressão) e, logicamente, a
precisão com a qual se quer obter a medida. Para isso, dispõe-se de alguns medidores como a
placa de orifício, tubo de Dall, tubo de Pitot, tubo de Venturi e anemômetro. Dessa forma, fica
ao encargo do engenheiro optar pelo equipamento mais adequado às suas condições.
O presente trabalho realiza um estudo sobre medidores de vazão para o escoamento de
um fluido gasoso, ar, que se dá em tubulações cilíndricas. Para isso, faz-se uso dos medidores
placa de orifício, tubo de Venturi e tubo de Pitot, onde os dois primeiros são associados a um
manômetro de tubo em U e, o último a um manômetro inclinado; ainda, conta-se também com
o auxílio de um anemômetro. Dessa maneira, com a variação da vazão até o limite máximo
suportado por cada medidor, realiza-se a aferição da perda de carga referente a cada
equipamento.
Assim, o experimento permite a elaboração dos gráficos referentes à vazão observada
no anemômetro pela perda de carga no manômetro em U acoplado ao tubo de Pitot. Ainda,
obtêm-se a equação de calibração do tubo de Venturi e da placa de orifício utilizados.
Vazão pode ser definida como sendo a quantidade volumétrica ou mássica de um
fluido que escoa através de uma seção de uma tubulação ou canal por unidade de tempo. As
aplicações são muitas, indo desde aplicações simples como a medição de vazão de água em
estações de tratamento e residências, até medição de gases industriais e combustíveis.

3.1. Definição de Fluido


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Um fluido é caracterizado como uma substância que se deforma continuamente


quando submetida a uma tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena possa ser
essa tensão. Ele é dividido em líquidos e gases.

3.2. Conceitos Básicos de Medição de Vazão

As grandezas associadas à medição do escoamento em fluidos são a taxa de massa por


unidade de tempo (ṁ) e de volume por unidade de tempo (Q).
A taxa ou vazão volumétrica é dado pela Equação 1:

𝑄 = 𝑣𝐴
Equação 1 – Vazão volumétrica.

A vazão volumétrica é expressa no SI em m3/s.


A taxa de massa ou vazão mássica, considerando o produto do vetor velocidade v pela
área orientada A é dada pela Equação 2:

𝑚 = 𝜌𝑣𝐴
Equação 2 – Vazão mássica.

A unidade no SI para a vazão mássica é kg/s.

3.3. Conceitos Físicos para Medição de Vazão

Para medição de vazão se faz necessário rever alguns conceitos relativos a fluidos,
pois os mesmos influenciam na vazão de modo geral. A seguir, os principais deles:

3.3.1. Calor Específico

Define-se calor específico como o quociente da quantidade infinitesimal de calor


fornecido a uma unidade de massa de uma substância pela variação infinitesimal de
temperatura resultante deste aquecimento.
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Na prática, temos: a quantidade de calor necessária para mudar a temperatura de 1


grama de uma substância em 1ºC.

3.3.2. Viscosidade

É definida como sendo a resistência ao escoamento de um fluido em um duto


qualquer. Esta resistência provocará uma perda de carga adicional que deverá ser considerada
na medição de vazão.

3.3.3. Número de Reynolds

Número adimensional utilizado para determinar se o escoamento se processa em


regime laminar ou turbulento. O número de Reynolds é dado pela Equação 3.

𝑣𝐷
ℜ=
𝜈
Equação 3 – Número de Reynolds.

Na prática, se Re > 2.320, o fluxo é turbulento, caso contrário é sempre laminar. Nas
medições de vazão na indústria, o regime de escoamento é na maioria dos casos turbulento
com Re > 5.000.

3.4. Distribuição de Velocidade em um Duto

Em regime de escoamento no interior de um duto, a velocidade não será a mesma em


todos os pontos. Será máxima no ponto central do duto e mínima na parede do duto.

3.5. Medidores de Vazão

3.5.1. Tubo de Pitot


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A Figura 1 mostra esquematicamente um tubo de Pitot simples. Ele consiste de um


tubo com uma abertura perpendicular à direção do escoamento e um segundo tubo cuja
abertura é paralela ao escoamento.

Figura 1 - Desenho esquemático de um tubo de Pitot.

A velocidade de escoamento é calculada a partir da diferença entre a pressão na


abertura paralela ao escoamento, chamada de pressão estática e a pressão no tubo de impacto
chamada de pressão estagnante. Na Figura 1 a diferença entre as duas pressões é indicada pela
diferença dos níveis do líquido no manômetro. A Equação 4 permite calcular a velocidade do
fluido no tubo, sendo que CP é o coeficiente do tubo de Pitot (0,98<CP<1,2), ΔhPitot (m) é a
variação de altura do fluído manométrico, g é a aceleração da gravidade, ρw e ρf (kg/m3) são
as massas específicas do fluido manométrico e do fluido que escoa, respectivamente.

vPitot = CP {ΔhPitot 2g [(ρw – ρf) / ρf]}1/2


Equação 4 – Velocidade do fluido no tubo de Pitot.

Existem muitas possibilidades de configuração do manômetro, mas todas elas podem


ser analisadas pela Equação 4.
Além do tubo de Pitot simples, existem muitas modificações: um modelo compacto
que usa tubos concêntricos, como mostra a Figura 2, e orifícios de pressão estática paralelos
ao escoamento, situados no tubo externo. Este instrumento pode ser montado de forma a
permitir leituras em vários pontos ao longo do cano.
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Figura 2 - Tubo de Pitot compacto.

O tubo de Pitot mede a velocidade local ou de ponto. Leituras em pontos sucessivos


através do cano permitem obter os perfis de velocidade. A partir do perfil pode-se obter a
velocidade média por cálculo numérico ou gráfico.

3.5.2. Medidor Venturi

A Figura 3 mostra um medidor Venturi, utilizado para medidas de velocidades médias


e, consequentemente, vazões. A forma das secções convergente e divergente minimiza as
perdas por formação de turbilhões, pois há uma diminuição gradual do diâmetro ao longo da
própria estrutura.

Figura 3 - Medidor Venturi. [FONTE: Ituflux Instrumentos de Medição]


A diferença entre o tubo de Pitot e o medidor de Venturi é que o primeiro mede a
velocidade local e o segundo a velocidade média na seção transversal do estrangulamento.
O medidor Venturi é adequado para aplicações de medição de vazão nas quais se exige
baixa perda de carga. É formado por três partes (cone de entrada, garganta e cone de saída).
Instalado em série com a tubulação e a passagem do fluido pela garganta, gera aumento de
velocidade e redução da pressão estática do fluido. As Equações 5 e 6 permitem o cálculo da
velocidade e da vazão, respectivamente, no medidor Venturi.
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v = CD [2 (p1 – p2) / ρ (1 – β4)] 1/2


Equação 5 – Velocidade no medidor Venturi.

Q = A2 v
Equação 6 – Vazão no medidor Venturi.

onde p1 e p2 são as pressões representadas na Figura 4, ρ é massa específica do fluido que


escoa, β é a razão entre o diâmetro da garganta e do duto, CD é o coeficiente de descarga, dado
pela Equação 7, e A2 é a área transversal da garganta.

CD = 0,9858 – 0,196 β4,5


Equação 7 – Coeficiente de descarga para o medidor Venturi.

Figura 4 - Desenho representativo de um medidor Venturi.

Para o caso de medições experimentais em que se faz uso de manômetro, utiliza-se a


Equação 8 para conversão da variação da altura para variação da pressão (Δp = p2 – p1).

Δp = ρ g Δh
Equação 8 – Variação da pressão em função da variação da altura.

Para um medidor de Venturi, a Equação de Bernoulli tem a forma representada pela


Equação 9 abaixo.
1 1
P1+2ρv12=P2+2ρv22
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Equação 9 – Equação de Bernoulli para medidor de Venturi.

A equação geral da vazão no tubo de Venturi é dada pela Equação 10 abaixo.


0,5
𝑄 = 𝐾 𝛥𝑃
Equação 10 – Vazão volumétrica no tubo de Venturi.

No medidor de Venturi, pode-se obter uma curva de calibração considerando a vazão e


a perda de carga obtidas, conforme ilustra a Figura 5.

Figura 5 - Curva de calibração do medidor Venturi.

3.5.3. Medidor de Orifício

Um dos processos mais simples para medições de velocidades médias e vazões


consiste na introdução de uma chapa com orifício em uma tubulação, e, através da queda de
pressão produzida no fluido ao passar pelo orifício, realizar a determinação da vazão.
O medidor de orifício ilustrado na Figura 6 opera segundo o mesmo princípio que o
medidor Venturi, mas com algumas diferenças importantes. O disco com orifício pode ser
facilmente mudado para acomodar vazões bastante diferentes, enquanto que o diâmetro do
estrangulamento de um Venturi é fixo de forma que o campo de variação fica circunscrito aos
limites práticos de Δp (variação de pressão). O medidor de orifício tem uma queda de pressão
permanente em virtude da presença de turbilhões a jusante do disco; a forma do medidor
Venturi impede a formação desses turbilhões, reduzindo bastante a perda permanente.
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Figura 6 - Medidor de orifício.

Existem várias posições usuais para a tomada de pressão que conduzem ao


manômetro:

 No disco. São feitos no disco de orifício furos radiais que emergem em lados opostos
do disco, próximo à parede do cano.
 Nos cantos. Os furos são feitos através da flange e emergem da parede do cano junto
ao disco de orifício. Estes orifícios são normais aos do caso anterior.
 De flange. Os centros dos furos situam-se 1 polegada antes e 1 polegada depois das
faces do disco.
 Entre outras.

A velocidade de um fluido escoando por um medidor de orifício é descrita pela


Equação 5 e a vazão é descrita pela Equação 6. O coeficiente de descarga para esse caso é
descrito pela Equação 11. A conversão de Δh para Δp se dá pela Equação 8.

CD = 0,9975 – (6,53 β0,5) / (Re0,5)


Equação 11 – Coeficiente de descarga para o medidor de orifício.

onde Re é o número de Reynolds dado pela Equação 3.


A vazão volumétrica no medidor de orifício, da mesma forma que no medidor Venturi,
é dada pela Equação 10.
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Considerando uma calibração estática, pode-se obter experimentalmente a curva de calibração


para o medidor de orifício, através da vazão estabelecida e a perda de carga, resultando em
uma curva semelhante à proposta pela Figura 7.

Figura 7 - Curva de calibração da placa de orifício.

3.5.4. Rotâmetro

O rotâmetro é ilustrado pela Figura 8. Nele, a queda de pressão permanece


aproximadamente constante e a área da constrição varia. O fluido escoa verticalmente, de
baixo para cima, pelo tubo do rotâmetro e o flutuador atinge o equilíbrio em um ponto no qual
a área do escoamento anular é tal que o aumento de velocidade produz a diferença de pressão
necessária. Um aumento da vazão provocará uma subida do flutuador até um ponto onde a
área anular seja maior.

Figura 8 - Desenho esquemático de um rotâmetro.


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3.5.5. Outros Medidores

Um exemplo de um bocal é mostrado na Figura 9. Ele tem uma queda de pressão


global maior do que em um Venturi, porém menor do que um orifício; alguns modelos podem
ser instalados em um cano, da mesma forma que um disco de orifício.
Além dos medidores por pressão diferencial existem vários outros tipos: vertedouros
para escoamento em canais abertos e vários tipos de medidores mecânicos; estes últimos
operam ou segundo o princípio do deslocamento positivo como um medidor de pistão ou
como um medidor de corrente como um anemômetro.

Figura 9 - Medidor de bocal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bennett, C. O.; Myers, J. E. Fenômenos de Transporte: Quantidade de Movimento, Calor e


Massa, Editora McGraw-Hill Ltda, São Paulo, 1978.

Dotto, G. L. Roteiro Aula Prática III – Medidores de Vazão para Escoamento Gasoso. Santa
Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Departamento de
Engenharia Química, 2016.

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