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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eST – 801 / STR - 801


Fundamentos do Controle de Ruído industrial

ALUNO

SÃO PAULO, 2012


EPUSP/PECE
DIRETOR DA EPUSP
JOSÉ ROBERTO CARDOSO

COORDENADOR GERAL DO PECE


ANTONIO MARCOS DE AGUIRRA MASSOLA

CCD – COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA


SÉRGIO MÉDICI DE ESTON

VICE - COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA


WILSON SHIGUEMASA IRAMINA

PP – PROFESSORES PRESENCIAIS
MARIA LUIZA R. BELDERRAIN
SYLVIO R. BISTAFA

CPD – CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA


CAMILA ANTUNES NUCCI
DIEGO DIEGUES FRANCISCA
LILIAN MARCONDES LUSVARDI TAVARES
MATEUS DELAI RODRIGUES LIMA
SEIJI RENAN MICHISHITA

FILMAGEM E EDIÇÃO
PATRICIA NUNES PAEZ DE PROENÇA

IMAD – INSTRUTORES MULTIMÍDIA À DISTÂNCIA


DIEGO DIEGUES FRANCISCA
FELIPE BAFFI DE CARVALHO
THAMMIRIS MOHAMAD EL HAJJ

CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E EAD


CARLOS CÉSAR TANAKA
JORGE MÉDICI DE ESTON
SHINTARO FURUMOTO

GESTÃO TÉCNICA
MARIA RENATA MACHADO STELLIN

GESTÃO ADMINISTRATIVA
NEUSA GRASSI DE FRANCESCO
VICENTE TUCCI FILHO

“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sem a
prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”.
SUMÁRIO
i

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
1.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 2
1.2. O PROCESSO DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO SONORA ............... 2
1.2.1. SISTEMAS ATUANTES NO PROCESSO DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E
RECEPÇÃO SONORA ........................................................................................................... 3
1.3. CONTROLE DE RUÍDO ................................................................................................. 4
1.3.1. TÉCNICAS DE CONTROLE DE RUÍDOS................................................................... 4
1.4. TESTES .......................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO SOM .................................................... 6
2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7
2.2. RUÍDO E BARULHO ...................................................................................................... 7
2.3. A NATUREZA DO SOM ................................................................................................. 8
2.4. ALGUMAS GRANDEZAS BÁSICAS DO SOM ............................................................. 9
2.5. FAIXA DE VARIAÇÃO DA PRESSÃO SONORA ........................................................ 10
2.6. DECIBEL (DB) .............................................................................................................. 11
2.7. FAIXA DE VARIAÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA ..................................... 13
2.8. POTÊNCIA SONORA .................................................................................................. 13
2.9. INTENSIDADE SONORA............................................................................................. 15
2.10. SERVENTIA DOS NÍVEIS DE PRESSÃO, INTENSIDADE E DE POTÊNCIA
SONORA ............................................................................................................................. 16
2.11. TIPOS DE FONTES SONORAS................................................................................ 17
2.12. ADIÇÃO DE DECIBEL ............................................................................................... 18
2.13. SUBTRAÇÃO DE DECIBEL ...................................................................................... 22
2.14. TESTES ...................................................................................................................... 23
CAPÍTULO 3. O ESPECTRO SONORO ............................................................................. 26
3.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 27
3.2. TESTES ........................................................................................................................ 28
CAPÍTULO 4. INSTRUMENTOS E FUNDAMENTOS DE MEDIDAS DO RUÍDO............. 32
4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 33
4.2. DETECTOR .................................................................................................................. 34
4.3. FILTRO ......................................................................................................................... 35
4.4. FILTRO PONDERADOR .............................................................................................. 38
4.5. PONDERADOR TEMPORAL....................................................................................... 44
4.6. ANALISADORES FFT .................................................................................................. 45
4.7. ANÁLISE COMPARATIVA DOS DIFERENTES TIPOS DE ANALISADORES .......... 49
4.7.1. COMPARAÇÃO ENTRE O MEDIDOR DE NÍVEL SONORO COM FILTROS E O
ANALISADOR FFT. .............................................................................................................. 51
4.8. TESTES ........................................................................................................................ 52
CAPÍTULO 5. MECANISMOS DA AUDIÇÃO ..................................................................... 54
5.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 55
5.2. OUVIDO EXTERNO ..................................................................................................... 55
5.3. OUVIDO MÉDIO........................................................................................................... 56
SUMÁRIO
ii

5.4. OUVIDO INTERNO ...................................................................................................... 57


5.5. PERDA DE AUDIÇÃO INDUZIDA POR RUÍDO – PAIR ............................................. 63
5.6. AUDIBILIDADE DOS SONS ........................................................................................ 64
5.7. TESTES ........................................................................................................................ 65
CAPÍTULO 6. CRITÉRIOS E NORMAS PARA AVALIAR O RUÍDO ................................ 68
6.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 69
6.2. RUÍDOS NÃO ESTACIONÁRIOS................................................................................ 69
6.3. NÍVEIS SONOROS ESTATÍSTICOS ........................................................................... 70
6.4. NÍVEL SONORO EQUIVALENTE ............................................................................... 73
6.5. RUÍDO EM COMUNIDADES ....................................................................................... 78
6.6. RUÍDO EM AMBIENTES INTERNOS.......................................................................... 79
6.7. INTERFERÊNCIA NA FALA ........................................................................................ 82
6.8. RUÍDO EM AMBIENTES DO TRABALHO .................................................................. 84
6.9. TESTES ........................................................................................................................ 85
CAPÍTULO 7. FONTES SONORAS .................................................................................... 92
7.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 93
7.2. DIRECIONALIDADE DA FONTE ................................................................................. 93
7.3. RUÍDO DE VENTILADORES ....................................................................................... 96
7.4. RUÍDO DE COMPRESSORES DE AR........................................................................ 99
7.5. RUÍDO DE TORRES DE RESFRIAMENTO.............................................................. 100
7.6. RUÍDO DE BOMBAS ................................................................................................. 102
7.7. RUÍDO DE MOTORES ELÉTRICOS ......................................................................... 103
7.7.1. MOTORES ELÉTRICOS PEQUENOS (ABAIXO DE 300 KW)............................... 103
7.7.2. MOTORES ELÉTRICOS GRANDES (ACIMA DE 300 KW) ................................... 104
7.8. RUÍDO DE GERADORES ELÉTRICOS .................................................................... 104
7.9. RUÍDO DE TRANSFORMADORES ELÉTRICOS..................................................... 105
7.10. RUÍDO DE ENGRENAGENS................................................................................... 106
7.11. TESTES .................................................................................................................... 107
CAPÍTULO 8. ACÚSTICA EM AR LIVRE E RUÍDO AMBIENTAL .................................. 108
8.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 109
8.2. ÂNGULO SÓLIDO PARA LIVRE PROPAGAÇÃO, Ω ............................................... 110
8.3. DIRECIONALIDADE DA FONTE ............................................................................... 113
8.4. MECANISMOS MAIS SIGNIFICATIVOS DE ATENUAÇÃO SONORA EM AR LIVRE
........................................................................................................................................... 113
8.5. ATENUAÇÃO DO AR ATMOSFÉRICO ..................................................................... 115
8.6. ATENUAÇÃO DO SOLO............................................................................................ 120
8.7. ATENUAÇÃO DE BARREIRAS ACÚSTICAS ........................................................... 121
8.8. ATENUAÇÃO DE EDIFICAÇÕES ............................................................................. 123
8.9. ATENUAÇÃO DE VEGETAÇÃO DENSA.................................................................. 124
8.10. REVERBERAÇÃO URBANA ................................................................................... 125
8.11. GRADIENTES VERTICAIS DE TEMPERATURA E DE VELOCIDADE DO VENTO
(REFRAÇÃO) .................................................................................................................... 126
8.12. INTERAÇÃO ENTRE OS MECANISMOS DE ATENUAÇÃO ................................. 128
8.13. TESTES .................................................................................................................... 135
SUMÁRIO
iii

CAPÍTULO 9. ACÚSTICA DE SALAS E RUÍDO EM RECINTOS ................................... 136


9.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 137
9.2. ABSORÇÃO SONORA .............................................................................................. 138
9.3. ABSORÇÃO SONORA EM RECINTOS .................................................................... 147
9.4. DISPOSITIVOS ESPECIALIZADOS DE ABSORÇÃO SONORA ............................. 149
9.5. RESSOADORES DE CAVIDADE OU DE HELMHOLTZ .......................................... 150
9.6. CRESCIMENTO E DECAIMENTO SONORO EM RECINTOS ................................ 152
9.7. NÍVEIS SONOROS EM RECINTOS .......................................................................... 159
9.8. RECINTOS ESPECIAIS - CÂMARA ANECÓICA E CÂMARA REVERBERANTE .. 162
9.8.1. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA DE SABINE EM
CÂMARA REVERBERANTE.............................................................................................. 163
9.8.2. DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA SONORA EM CÂMARA REVERBERANTE —
MÉTODO COMPARATIVO ................................................................................................ 164
9.9. A SALA PRÁTICA ...................................................................................................... 166
9.10. ISOLAÇÃO DE PAREDES PARA SONS AÉREOS ................................................ 167
9.10.1. REGIÃO CONTROLADA PELA MASSA ............................................................... 168
9.10.2. REGIÃO CONTROLADA PELA RESSONÂNCIA ................................................. 169
9.10.3. REGIÃO CONTROLADA PELA RIGIDEZ ............................................................. 169
9.10.4. REGIÃO CONTROLADA PELA COINCIDÊNCIA ................................................. 169
9.10.5. DETERMINAÇÃO DA PERDA POR TRANSMISSÃO PARA SONS AÉREOS EM
CÂMARA REVERBERANTE.............................................................................................. 171
9.13.6. ISOLAÇÃO SONORA PARA PRIVACIDADE ....................................................... 175
9.11. DISTINÇÃO ENTRE ABSORÇÃO E ISOLAÇÃO SONORA ................................... 177
9.12. TESTES .................................................................................................................... 178
CAPÍTULO 10. BARREIRAS E ENCLAUSURAMENTO ACÚSTICO ............................. 179
10.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 180
10.2. BARREIRAS ............................................................................................................. 180
10.2.1 CASO PRÁTICO – USO DE BARREIRA AO REDOR DE UMA INSTALAÇÃO DE
BOMBAS VISANDO A REDUÇÃO DE RUÍDO OCUPACIONAL E AMBIENTAL ............ 182
10.2.2 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 183
10.3. ENCLAUSURAMENTOS ......................................................................................... 183
10.3.1. NÍVEIS ACÚSTICOS.............................................................................................. 184
10.3.2. ENCLAUSURAMENTOS EM AMBIENTES RUIDOSOS ...................................... 184
10.3.3. CONDIÇÕES DE PROJETO ................................................................................. 186
10.3.4. ENCLAUSURAMENTOS PARCIAIS ..................................................................... 188
10.3.5. CASO PRÁTICO: INSTALAÇÃO DE ENCLAUSURAMENTO ACÚSTICO NUM
EQUIPAMENTO ................................................................................................................. 189
10.3.5.1. Níveis sonoros após a implantação do tratamento acústico ............................. 191
10.4.TESTES ..................................................................................................................... 192
10.5. BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 196
CAPÍTULO 11. CONTROLE DE RUÍDO EM SISTEMAS VAC ........................................ 197
11.1 CONTROLE DE RUÍDO EM SISTEMAS DE VAC (VENTILAÇÃO E AR
CONDICIONADO) ............................................................................................................. 198
11.1.1. POTÊNCIA SONORA DO VENTILADOR ............................................................. 198
11.1.2. ATENUAÇÕES EM DUTOS, TRATADOS OU NÃO. ............................................ 202
SUMÁRIO
iv

11.1.3. ATENUAÇÃO EM CURVAS, TRATADAS OU NÃO. ............................................ 203


11.1.4. ATENUAÇÕES EM RAMIFICAÇÕES ................................................................... 204
11.1.5. RUÍDO GERADO EM DAMPERS, GRELHAS E DIFUSORES ............................ 204
11.1.6. EFEITOS DE REFLEXÃO FINAL .......................................................................... 205
11.1.7. EFEITOS DA SALA ................................................................................................ 205
11.2. CRITÉRIOS DE CONFORTO ACÚSTICO .............................................................. 206
11.2.1. CURVAS NC (NOISE CRITERIA) ......................................................................... 206
11.3. EXEMPLO PRÁTICO ............................................................................................... 208
11.4. RECOMENDAÇÕES FINAIS PARA UMA INSTALAÇÃO DE VAC ........................ 211
11.5. TESTES .................................................................................................................... 212

11.6. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 214


Capítulo 1. Introdução
1

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Conceituar ruído e os sistemas de geração, transmissão e recepção sonora, definir
controle de ruído, e apresentar formas de enfrentamento de problemas de ruído.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Julgar contextos ruidosos;
 Separar os processos de geração, transmissão e recepção sonora;
 Considerar vários aspectos do problema de controle de ruídos;
 Definir o que é controle de ruído.

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Capítulo 1. Introdução
2

1.1. INTRODUÇÃO
O som é a sensação produzida no ouvido e ruído é um som sem harmonia ― em
geral de conotação negativa. O ruído pode ser definido como um som indesejável.
Muitas vezes os ruídos geram problemas físicos e sociais com efeitos adversos tais
como: em níveis suficientemente elevados, podem causar a perda da audição (um efeito
físico), aumento da pressão arterial (um efeito fisiológico), incômodos (efeitos
psicológicos) ― perturbação do sono, stress, tensão, queda do desempenho; interfere
com a comunicação oral, que por sua vez causa perturbação; pode causar danos e falhas
estruturais (efeito mecânico); influencia na tomada de decisão do consumidor em dar
preferência a um produto mais silencioso do competidor, etc.
A eliminação por completo do ruído é em geral inconveniente, além de ser caro.
Assim, o objetivo é normalmente o controle do ruído e não a sua eliminação por
completo.
Quando nos deparamos com um problema de níveis de ruído inaceitáveis, devemos
estar aptos a escolher entre as diversas alternativas de redução destes níveis. Em certas
circunstâncias, poderá ser possível a aplicação de soluções padronizadas que podem ser
encontradas na literatura específica de determinada máquina, equipamento ou processo
industrial. No entanto, o problema geral de redução de ruído não é tão simples. Ao invés
de aplicar uma receita conhecida, devemos ser capazes de aplicar os princípios básicos
da ciência que trata do som; ou seja, a acústica.

1.2. O PROCESSO DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO SONORA


O processo de se estudar qualquer problema de ruído envolve o conhecimento de
três sistemas.

TRAJETÓRIA
FONTE
DE RECEPTOR
SONORA
TRANSMISSÃO

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Capítulo 1. Introdução
3

1.2.1. SISTEMAS ATUANTES NO PROCESSO DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E


RECEPÇÃO SONORA
A Figura 1.1 ilustra uma situação doméstica bastante comum envolvendo a
privacidade da fala.

Figura 1.1. Exemplo de situação de geração, transmissão e recepção sonora envolvendo


a privacidade da fala entre dois ambientes domésticos.

Nota 1.1: Identificar a fonte sonora, a trajetória de transmissão e o receptor na


ilustração acima.
Resolução:

Fonte Sonora: Conversação entre duas pessoas.

Trajetória de Transmissão: Ar na sala da fonte sonora, parede divisória


entre as duas salas, ar na sala de recepção.

Receptor: Vizinho.

lução:
ceptor:

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Capítulo 1. Introdução
4

1.3. CONTROLE DE RUÍDO


Pode-se definir controle de ruído como o processo de se obter um nível de ruído
ambiente aceitável para um receptor, consistente com os aspectos econômicos,
operacionais, legais, culturais, psicológicos e médicos.

1.3.1. TÉCNICAS DE CONTROLE DE RUÍDOS


A redução do ruído na fonte é a forma mais eficaz de enfrentamento do problema.
Embora essa seja a forma mais eficaz de combate ao problema, a grande variedade de
máquinas, equipamentos e processos industriais ruidosos, faz com que as técnicas de
controle na fonte variem enormemente — o controle do ruído de uma prensa difere
daquele que seria empregado em um ventilador. Quando não é viável controlar o ruído na
fonte, ou quando a redução do ruído na fonte não for suficiente, atua-se na trajetória de
transmissão através de enclausuramentos, barreiras, adição de matérias absorventes,
etc. Em certos casos recorre-se a equipamentos de proteção individual (EPI) que visam à
proteção direta do receptor. Eventualmente atua-se simultaneamente nos três sistemas
para se conseguir uma solução economicamente balanceada.

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Capítulo 1. Introdução
5

1.4. TESTES
1. O ruído é um fenômeno físico que sensibiliza principalmente:
a) O corpo todo.
b) A cabeça.
c) O ouvido.
d) Pessoas muito sensíveis.
e) Os ossos.

2. Um náufrago que escuta a aproximação de um helicóptero julga este ruído como


sendo:
a) Perturbador.
b) Agradável.
c) Fora de hora.
d) Muito alto.
e) Inconveniente.

3. Na situação envolvendo a privacidade da fala em um condomínio residencial, a


melhor forma de atuação é:
a) Na fonte.
b) Na trajetória de transmissão.
c) No receptor.
d) Na fonte e no receptor.
e) Na intensidade da fala.

4. No controle do ruído industrial, a boa técnica recomenda:


a) Usar o EPI sempre.
b) Substituir todas as máquinas ruidosas por mais silenciosas.
c) Enclausurar todas as máquinas barulhentas.
d) Atender a legislação através de uma solução economicamente balanceada.
e) Todas as alternativas estão corretas.

5. A completa eliminação do ruído:


a) É desnecessária.
b) É sempre o objetivo almejado.
c) Deve ser sempre considerada.
d) Não é possível.
e) É imprescindível.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
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CAPÍTULO 2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO SOM

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar as grandezas básicas utilizadas na descrição objetiva de sons e ruídos.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Utilizar o decibel como medida básica de sons e ruídos;
 Diferenciar e reconhecer a utilidade dos diversos níveis sonoros — de pressão,
de potência e de intensidade;
 Somar e subtrair decibel;
 Identificar fontes sonoras esféricas, cilíndricas e planas.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
7

2.1. INTRODUÇÃO
O som é uma experiência tão comum no nosso cotidiano que raramente nós nos
damos conta de todas as suas funções. O som fornece experiências agradáveis, tais
como escutar música, canto dos pássaros etc. Ele permite a comunicação oral, servindo
também para nos alertar – por exemplo quando o telefone toca ou quando escutamos o
som de uma sirene. O som também permite avaliação e diagnósticos qualitativos – o
bater das válvulas do motor de um veículo, um equipamento que esteja rangendo ou as
batidas do coração.

Figura 2.1. Sons Agradáveis e que Transmitem Informações

2.2. RUÍDO E BARULHO


Muito freqüentemente, na nossa sociedade moderna, o som nos perturba. Muitos
sons são desagradáveis e indesejáveis – estes são denominados de ruído ou barulho. No
entanto, o nível de perturbação depende não somente da qualidade do som, como
também da nossa atitude com relação a ele. Por exemplo, o tipo de música apreciado por
um grupo de pessoas pode ser encarado por outros como sendo barulho, especialmente
se for alto. Porém o som não precisa ser alto para perturbar. O ranger do piso, um
arranhão em uma gravação, ou o som intermitente de uma torneira pingando pode ser
tão perturbador quando som de um trovão. A avaliação subjetiva do volume do som irá
também depender do período do dia. Por exemplo um nível de ruído mais elevado será
mais facilmente tolerado durante o dia do que à noite.
O som poderá também causar danos e destruição. O estrondo sônico pode quebrar
vidraças e descolar o reboco das paredes. Porém, o caso mais crítico é quando o som
danifica o delicado mecanismo destinado a recebê-lo: o ouvido humano.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
8

Figura 2.2. Ruídos e Barulhos

2.3. A NATUREZA DO SOM


O som é definido como qualquer variação de pressão que o ouvido possa detectar,
variando os sons mais fracos até os níveis de som que possam danificar o sistema
auditivo.
O estudo do som é chamado de ACÚSTICA, abrangendo todos os campos de
geração, propagação e recepção sonora, quer sejam criados ou recebidos por seres
humanos, maquinas ou instrumentos de medição.
O ruído é uma parte inevitável da nossa vida diária. O desenvolvimento tecnológico
tem resultado no aumento dos níveis de ruído causados por máquinas, fábricas, tráfego,
etc. É, portanto importante que sejam tomadas medidas para redução do ruído, de tal
forma que ele não seja algo que tenhamos que aceitar. A fim de nos capacitarmos para
esta luta contra o ruído, devemos primeiro ser capazes de avaliá-lo adequadamente; ou
seja, realizarmos medidas confiáveis do som. Porém, antes que possamos fazer medidas
acústicas, é importante estarmos familiarizados com a terminologia e os princípios
básicos do som.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
9

2.4. ALGUMAS GRANDEZAS BÁSICAS DO SOM

Figura 2.3. Comportamento Espacial e Temporal da Pressão Sonora

1 c
Relação entre comprimento de onda, período e freqüência: f   (Hertz),
T 
onde c é a velocidade de propagação da onda no meio, conhecida como velocidade do
som.

Tabela 2.1. Velocidade do som em alguns meios materiais

Meio Material Velocidade do Som, c [m/s]

Ar 340

Água 1510

Madeira 4100

Aço 5050

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
10

Quadro 2.1: Qual é o comprimento de onda (  ) no ar de um tom puro (som em


uma única freqüência) em 1.000 Hz? E na água?

Resolução:

Da tabela 2.1:

2.5. FAIXA DE VARIAÇÃO DA PRESSÃO SONORA

Figura 2.4. Faixa de Pressão Sonora entre o Limiar da Audibilidade e o Limiar da Dor

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
11

Comparada com a pressão atmosférica ambiente, a faixa de variação das pressões


sonoras audíveis é muito pequena, entre aproximadamente 20 Pa (20 x 10-6 Pa) a
100 Pa. A pressão sonora de 20 Pa é a mais baixa que pode ser escutada por um
adulto jovem. Esta pressão é chamada de limiar da audibilidade. A pressão sonora de
aproximadamente 100 Pa é tão elevada que causa dor no ouvido, sendo portanto
chamada de limiar da dor. A razão entre estes dois valores extremos é da ordem de
1 milhão para 1.
A aplicação direta da escala linear em Pascal para medida da pressão sonora irá
acarretar a utilização de números compreendidos dentro de uma ampla faixa de variação.
Adicionalmente, o ouvido humano não responde linearmente e sim logaritmicamente aos
estímulos sonoros. Por estas razões tem-se revelado mais prático expressar a pressão
sonora como uma razão logarítmica entre o valor medido e um valor de referência. Esta
razão logarítmica é chamada de decibel, ou abreviadamente dB.

2.6. DECIBEL (DB)


O nível de pressão sonora, Lp, em dB é definido como

p
L p  20  log( ) , dB (p0=20  Pa)
p0

Onde:
log é o logaritmo na base 10,
p é o valor da pressão sonora medida em Pascal, e
p 0 é um valor de referência padronizado de 20 Pa – o limiar da audibilidade.

Observar que a palavra nível é agora combinada com a palavra pressão, para
indicar que nesta nova escala, a pressão medida está a certo nível acima do nível de
referência. O nível de pressão sonora é também chamado simplesmente de nível sonoro.
No passado, colocava-se entre parênteses a pressão sonora de referência adotada.
Tendo em vista que o valor de referência de 20 µPa é aceito mundialmente, hoje em dia
não se costuma mais indicá-lo.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
12

Nota 2.1: Qual é o nível da pressão sonora de 1 Pa e de 31,7 Pa?

Resolução:
P
Sendo Lp dado por : Lp  20 log  onde P0  20 Pa
 0
p
Temos:

a) para 1 Pa

 1 
Lp  20 log 6 
 20 log50.000
 20x10 

L p = 94 dB

b) para 31,7 Pa

 20 log1,58  106 
 31,7 
Lp  20 log 6 
 20x10 

L p = 124 dBSendo Lp dado por:

Temos:

124 dB

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
13

2.7. FAIXA DE VARIAÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA

Figura 2.5. Pressões Sonoras em Pa e Níveis de Pressão Sonora em dB Associados

A vantagem em se utilizar o decibel poderá ser vista claramente ao comparar-se a


escala em dB com a escala linear de pressão. A escala linear com a sua ampla faixa de
variação numérica é convertida em uma escala mais fácil de ser utilizada que vai de 0 dB,
no limiar da audibilidade, a 130 dB no limiar da dor.
Ao lidar com medidas sonoras é útil saber algumas “regrinhas” simples para
conversão de valores lineares em dB e vice-versa. A Tabela 2.2 mostra a relação entre
valores, pressões sonoras e os correspondentes valores em dB. Assim, quando a
pressão sonora é duplicada, haverá um acréscimo de 6 dB no nível de pressão sonora;
enquanto que um aumento de 10 vezes na pressão sonora equivale a um acréscimo de
20 dB no nível.

Tabela 2.2. Relações entre pressões sonoras e valores em dB

Diferença de Níveis em dB Razão entre Pressões Sonoras


p1 / p 2

6 2

10 3

12 4

20 10

40 100

2.8. POTÊNCIA SONORA


Para conceituarmos potência sonora, façamos analogia com uma grandeza física
mais conhecida — o calor.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
14

Um aquecedor elétrico produz certa quantidade de energia por unidade de tempo


[Joule/s]; isto é, ele possui certa potência em Watts [1W = 1 Joule/s]. Esta é uma medida
básica de quantidade de calor produzida, que independe do meio ambiente. A energia
térmica produzida pelo aquecedor aumenta a temperatura da sala, a qual poderá ser
medida com um termômetro em ºC. No entanto, a temperatura em um determinado ponto
não irá depender somente da potência do aquecedor. A distância até o aquecedor, a
quantidade de calor absorvida pelas paredes, e a quantidade de calor transferida através
das paredes e janelas para o ambiente externo são todos os fatores determinantes da
temperatura na sala.
Similarmente, uma fonte sonora produz certa quantidade de energia sonora por
unidade de tempo [Joule/s]; isto é, ela possui certa potência sonora em Watts [1W = 1
Joule/s]. Esta é uma medida básica da quantidade de energia sonora que a fonte pode
produzir, sendo independente do meio ambiente. A energia sonora irá gerar certa
pressão sonora na sala (da mesma forma que a energia térmica produziu certa
temperatura na sala). Similarmente, a pressão sonora não irá depender somente da
potência da fonte, como também da distância entre a fonte e o ponto de medição e da
quantidade de energia sonora absorvida pelas paredes e aquela que é transmitida
através das paredes, janelas, etc.
Desta forma, o que caracteriza acusticamente uma fonte sonora é a sua potência
sonora e não a pressão sonora produzida pela fonte que é medida em determinado
ponto.

Figura 2.6. Analogia Termo-Acústica: Temperatura x Pressão Sonora, Potência Térmica


x Potência Sonora

Pode-se também definir o nível de potência sonora em dB. O nível de potência


sonora, L w , é definido como

W
L w  10  log( ) , dB (W 0=10-12 Watts)
W0

Onde:
W é a potência sonora gerada pela fonte,

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
15

W0 é a potência sonora de referência padronizada de 10 -12 Watts.

Tabela 2.3. Potência sonora e os níveis de potência sonora de alguns tipos de fontes
sonoras

Nível de Potência Sonora


Fonte Sonora Potência Sonora [Watts]
[dB]

cochicho 10-10 20

grito forte 10-5 70

avião na partida 105 170

foguete grande 107 190

2.9. INTENSIDADE SONORA


Quando o som é gerado por uma fonte sonora com potência sonora W, ocorre uma
transferência de energia da fonte para as partículas do ar adjacente. Esta energia por sua
vez transfere-se para as partículas circunvizinhas. Desta forma, a energia sonora afasta-
se de fonte como as ondas em um lago. A potência sonora (energia por unidade de
tempo) que flui através de uma determinada área é chamada de intensidade sonora, I.
A Figura 2.7 ilustra o conceito de intensidade sonora, e também mostra a relação
entre intensidade sonora I, potência sonora W e pressão sonora p, para uma fonte de
potência sonora W, que irradia ondas esféricas.

Figura 2.7. Fonte Sonora Irradiando Ondas Esféricas.

Os três parâmetros básicos (I, W; p) estão relacionados através da fórmula:

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
16

W p2
I 
4r 2 c

Onde:
r é a distância da fonte,
 é a densidade do ar (1,22 kg / m3 ), e
c é a velocidade do som.

Observar que a quantidade 4r 2 é a área da superfície esférica com centro na


fonte. A quantidade  c aparece comumente em acústica, sendo chamada de impedância
característica e que para o ar vale 416 kg/m2s.
A potência sonora é constante (pois é uma característica da fonte como vimos), e
proporcional à intensidade sonora e também proporcional ao quadrado da pressão
sonora. Tanto a intensidade sonora como o quadrado da pressão sonora diminuem com
o quadrado da distância da fonte. Este resultado é conhecido como “lei do inverso ao
quadrado”. Esta lei pode ser facilmente entendida se observarmos que ao dobrar-se a
distância da fonte, a mesma quantidade de potência passará por uma área que é agora
quatro vezes maior e portanto I2 será igual à I1 / 4 . Quando a intensidade sonora é
reduzida de ¼, a pressão sonora será reduzida pela metade e assim, p 2  p1 / 2 .
Observar na Figura 2.7 que intensidade sonora é uma grandeza vetorial – ela
possui magnitude assim como direção e sentido. Indica, portanto o fluxo de potência
sonora em determinada direção e sentido. A unidade de intensidade sonora é Watts/m 2.
Pode-se também definir o nível de intensidade sonora em dB, L I , da seguinte
forma:

I
LI  10  log( ) , dB (I0=10-12 Watts / m2 .)
I0
Onde:
I é a intensidade sonora, e
I0 é a intensidade sonora de referência padronizada de 10 -12 Watts / m2 .

2.10. SERVENTIA DOS NÍVEIS DE PRESSÃO, INTENSIDADE E DE POTÊNCIA


SONORA
Tanto o nível de intensidade quanto o nível de pressão sonora podem ser medidos
diretamente com o uso de instrumentação adequada. O nível de potência sonora pode
ser calculado através de medidas de níveis de pressão sonora ou de intensidade sonora.
O principal uso do nível de potência sonora é na quantificação da capacidade de uma
fonte em gerar som. O vetor associado ao nível de intensidade sonora é principalmente
utilizado na localização e classificação de fontes de ruído. Quando o objetivo é avaliar o
perigo e a perturbação causada pelo ruído nas pessoas, o nível de pressão sonora é o
parâmetro mais adequado.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
17

Quadro 2.2: Para a pressão sonora de referência, 20 Pa, obter a potência sonora
de referência W 0 e a intensidade sonora de referência I0, na superfície esférica com área
de 1m2.

Resolução:

Utilizando a fórmula , Temos:

a) potencia sonora:

b) intensidade Sonora:

2.11. TIPOS DE FONTES SONORAS


A fonte sonora apresentada anteriormente é chamada de fonte pontual. Para tal
fonte foi dito que a pressão sonora cai pela metade do seu valor ao dobrar-se a distância
da fonte. Isto corresponde a uma queda de 6 dB no nível de pressão sonora.
Um outro tipo de fonte sonora é a linear, que pode ser uma tubulação onde o
escoamento turbulento gera ruído, ou uma via de tráfego intenso. O nível de pressão
sonora de uma fonte linear cai de 3 dB ao dobrar-se a distância da fonte, pois o som
espalha-se a partir da fonte com uma frente de onda cilíndrica.
O tipo de fonte mais raramente encontrado é a fonte plana. Um alto-falante dentro
de um tubo irradia sons na forma de ondas planas, quando o comprimento de onda do
som é maior que o diâmetro do tubo. Assumindo que não haja perda de energia através
da parede, a intensidade sonora é a mesma em qualquer seção do tubo. Neste caso a
pressão sonora não irá cair com aumento da distância do alto-falante.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
18

Figura 2.8. Fontes Sonoras: Pontual, Linear e Plana

2.12. ADIÇÃO DE DECIBEL


Quando duas fontes irradiam energia sonora, ambas contribuem com o nível de
pressão sonora em distâncias afastadas da fonte. Se elas irradiam a mesma quantidade
de energia e se for considerado um ponto eqüidistante de ambas, então a intensidade
sonora neste ponto será o dobro daquela que seria obtida se houvesse somente uma
fonte irradiando. Já que a intensidade é proporcional ao quadrado da pressão, uma
duplicação da intensidade resulta num aumento da pressão sonora de 2 ( 3dB).
Observe que o resultado da adição da contribuição de duas (ou mais) fontes sonoras não
é igual à soma algébrica dos seus valores em dB individuais. A razão é que os sons se
somam em bases energéticas. No exemplo, se X for o nível de pressão sonora que cada
uma das fontes gera no ponto de interesse, então o nível de pressão sonora total será
X + 3 dB.
De fato, a intensidade sonora gerada por cada uma das fontes em determinado
ponto do espaço é dada por:

p12 p 22
I1  , I2 
c c

Logo a intensidade sonora total neste ponto é:


p12 p 22 p12  p 22 p 2total
Itotal  I1  I2     ,
c c c c

Onde: p 2total  p12  p 22 .

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
19

O nível de pressão sonora total neste ponto é:


p
L ptotal  20  log( total ) .
p0

Esta expressão poderá ser reescrita na forma:


p 2total
L ptotal  10  log( ).
p 02

Logo:
p12  p 22
L ptotal  10  log( ).
p 02

Sabemos que:
p12 p 22
L p1  10  log( 2
) , e que L p2  10  log( ).
p0 p 02

Logo:
p12 Lp1 / 10 p 22 Lp / 10
 10 , e  10 2 .
p 02 p 02

Então:
Lp1 / 10 Lp2 / 10
Lptotal  10  log(10  10 )

Por extensão, para adicionar-se n níveis de pressões sonoras,

Lp1 / 10 Lp2 / 10 Lpn / 10


Lptotal  10  log(10  10  ..........  10 ).

No caso das duas fontes da ilustração abaixo, L p1  L p2  X dB,

Lptotal  10  log(10 X / 10  10 X / 10 ) ,

L ptotal  10  log(2  10 X / 10 ) .

Esta última expressão poderá ser reescrita na forma:

Lptotal  10  log(10 X / 10 )  10  log(2) ,

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
20

L ptotal  X  3 dB.

Figura 2.9. Adição de Decibel de Duas Fontes que Geram o Mesmo nível de Pressão
Sonora

Um método muito mais simples (pois evita as operações matemáticas acima


desenvolvidas) faz uso de uma curva de adição de dB.

Figura 2.10. Adição de Decibel

Para usar a curva, proceder da seguinte forma:


 Calcular a diferença L entre dois níveis de pressão sonora,
 Usar a curva para encontrar o valor a ser adicionado, L ,
 Adicionar o valor obtido na curva, L ,ao maior nível, obtendo o nível de pressão
sonora total.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
21

No exemplo onde L p1 = L p2 = X dB, L = 0 dB. A curva dB + dB fornece

L  3 dB. Logo L ptotal = X + 3 dB.

Quadro 2.3: Determinar o nível de pressão sonora total, gerado por duas fontes
sonoras em determinado ponto, sabendo-se que cada uma delas gera individualmente
neste ponto os níveis de pressão sonora de 64 dB e de 58 dB. Usar o método analítico e
confirmar o resultado assim obtido com o uso da curva de adição de dB.

Resolução:
a) Analiticamente:

b) Graficamente (dB + dB): L = 6 dB,

Quando a diferença L for maior do que 10 dB, a contribuição da fonte mais


silenciosa é desprezível.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
22

A curva também pode ser utilizada quando a contribuição de diversas fontes deve
ser calculada. As diferentes contribuições são então adicionadas conforme mostra o
exemplo abaixo.

Nota 2.2: Qual o nível sonoro de oito carros no grid de largada de uma corrida de
F1 sendo os seguintes os seus níveis individuais no ponto de interesse: 3 carros de
marca A com 75 dB; 2 carros da marca B com 79 dB e 3 carros da marca C com 85 dB.

2.13. SUBTRAÇÃO DE DECIBEL


Em alguns casos é necessário subtrair-se níveis sonoros. Neste caso, por analogia
com a expressão desenvolvida anteriormente para adição de decibel, temos que:

Lp / 10 Lp2 / 10
L p1  10  log(10 total  10 )

Este poderá ser, por exemplo, o caso onde as medidas do nível sonoro de uma
máquina são feitas na presença de ruído de fundo. Aqui é importante saber se o nível
sonoro medido é devido ao ruído de fundo, ao som da máquina, ou ao efeito combinado.
O procedimento para realização deste teste é o seguinte:
 Medir o efeito combinado do som da máquina mais o ruído de fundo L s  n
 Desligar a máquina e medir o nível de ruído de fundo, L n . Na maioria dos casos
é possível desligar-se a máquina que está sendo testada, já que o ruído de fundo
normalmente não pode ser desligado.
 Usar a expressão acima apresentada na forma:
L s  10  log(10Ls  n / 10  10Ln / 10 )

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
23

Figura 2.11. Extração do nível sonoro de uma máquina na presença de ruído de fundo

Alternativamente, o método analítico poderá ser substituído pela curva dB – dB.


Neste caso, basta calcular a diferença, L  L s  n  L n e usar a curva dB - dB para
encontrar o nível sonoro da máquina.

Figura 2.12. Subtração de Decibel

O nível sonoro da máquina poderá ser encontrado subtraindo-se L de L s  n . Se


L for menor que 1 dB, o nível sonoro da máquina estará pelo menos 7 dB abaixo do
nível total L s  n . Se L for maior que 10 dB, o nível sonoro da máquina é praticamente
igual ao nível total medido L s  n .

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
24

Quadro 2.4: Determinar o nível sonoro de uma máquina, sabendo-se que o nível
total (máquina mais ruído de fundo) é de 64 dB, e que ao desligar-se a máquina, o nível
sonoro cai para 58 dB. Usar o método analítico e confirmar o resultado assim obtido com
o uso da curva de subtração de dB.

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Capítulo 2. Conceitos Fundamentais do Som
25

2.14. TESTES
1. O ruído:
a) É sempre um som indesejável.
b) Pode transmitir informações úteis.
c) Deve ser totalmente eliminado.
d) É igualmente tolerado de dia e de noite.
e) Não pode ser mensurado.

2. Quanto maior o comprimento de onda:


a) Maior é a freqüência do som.
b) Menor é a pressão sonora.
c) Menor é a freqüência do som.
d) Maior é a pressão sonora.
e) Maior é o volume do som

3. O que caracteriza acusticamente uma fonte sonora é:


a) A pressão sonora.
b) A intensidade sonora.
c) A freqüência sonora.
d) A potência sonora.
e) o comprimento de onda.

4. 85 dB mais 85 dB, é igual a:


a) 88 dB.
b) 170 dB.
c) Depende se é nível de pressão ou de potência sonora.
d) É sempre igual a 88 dB para sons de mesma freqüência.
e) 85 dB.

5. A “lei do inverso ao quadrado” diz que:


a) A pressão sonora cai com o quadrado da distância.
b) A pressão sonora é inversamente proporcional à distância.
c) A potência sonora aumenta com o quadrado da distância.
d) A intensidade sonora ao quadrado é inversamente proporcional à distância.
e) O comprimento de onda é inversamente proporcional ao quadrado da distância.

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
26

CAPÍTULO 3. O ESPECTRO SONORO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar e discutir as características do espectro sonoro de diversos tipos de
sons.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Identificar as características espectrais de diversos tipos de sons;
 Reconhecer espectros contínuos e espectros em bandas de freqüência;
 Identificar a presença de tons puros em espectros de ruído;
 Obter o nível sonoro total a partir do espectro em bandas de freqüência.

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
27

3.1. INTRODUÇÃO
Até agora a nossa preocupação esteve voltada para o conceito de níveis sonoros.
O nível sonoro está associado com a sensação subjetiva de intensidade do som,
popularmente conhecida como volume sonoro.
Existe, porém outro parâmetro que caracteriza os sons, que é tão importante
quanto o nível sonoro. Trata-se da sensação subjetiva de tom. O tom de um determinado
som está associado com uma grandeza já definida anteriormente — a freqüência. Os
tons podem ser graves ou agudos. Os tons graves são sons de baixa freqüência e os
agudos são sons de alta freqüência. Sons que contém uma única freqüência são
denominados de tons puros. Por exemplo, um tom puro em 1.000 Hz, é aquele som cuja
energia sonora está predominantemente contida na freqüência de 1.000 Hz. Porém os
sons comumente ouvidos no cotidiano são quase nunca tons puros. Na realidade, quase
sempre escutamos sons que são uma combinação de diversos tons. Por exemplo,
quando executamos uma nota musical em um instrumento, geramos um som composto
de vários tons. Quando os níveis sonoros dos diversos tons em suas respectivas
freqüências são lançados em um gráfico, obtém-se o chamado espectro sonoro do som.
A Figura 3.1 ilustra o espectro sonoro de nota musical.

Figura 3.1. Espectro Sonoro de Nota Musical

Este espectro sonoro apresenta uma peculiaridade, em que a freqüência mais baixa
(500 Hz) é um divisor comum das freqüências mais elevadas (1.000, 2.000 e 4.000 Hz),
estas últimas denominadas sobre-tons. A freqüência mais baixa é denominada freqüência
fundamental ou simplesmente fundamental, e os sobre-tons são denominados
harmônicos do fundamental, ou simplesmente harmônicos. O espectro sonoro dos sons
da maioria dos instrumentos de uma orquestra é composto por tons puros relacionados
harmonicamente.
Outros sons poderão ser compostos de sobre-tons que não se relacionam através
de números inteiros com a fundamental. Estes são denominados de sobre-tons não-
harmônicos. Sons com estas características são geralmente produzidos por instrumentos
de percussão.

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
28

O que chamamos de ruído, são geralmente sons cuja energia sonora está
distribuída em uma faixa ou banda de freqüências. A Figura 3.2. abaixo ilustra o espectro
sonoro de ruído, onde a energia sonora nele contida está distribuída numa faixa de
freqüências compreendida entre 100 e 1.000 Hz.

Figura 3.2. Espectro Sonoro de Ruído

Neste espectro, observa-se que há um determinado nível sonoro associado a cada


valor de freqüência. Este espectro sonoro é típico do ruído de máquinas, do tráfego de
veículos, ou mesmo do ruído produzido pela queda d’água nas Cataratas do Iguaçu.
Instrumentos de medição acústica que têm a capacidade de fornecer a distribuição
de energia sonora em função da freqüência, ou seja, instrumentos que medem o espectro
sonoro, raramente o fazem para cada valor de freqüência. Estes instrumentos em geral
fornecem o nível sonoro associado a faixas ou bandas de freqüências. No espectro do
ruído da Figura 3.3, a largura de cada retângulo representa uma faixa de freqüências,
enquanto que a altura representa o nível sonoro dos sons contidos na respectiva faixa de
freqüências.

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
29

Figura 3.3. Espectro Sonoro em Faixas de Freqüência

Observa-se neste espectro, a existência de tons puros sobrepostos ao ruído de


banda larga. Espectros sonoros com estas características são geralmente produzidos por
equipamentos mecânicos que possuem elementos rotativos tais como: ventiladores,
redutores de velocidade, turbo-hélices, etc. Os tons puros não são revelados quando o
espectro sonoro é medido em bandas de freqüência.
Dado que o espectro fornece o nível sonoro em cada faixa de freqüências, existirá
um nível sonoro que representa a soma dos níveis de cada faixa. Este nível é o nível
sonoro total associado ao espectro. O nível sonoro total representa a energia sonora total
contida em um som. Para o controle do ruído é importante saber como que se dá a
distribuição de energia sonora em freqüências; ou seja, é importante conhecer-se o
espectro sonoro.
Para se determinar o nível sonoro total associado a um espectro sonoro basta
somar os níveis sonoros de cada faixa dois a dois, conforme o procedimento apresentado
anteriormente. A Figura 3.4 apresenta os níveis sonoros das faixas de freqüência de um
determinado espectro sonoro, que quando somados dois a dois fornecem o nível sonoro
total de 102,1 dB. Tendo em vista que o ouvido humano não distingue frações de dB, o
valor obtido seria arredondado para 102 dB.

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
30

Figura 3.4. Obtenção do Nível Sonoro Total de Um Espectro Sonoro

Caracterizar o ruído apenas pelo nível sonoro total poderá ser inadequado, pois é
possível ter-se espectros sonoros distintos que forneçam o mesmo nível de pressão
sonora total.

Quadro 3.1: Determinar o nível sonoro total do espectro acima apresentado


adotando outra seqüência de adição dos níveis sonoros das bandas de freqüência,
confirmando aproximadamente o nível sonoro total acima obtido.

Resolução:

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Capítulo 3. O Espectro Sonoro
31

3.2. TESTES
1. O espectro sonoro fornece:
a) um registro do nível sonoro em função do tempo.
b) a energia sonora de um sinal acústico em cada instante.
c) a energia contida em um sinal acústico em certas freqüências.
d) o nível sonoro associado às freqüências contidas em um som.
e) o somatório dos tons puros por banda de oitava.

2. Espectros de sons harmônicos são aqueles que:


a) contém sobre-tons puros.
b) contém sobre-tons cujas freqüências são múltiplas do fundamental.
c) a razão entre as freqüências fornece sempre o mesmo número inteiro.
d) o nível sonoro dos harmônicos é sempre o mesmo.
e) possuem a mesma energia sonora qualquer que seja a freqüência.

3. O espectro do ruído:
a) contém sempre tons puros.
b) contém sempre energia sonora na faixa de 100 a 1.000 Hz.
c) contém geralmente energia sonora em ampla faixa de freqüência.
d) contém sempre sobre-tons harmônicos.
e) contém sempre energia sonora na faixa de 500 a 4.000Hz.

4. O espectro em bandas de freqüência:


a) pode revelar tons puros.
b) fornece detalhes do conteúdo de freqüências de um som.
c) fornece o nível sonoro associado a faixas de freqüência.
d) fornece a amplitude e a freqüência do fundamental contidos em um som.
e) fornece a amplitude e a freqüência dos harmônicos contidos em um som.

5. O nível sonoro total de um som:


a) poderá ser obtido do espectro sonoro.
b) é o nível sonoro máximo indicado pelo espectro sonoro.
c) não poderá ser obtido se o som for de um tom puro.
d) só poderá ser obtido se o espectro sonoro for fornecido em bandas de
freqüência.
e) não pode ser obtido nunca.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
32

CAPÍTULO 4. INSTRUMENTOS E FUNDAMENTOS DE MEDIDAS DO RUÍDO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar os instrumentos para a medida do ruído e a relação “custo-benefício”
associada aos diversos tipos de medidores disponíveis.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Utilizar medidores de níveis sonoros simples e com filtros;
 Selecionar os filtros espectrais e de ponderação mais adequados para
determinada medição;
 Reconhecer a necessidade de utilizar equipamentos mais especializados tais
como analisadores FFT;
 Sintetizar espectros de bandas estreitas.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
33

4.1. INTRODUÇÃO
O medidor de nível de pressão sonora, também conhecido como medidor de nível
sonoro ou sonômetro, é popularmente denominado de decibelímetro. Trata-se do
instrumento básico para medida do ruído, e que responde ao som aproximadamente da
mesma forma que o ouvido humano.

Figura 4.1. Medidor de Nível Sonoro Típico

O diagrama de blocos da Figura 4.2 contém os principais componentes do medidor


de nível sonoro.

Figura 4.2. Principais Componentes do Medidor de Nível Sonoro Típico

1. Microfone: converte as variações da pressão sonora em um sinal elétrico


equivalente.
2. Pré-amplificador: amplifica o sinal elétrico de baixa magnitude originado no
microfone.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
34

3. Filtro Ponderador: reproduz aproximadamente a resposta do ouvido


humano ao som que está sendo medido.
4. Filtro: “filtra” a energia sonora contida em uma determinada faixa de
freqüências. (Não vem incorporado nos medidores mais simples.)
5. Detector: converte o sinal de corrente alternada em corrente contínua.
6. Ponderador Temporal: determina a rapidez com que o medidor responde a
variações do nível sonoro.
7. Indicador: digital ou ponteiro indicador.

Entre os principais componentes do medidor de nível sonoro, há necessidade de se


conhecer com mais detalhes a função do Detector, dos Filtros e do Ponderador
Temporal.

4.2. DETECTOR
A Figura 4.3 mostra um registro da pressão sonora de um tom puro em cada
instante, captada pelo microfone em um certo ponto do espaço. Por ser um tom puro, o
comportamento da pressão sonora é senoidal. Deseja-se extrair deste sinal, um valor
representativo de sua magnitude. O valor de pico corresponde à amplitude máxima do
sinal e é utilizado como uma medida de sons impulsivos. O valor de pico-a-pico não é
normalmente utilizado em medidas de ruído. O valor médio é utilizado em medições de
sinais elétricos em determinadas situações. O valor geralmente escolhido para
representar a magnitude de sinais acústicos é o valor eficaz, também conhecido como
valor RMS. A justificativa para esta escolha é que o valor eficaz é diretamente
proporcional à energia contida no sinal. O valor RMS de sinais senoidais é
aproximadamente igual a 70% do valor de pico.

Figura 4.3. Parâmetros que Caracterizam a Magnitude de um Sinal Senoidal

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
35

A Figura 4.4 apresenta o registro de pressão sonora de um ruído em função do


tempo, onde se indica o valor eficaz da pressão sonora p RMS . Neste caso, o valor eficaz
não é 70% do valor de pico, tendo em vista que este sinal não é senoidal.

Figura 4.4. Registro de Ruído com Indicação do Valor Eficaz da Pressão Sonora p RMS .
(Neste caso o valor RMS não é dado por 70% do valor de pico.)

A função do detector em um medidor de nível sonoro é extrair o valor eficaz da


pressão sonora de qualquer sinal (senoidal ou não), e convertê-lo em nível de pressão
sonora. Então quando falamos em nível de pressão sonora, estamos na realidade nos
referindo ao nível do valor RMS da pressão sonora; ou seja:

p 
L p  20  log rms  , (dB).
 p0 

4.3. FILTRO
O medidor de nível sonoro fornece o nível de pressão sonora total de determinado
som. Freqüentemente há interesse em se conhecer como que a energia sonora distribui-
se em freqüências; ou seja, deseja-se conhecer o espectro sonoro. A função do filtro é
“deixar passar” a energia sonora em certas freqüências — gerando sinais relativamente
grandes, e “rejeitar” a energia sonora em outras freqüências — gerando sinais
relativamente pequenos. Os filtros são comumente descritos como passa - alta, passa -
baixa e passa-banda. Um dos parâmetros que caracterizam os filtros é a freqüência de
corte. O filtro passa - alta, passa as componentes espectrais do som com freqüências
acima da freqüência de corte, (rejeitando as componentes espectrais abaixo da
freqüência de corte); enquanto que o filtro passa - baixa, passa as componentes
espectrais abaixo da freqüência de corte, e rejeita as componentes espectrais acima da
freqüência de corte. O filtro passa-banda, passa as componentes espectrais do som entre
duas freqüências de corte.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
36

Figura 4.5. Característica de Filtros Passa - Alta, Passa - Baixa e Passa-Banda, com
Indicação das Freqüências de Corte

Um outro parâmetro que caracteriza o filtro é o seu ganho. O ganho é o fator pelo
qual o filtro multiplica a amplitude do sinal de entrada. Um filtro com ganho de 0,5 reduz a
amplitude do sinal de saída à metade do valor da entrada.

Figura 4.6. Filtro com Ganho de 0,5

Já que o ganho é a razão entre a amplitude na saída e a amplitude na entrada, ele


poderá ser expresso em dB.

 A saída 
Ganho em dB  20  log  .
 A entrada 

O ganho do filtro da Figura 4.6 é, portanto – 6 dB. O gráfico de ganho em função da


freqüência é chamado de função de transferência do filtro.
Nos medidores de nível sonoro, os filtros utilizados são do tipo passa-banda. Os
filtros passa-banda mais comuns são os filtros de oitava e de 1/3-oitava. Tais filtros são
caracterizados pela freqüência central da banda e por duas freqüências de corte: a
freqüência-limite inferior e a freqüência-limite superior. Filtros de oitava e 1/3-oitava são
classificados como filtros de banda de porcentagem constante, pois a largura da banda é
uma percentagem constante da freqüência central. Nos filtros de oitava, a largura da
banda é 70% da freqüência central; enquanto que nos filtros de 1/3-oitava, a largura da
banda é 23% da freqüência central. A Tabela 4.1 a seguir apresenta as freqüências
características normalizadas dos filtros de oitava e de 1/3-oitava.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
37

Tabela 4.1. Freqüências Centrais e de Corte de Filtros de Oitava e 1/3-Oitava


Oitava 1/3 Oitava

Limite Limite
Limite Freqüência Limite Freqüência
Superior Superior
Inferior (Hz) Central (Hz) Inferior (Hz) Central (Hz)
(Hz) (Hz)

11 16 22 14,1 16 17,8
17,8 20 22,4
22,4 25 28,2
22 31,5 44 28,2 31,5 35,5
35,5 40 44,7
44,7 50 56,2
44 63 88 56,2 63 70,8
70,8 80 89,1
89,1 100 112
88 125 177 112 125 141
141 160 178
178 200 224
177 250 355 224 250 282
282 315 355
355 400 447
355 500 710 447 500 562
562 630 708
708 800 891
710 1.000 1.420 891 1.000 1.122
1.122 1.250 1.413
1.413 1.600 1.778
1.420 2.000 2.840 1.778 2.000 2.239
2.239 2.500 2.818
2.818 3.150 3.548
2.840 4.000 5.680 3.548 4.000 4.467
4.467 5.000 5.623
5.623 6.300 7.079
5.680 8.000 11.360 7.079 8.000 8.913
8.913 10.000 11.220
11.220 12.500 14.130
11.360 16.000 22.720 14.130 16.000 17.780
17.780 20.000 22.390

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
38

4.4. FILTRO PONDERADOR


Os filtros ponderadores têm características de filtros passa - alta, com as seguintes
denominações e características:
 Filtro A: aproxima a sensação auditiva aos sons normais do cotidiano
(desenfatiza baixas freqüências),
 Filtro B: aproxima a sensação auditiva a sons com níveis mais elevados,
 Filtro C: aproxima a sensação auditiva a sons com níveis sonoros elevados
(quase plana),
 Filtro D: desenvolvida para avaliação de ruídos de sobrevôos de aeronaves
(penaliza altas freqüências).

Figura 4.7. Funções de Transferência dos Filtros Ponderadores A, B, C e D

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
39

A Tabela 4.2 a seguir apresenta os ganhos em função da freqüência dos filtros


ponderadores A, B, C e D.

Tabela 4.2. Ganhos em função de freqüência dos filtros ponderadores A, B, C e D


Freqüência Ganho do Filtro Ganho do Filtro Ganho do Filtro Ganho do Filtro
Central da A (dB) B (dB) C (dB) D (dB)
Banda (Hz)
10 -70,4 -38,2 -14,3
12,5 -63,4 -33,2 -11,2
16 -56,7 -28,5 -8,5
20 -50,5 -24,2 -6,2
25 -44,7 -20,4 -4,4
31,5 -39,4 -17,1 -3,0
40 -34,6 -14,2 -2,0
50 -30,2 -11,6 -1,3 -12,8
63 -26,2 -9,3 -0,8 -10,9
80 -22,5 -7,4 -0,5 -9,0
100 -19,1 -5,6 -0,3 -7,2
125 -16,1 -4,2 -0,2 -5,5
160 -13,4 -3,0 -0,1 -4,0
200 -10,9 -2,0 0 -2,6
250 -8,6 -1,3 0 -1,6
315 -6,6 -0,8 0 -0,8
400 -4,8 -0,5 0 -0,4
500 -3,2 -0,3 0 -0,3
630 -1,9 -0,1 0 -0,5
800 -0,8 0 0 -0,6
1.000 0 0 0 0
1.250 0,6 0 0 2,0
1.600 1,0 0 -0,1 4,9
2.000 1,2 -0,1 -0,2 7,9
2.500 1,3 -0,2 -0,3 10,6
3.150 1,2 -0,4 -0,5 11,5
4.000 1,0 -0,7 -0,8 11,1
5.000 0,5 -1,2 -1,3 9,6
6.300 -0,1 -1,9 -2,0 7,6
8.000 -1,1 -2,9 -3,0 5,5
10.000 -2,5 -4,3 -4,4 3,4
12.500 -4,3 -6,1 -6,2 -1,4
16.000 -6,6 -8,4 -8,5
20.000 -9,3 -11,1 -11,2

O filtro ponderador mais comumente utilizado é o A, pois apresenta uma série de


vantagens, tais como:
 Fornece valores que são bem correlacionados com a perda de audição,
 É facilmente implementado nos medidores de nível sonoro,
 Fornece como resultado um número único,
 É indicado pela maioria das normas e legislações.
O filtro ponderador B aproxima a resposta do sistema auditivo para sons de média
intensidade subjetiva, porém é raramente utilizado nas medições.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
40

O filtro ponderador C, por apresentar uma função de transferência quase plana,


aproxima a resposta do sistema auditivo para sons de elevada intensidade subjetiva. Por
não introduzir quase nenhuma alteração no espectro do som original, o nível sonoro
obtido com este filtro ponderador é praticamente igual ao obtido numa medição sem
filtragem. Assim, os medidores de nível sonoro mais simples, fornecem somente duas
opções de filtragem ponderada, a A e a C. A ponderação A por ser a mais utilizada. A
ponderação C por ser útil na medição de níveis sonoros elevados, e por fornecer valores
muito próximos do som original não filtrado, particularmente quando este não contiver
muita energia nas baixas freqüências.
Um método para se determinar se um ruído tem maior conteúdo em baixas ou altas
freqüências, é o de comparar as medidas A e C ponderadas. Se estas medidas forem
aproximadamente iguais, o ruído predomina em freqüências acima de 600 Hz. Caso a
medida C – ponderada seja maior que a medida A – ponderada, o ruído predomina
abaixo de 600 Hz.
Em geral, o medidor de nível sonoro básico fornece diretamente:
 L p , nível sonoro total não ponderado, designado com dB (Lin.), ou
simplesmente dB. Este tipo de indicação poderá não estar disponível nos
medidores mais simples. Neste caso, a ponderação C, se disponível, poderá ser
utilizada como aproximação do nível sonoro não ponderado, quando o som não
contiver muita energia nas baixas freqüências,
 L A , nível sonoro total A – ponderado, designado dB (A),
 L C , nível sonoro total C – ponderado, designado dB(C).
Quase sempre filtros de oitava ou de 1/3-oitava não vem incorporados nos
medidores de nível sonoro mais simples. Para a obtenção do espectro sonoro, há
necessidade de recorrer-se então a medidores mais sofisticados. Em tais medidores, o
espectro sonoro é geralmente fornecido com os níveis sonoros não ponderados — em dB
(Lin.). O espectro sonoro ponderado poderá ser obtido, a partir do espectro não
ponderado, aplicando-se os ganhos da escala de ponderação de interesse.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
41

Quadro 4.1: Os níveis sonoros do ruído de uma fábrica foram medidos em bandas de
oitava, obtendo-se os valores indicados na linha 2 da tabela. Calcular os níveis sonoros A e C –
ponderados das bandas, e os níveis sonoros totais em dB (Lin.), dB (A) e dB(C). Plotar os
espectros sonoros em dB (Lin.), dB (A) e dB(C).

1 Freqüência Central da 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000


Banda de Oitava (Hz)

2 Nível Sonoro da 95 93 70 70 70 60 62 60
Banda, dB (Lin.)
Ponderação A
3 -26,2 -16,1 -8,6 -3,2 0 1,2 1,0 -1,1
(Tabela 4.2)

4 Nível da Banda A – 69 77 61 67 70 61 63 59
ponderado, dB (A)
Ponderação C
5 -0,8 -0,2 0 0 0 -0,2 -0,8 -3,0
(Tabela 4.2)

6 Nível de Banda C – 94 93 70 70 70 60 61 57
ponderado, dB (C)

Resolução:

Os ganhos das ponderações A e C estão indicados nas linhas 3 e 5, respectivamente.

Os níveis A e C – ponderados estão indicados nas linhas 4 e 6, respectivamente.

Os níveis sonoros totais em dB (lin.), dB (A) e dB (C) serão:

Lp = 10 log (1095/10 + 1093/10 + ... + 1060/10) = 97,2 dB (Lin.) ;

LPA = 10 log (1069/10 + 1077/10 + ... + 1059/10) = 78,9 dB (A) ;

LPC = 10 log (1094/10 + 1093/10 + ... + 1057/10) = 96,6 dB (C) ;

Os espectros sonoros estão na figura 4.8.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
42

Figura 4.8. Espectros sonoros (Quadro 4.1)

A Figura 4.9 mostra os espectros de dois ruídos distintos que apresentam o mesmo
nível sonoro total em dB (Lin.). Os espectros A – ponderados mostram que estes ruídos
são subjetivamente percebidos como diferentes, apesar de apresentarem o mesmo nível
sonoro total em dB (Lin.). Este fato é também revelado pelos diferentes níveis A –
ponderados associados a estes espectros. Assim, a medição do nível sonoro total em dB
(Lin.) poderá ser ambígua para revelar a resposta subjetiva ao ruído. Por isto, quando se
deseja avaliar a sensibilidade do ouvido humano a determinado ruído através de número
único, deve-se utilizar os filtros ponderadores nas medições. É por este motivo que certos
medidores de nível sonoro mais simples não disponibilizam dB(Lin.), conforme foi dito
anteriormente.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
43

Figura 4.9. Espectros Sonoros de Ruídos Distintos com o Mesmo Nível Sonoro Total em
dB(Lin.)

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
44

4.5. PONDERADOR TEMPORAL


O ruído apresenta variações de nível, sendo portanto necessário reduzir-se as
flutuações a fim de obter-se leituras que possam ser seguidas e interpretadas pelo olho
humano. Por esta razão, o medidor de nível sonoro possui um ou mais ponderadores
temporais com tempos de crescimento e de decaimento padronizados por normas
internacionais. As ponderações temporais mais comumente utilizadas são: Rápida (Fast)
R, Lenta (Slow) L e Impulso (Impulse) I. Os seus nomes indicam a rapidez com que o
medidor de nível sonoro irá acompanhar as flutuações do sinal medido. A Figura 4.10
ilustra como que o medidor de nível sonoro irá responder a um tom puro interrompido,
quando se utilizam diferentes ponderações temporais.

Figura 4.10. Indicação das Diversas Ponderações Temporais Para um Mesmo Sinal
Acústico

Observar que após o tempo de crescimento, a leitura do medidor de nível sonoro


será a mesma para os três tipos de ponderação temporal.
Como decidir qual o tipo de ponderação temporal utilizar? Freqüentemente o ruído
deve ser medido em conformidade com uma determinada norma, sendo que neste caso,
normas e legislações normalmente especificam a ponderação temporal a ser utilizado em
determinada medição. Se nada for especificado, recomenda-se o seguinte procedimento.
 Rápida ou Lenta devem ser usadas quando o sinal sonoro não contiver
impulsos. Usar Rápida em todas as medições, a menos que o ponteiro oscile
em mais de 4 dB. No caso de indicadores digitais adotar o mesmo
procedimento.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
45

 Impulso deve ser usado quando o som contiver impulsos, pois nestas
circunstâncias avalia-se melhor a possibilidade de lesões auditivas.
Algumas vezes é de interesse conhecer-se o maior nível sonoro que ocorre durante
uma medição. Neste caso, os medidores de nível sonoro são equipados com um
mecanismo de Retenção (Hold), que mantém a maior leitura até que o circuito de
retenção seja re-ativado.
O medidor de nível sonoro tem preço que varia em função dos recursos que este
oferece e de sua precisão. A precisão é dada pelo tipo de medidor (Norma IEC 651–
1979, ou Norma ANSI S1.4–1983). Os tipos, as precisões, os preços aproximados em
US$, e as aplicações típicas são as seguintes:
 Tipo 0;  0,7 dB; > US$ 5.000,00; instrumento de referência padrão destinado
à calibração de outros medidores de nível sonoro.
 Tipo 1;  1,0 dB; ~ US$ 5.000,00; instrumento de precisão para uso em
laboratório ou no campo onde as condições ambientais possam ser controladas.
 Tipo 2;  1,5 dB; ~ US$ 500,00; instrumento destinado à medições em campo
em geral.
 Tipo 3;  1,5 dB; ~ US$ 50,00; instrumento de avaliação apenas; utilizado, por
exemplo, para se ter uma idéia aproximada do nível sonoro em determinado
ambiente.

4.6. ANALISADORES FFT


Os analisadores de ruído que aplicam a chamada transformada rápida de Fourier
FFT (“Fast Fourier Transform”) fornecem o espectro sonoro em bandas estreitas de
largura constante (a resolução não varia com a freqüência). Estes analisadores fornecem
o espectro sonoro em fração de segundos, graças a um algoritmo numérico
extremamente eficiente. Devido ao espantoso desenvolvimento de sistemas digitais, e a
redução de preço dos processadores e computadores que tem ocorrido nos últimos anos,
os analisadores FFT são cada vez mais utilizados.
Analisadores FFT convertem o sinal analógico gerado pelo microfone em um sinal
digital. O resultado desta conversão é uma tabulação das amplitudes da forma de onda.
A transformada rápida de Fourier utiliza estes valores de amplitude para transformar o
sinal para o domínio da freqüência. A Figura 4.11 ilustra a transformação. Aqui, N
amostras do sinal na forma de amplitude em instantes consecutivos, espaçados de
t(s) , é a informação no domínio do tempo que é transformada pela FFT em espectro
sonoro, na forma de amplitude em intervalos de freqüência de largura f (Hz) . Pode-se
dizer então que a FFT determina o conteúdo em freqüências do sinal captado pelo
microfone.

Figura 4.11. A Transformada Rápida de Fourier FFT

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
46

A Figura 4.12 mostra um analisador FFT para uso em laboratório. Atualmente, a


análise espectral via FFT pode ser feita através de módulos acoplados a computadores
portáteis.

Figura 4.12. Analisador FFT para Laboratório e Módulo Portátil FFT Acoplado em
Computador Portátil

A Figura 4.13 abaixo ilustra o espectro sonoro do ruído de um motor veicular de


quatro cilindros obtido através do analisador FFT. Observa-se que a resolução do
espectro sonoro obtido via FFT é bem maior do que aquele que se obteria com os filtros
de bandas de porcentagem constante. A análise espectral com largura de banda
constante oferece maior discretização do espectro, sendo de grande utilidade na
identificação de tons puros e harmônicos.

Figura 4.13. Espectro Sonoro do Ruído de um Motor Veicular de Quatro Cilindros a 3.000
RPM Obtido Via FFT

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
47

O analisador FFT fornece os níveis sonoros em intervalos de freqüência f


igualmente espaçados. Muitas vezes é de interesse obter o espectro em bandas de
oitava ou de 1/3–oitava, a partir do espectro em bandas estreitas de largura f , que
foram obtidos via FFT. O espectro em banda larga (em banda de oitava,1/3–oitava, ou
outra largura de banda) obtido a partir do espectro em banda estreita é chamado de
espectro “sintetizado”.
O intervalo de freqüências f da análise FFT é obtido dividindo-se a faixa de
freqüências de interesse, pelo número de pontos N do analisador. O número de pontos N
é um parâmetro característico do analisador FFT. O espectro da Figura 4.14 é do ruído
de uma serra circular, e foi obtido com um analisador FFT com N = 800 pontos, na faixa
de freqüências de 0 a 5.000 Hz. Portanto o intervalo de freqüências da análise é
f  5.000 / 800  6,25 = Hz.

Figura 4.14. Espectro do Ruído de Serra Circular

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
48

Quadro 4.2: A tabela apresenta dados parciais do espectro do ruído de serra circular
da Figura 4.14. Sintetizar o espectro obtido via FFT em bandas de 1/3–oitava
normalizadas. Discutir a exatidão do espectro sintetizado em baixas freqüências. Os
valores de freqüência central e seus intervalos, em parênteses, foram obtidos da tabela 4.1,
coluna para 1/3 - oitava.

Freqüência
Freqüência (Hz) L p (dB) dB Sintetizado
Central
93,75 83,24
100 Hz
100,00 71,29 83,5
(89,1 - 112)
106,25 56,79
112,50 54,35
118,75 55,42
125 Hz
125,00 55,54 62,6
(112 - 141)
131,25 55,59
137,50 56,81
143,75 56,27
150,00 55,99
160 Hz 156,25 56,35
(141 - 178) 162,50 62,25 70,1
168,75 64,95
175,00 66,20
181,25 73,53
187,50 70,31
193,75 57,68
200 Hz
200,00 55,78 75,7
(178 - 224)
206,25 59,06
212,50 61,45
218,75 60,33

Discussão: Já que a FFT fornece dados em intervalos de freqüências igualmente

espaçados, as bandas de 1/3–oitava mais baixas conterão poucos pontos FFT. Isto

degrada a exatidão do nível da banda sintetizada nas baixas freqüências.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
49

4.7. ANÁLISE COMPARATIVA DOS DIFERENTES TIPOS DE ANALISADORES


É essencial entender a forma como os diferentes analisadores processam o sinal
captado pelo microfone, a fim de poder decidir qual tipo deve ser utilizado em
determinada medição. Cada analisador tem a sua utilidade assim como limitações. A
maior preocupação é entender qual o tipo de informação que podemos extrair de cada
um deles. A melhor maneira de ilustrar as diferenças, é apresentar comparativamente os
resultados que estes analisadores fornecem para um mesmo sinal acústico. O primeiro
exemplo consta nos espectros da Figura 4.15, que referem-se a um equipamento
mecânico que tem uma periodicidade evidente no ruído produzido. A escala de
freqüências é linear e o nível sonoro está dado em dB.

Figura 4.15. Espectros sonoros de ruído, obtidos com diferentes analisadores. (1) Filtro
de oitava; (2) filtro de 1/3 oitava; (3) filtro de banda de porcentagem constante de 8% e
(4) FFT de 2 Hz. Os números únicos obtidos com um simples medidor de nível sonoro
estão indicados no canto superior direito. Nível sem ponderação: 57 dB(Lin.); nível A –
ponderado: 48 dB(A); nível B – ponderado: 52 dB(B); nível C – ponderado: 55 dB(C)

O espectro sonoro de banda constante de 2 Hz obtido com o analisador FFT é uma


representação bem detalhada da distribuição do som em função da freqüência. Observa-
se neste espectro, uma série de tons puros espaçados com certa regularidade. O nível
sonoro básico está em torno de 10 dB.
O espectro sonoro obtido com filtros de banda de porcentagem constante de 8%,
fornece o espectro com resolução menor, e não indica nenhum dos picos existentes no
som original. O motivo é que todos os picos dentro de cada banda com largura de 8%
são combinados em um único nível sonoro que representa o nível da banda. Para a
freqüência central de 1.000 Hz, a largura de banda é 80 Hz, de 960 a 1.040 Hz, sendo
que todas as componentes espectrais dentro desta faixa de freqüências são combinadas
na obtenção do nível sonoro total da banda. No caso de haver dois picos de igual

eST –801 Fundamentos do Controle de Ruído Industrial / PECE, 4o ciclo de 2012.


Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
50

magnitude na banda, o nível sonoro indicado será 3 dB maior que o de um deles


individualmente. Observa-se que o nível sonoro é ascendente com a freqüência, pois as
larguras das bandas aumentam com o aumento da freqüência central, e assim mais
componentes espectrais vão sendo incorporadas na determinação do nível sonoro de
cada banda. Os detalhes do espectro sonoro não podem ser revelados com filtros de
banda de porcentagem constante.
O espectro sonoro obtido com filtros de 1/3–oitava, fornece níveis ainda maiores
para o mesmo ruído, pois este filtro tem larguras de bandas maiores do que o filtro com
largura de banda de 8%, adicionando mais componentes espectrais. Por exemplo, para a
freqüência central de 1.000 Hz, a largura de banda de 1/3 oitava vai de 891 a 1.122 Hz. A
largura de banda de filtro de oitava centrada em 1.000 Hz vai de 710 a 1.420 Hz,
fornecendo valor ainda maior para o nível sonoro de banda do que o filtro de 1/3 oitava.
Medições de níveis sonoros totais A–, B– e C– ponderados fornecem números
únicos que representam o nível sonoro total de toda a faixa de freqüências coberta pelo
medidor de nível sonoro. Estes números únicos, por se correlacionarem com a sensação
auditiva, fornecem uma idéia da intensidade subjetiva do ruído medido. Conforme
discutido anteriormente, a ponderação A apresenta as maiores atenuações para
freqüências inferiores a 1.000 Hz, seguida da ponderação B, com a ponderação C
apresentando as menores atenuações. Uma forma de se determinar o conteúdo em
freqüências do som medido, é comparar os valores obtidos com as três ponderações.
Caso estes valores estejam próximos, o som é composto por freqüências acima de 600
Hz, aproximadamente. Caso os valores obtidos com as ponderações B e C forem
maiores do que com a ponderação A, o ruído apresenta componentes espectrais
significativas nas freqüências abaixo de 600 Hz.
Alguns medidores fornecem o nível sonoro na escala linear, dB (Lin.). Este é o nível
de pressão sonora total do ruído na faixa de freqüências coberta pelo medidor, sem
qualquer ponderação. Conforme já foi dito, este nível sonoro não é muito bem
correlacionado com a sensação subjetiva de intensidade do ruído. Este resultado poderá
ser de interesse em trabalhos de laboratório. No caso de medidas de níveis de ruído ao
ar livre, devido ao sobrevôo de aeronaves, a ponderação D é utilizada; no entanto, esta
ponderação não é utilizada nas medições de ruído ocupacional.
Embora o preço dos analisadores FFT vem se reduzido, a diferença entre estes
analisadores e os de banda de porcentagem constante de oitava e 1/3–oitava ainda é
considerável. Assim, estes últimos analisadores ainda são bastante empregados na
avaliação e controle de ruído. Para atividades de laboratório é essencial a utilização de
ambos os tipos de analisadores. Analisadores do tipo FFT são comumente utilizados na
determinação de detalhes do espectro sonoro que normalmente estão relacionados com
as características de operação de determinada máquina ou equipamento. O nível sonoro
total A –ponderado é útil na avaliação da resposta subjetiva a reduções do nível de ruído,
e por ser uma medida simples, é prescrita pela grande maioria das normas e legislações
relativas ao ruído.
Qual tipo de analisador utilizar? Depende da aplicação e dos recursos financeiros
disponíveis. A tabela 4.3 apresenta uma comparação qualitativa entre o medidor de nível
sonoro com filtros e o analisador FFT.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
51

4.7.1. COMPARAÇÃO ENTRE O MEDIDOR DE NÍVEL SONORO COM FILTROS E


O ANALISADOR FFT.

Tabela 4.3. Comparação Entre o Medidor de Nível Sonoro com Filtros e o Analisador
FFT.
Medidor de Nível Sonoro Analisador FFT
(com filtros de oitava)
produz muitos dados (necessário registro
dados mínimos (número reduzido de dados
para interpretar e manipular) em disco)

análise espectral grosseira análise espectral detalhada, identificação


de fontes sonoras
bom para avaliação do atendimento a permite separar a contribuição de fontes
normas e legislações sonoras próximas
compacto, portátil, resistente a intempéries volumoso, pesado, manejo complicado
fácil de aprender e de usar, recursos
complexo, vários recursos, manipulação de
limitados dados, armazenamento de dados
adequado para seleção de materiais
útil para outras aplicações (vibrações,
acústicos funções de transferência, etc.)
relativamente barato US$500 – US$ 3.000 US$ 5.000 – US$ 15.000

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
52

4.8. TESTES
1. No medidor de nível sonoro, a função do detector é:
a) filtrar a energia sonora em bandas de freqüência.
b) extrair o valor eficaz do sinal acústico.
c) pré-amplificar o sinal acústico.
d) variar a ponderação temporal.
e) captar o sinal acústico.

2. O nível de pressão sonora é:


a) o nível do valor de pico da pressão sonora.
b) o nível do valor RMS da pressão sonora.
c) o nível da pressão sonora instantânea.
d) o nível do valor médio da pressão sonora.
e) o nível do somatório da pressão sonora.

3. O que caracteriza o filtro é:


a) a função de transferência.
b) a freqüência de corte.
c) o ganho.
d) a amplitude do sinal na saída.
e) a retenção do som.

4. Na avaliação de níveis sonoros do cotidiano deve-se utilizar medições em:


a) dB(B).
b) dB(A).
c) dB(Lin.)
d) dB.
e) dB(C).

5. Uma legislação de ruído urbano recomenda que as incertezas nas medições de


níveis totais de ruídos contínuos não excedam  1dB. Neste caso deve-se utilizar
um medidor de nível sonoro:
a) com filtros de oitava.
b) na ponderação temporal Lenta.
c) Tipo 3.
d) Tipo 1 ou 0.
e) Tipo 2.

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Capítulo 4. Instrumentos e fundamentos de medidas do ruído
53

6. Espectros sintetizados em bandas de oitava a partir de medições via FFT em


bandas estreitas:
a) são precisos em todas as bandas.
b) poderão ser imprecisos em bandas de baixa freqüência.
c) poderão ser imprecisos em bandas de alta freqüência.
d) não podem ser obtidos.
e) são sempre imprecisos independentemente da banda de freqüência.

7. O risco de perda de audição devido a ruídos impulsivos é mais bem avaliado com
medições:
a) A - ponderadas na ponderação temporal Rápida.
b) A - ponderadas na ponderação temporal Impulso.
c) Linear- ponderadas na ponderação temporal Impulso.
d) C -ponderadas na ponderação temporal Rápida.
e) C – ponderadas na ponderação temporal Lenta.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
54

CAPÍTULO 5. MECANISMOS DA AUDIÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar os fundamentos da anatomia do ouvido humano, dos mecanismos da
audição e do processamento do som pelo sistema auditivo.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Identificar os principais componentes do ouvido externo, do ouvido médio e do
ouvido interno;
 Acompanhar o processamento do som desde a orelha até o seu envio ao
cérebro, através do sistema auditivo;
 Identificar as estruturas que são lesionadas pelo ruído;
 Utilizar as curvas isofônicas.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
55

5.1. INTRODUÇÃO
O ouvido humano é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e
interpretar sons em uma ampla faixa de freqüências. Esta faixa, denominada de faixa de
freqüências de áudio, vai de 20 a 20.000 Hz. Sons abaixo de 20 Hz são denominados
infra-sons, e sons acima de 20.000 Hz de ultra-sons.
O mecanismo de audição é bastante complexo. Existem diversos aspectos da
audição que até hoje não são totalmente compreendidos. A extrema sensibilidade, e a
tolerância a níveis sonoros bastante elevados, são características realmente
impressionantes do sistema auditivo. Os dois ouvidos nos permitem escutar
estereofonicamente; isto é, nós podemos localizar a fonte sonora, já que os ouvidos
distinguem a fase do som que os atinge, proveniente de uma posição em particular. O
ouvido consiste essencialmente de três partes: o ouvido externo, o ouvido médio e o
ouvido interno.

Figura 5.1. O Ouvido Humano.

5.2. OUVIDO EXTERNO


Compreende a orelha e o canal auditivo, com aproximadamente 27 mm de
comprimento, com paredes inicialmente cartilaginosas, tornando-se mais ósseas
internamente, até encontrar o tímpano, O canal auditivo tem aproximadamente 8 mm de
diâmetro, secreta cera protetora, que também se destina a manter a flexibilidade deste
canal. A câmara formada pelo canal auditivo possui freqüência natural de ressonância
entre 3.000 – 4.000 Hz, o que justifica a maior sensibilidade auditiva nesta faixa de
freqüências.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
56

Figura 5.2. Ouvido Externo

5.3. OUVIDO MÉDIO


Inicia-se no tímpano, que quando da incidência do som, transmite as vibrações
sonoras para três ossículos: martelo, bigorna e estribo. Os ossículos funcionam como
alavanca, aumentando a força das vibrações mecânicas com redução de sua amplitude.

Figura 5.3. Ouvido Médio

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
57

Os ossículos também conferem ao ouvido a capacidade de “ouvir mais” ou “ouvir


menos”. Este controle é feito através de pequenos músculos que posicionam os ossículos
em condições de transferirem toda ou apenas parte de energia mecânica recebida no
tímpano. Quando ouvimos uma brecada violenta de automóvel, instintivamente
esperamos pelo barulho da batida; automaticamente os ossículos são posicionados para
que ouçamos tal barulho com menor intensidade. Este processo é chamado de reflexo
estapediano.

Figura 5.4. Os Ossículos Funcionam Como Alavanca

Há necessidade de amplificação da força que é gerada no tímpano, pois o ouvido


interno é uma estrutura que possui inércia relativamente grande; assim, a pequena força
gerada pelo som no tímpano, ao ser amplificada pelos ossículos, tem condições de
excitar o ouvido interno. Os ossículos promovem o chamado casamento de impedâncias
— o casamento da baixa impedância do tímpano com a alta impedância do caracol.
O tubo de Eustáquio comunica a câmara que contém os ossículos com as fossas
nasais, afim de que a pressão externa seja transmitida a essa câmara, de tal forma que o
tímpano permaneça na posição de equilíbrio na ausência de som.

5.4. OUVIDO INTERNO


Inicia-se na janela oval, que recebe a força do estribo. É formado por um tubo
enrolado, daí o nome de caracol, que apresenta comprimento aproximado de 30 mm (ao
ser desenvolvido) e volume de 1 cm3.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
58

Figura 5.5. O Ouvido Interno

O tubo caracol é dividido internamente, ao longo do seu comprimento, em três


canais denominados de canal vestibular, canal timpânico e canal coclear. Estes canais
contêm fluidos. Os canais vestibulares e timpânicos contêm a perilinfa, e o canal coclear
contém a endolinfa.

Figura 5.6. Canais do Caracol

Sobre a membrana basilar assenta-se o chamado órgão de Corti, responsável por


captar as ondas de pressão que viajam pela perilinfa. A principal estrutura do órgão de
Corti é um conjunto em torno de 20.000 células ciliadas que respondem seletivamente
conforme as freqüências do som que o ouvido está recebendo.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
59

Figura 5.7. Detalhe dos Canais Internos ao Caracol

Figura 5.8. Detalhe do Órgão de Corti

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
60

Figura 5.9. Detalhe de Conjunto de Células Ciliadas do Órgão de Corti

O último ossículo, o estribo, pressiona a janela oval do caracol, gerando ondas de


pressão no fluido, que viajam na membrana basilar, e mapeiam em movimento vibratório
uma determinada região desta membrana.

Figura 5.10. Caracol Desenvolvido com Mapeamento Localizado da Membrana Basilar


por Uma Onda Viajante

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
61

Os sons de alta freqüência mapeiam regiões próximas à base da membrana


basilar, excitando as células ciliadas nesta região. Os sons de baixa freqüência viajam
em direção ao ápice da membrana basilar, excitando as células ciliadas contidas numa
outra região da membrana, mais sensível. aos sons de baixa freqüência. Assim, cada
som excitará um determinado conjunto de células ciliadas contidas na região da
membrana basilar mapeada. Quando excitadas, estas células geram impulsos elétricos
que são enviados ao cérebro através do nervo auditivo a elas conectado. Assim o
cérebro recebe a informação sonora com a análise de freqüência já tendo sido realizada
pelo ouvido interno.

Figura 5.11. Onda Viajante Mapeando, em Movimento Vibratório, Determinada Região


da Membrana Basilar

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
62

Figura 5.12. Sons de Diferentes Freqüências são Mapeados em Diferentes Regiões da


Membrana Basilar Pelas Ondas Viajantes, Desde a Base Até o Ápice

Figura 5.13. Sensibilidade Espectral da Membrana Basilar

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
63

5.5. PERDA DE AUDIÇÃO INDUZIDA POR RUÍDO – PAIR


A perda de audição induzida pelo ruído, abreviada PAIR, é causada por lesões nas
células ciliadas. Por serem células nervosas, uma vez tendo sido lesionadas, não existe
possibilidade de recuperação. A perda de audição será permanente. Há risco de perda de
audição quando o nível de ruído ultrapassa 85 dB (A).

Figura 5.14. Células Ciliadas Sadias (esquerda); Células Ciliadas Lesadas Por Ruído
(direita)

A exposição prolongada a ruídos acima de 85 dB (A) é um fator inerente de nosso


progresso tecnológico e muitas pessoas se vêem praticamente obrigadas a exercer suas
atividades profissionais em condições acústicas insalubres.
Das diversas pesquisas realizadas até hoje podem ser feitas as seguintes
afirmações:
 Quanto maior o nível do ruído, maior será o grau de perda de audição.
 Quanto maior o tempo de exposição do ruído, também maior será o grau de
perda de audição.
 Geralmente o som em uma determinada freqüência ocasiona perda de audição
em uma freqüência superior. Ruídos em 500 Hz ocasionam perdas em 1.000 e
2.000 Hz. Ruídos em 2.000 Hz ocasionam perdas em 4.000 Hz.

Toda vez que o ouvido humano é exposto a um nível sonoro de certa intensidade, o
limiar da audição do indivíduo é deslocado temporariamente, voltando ao normal passado
certo tempo depois de cessada a exposição. O tempo de recuperação da audição normal
depende do nível do ruído e da duração da exposição. Este tipo de perda de audição é
chamada de temporária Quando os níveis sonoros atingem certos valores de forma que a
energia acústica recebida pelo ouvido num dado espaço de tempo se torna excessiva,
ocorre um deslocamento permanente no limiar da audição.
A perda da sensibilidade auditiva pode ser avaliada por meio do audiograma, que é
um teste para determinação do limiar de audibilidade em várias freqüências. A Figura
5.15 mostra como evolui a perda da sensibilidade auditiva causada por exposições
prolongadas a níveis de ruído elevados. Como se pode notar, a perda de audição se faz
anunciar por redução acentuada em 4.000 Hz. Esta redução independe do conteúdo em

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
64

freqüência do ruído a que o indivíduo está submetido. Desta forma, a realização de


audiogramas sucessivos pode chamar a atenção para esse fato, podendo então ser
tomadas providências para evitar que o individuo continue a ter seu limiar de audibilidade
reduzido de forma anormal.

Figura 5.15. Deslocamento Médio Estimado do Limiar da Audibilidade Devido ao Ruído

5.6. AUDIBILIDADE DOS SONS


Para se determinar o nível sonoro basta conhecer o valor eficaz da pressão sonora.
Não importa se estamos determinando o nível sonoro de um som grave, médio ou agudo
pois a freqüência não influi no nível sonoro.
O ouvido humano entretanto, apresenta uma sensação subjetiva de intensidade do
som que depende da freqüência. Por exemplo, um tom puro em 100 Hz será percebido
como sendo de menor intensidade subjetiva do que um tom puro em 1000 Hz de mesmo
nível de pressão sonora.
O nível de audibilidade é uma medida psicofísica da sensação subjetiva da
intensidade do som. O nível de audibilidade é função do nível sonoro e da freqüência do
som.
O nível de audibilidade para tons puros de diversas freqüências foi primeiramente
1
medida experimentalmente por Fletcher e Munson em 1933. Estes resultados foram
apresentados na forma de curvas de mesmo nível de audibilidade. Estas curvas foram
construídas a partir de informações fornecidas por um certo número de ouvintes. Estes
ouvintes eram solicitados a ajustar o nível sonoro de um tom puro em determinada
freqüência, tal que eles o julgassem tão intenso quanto o de um tom puro em 1.000 Hz. O
tom puro em 1.000 Hz lhes era apresentado com um determinado nível sonoro
conhecido. Este nível sonoro em 1.000 Hz serviu como medida do nível de audibilidade.
A unidade de nível de audibilidade é o fone.

1
Fletcher, H. and Munson, W.A.; Loudness its definition, measurement and calculations; Journal of
the Acoustical Society of America, 5 (1933) 82-108.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
65

As curvas foram construídas ligando os pontos de mesmo nível de audibilidade. Por


isto, estas curvas são conhecidas como curvas isoaudíveis (de mesmo nível de
audibilidade) ou curvas isofônicas (com o mesmo valor de fones). A ISO — “International
Organization for Standardization”, através de sua recomendação R226–1961 apresenta
as curvas isofônicas para tons puros, as quais são reproduzidas na Figura 5.16
As curvas isofônicas revelam que o ouvido humano é menos sensível em baixas
freqüências do que em altas freqüências. Por exemplo, a curva isoaudível que
corresponde a 30 fones mostra que um tom puro com nível sonoro de 30 dB em 1.000 Hz
é julgado subjetivamente tão intenso como um tom puro de aproximadamente 44 dB em
100 Hz. Portanto, necessita-se de mais energia sonora em baixas freqüências para
provocar a mesma sensação subjetiva de intensidade sonora em altas freqüências.
Para qualquer curva isoaudível, os menores níveis sonoros requeridos para
provocar a mesma sensação subjetiva de intensidade sonora em outras freqüências
ocorrem na faixa de 3-4 kHz. Esta faixa de freqüências é onde se encontra a primeira
freqüência de ressonância do conduto auditivo.
O limite inferior das curvas isoaudíveis é o limiar da audibilidade, o qual apresenta
uma marcante variação de níveis sonoros com a freqüência — uma diferença de quase
80 dB entre 20 e 4.000 Hz. Com níveis sonoros mais elevados, esta variação com a
freqüência diminui; ou seja, as curvas isofônicas ficam mais planas. Por exemplo, a faixa
de variação da isofônica 90 fones é 40 dB.

Figura 5.16. Curvas Isofônicas

O nível de audibilidade se correlaciona melhor com a sensação subjetiva de


intensidade do som do que o nível de pressão sonora. Os filtros ponderadores dos
medidores de nível sonoro tentam aproximar a sensação subjetiva de intensidade,

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
66

aplicando no sinal de entrada funções de transferência baseadas nas curvas isofônicas.


A ponderação A aproxima a sensação auditiva correspondente à curva isofônica 40
fones. A ponderação B aproxima a sensação auditiva correspondente à curva isofônica
70 fones. A ponderação C aproxima a sensação auditiva correspondente à curva
isofônica 100 fones.

Quadro 5.1.
Determinar:

a) os níveis sonoros em 40, 400 e 4.000 Hz que correspondem ao nível de


audibilidade de 30 fones;

b) os níveis de audibilidade de tons puros com os seguintes níveis sonoros e


freqüências: 68 dB em 2.000 Hz, 70 dB em 1.000 Hz e 75 dB em 10.000 Hz;

c) o nível sonoro de um tom puro em 60 Hz para que ele gere um nível de


audibilidade de 90 fones.

Resolução:

Segundo a figura 5.16:

a) 63 dB, 29 dB, 22 dB.

b) 70 fones, 70 fones, 70 fones.

c) 100 dB.

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Capítulo 5. Mecanismos da audição
67

5.7. TESTES
1. O ouvido humano subdivide-se em:
a) martelo, bigorna e estribo.
b) orelha, conduto auditivo e tímpano.
c) canal vestibular, canal timpânico e canal coclear.
d) ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.
e) orelha, ouvido, canal e tímpano.

2. A faixa de áudio compreende as freqüências de:


a) 20 Hz – 20 kHz.
b) 3.000 – 4.000 Hz.
c) 1 a 100.kHz.
d) 100 – 10.000 Hz.
e) 500 – 4 kHz.

3. O ouvido interno consiste basicamente do:


a) tubo de Eustáquio.
b) conjunto de canais semicirculares.
c) caracol.
d) nervo auditivo.
e) tímpano.

4. A onda viajante mapeia em movimento vibratório:


a) o canal auditivo.
b) o tímpano.
c) a membrana basilar.
d) o canal coclear.
e) o tubo de Eustáquio.

5. As células ciliadas emitem impulsos elétricos que são enviados ao cérebro pelo:
a) canal vestibular.
b) canal coclear.
c) canal timpânico.
d) nervo auditivo.
e) células ciliadas.

6. A unidade do nível de audibilidade é:


a) dB.
b) dB(A).
c) sone.
d) fone.
e) Hz.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
68

CAPÍTULO 6. CRITÉRIOS E NORMAS PARA AVALIAR O RUÍDO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar critérios e normas para avaliar o ruído em ambientes diversos e
comunidades, e particularmente avaliar o risco de perda de audição em ambientes de
trabalho ruidosos.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Medir ruídos não estacionários utilizando níveis sonoros estatísticos e o nível
sonoro equivalente;
 Estabelecer os limites de tolerância para o ruído em ambientes para diversas
finalidades e para o ruído em comunidades;
 Considerar os principais parâmetros para avaliar o risco de perda de audição
nos ambientes de trabalho ruidosos;
 Avaliar o ruído nos ambientes do trabalho a partir da legislação aplicável com o
auxílio do dosímetro.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
69

6.1. INTRODUÇÃO
Níveis sonoros ponderados (totais ou em bandas de freqüência) são as medidas
mais básicas e elementares para avaliar o grau de perturbação causado por ruídos
estacionários nas pessoas. Quase a totalidade das normas e legislações requererem a
medição do nível sonoro A - ponderado independente do nível sonoro. Embora a
audibilidade de altos níveis sonoros esteja mais correlacionada com medições C–
ponderadas, considera-se que a perturbação e o risco da perda de audição são melhor
avaliados com medições A - ponderadas.

6.2. RUÍDOS NÃO ESTACIONÁRIOS


O ruído ambiental típico de uma comunidade urbana serve de ilustração para
caracterizar ruídos não estacionários. O ruído ambiente é definido como uma
superposição de ruídos, normalmente de naturezas diferentes e origens distintas,
próximas ou remotas, dentre os quais nenhum deles é objeto de interesse, ou
consideração específica. A Figura 6.1ilustra exemplos de ruído ambiente em função do
tempo, medido em um ponto de uma comunidade urbana, próximo a uma via de tráfego,
em dois períodos distintos. O ruído medido é caracterizado por variações significativas do
nível sonoro acima de um nível básico (residual), este último causado pelo tráfego de
veículos nas imediações. As variações no nível sonoro são devidas a fontes sonoras
diversas que estão indicadas na Figura 6.1. O nível de ruído residual é o nível sonoro
mínimo, o qual não parece reduzir-se durante um certo intervalo de tempo de medição.
Na figura, o nível de ruído residual ao entardecer está em torno de 44 dB (A), e de
madrugada em torno de 40 dB (A). O nível de ruído residual pode ser devido ao tráfego
de veículos em vias mais distantes, ruído do movimento da vegetação causado pelo
vento, ou outras fontes, que quando combinadas, geram um ruído estacionário básico. O
nível de ruído residual não deve ser confundido com o nível de ruído de fundo, o qual é
definido como o conjunto de sons e ruídos que ocorrem conjuntamente com o fato sonoro
objeto de interesse, ou consideração específica.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
70

Figura 6.1. Nível de Ruído em Comunidade em Função do Tempo ao Entardecer e de


Madrugada

Percebe-se que não é possível caracterizar ruídos não estacionários através do


registro de níveis sonoros em função do tempo, pois este tipo de registro contém muitos
detalhes. Necessita-se então descrever a situação representada na Figura 6.1 de uma
forma mais simples e concisa.

6.3. NÍVEIS SONOROS ESTATÍSTICOS


O registro do nível sonoro em função do tempo de um ruído não estacionário pode
ser caracterizado mais concisamente usando grandezas estatísticas. Consideremos o
registro, com duração de 20s, do nível de ruído da Figura 6.2.
A cada segundo, o nível de ruído pode ser lido e classificado em intervalos, por
exemplo, de 5 dB (A). Ou seja, o ruído registrado pode ser considerado como 20 medidas
distintas, e classificadas através do número de medições (ou número de vezes) que o
nível de ruído esteve entre 50 e 55 dB (A), 56 e 60 dB (A), 61 e 65 dB (A), etc. A tabela
6.1 apresenta o resultado desta classificação para o registro de ruído da Figura 6.2. Esta
tabela também indica a porcentagem de vezes que o nível de ruído esteve em
determinada faixa.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
71

Figura 6.2. Registro de Ruído em Comunidade Durante o Intervalo de Tempo de 20


Segundos

Tabela 6.1. Número de vezes e porcentagem do tempo em que o nível sonoro registrado
na figura esteve nas faixas de 5dB (A) indicadas
Intervalo do Nível de Número de Ocorrências Porcentagem do tempo
Ruído dB (A)
56-60 2 10%
61-65 8 40%
66-70 4 20%
71-75 2 10%
76-80 3 15%
81-85 1 5%

O resultado desta classificação pode ser apresentado de forma gráfica, em um


histograma, o qual mostra a porcentagem do tempo em que o nível sonoro esteve em
determinada faixa.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
72

Figura 6.3. Histograma da Porcentagem do Tempo em que os Níveis Sonoros Estiveram


em Faixas de 5dB(A)

O histograma é uma forma de apresentar estatisticamente os níveis sonoros que


ocorreram durante um certo intervalo de tempo. Na realidade, um critério mais usual e
significativo obtido do histograma é o de calcular a porcentagem do tempo que um
determinado nível sonoro foi excedido durante o período de medição. As notações deste
critério estatístico são as seguintes:
L 90 = nível sonoro que foi excedido em 90% do tempo
L 50 = nível sonoro que foi excedido em 50% do tempo
L10 = nível sonoro que foi excedido em 10% do tempo
L 90 é um medida do nível de ruído residual, L 50 é o nível de ruído mediano (não
necessariamente igual ao nível de ruído médio), e L10 é uma medida dos níveis de ruído
de pico (intrusivos) que ocorreram durante o período de medição.

O cálculo destes níveis estatísticos poderá ser feito da seguinte forma:


 Calcular a área da poligonal formada pelo histograma. Área = 5 (10 + 40 + 20 +
10 + 15 + 5) = 500 unidades, onde “unidades” referem-se ao produto entre
porcentagem e nível sonoro.
 Cálculo do L 90 : 10% da área é igual à 50 unidades. A partir do nível sonoro de
55 dB (A) e caminhando para a direita no histograma, uma área de 50 unidades é
alcançada no nível de 60 dB (A). Portanto, 60 dB (A) é o nível sonoro que é
excedido em 90% do tempo.
 Cálculo do L 50 : a partir do nível sonoro de 55 dB (A) e caminhando para a
direita no histograma, calcular a área igual à metade da Área do histograma, ou 250

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
73

unidades. Aqui, 50% Área (a partir de 55 dB (A)) = 5 x 10 + 5 x 40 = 250 unidades,


ou seja, metade da Área está abaixo e a outra metade está acima de 65 dB (A).
Portanto, L 50 = 65 dB (A).
 Calculo do L10 : 90% da Área é igual à 450 unidades. A partir de 55 dB (A), 450
unidades, são obtidas da seguinte forma: (5 x 10) + (5 x 40) + (5 x 20) + (5 x 10) +
(y x 15) = 450 unidades, onde y é medido a partir de 75 dB (A). Assim y é tal que: y
x 15 = 450 – 400 = 50 unidades, ou: y = 3,3 dB (A).

O valor de L10 é portanto 75 + 3,3 = 78,3 dB (A). Ou seja, o nível de ruído excede
78,3 dB (A) em 10% do tempo da medição; ou 10% da Área se deve a níveis sonoros
superiores (à esquerda de) 78,3 dB (A).
Geralmente, os níveis estatísticos são obtidos com registros superiores a 20s, e
portanto mais do que 20 níveis sonoros são utilizados nos cálculos. Dependendo da
situação, pode-se registrar níveis sonoros em intervalos de tempo maiores que 1s; por
exemplo, em intervalos de 10s durante um período que pode variar, digamos, de 1/4 de
hora a 1 hora.
Os níveis sonoros estatísticos são critérios geralmente utilizados para avaliar ruídos
de sistemas de transporte tais como de tráfego de veículos, de sobrevôos de aeronaves e
de linhas ferroviárias. A Administração Federal de Rodovias dos EUA (“Federal Highway
Administration” FHWA), adota o L10 como grandeza para avaliar o ruído em lotes de
terra destinados à residências. O nível critério em áreas onde há necessidade de
tranqüilidade, tais como aquelas destinadas a atividades de lazer é L10 = 60 dB (A). Para
áreas residenciais, escolas e similares, o nível critério é L10 = 70 dB (A). Os projetos de
rodovias nos EUA que necessitam de aprovação em nível federal, devem atender a estes
critérios de níveis sonoros.

6.4. NÍVEL SONORO EQUIVALENTE


O nível sonoro equivalente é a energia sonora média recebida pelo observador
durante certo intervalo de tempo T, que poderá ser calculado a partir de um registro como
o da Figura 6.2, com o auxílio da fórmula

 1 T L ( t ) / 10 
L eq  10 log  10 p dt dB.
 T 0 

onde L p ( t ) é o nível de pressão sonora no instante t.


O nível sonoro equivalente, ou simplesmente nível equivalente, é uma grandeza de
avaliação de ruídos não estacionários que forma a base de diversas normas e legislações
relativas à exposição ao ruído. Existem medidores de níveis sonoros comercialmente
disponíveis que fornecem uma leitura direta do L eq .
O L eq é uma medida questionável para avaliar a perturbação causada por ruídos
impulsivos de curta duração. A energia contida em sons impulsivos “dilui-se” nas partes

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
74

“silenciosas” do registro quando do cálculo da energia média. Apesar disto, o L eq tem


sido bem aceito para a avaliação de ruídos não estacionários.
Embora em alguns casos seja possível calcular a integral diretamente, muito
freqüentemente esta integral é avaliada numericamente (cálculo aproximado). Ao dividir-
se a faixa de níveis sonoros medidos em N intervalos de 1 dB, uma fórmula aproximada
para o cálculo do nível sonoro equivalente é:

N L / 10 
L eq  10 log fi  10 pi  dB,
 i 1 

onde fi é a fração do tempo em que o nível sonoro assumiu o valor do i-ésimo intervalo,
L pi .
Por exemplo, digamos que o nível sonoro durante 10 minutos foi de 60 dB (A), e 70
dB (A) durante os 10 minutos seguintes. No período de 20 minutos o nível sonoro
equivalente, de acordo com a equação será dado por

L eq  10 log[0,5  1060 / 10  0,5  1070 / 10 ]


L eq  10 log[0,5  (106  107 )]
L eq  67,4 dB (A)

O L eq num determinado intervalo de tempo poderá ser facilmente calculado a partir


de um histograma.

Figura 6.4. Histograma de Níveis Sonoros Medidos em Intervalos de Tempo Iguais,


Durante Certo Período

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
75

Os dados do histograma da Figura 6.4 poderão ser tabelados, com o nível central
da i-ésima faixa do histograma, caracterizando uma determinada faixa de níveis sonoros.
Assim, L p1  53 dB (A), caracteriza a faixa de níveis sonoros entre 51 e 55 dB (A),
L p2  58 dB (A), caracteriza a faixa de níveis sonoros entre 56 e 60 dB (A), etc.

Quadro 6.1: Calcular o Leq associado ao histograma da Figura 6.4.

Número de Medidas no
L pi ; dB( A ) Fração do Tempo, fi (%)
Intervalo
53 9 5
58 13 7,2
63 33 18,3
68 70 38,9
73 39 21,7
78 15 8,3
83 1 0,6

Número Total de Medidas 180 Leq  71,3 dB( A)

Foi utilizada a fórmula:

Quando o histograma apresenta distribuição gaussiana de níveis sonoros (curva na


forma de sino), o nível sonoro equivalente poderá ser aproximado através dos níveis
sonoros estatísticos L10 , L 50 e L 90 , através das seguintes fórmulas:

(L10  L 90 )2
L eq  L 50  ;
60

(L10  L 50 )2
L eq  L 50  .
15

Este histograma é o resultado de 180 medidas de níveis sonoros. Assim, L 90 , L 50


e L10 , corresponderiam à 18ª, 90ª e 162ª medida, contadas a partir da esquerda no
histograma. Estas medidas estão envoltas em círculos no histograma e correspondem a
L 90 = 59 dB (A), L 50 = 68 dB (A) e L10 = 75 dB (A), respectivamente. Quando estes
valores são levados nas equações acima, obtém-se L eq = 72,3 dB (A) e L eq = 71,3 dB
(A), respectivamente; aproximações razoáveis para o nível equivalente calculado no
Quadro 6.1, de 73,9 dB (A).

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
76

Figura 6.5. Histograma do ruído de tráfego

Quadro 6.2: O histograma da figura 6.5 refere-se a ruído de tráfego, e foi obtido
entre as 14hs15 e as 16hs15. Calcular: L90, L50, L10, associados a este histograma e
estimar Leq a partir destes níveis sonoros estatísticos.
Resolução:

Área do histograma = 2,5 (1 + 12 + 31 + 37 + 14 + 4 + 1) = 250 unidades

Cálculo do L90: 10% da área do histograma é igual à 25 unidades. A partir do

nível sonoro 77,5 dB (A), uma área de 25 unidades é obtida da seguinte forma: (2,5 x

1) + (y x 12) = 25. Portanto y = (25 – 2,5) /12  1,9 dB (A). Assim temos:

L90= 77,5 + 2,5 + 1,9 = 81,9 dB (A).

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
77

Cálculo do L50: 50% da área do histograma é igual à 125 unidades. A partir do

nível sonoro de 77,5 dB (A), uma área de 125 unidades é obtida da seguinte forma:

(2,5 x 1) + (2,5 x 12) + (2,5 x 31) + (y x 37) = 125. Portanto y = (125 – 110) /37 0,4 dB

(A). Assim temos:

L50= 77,5 + 2,5 + 2,5 + 2,5 + 0,4 = 85, 4 dB (A). Observar que o nível de ruído

médio indicado no histograma de 85,33 dB (A) , é aproximadamente igual ao nível de

ruído mediano aqui calculado de 85,4 dB (A).

Cálculo do L10: 90% da área do histograma é igual à 225 unidades. A partir do

nível sonoro de 77,5 dB (A), uma área de 225 unidades é obtida da seguinte forma:

(2,5 x 1) + (2,5 x 12) + (2,5 x 31) + (2,5 x 37) + (y x 14) = 225. Portanto y = (225 –

202,5) /14  1,6 dB (A). Assim temos:

L10= 77,5 + 2,5 + 2,5 + 2,5 + 2,5 +1,6 = 89,1 dB (A).

ou:

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
78

6.5. RUÍDO EM COMUNIDADES


Em 1993 a Organização Mundial da Saúde (“World Health Organization” WHO)
publicou recomendações para proteção a de comunidades contra o ruído. Os critérios
estabelecidos levam em consideração as perturbações (inclusive a do sono) e a
interferência na comunicação oral. Os critérios básicos estabelecidos pela WHO são os
seguintes:
 O L eq não deve ultrapassar 50 dB (A) para que a maioria das pessoas não seja
moderadamente perturbada pelo ruído.
 O L eq não deve ultrapassar 55 dB (A) em áreas habitadas durante o dia, para
que a maioria das pessoas não seja severamente perturbada pelo ruído.
 À noite, o L eq não deve ultrapassar 45 dB (A) em áreas habitadas, de tal forma
que o nível sonoro de 30 dB (A) no interior de dormitórios não seja ultrapassado
com as janelas abertas.
A Norma Brasileira NBR 10151, 2000, “Avaliação do ruído em áreas habitadas
visando o conforto da comunidade”, requer a medição do L eq A - ponderado, o qual
deverá ser corrigido com +5 dB (A) caso o ruído tenha características impulsivas ou de
impacto, e com +5 dB (A) caso o ruído tenha componentes tonais. O nível sonoro
corrigido é então comparado com o nível critério de avaliação NCA, conforme Tabela 6.2.

Tabela 6.2. Nível critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB (A) (NBR
10151)

Tipos de áreas Diurno Noturno

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Áreas estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45

Área mista predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
79

6.6. RUÍDO EM AMBIENTES INTERNOS


A Norma Brasileira NBR 10152 “Níveis de ruído para conforto acústico”, estabelece
os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos, baseados
nas curvas de avaliação de ruído NC.

Freqüência Central da banda de Oitava (Hz)


Figura 6.6. Curvas de Avaliação de Ruído NC Conforme NBR 10152
Os níveis sonoros em bandas de oitava são plotados sobre as curvas NC, devendo
a curva resultante estar abaixo na curva NC recomendada para determinado ambiente.
A Tabela 6.3 lista os níveis de pressão sonora em bandas de oitava
correspondentes às curvas de avaliação de ruído (NC) da NBR 10152.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
80

Tabela 6.3. Níveis de pressão sonora correspondentes às curvas de avaliação de ruído


(NC) conforme NBR 10152
Curva 63 Hz 125 Hz 250 Hz 500 Hz 1 kHz 2 kHz 4 kHz 8kHz
NC dB dB dB dB dB dB dB dB
15 47 36 29 22 17 14 12 11
20 50 41 33 26 22 19 17 16
25 54 44 37 31 27 24 22 21
30 57 48 41 36 31 29 28 27
35 60 52 45 40 36 34 33 32
40 64 57 50 45 41 39 38 37
45 67 60 54 49 46 44 43 42
50 71 64 58 54 51 49 48 47
55 74 67 62 58 56 54 53 52
60 77 71 67 63 61 59 58 57
65 80 75 71 68 66 64 63 62
70 83 79 75 72 71 70 69 68

A Tabela 6.4, fixa as curvas NC que devem ser atendidas pelo ruído ambiente em
diversos locais. Nesta tabela encontram-se também listados a faixa dos níveis sonoros
totais A– ponderados correspondentes à faixa de curvas NC listadas.
As curvas de avaliação de ruído (NC) devem ser utilizadas com bom senso. Por
exemplo, a curva NC de um espectro com forte presença de ruído de baixa freqüência
pode ser ignorada, adotando-se no seu lugar a curva NC que é atendida pelo espectro
nas faixas de oitava acima de 250 Hz, quando o ambiente é destinado à comunicação
oral (salas de conferências, de reunião, de aula, etc.), pois esta é a faixa de freqüências
mais importante para a inteligibilidade da fala. Um espectro sonoro com tais
características, poderá ser indesejável sob o ponto de vista do conforto acústico, devido a
uma presença excessiva de baixas freqüências, sem contudo afetar significativamente a
inteligibilidade da fala.
Considera-se que as curvas de avaliação de ruído (NC) não avaliam
adequadamente a qualidade sonora em ambientes que são servidos por sistemas de
ventilação e ar condicionado. Uma determinada curva NC recomendada poderá estar
sendo atendida em certo local onde a principal contribuição do ruído medido é aquele
proveniente do sistema de ar condicionado. Apesar disso, o ruído ambiente poderá ser
subjetivamente julgado como “retumbante” (excesso de ruído de baixas freqüências) ou
“assobiante” (excesso de ruído de altas freqüências), ou ambos. A fim de melhor avaliar
situações com estas características, foram mais recentemente criados dois critérios de
avaliação que levam em consideração as características das bandas extremas do
espectro sonoro.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
81

Tabela 6.4. Curvas de avaliação de ruído (NC) recomendadas pela NBR 10152 e níveis
sonoros A – ponderados correspondentes

Locais DB (A) NC

Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros cirúrgicos 35 – 45 30 – 40
Laboratórios, Áreas para uso do público 40 – 50 35 – 45
Serviços 45 – 55 40 – 50

Escolas
Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 – 45 30 – 40
Salas de aula, Laboratórios 40 – 50 35 – 45
Circulação 45 – 55 40 – 50

Hotéis
Apartamentos 35 – 45 30 – 40
Restaurantes, Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Portaria, Recepção, Circulação 45 – 55 40 – 50

Residências
Dormitórios 35 – 45 30 – 40
Salas de estar 40 – 50 35 – 45

Auditórios
Salas de concertos, Teatros 30 – 40 25 – 30
Salas de conferências, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35 – 45 30 – 35

Restaurantes 40 – 50 35 – 45

Escritórios
Salas de reunião 30 – 40 25 – 35
Salas de gerência, Salas de projetos e de administração 35 – 45 30 – 40
Salas de computadores 45 – 65 40 – 60
Salas de mecanografia 50 – 60 45 – 55
40 – 50 35 – 45
Igrejas e Templos (Cultos meditativos)

Locais para esporte


Pavilhões fechados para espetáculos e atividades 45 – 60 40 – 50
esportivas
Notas:
a) O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro
aceitável para a finalidade.
b) Níveis superiores aos estabelecidos nesta tabela são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar em
risco de dano à saúde.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
82

Um dos critérios utiliza as chamadas curvas de avaliação de salas (“room criteria


curves” RC), definidas pela norma ANSI S12.2. As curvas RC diferem das NC por
possuírem uma inclinação constante de –5 dB/oitava, e por se estenderem até 16 Hz, a
fim de melhor avaliar ruídos de baixas freqüências. Estas curvas são particularmente
utilizadas para avaliar o ruído provocando por sistemas de condicionamento de ar. As
curvas RC tendem a avaliar os ruídos de baixas e altas freqüências com mais equilíbrio
de que as curvas NC. O outro critério utiliza as curvas de avaliação de ruído balanceadas
(“balanced noise criteria curves” BNC), que são similares às curvas de avaliação de ruído
NC, e similarmente às curvas RC, também se estendem até 16 Hz, conforme norma
ANSI S12.2. Ambos critérios permitem classificar o espectro sonoro como: “neutro”,
“retumbante” ou “assobiante”.

6.7. INTERFERÊNCIA NA FALA


Sabemos da dificuldade de conversar, usar o telefone, ou mesmo de escutar avisos
em áreas onde o nível de ruído é elevado. Em uma sala de aula ruidosa, é comum para
aqueles alunos que se sentam nos locais mais afastados, não escutar o que o professor
está dizendo na frente da sala. Estes são alguns exemplos das dificuldades de
comunicação oral em ambientes ruidosos. A interferência do ruído nos sons da fala causa
frustração, perturbação e irritação. Quando a inteligibilidade da fala é reduzida pelo ruído
nos ambientes de trabalho, há redução de eficiência, e as chances de se cometerem
erros aumentam pela falta de comunicação.
Um método simples de prever-se a inteligibilidade da fala a partir de medidas
físicas, é o de medir-se o nível sonoro A – ponderado do ruído interferente, a partir do
qual obtém-se distâncias para comunicação face –a- face, por meio do gráfico abaixo.
Este método é aplicável quando o ruído for estacionário, com espectro sonoro plano, em
ambientes com pouca reverberação.
Este gráfico baseia-se numa inteligibilidade “satisfatória” da fala, para
comunicação face -a- face, com material da fala não familiar ao ouvinte, e para
voz masculina de média intensidade.
Um outro procedimento simplificado, consiste em calcular-se a média
aritmética dos níveis de ruído não ponderados nas bandas de oitava de 500,
1.000, 2.000 e 4.000 Hz. O resultado é um número único denominado nível de
interferência na fala (“speech interference level” SIL). Um outro procedimento
comumente utilizado, consiste do cálculo da média aritmética dos níveis sonoros
não ponderados somente das bandas de oitava de 500, 1.000 e 2.000 Hz. O
resultado é denominado nível de interferência na fala preferencial (“preferred
speech interference level” PSIL).

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
83

Figura 6.7. Gráfico Para Determinação da Distância Para Comunicação Face –a -Face
em Ambientes Ruidosos

O gráfico também permite determinar as distâncias para comunicação face-a-face a


partir dos valores de SIL e de PSIL. Por exemplo, quando PSIL = 80 dB, que é um valor
elevado, o gráfico indica que a distância entre as pessoas não poderá ir além de 30 cm
para uma comunicação satisfatória. No caso de falar-se pausadamente, com nível de voz
mais elevado, selecionando-se as palavras, e as reduzindo em número, a comunicação
será possível com distâncias maiores.
O gráfico não poderá ser utilizado quando o ruído ambiente for causado pela
conversação de outras pessoas. Este é o caso onde diversos grupos conversam dentro
de uma mesma sala, quando uma dada conversação estará sujeita à interferência das
outras conversações. Este tipo de interferência na comunicação é conhecido como efeito
coquetel (“cocktail party effect”), por ocorrer em ambientes onde confraternizações desta
natureza são realizadas. Não há ainda um procedimento aceito universalmente para
determinar-se a interferência na comunicação verbal sob estas condições.
O PSIL poderá também ser utilizado para prever-se a possibilidade de
conversações telefônicas em ambientes ruidosos. O quadro abaixo caracteriza as
condições de uso do telefone para faixas de PSIL.

Tabela 6.5.Condições de Uso de Telefone Para Faixas de PSIL.

Nível de Interferência na Fala Uso do Telefone *

PSIL < 60 dB Satisfatório

60 dB < PSIL < 75 dB Difícil

PSIL > 80 dB Impossível

* Telefone modelo F-1 da Western Electric

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
84

6.8. RUÍDO EM AMBIENTES DO TRABALHO


A principal preocupação quanto ao ruído em ambientes de trabalho é a perda da
audição induzida por ruído, PAIR. Há um consenso entre os especialistas que a PAIR se
deve à conjugação de dois fatores: nível de ruído e tempo de exposição. Estudos
epidemiológicos relativos a populações expostas a ruídos em ambientes do trabalho,
indicam que a PAIR segue aproximadamente uma relação de proporcionalidade do tipo

PAIR  pn  Te

onde Te é o tempo de exposição à pressão sonora p, e


n é um expoente a ser determinado.

Esta relação mostra que a perda de audição do trabalhador 1 sujeito a pressão


sonora p1 durante o tempo de exposição Te1 , será igual à perda de audição do
trabalhador 2, sujeito à pressão sonora p 2 , durante metade do tempo de exposição do
trabalhador 1, Te2  Te1 / 2 , quando a pressão sonora p 2 a que está exposta o
trabalhador 2, satisfizer a seguinte relação:

Te1
pn2   p1n  Te1
2
ou
p 2  21 / n  p1

O incremento do nível de pressão sonora do trabalhador 2 em relação ao nível de


pressão sonora do trabalhador 1 será então dado por

p2
q  20 log  20 log(21 / n )
p1

onde q (dB) é chamado de fator de troca.


O fator de troca fornece então a variação do nível de ruído que provoca a mesma
PAIR quando o tempo de exposição é duplicado ou reduz-se pela metade. Para n  1, q =
6 dB; para n  1,2 , q = 5 dB; para n  1,5 , q = 4 dB; e para n  2 , q = 3 dB.
O chamado “princípio de igual energia” postula que a PAIR é proporcional à energia
sonora recebida pela orelha. Já que a intensidade sonora é a energia sonora por unidade
de tempo por unidade de área, a energia sonora por unidade de área será dada pelo
produto da intensidade sonora pelo tempo. Como a intensidade sonora é proporcional à
pressão sonora ao quadrado, o “princípio de igual energia” traduz-se matematicamente
em

PAIR  p 2  Te

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
85

Este princípio adota portanto n = 2 e q = 3 dB, ou seja, um acréscimo de 3 dB no


nível de ruído é equivalente (causa a mesma PAIR) à duplicação do tempo de exposição.
O princípio de igual energia é considerado o mais adequado para a estimativa da PAIR,
tendo sido adotado pela Norma ISO 1999: 1990 “Determination of occupational noise
exposure and estimation of noise-induced hearing impairment”.
Os fatores de troca normalmente adotados pela legislações relativas ao ruído em
ambientes do trabalho de diversos países são q = 5 dB e q = 3 dB. Legislações relativas
ao ruído em ambientes do trabalho estabelecem também o nível de ruído máximo para
uma jornada de oito horas de trabalho, denominado de nível critério, L crit. . A Tabela 6.6
fornece os limites de tolerância para ruído ocupacional adotados pela maioria dos países
europeus, pela “Occupational Safety and Health Administration OSHA” nos EUA, e pela
NR-15 da CLT (Lei Nº 6.514 de 22/12/1977, Portaria Nº 3.214 de 8/6/1978) no Brasil.

Tabela 6.6. Limites de tolerância para ruído ocupacional de acordo com a legislação da
maioria dos países europeus, dos EUA (OSHA) e do Brasil (NR-15 da CLT)

Nível de Ruído Tolerado – dB (A)


Tempo de
Países da Europa OSHA NR-15 Exposição Diário
Lcrit = 85 dB (A) Lcrit = 90 dB (A) Lcrit = 85 dB (A) Tolerado (horas)
q = 3 dB q = 5 dB q = 5 dB

85 90 85 8

88 95 90 4

91 100 95 2

94 105 100 1

97 110 105 0,5

100 115 110 0,25

A Figura 6.8 apresenta as curvas associadas aos limites de tolerância da Tabela


6.6.

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
86

8,0

7,5

7,0
Tempo de Exposição Diário Tolerado, Horas

6,5

6,0 Europa
OSHA
5,5
CLT
5,0
4,5

4,0
3,5
3,0

2,5
2,0

1,5
1,0

0,5

0,0
80 85 90 95 100 105 110 115 120
Nível de Ruído, dB(A)

Figura 6.8. Limites de Tolerância para Ruído Ocupacional: Países da Europa, OSHA e
CLT
Estas curvas foram geradas utilizando-se a seguinte formula:

8
Tt  (Le  Lcrit. ) / q
2

onde Tt é o tempo de exposição diário tolerado em horas, e


L e é o nível de ruído de exposição, em dB(A).

Quando o nível de ruído e o tempo de exposição diário assumirem valores de até


aqueles tolerados, não deverá haver (na média dos trabalhadores) perda de audição
induzida pelo ruído.
A magnitude da PAIR é função de outros fatores, inclusive se o ruído é estacionário
ou variável, contínuo, intermitente ou impulsivo. Os limites de tolerância da NR-15 da
CLT, são para ruído contínuo ou intermitente. Esta legislação entende que para fins de
aplicação de seus limites de tolerância, o ruído contínuo ou intermitente é aquele que não

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
87

é de impacto ou impulsivo. Esta mesma norma entende por ruído de impacto aquele que
apresenta picos de nível sonoro de duração inferior a um segundo, a intervalos
superiores a um segundo. A NR-15 da CLT estabelece como limite de tolerância para
ruído de impacto o valor de 130 dB(Lin.), medido na ponderação temporal “Impacto”. Na
ausência desta, a NR-15 da CLT informa que poderá ser medido o nível sonoro C –
ponderado, na ponderação temporal “Rápida”. Neste caso, o limite de tolerância será de
120 dB(C).
Um critério para avaliação de ruídos de impacto, ou impulsivos, que leva em
consideração o número de eventos desta natureza, é aquele estabelecido pela Norma
NHO 01 da Fundacentro “Avaliação da exposição ocupacional ao ruído”. De acordo com
esta Norma, o limite de exposição diária ao ruído de impacto é determinado pela
expressão:

Np  160  10 log(n)

onde Np é o nível de pico em dB(Lin.) máximo admissível para n impactos ou impulsos


ocorridos durante a jornada diária de trabalho.
De acordo com a NHO 01, o limite de tolerância para ruído de impacto, corresponde
ao valor de nível de pico de 140 dB(Lin.).
A legislação brasileira requer que sejam tomadas medidas de controle
administrativas ou de engenharia, caso o nível de ruído médio durante a jornada de 8
horas de trabalho (nível equivalente) exceda 80 dB(A). Estas medidas de controle
assumem diversas formas, e incluem requisitos tais como: especificação do desempenho
acústico de novos equipamentos, programas de testes audiométricos compulsórios,
variação de postos de trabalho a fim de reduzir o tempo de exposição, ou o uso de
protetores auriculares.
A NR-15 da CLT requer que se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou
mais períodos de exposição a ruídos de diferentes níveis, devem ser considerados os
seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações:

C1 C 2 C3 C
     n
T1 T2 T3 Tn

Se exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Nesta


equação, C i indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído
específico, e Ti indica a máxima exposição diária permissível a este nível.
A norma NHO 01 da Fundacentro “Avaliação da exposição ocupacional ao ruído”,
adota o critério de dose diária de ruído D, calculada através da equação acima, sendo o
resultado expresso em porcentagem. Assim, o limite de tolerância da dose diária de ruído
é 100%. Pode-se mostrar que a dose de ruído D(%), em termos do nível equivalente L eq
medido durante o tempo de exposição Te é dada por:

Te (Leq  Lcrit. ) / q
D 2  100%
8

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
88

Assim, o nível equivalente pode ser interpretado como o nível de ruído estacionário
que gera a mesma dose que o ruído real.
O nível equivalente L eq , poderá ser obtido a partir da dose de ruído D(%), através
da seguinte expressão:

10  q  8 D(%) 
L eq  log    L crit.
3  e
T 100 

O dosímetro de ruído é um aparelho de monitoramento de uso pessoal, controlado


por microprocessador, que permite a medição da dose de ruído, além de outras
grandezas que caracterizam a exposição do trabalhador ao ruído, tais como níveis de
sons impulsivos, níveis equivalentes, etc. O dosímetro de ruído tem tamanho que
possibilita o seu transporte pelo usuário (no bolso ou preso ao cinto), e que através de
um cabo de extensão, permite que um pequeno microfone seja fixado próximo ao ouvido
do usuário (na borda do capacete ou na gola da camisa).

Figura 6.9. Dosímetro.

Figura 6.10. Utilização do Dosímetro de Ruído

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
89

Os dosímetros de ruído geralmente possuem controles que possibilitam selecionar


o nível critério, o fator de troca e o nível limiar de integração; todos estes parâmetros
escolhidos conforme legislação aplicável. O dosímetro de ruído, além de medir a dose em
tempo real, pode fornecer a dose projetada, ou seja, a dose após a jornada diária de
trabalho, na condição de que o nível equivalente calculado até então, permaneça
inalterado até o fim da jornada. O dosímetro de ruído fornece informações adicionais tais
como: nível sonoro máximo e mínimo, nível sonoro impulsivo, nível equivalente, tempo de
coleta de dados e tempo de pausa, e dependendo do modelo, permite que as
informações armazenadas sejam transferidas para uma impressora externa.

Quadro 6.3: Nas questões a seguir, assumir que os parâmetros das dosimetrias
são aqueles estabelecidos pela NR–15 da CLT; ou seja: Lcrit.= 85 dB(A) e q = 5 dB.

1 - No final da jornada de trabalho de 8 horas, o dosímetro de ruído indica a dose de


300%. Qual é o nível equivalente?

Te = 8 horas

D = 300%

2 – Após 4 horas, o dosímetro de ruído indica a dose de 67%.

a) Qual é o nível equivalente?

Te = 4 horas

D = 67

b) Qual é a dose projetada para 8 horas?

Te = 8 horas

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
90

3 – O dosímetro de ruído forneceu após um período de medição de 2 horas a dose de

45%. O usuário trabalha nestas condições por 6 horas.

a) Qual é a dose projetada para 6 horas?

b) Para quanto deve ser reduzido o tempo de exposição a fim de que o limite de
dose diária de 100% não seja ultrapassado?

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Capítulo 6. Critérios e normas para avaliar o ruído
91

6.9. TESTES
1.Classificar os seguintes ruídos quanto ao comportamento temporal: transformador
de sub-estação de energia elétrica; ruído industrial; ruído de tráfego aéreo.
a) estacionário, estacionário, estacionário.
b) estacionário, não estacionário, não-estacionário.
c) não estacionário, não estacionário, não-estacionário.
d) não estacionário, estacionário, não-estacionário.
e) estacionário, não estacionário, estacionário.

2. Os níveis sonoros estatísticos poderão ser obtidos a partir do(a):


a) espectro sonoro em bandas de oitava.
b) valor eficaz da pressão sonora.
c) nível sonoro equivalente.
d) histograma de porcentagem do tempo versus níveis sonoros.
e) curva de avaliação de ruído NC.

3. O nível sonoro equivalente poderá ser estimado a partir do(a):


a) espectro sonoro.
b) nível sonoro médio.
c) L90, L50 e L10.
d) L99.
e) dose de ruído de 100%.

4. A PAIR se deve basicamente à conjugação de dois fatores:


a) nível de ruído e conteúdo espectral.
b) nível de ruído e tempo de exposição.
c) nível sonoro equivalente e idade do indivíduo.
d) nível de ruído e jornada de trabalho.
e) nível sonoro e dose diária.

5. A adoção do princípio de igual energia implica em utilizar-se fator de troca igual a:


a) 3 dB.
b) 4 dB.
c) 5 dB.
d) 6 dB.
e) 7 dB.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
92

CAPÍTULO 7. FONTES SONORAS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Calcular o nível de potência sonora de algumas máquinas e equipamentos
notoriamente ruidosos.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Considerar a direcionalidade das fontes em problemas de controle de ruído;
 Calcular o nível de potência sonora de ventiladores;
 Calcular o nível de potência sonora de compressores, torres de resfriamento e
bombas;
 Calcular o nível de potência sonora de motores elétricos, geradores elétricos e
de transformadores elétricos.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
93

7.1. INTRODUÇÃO
Para estimativas de níveis de pressão sonora, necessita-se conhecer os níveis de
potência sonora das fontes em questão. Este é o caso, por exemplo, quando se deseja
determinar o nível de pressão sonora gerado pelo maquinário que opera em determinado
ambiente industrial. Assim, será possível adotar-se medidas preventivas ainda na fase de
projeto, que a experiência tem demonstrado, é muito mais eficaz, evitando-se os custos e
transtornos para resolver problemas de ruído após a implantação da nova instalação.

7.2. DIRECIONALIDADE DA FONTE


Sons e ruídos são gerados por diversos mecanismos. O alto-falante gera som
através da vibração do seu diafragma. Um outro mecanismo de geração de som é o de
uma esfera pulsante. O escapamento do motor de combustão interna, gera som através
de um mecanismo que pode ser associado ao da esfera pulsante. O escapamento expele
certo volume de gases de forma pulsante, assim como a esfera desloca o ar que a
circunda ao pulsar. Ocorre que, enquanto a esfera pulsante gera um campo de ondas
esféricas, o escapamento do veículo e o alto-falante gera uma distribuição de pressão
sonora no seu entorno que depende do comprimento de onda do som que está sendo
irradiado.
Quando o comprimento de onda é muito maior que a dimensão da fonte, o campo
gerado é de ondas esféricas, porém, quando o comprimento de onda é da ordem da
dimensão da fonte ou menor, a radiação sonora da fonte tende a ser direcional. Isto
significa que nas altas freqüências (pequenos comprimentos de onda), a fonte
apresentará direções preferenciais de radiação sonora. Os tweeters, que são alto-
falantes que irradiam som nas altas freqüências, são altamente direcionais; ou seja, as
direções preferenciais de radiação sonora situam-se próximos ao eixo que passa pelo
seu centro. Assim, tweeters devem ser apontados, em campo livre, na direção dos
ouvintes.
Quando uma fonte sonora não apresenta direções preferenciais de radiação
sonora, caso da esfera pulsante, ou do alto-falante em baixas freqüências, diz-se que a
fonte sonora é omnidirecional. Caso contrário, trata-se de uma fonte sonora direcional.
Fontes sonoras perdem a omnidirecionalidade por apresentarem forma não
esférica, ou porque a amplitude e fase das vibrações de suas diferentes superfícies não
são uniformes, ou ambos. O resultado é que mais som é irradiado em determinadas
direções do que outras. Em outras palavras, a pressão sonora a uma mesma distância da
fonte é diferente em direções diferentes.
Como exemplo, observemos o campo sonoro no entorno de um grande
transformador de energia elétrica. Os contornos que envolvem a fonte sonora são de
mesmo nível de pressão sonora. Esta fonte sonora é claramente direcional, já que os
contornos não são circunferências. Observa-se que a superfície frontal do transformador
irradia mais som que as superfícies laterais e posterior.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
94

Figura 7.1. Contornos de Mesmo Nível de Pressão Sonora no Entorno de um Grande


Transformador de Energia Elétrica.

Para fontes sonoras direcionais, a potência sonora não é suficiente para


caracterizar acusticamente a fonte. Há necessidade de conhecer-se o índice de
direcionalidade em função da freqüência, para uma completa descrição acústica de
fontes sonoras direcionais. O índice de direcionalidade, DI , de uma fonte sonora em
campo livre na posição angular  é dado por:

DI  L p  L pEsf

onde L p é o nível de pressão sonora medido à distância r, e na posição angular  , com


relação a fonte sonora, e
L pEsf é o nível de pressão sonora médio espacial, calculado através da média dos
valores eficazes de pressão sonora elevados ao quadrado, os quais são medidos numa
superfície esférica hipotética de raio r envolvendo a fonte sonora.

O índice de direcionalidade de fontes sonoras é geralmente apresentado em


diagramas polares em função da freqüência. A Figura 7.2 mostra o diagrama polar de
índices de direcionalidade de um alto-falante, comparativamente com o da voz humana,
em duas freqüências. Observa-se nestes diagramas, que ambas as fontes sonoras
apresentam maior direcionalidade em altas do que em baixas freqüências. Esta é uma
característica comum a muitas fontes sonoras.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
95

Figura 7.2. Diagramas Polares de Índices de Direcionalidade da Voz Humana (—) e de


um Alto-Falante (■), em Duas Freqüências

Idealmente, níveis de potência sonora e índices de direcionalidade deveriam


constar dos dados de placa de equipamentos com potencial de geração de ruído. Esta
prática é incomum hoje em dia, e ela somente se tornará uma realidade no futuro se os
usuários passarem a exigir a caracterização acústica de máquinas, equipamentos e de
produtos de consumo em geral.
Não é sem razão que normalmente os fabricantes não disponibilizam este tipo de
informação. A caracterização acústica de equipamentos requer ensaios, instrumentação
e pessoal especializado, que geralmente não estão disponíveis.
O fato é que na abordagem de um grande número de problemas de controle de
ruído, há necessidade de conhecer-se o nível de potência sonora e índices de
direcionalidade da máquina ou equipamento. Por enquanto, não existem procedimentos
teóricos que permitam quantificar a capacidade de geração de ruído de qualquer
máquina, equipamento ou processo industrial. Normalmente a potência sonora é obtida
através de ensaios especializados em laboratório.
Existem no entanto métodos, em geral empíricos, para estimativa da potência
sonora de algumas máquinas e equipamentos, comumente utilizados em instalações
industriais e de serviços. O objetivo deste capítulo é o de apresentar tais métodos, para
alguns equipamentos, métodos estes que podem ser utilizados quando não se dispõe de
informações específicas, e quando se tolera certa incerteza nos valores obtidos.
Recomenda-se no entanto, utilizar os dados de desempenho acústico do fabricante,
sempre que disponíveis.
É usual, especificar-se a fonte sonora em termos do nível de pressão sonora a uma
certa distância da fonte. A distância geralmente adotada é 1 m e, neste caso, a relação
entre o nível de pressão e de potência sonora de uma fonte direcional em campo livre é:
L p  L Wd  DI  11dB
onde L Wd é o nível de potência sonora da fonte direcional.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
96

Para fonte omnidirecional em campo livre, esta relação é a seguinte:

L p  L Wo  11 dB

onde L Wo é o nível de potência sonora da fonte omnidirecional.

7.3. RUÍDO DE VENTILADORES


A potência sonora irradiada pela descarga e admissão de ar de ventiladores pode
ser estimada com razoável precisão, através de informações das características de
desempenho do ventilador e com o auxilio da seguinte fórmula:

L W  CF  10 log Q  20 log P  E/3 - 48 dB

onde CF é a chamada potência sonora específica,


Q é a vazão em volume em m 3/s,
P é o incremento de pressão através do ventilador em Pa, e
E é a eficiência do ventilador em %. Adotar E = 99% no caso de desconhecer-se a
eficiência de operação do ventilador.

O método requer a aplicação de uma correção na potência sonora da banda de


oitava na qual ocorre a freqüência de passagem da pá (“blade passing frequency” BPF).
Esta correção é chamada de incremento de freqüência da pá (“blade frequency
increment” BFI). O BFI é aplicado na banda de oitava que contém a BPF, a qual é
calculada através de: BPF  n  RPM / 60 , onde n é o número de pás do ventilador. A
Tabela 7.1 lista valores de CF e de BFI para diversos tipos de ventiladores. As incertezas
associadas à estimativa da potência sonora irradiada pelo ventilador com este método
são de ordem de  2 dB nas bandas de oitava de 250 a 4.000 Hz,  4 dB na banda de
125 Hz, e  8 dB na banda de 63 Hz.
No caso de ventiladores do tipo hélice, com diâmetro maior que 3,5 m, utilizar a
seguinte fórmula:

L W  CF  70 log D  50 log RPM - 223 dB

onde D é o diâmetro do hélice em m, e


RPM é a velocidade de rotação do hélice em rotações por minuto.

Estas equações fornecem estimativas da potência sonora irradiada para a


tubulação que se conecta ao ventilador. Utilizar as correções listadas na Tabela 7.2 para
calcular a potência sonora irradiada através da carcaça do ventilador para o ambiente
externo onde o ventilador se situa.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
97

Tabela 7.1.: Potência sonora específica CF (dB re. 10-12 Watts) e incremento de
freqüência da pá BFI para vários tipos de ventiladores.(a)
Tipo de Ventilador Freqüência Central da Banda de Oitava (Hz)
63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000 BFI
Aerofólio
e
Limit Load
Centrífugo

Acima de 0,9 m 32 32 31 29 28 23 15 7 3
Abaixo de 0,9 m 36 38 36 34 33 28 20 12 3
Sirocco 47 43 39 33 28 25 23 20 2
Acima de 1m 45 39 42 39 37 32 30 29 8
Entre 0,5 e 1m 55 48 48 45 45 40 38 37 8
Radial
Abaixo de
63 57 58 50 44 39 38 37 8
0,5m
Axial com Aletas Fixas
Acima de 1 m 39 36 38 39 37 34 32 22 6
Abaixo de 1 m 37 39 43 43 43 41 38 32 6
Axial Tubular (s/
Aletas) 41 39 43 41 39 37 34 27 5
Axiai

Acima de 1 m
40 41 47 46 44 43 37 35 5
Abaixo de 1m
Hélice (Torre de
Resfria/.)
Diâmetro do Hélice 48 51 58 56 55 52 46 44 5
Abaixo de 3,5 m
Acima de 3,5 m 56 57 56 55 55 52 48 46 5
(a)
Os valores listados referem-se à potência sonora específica irradiada pela entrada ou saída do ventilador. Adicionar 3
dB aos valores listados, para obter a potência sonora específica total irradiada.

Tabela 7.2.: Correções a serem subtraídas do nível de potência sonora total L W


calculado dentro do duto, para obter a potência sonora em bandas de oitava irradiada
pela carcaça do ventilador e tubulação adjacente.

Banda de Oitava Correções


(Hz) (dB)
63 0
125 0
250 5
500 10
1.000 15
2.000 20
4.000 22
8.000 25

Quadro 7.1: Estimar a potência sonora em bandas de oitava de um ventilador


centrífugo do tipo limit load, com diâmetro de 0,5 m, que fornece uma vazão de 0,237
m3/s e um incremento de pressão de 125 Pa. O ventilador tem 30 pás, rotação de 1.500
RPM, e opera com eficiência de 90%.

Resolução:
 Inserir Q = 0,237 m3/s , P = 125 Pa e E = 90% na fórmula:

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
98

 Extrair os valores listados para o ventilador do tipo limit load da Tabela

7.1, para calcular a potência sonora em bandas de oitava conforme

indica a tabela no final do quadro.

 Calcular a freqüência de passagem da pá, BPF, para determinar a banda

na qual o incremento de freqüência da pá, BFI (indicado na tabela 7.1,

última coluna), deve ser aplicado:

A freqüência de passagem da pá está dentro da banda de oitava de 1.000

Hz (tabela 7.1), portanto o incremento da freqüência da pá de 3 dB deve ser

adicionado à potência sonora desta banda conforme indica a tabela.

Freqüência Central da Banda de Oitava (Hz)


Grandeza 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000
CF (dB) 36 38 36 34 33 28 20 12
BFI (dB) — — — — 3 — — —
L W (dB) 54 56 54 52 54 46 38 30

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
99

7.4. RUÍDO DE COMPRESSORES DE AR


Compressores de ar são fontes comuns de ruído. A Tabela 7.3. fornece níveis de
pressão sonora a 1 m de compressores pequenos e médios conforme a faixa de potência
do compressor. Na maioria das situações, os valores obtidos a partir desta tabela são
conservativos; isto é, ligeiramente superestimados.

Tabela 7.3.: Níveis de pressão sonora em bandas de oitava a 1m, em função da potência
de compressores de ar pequenos e médios.

Nível de Pressão Sonora a 1 m


(dB)
Freqüência Central da Banda de
Oitava (Hz)
Potência do Compressor de Ar
(kW)
até 1,5 2a6 7 a 75
31,5 82 87 92
63 81 84 87
125 81 84 87
250 80 83 86
500 83 86 89
1.000 86 89 92
2.000 86 89 92
4.000 84 87 90
8.000 81 84 87

No caso de grandes compressores, as seguintes fórmulas poderão ser utilizadas na


estimativa direta da potência sonora total irradiada externamente.

 Compressores rotativos e alternativos (inclusive com admissão de ar


“parcialmente” silenciada)
L W = 10 log kW + 90 dB
 Compressores centrífugos (ruído irradiado pela carcaça, excluindo ruído
irradiado pela admissão de ar)
L W = 10 log kW + 79 dB
 Compressores centrífugos (ruído irradiado pela admissão de ar não silenciada,
excluindo ruído irradiado pela carcaça)
L W = 10 log kW + 80 dB
Os níveis de potência sonora em bandas de oitava de grandes compressores
poderão ser obtidos a partir dos níveis totais obtidos com o auxílio das fórmulas acima,
subtraindo-se as correções listadas na Tabela 7.4.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
100

Tabela 7.4.: Correções para estimativa dos níveis de potência sonora em bandas de
oitava do ruído irradiado por grandes compressores.
Correção (dB)
Freqüência Central da Compressores Compressor Compressor
Banda de Oitava (Hz) Rotativos e Centrífugo — Centrífugo —
Alternativos Carcaça Admissão de Ar
31,5 11 10 18
63 15 10 16
125 10 11 14
250 11 13 10
500 13 13 8
1.000 10 11 6
2.000 5 7 5
4.000 8 8 10
8.000 15 12 16

7.5. RUÍDO DE TORRES DE RESFRIAMENTO


Diversos tipos de torres de resfriamento estão ilustrados na Figura 7.3, sendo que
seus níveis de potência sonora total poderão ser estimados através das seguintes
fórmulas:
 Torres de resfriamento do tipo hélice,
o com ventiladores com potência de até 75 kW
L W = 8 log kW + 100 dB

o com ventiladores de potência acima de 75 kW


L W = 10 log kW + 96 dB
Subtrair 8 dB quando o ventilador opera com meia rotação nominal.
 Torres de resfriamento do tipo centrífuga,
o com ventiladores com potência de até 60 kW
L W = 11 log kW + 85 dB
o com ventiladores de potência acima de 60 kW
L W = 7 log kW + 93 dB

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
101

Figura 7.3. Principais Tipos de Torres de Resfriamento.

Os níveis de potência sonora de torres de resfriamento em bandas de oitava


poderão ser estimados subtraindo-se as correções listadas na Tabela 7.5, do nível de
potência sonora total calculado com auxílio das fórmulas acima.

Tabela 7.5.: Correções em dB a serem subtraídas do nível total para obter o nível de
potência sonora em bandas de oitava do ruído de torres de resfriamento

Banda de Oitava (Hz) Tipo Hélice Tipo Centrífuga


31,5 8 6
63 5 6
125 5 8
250 8 10
500 11 11
1.000 15 13
2.000 18 12
4.000 21 18
8.000 29 25

A Tabela 7.6 fornece correções aproximadas do nível de pressão sonora médio


calculado, que levam em consideração efeitos de direcionalidade da fonte. Tais correções
devem ser utilizadas quando do cálculo de níveis de pressão sonora a distâncias maiores
que 6 m da torre de resfriamento.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
102

Tabela 7.6.: Correções aproximadas em dB do nível de pressão sonora médio, que


levam em consideração efeitos de direcionalidade de torres de resfriamento.(a)

Freqüência Central da Banda de Oitava ( Hz )


TIPO DE TORRE E LOCAL DE
MEDIÇÃO
31,5 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000
Centrífuga c/ Descarga Forçada
Frente +3 +3 +2 +3 +4 +3 +3 +4 +4
Lado 0 0 0 -2 -3 -4 -5 -5 -5
Atrás 0 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -6
Topo -3 -3 -2 0 +1 +2 +3 +4 +5
Fluxo Axial c/ Descarga Forçada
Frente +2 +2 +4 +6 +6 +5 +5 +5 +5
Lado +2 +1 +1 -2 -5 -5 -5 -5 -4
Atrás -3 -3 -4 -7 -7 -7 -8 - 11 -3
Topo -5 -5 -5 -5 -2 0 0 +2 +4
Hélice c/ Fluxo Induzido
Frente 0 0 0 +1 +2 +2 +2 +3 +3
Lado -2 -2 -2 -3 -4 -4 -5 -6 -6
Topo +3 +3 +3 +3 +2 +2 +2 +1 +1
Hélice c/ Admissão Inferior e
Descarga Forçada
Qualquer Lado -1 -1 -1 -2 -2 -3 -3 -4 -4
Topo +2 +2 +2 +3 +3 +4 +4 +5 +5
(a)
Estas correções aplicam-se em situações onde não há superfícies refletoras, ou superfícies que
obstruam a radiação sonora livre da torre de resfriamento. Adicionar estas correções ao nível de
pressão sonora médio calculado. Não aplicar estas correções quando a distância da torre de
resfriamento for menor que 6 m.

7.6. RUÍDO DE BOMBAS


A Tabela 7.7 apresenta estimativas do nível de pressão sonora total a 1 m, em
função da potência e rotação da bomba.

Tabela 7.7.: Níveis de pressão sonora total a 1 m da bomba


Potência de Placa do Motor de Acionamento
Faixa de Rotação (RPM)
Abaixo de 75 kW Acima de 75 kW
3.000 – 3.600 10 log kW + 72 dB 3 log kW + 86 dB
1.600 – 1.800 10 log kW + 75 dB 3 log kW + 89 dB
1.000 – 1.500 10 log kW + 70 dB 3 log kW + 84 dB
450 – 900 10 log kW + 68 dB 3 log kW + 82 dB
Os níveis de pressão sonora em bandas de oitava poderão ser estimados
subtraindo-se as correções listadas na Tabela 7.8, do nível de pressão sonora total a 1m.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
103

Tabela 7.8.: Correções em dB a serem subtraídas do nível total estimado com as


fórmulas da Tabela 7.7, para obter o nível de pressão sonora em bandas de oitava do
ruído da bomba
Freqüência Central Valor a ser Subtraído
da Banda de Oitava (Hz) do Nível de Pressão Sonora Total (dB)
31,5 13
63 12
125 11
250 9
500 9
1.000 6
2.000 9
4.000 13
8.000 19

7.7. RUÍDO DE MOTORES ELÉTRICOS


7.7.1. MOTORES ELÉTRICOS PEQUENOS (ABAIXO DE 300 KW)
O nível de pressão sonora total a 1m de pequenos motores elétricos poderá ser
estimado, para motores totalmente enclausurados, ou para motores com ventoinhas,
através das fórmulas que se seguem.
 Abaixo de 40 kW
L p  17 logkW  15 logRPM  17 dB

 Acima de 40 kW
L p  10 logkW  15 logRPM  28 dB

Motores a prova de respingos, geram níveis de pressão sonora 5 dB inferiores aos


motores com ventoinhas.
Os níveis de pressão sonora em bandas de oitava poderão ser obtidos, para ambos
motores, subtraindo-se do nível de pressão sonora total estimado com as fórmulas acima,
as correções da Tabela 7.9.

Tabela 7.9.: Correções em dB a serem subtraídas do nível sonoro total, para estimativa
dos níveis sonoros em bandas de oitava de pequenos motores elétricos
Correções em (dB)
Freqüência Central da Motor Totalmente
Motor a Prova
Banda de Oitava (Hz) Enclausurado e Motor com
de Respingos
Ventoinha
31,5 14 9
63 14 9
125 11 7
250 9 7
500 6 6
1.000 6 9
2.000 7 12
4.000 12 18
8.000 20 27

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
104

7.7.2. MOTORES ELÉTRICOS GRANDES (ACIMA DE 300 KW)


A Tabela 7.10 lista os níveis de potência sonora irradiado por motores elétricos com
potência na faixa de 750 a 4.000 kW. No caso de motores especiais de baixa rotação,
estes níveis poderão ser menores em até 5 dB; e maiores em até 15 dB para motores de
alta rotação. Para motores com potência acima de 4.000 kW, acrescentar 3 dB aos
valores da Tabela 7.10. Para motores com potência na faixa de 300 a 750 kW, subtrair 3
dB dos valores da Tabela 7.10.

Tabela 7.10.: Níveis de potência sonora em bandas de oitava de motores elétricos


grandes.(a)
Freqüência Rotação em RPM
Central
1.800 e 3.600 250 e 400
Da Banda de 1.200 900 720 e abaixo
(vertical)
Oitava (Hz)
31,5 94 88 88 88 86
63 96 90 90 90 87
125 98 92 92 92 88
250 98 93 93 93 88
500 98 93 93 93 88
1.000 98 93 96 98 98
2.000 98 98 96 92 88
4.000 95 88 88 83 78
8.000 88 81 81 75 68
(a)
Se aplicam a motores de indução com potência na faixa de 750 a 4.000 kW. Inclusive
para motores a prova de respingos e motores do tipo P-1 e P-2 enclausurados (sem
especificação de desempenho acústico).

7.8. RUÍDO DE GERADORES ELÉTRICOS


O nível de potência sonora total irradiado por geradores elétricos (sem o sistema de
acionamento) poderá ser estimado através da seguinte fórmula:
L W  10 logMW  6,6 logRPM  84 dB.
Subtrair do nível de potência sonora total calculado com a fórmula acima, as
correções da Tabela 7.11, para obter-se os níveis de potência sonora em bandas de
oitava.

Tabela 7.11.: Correções de bandas de oitava para o ruído de geradores elétricos


Freqüência Central Correção a ser Subtraída do Nível
Da Banda de Oitava (Hz) de Potência Sonora Total (dB)
31,5 11
63 8
125 7
250 7
500 7
1.000 9
2.000 11
4.000 14
8.000 19

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
105

7.9. RUÍDO DE TRANSFORMADORES ELÉTRICOS


O nível de potência sonora em bandas de oitava irradiado por transformadores
elétricos poderá ser obtido através da seguinte fórmula:

LW = NR + 10 log S + C dB
onde NR é a classificação da Norma No.TR 1-1993 (R2000) da NEMA (National Electrical
Manufacturers Association) quanto à geração de ruído,
S é a área da superfície equivalente do transformador (obtida a partir da área do
tanque do transformador) em m 2, e
C é a correção listada na Tabela 7.12 para cada banda de oitava.

A classificação NR da NEMA, é o nível de pressão sonora A–ponderado médio


espacial, medido ao redor do transformador à distância de 0,30 m. N R é geralmente
fornecido pelo fabricante do transformador.

Tabela 7.12.: Valores da correção C do ruído de transformadores (a)


Freqüência Central Correção C em dB
da Banda de Oitava (Hz) Local 1 (b) Local 2 (c) Local 3 (d)
31,5 -1 -1 -1
63 5 8 8
125 7 13 13
250 2 8 12
500 2 8 12
1.000 -4 -1 6
2.000 -9 -9 1
4.000 - 14 - 14 -4
8.000 - 21 - 21 - 11
(a)
Para transformadores em óleo, os valores de C são elevados, e baixos para transformadores
em ar. Consultar as especificações do fabricante.
(b)
Ao ar livre, ou internamente a salas grandes com grande número de equipamentos mecânicos.
(c)
Internamente a salas pequenas, ou em salas grandes com pequeno número de equipamentos.
(d)
Em qualquer local crítico, onde haja problemas quando o transformador gera ruído acima da
classificação NEMA após a instalação.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
106

Nota 7.1: Determinar os níveis de potência sonora em bandas de oitava de um


transformador em óleo de subestação de energia elétrica, com potência de 40 MVA e
tensão de 138 kV, 80 m 2 de superfície equivalente, e que tem uma classificação NEMA de
74 dB(A). O transformador operará ao ar livre.
 Inserir NR = 74 dB(A) , S = 80 m2 na fórmula LW = NR + 10 log S + C dB,

obtendo: LW = 74 + 10 log 80 + C dB = 93 + C dB

 Construir a tabela abaixo, a partir dos valores de C listados na Tabela

7.12, para Local 1, tendo em vista que o transformador operará ao ar livre.

 , para Local 1, tendo em vista que o transformador operará ao ar livre.

Freqüência Central da Banda de Oitava (Hz)


Grandeza
31,5 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000
C (dB) –1 5 7 2 2 –4 –9 –14 –21
L W (dB) 92 98 100 95 95 89 84 79 72

7.10. RUÍDO DE ENGRENAGENS


Os níveis de pressão sonora de caixas de engrenagens em bandas de oitava de
125 Hz e acima, à distância de 1m poderão ser estimados com o auxílio da seguinte
fórmula:
L p  4 logkW  3 logRPM  78 dB

onde: kW é a potência transmitida pela caixa de engrenagens, e


RPM é o número de rotações por minuto do eixo mais lento.

Os níveis das bandas de oitava de 63 e 31,5 Hz são obtidos subtraindo-se 3 e 6 dB


do valor calculado com a fórmula acima, respectivamente. Esta fórmula aplica-se a caixas
com engrenagens de dentes retos. No caso de caixas com engrenagens helicoidais ou
espinha de peixe, os níveis estimados poderão ser menores em até 10 dB.

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Capítulo 7. Fontes Sonoras
107

7.11. TESTES
1. A potência sonora é suficiente para caracterizar acusticamente uma fonte
sonora?
a) Não, se a fonte for direcional.
b) Não, se a fonte irradiar ruído.
c) Sim, se a fonte irradiar ruído.
d) Não, se a fonte for um alto-falante.
e) Sim, se a fonte for direcional.

2. Alternativamente à potência sonora, pode-se caracterizar a capacidade que uma


fonte omnidirecional tem em irradiar som por meio do:
a) índice de direcionalidade.
b) espectro de nível de pressão sonora médio.
c) espectro de nível de pressão sonora a 1 m.
d) comprimento de onda do som gerado.
e) nível de potencia sonora.

3. O ruído gerado por ventiladores depende:


a) do tipo de ventilador.
b) do tipo de ventilador e da vazão.
c) do tipo de ventilador, da vazão, do incremento de pressão.
d) da eficiência do ventilador, do tipo de ventilador, da vazão, do incremento de
pressão.
e) n.d.a.

4. O nível de potência sonora do ruído gerado por compressores e por torres de


resfriamento depende, além do tipo, da:
a) potência em kW.
b) rotação em RPM.
c) potência em kW e da rotação em RPM.
d) do local de instalação.
e) da freqüência em kHz.

5. O nível de potência sonora do ruído gerado por bombas, motores elétricos,


geradores elétricos e engrenagens depende da:
a) potência em kW.
b) rotação em RPM.
c) potência em kW e da rotação em RPM.
d) do local de instalação.
e) da freqüência em kHz.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
108

CAPÍTULO 8. ACÚSTICA EM AR LIVRE E RUÍDO AMBIENTAL

OBJETIVOS DO ESTUDO
Entender os mecanismos da propagação sonora em ar livre, e equacionar os
principais fatores de atenuação.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Resolver problemas simples de poluição sonora ambiental;
 Determinar o nível sonoro no receptor devido a fontes de ruído ambientais;
 Utilizar métodos simplificados de cálculo da atenuação de diversos mecanismos
da propagação sonora em ar livre;
 Projetar barreiras acústicas.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
109

8.1. INTRODUÇÃO
A Figura 8.1 ilustra os mecanismos mais significativos da propagação sonora em ar
livre. O nível sonoro se reduz com a distância a medida que o som diverge da fonte, a
qual poderá ser direcional. A absorção sonora do ar atmosférico atenua o som ao longo
de sua trajetória. Reflexões no solo interferem com o som direto, causando atenuação ou
(menos freqüentemente) amplificação. Áreas densamente arborizadas conferem
atenuação adicional ao som, assim como barreiras naturais e artificiais. O espalhamento
do som na copa de árvores poderá reduzir a eficácia de barreiras artificiais. Gradientes
verticais de vento e de temperatura refratam (“curvam”) as trajetórias sonoras para cima e
para baixo, gerando regiões de “sombra“ sonora, alterando a interferência com o solo, e
modificando a efetividade das barreiras sonoras.

Figura 8.1. Mecanismos da Propagação Sonora em Ar Livre


A propagação sonora em ar livre é normalmente apresentada em termos de três
componentes: a fonte sonora, a trajetória de transmissão e o receptor. A equação básica
da propagação sonora em ar livre é dada por:

L p r, θ  L W  20 log r  DIθ  10 log  A combinado  11 dB

onde L W é o nível de potência sonora da fonte,
r é a distância entre a fonte sonora e o receptor,
DI é o índice de direcionalidade da fonte, e
 é o ângulo sólido que é disponibilizado para livre propagação sonora,
A combinado é a atenuação combinada de todos os mecanismos significativos de
atenuação sonora entre a fonte e o receptor.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
110

A redução do nível sonoro com a distância fonte-receptor, é devido à divergência da


onda. Como sabemos, e conforme indica esta fórmula, a redução do nível sonoro devido
à divergência da onda, para fonte sonora pontual, é dada por  20 logr , e implica numa
queda de 6 dB do nível sonoro para cada duplicação da distância fonte-receptor. Para
fonte sonora em linha, como no caso do ruído gerado pelo tráfego de veículos em uma
rodovia, a redução do nível sonoro devido à divergência da onda é dada por  10 logr , o
que implica numa queda de 3 dB do nível sonoro para cada duplicação da distância
fonte-receptor.

8.2. ÂNGULO SÓLIDO PARA LIVRE PROPAGAÇÃO, Ω


Quando da existência de grandes superfícies próximas à fonte, o termo que leva
em consideração o ângulo sólido, 10 log( / 4) , é uma aproximação de banda larga,
para os efeitos de uma complexa interação entre o som direto e o refletido pelas
superfícies. Esta aproximação, baseia-se essencialmente no fato que as superfícies
impedem a propagação sonora nas direções por elas afetadas e assim, a energia sonora
se concentra nas direções de propagação não obstruídas pelas superfícies. Por exemplo,
quando uma fonte está sobre o solo ou próxima dele, a energia sonora que se propagaria
para baixo é refletida na superfície do solo para cima, sendo o resultado a duplicação da
energia sonora que estaria se propagando para cima, na hipótese de que a fonte sonora
estivesse longe do solo. Neste caso, a energia sonora fica concentrada no ângulo sólido
2 (semi-espaço), que é a metade do ângulo sólido 4 (espaço em torno de um ponto).
Assim, o termo que leva em consideração o ângulo sólido escreve-se 10log(2/4), igual
à – 3 dB. Já, para uma fonte situada próxima ao solo e a uma fachada vertical de
edificação, o termo do ângulo sólido fica 10log(/4), igual à – 6 dB.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
111

Quadro 8.1. A Figura 8.2. ilustra uma residência vizinha a uma subestação de
transformação de energia elétrica. Esta residência está sujeita ao ruído gerado por dois
grandes transformadores. Um com potência de 40 MVA e tensão de 138 kV, e outro com
potência de 60 MVA e tensão de 88 kV. O nível de potência sonora em bandas de oitava
do transformador de 40 MVA/138 kV foi calculado na Nota 7.1. O nível de potência
sonora do transformador de 60 MVA/88 kV é maior nas bandas de 1, 2 e 4 kHZ, devido
ao sistema de ventilação forçada deste transformador. Nestas bandas, o nível de
potência sonora é respectivamente 4, 3 e 2 dB maior do que o transformador de 40
MVA/138 kV. Considerando apenas os efeitos da divergência da onda e da presença do
solo próximo aos transformadores, determinar o nível de pressão sonora total A–
ponderado na residência.

Resolução:

Considerando apenas os efeitos da divergência da onda, a fórmula para

estimativa da pressão sonora à distância r da fonte escreve-se:

Considerando os transformadores como fontes sonoras omnidirecionais

temos que

Dlθ = 0 dB. Como se trata de radiação hemi-esférica, o ângulo sólido para livre

propagação, Ω = 2π. As distâncias entre os transformadores e a residência são as

mesmas e iguais a 140 m. Assim, temos que:

Os níveis de potência sonora dos transformadores estão listados na Tabela

8.1, bem como os níveis de pressão sonora gerados na residência por cada

transformador, e os respectivos níveis sonoros A–ponderados.

O nível de pressão sonora total gerado na residência pelos dois

transformadores será dado pela adição logarítmica de L PA transf. 1 = 44 dB(A) e LPA

transf. 2 = 46 dB(A), resultando em LPA total = 48 dB(A).

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
112

Figura 8.2. Poluição Sonora Causada por Transformadores em Sub-Estação de Energia


Elétrica.

Tabela 8.1. Níveis de potência sonora dos transformadores.

Freqüência Central da Banda de Oitava (Hz)


Grandeza
31,5 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000

LW (dB)
Transformador
40MVA/138 kV

92 98 100 95 95 89 84 79 72
(Calculado na Nota 7.1)

Lp (r  140m) (dB) 41 47 49 44 44 38 33 28 21

Ganho do Filtro A (dB) -39,4 -26,2 -16,1 -8,6 -3,2 0 1,2 1,0 -1,1

L pA (dBA) 1,6 20,8 32,9 35,4 40,8 38 34,2 29 19,9

L pA = 44 dB(A)
transf.1

LW 92 98 100 95 95 93 87 81 72
Transformador

(dB)
60MVA/88 kV

Lp (r  140m) (dB) 41 47 49 44 44 42 36 30 21

Ganho do Filtro A -
-26,2 -16,1 -8,6 -3,2 0 1,2 1,0 -1,1
(dB) 39,4

L pA (dBA) 1,6 20,8 32,9 35,4 40,8 42 37,2 31 19,9

L pA = 46 dB(A)
transf.2

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
113

8.3. DIRECIONALIDADE DA FONTE


É comum a instalação de equipamentos tais como torres de resfriamento, bombas e
ventiladores na cobertura, e aparelhos de ar condicionado na fachada de edificações. O
ruído gerado por estes equipamentos pode perturbar a comunidade vizinha. Instalações
deste tipo, apresentam certa direcionalidade no ruído irradiado. A Figura 8.3, fornece
Índices de direcionalidade, DI, aproximados, a serem aplicados ao nível sonoro total A–
ponderado, para fontes sonoras na cobertura e na fachada de edificações, ou para o som
que emana de aberturas na cobertura/fachada de edificações.
Para fontes localizadas nas áreas hachuradas da Figura 8.3, os índices de
direcionalidade indicados poderão ser utilizados na equação básica da propagação
sonora em ar livre. Observar que tais valores não levam em consideração os efeitos de
superfícies próximas em termos de .

Figura 8.3. Índices de Direcionalidade, DI, Aproximados, a Serem Aplicados ao Nível


Sonoro Total A–Ponderado, Para Fontes na Cobertura e na Fachada de Edificações

8.4. MECANISMOS MAIS SIGNIFICATIVOS DE ATENUAÇÃO SONORA EM AR


LIVRE
A atenuação à medida que o som se propaga a partir da fonte depende da
freqüência. Assim, a redução do nível total A–ponderado depende da composição do
espectro sonoro. As fórmulas apresentadas neste capítulo para o cálculo da atenuação
dos níveis sonoros A–ponderados se aplicam a fontes cujo espectro seja similar (em
torno de  5 dB) ao da Tabela 8.2.

Tabela 8.2. Espectro de Fonte Típica.


Freqüência Central da
63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000
Banda de Oitava, Hz
L p (oitava) menos L p A
–2 +1 –1 –3 –5 –8 – 12 – 23
(total), dB

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
114

Este espectro é típico de motores diesel com silenciador, tráfego rodoviário,


ferroviário e aéreo, sons impulsivos como os de arma de fogo, e de muitas fontes
externas de ruído industrial. Neste capítulo, este espectro sonoro é chamado de espectro
de fonte típica.
A Tabela 8.3, sumariza os mecanismos de atenuação mais significativos da
propagação sonora em ar livre. Omitem-se atenuações causadas pela neblina,
precipitação e turbulência atmosférica por serem geralmente desprezíveis.

Tabela 8.3. Principais Mecanismos de Atenuação Sonora da Propagação em Ar Livre.


Tabulações indicadas com A referem-se a níveis sonoros A – ponderados para espectro
de fonte típica
Atenuação Aproximada de 5 dB
Sob Estas
Mecanismo Descrição Sucinta Nesta Distância
Condições
Absorção do Ar 800 m A
Absorção sonora do ar A 10ºC e 70% de
1.500 m em 500 Hz
atmosférico. umidade relativa. Oitava
250 m em 4 kHz
85 m A
Interferência (quase
Solo Macio 10 m em 250 e 500 Hz
sempre destrutiva) entre Para alturas da
50 m em 125 e 1.000
o som diretor e o fonte e do receptor
Hz Oitava
refletido sobre solo da ordem de 1.2 m
Não há em 63 e 2.000
“macio”.
Hz
Atenuação provocada Quando o receptor
Barreira por uma barreira encontra-se na
acústica entre a fonte e o sombra acústica
receptor, combinada com provocada pela Todas —
uma atenuação adicional barreira, em
de solo acusticamente temperaturas
“macio”. normais sem vento.
Edificações Com uma fileira de
Atenuação provocada
edificações com
por edificações entre a Todas —
aproximadamente
fonte e o receptor.
25% de abertura.
Vegetação 30 m A
Densa Atenuação provocada
Áreas com muitas
por vegetação densa
árvores e vegetação 100 m em 500 Hz
entre a fonte e o Oitava
densa no solo. 50 m em 4.000 Hz
receptor.

Reverberação
Urbana Amplificação sonora Com edificações de
devida a múltiplas no mínimo 10 m de
Todas —
reflexões em altura em ambos os
desfiladeiros urbanos. lados da rua.

Vento e Alteração da atenuação 150 m A


Em dias
Temperatura do solo e/ou da barreira,
ensolarados, para
ou criação de sombras
alturas da fonte e 150 m em 500 Hz
acústicas causadas por Oitava
receptor da ordem 50 m em 4.000 Hz
gradientes verticais de
de 1,2 m.
temperatura e de ventos.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
115

8.5. ATENUAÇÃO DO AR ATMOSFÉRICO


O gráfico (Figura 8.4) fornece a distância entre fonte-receptor necessária para uma
atenuação de 3 dB nos níveis sonoros A – ponderados, causada pela absorção do ar
atmosférico. Tal atenuação é para o espectro de fonte típica. Após os primeiros 3 dB de
absorção atmosférica, o nível sonoro A – ponderado reduz-se menos com a distância,
pois a energia sonora de alta freqüência foi parcialmente removida do espectro. Assim,
as distâncias para atenuações adicionais de 3 dB são maiores do que as indicadas neste
gráfico.

Figura 8.4. Distância Fonte-Receptor Para os Primeiros 3 dB de Redução do Nível


Sonoro A – Ponderado, Causada Pela Atenuação do Ar Atmosférico

Quadro 8.2. (a) A Figura 8.5 ilustra um possível problema de poluição sonora ambiental,
onde a descarga de vapor de uma planta petroquímica na atmosfera, a uma altura de 30
m , poderá perturbar a comunidade que habita o seu entorno. O jato de alta pressão,
gera níveis de potência sonora em bandas de oitava conforme Tabela 8.4. Determinar o
nível sonoro A–ponderado no receptor, que dista 700 m da extremidade da tabulação de
descarga, sabendo-se que a atmosfera encontra-se quiescente, à temperatura de 25º C,
e umidade relativa de 50 %. Discutir o resultado em face da NBR 10151.

Resolução:

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
116

Aqui, r = 700 m, Ω = 4π (fonte sonora longe do solo a 30 m de altura);

assim, o nível sonoro para cada banda de oitava será dado por:

O diagrama polar de direcionalidade é para o ruído total gerado pelo jato.

Aqui, Acombinado se deve exclusivamente à atenuação do ar atmosférico, a

qual é fornecida para o nível sonoro total A–ponderado. Determinemos

então, inicialmente, o nível sonoro em bandas de oitava, para em seguida

determinarmos o nível sonoro total A–ponderado, considerando apenas o

efeito de divergência da onda, omitindo portanto Dlθ - Acombinado da fórmula

acima, resultando em:

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
117

Figura 8.5: Poluição Sonora Causada Pela Descarga de Vapor na Atmosfera

Tabela 8.4. Níveis de Potência Sonora do Ruído Gerado Pela Descarga do Jato de Vapor
na Atmosfera
Freqüência Central LW
da Banda de Oitava b

(Hz) (dB)
31,5 101
63 116
125 118
250 114
500 116
1.000 113
2.000 111
4.000 103
8.000 98

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
118

Tabela 8.5. Níveis de Potência Sonora e Ganho de Filtro


Freqüência Lp
LW L p (r=700 m) Ganho do bA
Central da Banda b b Filtro A
de Oitava (dB) (dB) (dBA)
(dB)
(Hz)
31,5 101 33 -39,4 —
63 116 48 -26,2 21,8
125 118 50 -16,1 33,9
250 114 46 -8,6 37,4
500 116 48 -3,2 44,8
1.000 113 45 0 45
2.000 111 43 1,2 44,2
4.000 103 35 1,0 36
8.000 98 30 -1,1 28,9
Nível Sonoro A–Ponderado 50 dB(A)

Tabela 8.6. Níveis de Potência Sonora (Ruído do Jato e Fonte Típica)

L p (oitava)– L p A (total), Para:


Banda de Oitava, Hz
Fonte Típica – (Ruído do Jato), dB
63 –2 – (–2)= 0
125 +1 – (0)= 1
250 –1 – (–4)= 3
500 –3 – (–2)= –1
1.000 –5 – (–5)= 0
2.000 –8 – (–7)= –1
4.000 –12 – (–15)= 3
8.000 –23 – (–20)= –3

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
119

Quadro 8.2.(b)

Resolução:

Observar na tabela 8.6. que o espectro sonoro do ruído do jato é similar

(até  5 dB) ao espectro de fonte típica. Nesta tabela, valores entre parêntesis

referem-se ao espectro do ruído do jato, e aqueles sem parêntesis referem-se

aos valores do espectro de fonte típica. A diferença entre estes valores é

inferior à  5 dB. Esta similaridade é necessária para validade da atenuação do

ar atmosférico aqui utilizada.

Aqui, Acombinado = Atenuação do Ar Atmosférico. Para espectro de fonte

típica, e para a temperatura e umidade relativa fornecidas, a distância para os

primeiros 3 dB de redução do nível sonoro A–ponderado está em torno de

700m, conforme gráfico de atenuação do ar atmosférico.

Para θ = 125º, o diagrama polar de índices de direcionalidade (figura 8.5)

fornece: Dlθ = -12 dB.

Logo o nível sonoro total A–ponderado no receptor será: 50 – 12 – 3 = 35

dB(A).

A NBR 10151 estabelece o nível critério de avaliação, NCA, de 70 e 60 dB(A)

para o período diurno e noturno, respectivamente, em área predominantemente

industrial. Portanto o nível de ruído gerado pela descarga de vapor na

atmosfera está dentro dos limites tolerados.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
120

8.6. ATENUAÇÃO DO SOLO


Conforme indica a ilustração superior da Figura 8.6, a reflexão no solo produz um
segundo raio sonoro entre a fonte e o receptor. Este raio refletido no solo interfere com o
raio direto, resultando em atenuação ou amplificação do nível sonoro, dependendo das
fases das duas ondas. Esta interferência entre as ondas é função da freqüência do som,
podendo gerar reduções de 20 – 30 dB (interferência destrutiva em freqüências para as
quais os dois raios estão defasados de 180º), e amplificações de até 6 dB (duplicação da
pressão sonora em freqüências para as quais os raios estão em fases coincidentes).
Para propagações não rasteiras, sobre solos acusticamente “duros” (asfalto, terra
batida, água, solo inundado, etc.), são observadas diversas regiões no espectro sonoro
com interferências destrutivas e construtivas. O resultado é uma amplificação média de
aproximadamente 3 dB relativamente ao som direto, tanto dos níveis das bandas de
oitava, como do nível sonoro total A – ponderado. Esta correção de + 3 dB, no caso do
solo duro, é computada no termo que leva em consideração o ângulo sólido –
10log(2/4) = + 3 dB na equação básica.
Por outro lado, propagações próximas da rasteira, sobre solos acusticamente
“macios” (com vegetação rasteira, terra arada ou aerada, neve ou outros solos
“fissurados”), geram inversões de fase da onda refletida, exceto em freqüências muito
baixas. O resultado é significativa atenuação de banda larga do espectro sonoro. A
fórmula apresentada abaixo para o cálculo da atenuação sonora de solos, é para
propagação próxima da rasteira, sobre solos macios (principalmente solo coberto com
vegetação rasteira e terra arada), relativamente ao referencial de + 3 dB do solo duro.
Propagações em solos cobertos com neve e outros solos fissurados não serão aqui
abordados.
Para o som gerado por veículos isolados em rodovias (fonte pontual), a atenuação
dos níveis sonoros A–ponderados de solo recoberto com grama, relativamente ao solo
duro ( = 2 na equação básica) à distância r é dada por:

 r 
A grama  10 G log   0,
 15 m 
 h ef 
onde 0  G  0,751    0,66 , e hef é a altura efetiva dada por
 12,5 m 

1
 h  hR  , sem barreira interveniente
2 S
h ef 
 1 h  h   h , com barreira interveniente

2
S R B

Observe-se que no caso de terrenos desnivelados, estes devem ser modelados


como planos, onde os ângulos dos raios sonoros envolvidos na situação real, devem ser
reproduzidos no modelo plano.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
121

Figura 8.6. Parâmetros Utilizados no Cálculo da Atenuação do Solo Coberto com


Vegetação Rasteira. Ilustração Superior: Sem Barreira Acústica. Ilustração Inferior: Com
Barreira Acústica

Somente computar-se-á a atenuação do solo para distâncias r superiores a 15 m, e


com hef menor que 12,5 m. Adicionalmente, o limite superior de G de 0,66, gera um valor
constante da atenuação do solo para alturas efetivas hef entre 0 e 1,5 m.
Observe-se que quando da existência de uma barreira acústica entre a fonte e o
receptor, ocorre um aumento da altura efetiva h ef, com conseqüente redução da
atenuação do solo. Fisicamente, a barreira destrói parte de atenuação do solo macio pois
há um aumento do ângulo de incidência no solo, ocorrendo também (freqüentemente)
uma redução da trajetória do raio que atinge o receptor diretamente do topo da barreira.
Esta redução de atenuação do solo será mais bem discutida no próximo item, onde ela
será incorporada na atenuação da barreira.
Quando as fontes sonoras distribuem-se em linha, como é o caso do tráfego de
veículos em uma rodovia, a distância de normalização de 15 m na fórmula acima, deve
ser substituída por 8,8 m, no caso de fontes pontuais.

8.7. ATENUAÇÃO DE BARREIRAS ACÚSTICAS


Uma barreira acústica é qualquer estrutura ou obstáculo que impede a visão da
fonte pelo receptor — inclusive o próprio solo quando este se eleva interferindo com a
linha de visão. No caso de barreiras longas, onde a difração sonora nas bordas laterais
da barreira não contribui com o nível sonoro no receptor, o som que o atinge é aquele
que a partir da fonte, na frente da barreira, alcança o topo desta, e é curvado por difração
para baixo, a partir da chamada zona de Fresnel, localizada sobre o topo da barreira,
gerando a zona de sombra acústica atrás da barreira.
O som que penetra na zona de sombra tem seu nível reduzido por difração. Esta
redução é chamada de atenuação da barreira Abarreira. A presença da barreira deteriora
parcialmente a atenuação de solos macios, conforme discutido no item anterior. O
resultado da difração sonora, combinada com a redução parcial da atenuação do solo
macio, é denominada de perda por inserção (“insertion loss” IL) da barreira.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
122

ILbarreira  Abarreira  (redução da atenuação do solo macio)


 Abarreira  A solo s/barreira  A solo c/barreira

A atenuação da barreira poderá ser calculada através da seguinte fórmula:

 2π N
20 log  5  0 fora da sombra
 tanh 2π N
A barreira 
20 C  log 2π N
 5  0 dentro da sombra
 1
 tanh(C2 2π N )
Obs: tanh é a tangente hiperbólica.

O receptor está fora da sombra quando ele é capaz de visualizar a fonte, e dentro
da sombra quando a sua visão da fonte é obstruída pela barreira.
Os parâmetros que aparecem nesta equação, inclusive o número de Fresnel N, e
as constantes C1 e C2 , encontram-se definidos na Figura 8.7. Observe-se que a barreira
não necessita estar perpendicular ao segmento que une a fonte ao receptor para validade
desta fórmula.
A atenuação da barreira encontra-se plotada na Figura 8.7., com diferentes valores
para os parâmetros C1 e C2. Nesta figura, a atenuação da barreira encontra-se plotada
em função da raiz quadrada do número de Fresnel N. Esta raiz quadrada, é
aproximadamente proporcional à altura efetiva da barreira h b,ef, que é a altura da barreira
acima da linha de visão. Observe-se na Figura 8.7 que a atenuação da barreira aumenta
a medida que: (1) a altura efetiva da barreira aumenta e (2) a barreira aproxima-se da
fonte ou do receptor.
Para estimativas mais conservadoras (menor atenuação), utilizar as curvas
tracejadas no lugar das curvas sólidas. O número de Fresnel N é adimensional;e  é o
comprimento de onda. As constantes C1 e C2 diferem para fonte pontual/linha e
opcionalmente para estimativas normais/conservadoras. O inserte superior define os
parâmetros geométricos associados à barreira/fonte/receptor. O inserte inferior apresenta
a atenuação adicional para algumas características físicas específicas de barreiras.
Normalmente, a fórmula acima apresentada é aplicada no cálculo da atenuação de
tons puros No entanto, esta fórmula poderá ser utilizada para o cálculo da atenuação dos
níveis sonoros A–ponderados, com a utilização de uma freqüência “efetiva” da fonte.
Verificou-se que a atenuação do nível total A–ponderado do espectro de fonte típica,
quando calculada banda por banda, é igual à atenuação de tons puros em 500 – 1.000
Hz. Em outras palavras, o nível sonoro total A–ponderado do espectro de fonte típica é
reduzido do valor de atenuação obtido com o número de Fresnel calculado com valores
de  na faixa de 0.34 – 0.67 m.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
123

Figura 8.7. Atenuação de Barreira Acústica para Fonte Pontual e em Linha (Tráfego em
Rodovia)

8.8. ATENUAÇÃO DE EDIFICAÇÕES


Edificações atenuam os níveis sonoros quando elas se interpõem entre a fonte e o
receptor. O som que atinge o receptor é aquele que, a partir da fonte, é difratado no topo
das edificações, e que se transmite através das aberturas entre elas. Desta forma, uma
fileira de edificações confere menos atenuação que uma barreira contínua de mesma
altura. A atenuação aproximada conferida por uma única fileira de edificações
interveniente é dada por

A 1 f ileira  10 log[1- minFL , F   10 ILbarreira/10 ]  10 dB

Nesta fórmula, min ( FL , F) é o valor mínimo entre FL e F. Aqui FL é a fração do
comprimento linear bloqueada pelas edificações, calculada através de li /L , onde li e L
estão indicados na Figura 8.8. Similarmente, F  é a fração angular bloqueada pelas
edificações, calculada através de 
θ i /θ , onde i e  estão também indicados na Figura
8.8.
Nesta fórmula, ILbarreira é a perda por inserção considerando que a fileira de
edificações se trata de uma barreira contínua (sem aberturas).
O valor de atenuação máxima de 10 dB indicado, baseia-se na experiência
adquirida em campo.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
124

Figura 8.8. Parâmetros a Serem Utilizados no Cálculo da Atenuação Conferida por Uma
Única Fileira de Edificações Interveniente Entre a Fonte e o Receptor

A fórmula para o cálculo da atenuação de edificações se aplica em situações onde


há apenas uma fileira de edificações interveniente entre a fonte e o receptor. Fileiras
subseqüentes conferem atenuação menor. Uma estimativa conservadora é de 1,5 dB de
atenuação para cada fileira adicional, até o limite de 10 – 15 dB de atenuação total.
No caso de propagação sonora através de áreas com edificações industriais, onde
os prédios não estão enfileirados, a atenuação aproximada é dada por (0,05
dB/m) redificações , onde redificações é o comprimento em metros do segmento que une a fonte
ao receptor através das edificações. A atenuação sonora neste caso se deve
principalmente ao espalhamento sonoro provocado pelas edificações da zona industrial.

8.9. ATENUAÇÃO DE VEGETAÇÃO DENSA


Áreas ocupadas com vegetação densa, consistindo essencialmente de árvores, que
se interpõem entre a fonte e o receptor, atenuam os níveis sonoros gerados pela fonte. A
atenuação é causada pelo espalhamento sonoro nos troncos e galhos das árvores
(médias freqüências) e nas folhas (altas freqüências). A absorção sonora das folhas não
é geralmente significativa. Para certos tipos de árvores, a perda da folhagem durante o
inverno, reduz um pouco a atenuação sonora em áreas de vegetação densa; porém, para
outros tipos de árvores, isto não ocorre. Uma atenuação adicional em baixas freqüências
é conferida pelo solo da área ocupada com vegetação densa, onde raízes e arbustos
conferem ao solo uma característica acústica macia.
A atenuação sonora conferida por áreas com vegetação densa poderá ser estimada
através de

1/3 
rv egetação 
 f   densa 
A v egetação  6...10      10 dB
densa  1kHz   100 m 
 

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
125

onde rv egetação é o comprimento do trecho do segmento que une a fonte ao receptor


densa
dentro da área de vegetação densa.

Antes de utilizar esta fórmula, certificar-se de que: (1) a área com vegetação seja
densamente ocupada com árvores, e que possua arbustos que impeçam a visão da fonte
pelo receptor, e (2) as árvores se elevem a pelo menos 5 m acima da linha de visão.
Mesmo quando medições objetivas indicam que não há atenuação significativa
causada pela vegetação, muitas pessoas afirmam que a vegetação torna o meio
ambiente mais silencioso. Talvez a razão seja puramente psicológica: as pessoas gostam
de árvores; as árvores tornam o ambiente menos inóspito. Adicionalmente, talvez a
sensibilidade auditiva possa perceber nuanças que os medidores de nível sonoro não
conseguem captar.
As folhagens de árvores espalham significativamente os sons de alta freqüência,
que transmitem a idéia de “aspereza mecânica”, e portanto tendem a reduzir esta
sensação auditiva negativa, sem contudo ter havido redução do nível sonoro A–
ponderado. O espalhamento sonoro provocado pelas árvores gera uma reverberação na
área coberta com vegetação, mascarando as asperezas e sons impulsivos que tendem a
ser perturbadores. Ambos os mecanismos alteram para melhor a “qualidade” do som
percebido, sem contudo alterar o nível sonoro A–ponderado. Adicionalmente, o
movimento das folhagens pela ação de ventos, produz sons agradáveis, que mascaram
parcialmente os sons mais perturbadores.

8.10. REVERBERAÇÃO URBANA


Desfiladeiros urbanos podem amplificar o ruído de tráfego, devido às múltiplas
reflexões nas fachadas das edificações que margeiam as vias de tráfego. De fato, as
fachadas das edificações restringem a divergência da onda sonora, causando
reverberação urbana, o que amplifica os níveis sonoros.
A amplificação sonora em desfiladeiros urbanos AMP reverb poderá ser estimada para
uma via de tráfego de sentido único através da seguinte fórmula

  r 
2 
AMP rev erb  10 log1    (1  )  R
  r  2d f achada  
 
onde R é dado por
 hedif icação
R  4 3

 w v ia 

Nesta fórmula, r é a distância entre o receptor e a via perpendicularmente a esta,


dfachada é a distância entre o receptor e a fachada da edificação mais próxima,  é o
coeficiente de absorção (a ser visto mais adiante neste capítulo) da fachada da
edificação, hedificação é a altura da edificação, e wvia é a largura da via.

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
126

8.11. GRADIENTES VERTICAIS DE TEMPERATURA E DE VELOCIDADE DO


VENTO (REFRAÇÃO)
Gradientes verticais de temperatura e de velocidade do vento, são variações
verticais de temperatura e de velocidade do vento, respectivamente. Tais gradientes
provocam a curvatura dos raios sonoros num fenômeno conhecido como refração.
Uma situação atmosférica comum é a que provoca um gradiente negativo de
temperatura (a temperatura decresce com a altitude). Esta situação é típica do entardecer
de um dia ensolarado, quando a significativa insolação do solo durante o dia, causa
elevadas temperaturas do solo ao entardecer, e significativa transferência de calor do
solo para o ar adjacente. Esta ocorrência é conhecida, em termos metereológicos, como
lapso positivo. Aqui, os raios sonoros são desviados para cima, formando uma região de
sombra acústica próxima ao solo. A situação inversa ocorre à noite, quando é comum a
ocorrência de gradientes positivos de temperatura (a temperatura cresce com a altitude).
Isto se deve ao resfriamento rápido do ar na superfície do solo, à medida que o calor é
absorvido pelo solo. Esta situação é chamada de lapso negativo, ou inversão, com os
raios sonoros se desviando para baixo. Este último fenômeno explicaria fato a “melhor”
propagação sonora durante a noite, pois os raios sonoros se concentram no solo ao invés
de serem desviados para cima.
A velocidade do vento aumenta verticalmente para cima (gradiente positivo), pois
as camadas de ar próximas ao solo tendem a ser freadas por atrito. Quando a
propagação sonora se dá a favor do vento, a frente da onda se inclina para o solo e o raio
sonoro passa a incidir sobre ele. Quando a propagação sonora se dá contra o vento, a
frente da onda se inclina para cima e o raio sonoro se afasta do solo.
A Figura 8.9. ilustra situações onde a refração devida a gradientes verticais de
temperatura e de velocidade do vento altera a trajetória dos raios sonoros. Nos dois
quadros à esquerda, a refração altera a altura aparente da barreira. Em geral, quando o
lapso de temperatura é positivo, ou quando o vento sopra do receptor a fonte, ocorre
aumento da atenuação; enquanto quando há inversão, ou quando o vento sopra da fonte
ao receptor, poderá ocorrer redução da perda por inserção da barreira, da atenuação de
solos macios e de áreas cobertas com vegetação. Nos dois quadros à direita da Figura
8.9, a refração produz regiões de sombra e de concentração de raios sonoros.

Figura 8.9. Efeitos dos Gradientes Verticais de Velocidade do Vento e de Temperatura.


Quadros Superiores: Vento, Com (Linha Sólida) e Sem (Linha Tracejada) Barreira
Acústica. Quadros Inferiores: Temperatura, Com e Sem Barreira Acústica

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
127

A refração devido aos gradientes de temperatura e de velocidade do vento afeta a


atenuação de solos macios e de barreiras. Na ausência de barreira, quando o som se
propaga a uma distância r sobre solo macio, a atenuação dos níveis sonoros A–
ponderados, à altura h acima do solo, causada por gradientes de vento e de temperatura
poderá ser estimada através de
 r
 30 log 15 m dB caso 1

0 dB caso 2

A v ento/temp  10  6,2 h  0,03 h log r   0 dB
2
caso 3
s/barreira  1m 1m2   15 m 

 7,9 h 0,3 h 2   r 
14   log   0 dB caso 4
 1m 1 m 2   15 m 

Nestas fórmulas, caso 1 aplica-se quando um mecanismo (vento ou temperatura)


provoca o desvio de raios sonoros para cima, estando neutro o outro mecanismo. Caso 2
aplica-se quando ambos mecanismos estão neutros ou quando um deles desvia os raios
para cima e o outro para baixo. Caso 3 aplica-se quando um mecanismo desvia os raios
sonoros para baixo e o outro mecanismo está neutro. Finalmente, caso 4 aplica-se
quando ambos mecanismos desviam os raios sonoros para baixo.
Quando há uma barreira interveniente, a atenuação dos níveis sonoros A–
ponderados causada por gradientes de temperatura e de velocidade do vento poderá ser
estimada através de
 3 caso1

A v ento/temp   0 caso 2
c/barreira  3
 caso 3

Estas fórmulas são aplicáveis quando o vento sopra no sentido da fonte ao receptor
a uma velocidade em torno de 5 m/s, medida a 3 m acima do solo. O efeito do vento é
proporcional à sua velocidade. Ventos de maior velocidade produzem efeitos mais
severos. Em estimativas conservadoras, recomenda-se utilizar o módulo do vetor
velocidade no lugar do módulo de sua componente na direção de interesse, caso esta
direção varie de menos de  45º.
Os efeitos dos gradientes de temperatura e de velocidade do vento são altamente
variáveis com o tempo devido à turbulência atmosférica. Assim, é arriscado contar com
atenuações permanentes geradas por gradientes negativos. Alguns métodos de predição
de impacto ambiental devido ao ruído, requerem que as estimativas sejam feitas sob
condições de propagação sonora a favor do vento, onde ocorre redução de perda por
inserção da barreira, da atenuação de solos macios e de áreas cobertas com vegetação.
A atenuação média causada por ventos e temperatura, A média, em condições de
propagação variável contra e a favor do vento, poderá ser estimada à distância r entre
fonte-receptor, para receptores com alturas de pelo menos 4 m, através de

3
A média 
10 
.
5
m /r 2  1,6
2

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
128

8.12. INTERAÇÃO ENTRE OS MECANISMOS DE ATENUAÇÃO


A Tabela 8.7 sumariza as principais interações entre os mecanismos de atenuação
mais significativos da propagação sonora em ar livre.. Os efeitos combinados são difíceis
de serem estimados pois a interação é inerentemente complexa.
As interações que provocam maior impacto nos resultados numéricos são: (1) entre
a barreira e o solo macio; (2) entre os gradientes de temperatura/velocidade do vento e o
solo; e (3) entre os gradientes de temperatura/velocidade do vento e a barreira.

Tabela 8.7. Sumário das principais interações entre os mecanismos de atenuação mais
significativos da propagação sonora em ar livre

Calcular Desconsiderar
Desconsiderar
A barreira gradientes em gradientes em Desconsiderar Vento/
áreas com Temp.
Somar Somar com C2 edificações; gradientes em
vegetação;
efeitos. efeitos. igual a somar efeitos áreas
somar efeitos
1,77 ou na distância urbanas.
na distância
2,15. remanescente.
remanescente.
Limitar IL
Ignorar
da Desconsiderar Reverberação
atenuação Urbana
barreira atenuação da
Somar do solo
em 5 – Somar efeitos. vegetação em
efeitos. macio em
10 dB áreas
áreas
em áreas urbanas.
urbanas.
urbanas.
Usar o Usar o Vegetação
Usar o maior Densa
Somar maior no maior no
no lugar da
efeitos. lugar da lugar da
soma.
soma. soma.
Usar o Usar o Edificações
Somar maior no maior no
efeitos. lugar da lugar da
soma. soma.
Computar
IL da
barreira, e Barreira
Somar não
efeitos. somente a
atenuação
da
barreira.
Solo
Somar Macio
efeitos.

Absorção
Atmosférica

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
129

Planta

Corte

Figura 8.10. Esquema da Instalação de Trituração de Pedras

Tabela 8.8. Níveis de Potência Sonora e Índices de Direcionalidade a 110º do Ruído


Gerado Pela Instalação de Trituração de Pedras

Freqüência Central da L W (dB) DI à 110º


Banda de Oitava (Hz) b

63 114 –2
125 116 –3
250 118 –1
500 116 –3
1.000 114 –3
2.000 113 –3
4.000 109 –3
8.000 99 –1

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
130

Quadro 8.3. (a): Uma mineradora possui uma instalação de trituração de pedras com
dimensões de 50 x 5 x 7,5 m. A principal fonte de ruído da instalação é o triturador, o
qual poderá ser considerado como uma fonte sonora pontual, com centro de emissão
sonora conforme indica o esquema da Figura 8.10. O triturador normalmente opera
ininterruptamente, gerando ruído estacionário, com níveis de potência sonora conforme
Tabela 8.8. Encontram-se também indicados nesta tabela, os índices de direcionalidade
a 110º com relação ao eixo que passa pelo centro da instalação, que é a direção onde se
situa o receptor. Pede-se determinar: a) o nível de pressão sonora no receptor; b) o nível
de pressão sonora no receptor após a inserção de uma barreira com 8,5 m de altura, na
posição indicada no esquema da Figura 8.10. Considerar a atmosfera quiescente, à
temperatura de 25º C, e umidade relativa de 50 %.

Aqui, r = 200 m; Ω = 2π (centro de emissão sonora próximo ao solo);

Dlθ = Dl110°. Assim, o nível sonoro para cada banda de oitava será dado por:

Aqui, Acombinado se deve à atenuação do ar atmosférico e à atenuação de solo

macio (caso a); mais atenuação da barreira (caso b). Estas atenuações serão

calculadas em termos do nível sonoro total A–ponderado. Determinemos então,

inicialmente, o nível sonoro em bandas de oitava, para em seguida determinarmos

o nível sonoro total A–ponderado, considerando apenas o efeito de divergência da

onda e direcionalidade da fonte, omitindo portanto Acombinado da fórmula acima,

resultando em:

Observar na Tabela 8.10 que o espectro sonoro do ruído do triturador é

similar (até  5 dB) ao espectro de fonte típica. Nesta tabela, valores entre da

segunda linha referem-se ao espectro do ruído do triturador, e os da terceira linha

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
131

referem-se aos intervalos de valores para uma fonte ser similar a uma fonte típica.

A condição de similaridade é necessária para validade das atenuações a serem

aqui calculadas.

Tabela 8.9. Níveis de Potência Sonora e Ganho de Filtro

Freqüência Central LW
L p (r=200 m, Ganho do Filtro Lp
b DI à b bA
da Banda de Oitava θ =110º) A
(dB) 110º
(Hz) (dB) (dB) (dBA)
63 114 –2 58 -26,2 31,8
125 116 –3 59 -16,1 42,9
250 118 –1 63 -8,6 54,4
500 116 –3 59 -3,2 55,8
1.000 114 –3 57 0 57
2.000 113 –3 56 1,2 57,2
4.000 109 –3 52 1,0 53
8.000 99 –1 44 -1,1 42,9
Nível Sonoro A–Ponderado (Lpa) 63 dB(A)

Para achar os valores da segunda linha da tabela 8.10, calcula-se: L p (oitava)–


b
L p A (total), encontrados na tabela 8.9, por exemplo para 63Hz = 58 dB – 63dB = -5
Para calcular os intervalos da terceira linha da tabela 8.10, basta retirar os valores
da tabela 8.2 e subtrair 5 para obter o limite inferior e somar 5 para obter o limite superior.

Tabela 8.10. Níveis de Potência Sonora (Ruído do Triturador e Fonte Típica)


Banda de 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000
Oitava, Hz
L p (oitava)–
b -5 -4 0 -4 -6 –7 -11 -19
L p A (total),
Intervalo
tolerável [-7, +3] [-4, +6] [-6, +4] [-8, +2] [-10, 0] [-13, -3] [-17, -7] [-28, -18]
(tabela 8.2)

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
132

Quadro 8.3. (b)

Resolução:

Caso a:

Atenuação do Ar, Aar:

Para espectro de fonte típica, e para o ar atmosférico à temperatura de 25º C

e 50% de umidade relativa, a distância para os primeiros 3 dB de redução do nível

sonoro A–ponderado está em torno de 700 m, conforme gráfico de atenuação do

ar atmosférico. Portanto para a distância fonte-receptor de 200m,

Atenuação do Solo, Asolo:

A distância entre fonte-receptor é de 200 m. O solo é duro até 75 m da fonte e

macio a partir desta distância. Portanto o solo é macio a uma distância r = 125 m.

A atenuação de 4 dB é relativamente ao solo duro ( = 2 na equação

básica).

Logo o nível sonoro total A–ponderado no receptor no Caso a será:

63 – 1 – 4 = 58 dB(A).

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
133

Caso b (com barreira):

Do esquema fornecido na figura 8.10 tem-se que:

(altura da fonte = 5m)

(altura do receptor = 5 m)

Para o cálculo da barreira vamos escolher uma freqüência “efetiva” da fonte

entre 500 e 1.000 Hz. Na tabela 8.10, verifica-se que o nível sonoro A–ponderado da

banda de 1.000 Hz é maior que aquele da banda de 500 Hz. Como entre estas duas

bandas, o nível sonoro da banda de 1.000 Hz é o mais crítico, escolhamos então a

freqüência efetiva igual a 1.000 Hz., que corresponde a λ = 0,34m. Logo:

No esquema em corte da instalação, verifica-se que o receptor está na zona

de sombra da barreira. Para receptor dentro da zona de sombra da barreira, a

atenuação da barreira é dada por:

valor este que é confirmado no gráfico de Atenuação da Barreira versus para

fonte pontual.

Cálculo de (Asolo)c/ barreira:

Como hef > 12,5 m, temos: Agrama = 0, portanto:

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
134

Logo o nível sonoro total A–ponderado no receptor no Caso b será:


58 – 11,3 = 46,7 dB(A).

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Capítulo 8. Acústica em ar livre e ruído ambiental
135

8.13. TESTES
1. A divergência da onda provoca para fontes pontuais e em linha uma redução do
nível de pressão sonora para cada duplicação da distância fonte-receptor de:
a) 6 e 3 dB, respectivamente.
b) 3 e 6 dB, respectivamente.
c) 0 e 3 dB, respectivamente.
d) 6 e 0 dB, respectivamente.
e) 0 e 6 dB, respectivamente.

2. O índice de direcionalidade de uma torre de resfriamento na cobertura de um


edifício vale:
a) 2 .
b) 0 dB.
c) –5 dB.
d) –5 dB no plano horizontal da cobertura.
e) 2 R2

3. Quando uma fonte sonora está sobre solo duro reflexivo, o ângulo sólido para
livre propagação é:
a) 0.
b) 2 .
c) 4 .
d)  / 2 .
e)  / 4 .

4. A absorção atmosférica depende:


a) do nível sonoro.
b) da temperatura e umidade relativa.
c) da freqüência do som.
d) dos ventos.
e) do meio de propagação.

5. O número de Fresnel N depende:


a) Da freqüência do som, da altura efetiva da barreira e das distâncias entre fonte-
barreira e receptor-barreira.
b) Do comprimento de onda.
c) Da geometria da barreira.
d) Apenas da altura efetiva da barreira e do comprimento de onda.
e) Apenas da freqüência da onda sonora

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
136

CAPÍTULO 9. ACÚSTICA DE SALAS E RUÍDO EM RECINTOS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Obter coeficientes de absorção tendo o conhecimento dos materiais que revestem
uma superfície. Determinar tempos de reverberação.

Ao terminar o capitulo você estará apto a:


 Aplicar conhecimentos de acústica em diversos ambientes;
 Entender os fatores que influenciam na absorção sonora;
 Obter os coeficientes de absorção sonora;
 Distinguir absorção e isolação sonora.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
137

9.1. INTRODUÇÃO
A acústica aplicada a ambientes fechados é chamada de Acústica de Salas. Esta
denominação tem na realidade sentido mais amplo, pois trata da acústica em qualquer
recinto fechado, quer este seja uma sala propriamente dita, um auditório, um estúdio de
gravação, um grande galpão industrial, ou uma pequena oficina.
Os problemas causados pelo ruído em recintos incluem o risco da perda de audição
numa indústria, a redução da inteligibilidade da fala numa sala de aula, a dificuldade de
concentração numa biblioteca, a perturbação do sono num dormitório, a dificuldade de
comunicação numa sala de estar, etc.
Em campo livre, como indica o próprio nome, a propagação sonora se dá de forma
livre, sem obstrução. Já em recintos, a propagação sonora sofre interferência das
superfícies que delimitam o recinto — paredes, teto e piso. Quando o som incide nestas
superfícies, a energia sonora incidente é parcialmente refletida, sendo a parcela
remanescente absorvida pela superfície. Uma medida da capacidade de absorção de
energia sonora de superfícies é dada pelo coeficiente de absorção sonora,  , o qual é
definido da seguinte forma:
Iabsorv ida Iincidente  Iref letida I
   1  ref letida ,
Iincidente Iincidente Iincidente
onde Iabsorv ida é a intensidade sonora absorvida; ou seja, energia sonora absorvida por
unidade de tempo (Energia Sonora/Tempo = Potência Sonora), e por unidade de área de
área da superfície (Potência Sonora/Área = Intensidade Sonora),
Iref letido é a intensidade sonora do som refletido, e
Iincidente é a intensidade sonora do som incidente.

O coeficiente de reflexão sonora,  , é definido da seguinte forma:

Iref letida
 ,
Iincidente
Das duas fórmulas de definição acima, verifica-se então que:   1   . Assim,
  1 e   0 para uma superfície totalmente absorvente ( Iref letida  0 );   0 e
  1 para uma superfície totalmente reflexiva ( Iref letida  Iincidente ).
Parte da intensidade sonora absorvida degrada-se em calor no meio material do
qual a superfície é constituída, e a outra parte é re-irradiada pela face da superfície
oposta àquela do som incidente. Esta parcela re-irradiada é a intensidade sonora
transmitida, Itransmitida . Associado à intensidade sonora transmitida, define-se o
coeficiente de transmissão sonora,  , da seguinte forma:
Itransmitida
 .
Iincidente

O ambiente no qual a intensidade sonora transmitida se propaga poderá ser ao ar


livre, ou um recinto.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
138

Figura 9.1. Som Incidindo Numa Superfície Absorvente

9.2. ABSORÇÃO SONORA


Materiais tipicamente utilizados para absorver som são fibrosos (lã de vidro, lã de
rocha, etc.), ou porosos (espumas de poliuretano, do tipo das esponjas utilizadas em
limpeza doméstica). A absorção se dá essencialmente pela dissipação da energia sonora
por atrito, devido ao movimento das partículas do ar no interior destes materiais, quando
da passagem da onda sonora. Um bom absorvente de som é o material que “respira”, ou
seja, o material que permite que as partículas do ar penetrem e se movimentem em seu
interior. Tecidos com trama muito estreita que não permitem que o ar os atravesse (ex.
encerados de algodão) são ineficazes, assim como aqueles que apresentam trama muito
esparsa (ex.. gaze), que é possível enxergar através deles. Assim percebe-se que o a
propriedade fundamental dos materiais absorventes é a “resistência ao escoamento” — a
maximização da absorção sonora requer uma resistência ótima ao escoamento de ar
através do material.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
139

Figura 9.2. Materiais Porosos e Fibrosos

Existem diferentes métodos experimentais para determinação do coeficiente de


absorção sonora de materiais. O coeficiente de absorção sonora normalmente utilizado
nas aplicações é aquele obtido experimentalmente em uma câmara de testes especial
denominada de câmara reverberante (maiores detalhes mais adiante no capítulo). O
coeficiente de absorção sonora assim obtido é denominado de Sabine. O coeficiente de
absorção sonora aqui utilizado é sempre o de Sabine.
O coeficiente de absorção sonora de materiais absorventes de som fibrosos e
porosos tipicamente varia com a freqüência do som incidente conforme ilustra a figura.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
140

Figura 9.3. Variação Típica do Coeficiente de Absorção Sonora com a Freqüência de


Materiais Absorventes de Som Fibrosos e Porosos

A curva do coeficiente de absorção sonora versus freqüência desloca-se tanto


vertical como horizontalmente, dependendo das características físicas e construtivas dos
materiais absorventes de som. A figura abaixo ilustra os efeitos de alguns fatores na
curva de absorção sonora. Observa-se geralmente que  aumenta com a espessura e
com a densidade de materiais fibrosos e porosos. Esta figura o efeito da aplicação de
tintas nestes materiais.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
141

Figura 9.4. Fatores que Influenciam a Absorção Sonora de Materiais Fibrosos e Porosos

Observa-se ainda que o afastamento do material da superfície de uma parede/teto,


tende a aumentar a absorção sonora, principalmente nas baixas freqüências. De fato, a
eficácia dos materiais fibrosos e porosos, é maior quando localizados em regiões onde a
velocidade do movimento acústico das partículas é maior. A figura abaixo ilustra o
comportamento da pressão sonora e da velocidade das partículas do ar entre duas
paredes de um recinto. Observa-se que junto à parede, a pressão sonora é máxima,
enquanto que a velocidade da partícula é zero — as partículas do ar não se movimentam
junto a uma parede rígida. A velocidade das partículas é máxima onde a pressão sonora
é mínima. Isto ocorre a uma distância da parede igual a 1/4 do comprimento de onda do
som incidente. Assim, o material absorvente deve ser espesso, ou estar suficientemente
afastado da superfície, para interagir com as partículas de ar na região onde a velocidade
é máxima.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
142

Figura 9.5. A Absorção Sonora de Materiais Fibrosos e Porosos é Maior Onde A


Velocidade das Partículas é Máxima

Como geralmente os materiais fibrosos e porosos apresentam baixos coeficientes


de absorção sonora nas baixas freqüências, uma alternativa ao aumento da espessura,
que é caro, é instalar o material afastado de  / 4 da superfície. Por exemplo, para
aumentar a absorção sonora na banda de oitava de 125 Hz, a distância da superfície
deverá ser de  / 4  c / 4f  340 /( 4  125)  0,68 m = 68 cm (c = velocidade do som em
m/s). Esta distância é muito grande para aplicação do material absorvente em paredes.
Distâncias desta ordem de grandeza são mais facilmente viabilizadas no teto de recintos.
Define-se coeficiente de redução sonora (“Noise Reduction Coefficient” NRC) como
a média aritmética dos coeficientes de absorção sonora das bandas de oitava de 250 a
2.000 Hz.
1
NRC  [(250Hz)  (500Hz)  (1.000Hz)  (2.000Hz)]
4
O NRC é um número único, que sumariza a capacidade de absorção sonora do
material, e que é útil numa primeira análise comparativa de diferentes materiais.
A tabela fornece coeficientes de absorção sonora em bandas de oitava de alguns
materiais fibrosos e porosos e os seus respectivos NRCs.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
143

Tabela 9.1. Coeficientes de absorção sonora de materiais fibrosos e porosos *


Freqüência Central da Banda N
de Oitava, Hz
Material R
125 250 500 1k 2k 4k C

25 0,08 0,27 0,50 0,87 0,98 1,04 0,66

Densidade,

Espessura,
30
ISOVER – Santa Marina

kg/m³
50 0,17 0,62 0,90 1,08 1,07 0,97 0,92

mm
Placa de Lã de Vidro
Aglomerada 25 0,05 0,27 0,68 0,94 1,03 1,05 0,73
60
Fibroso

50 0,13 0,75 0,96 1,03 0,88 0,96 0,91


50 0,35 0,48 0,74 0,88 0,91 0,96 0,75
Densidade,

Espessura,
32
THERMAX - RockFibras
kg/m³ 100 0,85 0,98 1,10 1,11 1,09 1,18 1,07

mm
Manta de Lã de Rocha
Basáltica 50 0,50 0,59 0,91 1,05 1,06 1,06 0,90
64
100 0,87 1,23 1,19 1,15 1,12 1,10 1,17
40 0,06 0,19 0,38 0,52 0,48 0,65 0,39
Espessura,

ESPUMEX - Acústica São Luiz 60 0,10 0,28 0,49 0,53 0,47 0,82 0,44
mm

Espuma Flexível de Poliuretano


Poliéster Incombustível 70 0,15 0,42 0,75 0,74 0,66 0,95 0,64
Poroso

75 0,15 0,50 0,90 0,99 1,00 1,00 0,85


SONEX - Illbruck 20 0,04 0,12 0,28 0,44 0,60 0,73 0,36
Espessura,

Espuma Flexível de Poliuretano 35 0,06 0,20 0,45 0,71 0,95 0,89 0,58
mm

Poliéster
(com retardadores de chama) 50 0,07 0,32 0,72 0,88 0,97 1,01 0,72
Densidade: 32 kg / m3 75 0,13 0,53 0,90 1,07 1,07 1,00 0,89
* Valores indicativos. Utilizar sempre coeficientes de absorção sonora fornecidos pelo fabricante.

Na Tabela 9.1., observam-se em algumas bandas de freqüência, coeficientes de


absorção sonora maiores que a unidade. Isto é fisicamente impossível, pois de acordo
com a definição deste coeficiente, implica em energia absorvida maior que a incidente.
Uma das justificativas deste fato é que o teste em câmara reverberante para
determinação de  , não reproduz as condições idealizadas para aplicabilidade da sua
fórmula de definição. Ocorre também que a amostra do material sob teste se comporta
como que se suas dimensões lineares fossem maiores em até meio comprimento de
onda na freqüência de interesse. Este efeito se deve à difração sonora nas bordas da
amostra. Em baixas freqüências este efeito é mais pronunciado, diminuindo com o
aumento da freqüência. Em amostras com dimensões de 2,4 X 2,7 m, tipicamente
utilizadas nos testes em câmara reverberante, o efeito da difração em 4 kHz é
desprezível, aumentando o coeficiente de absorção em torno de 10 % em 1 kHz, e
duplicando-o em 125 Hz.
A Tabela 9.2. fornece correções para dois tamanhos de amostra, que devem ser
multiplicadas pelo coeficiente de absorção sonora obtido em câmara reverberante,
quando o material é empregado em áreas muito maiores e extensas do que a da amostra
que foi testada. Os laboratórios no entanto, são recomendados a não aplicá-las nos
valores obtidos nos seus testes, devendo o projetista ter conhecimento destes valores
aumentados, de acordo com o tamanho da amostra, afim de corrigi-los nas aplicações.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
144

Tabela 9.2. Correções a serem aplicadas nos coeficientes de absorção sonora obtidos
em câmara reverberante, com amostras de tamanho limitado, para aplicações em áreas
muito maiores e extensas do que a da amostra.

Freqüência Central da Banda


Tamanho da de Oitava, Hz
Amostra, m
125 250 500 1k 2k 4k
2,4 X 2,7 0,49 0,66 0,79 0,88 0,94 0,97
1,8 X 2,4 0,43 0,60 0,75 0,86 0,92 0,96

Os mecanismos de absorção sonora são eliminados nos materiais sólidos, pois


estes materiais não permitem que as partículas do ar interajam com a sua estrutura. A
absorção sonora é drasticamente reduzida, e passa então a depender das características
superficiais do material. Uma análise dos dados experimentais revela que o coeficiente
de absorção sonora de materiais sólidos depende basicamente da freqüência do som
incidente e da rugosidade superficial. Observa-se que para uma dada freqüência, o
coeficiente de absorção sonora diminui quanto menos rugosa for a superfície. Por
exemplo, em 1 kHz, o mármore apresenta coeficiente de absorção sonora de apenas
0,01, o concreto aparente de 0,02, e a alvenaria não pintada de 0,04. Observa-se
também, que para uma dada rugosidade superficial, o coeficiente de absorção sonora
tende a aumentar com a freqüência. Por exemplo, os coeficientes de absorção sonora da
alvenaria de tijolos aparentes não pintados são de 0,01, 0,02, 0,03, 0,04, 0,05, 0,07, nas
bandas de oitava que vão de 125 Hz a 4 kHz, respectivamente.
A tabela abaixo fornece coeficientes de absorção sonora de materiais e de
revestimentos de superfícies normalmente empregados em construções.
Quando um painel de revestimento é montado numa parede, piso ou teto, ou
mesmo quando um painel divide dois recintos, ele fica livre para vibrar quando da
incidência das ondas sonoras. Poderá ocorrer então, dissipação de energia sonora
devido à flexão do painel. Dependendo da freqüência do som incidente, o painel ressoa e
passa a absorver som nesta freqüência (maiores detalhes mais adiante no capítulo). Este
é outro mecanismo de absorção sonora que normalmente se manifesta nas baixas
freqüências em painéis de forro, assoalhos em tábuas de madeira, lambris em paredes,
divisórias, portas, janelas, etc. Nas últimas linhas da tabela, indicam-se em negrito,
coeficientes de absorção sonora aumentados nas baixas freqüências, provavelmente
devido ao efeito “painel ressonante” das superfícies indicadas.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
145

Tabela 9.3. Coeficientes de absorção sonora de materiais e de revestimentos de


superfícies *
Freqüência Central da Banda de
Oitava, Hz
Material
125 250 500 1k 2k 4k
Alvenaria de tijolos aparentes não pintados 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07
Alvenaria de tijolos aparentes pintados 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
Reboque liso sobre alvenaria de tijolos ou blocos 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04
Alvenaria de blocos aparentes pintados 0,01 0,05 0,06 0,07 0,09 0,08
Reboque ou gesso rústico sobre quaisquer
0,02 0,03 0,04 0,05 0,04 0,03
alvenarias
Reboque ou gesso desempenado sobre quaisquer
0,02 0,02 0,03 0,04 0,04 0,03
alvenarias
Concreto ou cimentado liso desempenado 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02
Concreto aparente tratado e polido 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02
Azulejos ou pastilhas 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,05
Mármore, cerâmica ou granito polido 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02
Painel de cortiça sobre quaisquer alvenarias 0,05 0,05 0,05 0,08 0,10 0,13
Assoalho em tábuas corridas com espaço livre até
0,40 0,30 0,20 0,17 0,15 0,10
o contra-piso
Tacos de madeira colados sobre contra-piso 0,04 0,04 0,07 0,06 0,06 0,07
Carpete tipo forração simples colado sobre contra-
0,05 0,05 0,10 0,20 0,30 0,40
piso
Carpete tipo forração alto-tráfego 0,05 0,10 0,15 0,30 0,50 0,55
Carpete de nylon de 6 mm sobre manta de feltro 0,05 0,10 0,10 0,30 0,40 0,50
Carpete de nylon de 10 mm sobre manta de feltro 0,05 0,15 0,30 0,40 0,50 0,60
Carpete tipo forração simples colado sobre contra-
0,05 0,05 0,10 0,20 0,30 0,40
piso
Paviflex ou plurigoma colado sobre contra-piso
0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02
desempenado
Cortina de tecido leve, esticada, em contacto com
0,03 0,04 0,11 0,17 0,24 0,35
a parede
Cortina de tecido médio, drapeada em 50 % da
0,07 0,31 0,49 0,75 0,70 0,60
área
Cortina de tecido pesado, drapeada em 50 % da
0,14 0,35 0,55 0,72 0,70 0,65
área
Superfície de água (piscinas, espelhos d’água,
0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02
etc.)
Vidro fixo, temperado ou laminado, com grande
0,18ª 0,06 0,04 0,03 0,02 0,02
superfície
Vidro comum montado em caixilho 0,35 0,25 0,18 0,12 0,07 0,04

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
146

Divisória de gesso tipo dry-wall com ou sem


0,10 0,08 0,05 0,03 0,03 0,03
enchimento
Divisória de lambris de madeira compensada 0,58 0,22 0,07 0,04 0,03 0,07
Lambris tipo macho-fêmea, contra parede 0,24 0,19 0,14 0,08 0,13 0,10
Forro de gesso acartonado com ou sem
0,10 0,08 0,05 0,03 0,03 0,03
enchimento
Assoalho em tábuas corridas sobre contra-piso 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
Porta de madeira comum, pintada ou envernizada 0,24 0,19 0,14 0,08 0,13 0,10
Porta acústica, com faces de madeira, pintadas ou
0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
envernizadas
* Valores indicativos. Utilizar sempre coeficientes de absorção sonora fornecidos pelo fabricante.
Nota: valores em negrito se devem provavelmente à absorção sonora de “painel ressonante”.

A capacidade de absorção sonora de uma superfície depende, além do coeficiente


de absorção sonora, da área da superfície. A absorção sonora de uma superfície, A sup . ,
é calculada por meio da seguinte fórmula

A sup .    S , m 2 (Sabine)

onde: S é a área da superfície em m 2 . Nesta fórmula, como  é adimensional, A sup .


tem unidades de S, ou seja, m 2 . Vê-se então que
A sup . é a área S, ponderada pelo coeficiente de absorção  . A fim de diferenciar
unidades de área de unidades de absorção, inclui-se Sabine entre parêntesis após m 2 ,
como indicativo de que se trata de área de absorção. Esta designação se deu em
homenagem a Wallace Clement Sabine (1868–1919), considerado o Pai da Acústica
Arquitetônica moderna.
As superfícies que delimitam um recinto, poderão constituir-se de diferentes
materiais, cada um deles com diferentes coeficientes de absorção sonora. A absorção
sonora das superfícies do recinto, A sup .rec int o , é calculada da seguinte forma

N
A sup .rec int o    i  Si
i 1

onde:  i é o coeficiente de absorção sonora da i-ésima superfície com área S i .


N = 6 para recintos em forma de paralelepípedo (4 paredes, teto e piso).
Define-se coeficiente de absorção sonora médio,  , da seguinte forma
N

A sup .rec int o   i  Si


i 1
  N
S total
 Si
i 1

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
147

9.3. ABSORÇÃO SONORA EM RECINTOS


Existem outros tipos de absorção sonora em recintos, além daquela conferida pelas
paredes, teto e piso. A absorção sonora total de um recinto, A recinto é dada por:
A rec int o  A sup.rec int o  A div ersos  A ar

onde A sup .rec int o é a absorção sonora das superfícies do recinto (paredes, teto e piso),
A div ersos é a absorção sonora de pessoas e mobiliário presentes no recinto, e
A ar é a absorção sonora do ar ambiente.

A absorção sonora de pessoas e do mobiliário é normalmente dada diretamente em


termos de unidades de absorção, pois é difícil definir-se uma área equivalente nestes
casos. A tabela abaixo fornece a absorção sonora em m2 (Sabine) de pessoas e de
mobiliário usado em ambientes destinados à reunião de pessoas.

Tabela 9.4. Absorção sonora de pessoas e de mobiliário, em m2 (Sabine)


Absorção sonora, em m 2 (Sabine), para
Pessoas e Mobiliário as bandas de oitava indicadas, em Hz
125 250 500 1k 2k 4k
Pessoa de pé 0,19 0,33 0,44 0,42 0,46 0,37
Pessoa sentada no chão (uma pessoa por metro
0,17 0,36 0,47 0,52 0,53 0,46
quadrado)
Adulto sentado, incluindo a cadeira 0,20 0,28 0,32 0,37 0,41 0,44

Criança sentada, incluindo a cadeira 0,17 0,21 0,26 0,30 0,33 0,37

Músico de orquestra com instrumento 0,40 0,85 1,15 1,40 1,30 1,20
Cadeira de madeira, simples, vazia ou pequena
0,01 0,01 0,01 0,02 0,04 0,05
mesa
Cadeira de palhinha 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

Carteira escolar, vazia 0,02 0,02 0,03 0,04 0,06 0,08

Carteira escolar, ocupada 0,18 0,24 0,28 0,33 0,37 0,39

Poltrona de auditório, de madeira 0,01 0,01 0,02 0,03 0,05 0,06


Poltrona de auditório, de madeira, com assento
0,02 0,02 0,02 0,04 0,04 0,03
móvel levantado
Poltrona de auditório, estofada, com assento
0,08 0,16 0,22 0,23 0,24 0,24
móvel levantado
Poltrona de auditório, estofada, ocupada 0,39 0,38 0,38 0,38 0,42 0,42

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
148

Normalmente somente considera-se a absorção sonora de pessoas em recintos


destinados a reunir uma grande assembléia, tais como igrejas, auditórios, salas de aula e
de conferência.
Despreza-se a absorção sonora do mobiliário em recintos com mobílias simples, e
em número relativamente pequeno quando comparado com o volume do recinto.
Normalmente não se computa a absorção sonora de pessoas, bem como de máquinas,
equipamentos, e de estruturas metálicas presentes em galpões industriais e oficinas, pois
freqüentemente esta contribuição é de segunda ordem.
A absorção sonora do ar ambiente á calculada através da seguinte fórmula
A ar  4  V  m

onde V é o volume do recinto em m 3, e m é a constante de absorção sonora do ar


em m 1 , que depende da temperatura e da umidade relativa. A tabela 9.5 lista valores de
m em bandas de oitava, para o ar a 25ºC, e para diversas umidades relativas.
Normalmente somente considera-se a absorção do ar em recintos com grandes
volumes tais como igrejas, auditórios, galpões industriais e ginásio de esportes.

Tabela 9.5. Constante de absorção sonora do ar a 25ºC

Em resumo pode-se dizer que, como primeira aproximação, a absorção sonora de


um recinto, é dada pela absorção sonora das superfícies que o delimitam, a não ser que
o recinto tenha grande volume. Neste caso, deve-se acrescentar a absorção sonora do ar
ambiente nas bandas de oitava de 1 kHz e acima.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
149

9.4. DISPOSITIVOS ESPECIALIZADOS DE ABSORÇÃO SONORA


A característica comum dos materiais destinados a absorver som, tais como os
fibrosos e porosos, é a baixa absorção nas baixas freqüências. Ocorre que em certas
situações, necessitamos aumentar a absorção em baixas freqüências, ou de mais
absorção numa faixa específica de freqüências. Nestes casos, pode-se recorrer a
dispositivos especializados de absorção sonora. A figura 9.6 ilustra alguns destes
dispositivos, juntamente com suas curvas de absorção sonora. Observar que tais curvas
são qualitativas, e visam dar uma idéia do comportamento destes dispositivos quanto às
suas características de absorção sonora.

Figura 9.6. Dispositivos Especializados de Absorção Sonora

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
150

9.5. RESSOADORES DE CAVIDADE OU DE HELMHOLTZ


Conforme ilustra a figura 9.7, este tipo de absorvedor de som utiliza uma pequena
cavidade conectada a uma maior, formando uma geometria similar à de uma garrafa
vazia. A freqüência de máxima absorção sonora coincide com a freqüência de
ressonância da garrafa e é dada por

c S
f0 
2 L' V

onde L é o comprimento
S a área da seção transversal do pescoço, respectivamente,
V é o volume, e
L' é o comprimento efetivo do pescoço dado por
L'  L  1,7a (para boca flangeada)

L'  L  1,4a (para boca não flangeada)


onde a é o raio da seção transversal do pescoço.

Figura 9.7. Ressoador de Cavidade ou de Helmholtz.

O ar contido na garrafa se comporta como uma mola sendo pressionada pela


pressão sonora. O atrito junto às paredes internas é o mecanismo responsável pela
absorção sonora. Com este tipo de ressoador, é possível sintonizar a absorção máxima
numa faixa estreita de freqüências conforme ilustra a figura 9.8. Nas aplicações, esta
faixa é normalmente de baixas freqüências, onde normalmente os materiais fibrosos e
porosos não atuam. A forma da curva de ressonância do ressoador é caracterizada pelo
fator de qualidade. Quanto mais pontiaguda for a curva de ressonância, maior será o fator
de qualidade do ressoador. Ressoadores de Helmholtz são caracterizados por um alto
fator de qualidade.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
151

Figura 9.8. Ressoadores de Helmholtz Apresentam um Alto Fator de Qualidade.

Existe um tipo de ressoador de cavidade, construído a partir de blocos de concreto,


comercialmente disponível nos EUA, e conhecido como SoundBlox®.

Figura 9.9. Ressoadores de Helmholtz em Bloco de Concreto SoundBlox®.

Este ressoador é comercializado com a cavidade vazia, conferindo ao ressoador


um alto fator de qualidade, e com a cavidade preenchida com material absorvente
fibroso, conferindo ao ressoador um baixo fator de qualidade.
Conforme indica a figura abaixo, a presença de material absorvente dentro do
SoundBlox® Tipo RSC, torna a curva de absorção versus freqüência menos pontiaguda
quando comparada com a curva do SoundBlox® Tipo A-1. Assim, consegue-se valores
mais expressivos do coeficiente de absorção numa faixa de freqüências mais ampla na
presença do material absorvente na cavidade.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
152

1,2

Coeficiente de Absorção Sonora


Tipo A-1
1
Tipo RSC

0,8

0,6

0,4

0,2

0
125 250 500 1k 2k 4k
Frequência Central da Banda de Oitava, Hz

Figura 9.10. Coeficientes de Absorção Sonora do SoundBlox® Tipo A-1 e Tipo RSC.

9.6. CRESCIMENTO E DECAIMENTO SONORO EM RECINTOS


Ao ligar-se uma fonte sonora em um recinto, a energia sonora do recinto se eleva
até atingir uma condição de equilíbrio, situação esta representada por um nível sonoro
estacionário. Nestas condições, a energia sonora injetada pela fonte no recinto é
exatamente equilibrada pela energia sonora absorvida no recinto.
Uma analogia do crescimento sonoro em um recinto é aquela de um tanque sendo
preenchido com água, com escape simultâneo através de uma torneira conectada no
fundo do tanque. A alimentação d’água representa a energia sonora injetada pela fonte
no recinto, o nível d’água no tanque representa o nível sonoro do recinto, enquanto que o
escape d’água através da torneira, representa a energia sonora absorvida pelas
superfícies do recinto — uma maior vazão de escape, corresponde a uma maior
absorção sonora. O nível de água crescente no tanque aumenta a pressão na torneira
aumentando a vazão de escape. O nível d’água crescente no tanque representa o
crescimento sonoro no recinto. Eventualmente, o nível d’água no tanque ficará estável,
quando a vazão de alimentação é igual à de escape. Esta situação corresponderia ao
nível sonoro estacionário que seria atingido no recinto.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
153

Figura 9.11. Analogia do Nível d’Água no Tanque com o Nível Sonoro em Recinto.

Ao desligar-se a fonte sonora, o nível sonoro do recinto decai com o tempo, da


mesma forma que ao interromper-se a vazão de alimentação, o nível d’água no tanque
cai com o tempo. A queda do nível d’água no tanque é tanto mais rápida quanto mais
aberta estiver a torneira do fundo. Da mesma forma, a queda do nível sonoro no recinto é
tanto mais rápida quanto maior for a absorção sonora das superfícies do recinto.
Associado ao decaimento sonoro no recinto, define-se tempo de reverberação, T60 ,
como o tempo necessário para que o nível sonoro do recinto decaia de 60 dB após a
fonte sonora ter sido desligada. O tempo de reverberação será longo em recintos com
pouca absorção sonora, e curto em recintos com muita absorção sonora.

Figura 9.12. Crescimento e Decaimento Sonoro em Recintos, com Indicação do Tempo


de Reverberação, T60 .

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
154

Uma das grandes contribuições de W. C. Sabine foi a de estabelecer, em 1896,


uma relação entre tempo de reverberação e absorção sonora, dada por
V
T60  0,161
  S total
onde V é o volume do recinto. Esta fórmula é conhecida como fórmula de Sabine.

A fórmula de Sabine não é dimensionalmente homogênea. Nesta fórmula, V é dado


em m 3 ,   S total em m 2 (Sabine) , e T60 em segundos.
Num recinto com superfícies pouco absorventes, o tempo de reverberação é
relativamente longo, enquanto que num recinto com as superfícies das paredes e do teto
revestidas com material absorvente, o tempo de reverberação tende a ser curto. Como
vimos, o coeficiente de absorção sonora varia com a freqüência, e conseqüentemente, o
tempo de reverberação tende a também variar com a freqüência. Geralmente o tempo de
reverberação é mais longo em baixas freqüências, pois sons de baixas freqüências são
menos absorvidos do que os sons de altas freqüências.
É importante que o tempo de reverberação seja compatível com o tipo de uso de
determinado recinto. Um tempo de reverberação longo é inadequado para recintos
destinados à palavra falada, tais como salas de aula, salas de conferência e teatros para
drama. Nestes recintos, a inteligibilidade da fala é reduzida quando o tempo de
reverberação é longo, pois o som refletido permanece por longo período no recinto se
sobrepondo ao som direto. O som refletido contém uma informação atrasada da fala, que
interfere na informação emitida mais recentemente contida no som direto, reduzindo a
inteligibilidade. Assim deve-se projetar salas destinadas à comunicação através da fala
com tempos de reverberação relativamente curtos. Por outro lado, em salas destinadas à
música, tais como salas de concerto, a superposição do som direto com o som refletido é
avaliada favoravelmente pelos ouvintes. Nestas salas recomenda-se então tempos de
reverberação mais longos.
A figura 9.13 fornece tempos reverberação recomendados para recintos destinados
a vários usos. Estes tempos de reverberação são dados em função do volume do recinto
para a freqüência de 500 Hz. Os tempos de reverberação recomendados nas outras
freqüências, poderão ser obtidos do gráfico associado, como porcentagem daquele em
500 Hz, conforme figura 9.14.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
155

Figura 9.13. Tempos de Reverberação Recomendados em 500 Hz, para Recintos


Destinados a Vários Usos.

Figura 9.14. Tempos de Reverberação Recomendados em Função da Freqüência, como


Porcentagem do Tempo de Reverberação em 500 Hz Obtido da Figura Acima.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
156

Quadro 9.1. Determinar os tempos de reverberação nas bandas de oitava de 125,


500 e 2.000 Hz, de uma sala retangular destinada a seminários, ocupada com 8 pessoas
sentadas em cadeira de madeira, com piso e teto de 7,0 x 7,0 m, e pé direito de 2,8 m. O
piso será revestido com carpete tipo forração simples. O teto será revestido com SONEX
– Illbruck de 25 mm de espessura e densidade de 32 kg/m3, cujos coeficientes de
absorção sonora foram obtidos com amostras de 2,4 x 2,7 m. As paredes são de
alvenaria, e serão revestidas com gesso desempenado e pintadas. Existe uma porta de
acesso de madeira de 2,1 x 0,9 m em uma das paredes. Se for o caso, quais as
recomendações que você faria para colocar o tempo de reverberação dentro do
recomendado para o uso destinado a esta sala?

Resolução:
Área do piso (S1): 7 X 7 = 49 m2

Área do teto (S2): 7 X 7 = 49 m2

Área das paredes (S3): 4x (7 X 2,8) – (2,1 x 0,9)= 76,51 m2

Área da porta (S4): 2,1 x 0,9 = 1,89 m2

Volume da sala (V): 7 x 7 x 2,8 = 137,20 m3

Os resultados já estão na tabela 9.6.

Para uma sala de conferências, o tempo de reverberação recomendado em

500 Hz está em torno de 0,5 s. Em 125 Hz, o tempo de reverberação recomendado é

aproximadamente 150 % daquele em 500 Hz, o que dá 0,75 s; e em 2 kHz, 95 %

daquele em 500 Hz, o que dá 0,48 s.

Verifica-se (na tabela 9.6.), portanto que o tempo de reverberação em 2 kHz

está adequado ao uso da sala. Porém há necessidade de introduzir mais absorção

na sala para reduzir o tempo de reverberação de 3,03 s para 0,75 s em 125 Hz, e de

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
157

1,02 para 0,5 s em 500 Hz.

A opção de aumentar a quantidade do material absorvente que foi colocado

no forro, por exemplo, adicionando-o às paredes, irá reduzir o tempo de

reverberação em 2 kHz, o que é inconveniente pois este tempo de reverberação

está adequado. Provavelmente haverá pouco impacto na redução dos tempos de

reverberação nas freqüências mais baixas, pois o material é pouco absorvente nas

baixas freqüências.

A recomendação é que se introduzam dispositivos especializados de

absorção sonora. Por exemplo, instalando nas paredes da sala, painéis

ressonantes ou painéis perfurados sobre material absorvente poroso/fibroso,

sintonizados para aumentar a absorção sonora nas bandas de 125 Hz e de 500 Hz.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
158

Tabela 9.6. Tempo de Reverberação.


Freqüência Central da
Grandeza Banda de Oitava, Hz
125 500 2.000
Coeficiente de absorção sonora da forração do piso
0,05 0,10 0,30
α1 - tab. 9.3.
Absorção sonora do piso, m2 (Sabine) S1.α1 2,45 4,90 14,70
Coeficiente de absorção sonora do material absorvente do
0,04 0,28 0,60
teto α2’ - tab. 9.1.
Correção do coeficiente de absorção para amostra de
0,49 0,79 0,94
2,4 x 2, 7 m - tab. 9.2.
Coeficiente de absorção sonora corrigido do teto α2 0,02 0,22 0,56
2
Absorção sonora do teto, m (Sabine) S2.α2 0,98 10,78 27,44
Coeficiente de absorção sonora das paredes revestidas em
0,02 0,03 0,04
gesso α3 - tab. 9.3
Absorção sonora das paredes, m2 (Sabine) S3.α3 1,53 2,29 3,06
Coeficiente de absorção sonora da porta em madeira α4 0,24 0,14 0,13
Absorção sonora da porta, m2 (Sabine) S4.α4 0,45 0,26 0,25
2
Absorção sonora de pessoa sentada em cadeira simples, m
0,20 0,32 0,41
(Sabine) Apessoa - tab. 9.4.
Absorção sonora de 8 pessoas sentadas em cadeiras
1,60 2,56 3,28
simples, m2 (Sabine) Apessoas
4
Absorção sonora total da sala, m2 (Sabine)  S
1
i i  Apessoas 7,01 20,80 48,73

V
Tempo de Reverberação, s T60  0,161 4

 S
3,03 1,02 0,44
i i  Apessoas
i 1

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
159

9.7. NÍVEIS SONOROS EM RECINTOS


O campo acústico no interior de recintos é uma combinação do som que provem
diretamente da fonte com o som que é refletido pelas superfícies que delimitam o recinto.
De fato, em campo livre, o observador está sujeito somente ao som direto. Já no interior
de recintos, há a contribuição adicional do som refletido.
Já vimos no Capítulo 2, que em campo livre, a relação entre a potência sonora de
fontes esféricas omnidirecionais e a pressão sonora à distância r da fonte é dada por:
W
p 2d  c
4r 2
onde p d é a pressão sonora do som direto.

Para fontes sonoras direcionais, esta expressão é modificada por um fator que leva
em conta a direcionalidade da fonte, sendo re-escrita da seguinte forma:
W
p 2d  c Q
4r 2
onde Q  é o fator de direcionalidade da fonte dado por:

p 2
Q  2
pEsf
onde: p  é a pressão sonora gerada á distância r na direção angular  ,
pEsf é a pressão sonora média espacial, calculado através da média dos valores
eficazes de pressão sonora elevados ao quadrado, os quais são medidos numa
superfície esférica hipotética de mesmo raio r envolvendo a fonte sonora.

O fator de direcionalidade se relaciona com o índice de direcionalidade definido


anteriormente através de:
(Lp  LpEsf ) / 10
Q   10DI / 10  10
onde: L p  20 log(p  / p 0 )

LpEsf  20 log(pEsf / p0 ) , grandezas estas já apresentadas quando da definição do


índice de direcionalidade no Capítulo 7.

Similarmente ao som direto, existe uma relação entre pressão e potência sonora
para o som refletido que é dada por:
W
pr2  4c
A rec int o
onde p r é a pressão sonora do som refletido pelas superfícies do recinto, tendo sido as
demais grandezas já definidas anteriormente.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
160

Observa-se nesta expressão que a pressão do som refletido é inversamente


proporcional à absorção sonora do recinto, e independente da distância entre a fonte-
receptor; ou seja, a pressão sonora do som refletido é uniforme em todo o volume do
recinto. Esta condição do campo sonoro refletido é característica do chamado campo
difuso. Campo difuso é uma aproximação, em muitas situações grosseira, do campo
sonoro gerado pelo som refletido.
Finalmente, o quadrado da pressão sonora total a que está sujeito um receptor à
distância r de uma fonte sonora de potência W, com fator de direcionalidade Q  , num
recinto com absorção sonora A rec int o , será dado por:

 Q 4 
p 2  p 2d  pr2  cW  2  
 4 r A rec int o 

Em termos de nível de pressão sonora está expressão escreve-se

 Q 4 
L p  L W  10 log 2  
 4r A rec int o 

Esta equação permite obter a pressão sonora em qualquer ponto do recinto, para
uma dada distância fonte-receptor r, uma vez conhecidos os parâmetros que
caracterizam a fonte sonora ( L W e Q  ), e o parâmetro que caracteriza acusticamente o
recinto, ou seja, a absorção sonora do recinto, Arecinto.
A importância relativa do som direto e do som refletido poderá ser avaliada
comparando as magnitudes das quantidades Q  / 4r 2 e 4 / Arecinto. Quando a primeira
predomina, então o nível de pressão sonora é em grande parte devido à radiação direta
da fonte. Quando 4 / Arecinto for grande quando comparado com Q  / 4r 2 , então a
absorção sonora do recinto torna-se determinante no valor de L p no ponto de interesse.
Um exemplo prático é a situação de um trabalhador num recinto industrial. Caso
esteja próximo a uma máquina ruidosa, ele será mais afetado pelo som direto, pois r é
pequeno, e a quantidade Q  / 4r 2 tende a predominar com relação a 4 / A recinto. Neste
caso a absorção do recinto não irá influenciar no nível sonoro na posição do trabalhador.
Por outro lado, trabalhadores afastados desta máquina, estarão mais sujeitos ao som
refletido, pois 4 / Arecinto tende a predominar sobre Q  / 4r 2 , pois r é grande neste
caso, assim materiais absorventes nas superfícies reduzirão o som refletido, beneficiando
estes trabalhadores.
O gráfico da figura 9.15 apresenta curvas que foram geradas com a fórmula de
estimativa de níveis sonoros em recintos acima apresentada, em termos de L p  L W
versus r / Q  , tendo Arecinto como parâmetro.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
161

Figura 9.15. Curvas de níveis sonoros L p  L W versus r / Q 

Quando a fonte sonora está afastada das superfícies do recinto, o ângulo sólido
para livre propagação é   4 . A situação mais comum porém, é a fonte estar sobre o
piso da sala. Neste caso,   2 . Observa-se então que quando um plano restringe a
livre propagação sonora, o ângulo sólido reduz-se pela metade. Assim, quando a fonte
está instalada sobre o piso e próxima a uma das paredes da sala,    ; e quando a
fonte está sobre o piso e num dos cantos da sala,    / 2 .
A equação para estimativa do nível sonoro em recintos que leva em consideração o
ângulo sólido para livre propagação escreve-se:
Q 4 
L p  L W  10 log 2  
 r A rec int o 

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
162

Figura 9.16. Ângulos Sólidos Disponibilizados Pelas Superfícies de Recintos Para Livre
Irradiação da Fonte Sonora

9.8. RECINTOS ESPECIAIS - CÂMARA ANECÓICA E CÂMARA REVERBERANTE


Existem recintos, muito particulares do ponto de vista acústico, conhecidos como
câmara anecóica e câmara reverberante. Estes recintos são utilizados para ensaios em
laboratórios que desenvolvem trabalhos especializados em acústica.
As superfícies de uma câmara anecóica são construídas de tal forma a absorver
toda a energia sonora incidente — não há som refletido. Câmaras anecóicas simulam
portanto condições de campo livre. No extremo oposto, temos as câmaras reverberantes,
onde as superfícies são construídas de tal forma a maximizar o som refletido, gerando
condições de campo difuso.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
163

Figura 9.17. Recintos Especiais - Câmara Anecóica e Câmara Reverberante

Existem métodos normalizados para determinação da potência sonora em câmaras


anecóicas e reverberantes. Ensaios para determinação de índices de direcionalidade são
realizados em câmaras anecóicas. Ensaios para determinação de coeficientes de
absorção sonora de Sabine e de isolação sonora de paredes, divisória, portas e janelas,
são realizados em câmaras reverberantes.

9.8.1. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA DE SABINE


EM CÂMARA REVERBERANTE
Através de ensaio normalizado pela norma ISO/R 354: 2003 “Measurement of
sound absorption in a reverberation room”. Consiste em colocar uma amostra do material
no piso da câmara reverberante, medindo-se o tempo de reverberação da câmara com a
amostra, T60 . Em seguida, a amostra é removida, medindo-se o tempo de reverberação
'
da câmara sem a amostra, T60 . O coeficiente de absorção sonora de Sabine da amostra
é então calculado através de

V 1 1 
 Sab  0,161   ' 
S  T60 T60 

onde V é o volume da câmara em m 3 , e


S’ é a área da amostra em m 2 .

A origem desta fórmula é aplicação da fórmula de Sabine duas vezes — com e sem
a amostra no interior da câmara.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
164

9.8.2. DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA SONORA EM CÂMARA REVERBERANTE


— MÉTODO COMPARATIVO
Uma fonte sonora de referência é utilizada para comparação com a fonte sob teste.
Existem diversos fabricantes de fontes sonoras de referência. Normalmente estas fontes
consistem basicamente de um ventilador centrífugo especialmente projetado, acionado
por motor elétrico. A figura apresenta a fonte sonora de referência B&K 4204.

Figura 9.18. Fonte Sonora de Referência Tipo 4204 da B&K.

O espectro de potência sonora em bandas de 1/3-oitava é apresentado na figura


abaixo para duas tensões e freqüências de alimentação elétrica.
O procedimento para determinação da potência sonora em câmara reverberante
'
consiste em medir a média espacial da pressão sonora da fonte de referência, L p , e a
média espacial do nível de pressão sonora da fonte sob teste, L p . O nível de potência
sonora da fonte sob teste, L W , numa dada banda de freqüência é então obtido através
de
'
L W  L'W  (L p  L p )

onde L'W é o nível de potência sonora da fonte de referência na respectiva banda.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
165

Figura 9.19. Espectro de Potência Sonora em Bandas de 1/3Oitava da Fonte de


Referência Tipo 4204 da B&K

Quadro 9.2. Num ensaio para determinação da potência sonora de um motor


elétrico utilizando o método comparativo em câmara reverberante, obteve-se na banda de
1/3-oitava de 1 kHz o nível de pressão sonora médio espacial de 70 dB para a fonte de
referência B&K Tipo 4204 operando com 115 V e 60 Hz, e o nível de pressão sonora
médio espacial de 100 dB para o motor elétrico. Qual é o nível de potência sonora do
motor elétrico?

Resolução:

Do espectro de potência sonora da fonte de referência B&K 4204, operando

com 115 V e 60 Hz, obtém-se L’w = 85 dB em 1 kHz.

Logo o nível de potência sonora do motor elétrico será de:

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
166

9.9. A SALA PRÁTICA


Recintos ocupados pelo homem para as mais diversas finalidades não são
anecóicos nem reverberantes, embora salas vazias com superfícies duras e reflexivas,
apresentem condições próximas daquelas que se verificam nas câmaras reverberantes.
Estes recintos são denominados na área de acústica de sala prática. A figura ilustra o
comportamento do nível sonoro em função da distância na sala prática.

Figura 9.20. Nível Sonoro em Função da Distância na Sala Prática


É comum subdividir-se o campo sonoro no entorno da fonte sonora na sala prática
em quatro campos:
 A: Campo Próximo
 B: Campo Afastado
 C: Campo Livre
 D: Campo Reverberante
O campo próximo é caracterizado por uma região próxima à fonte sonora onde o
nível sonoro poderá variar significativamente com uma pequena mudança na posição do
microfone. Este efeito á maior para tons puros do que para bandas de ruído. Esta região
estende-se a uma distância da ordem da metade do comprimento de onda da menor
freqüência emitida pela máquina, ou do dobro da dimensão característica da máquina,
prevalecendo a distância que for maior. Deve-se evitar medições de níveis sonoros nesta
região.
O campo afastado subdivide-se no campo livre e no campo reverberante. Como
indica o próprio nome, no campo livre não há contribuição do som refletido pelas
superfícies do recinto, ocorrendo uma queda de 6 dB para cada duplicação da distância
fonte-receptor. Já no campo reverberante, as múltiplas reflexões das paredes e objetos
poderão ser da mesma ordem de grandeza do som direto.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
167

9.10. ISOLAÇÃO DE PAREDES PARA SONS AÉREOS


Uma parede entre dois recintos, reduz a transmissão sonora entre eles. De fato,
uma frente de onda em um dos recintos, ao incidir sobre uma parede sólida que os
divide, encontra um meio material com propriedades bastante distintas do ar no recinto. A
frente de onda deve então propagar-se através do material sólido, percorrendo a
espessura da parede, encontrando do outro lado da parede o ar do recinto contíguo.
Toda vez que ocorre uma mudança das características do meio de propagação, há uma
redução na intensidade sonora transmitida para o meio seguinte. Portanto uma parede
reduz a intensidade sonora transmitida entre recintos, pois ocorrem duas mudanças do
meio material de propagação sonora de um recinto para o outro: ar-parede e parede-ar.
Conforme já visto anteriormente, o parâmetro que caracteriza a capacidade de uma
parede transmitir (ou isolar) som é o coeficiente de transmissão sonora,  . Quanto menor
for o valor de  , menor será a intensidade sonora transmitida, ou seja, mais isolante será
a parede.
Diferentemente da absorção sonora da parede, cujo parâmetro característico é o
coeficiente de absorção sonora,  , o parâmetro que é normalmente utilizado para
caracterizar a isolação sonora de uma parede, não é o coeficiente de transmissão
sonora,  , mas sim uma grandeza dele derivada, chamada de Perda por Transmissão
Sonora, PT, e que é dada por:
1
PT  10 log

Observa-se nesta expressão, que quanto menor for  , mais isolante será a parede,
e portanto maior será a sua Perda por Transmissão, PT. Assim, PT é inversamente
proporcional a  .
A perda por transmissão de paredes é fortemente dependente da freqüência do
som incidente. A figura abaixo ilustra a curva do comportamento da Perda por
Transmissão em função da freqüência, de paredes sólidas e homogêneas. Esta curva
pode ser subdividida em diversas regiões que revelam a propriedade da parede que mais
influencia no seu comportamento quanto à isolação sonora.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
168

Figura 9.21. Curva Teórica de Perda por Transmissão em Função da Freqüência do Som
Incidente

Esta curva mostra que quanto menor a freqüência, menor também será a isolação
sonora da parede. O som que é transmitido para o recinto receptor apresentará um
espectro diferente do som original, pois as altas freqüências serão mais atenuadas que
as baixas. Por isso é que quando ouvimos conversação em um recinto vizinho, notamos
um som “abafado”, devido a maior perda dos sons de alta freqüência na transmissão
sonora através da parede.
Nesta curva observa-se, nas baixas freqüências, a região controlada pela rigidez e
pela ressonância da parede, nas médias freqüências, a região controlada pela massa da
parede, e nas altas freqüências, a região controlada pelo fenômeno de coincidência.

9.10.1. REGIÃO CONTROLADA PELA MASSA


Nesta região a perda por transmissão é dada por
PT  20 log(f  M)  47 dB
onde f é a freqüência do som incidente, em Hz,
M é a densidade superficial da parede, em kg / m 2 , já definida anteriormente como
o produto da espessura da parede, em m, pela densidade do material da parede, em
kg / m3 .

Esta fórmula é conhecida como “lei da massa”.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
169

Nesta região, PT aumenta de 6 dB por oitava (para cada duplicação da freqüência),


para uma dada densidade superficial, ou para cada duplicação da densidade superficial
numa dada freqüência. A figura 9.21 indica que esta região é delimitada, nas baixas
freqüências, pela região controlada pela ressonância, e nas altas freqüências, pela região
controlada pela coincidência.

9.10.2. REGIÃO CONTROLADA PELA RESSONÂNCIA


Deve-se à ressonância mecânica da parede. Na maioria das situações práticas de
controle de ruído, a menor freqüência de ressonância está bem abaixo da menor
freqüência de interesse. De fato, para uma divisória de vidro de 4 x 2,5 m, com espessura
de 1 cm, a menor freqüência de ressonância é da ordem de 10 Hz, e para uma divisória
de chapa de aço de mesmas dimensões e com espessura de 0,5 cm, esta freqüência é
da ordem de 5 Hz.
Em freqüências acima da menor freqüência de ressonância, ocorrem ressonâncias
adicionais devido à flexão da parede. Estas freqüências se devem à combinação
construtiva de ondas de flexão que viajam pela parede e que são refletidas nas suas
bordas.
Observar que o efeito da ressonância é a absorção da energia sonora pela parede,
conforme visto anteriormente quando do estudo de painéis ressonantes.

9.10.3. REGIÃO CONTROLADA PELA RIGIDEZ


Nesta região, a Perda por Transmissão aumenta com a redução da freqüência, de
aproximadamente 6 dB por oitava (para cada redução da freqüência pela metade), uma
espécie de “inverso da lei da massa”.

9.10.4. REGIÃO CONTROLADA PELA COINCIDÊNCIA


O fenômeno de coincidência ocorre quando a projeção do comprimento de onda do
som proveniente de uma dada direção, é igual ao comprimento da onda de flexão que
viaja pela parede, daí o nome de “coincidência”. O resultado é, na freqüência
correspondente, a amplificação do movimento de flexão da parede, sendo o som
incidente eficazmente transmitido pela parede.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
170

Figura 9.22. O Fenômeno de Coincidência

A menor freqüência do som incidente para a qual o fenômeno de coincidência


ocorre, é para a onda sonora que viaja paralelamente à parede. Esta freqüência é
chamada de freqüência crítica. O fenômeno de coincidência se dá na freqüência crítica e
acima dela, toda vez que a projeção do comprimento de onda do som proveniente de
uma dada direção, é igual ao comprimento da onda de flexão. Assim sempre haverá um
ângulo para as ondas incidentes no qual há coincidência para freqüências maiores que a
freqüência crítica. Na prática, a coincidência ocorrerá numa faixa de freqüências
conhecida como “vale de coincidência”.
O gráfico abaixo poderá ser utilizado para determinação da freqüência crítica em
função do material e da espessura da parede. Por exemplo, uma divisória de
compensado com 3 cm de espessura tem uma freqüência crítica em torno de 700 Hz., a
qual, infelizmente, encontra-se no centro da faixa de freqüências da fala, prejudicando a
privacidade.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
171

Figura 9.23. Gráfico Para Determinação da Freqüência Crítica de Paredes.

9.10.5. DETERMINAÇÃO DA PERDA POR TRANSMISSÃO PARA SONS AÉREOS


EM CÂMARA REVERBERANTE

Através de ensaio normalizado pela norma ISO 140-3: 1995 “Measurement of


sound insulation in buildings and of buildings elements – Part 3: Laboratory
measurements of airborne sound insulation of building elements” Consiste em instalar a
parede sob teste como parede divisória entre duas câmaras reverberantes — a sala da
fonte e a sala de recepção. A Perda por Transmissão da parede é obtida medindo-se o
nível de pressão sonora na sala da fonte, L p1 , e na sala de recepção, L p2 . A Perda por
Transmissão da parede será dada por:

 S 
PT  L p1  L p2  10 log  dB
 A s.recepção 
 

onde S é a área da parede em m 2 , e


A s.recepção é a absorção sonora na sala de recepção em m 2 (Sabine).

A diferença entre os níveis sonoros na sala da fonte e na sala de recepção é


chamada de Redução de Ruído, (“Noise Reduction” NR), sendo então dada por:
NR  L p1  L p2 , dB

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
172

Figura 9.24. Arranjo em Câmara Reverberante para Ensaio de Isolação Sonora

Uma vez determinada a Perda por Transmissão da parede no ensaio em


laboratório, o coeficiente de transmissão sonora,  , poderá ser então obtido através de:
PT
 1
  10 10
ou  PT
10
10
Apresentam-se a seguir valores de Perda por Transmissão obtidos em ensaios de
laboratório, para estruturas utilizadas como elementos de isolação sonora de sons aéreos
entre dois recintos. São também apresentados os valores de Perda por Transmissão
estimados por meio da “lei da massa”, bem como a freqüência crítica de cada estrutura.

Tabela 9.7. Ensaio de laboratório (chumbo)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz 2 PT, dB
kg / m 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 22 24 29 33 40 43
0,8 62,5 k 10,4 Lei da
15 21 27 33 39 45
Espessura

Massa
Chumbo
Laboratório 19 20 24 27 33 39
0,4 125 k 5,2
mm

Lei da
9 15 21 27 33 39
Massa
Comentários: as células sombreadas indicam a boa concordância (~3 dB) da
estimativa de PT por meio da lei da massa. A freqüência crítica está bem acima da faixa
de freqüências de interesse, não comprometendo a isolação.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
173

Tabela 9.8. Ensaio de laboratório (compensado)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz PT, dB
kg / m 2 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 24 22 27 28 25 27

Espessura
19 1.100 10,4 Lei da
15 21 27 33 39 45
Massa
Compensado mm Laboratório 17 15 20 24 28 27
6 3.500 3,7 Lei da
6 12 18 24 30 36
Massa
Comentários: as células sombreadas indicam a boa concordância (~3 dB) da
estimativa de PT por meio da lei da massa. Para o compensado de 19 mm, o vale de
coincidência deteriora a isolação nas bandas de 1, 2 e 4 kHz. Para o compensado de 6
mm, isto ocorre na banda de 4 kHz.

Tabela 9.9. Ensaio de laboratório (Aço)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz 2 PT, dB
kg / m 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 15 19 31 32 35 48
Espessura

1,3 9.800 10,4 Lei da


15 21 27 33 39 45
Massa
mm

Aço
Laboratório 21 30 34 37 40 47
1,6 8.000 13,1 Lei da
17 23 29 35 41 47
Massa
Comentários: as células sombreadas indicam a boa concordância (~3 dB) da
estimativa de PT por meio da lei da massa. A freqüência crítica está bem acima da faixa
de freqüências de interesse, não comprometendo a isolação da estrutura.

Tabela 9.10. Ensaio de laboratório (Acrílico)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz 2 PT, dB
kg / m 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 16 17 22 28 33 35
6 5.100 7,6 Lei da
13 19 25 31 37 43
Massa
Espessura

Laboratório 21 23 26 32 32 37
mm

Acrílico 12 2.600 15,2 Lei da


19 25 31 37 43 49
Massa
Laboratório 25 28 32 32 34 46
24 1.300 30,4 Lei da
25 31 37 43 49 55
Massa
Comentários: as células sombreadas indicam a boa concordância (~3 dB) da
estimativa de PT por meio da lei da massa. Para o acrílico de 6 mm, o vale de
coincidência deteriora a isolação na banda de 4 kHz. Para o acrílico de 12 mm, isto
ocorre nas bandas de 2 e 4 kHz. Para o acrílico de 24 mm nas bandas de 1, 2 e 4 kHz.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
174

Tabela 9.11. Ensaio de laboratório (Vidro)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz 2 PT, dB
kg / m 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 11 17 23 25 26 27
Espessura

3 5.000 8 Lei da
13 19 25 31 37 43
Massa
mm

Vidro
Laboratório 17 23 25 27 28 29
6 2.500 16 Lei da
19 25 31 37 43 49
Massa
Comentários: as células sombreadas indicam a boa concordância (~3 dB) da
estimativa de PT por meio da lei da massa. Para o vidro de 3 mm, o vale de coincidência
deteriora a isolação nas bandas de 2 e 4 kHz. Para o vidro de 6 mm, isto ocorre nas
bandas de 1, 2 e 4 kHz.

Tabela 9.12. Ensaio de laboratório (Concreto)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz PT, dB
kg / m 2 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 29 35 37 43 44 50
Concreto com 10 cm de
200 250 Lei da
espessura. 43 49 55 61 67 73
Massa
Comentários: apesar do concreto apresentar valores de Perda por Transmissão
bem acima do que aqueles obtidos com as outras estruturas, a freqüência crítica de 200
Hz gera um vale de coincidência que cobre uma importante faixa de freqüências, o que
torna imprecisa a estimativa da Perda por Transmissão por meio da lei da massa.

Tabela 9.13. Ensaio de laboratório (Bloco de cimento)


M, Freqüência, Hz
Estrutura fc , Hz PT, dB
kg / m 2 125 250 500 1k 2k 4k
Laboratório 33 34 35 38 46 52
Bloco de cimento com
180 190 Lei da
15 cm de espessura. 40 46 52 58 64 70
Massa

Comentários: assim como o concreto, o bloco de cimento, apesar de apresentar


valores de Perda por Transmissão bem acima do que aqueles obtidos com as outras
estruturas, a freqüência crítica de 180 Hz gera um vale de coincidência que cobre uma
importante faixa de freqüências, o que torna imprecisa a estimativa da Perda por
Transmissão por meio da lei da massa.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
175

9.13.6. ISOLAÇÃO SONORA PARA PRIVACIDADE


Apresentam-se a seguir, as condições de privacidade em função de PT Médio,
calculado através da média aritmética das Perdas por Transmissão das bandas de oitava
entre 125 Hz e 4 kHz.

Tabela 9.14. Condições de Privacidade em Função de PT Médio

PT Médio, dB Condições de Privacidade Classificação

voz normal facilmente


< 30 fraca
inteligível

voz elevada razoavelmente


30 -35 inteligível; razoável
voz normal pouco inteligível
voz elevada pouco
35 - 40 inteligível; voz normal não boa
inteligível

voz elevada não inteligível;


40 - 45 muito boa
não se escuta voz normal

> 45 não se escuta voz elevada excelente

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
176

Quadro 9.3.: Deseja-se criar uma sala de descanso adjacente a uma oficina. Os
níveis de ruído em bandas de oitava na oficina encontram-se tabelados abaixo. A
parede divisória entre a sala de descanso e a oficina tem comprimento de 20 m e altura
de 4 m. As absorções totais em bandas de oitava da sala de descanso também se
encontram tabeladas abaixo. Determinar a Perda por Transmissão em bandas de oitava
da parede divisória a fim de atender a curva de avaliação de ruído NC-45 na sala de
descanso.

Freqüência, Hz
Dados
125 250 500 1k 2k 4k

Nível de Ruído na Oficina, dB 92 85 85 80 78 75

Absorção Sonora Total na Sala de Descanso,


250 350 430 570 600 510
m2 (Sabine)

Resolução:

Freqüência, Hz
Grandeza
125 250 500 1k 2k 4k
Nível de Ruído na Oficina, Lp1 (dB) 92 85 85 80 78 75
Absorção Sonora Total na Sala de Descanso,
250 350 430 570 600 510
As m 2 (Sabine)
Curva de Avaliação de Ruído NC-45, Lp2 (dB).
60 54 49 46 44 43
(tabela 6.3)
Redução de Ruído, NR, dB
(Nível de Ruído na Oficina – Nível Sonoro na 32 31 36 34 34 32
Sala de Descanso, Lp1 - Lp2).
 S 
PT  L p1  L p2  10 log  , dB
 A s.recepção  27 25 29 25 25 24
 
(S = 20 x 4 = 80 m 2 )

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
177

9.11. DISTINÇÃO ENTRE ABSORÇÃO E ISOLAÇÃO SONORA


A capacidade de determinado material ou estrutura em absorver e isolar o ruído são
as principais medidas de seu desempenho acústico. Freqüentemente as funções da
absorção e da isolação sonora são confundidas. Vejamos então como utilizar estas
principais características acústicas de materiais nas aplicações.
A absorção sonora, ( S ), é principalmente utilizada para controle do tempo de
reverberação de determinado recinto. Embora a absorção implique também numa
redução do ruído, normalmente esta redução é de apenas uns poucos dBs, e portanto
não deve ser usada como a principal solução para reduzir o ruído em determinado
recinto. Apesar disto, o conforto acústico gerado dá a impressão subjetiva de que os
níveis sonoros foram reduzidos mais do que as medições objetivas revelam.
Conforme foi visto, um material absorvente deverá ter uma estrutura fibrosa ou
porosa, na qual as ondas sonoras possam propagar e perder parte de sua energia. Tais
materiais são geralmente de peso relativamente pequeno e normalmente não oferecem
propriedades estruturais.
A isolação sonora (PT) é desejável para evitar que o ruído de determinado recinto
se propague para um recinto contíguo. Um material com características isoladoras, é
geralmente denso e reflexivo, e normalmente oferece propriedades estruturais.
Vejamos dois exemplos. No primeiro, temos um material absorvente poroso ou
fibroso, com  = 0,9 e  = 0,1. Neste caso: PT = 10 log ( 1/  ) = 10 log (1/0,1) = 10 dB.
Embora o coeficiente de absorção sonora seja alto por ser uma material absorvente, o PT
é muito baixo para a maioria das aplicações. Logo, um bom absorvente sonoro é, por
suas próprias características físicas, um isolador ineficiente.
No segundo exemplo, temos um material denso e reflexivo, com  = 0,03 e  =
0,0005, o que fornece PT = 10 log ( 1/  ) = 10 log (1/0,0005) = 33 dB. Trata-se portanto
de um isolante razoável porém um pobre absorvente.
Logicamente, pode-se conseguir boas características de isolação e de absorção
sonora numa mesma estrutura, através da combinação de materiais. Por exemplo,
revestindo-se uma parede densa e reflexiva com material absorvente fibroso ou poroso.

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Capítulo 9. Acústica de salas e ruídos em recintos
178

9.12. TESTES
1. O comportamento do coeficiente de absorção sonora em função da freqüência de
materiais fibrosos e porosos é tipicamente:
a) uniforme com a freqüência.
b) crescente com a freqüência.
c) decrescente com a freqüência.
d) independente da freqüência.
e) constante em baixas freqüências e variada em altas freqüências.

2. Dispositivos especializados de absorção sonora são utilizados:


a) em substituição aos materiais fibrosos e porosos.
b) para obter uma curva de absorção sonora versus freqüência específica.
c) para absorver energia sonora abaixo de 125 Hz.
d) para absorver energia sonora nas altas freqüências.
e) para obter o tempo de reverberação.

3. O tempo de reverberação:
a) é diretamente proporcional ao volume e à absorção do recinto.
b) é diretamente proporcional ao volume e inversamente proporcional à absorção do
recinto.
c) depende do coeficiente de absorção sonora dos revestimentos internos do
recinto.
d) independe do volume do recinto.
e) é diretamente proporcional à absorção e inversamente proporcional ao volume do
recinto.

4. A freqüência de coincidência:
a) não reduz o valor de PT estimado com a “lei da massa” entre 125 Hz e 4 kHz.
b) reduz o valor de PT estimado com a “lei da massa”.
c) dá origem à região controlada pela ressonância da parede.
d) dá origem à região controlada pela rigidez da parede.
e) não está associada a PT.

5. Uma parede com PT Médio entre 40 e 45 dB, é classificada quanto às condições


de privacidade como:
a) fraca.
b) razoável.
c) boa.
d) muito boa.
e) ótima.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
179

CAPÍTULO 10. BARREIRAS E ENCLAUSURAMENTO ACÚSTICO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Reconhecer as alternativas de tratamento acústico entre fonte – receptor.
Conceituar as Barreiras acústicas - Teoria e prática. Conceituar os enclausuramentos
acústicos -Teoria e prática.

Ao terminar o capitulo você estará apto a entender os seguintes conceitos:


 Definição de barreira acústica;
 Método de cálculo – teoria de Fresnel, ábacos;
 Aplicação. Exemplo real de inserção de barreira;
 Definições de perda na transmissão TL e redução sonora NR;
 Cálculo do coeficiente de transmiss
 Cálculo da perda na transmissão de um material único;
 Cálculo da perda na transmissão de um sistema composto (vários materiais);
 Efeito de frestas na perda na transmissão total do conjunto;
 Efeito de materiais pouco isolantes no conjunto total;
 Aplicação. Exemplo real de inserção de enclausuramento.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
180

10.1. INTRODUÇÃO
Quando o controle na fonte é impraticável ou muito oneroso, ou mesmo quando a
redução obtida com modificações no próprio equipamento não é suficiente, deve-se
recorrer a atenuação no meio transmissor, ou seja, entre fonte e receptor.
As alternativas clássicas de controle de ruído na trajetória são:
 Inserção de barreiras entre fonte e receptor;
 Inserção de biombos acústicos entre bancadas de trabalho;
 Inserção de enclausuramentos parciais ou totais ao redor da fonte;
 O mesmo, ao redor do operador.

10.2. BARREIRAS
Barreiras são utilizadas para controlar a propagação de ruído. A atenuação é
devida principalmente à difração das ondas sonoras ao redor da barreira. É preciso,
entretanto, que a barreira possua densidade mínima de 20 kg/m 2 e altura tal que o
receptor não visualize a fonte sonora.

Figura 10.1. Barreira de ruído.

As barreiras são mais efetivas no controle de médias e altas frequências, (em


função dos grandes comprimentos de onda das baixas frequências). A redução de ruído
depende, portanto, de sua altura efetiva, do comprimento de onda e do ângulo de
deflexão do som, como mostra a Figura 10.2.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
181

Figura 10.2. Redução de ruído.


A atenuação sonora promovida pela barreira segue a teoria de Fresnel (estudioso
da difração ótica). O posicionamento relativo entre fonte, barreira e receptor define os
caminhos do som direto e difratado (por sobre a barreira). O número de Fresnel (N) é
calculado por:
N = +/- 2. (a + b – c) / 
Onde N = número de Fresnel;
a + b = caminho difratado do som, m;
c = caminho direto do som, m;
 = comprimento de onda do som, m
+ = significa zona de sombra da barreira;
- = significa zona de brilho da barreira.
Quando a barreira for posicionada em ambientes fechados, deve-se prever a maior
reflexão de som no teto, devido a sua presença. Para minimizar esse efeito,
principalmente em casos de pé-direito baixo, recomenda-se a utilização de forro
absorvente.
O resultado acústico após a inserção da barreira será melhor quanto mais próxima
à fonte ela estiver, e desde que sua capacidade de isolamento seja compatível com o
projeto.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
182

10.2.1 CASO PRÁTICO – USO DE BARREIRA AO REDOR DE UMA INSTALAÇÃO


DE BOMBAS VISANDO A REDUÇÃO DE RUÍDO OCUPACIONAL E AMBIENTAL
Este é um caso real de uma instalação a céu aberto de quatro bombas de álcool,
localizadas no piso térreo de uma fábrica de suco de laranja. O ruído emitido pelas
bombas (Leq = 102.5 dBA) propagava-se ao restante da fábrica e também à vizinhança,
situada a cerca de 100 m de distância.
As bombas em questão são equipamentos grandes, com dimensão [1,50 m x 0,70
m x 1,00 m], a saber profundidade x largura x altura. A medição inicial mostrou que os
componentes principais do espectro ocorriam nas médias e altas frequências, condição
ideal para a aplicação de barreira acústica.
A barreira projetada consistiu de 3 painéis acústicos, dois fixos e um central de
correr ( para manutenção dos equipamentos), na dimensão total de [8,95 m x 2,50 m],
respectivamente comprimento x altura. Os painéis foram confeccionados em:
 Chapa lisa de aço galvanizada # 14 – face externa
 50 mm de manta absorvente ( lã-de-vidro, densidade 40 - 60 kg/m3), protegida
por filme de polietileno transparente ao som;
 Chapa perfurada de aço # 18, com 40% de área aberta – face interna.
Um painel acústico assim constituído perfaz uma densidade superficial total de 22
kg/m2, suficiente para proporcionar o bloqueio sonoro através do corpo da barreira. A
Tabela 10.1 apresenta o resultado das medições realizadas antes e após a implantação
do tratamento acústico (barreira linear).

Tabela 10.1. Níveis de Ruído Bombas de Álcool (dBA): Antes e após o tratamento
acústico

Frequência (Hz)

Ponto 31 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k A

Antes 44 61,5 73 93 94 98 97 92 82 102,5

Após 44,5 57 70 84 84 87 87 87 78 93,0

Difer. - 4,5 3 9 10 11 10 5 4 9,5

A figura 10.3 apresenta os dois espectros medidos junto às bombas de álcool.


Podemos comentar:
 Os espectros são contínuos, de faixa larga e sem picos;
 A energia sonora concentra-se nas médias e altas frequências – de 250 Hz a
4.000 Hz;
 A barreira representou um ganho (ou redução) global equivalente a 9,5 dBA ;
 Considerando que a cada 3 dBA de diminuição a energia sonora é reduzida à
metade (em função da escala logarítmica), 9 dBA significam um abatimento de mais
de 80% do nível de ruído original.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
183

Nível de pressão sonora (dBA)


100
90
80
70
60
50
40
31 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k
Frequência (Hz)

1.5 m das bombas = 102,5 dBA


1.5 m da barreira = 93 dBA

Figura 10.3. Níveis de ruído - bombas de álcool dentro e fora da barreira

10.2.2 CONCLUSÕES
As medições realizadas antes e após as intervenções de controle de ruído
comprovam que a implantação de uma barreira acústica junto ao conjunto de quatro
bombas de álcool promoveu uma redução sonora de 9,5 dBA a 1,0 m da barreira (zona
de sombra acústica).
Deve-se observar que a face interna da barreira – voltada para os equipamentos –
é absorvente para não permitir a reflexão sonora do ruído emitido pelas bombas, o que
prejudicaria os operadores que circulam por esse lado da instalação.

10.3. ENCLAUSURAMENTOS
Para se projetar enclausuramentos acústicos eficientes é preciso conhecer e
diferenciar dois termos: redução de ruído (NR = noise reduction) e perda na transmissão
(PT, em inglês TL = transmission loss).
Por definição, NR é a redução em dB, avaliada pela diferença entre medições do
nível de pressão sonora em determinado ponto, antes e após a instalação de um
enclausuramento. O NR é dependente do ambiente acústico, dentro e fora do
enclausuramento.
Por outro lado, a perda na transmissão (TL) é independente do ambiente acústico.
É definida como a fração de energia transmitida por uma partição, em função da energia
sonora incidente sobre a mesma. Os valores de TL, em dB, podem ser calculados em
função do coeficiente de transmissão dos materiais, através da relação:
TL = 10 log ( 1 / )
onde  = coeficiente de transmissão da parede

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
184

O coeficiente  é definido como a razão entre a potência sonora transmitida, por


unidade de área, e a potência sonora incidente, por unidade de área. Portanto, a fração
de energia transmitida por uma partição é dada por:  S, onde S é a área, em m2. Para
partições compostas, esta fração é dada por:
c S =   i S i = 1 S1 + 2 S2 +........

ou
c =   i S i / S = 1 S1/ S + 2 S2 / S +......
onde c é o coeficiente de transmissão efetivo da partição composta,
S é a área total da partição, e
i são os componentes individuais da partição.
Por esse motivo, num enclausuramento todos os componentes são importantes:
não adianta utilizar paredes muito pesadas / isolantes e esquecer das portas e janelas,
que o resultado será pobre.
É preferível garantir a vedação acústica das portas e janelas, ainda que a
densidade superficial dos fechamentos seja limitada (em função de sobrecarga estrutural,
custos, etc).

10.3.1. NÍVEIS ACÚSTICOS


Quando um equipamento é enclausurado, o nível de pressão sonora Lp dentro da
cabine é dado por:
Lp = Lw + 10 log [ ( Q / 4  r2 )+ ( 4 / R ) ]
onde Lw é nível de potência sonora da fonte, dB,
Q é o fator de diretividade,
r é a distância ao centro acústico da fonte, m, e
R é a constante da sala ( enclausuramento ), m 2.
Na prática, caso o enclausuramento não contemple revestimento absorvente
interno o nível de pressão sonora (Lp) aumentará, tendendo a alcançar o valor do nível
de potência sonora (Lw), que representa a energia acústica total produzida pela fonte.

10.3.2. ENCLAUSURAMENTOS EM AMBIENTES RUIDOSOS


A redução de ruído (NR) proporcionada por um enclausuramento numa área
ruidosa, depende não só do TL de seus painéis, como também da constante da sala do
enclausuramento. Podemos adotar a seguinte relação:
NR = TL - 10 log [ ( 1 / 4 ) + ( S w / R ) ]
onde NR é a diferença em Lp antes e após o enclausuramento, dB,
TL é a perda na transmissão do enclausuramento, dB,
Sw é a área exposta do enclausuramento, m 2, e
R é a constante da sala (enclausuramento), m 2.
A equação anterior também se aplica na determinação do NR de uma parede que
separa uma sala ruidosa de uma sala relativamente quieta.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
185

Quadro 10.1. Calcule a perda na transmissão (TL) por faixas de oitava de


frequência do som, de um fechamento cuja massa superficial é 20 kg/m2. Conhecendo o
espectro sonoro da fonte e admitindo que a cabine acústica é revestida internamente nas
paredes e teto, calcule o nível sonoro obtido após a inserção da cabine.
Considerar o índice TL em 8.000 Hz = TL em 4.000 Hz
Suponha que as vedações de portas e janelas são bem feitas.

NR = TL – C

Lpe = Lpi - NR

Solução:

Frequência (Hz)

Parâmetro 125 250 500 1k 2k 4k 8k A

1. Lpi dB 87 88 85 89 91 92 80 96

2. TL (dB) 18 24 30 36 42 42** 42**

3. C tab 11 9 7 5 4 3 3

4. NR=TL-C 7 15 23 31 38 39 39

Lpe calc. 81 73 62 68 53 53 41 71,2

* admite-se um fator de segurança de 3dBA


** convém adotar valores conservativos

obs.: C é um fator de correção tabelado, fornecido por faixas de oitava de


frequência, que depende do ambiente interno do enclausuramento (revestimento):
vivo = superfícies lisas (refletoras);
médio = paredes e teto com material absorvente;
morto = paredes, teto e piso com material absorvente.
PT = perda por transmissão = TL (transmission loss) = 20 log (f . M) - 47 dB

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
186

10.3.3. CONDIÇÕES DE PROJETO


Ao projetar um enclausuramento, alguns fatores devem ser considerados:
 A densidade dos painéis acústicos;
 A aplicação interna de revestimento absorvente;
 Vedação adequada;
 Desacoplamento entre a cabine / equipamento e cabine / piso;
 Acessos para entrada e saída de materiais, bem como condição para retirada do
equipamento;
 Necessidade de ventilação forçada, caso a máquina libere calor e silenciosos
para os dutos de entrada e saída de ar;
 Necessidade de visores.
Além disso, é preciso que se considere o TL de todas as partes da cabine. É
frequente a exigência de visores e dutos de ventilação, os quais possuem TL menor do
que o das paredes da cabine.
O isolamento final de um enclausuramento com diferentes TL's pode ser
determinado utilizando a Figura 10.4, combinando TL's individuais, dois a dois.

Figura 10.4. Perda na transmissão de paredes com portas, janelas e aberturas

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
187

Da figura percebe-se que uma pequena área com TL reduzido, pode comprometer
bastante a perda na transmissão (TL) total do enclausuramento. Ainda que seja possível
aumentar a massa (e consequentemente o TL) das paredes da cabine, é mais econômico
providenciar vedação e fixação adequados aos visores, portas, dutos, etc. A Figura 10.5
mostra o efeito de vazamentos no TL do enclausuramento.

Figura 10.5. Efeito de vazamentos (Enclausuramento)

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
188

Nota 10.1. Com relação ao Quadro 10.1., explique as razões do bom resultado
acústico dessa cabine / enclausuramento.

Resolução:

O espectro sonoro da fonte apresenta os componentes principais em

altas freqüências, mais fáceis de atenuar; a massa superficial dos painéis é

alta; a cabine é revestida com material absorvente acústico.

10.3.4. ENCLAUSURAMENTOS PARCIAIS


Quando os fluxos de material ou acessos para manutenção / operação não
permitem o fechamento completo da máquina, é possível controlar o ruído através de
fechamentos parciais. Tais enclausuramentos devem ser revestidos com material
absorvente para alcançar sua eficiência máxima, e quanto mais completo ele for, tanto
melhor será o resultado acústico.
Enclausuramentos parciais são muito indicados para proporcionar zona de sombra
a trabalhadores que podem estar sujeitos a campos sonoros diretos de alta intensidade.
Este efeito de sombra está limitado a atenuação de altas frequências, em que as
dimensões do fechamento são muitas vezes o comprimento de onda do som.
Outros fatores que influenciam a sua eficiência são a configuração do
enclausuramento e a absorção das superfícies da sala e da máquina. De acordo com a
Figura 10.6, as reduções acústicas no som direto de alta frequência podem variar entre 3
dB até 15 dB. É claro que, quanto maior a superfície do fechamento, maior será a
atenuação obtida.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
189

Figura 10.6. Exemplos de enclausuramento parcial

10.3.5. CASO PRÁTICO: INSTALAÇÃO DE ENCLAUSURAMENTO ACÚSTICO


NUM EQUIPAMENTO
Este caso real foi executado numa fábrica de filmes fotográficos, na área de
Fotoquímicos. O equipamento em questão é uma “tamponadeira”: máquina cilíndrica que
coloca tampas em frascos plásticos, enfileirados numa esteira rolante.
Os níveis de ruído medidos a 1,0 m da máquina, na posição do operador,
produziam valores acima de 85 dBA e junto à fonte o nível global de pressão sonora
alcançava 95 dBA. O ruído emitido é função do atrito entre as tampinhas no recipiente
que as leva para a esteira rolante. Como tal recipiente era aberto na parte superior, o
ruído propagava-se com facilidade.
O projeto acústico previu a construção de uma “caixa” ao redor da parte cilíndrica
da máquina, porém com tampa superior e fixação na própria base existente. Essa caixa
foi revestida com materiais de amortecimento e absorção acústicos, de modo a reduzir a
vibração superficial e a reflexão sonora da chapa metálica, respectivamente.
Para facilitar a manutenção do equipamento, a tampa da nova caixa acústica foi
feita bi - partida e recortada na parte de borracha, possibilitando assim sua remoção.
Toda a caixa foi construída em painéis acústicos constituídos por:

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
190

 Chapa lisa de aço inox # 14 (externa);


 Revestimento em manta asfáltica espessura 4 mm;
 Mais manta de lã – de - rocha com espessura de 50 mm e densidade
volumétrica de 64 kg/m 3 ensacada em filme de polietileno;
 Proteção em tela de aço inox malha fina, com 60 % ªa (interna).
Os painéis acústicos assim constituídos possuem densidade superficial de
25kg/m2. A perda na transmissão (TL) dos painéis da tamponadeira pode ser calculada a
partir dos parâmetros: massa superficial (kg/m2), frequência crítica (Hz), amortecimento,
para cada oitava de frequência do espectro sonoro, através da expressão:
TL = 17 log (f . m) – 48
onde TL é a perda na transmissão, dB,
f é a frequência do som, Hz, e
m é a densidade superficial painel, kg/m 2.

A Tabela 10.2 apresenta uma estimativa da redução sonora ofertada pelo


enclausuramento acústico, a partir dos parâmetros acima. O cálculo considerou a
medição de ruído mais desfavorável, que foi obtida junto à fonte - próximo do bocal de
alimentação das tampinhas - e não da medição realizada na posição do operador.

Tabela 10.2. Estimativa redução sonora enclausuramento acústico: tamponadeira

Frequência (Hz)

Parâmetro 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k A

1. Lpi med 73,5 69 75,5 79 84 89,5 91 80 95

2. TL (dB) 6 11 16 21 26 31 25 27

3. C tab 13 11 9 7 5 4 3 3

4. NR=TL-C - - 7 14 21 27 22 24

Lpe calc. 73,5 69 68,5 65 63 62,5 69 56 75*


* admite-se um fator de segurança de 3dBA

obs.: C é um fator de correção tabelado, fornecido por faixas de oitava de


frequência, que depende do ambiente interno do enclausuramento:
vivo = superfícies lisas (refletoras);
médio = paredes e teto com material absorvente;
morto = paredes, teto e piso com material absorvente.
Neste exemplo real adotamos os valores de “C” equivalentes à classificação médio,
a qual corresponde à maioria dos enclausuramentos acústicos.
Pelos cálculos, estimou-se um resultado em torno de 75 dBA +/- 2 ao redor da
máquina, nas posições do operador.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
191

10.3.5.1. Níveis sonoros após a implantação do tratamento acústico


A Tabela 10.3 apresenta uma comparação dos espectros sonoros medidos nos
pontos A e B (operador), antes e depois da implantação do enclausuramento acústico ao
redor da tamponadeira.

Tabela 10.3. Níveis antes e depois do fechamento acústico tamponadeira: posições


operador

Frequência (Hz)

Condição 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k A

pt. A antes 74 70 71 74 75 81 82 74,5 86

pt. A pós 80 70 66,5 69 69 68 67,5 58 72**

diferença - - 4,5 5 6 13 14,5 16,5 14

pt. B antes 73 70 72 74,5 75 79 80 69,5 84

pt. B pós 80 70 68 68,5 70,5 67 64,5 54 71**

diferença - - 4 16 4,5 12 15,5 15,5 13

A figura 10.7 apresenta uma envoltória de máximos dos espectros sonoros da


tamponadeira, antes e depois da instalação do fechamento acústico. Podemos comentar:

90
Nível de pressão
sonora (dB)

80
70
60
50
31 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k
Frequência (Hz)

antes do trat.acústico pós tratamento acústico

Figura 10.7. Níveis de ruído tamponadeira Serac antes e pós-tratamento acústico

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
192

 A atenuação sonora prevista com o tratamento indicava um nível de ruído


equivalente a Leq = 75 dBA +/- 2, o que foi alcançado plenamente;
 ** os valores medidos nas posições A e B do operador tiveram a contribuição de
níveis de ruído específicos, externos ao enclausuramento, a saber:
 Junto à queda de tampinhas – Leq = 80,0 dBA / 82,0 dBC
 Próximo separador (rotuladeira) – Leq = 85,0 dBA / 86,0 dBC
 Próximo tamponadeira 8 bicos – localizada ao lado da tamponadeira em questão
– Leq = 80,0 dBA / 83,0 dBC;
 A maior redução sonora ocorreu nas altas frequências (2 kHz – 8 kHz) e nas
médias frequências (250 Hz – 1 kHz); o pequeno acréscimo nas baixas frequências
é usual e esperado.

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
193

10.4.TESTES
1. Considere as seguintes afirmações:

I. O índice NR (redução sonora) é ........................... do ambiente acústico, dentro e


fora do enclausuramento.
II. A cada dobro da frequência do som ou da massa superficial do material, a TL
(perda na transmissão) ...................... 5 dB.
III. Caso o enclausuramento acústico não tenha absorção interna, nas paredes e
teto, o nível de pressão sonora irá ............ o nível de potência sonora da fonte.
IV. Para melhorar o resultado acústico de um enclausuramento é .................
providenciar vedação e fixação adequados do que aumentar a massa dos painéis.

A. Aumenta
B. Igualar
C. Melhor
D. Dependente

Assinale a alternativa mais adequada:


a) I – A, II – B, III – C, IV – D
b) I – D, II – A, III – C, IV – B
c) I – A, II – C, III – B, IV – D
d) I – D, II – B, III – A, IV – C
e) I – D, II – A, III – B, IV – C

Considere as afirmativas a seguir e assinale verdadeiro ou falso:

2. A zona de brilho de uma barreira acústica significa que a mesma não produz
atenuação, ou seja, o receptor visualiza a fonte.
a) Verdadeiro
b) Falso

3. A teoria de Fresnel, usada no cálculo de barreiras, vem da teoria da difração


ótica = mudança na direção da luz.
a) Verdadeiro
b) Falso

4. As barreiras acústicas podem ser muito leves, não precisam ter uma densidade
mínima superficial.
a) Verdadeiro
b) Falso

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
194

5. No caso de uma barreira leve, a energia sonora não é transmitida pelo material
(corpo) da barreira.
a) Verdadeiro
b) Falso

6. Para aumentar sua eficiência, particularmente em áreas abertas, as barreiras


podem ser posicionadas em outras configurações além da linear, como “L”, “U”,
etc.
a) Verdadeiro
b) Falso

7. Considere as seguintes afirmações:

I. Caso uma fonte de ruído esteja rigidamente fixada à sua base, o


enclausuramento acústico .................... ser conectado à mesma, pois transmitiria a
vibração do equipamento.
II. É possível fazer um enclausuramento acústico sem revestimento absorvente
interno; só que nesse caso a .................................... das paredes do
enclausuramento deverá ser maior, em geral o valor NR (redução sonora) + 20 dB.
III. Quando um equipamento ruidoso possui várias interferências (tubulações,
elétrica, acessos, etc), não é recomendado o uso de ........................... em função
das muitas aberturas necessárias.
IV. Numa sala com diversas fontes ruidosas de mesma magnitude, o
enclausuramento de apenas uma delas .............................. em ganho significativo.
V. A qualidade de um enclausuramento acústico depende não só da massa
superficial dos painéis, mas também do .................................. de portas e visores.

A. Não deve
B. Perda na transmissão (TL)
C. Cabines acústicas
D. Não resultará
E. Cuidado na vedação e fixação
Assinale a alternativa mais adequada:
a) I – A, II – B, III – C, IV – D, V – E
b) I – A, II – C, III – B, IV – D, V – E
c) I – B, II – C, III – A, IV – E, V – D
d) I – B, II – A, III – E, IV – D, V – C
e) I – A, II – C, III – D, IV – B, V – E

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
195

8. Enclausuramentos totais são muito indicados para proporcionar zona de sombra


a trabalhadores que podem estar sujeitos a campos sonoros diretos de baixa
intensidade.
a) Verdadeiro
b) Falso

9. A densidade dos painéis acústicos, aplicação interna de revestimento absorvente


e a vedação são exemplos de fatores a serem considerados ao se projetar um
enclausuramento.
a) Verdadeiro
b) Falso

10. Para se projetar enclausuramento acústicos eficientes é preciso conhecer


basicamente dois fatores: redução de ruído (NR) e perda de transmissão (TL).
a) Verdadeiro
b) Falso

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Capítulo 10. Barreiras e enclausuramento acústico
196

10.5. BIBLIOGRAFIA
1. American Industrial Hygiene Association (AIHA). Industrial Noise Manual.
3a. edição. 1975.
2. BERANEK, L. L. Noise and Vibration Control. McGraw-Hill 1971.
3. Bruel & Kjaer. Architectural Acoustics. 2a. edição. 1978.
4. Bruel & Kjaer. Noise Control: Principles and Practice.1a.ed.1982.
5. HARRIS, C. M. Handbook of Noise Control. 2a. edição. 1979.
6. Fundación MAPFRE. Manual de Hygiene Industrial. 1991.
7. BIES AND HANSEN. Engineering Noise Control. 2a. edição. 1996.
8. GERGES, SAMIR. Ruído, Fundamentos e Controle. 1a. ed. 1992.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
197

CAPÍTULO 11. CONTROLE DE RUÍDO EM SISTEMAS VAC

OBJETIVOS DO ESTUDO
Entender as medidas de controle de ruído em sistemas de ar condicionado. O
método de cálculo da potência sonora do ventilador e as atenuações sonoras no trajeto
entre casa de máquinas – sala servida.

Ao terminar o capitulo você estará apto a compreender:


 A geração de ruído num sistema de ar condicionado;
 O Método de cálculo da potência sonora do ventilador, segundo ASHRAE
Systems Volume;
 Atenuações sonoras ao longo do trajeto ventilador (c.m) – grelha (sala);
 Critério de conforto acústico. Curvas NC (Noise Criteria);
 Cuidados gerais na instalação de VAC.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
198

11.1 CONTROLE DE RUÍDO EM SISTEMAS DE VAC (VENTILAÇÃO E AR


CONDICIONADO)
O controle de ruído em sistemas de ventilação e ar condicionado está presente
tanto na área industrial quanto na área ambiental. Vamos focar mais especificamente os
sistemas de ar condicionado de ambientes ocupados, como escritórios, salas de aula,
residências, auditórios, etc, que demandam nível de ruído de fundo baixo.
A emissão de ruído tem origem no ventilador (equipamento rotativo) e se propaga
através do sistema de dutos até os difusores de ar das salas servidas. É preciso analisar
todo o sistema para identificar os problemas de instalação ou dimensionamento de
projeto.

11.1.1. POTÊNCIA SONORA DO VENTILADOR


A potência sonora do ventilador, por faixas de oitava de frequência, deveria ser um
dado fornecido pelo fabricante. Na falta desses dados é possível se estimar os níveis de
potência sonora do ventilador através de procedimento descrito na ASHRAE Systems
Volume chapter 35.
Tal procedimento reúne duas características operacionais do equipamento, vazão
de ar e pressão estática, à valores específicos de níveis de potência sonora tabelados
para diversos tipos e diâmetros de ventilador. Introduz ainda correção para o ponto de
operação do ventilador em relação ao ponto de eficiência máxima e acréscimo na
frequência de passagem das pás (ou bfi = blade frequency increment), dada por:
Bf = (rpm x no pás) / 60

Onde: rpm = rotações por minuto


A expressão que permite estimar o nível de potência sonora dos ventiladores é a
seguinte:
Lw = Kw + 10 log (Q / Q1) + 20 log (P / P1) + C
onde Lw é o nível de potência sonora do ventilador, dB
Kw é o nível específico de potência sonora, dB, tabelado
Q é a vazão de ar do ventilador, l / s
Q1 = 0,472
P = pressão estática do ventilador, in H2O
P1 = 1
C é a correção para o ponto de operação do ventilador , dB*

Tabela 11.1. Fator de Correção "C" para Ponto Real de Operação

% do pico 90 – 100 85 – 89 75 – 84 65 – 74 55 – 64 50 - 54

Fator correção 0 3 6 9 12 15

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
199

A Tabela 11.2 apresenta os níveis específicos de potência sonora (kW), por faixas
de oitava de freqüência para os diversos tipos de ventiladores.

Tabela 11.2. Valores Específicos de kW (ref. ASHRAE)

Frequência (Hz)

Diâmetro
Tipo do Ventilador 63 125 250 500* 1k 2k 4k BFI*
do Rotor

> 0,9 m 32 32 31 29 28 23 15 3
airfoil, curvado p/ trás, inclinado
p/ trás
< 0,9 m 36 38 36 34 33 28 20
Centrífugo

curvado p/ frente todos 47 43 39 33 28 25 23 2

pás radiais > 1,0 m 45 39 42 39 37 32 30

0,5 / 1,0 m 55 48 48 45 45 40 38 8
soprador pressão
< 0,5 m 63 57 58 50 44 39 38

> 1,0 m 39 36 38 39 37 34 32
Vaneaxial
< 1,0 m 63 57 58 50 44 39 38 6

> 1,0 m 41 39 43 41 39 37 34
Tubeaxial
< 1,0 m 40 41 47 46 44 43 37 5

Propeller

torre resfriamento todos 48 51 58 56 55 52 46 5

Obs.: Estes valores são os níveis de potência sonora específicos irradiados tanto pela
entrada quanto pela saída do ventilador. Caso se deseje o nível de potência sonora total
radiado, deve-se adicionar 3 dB aos valores acima.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
200

Algumas considerações técnicas devem ser feitas sobre a seleção e a instalação


dos ventiladores, no sentido de minimizar a atenuação sonora nos dutos. São elas:

 O sistema de distribuição do ar deve ser projetado para resistência mínima, uma


vez que o ruído gerado nos ventiladores aumenta com a pressão estática,
independente do tipo de ventilador;
 Considerando que os níveis de ruído específicos dos ventiladores (Kw) variam
de acordo com seu tipo e modelo, o que significa espectros sonoros diversos, o
engenheiro deve selecionar o ventilador que produza o menor nível de ruído
possível, aliado a outros parâmetros de projeto;
 Ventiladores com poucas pás (até 15) tendem a produzir tons puros que
dominam o espectro sonoro (na frequência de passagem das pás e seus
harmônicos). A intensidade desses tons depende de ressonâncias dentro do
sistema de dutos, do projeto do ventilador, etc;
 As conexões de entrada e saída do ventilador devem ser projetadas para
fornecer fluxo de ar uniforme e direto; variações no lay-out de projeto podem
degradar severamente a performance acústica e aerodinâmica de qualquer tipo de
ventilador;
 Em sistemas de volume variável deve-se dar atenção ao efeito de mudanças de
volume na potência sonora do ventilador: reduzir o fluxo de volume alterando as
posições das aletas de entrada pode aumentar, e muito, o nível de potência sonora
do ventilador.

O nível de potência sonora do ventilador é o ponto de partida para o cálculo do


nível de pressão sonora numa sala servida por ar condicionado, em função da
propagação da energia acústica pelo sistema de dutos. Ao longo do trajeto, esta energia
sofre perdas e/ou acréscimos seja nos dutos propriamente ditos, como também em
curvas, ramificações, dampers, grelhas, difusores, etc, conforme explicado nos itens a
seguir.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
201

Quadro 11.1. Calcule a vazão de ar admissível a um ventilador centrífugo, cujos


dados são:
 pressão estática P = 1.0 in H2O;
 ponto de eficiência de operação = 80%;
 nível de potência sonora máximo (Lw) = Kw + 55 dB.

Resolução:

Lw = Kw + 10 log (Q / 0,472) + 20 log (1,0 / 1) + 6

Então: 10 log (Q / 0,472) = 55 – 6 = 49

log (Q) – log (0,472) = 4,9

log (Q) = 4,58 Q = 10 4,58 = 38.019 l / s

A máxima vazão de ar do ventilador será Q = 38.019 l / s para

que o nível de potência sonora Lw = Kw + 55 dB.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
202

11.1.2. ATENUAÇÕES EM DUTOS, TRATADOS OU NÃO.


Ainda que o sistema de ar condicionado não contemple nenhum tratamento
acústico, haverá uma perda natural da energia sonora devido à vibração das paredes
dos dutos e reflexões da onda sonora em curvas e difusores de ar. A Tabela 11.3
introduz as atenuações sonoras em dB / metro linear esperadas para dutos retangulares,
em função da relação perímetro / seção transversal.

Tabela 11.3. Atenuação natural em dutos retangulares (dB / m)

Freqüência (Hz)

Razão P / A (m/m2) 63 125 250 a 4.000

acima de 12 0 0,3 0,1

entre 12 e 5 0,3 0,1 0,1

abaixo de 5 0,1 0,1 0,1

Se, por exemplo, os dutos de um projeto estão na 2a categoria (relação P / A entre


12 e 5), basta multiplicar os valores apresentados na Tabela 11.3 pela metragem total
dos dutos, para ter a atenuação sonora respectiva. Caso esses dutos sejam revestidos
com 1" (25 mm) de material absorvente, deve-se aplicar a Tabela 11.4.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
203

Tabela 11.4. Atenuação em dutos retangulares tratados (dB / m)

Frequência (Hz)

Seção transv.(mm x mm) 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k

150 x 150 - 4,6 3,9 10,8 16,4 18,7 17,4 15,0*

150 x 300 - 3,6 3,0 8,5 16,7 18,0 15,4 11,0*


Dutos retangulares

300 x 300 - 2,3 2,0 6,9 15,4 14,8 12,8 7,0*

300 x 600 - 1,6 1,6 5,9 15,1 10,2 8,5 5,5*

600 x 600 - 1,0 1,3 5,0 11,8 6,5 4,9 4,0*

600 x 900 0,3 1,0 2,0 3,6 7,9 4,6 3,0 2,3

600 x 1200 0,3 0,7 1,6 3,3 7,5 3,9 2,3 2,0
Dutos circulares ()

150 0,7 1,6 3,3 5,9 7,2 7,2 6,6 4,9

300 0,5 1,0 2,3 4,9 7,2 7,2 4,9 3,0

600 0,3 0,7 1,6 3,3 5,6 3,0 1,6 1,6

1200 - 0,3 1,0 2,0 2,0 1,6 1,6 1,6

Além da atenuação sonora proporcionada pelos dutos, deve-se considerar também


o efeito de curvas, ramificações, dampers e difusores.

11.1.3. ATENUAÇÃO EM CURVAS, TRATADAS OU NÃO.


Curvas em ângulo reto refletem parte da energia sonora de volta à fonte, resultando
em atenuação acústica no duto. Dados de literatura sobre curvas não tratadas indicam
que a atenuação é maior em curvas quadradas sem "veias" do que com "veias" e nestas
é maior do que em curvas redondas. De qualquer modo, as atenuações variam entre 3 a
6 dB para o primeiro caso, 2 a 4 dB no segundo e 1 a 3 dB no terceiro.
As curvas podem ser uma fonte de ruído devido ao fluxo de ar turbulento gerado na
mudança de direção: em velocidades acima de 10 m/s, deve-se esperar um incremento
sonoro bastante acentuado. O fluxo de ar turbulento pode ser reduzido usando-se curvas
circulares ao invés de quadradas, ou introduzindo-se "veias" direcionais nas curvas.
A Tabela 11.5 apresenta as atenuações sonoras aproximadas para curvas
quadradas revestidas com 25 mm de material absorvente, ao longo de no mínimo duas
larguras do duto em cada lado da curva. Enquanto o revestimento aumenta a atenuação
proporcionada pela curva o uso de veias direcionais, nesse caso, não é recomendado.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
204

Tabela 11.5. Atenuação em curvas quadradas tratadas, sem veias direcionais (dB)

Frequência (Hz)

Largura* duto (mm) 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k

150 - - - 1 7 12 14 16

300 - - 1 7 12 14 16 18

600 - 1 7 12 14 16 18 18

1200 1 7 13 15 16 18 18 18

11.1.4. ATENUAÇÕES EM RAMIFICAÇÕES


Quando um duto ramal deixa um duto principal, a potência sonora que é transmitida
através do duto principal é dividida entre eles na razão aproximada de suas áreas, ou
seja, se o ramal é igual em seção transversal ao duto-tronco, metade do ruído é
distribuída para cada um dos dutos. A redução de ruído pode ser calculada através de:
Redução sonora (dB) = 10 log (fluxo ar ramal) / (fluxo ar total)
A Tabela 11.6 apresenta valores em dB que devem ser subtraídos da potência
sonora do duto principal para se obter a potência sonora no ramal, em função das
relações de área entre ramal / tronco.

Tabela 11.6. Redução acústica de ramificações

Relação ramal / total 0,80 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,05

Redução sonora (dB) 1 2 3 4 5 7 10 13

11.1.5. RUÍDO GERADO EM DAMPERS, GRELHAS E DIFUSORES


As grelhas e difusores para distribuição de ar e os dampers corta-fogo ou
reguladores de vazão podem gerar ruído excessivo, se dimensionados incorretamente.
De acordo com as especificações de projeto e informações de catálogo do fabricante,
podemos verificar se os tamanhos selecionados para esses elementos, de acordo com os
parâmetros velocidade do fluxo e vazão de ar, correspondem a níveis de ruído aceitáveis
para os ambientes em questão.
Na prática, um sinal de que grelhas ou difusores de ar estão "mal" dimensionados é
a presença de chiado ou assobio (devido à passagem das altas frequências do som). É
claro que, alterando-se o posicionamento das aletas das grelhas altera-se também a
vazão de ar e, em consequência, os níveis de ruído aí gerados. Sendo assim, tanto a
escolha do tamanho dos difusores de ar quanto o posicionamento das aletas das grelhas
devem ser feitos com critério.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
205

11.1.6. EFEITOS DE REFLEXÃO FINAL


Quando as ondas sonoras sofrem a transição de um espaço pequeno, como um
duto, para um espaço grande, como uma sala, certa quantidade de energia sonora é
refletida de volta para o duto, reduzindo marcadamente os sons de baixa frequência.
Pesquisas recentes, entretanto, indicam que tal fenômeno ocorre apenas quando a
terminação do ramal é precedida por um trecho reto de duto equivalente a [3 - 5]
diâmetros do duto, sem difusor ou grelha. Qualquer dispositivo de saída de ar
diretamente conectado ao duto reduz as perdas sonoras devidas à reflexão final.
A Tabela 11.7 introduz a atenuação sonora proporcionada por "reflexão final",
observando-se as premissas apresentadas anteriormente.

Tabela 11.7. Atenuação devida à reflexão final (dB)

Freqüência (Hz)

Seção duto quadrado /


63 125 250 500 1k > 2k
diâmetro duto circular (mm)

150 17 12 6 3 1 0

300 12 6 3 1 0 0

600 6 3 1 0 0 0

1200 3 1 0 0 0 0

11.1.7. EFEITOS DA SALA


Já a relação entre o nível de potência sonora (Lw) emitido por um terminal de ar e o
nível de pressão sonora (Lp) na sala, em determinado ponto, depende basicamente dos
seguintes fatores: volume da sala, mobília, magnitude da fonte sonora e distância da
fonte ao receptor.
Estudos recentes indicam que, apesar da quantidade de elementos absortivos e
refletores de som variar em função do tipo de ambiente, no geral esta condição não altera
significativamente a relação entre L w e Lp. A seguinte equação empírica pode ser
utilizada:
Lp = Lw - 5 log V - 3 log f - 10 log r + 12
onde Lp é o nível de pressão sonora no receptor, dB,
Lw é o nível de potência sonora da fonte, dB,
V é o volume da sala, m 3,
f é a frequência do som, Hz, e
r é a distância entre fonte e receptor, m.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
206

A equação acima é aplicável para apenas uma fonte sonora na sala ao alcance do
receptor; caso haja mais de uma, deve-se computar o efeito de cada fonte através da
soma logarítmica dos níveis sonoros.

11.2. CRITÉRIOS DE CONFORTO ACÚSTICO


Em ambientes de trabalho que demandam concentração intelectual para a
realização das tarefas e ambientes destinados ao lazer e/ou repouso, a ocorrência de
ruído de fundo perceptível a nível subjetivo acarreta distração, incômodo, cansaço e
implica na diminuição da produtividade.
Para que o funcionamento do sistema de VAC não seja notado auditivamente, é
preciso que tanto os parâmetros de projeto quanto os equipamentos sejam bem
dimensionados. A exposição ao ruído em locais administrativos / residenciais é regida por
critérios de conforto acústico: não se trata de resguardar a saúde auditiva das pessoas
mas sim de proporcionar um ambiente agradável acusticamente.
Tais critérios baseiam-se no fato de que sistemas de ar condicionado bem
projetados e com manutenção periódica irradiam som de caráter tipicamente estacionário
e com espectro amplo. Por isso, as curvas de referência adotadas estabelecem níveis de
pressão sonora com decaimento constante em função da frequência, para diversos tipos
de ambiente (hotéis, residências, hospitais, escritórios, auditórios, etc).
No Brasil, o instrumento normativo que faz menção a esse problema é a NBR
10152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico, a qual recomenda a utilização das
curvas NC (Noise Criteria) como critério de projeto para ambientes não industriais. Fica
definido, portanto, que além do nível global dB(A), é também importante a forma do
espectro do ruído, para que o mesmo não seja incômodo.

11.2.1. CURVAS NC (NOISE CRITERIA)


As curvas Noise Criteria (NC), criadas em 1957 por Leo Beranek, definem os
limites aceitáveis para um determinado espectro de ruído em oitavas de frequência. Por
exemplo, salas de escritórios normalmente adotam a curva NC-35 como objetivo de
projeto: assim, o ruído de fundo ambiente não pode ultrapassar a curva NC-35 em
nenhuma faixa do espectro.
Resumindo, as curvas NC procuram representar espectros de ruído balanceados
e agradáveis, e devem ser adotadas em projetos que visam ajustar o nível de ruído do ar
condicionado aos ambientes servidos.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
207

Figura 11.1. Curvas NC

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
208

11.3. EXEMPLO PRÁTICO


Vamos comparar os níveis de pressão sonora (devido à operação do sistema de ar
condicionado) produzidos em determinada sala de escritório, considerada crítica, com os
níveis de ruído medidos na mesma sala, para verificação das teorias apresentadas.
Suponhamos um escritório, com as seguintes características:
 V = volume da sala = 26,40 x 2,85 = 75,24 m 3
 r = distância fonte - receptor = 2,40m (adotada)
 2 grelhas distanciadas entre si de 7,00m
inserido num andar de um prédio comercial o qual é alimentado por sistema central de ar
condicionado (para cada andar). A "casa de máquinas" fica ao lado do elevador e os
dados operacionais do sistema (fabricado pela Starco) seguem abaixo:
 Condicionador de ar modelo: FAV-40
 Vazão de ar insuflado: 27.200 m 3 / h
 Vazão de ar de retorno: 24.480 m 3 / h
 Vazão de ar externo: 2.720 m 3 / h
 Ventilador centrífugo, modelo FV 40 / 4D, série I845603
 Rotação: 870 rpm; diâmetro do rotor: 470 mm;
 Pressão estática: 45 mmca (estimada em função da vazão);
 Número de pás: 51; tipo de pás: viradas para frente;
 Motor WEG, modelo 112M685
 Potência: 7,5 HP; rotação: 1720 rpm
A partir do cálculo do nível de potência sonora do ventilador e de acordo com o
traçado e distribuição dos dutos, calcular o nível de pressão sonora que alcança o
receptor na sala considerada, lembrando que a mesma dispõe de duas grelhas difusoras
de ar.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
209

Quadro 11.2. Montar uma tabela por faixas de frequência do som (63 Hz a 4 kHz) e
computar todas as atenuações sonoras no decorrer do percurso entre a descarga do
ventilador e a grelha da sala considerada no exemplo prático.

Condição 63 125 250 500 1k 2k 4k A

Lw vent. dB 100 96 92 86 83 78 76 90

1a ramif.40% -4 -4 -4 -4 -4 -4 -4

2,5 m (816x400) -1 - - - - - -

2a ramif.50% -3 -3 -3 -3 -3 -3 -3

1a grelha 10% -10 -10 -10 -10 -10 -10 -10

9,0 m (684x350) -3 -1 -1 -1 -1 -1 -1

2a grelha 10% -10 -10 -10 -10 -10 -10 -10

Efeito sala -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8

Lp result. dB 70 68 63 56 52 46 43 59

Lp medido dB 66 66 58 53 49 41 33 56

Calcular o nível de potência em função de Kw, Q, P e C.

Q = vazão de ar = 27.000 m3/h = 7.555 l/s

P = pressão estática = 45 mm ca = 1,77 in H2O

C = correção em função do ponto de operação = 6 (assumido, ver tabela 11.1)

Daí, chega-se:

Lw = kw + 10 log (7.555 / 0,472) + 20 log (1,77 / 1,0) + 6 = kw + 53

Entrando na tabela 11.2, 3a linha (curvado p/ frente) Lw = 90 dBA

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
210

Ramificações e grelhas: entrar na tabela 11.6

Atenuações dutos retangulares não tratados: entrar na tabela 11.3, linha 3

Efeito da sala: Lp - Lw = - 9,3 – 3 log f – 5,7 + 12 = 3 – 3 log f

* como são 2 grelhas, deve-se somar 3 dB.

O espectro calculado (Lp resultante) está muito próximo ao espectro medido

(Lp medido), exceto pela frequência de 4 kHz. Confirma-se, assim, o modelo

de cálculo constante do ASHRAE SYSTEMS VOLUME.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
211

11.4. RECOMENDAÇÕES FINAIS PARA UMA INSTALAÇÃO DE VAC


Em toda instalação de ar condicionado deve-se atentar principalmente para os
seguintes detalhes:
 A potência sonora produzida pelo ventilador pode ser reduzida caso a relação
entre: vazão de ar, pressão estática e rotação do equipamento implique em
condições operacionais próximas ao ponto de eficiência máxima;
 A transmissão sonora através dos dutos pode ser reduzida se os mesmos forem
tratados internamente com material absorvente (veja Tabela 11.4), uma vez que a
atenuação se dá em dB / m. Entretanto, a adição de revestimento interno acarreta
diminuição da seção do duto e consequente aumento da perda de carga, o que
deve ser considerado no dimensionamento do projeto; também é bom lembrar a
importância do forro (de preferência acústico) nas salas servidas, pois tal
fechamento cria uma "barreira" contra o ruído que pode ser transmitido via parede
do duto;
 Vibração: elevados níveis de vibração encontrados na carcaça dos
condicionadores de ar são indício de que os equipamentos não estão operando em
condições normais. Os fornecedores confirmam que, quando balanceado e
regulado, o equipamento não gera vibração, tanto é que o ventilador dentro do
gabinete em geral não possui apoios anti-vibratórios. Portanto, uma das primeiras
recomendações é verificar junto ao fabricante se não está ocorrendo algum tipo de
desbalanceamento, problema comum em equipamentos rotativos;
 Ronco: a falta de tratamento acústico (plenum) após a descarga do ventilador
também influi na propagação do ruído do ventilador pelo sistema; o melhor é prever
um trecho longo de duto (no mínimo 1,5 vez a maior dimensão do duto de
descarga) antes das ramificações, para que o fluxo de ar fique estável, evitando a
transmissão de baixas frequências. Problemas de ronco são difíceis de tratar
acusticamente, pois muitos silenciadores ou revestimentos internos são ineficientes
nessa região de frequências (< 250 Hz);
 Reverberação: a ausência de revestimento absorvente na casa de máquinas
contribui para o aumento da energia sonora no local, em função da reflexão múltipla
do som nas paredes, piso e teto, geralmente de materiais lisos e duros. Entretanto,
eventual tratamento acústico na casa de máquinas reduz os níveis de som na
própria sala e proximidades, sem alterar o nível de ruído propagado pela rede de
dutos;
 Projeto: na concepção de projeto em que uma máquina de grande capacidade
serve áreas também grandes, o ruído na fonte é elevado; para a propagação desse
ruído ser minimizada, o sistema de dutos deve receber tratamento acústico interno;
 Posicionamento das grelhas: quando as grelhas estão alocadas diretamente no
duto principal, elimina-se o efeito de reflexão final que é muito importante para a
diminuição do ruído nas baixas frequências, já que os materiais acústicos possuem
fraco desempenho nessa região. Por esse motivo recomenda-se sempre inserir as
grelhas em dutos ramais e dimensioná-las de acordo com a velocidade do ar, para
não produzirem chiado - ruído em altas frequências.

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
212

11.5. TESTES
1. Considere as seguintes frases:

I. No problema anterior, para diminuir o nível de ruído do ventilador podemos


...................... a vazão de ar e .................. a eficiência de operação.
II. A instalação errada de ventiladores, sem amortecedores de vibração, pode
gerar ............. frequências e problemas de “ronco”.
III. A casa de máquinas deve receber revestimento acústico ................ para
.................... a reverberação sonora.
IV. As grelhas de insuflamento de ar podem causar assobio ou chiado caso sejam
dimensionadas para ........... velocidades do fluxo de ar.

A. Baixas
B. Absorvente, diminuir
C. Diminuir, aumentar
D. Altas
Assinale a alternativa mais adequada:
a) I – B, II – A, III – C, IV – D
b) I – C, II – A, III – B, IV – D
c) I – C, II – D, III – B, IV – A
d) I – B, II – D, III – C, IV – A
e) I – B, II – C, III – D, IV – A

2. Considere as seguintes frases:

I. Um bom projeto acústico de sistema VAC ..................... ambientes sensíveis


ao lado da casa de máquinas.
II. No caso de uma sala servida por sistema VAC próxima da casa de máquinas,
a solução mais indicada é a inserção de ............................, após a descarga dos
ventiladores.
III. Deve-se tomar cuidado com o isolamento acústico da casa de máquinas
(incluindo portas e janelas), além da aplicação de .................................. , para
minimizar a reverberação sonora.
IV. Para evitar a transmissão de vibrações ao longo da estrutura, é necessário
instalar os ventiladores / exaustores sobre ........................... , desacoplando a base
dos equipamentos do piso existente.
V. Para minimizar a .................................. ao longo dos dutos, utilizam-se juntas
flexíveis e conexões elásticas, entre a descarga do ventilador / duto principal.

A. Propagação de vibrações
B. Amortecedores
C. Revestimento absorvente
D. Atenuadores de ruído
E. Não permite
Assinale a alternativa mais adequada:
a) I – A, II – B, III – C, IV – D, V – E
b) I – B, II – D, III – C, IV – E, V – A
c) I – C, II – A, III – D, IV – B, V – E
d) I – E, II – D, III – C, IV – B, V – A
e) I – E, II – C, III – D, IV – A, V – B

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
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Considere as afirmativas a seguir e assinale verdadeiro ou falso:

3. Locais servidos por sistema de VAC não precisam ter ruído de fundo controlado.
a) Verdadeiro
b) Falso

4. Ainda que o nível de ruído do sistema de ar condicionado numa sala seja


elevado, ele não provocará perda auditiva.
a) Verdadeiro
b) Falso

5. Ruído de fundo (devido ao sistema VAC) com tons puros, chiados ou roncos não
provocam irritação ou stress.
a) Verdadeiro
b) Falso

6. Conforto acústico é uma utopia, não deve ser levado a sério.


a) Verdadeiro
b) Falso

7. Sistemas de VAC bem balanceados e dimensionados implicam em ambientes


agradáveis, acusticamente.
a) Verdadeiro
b) Falso

8. As grelhas e os difusores responsáveis pela regulação da vazão de ar são os


principais geradores de ruído excessivo, ao contrario dos dampers que raramente
geram ruído.
a) Verdadeiro
b) Falso

9. As curvas NC representam espectros de ruído balanceados e agradáveis e


devem ser adotados em projetos regularmente.
a) Verdadeiro
b) Falso

10. O sistema de distribuição de ar deve ser projetado para resistência mínima.


a) Verdadeiro
b) Falso

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Capítulo 11. Controle de ruído em sistemas VAC
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11.6. BIBLIOGRAFIA
1. ASHRAE Systems Volume chapter 35 – Sound and Vibration – 1984
2. BERANEK, L. L. Noise and Vibration Control. McGraw-Hill – 1971
2. American Industrial Hygiene Association (AIHA). Industrial Noise Manual.
3a. edição. 1975.
3. BERANEK, L. L. Noise and Vibration Control. McGraw-Hill 1971.
4. Bruel & Kjaer. Architectural Acoustics. 2a. edição. 1978.
5. Bruel & Kjaer. Noise Control: Principles and Practice.1a.ed.1982.
6. HARRIS, C. M. Handbook of Noise Control. 2a. edição. 1979.
7. Fundación MAPFRE. Manual de Hygiene Industrial. 1991.
8. BIES AND HANSEN. Engineering Noise Control. 2a. edição. 1996.
9. GERGES, SAMIR. Ruído, Fundamentos e Controle. 1a. ed. 1992.

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