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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eHO-002

AGENTES FÍSICOS I

ALUNO

SÃO PAULO, 2009


EPUSP/PECE

DIRETOR DA EPUSP
IVAN GILBERTO SANDOVAL FALLEIROS

COORDENADOR GERAL DO PECE


ANTÔNIO MARCOS DE AGARRIDA MASSOLA
EQUIPE EAD
CCD - COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA
SÉRGIO MÉDICI DE ESTON
PP - PROFESSORES PRESENCIAIS
IRLON DE ANGELO DA CUNHA
JOSÉ POSSEBON
MARCOS DOMINGOS DA SILVA
MÁRIO LUIZ FANTAZZINI
SÉRGIO MÉDICI DE ESTON
CPD - CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA
ANDRÉ LOMONACO BELTRAME
DIEGO DIEGUES FRANCISCA
FERNANDO MADEIRA PERISSÉ
IVAN KOH TACHIBANA
MARIA RENATA MACHADO STELLIN
MICHIEL WICHERS SCHRAGE

FILMAGEM E EDIÇÃO
DIEGO DIEGUES FRANCISCA
MARIA RENATA MACHADO STELLIN
PEDRO MERGUTTI DE ALMEIDA
IMAD - INSTRUTORES MULTIMÍDIA À DISTÂNCIA
ANDRÉ LOMONACO BELTRAME
IVAN KOH TACHIBANA
MICHIEL WICHERS SCHRAGE
CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E
EAD
CARLOS CÉSAR TANAKA
JORGE MÉDICI DE ESTON
PAULO SHINTARO FURUMOTO
APOIO ADMINISTRATIVO
NEUZA DO CARMO TEIXEIRA BARROS
VICENTE TUCCI FILHO

“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial por qualquer


meio ou processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os
direitos autorais sobre este documento.”
SUMÁRIO
i

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS ..................................................1
1.1. CONCEITUAÇÃO.........................................................................................................2
1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................2
1.3. TESTES........................................................................................................................5
CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO
RUÍDO .................................................................................................................................6
2.1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................7
2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL ...........................7
2.2.1. SOM...........................................................................................................................7
2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL ............................................................8
2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/ RUÍDO...........................11
2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL.............................................................11
2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA ................................................................13
2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS......................................................................................15
2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS) ...........................................................................................16
2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO
DE FUNDO ........................................................................................................................17
2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO .....................................18
2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS..............................................................................18
2.3.2. DOSE DE RUÍDO ....................................................................................................19
2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG) ...............................................................................................24
2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO........................................................................................26
2.4. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO..............................29
2.4.1. EFEITOS .................................................................................................................29
2.4.2 ASPECTOS LEGAIS ................................................................................................30
2.4.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151 DE JUNHO DE 2000 (3) ........................33
2.4.3.1. Procedimentos de medição ..................................................................................34
2.4.3.2. Correções para ruídos com características especiais ..........................................34
2.4.3.3. Avaliação do ruído ................................................................................................35
2.4.3.4. Determinação do nível de critério de avaliação – NCA ........................................35
2.4.3.5. Conteúdo necessário para o relatório de ensaio ..................................................35
2.5. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES ...................................................39
2.5.1. O MÉTODO DO RC/NRR........................................................................................39
2.5.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR? ..............................................39
2.5.3. CORREÇÃO CAMPO-LABORATÓRIO...................................................................40
2.5.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC .........................................................................40
2.5.5. O NRRSF.................................................................................................................41
2.5.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO................................................................42
2.5.6.1. Cálculo do tempo real de uso do Protetor Auricular .............................................42
2.6. TESTES......................................................................................................................49
CAPÍTULO 3. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES MECÂNICAS ...............51
3.1. PRÉ-REQUISITOS .....................................................................................................52
3.2. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES – OCORRÊNCIAS.........................52
3.3. CLASSIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕES TRANSMITIDAS.............................................52
3.4. CRITÉRIO LEGAL ......................................................................................................52
3.5. MODELO MECÂNICO SIMPLIFICADO DO CORPO HUMANO (RESSONÂNCIAS) 53
3.6. SELEÇÃO DE PARÂMETROS...................................................................................54
3.7. VIBRAÇÕES LOCALIZADAS – EFEITOS DA EXPOSIÇÃO .....................................55
3.8. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO TRANSMITIDA ÀS MÃOS .................55
3.9. ISO 5349: 1986 - PRINCIPAIS ASPECTOS ..............................................................56
3.9.1. MÉTODO DE MEDIÇÃO .........................................................................................56
3.9.2. CARACTERIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO ............................................57
SUMÁRIO
ii

3.10. MONTAGEM DO SISTEMA DE MEDIÇÃO, TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE


ACELERÔMETROS ..........................................................................................................66
3.11. UTILIZAÇÃO DE ADAPTADORES ..........................................................................67
3.11.1. RESTRIÇÕES E CUIDADOS ................................................................................67
3.11.2. MEDIÇÃO TRIAXIAL (ISO 5349-2:2001) ..............................................................70
3.11.2.1. CASO 1 – Vibração nos eixos são semelhantes ................................................70
3.11.2.2. CASO 2 – Vibração predominante em determinado eixo, quando os eixos não
dominantes possuírem cada um, valor inferior a 30% em relação ao eixo dominante .....70
3.12. VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO .........................................................................74
3.12.1. ISO 2631/1:1985 - ASPECTOS GERAIS ..............................................................74
3.12.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES DA ACGIH ..........................................79
3.12.3. EXEMPLOS, APLICAÇÃO DOS LIMITES, DISCUSSÃO .....................................81
3.13. NORMA INTERNACIONAL ISO 2631-1: 1997.........................................................82
3.13.1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ISO 2631-1: 1997....................................................83
3.13.2. PONDERAÇÃO EM FREQUÊNCIA E AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO RELATIVOS À
SAÚDE ..............................................................................................................................86
3.13.3. ISO 2631-1:1997 - GUIA PARA OS EFEITOS DA VIBRAÇÃO À SAÚDE
(CARÁTER INFORMATIVO). ............................................................................................86
3.14. VIBRAÇÕES - PROGRAMA DE CONTROLE DE RISCOS (PCRV) .......................89
3.14.1. PCRV DENTRO DA ESTRUTURA DO PPRA ......................................................89
3.14.2. ANTECIPAÇÃO .....................................................................................................89
3.14.3. RECONHECIMENTO ............................................................................................90
3.14.4. AVALIAÇÃO ..........................................................................................................90
3.15. TESTES....................................................................................................................91
CAPÍTULO 4. ILUMINAÇÃO ............................................................................................98
4.1. A CIÊNCIA DA ILUMINAÇÃO ....................................................................................99
4.1.1. A NATUREZA FÍSICA DA LUZ................................................................................99
4.1.2. GERAÇÃO, PROPAGAÇÃO E PERCEPÇÃO DA LUZ ........................................101
4.1.3. INCANDESCÊNCIA E LUMINESCÊNCIA.............................................................101
4.1.4. REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E ABSORÇÃO.......................................................103
4.1.5. REFLEXÃO LUMINOSA........................................................................................103
4.1.6. TRANSMISSÃO LUMINOSA.................................................................................103
4.1.6.1. Transparência e Translucidez ............................................................................103
4.1.6.2. Difusão................................................................................................................104
4.1.6.3. Transmissão Seletiva .........................................................................................105
4.1.6.4. Espalhamento Retroativo ...................................................................................105
4.1.6.5. Transmitância e Transmissividade .....................................................................105
4.1.7. REFRAÇÃO...........................................................................................................106
4.1.8. ABSORÇÃO ..........................................................................................................110
4.1.9. CURVA ESPECTRAL DE EFICIÊNCIA LUMINOSA.............................................110
4.1.9.1. Cores ..................................................................................................................110
4.1.9.2. Brilho...................................................................................................................111
4.1.10. GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMÉTRICAS..................................................113
4.1.11. FLUXO RADIANTE..............................................................................................114
4.1.12. FLUXO LUMINOSO.............................................................................................115
4.1.13. EFICÁCIA LUMINOSA ........................................................................................115
4.1.14. EFICIÊNCIA GLOBAL DE UMA LÂMPADA ........................................................117
4.1.15. INTENSIDADE LUMINOSA DE FONTE PONTUAL............................................117
4.1.15.1. Ângulo sólido ....................................................................................................117
4.1.15.2. Intensidade luminosa........................................................................................118
4.1.16. ILUMINÂNCIA DE UMA SUPERFÍCIE ................................................................120
4.1.16.1. Iluminância média.............................................................................................120
4.1.16.2. Iluminância num ponto......................................................................................121
4.1.16.3. Medição do iluminância ....................................................................................123
SUMÁRIO
iii

4.1.17. LUMINÂNCIA E PERCEPÇÃO DE BRILHO .......................................................123


4.1.17.1. Variação apenas da intensidade luminosa .......................................................125
4.1.17.2. Variação apenas da área..................................................................................125
4.1.17.3. Variação apenas da distância de observação ..................................................125
4.1.17.4. Variação apenas da direção de observação ....................................................125
4.1.18. REFLETÂNCIA ....................................................................................................126
4.1.19. RELAÇÃO ENTRE AS DEFINIÇÕES DE FLUXO E INTENSIDADE LUMINOSO
.........................................................................................................................................127
4.1.20. MÉTODO PONTO A PONTO PARA CÁLCULO DO ILUMINAMENTO ..............127
4.1.21. SÍNTESE DAS GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS ................................................129
4.2. A NATUREZA DO PROBLEMA................................................................................129
4.2.1. GERENCIAMENTO MODERNO, ILUMINAÇÃO, SEGURANÇA E
PRODUTIVIDADE ...........................................................................................................129
4.2.2. ILUMINAÇÃO E PRODUTIVIDADE ......................................................................130
4.2.2.1. Pesquisas de laboratório ....................................................................................130
4.2.2.2. Pesquisas em minas subterrâneas.....................................................................131
4.2.2.3. Pesquisas em Escritórios e Indústrias................................................................131
4.2.3. ILUMINAÇÃO E ACIDENTES ...............................................................................131
4.2.3.1. Dados gerais da indústria ...................................................................................131
4.2.3.2. Dados da mineração...........................................................................................132
4.2.4. ILUMINAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL ............................................................132
4.2.4.1. Conseqüências de uma Iluminação Inadequada................................................133
4.2.4.2. Riscos Associados..............................................................................................133
4.2.4.3. Tarefa Visual e Campo de Trabalho...................................................................134
4.2.5. PROJETO DE ILUMINAÇÃO DE MINA ................................................................134
4.2.5.1. Ambiente mineiro................................................................................................134
4.2.5.2. Objetivos de um projeto mineiro de iluminação..................................................134
4.2.5.3. Seleção de Iluminância.......................................................................................137
4.2.5.4. Avaliação em Áreas Externas.............................................................................138
4.2.6. EXEMPLOS OCUPACIONAIS ..............................................................................140
4.2.7. LIMITES DE TOLERÂNCIA...................................................................................140
4.3. METODOLOGIAS DE MEDIÇÃO.............................................................................140
4.3.1. INSTRUMENTAL NECESSÁRIO ..........................................................................141
4.3.2. AÇÕES CORRETIVAS..........................................................................................141
4.4. CASOS REAIS – PROJETO DE ILUMINAÇÃO EM SUBSOLO ..............................142
4.4.1. OBJETIVOS DE UM PROJETO MINEIRO DE ILUMINAÇÃO ..............................142
4.4.1.1. Aumento da visibilidade dos riscos.....................................................................143
4.4.1.2. Aumento da resposta visual ao campo periférico...............................................143
4.4.1.3. Mobilidade ..........................................................................................................143
4.4.1.4. Refletância e contraste .......................................................................................144
4.4.1.5. Riscos elétricos...................................................................................................144
4.4.1.6. Ofuscamento ......................................................................................................144
4.4.2. PROJETO PELO MÉTODO PONTO A PONTO ...................................................145
4.5. TESTES....................................................................................................................147
CAPÍTULO 5. PRESSÕES..............................................................................................149
5.1. PRESSÕES ANORMAIS..........................................................................................150
5.2. EFEITOS DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO ORGANISMO .................................150
5.2.1. BAROTRAUMA .....................................................................................................150
5.2.2. EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR......................................................................151
5.2.3. EMBRIAGUÊS DAS PROFUNDIDADES ..............................................................151
5.3. MEDIDAS DE CONTROLE ......................................................................................152
5.3.1. COMPRESSÃO .....................................................................................................152
5.3.2. DESCOMPRESSÃO..............................................................................................152
5.3.3. CÂMARA DE COMPRESSÃO...............................................................................155
SUMÁRIO
iv

5.4 RESUMO DAS MEDIDAS DE CONTROLE PARA TRABALHO SOB AR


COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS PRESSURIZADOS .........160
5.4.1. RELATIVAS AO AMBIENTE .................................................................................160
5.4.2. RELATIVAS AO PESSOAL ...................................................................................160
5.5. CORRELAÇÃO ENTRE A ALTITUDE, A PRESSÃO ATMOSFÉRICA E A
PRESSÃOPARCIAL DO OXIGÊNIO...............................................................................160
5.6. EFEITOS DA ALTITUDE NO ORGANISMO ............................................................161
5.6.1. A CURTO PRAZO .................................................................................................161
5.6.2. A MÉDIO PRAZO ..................................................................................................161
5.6.3. A LONGO PRAZO .................................................................................................161
5.7. MEDICINA HIPERBÁRICA E OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA (O2HB) ...........162
5.8. TESTES....................................................................................................................163
ANEXO A – ESCLARECIMENTOS BÁSICOS E DÚVIDAS MAIS FREQUENTES
SOBRE O AGENTE RUÍDO............................................................................................165
ANEXO B - PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10152:1987 – NÍVEIS DE RUÍDO PARA
CONFORTO ACÚSTICO ................................................................................................174
ANEXO C - NORMA ISO 5349 (1986) ............................................................................179
ANEXO D - PRESSÕES ANORMAIS – ANEXO 6 PORTARIA Nº. 5 DE 09-02-83 .......183
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................184
Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos
1

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Conceituar e apresentar a classificação dos agentes físicos e do espectro
eletromagnético.

Ao final deste módulo o aluno deverá estar apto a:

• Identificar, na classificação geral dos agentes físicos, o domínio de cada agente


físico na faixa espectral de sua família;
• Reconhecer fontes potenciais dos agentes físicos do capítulo;
• Aplicar os limites de exposição correspondentes;
• Aplicar a legislação ocupacional pertinente;
• Enunciar as principais características de cada agente; e
• Enunciar as medidas gerais de controle relativas a cada agente.

o
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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos
2

1.1. CONCEITUAÇÃO
Em última análise, todos os agentes físicos representam formas de energia,
dispersas no ambiente por sua geração inerente associada a sistemas ou equipamentos,
ou ainda por desvios ou vazamentos dos mesmos (controláveis ou não), que venham a
interagir com o homem em seu trabalho.
O organismo está exposto a ondas de natureza mecânica (ruído, ultra-som e infra-
som), forças ou esforços (vibrações mecânicas), interações elétricas, magnéticas e
eletromagnéticas (ionizantes e não ionizantes), partículas subatômicas (ionizantes),
interações térmicas diretas (calor e frio), variações de pressão. A ACGIH estende a
consideração de agentes físicos aos esforços repetitivos e levantamento de pesos, já no
campo da ergonomia. Esta grande família não tem fim, pois pesquisadores continuam
evidenciando partículas formadoras de partículas subatômicas (embora provavelmente
sem risco de exposição ocupacional).

1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS


A classificação tradicional dos agentes físicos é:
• Ruído (ondas de pressão, mecânicas)
• Interações Térmicas
• Calor
• Frio
• Vibrações
• Pressões Anormais
• Radiações Eletromagnéticas
• Ionizantes
• Radiação ou partículas alfa, beta
• Radiação gama
• Raios X
• Nêutrons
• Não Ionizantes
• Radiofreqüência e Microondas
• Radiação Infravermelha
• Radiação Visível (LUZ)
• Radiação Ultravioleta
• LASER e MASER

Devemos agregar ainda, complementando as famílias:


• Infra-som, Ultra-som (ondas de pressão, mecânicas)
• Campos magnéticos estáticos
• Campos elétricos estáticos

Uma classificação sucinta do espectro eletromagnético é dada na figura 1.1., como


aparece no livreto de limites de exposição da ACGIH (v. referências).
Todos os agentes serão detalhados nos assuntos subseqüentes, mas uma exceção
deve ser feita quanto às pressões anormais, pois não são em verdade do ofício da
higiene ocupacional. Essas exposições ocorrem em ambientes hipo e hiperbáricos
(sendo mais freqüentes e graves os do último caso). Os ambientes hiperbáricos são
aqueles representados por trabalhos em tubulões ou caixões pneumáticos, ou ainda no

o
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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos
3

mergulho subaquático. Pressões da ordem dos 4 kgf/cm2 (primeiros casos) até dezenas
de kgf/cm2 (no mergulho profundo) submetem o organismo a riscos de doenças
específicas e acidentes descompressivos (com risco de fatalidades). Todavia, não são do
ofício da higiene no sentido que não existe o processo de reconhecimento, avaliação e
controle do agente na forma tradicional. As variações de pressão são impostas pelo
processo, e o controle dos tempos e gradientes de pressão (compressivamente e
descompressivamente falando) são a chave do controle, além da grande supervisão
médica necessária. São, portanto, medidas de controle operacional, administrativo e
médico que predominam, e a ação sobre o agente é bastante relativizada. São em
verdade um caso à parte nos agentes físicos.
Vale ainda comentar que em muitos “membros” das famílias das radiações existe
conhecimento ainda por se consolidar, e áreas polêmicas quanto a efeitos nocivos como
as linhas transmissão de alta tensão, os telefones celulares e suas antenas radio-base.
Também há zonas de penumbra nos casos das reais potencialidades carcinogênicas
dessas radiações não ionizantes.
Finalmente, vale lembrar que muitos dos membros dessas famílias não apresentam
qualquer estímulo sensorial por ocasião da exposição, o que torna seu reconhecimento
difícil, aliado ao fato de muitos equipamentos industriais não apresentarem informações
“explícitas” sobre sua possível emissão.

o
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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos
4

Figura 1.1. O Espectro Eletromagnético e os TLVs relacionados

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos
5

1.3. TESTES
1. Qual dessas é uma Radiação Eletromagnética Ionizante?
a) Radiação Infravermelha.
b) Radiação Ultravioleta.
c) Radiação gama.
d) Laser.
e) Microondas.

2. Todos os agentes físicos produzem efeitos sensoriais relevantes no momento da


exposição. Esta afirmação é:
a) Verdadeira.
b) Falsa.

3. Qual das situações abaixo corresponde a uma exposição a pressões acima da


atmosférica?
a) Viajar em avião não pressurizado.
b) Trabalhar ao nível do mar.
c) Escalar montanhas altíssimas.
d) Praticar mergulho submarino.
e) Andar de bicicleta em La Paz (Bolívia).

4. São exemplos de radiações não ionizantes:


a) Microondas, raios X, luz visível.
b) Ultravioleta, radar, raios gama.
c) Elétrons, nêutrons, partículas alfa.
d) Radiofreqüência, ultravioleta, luz visível.
e) Nêutrons, partículas beta, laser

5. São exemplos de radiações ionizantes:


a) Microondas, maser, raios X.
b) Luz visível, ultravioleta, infravermelho.
c) Partículas beta, nêutrons, partículas alfa.
d) Raios gama, laser, radiofreqüência.
e) Luz visível, laser, maser.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
6

CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO


RUÍDO

OBJETIVOS DO ESTUDO

Ao final deste módulo, o aluno deverá estar apto a identificar:


• Fornecer conceitos básicos sobre ruído, sua avaliação e aspectos técnico-legais
ocupacionais;
• Apresentar a questão do ruído ambiental e a Norma NBR 10151:2000;
• Apresentar os conceitos básicos sobre a atenuação de protetores auriculares.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
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2.1. INTRODUÇÃO
O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho,
em diversos tipos de instalações ou atividades profissionais. Por sua enorme ocorrência e
visto que os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são consideráveis, é um dos
maiores focos de atenção dos higienistas e profissionais voltados para a segurança e
saúde do trabalhador.

2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL


2.2.1. SOM
Por definição, o som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar
nossos ouvidos.

Figura 2.1. Representação da variação da pressão atmosférica

Esta variação de pressão pode ser representada sob a forma de ondas senoidais,
com as seguintes grandezas associadas:

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
8

λ
A= amplitude da onda
λ = comprimento da onda

Figura 2.2. Grandezas das ondas senoidais

2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL


Como os sons podem abarcar uma gama muito grande de variação de pressão
sonora (faixa dinâmica), que vai de 20 μPa até 200 Pa (Pa = Pascal), seria pouco prática
a construção de instrumentos para a indicação direta da pressão sonora. Quando a
grandeza varia muito na faixa de valores usuais, usa-se um artifício.
Para contornar este problema, utiliza-se uma escala logarítmica de relação de
grandezas, o decibel (dB).
O decibel não é uma unidade em si, e sim uma relação adimensional definida pela
seguinte equação:

P
L = 20 x log
Po

Sendo:

L = nível de pressão sonora (dB)


Po = pressão sonora de referência, por convenção, 20 μPa
P= Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa)

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
9

Para pensar:
Quantos dB seriam indicados para uma pressão sonora de 20 μPa? (limiar
aproximado da audição)
Quantos seriam lidos para uma pressão sonora de 200 Pa? (limiar de audição
acompanhada de dor)

Observação: Ao se utilizar o dB fala-se "nível de pressão sonora". Rigorosamente


falando, dever-se-ia sempre indicar o valor de referência (20 μPa). Por exemplo, 90 dB e
20 μPa. Isto não é realmente feito, pois a referência é universal no caso das avaliações
de ruído.
Outros "dB" - O uso do dB se estende a toda grandeza que varia muito, como
potências elétricas e eletromagnéticas. Mesmo na acústica, há referências diferentes, por
exemplo, no caso da audiometria.

Quadro 2.1.

A
Usando a equação básica dB = 10 × log , exprimir em dB a atenuação que a tela
A0
protetora da porta do forno de microondas oferece, se o valor atenuado (após a tela) é
100.000 vezes menor que o valor interno, sendo este a referência.

Resposta:

Ou seja, a tela atenua 50 dB (esta é a atenuação real para o caso de fornos de

microondas).

A seguir é apresentada uma ilustração comparativa entre situações práticas de


ruído e os níveis em dB.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
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Figura 2.3. Situações práticas de ruído e os níveis em dB

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
11

2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/ RUÍDO


• Amplitude (A) – é o valor máximo, considerado a partir de um ponto de
equilíbrio, atingido pela pressão sonora. A intensidade da pressão sonora é a
determinante do “volume” que se ouve;
• Comprimento de onda (λ) – é a distância percorrida para que a oscilação repita
a situação imediatamente anterior em amplitude e fase, ou seja, repita o ciclo;
• Período (T) – é o tempo gasto para se completar um ciclo de oscilação.
Invertendo-se este parâmetro (1/T), se obtém a freqüência (f);
• Freqüência (f) – é o número de vezes que a oscilação é repetida numa unidade
de tempo. È dada em Hertz (Hz) ou ciclos por segundos (CPS). As freqüências
baixas são representadas por sons graves, enquanto que as freqüências altas
são representadas por sons agudos;
• Tom Puro – é o som que possui apenas uma freqüência. Por exemplo:
Diapasão, gerador de áudio;
• Ruído – É um conjunto de tons não coordenados. As freqüências componentes
não guardam relação harmônica entre si. São sons “não gratos” que nos
causam incômodo, desconforto. Um espectro de ruído industrial pode conter
praticamente todas as freqüências audíveis.

2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL


Como o decibel não é linear, não pode ser somado ou subtraído algebricamente.
Para se somar dois níveis de ruído em dB, o caminho natural seria transformar cada um
em Pascal, através da fórmula já representada, então somar-se-iam algebricamente e, ao
final, o resultado seria transformado de Pascal para dB. Este método não é prático,
apesar de correto. A fórmula genérica para a combinação de "n" níveis em dB é:
Li


n
Ln= 10xlog ( i =1
10 10
)

Para uma maior agilidade na combinação de níveis em dB, utiliza-se a tabela 2.1.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
12

Tabela 2.1. Diferença entre níveis e a quantidade a ser adicionada ao maior nível
Diferença entre níveis Quantidade a ser adicionada nível
(dB) ao maior (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1
Nota: para diferenças superiores a 15, considerar um acréscimo igual a zero, ou
seja, prevalece apenas o maior nível.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
13

Quadro 2.2.
Combinação de níveis em dB, utilizando a tabela 2.1.
Combine:

95 & 95 = 98 dB

95 & 90 = 96,2 dB

95 & 85 = 95,4 dB

95 & 75 = 95 dB

Aspectos Práticos:
• Cada 3 dB a mais ou a menos no nível significam o dobro ou a metade da
potência sonora
• Fontes mais de 10 dB abaixo de outras (num certo ponto de medição) são
praticamente desprezíveis
• A fonte mais intensa é a que "manda" no ruído total em um certo ponto.

2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA


Tendo em vista que o parâmetro estudado é a pressão sonora, que é uma variação
de pressão no meio de propagação, deve ser observado que variações de pressão como
a da pressão atmosférica são muito lentas para serem detectadas pelo ouvido humano.
Porém, se essas variações se processam mais rapidamente – no mínimo 20 vezes por
segundo (20 Hz) – elas podem ser ouvidas.
O ouvido humano responde a uma larga faixa de freqüências (faixa audível), que
vai de 16-20 Hz a 16-20 kHz. Fora desta faixa o ouvido humano é insensível ao som
correspondente. Estudos demonstram que o ouvido humano não responde linearmente
às diversas freqüências, ou seja, para certas faixas de freqüências ele é mais ou menos
sensível.
Um dos estudos mais importantes que revelaram tal não-linearidade foi a
experiência realizada por Fletcher e Munson nos anos 30, que resultaram nas curvas
isoaudíveis.
Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos
medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do
instrumento à resposta do ouvido humano. São chamadas “Curvas de Ponderação ou de
Compensação” (A,B,C). Vide ilustração a seguir.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
14

Figura 2.4. Curvas de ponderação ou de compensação

Destas curvas, a curva “A” é a que melhor correlaciona Nível Sonoro com
Probabilidade de Dano Auditivo. Portanto é a comumente utilizada em avaliação de ruído
industrial.

Observação: o dB "compensado" funciona como uma avaliação "subjetiva" ou do


risco ao homem; o dB (linear) é uma avaliação objetiva do ruído no ambiente e é
importante para se conhecer uma fonte de ruído.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
15

Quadro 2.3.
Um tom puro de 100 Hz é medido por um medidor nos circuitos A, B,C e linear.
Que valores serão lidos?

Resposta:

LINEAR - VALOR REAL (OBJETIVO)

C - MESMO VALOR

B- -5 .dB

A - -20 .dB

OBS: VEJA AS CURVAS DE COMPENSAÇÃO NA FIGURA 2.4.

O mesmo vai ser feito para um tom puro de 1000 Hz. Que valores serão lidos?

Resposta:

TODOS OS VALORES SERÃO IGUAIS

Se você fabricasse um calibrador de ruído de tom puro, que freqüência


selecionaria?

Resposta:

1000 Hz PARA PODER CALIBRAR EM TODAS AS ESCALAS.

2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS


Os medidores de ruído dispõem de padrões para as velocidades de respostas, de
acordo com o tipo de ruído a ser medido e os objetivos da avaliação. A diferença entre
tais respostas está no tempo de integração do sinal, ou constante de tempo.
• “Slow” – resposta lenta – avaliação ocupacional de ruídos contínuos ou
intermitentes, avaliação de fontes não estáveis;

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
16

• “Fast” – resposta rápida – avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com


ponderação dB (C)), calibração;
• “Impulse” – resposta de impulso – para avaliação ocupacional legal de ruído de
impacto (com ponderação linear).

2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS)


Na representação gráfica em onda senoidal, os valores máximos e mínimos
atingidos pela mesma são os valores de pico. Tomando-se toda a amplitude (positiva e
negativa) da onda, temos o valor pico a pico. No caso da avaliação de ruído, o que
interessa é o valor eficaz desta onda, uma vez que o valor médio entre semiciclo positivo
e negativo seria zero. O valor eficaz é uma média quadrática (“Root Mean Square” –
RMS).

Figura 2.5. Representação dos valores de pico e do valor eficaz

Para uma senóide, o valor RMS é 0,707 do valor de pico. O valor de pico, 1,414
vezes o RMS (raiz de 2). Em dB, o valor de pico está 3 dB acima do valor RMS. Estas
relações só valem para sons senoidais (tons puros). Para um ruído qualquer, a relação
deve ser medida (não pode ser prevista). Notar ainda: Os aparelhos de medição
convencional sempre estão medindo o valor RMS corrente. Este valor pode apresentar
máximos (dependendo da fonte de ruído) e mínimos. Esses máximos não devem ser
chamados de "picos", pois o valor de pico é uma designação específica, o maior valor da
pressão sonora ocorrido no intervalo de medição (há medidores especiais para isso).

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
17

2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE


RUÍDO DE FUNDO
Ruído de fundo é o ruído de todas as fontes secundárias, ou seja, quando estamos
estudando o ruído de uma determinada fonte num ambiente, o ruído emitido pelas
demais é considerado ruído de fundo.
A maneira natural de se realizar tal determinação seria desativar as demais fontes,
ou seja, eliminar todo o ruído de fundo e fazer a medição apenas da fonte de interesse.
Contudo, tal procedimento nem sempre é simples ou viável, na prática. Sendo assim,
pode ser utilizado o conceito da "subtração" de dB, através da qual se determina o nível
da fonte a partir do conhecimento do “decréscimo” global advindo da desativação da
fonte de interesse. São utilizadas as terminologias e o gráfico abaixo:

Ls+n= ruído total (fonte e fundo) Exemplo: Ls+n=60 dB e Ln=53 dB


Ln= ruído de fundo Ls+n-Ln=7 dB -Æ ΔL=1 dB
Ls= ruído da fonte Ls=Ls+n-ΔL = 60-1 = 59dB
Ls = Ls+n - ΔL

Figura 2.6. Decréscimo global advindo da desativação da fonte de interesse

Aspectos práticos:
• Se desligada a fonte, o ruído total se altera pouco, ela é pouco importante;
• Se desligada a fonte, o ruído total cai muito, a fonte é quem "manda" no ruído
total (naquele ponto de medição).

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
18

2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO


2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS
De acordo com a Legislação Brasileira, através da Portaria 3214/78 do Ministério do
Trabalho - NR 15, Anexo 1, os Limites de Tolerância para exposição a ruído contínuo ou
intermitente são representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário
de exposição, ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função
dos níveis de ruído existentes. Estes níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta. A
tabela 2.2 da NR 15 da supracitada Portaria é reproduzida a seguir:

Tabela 2.2. NR 15 - Limites de Tolerância para Ruído contínuo ou Intermitente


Máxima Exposição Diária
Nível de Ruído dB (A)
Permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 08 minutos
115 * 07 minutos
* As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou
intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
19

Quadro 2.4.
Se em um dado ponto o ruído de fundo é de 82 dBA, qual o máximo valor de uma
nova fonte a ser colocada nesse ponto, sem que se exceda o nível permissível para 8
horas diárias?
Observação: O nível permissível para 8 horas diárias é de 85 dBA (tabela 2.2.).

Resposta:

Qual será o nível que combinado com um nível de 82 resulta em 85 dBA?

Lembrete: A soma de duas fontes com níveis iguais resulta sempre num

acréscimo de 3 dB ao valor de qualquer uma das fontes.

2.3.2. DOSE DE RUÍDO


Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados
níveis de ruído. Porém, sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas
quais o indivíduo é exposto a um único e perfeitamente constante nível de ruído durante
a jornada. O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído variados.
Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito da DOSE, resultando em uma
ponderação para cada diferentes situações acústicas, de acordo com o tempo de
exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada.
Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira:

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
20

Te1 Te 2 T T
D= + + ... + ei + ... + en
C p1 C p 2 C pi C pn
Onde:
D = dose de ruído
Tei = tempo de exposição a um determinado nível (i)
Cpi = tempo de exposição permitido pela legislação para o mesmo nível (i)

Com o cálculo da dose, é possível determinar a exposição do indivíduo em toda a


jornada de trabalho, de forma cumulativa.
Se o valor da dose for menor ou igual à unidade (1), ou 100% a exposição é
admissível. Se o valor da dose for maior que 1 ou 100%, a exposição ultrapassou o limite,
não sendo admissível. Exposições inaceitáveis denotam risco potencial de surdez
ocupacional e exigem medidas de controle.
Aspectos práticos
• A dose de ruído diária é o verdadeiro limite de tolerância (técnico e legal);
• A dose diária não pode ultrapassar a unidade ou 100%, seja qual for o tamanho
da jornada;
• A dose de ruído é proporcional ao tempo: sob as mesmas condições de
exposição, o dobro do tempo significa o dobro da dose, etc.;
• Quanto mais alto o nível de um certo ruído e quanto maior o tempo de
exposição a esse nível, maior sua importância na dose diária;
• Devemos reduzir os tempos de exposição aos níveis mais elevados, para
assegurar boas reduções nas doses diárias;
• Toda exposição desnecessária ao ruído deve ser evitada.
Deve ser ressaltado que em casos de avaliação de doses em tempos inferiores aos
da jornada, o valor da dose pode ser obtido através de extrapolação linear simples (regra
de três), como no exemplo:

Tempo de avaliação = 6h 30 min; dose obtida = 87 % p/ jornada de 8 horas:

6,5 87
87x8
8,0 DJ DJ = = 107%
6,5
Todavia, essa extrapolação pressupõe que a amostra feita foi representativa.

o
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21

Quadro 2.5.
Numa determinada indústria, a exposição o operador de campo A é a seguinte:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
85 6
90 2

A exposição ultrapassa o limite de tolerância?

Resposta:

Pela tabela 2.2, os limites para 85 dB(A) e 90BdB(A) são respectivamente 8

e 4 horas. Portanto a dose de ruído será:

ou 125%.

O limite será excedido se a soma ultrapassar 1.

Portanto:

1,25 > 1 LIMITE EXCEDIDO

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
22

Quadro 2.6.

Na mesma empresa, o operador B possui o seguinte perfil de exposição:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
85 4
95 1
68 1
90 2

A exposição ultrapassa o limite de tolerância?

Resposta:

Pela tabela 2.2., temos que o limite para 85, 90 e 95 dB são, respectivamente,

8, 4 e 2 horas. Assim:

ou 150%.

Portanto, excede o limite.

NOTA: Nos cálculos de dose só são levados em conta valores iguais ou

superiores a 80 dBA. Esta orientação é uma recomendação da OSHA (legislação

norte-americana), NIOSH (entidade de estudos e pesquisas, governamental, norte

– americana) e da NHO-01 (norma ocupacional da Fundacentro, autarquia dedicada

a estudos e pesquisas do Ministério do Trabalho e Emprego).

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
23

Quadro 2.7.
A) O mecânico de manutenção possui o seguinte perfil de exposição:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
100 1
95 0,5
85 6
75 0,5

Qual sua dose de ruído?

Resposta:

Pela tabela 2.2, temos que o limite para 85, 95 e 100 dB são, respectivamente,

8, 2 e 1 horas:

ou 200%.

B) Na mesma empresa, porém em outro setor, há um operador de extrusora que se


expõe a um nível único de 90 dB(A) por toda sua jornada de 8 horas. Qual sua dose?

Resposta:

Utilizando a mesma tabela 2.2., o limite para 90 dB(A) é de 4 horas. Portanto:

Ou seja, 200%.

o
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24

Quadro 2.8.
Se um trabalhador fica exposto por 5 horas a 86 dBA, qual o tempo máximo que
poderá ficar exposto a 97 dBA, sem exceder a dose diária?
Se sua jornada é de 8 horas, a dose seria ultrapassada?

Resposta:

ou

COMO A DOSE FOI ATINGIDA (1) ÀS 5H 21MIN DE JORNADA, SE A

JORNADA TOTAL É DE 8 HORAS A DOSE SERÁ ULTRAPASSADA.

2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG)


É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como
nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose
de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. No caso dos
limites de tolerância NR-15, a fórmula simplificada de cálculo é:
CD
L AVG = 80 + 16,61 × log(0,16 × )
TM
Sendo:
TM = tempo de amostragem (horas decimais)
CD = contagem da dose (porcentagem)

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
25

Quadro 2.9.
A fórmula do tempo permitido a um certo nível de ruído (Anexo 1 da NR 15) é dada
por

16
Tempo permitido = L −80
( )
5
2

Calcule os tempos permitidos para nos níveis de 80 a 84 dBA, não presentes na


tabela da NR-15.

Resposta:

• Para um nível de 80 dB(A), temos que:

Tempo permitido

• Para um nível de 81 dB(A), temos que:

Tempo permitido

(13 horas e 55 minutos)

• Para um nível de 82 dB(A), temos que:

Tempo permitido (12 horas e 8 minutos)

• Para um nível de 83 dB(A), temos que:

Tempo permitido (10 horas e 33 minutos)

• Para um nível de 84 dB(A), temos que:

Tempo permitido

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
26

(9 horas e 11 minutos)

2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO


Dificilmente na prática se observam exposições a poucos níveis discretos e bem
diferenciados, facilitando o cálculo manual da dose. O que se observará freqüentemente
é uma exposição a níveis de ruído que oscilam muito rapidamente, com difícil obtenção
de dados relativos aos tempos de exposição correspondentes. Para se obter uma dose
representativa, torna-se necessário o uso de um dosímetro.
Em suma, o dosímetro é um instrumento que será instalado em determinado
indivíduo e fará o trabalho de obtenção da dose (integração no tempo), acompanhando
todas as situações de exposição experimentadas pelo mesmo, informando em seu
"display" o valor da dose acumulado ao final da jornada, bem como vários outros
parâmetros, tais como Nível Médio (LAVG), Nível Máximo, etc.

Figura 2.8. Funcionário com dosímetro de


Figura 2.7. Dosímetro de Ruído.
ruído instalado no bolso, e microfone fixado
junto à zona auditiva.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
27

Quadro 2.10.
Qual o nível médio de exposição que um trabalhador está submetido se a
dosimetria de jornada é de 344% e sua jornada é de 6 horas?

Resposta:

Quadro 2.11.
Qual o nível médio permissível para uma exposição que respeite o limite de
tolerância, em uma jornada de 6 horas? E de 7 horas? E de 4 horas?
Quais as doses máximas permitidas nesses casos? O que se conclui?

Resposta:

Pela tabela 2.2:

6h - 87 dBA

7h - 86 dBA

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
28

4h - 90 dBA

Em todos os casos, a dose máxima permissível é de 100%.

Para que o nível médio seja representativo da exposição, é necessário

conhecer a duração da jornada.

No caso da dose, não é necessário, pois a dose é um indicador absoluto.

Quadro 2.12.
A fórmula da intensidade sonora em um dado ponto, para uma fonte pontual em
espaço aberto, é I = W/4πr2, onde W é a potência sonora da fonte e r a distância da
fonte ao ponto em que se deseja a intensidade. Se dB=10xlog I/Io e se a relação entre a
pressão sonora e a intensidade é I=kp2, onde k é constante, qual a variação da pressão
sonora, em dB?

Resposta:

d2 = 2d1

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
29

Queda de 6dB(A) a cada dobro de distância da fonte.

2.4. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO


2.4.1. EFEITOS
Poluição sonora é um dos maiores causadores de estresse na vida moderna e um
dos problemas urbanos contemporâneos mais graves. É a terceira maior poluição
ambiental segundo a OMS.
O início do estresse auditivo é observado para exposições a níveis de pressão
sonora a partir de 55 dB (10).
Em condições de silêncio, o sono apresenta uma qualidade maior. Na medida em
que o ruído aumenta, o organismo, mesmo dormindo, começa a manifestar gradualmente
seu alerta. A partir do valor médio de 35 dB(A) verificam-se mudanças nas reações
vegetativas, no eletroencefalograma e na estrutura do sono, ficando o mesmo mais
superficial. Quando o ruído de fundo atinge 65 dB(A), os reflexos protetores do ouvido
médio parecem entrar em ação, anulando em parte a audição e propiciando insegurança
pela perda da vigília. Este aspecto é evidenciado por uma reação de maior latência para
dormir. Devido a isto, provavelmente a 75 dB(A) de ruído de fundo a qualidade do sono
se recupera parcialmente, porém é inferior àquela observada a níveis mais silenciosos. A
poluição sonora reduz significantemente a qualidade absoluta do sono, implicando na
diminuição do desempenho físico, mental, psicológico e perda provável da alerta
auditivo(9).
No estado de vigília, um ruído com nível equivalente de até 50 dB(A) pode
perturbar, mas é adaptável. A partir de 55 dB(A) pode provocar estresse leve, gerar
dependência e desconforto. O estresse degradativo do organismo começa por volta de
65 dB(A) com desequilíbrio bioquímico, aumentando certos riscos (enfarte, derrame
cerebral, infecções, etc.) (9).
Exposições ao ruído podem aumentar a pressão sangüínea, o ritmo cardíaco e as
contrações musculares. São capazes de interromper a digestão, as contrações do
estômago, o fluxo da saliva e dos sucos gástricos. Induzem uma maior produção de
adrenalina e outros hormônios, aumentando, no sangue, o fluxo de ácidos graxos e
glicose. Exposições prolongadas e habituais ao ruído intenso podem produzir mudanças
fisiológicas mais duradouras e até mesmo permanentes, incluindo desordens

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
30

cardiovasculares, de ouvido-nariz-garganta e em menor grau, alterações sensíveis na


secreção de hormônios, nas funções gástricas, físicas e cerebrais (5).
Em trabalhadores com casos de estresse crônico (permanente), têm sido
constatados efeitos psicológicos, distúrbios neurovegetativos, náuseas, cefaléias,
irritabilidade, instabilidade emocional, redução da libido, nervosismo, ansiedade,
hipertensão, perda de apetite, sonolência, insônia, aumento de prevalência de úlceras,
consumo de tranqüilizantes, perturbações labirínticas, fadiga, aumento do número de
acidentes, de consultas médicas e do absenteísmo (5).
Em certos tipos de atividades de longa duração que requerem muita atenção e se
desenvolvem de forma contínua, um nível acima de 90 dB afeta desfavoravelmente a
produtividade e a qualidade do produto. Estima-se que um indivíduo normal precisa
gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa sob efeito de um
ruído intenso considerado perturbador.
A surdez ocupacional induzida pelo ruído depende de características ligadas ao
homem (susceptibilidade individual), ao meio, ao agente (tipo de ruído, freqüências,
duração, pausas, etc.) e ao tempo de exposição. A ocorrência da surdez profissional está
relacionada à exposição ao ruído intenso e durante um longo período, estando os dois
fatores interligados. As perdas auditivas causadas pelo ruído excessivo podem ser
divididas em três tipos:
• Trauma Acústico - Perda auditiva de ocorrência repentina, causada pela
perfuração do tímpano acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos
do ouvido médio, ocorrida geralmente após a exposição a ruído de impacto de
grande intensidade (tiro, explosão, etc.) com grandes deslocamentos de ar;
• Surdez temporária - Também denominada de mudança temporária do limiar
auditivo, ocorre após uma exposição a um ruído intenso, por um curto período
de tempo;
• Surdez permanente - A exposição repetida dia após dia, a um ruído excessivo,
podendo levar o indivíduo a uma surdez permanente.

2.4.2 ASPECTOS LEGAIS


A Poluição Sonora é ocasionada pelo excesso de ruído gerado pela circulação de
veículos, comércio, industrias, aeroportos, e sua má localização. A necessidade de
criação de um programa que estabelecesse normas, métodos e ações para controlar o
ruído excessivo e seus reflexos sobre a saúde e bem estar da população em geral, levou
o governo federal a criar o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição
Sonora - Silêncio, instituído pelo CONAMA por meio das Resoluções 01/90 e 02/90, sob
a coordenação do IBAMA. Os objetivos do programa são (4)(6):
• Capacitação técnica e logística de pessoal nos órgãos de meio ambiente
estaduais e municipais em todo o país;
• Divulgação, junto à população, de matéria educativa e conscientizadora dos
efeitos prejudiciais e introdução do tema "Poluição Sonora" nos currículos
escolares de 2º grau;
• Incentivo à fabricação e uso de máquinas e equipamentos com níveis mais
baixos de ruído operacional;

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
31

• O estabelecimento de convênios, contratos e atividades afins com órgãos e


entidades que possam contribuir para o desenvolvimento do Programa.
Merece também destaque a criação do Selo Ruído (6) cujo objetivo é fornecer ao
consumidor informações sobre o ruído emitido por eletrodomésticos, brinquedos,
máquinas e motores, a fim de permitir a seleção de produtos mais silenciosos, e
incentivar a sua fabricação.
A seguir, relacionamos as legislações federais que versam sobre o tema:
• Resolução CONAMA nº. 1/90 - Estabelece critérios, padrões, diretrizes e
normas reguladoras da poluição sonora;
• Resolução CONAMA nº. 2/90 - Estabelece normas, métodos e ações para
controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da
população;
• Resolução CONAMA nº. 1/93 - Estabelece para os veículos automotores
nacionais e importados, exceto motocicletas, motonetas ciclomotores, bicicletas
com motor auxiliar e veículos assemelhados, limites máximos de ruído com
veículos em aceleração e na condição parado;
• Resolução CONAMA nº. 2/93 - Estabelece para motocicletas, motonetas,
triciclos, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados,
nacionais ou importados, limites máximos de ruído com o veículo em aceleração
e na condição parado;
• Resolução CONAMA nº. 8/93 - Estabelece a compatibilização dos cronogramas
de implantação dos limites de emissão dos gases de escapamento com os de
ruído dos veículos pesados no ciclo Diesel, estabelecidos na Resolução
CONAMA nº. 1/93;
• Resolução CONAMA nº. 20/94 - Institui o Selo Ruído como forma de indicação
do nível de potência sonora medida em decibel, dB(A), de uso obrigatório a
partir desta Resolução para aparelhos eletrodomésticos, que venham a ser
produzidos, importados e que gerem ruído no seu funcionamento;
• Resolução CONAMA nº. 17/95 - Ratifica os limites máximos de ruído e o
cronograma para seu atendimento determinados no artigo 2º da Resolução
CONAMA nº. 08/93, excetuada a exigência estabelecida para a data de 1º de
janeiro de 1996.
Além das Legislações Federais sobre tema, existem diversos instrumentos Legais
nos âmbitos estaduais e municipais. Particularmente no estado de São Paulo,
destacamos o programa criado pela Prefeitura de São Paulo. A multiplicidade de
estabelecimentos geradores de poluição sonora motivou a Administração Municipal a
controlar e disciplinar esse tipo de atividade, adotando medidas para preservar o sossego
público e garantir a qualidade de vida por meio da proteção do meio ambiente. A ação
fiscalizadora como meio de controle e combate à poluição sonora originou o PROGRAMA
SILÊNCIO URBANO – PSIU.
Esse programa foi criado pelo Decreto 34.569 de 06 de outubro de 1994 e
reestruturado pelo Decreto 35.928 de 06 de março de 1996. Sua finalidade principal é
coibir a emissão excessiva de ruídos produzidos em quaisquer atividades comerciais
exercidas em ambiente confinado e que possa causar incômodo e interferir na saúde e

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
32

no bem estar dos munícipes, de acordo com as disposições da Lei 11.501/94 alterada
pela Lei 11.986/96. Iniciando suas atividades ligada à Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, a coordenação do programa passou a ser feita pela Secretaria Municipal de
Abastecimento (SEMAB), em 29 de fevereiro de 1996, através do Decreto 35.919.
O PSIU recebe uma grande quantidade de reclamações por mês. Os responsáveis
pelos estabelecimentos denunciados são oficiados e posteriormente intimados a
comparecer a SEMAB, para serem orientados a sanar as irregularidades constatadas.
Persistindo as reclamações, o estabelecimento será vistoriado e, confirmado o problema,
sofrerá as penalidades previstas pela lei.
Se for constatada durante uma vistoria a emissão excessiva de ruído e a falta de
licença de funcionamento, o estabelecimento será multado. A persistência da
irregularidade ocasionará nova multa e o fechamento administrativo. O PSIU exerce
controle e fiscalização em locais confinados, cobertos ou não, que possam emitir ruídos
excessivos, de maneira constante e permanente. Desse modo, pode-se receber
denúncias de estabelecimentos como: templos religiosos, salas de reuniões, oficinas,
bares, padarias, boates, salões de festas, restaurantes, pizzarias, casas de espetáculos,
indústrias e de todo o local sujeito à licença de funcionamento, que possa produzir
barulho.
Particularmente em relação às Legislações Federais destacamos três tópicos
contidos na RESOLUÇÃO CONAMA nº. 001, de 08 de março de 1990:
I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais,
comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no
interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos
nesta Resolução.
II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior os
ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10151 -
Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade.
III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para
atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar
os níveis estabelecidos pela NBR 10152 – Níveis de Ruído para conforto acústico.
Os itens apresentados anteriormente citam as referências normativas que contêm
as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades,
especificando método para a medição do ruído e a fixação dos níveis de ruído
considerados compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos.
A Norma Regulamentadora NR-17 do Ministério do Trabalho e Emprego (8) (MTE)
que trata sobre “ERGONOMIA” também dispõe sobre conforto acústico. Nela, são
apresentadas recomendações para níveis de conforto acústico, sendo referendada a
norma NBR 10152. A seguir apresentamos um excerto da NR-17 com tais
recomendações.
Item 17.5.2. da NR-17 - Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que
exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,
laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros,
são recomendadas as seguintes condições de conforto:

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
33

a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira


registrada no INMETRO;
b) Índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus
centígrados);
c) Velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.
Item 17.5.2.1. da NR-17 - Para as atividades que possuam as características
definidas no sub item 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com
aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto
será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.
Para os trabalhadores expostos ao ruído, ultrapassadas as condições de conforto
acústico, a exposição ocupacional ao ruído pode ser considerada como atividade
insalubre podendo ocasionar perda auditiva.
A Legislação Brasileira considera como insalubres as atividades ou operações que
impliquem em exposições a níveis de ruído contínuo ou intermitente por tempos
superiores aos limites de tolerância fixados pela Norma Regulamentadora NR-15 (7),
anexo I, da Portaria nº. 3214 de 08/06/1978, da SSMT/MTE (Ministério do Trabalho e
Emprego).

2.4.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151 DE JUNHO DE 2000 (3)


OBSERVAÇÃO: Substitui a NBR 10151:1987 (2) a partir de 31/07/2000.
O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora
equivalente (LAeq), em decibéis ponderados segundo a curva “A”. Esta curva tem por
objetivo adequar a resposta do medidor em relação a resposta em freqüência do ouvido
humano.
Define: nível de pressão sonora equivalente (LAeq), nível de ruído ambiente (Lra),
ruído com caráter impulsivo, ruído com componentes tonais.
EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO: medidor e calibrador - mínimo tipo 2 – com
certificado de calibração pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou INMETRO.
As avaliações de nível de pressão sonora devem ser feitas em dB(A). Quando
forem necessárias medidas para correção ou redução do nível sonoro, segundo a NBR
10152/1987 (1), serão feitas medições complementares com análises de freqüências
(espectros em bandas de oitava).

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
34

2.4.3.1. Procedimentos de medição


Medição no exterior das edificações que contêm a fonte:
• Deve-se tomar as precauções técnicas para evitar a influência do vento e
demais condições climáticas, quando relevantes;
• As medições devem ser efetuadas em pontos afastados aproximadamente 1,2
m do piso e a pelo menos 2 m do limite da propriedade e de superfícies
refletoras, como muros, paredes etc;
• Na ocorrência de reclamações as medições devem ser efetuadas nas
condições e locais indicados pelo reclamante;
• Caso o reclamante indique algum ponto de medição que não atenda às
condições anteriores, o valor medido neste ponto também deve constar no
relatório.

Para medições no interior de edificações:


• As medições devem ser efetuadas a uma distância de no mínimo 1 m de
quaisquer superfícies (parede, teto, piso e móveis) – mínimo 3 medições (média
aritmética) em 3 posições distintas, sempre que possível afastadas entre si em
pelo menos 0,5 m;
• As medições devem ser efetuadas nas condições normais de utilização do
ambiente (janelas abertas ou fechadas conforme indicação do reclamante).
• Caso o reclamante indique algum ponto de medição que não atenda às
condições anteriores, o valor medido neste ponto também deve constar no
relatório.

2.4.3.2. Correções para ruídos com características especiais


O nível corrigido Lc para ruído sem caráter impulsivo e sem componentes tonais é
determinado pelo nível de pressão sonora equivalente (LAeq). Caso o equipamento não
execute medição automática do LAeq (ex.: medidor de leitura instantânea), o mesmo deve
ser determinado considerando o seguinte cálculo:
Li
1

n
L A eq = 10 × log i =1
10 10
n
Onde:
Li = NPS dB(A), lido em “fast” a cada 5 s
n = nº. total de leituras

• Quando o ruído for impulsivo ou de impacto - Lc = máx LA medido em “fast”,


acrescido de 5 dB(A);
• Quando o ruído contiver componentes tonais - Lc = LAeq + 5 dB(A);
• Quando o ruído contiver ruído impulsivo + componentes tonais - Lc = maior
nível dos casos anteriores.

o
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2.4.3.3. Avaliação do ruído


O limite máximo para o conforto é o Nível Critério de Avaliação (NCA), apresentado
na tabela 1 da norma, reproduzido a seguir:

Tabela 2.3. NCA Para Ambientes Externos (NCA ext.)


Tipos de áreas Diurno Noturno
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área mista, predominantemente industrial 70 60

Os limites de horário para período diurno e noturno da tabela podem ser definidos
pelas autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não
deve começar depois das 22h e não deve terminar antes das 7h (domingo ou feriado até
às 9 h).

2.4.3.4. Determinação do nível de critério de avaliação – NCA


NCA PARA AMBIENTES INTERNOS - NCA int.
NCA int. = NCA ext. – 10 dB(A) [janela aberta]
NCA int. = NCA ext. – 15 dB(A) [janela fechada]

Se o nível de ruído ambiente Lra for superior ao valor da tabela 1 para a área e
horário em questão, o NCA assume o valor do Lra.

2.4.3.5. Conteúdo necessário para o relatório de ensaio


• Marca, tipo ou classe e número de série de todos os equipamentos de medição
utilizados;
• Data e número do último certificado de calibração de cada equipamento de
medição;
• Desenho esquemático e/ou descrição detalhada dos pontos da medição, horário
e duração das medições do ruído;
• Nível de pressão sonora corrigido;
• Nível de ruído ambiente;
• Valor do nível de critério de avaliação (NCA) aplicado para a área e o horário da
medição;
• Referência a essa Norma.

o
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Tabela 2.4. Dados Obtidos


Leq***
Situação* Descrição** Hora
dB(A)
1 Sala de estar do reclamante (janela aberta). 14:10 43,8
2 Sala de estar do reclamante (janela fechada). 22:20 37,5
3 Quarto (janela aberta). 15:00 41,3
4 Quarto (janela fechada). 22:30 35,6
* Situação considerada. A classificação do zoneamento do local onde se encontra a habitação
é área mista, com vocação comercial e administrativa.

** Descrição do local de medição

*** Nível equivalente, em dB(A), para o respectivo ponto de medição, tanto no período diurno
como noturno. O ruído apresenta características tonais.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
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Quadro 2.13.
Motivada pela reclamação de um morador, uma empresa vizinha avaliou os níveis
de ruído segundo os procedimentos da NBR 10151:2000 no interior da habitação nos
pontos indicados pelo reclamante. Os níveis medidos e demais informações estão
apresentados na tabela 2.4.

Resposta:

Considerando-se as informações obtidas, a análise foi resumida na tabela 2.5.

O critério técnico-legal vigente é da NBR 10151:2000. Como o ruído apresenta

características especiais (componentes tonais), o nível equivalente medido Leq foi

acrescido de 5 dB(A) de forma a compor o nível corrigido LC.

O nível de critério de avaliação NCA foi determinado considerando-se o

período (diurno ou noturno), a condição do local avaliado (janela aberta ou

fechada) e a classificação do zoneamento (tipo de área), que neste caso

corresponde a uma área mista, com vocação comercial e administrativa.

NCAint,(diurno) = 60 – 10 = 50 dB(A)

NCAint,(noturno) = 55 – 15 = 40 dB(A)

Como nada foi mencionado, pressupõe-se que o nível de ruído ambiente é

inferior ao NCA considerado para a área, horário e condição em questão.

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Comparar os resultados com os critérios técnico-legais vigentes, relacionados com


o conforto da comunidade.

Comparando-se os níveis corrigidos com o nível de critério de avaliação NCA,

verificamos que para o período noturno o critério foi superado, sendo procedente a

reclamação.

Tabela 2.5. Comparação com o Critério

Hora/ Leq Lc NCA INTERNO


Situação Descrição
Período dB(A) dB(A) dB(A)
Sala de estar do
14:10/
1 reclamante (janela 43,8 48,5 50
diurno
aberta)
Sala de estar do
22:20/
2 reclamante (janela 37,5 42,5 40
noturno
fechada)
15:00/
3 Quarto (janela aberta) 41,3 46,3 50
diurno
22:30/
4 Quarto (janela fechada) 35,6 40,6 40
noturno

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2.5. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES


2.5.1. O MÉTODO DO RC/NRR
Este é o método base, que serve para entender as variações qua atualmente
existem. É um método de número único, desenvolvido para ser de uso prático (o tempo
não atestou isso, como vamos ver). O NIOSH suprimiu a medição espectral,
anteriormente utilizada no método original. No lugar do espectro do ruído, colocou um
espectro rosa e um estimador astuto, a diferença C-A, que o corrige tecnicamente, ao
calcular o NRR, de forma que o ruído real é superestimado em risco, com um nível de
confiança de 98%. Também foi estabelecido o mesmo nível de confiança (98%) em
relação aos dados de atenuação do protetor, deduzindo-se dois desvios - padrão. Digo
isto para que se conheça a segurança embutida neste número, que integra os dados do
protetor e prevê o enfrentamento do pior espectro (percentil 98 em "dificuldade de
atenuação"). Feito isto, com uma elegância e prestidigitação científica notáveis, a conta
do usuário fica simples: ele deve subtrair o NRR do ruído ambiental avaliado em dBC,
obtendo o nível que atinge o ouvido em dBA.

dBC - NRR = dBA (ouvido)

Observe que tem que ser o dBC, pois o método prevê assim. No próximo tópico,
vamos discutir qual seria este dBC, que passa a ser o indicador do espectro, e que vai
ser usado na fórmula.

Para Pensar:
Quais os conceitos relativos aos "dB" compensados? O que é dBA? O que é dBC?
Volte ao primeiro módulo, se necessário.

Para Pensar:
O que se busca é um nível atenuado menor que 85 dBA, para jornadas de 8h. E se
a jornada for de 12 horas, qual esse nível?

2.5.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR?


Vimos que o trabalho do técnico fica simples: ele deve subtrair o NRR do ruído
ambiental avaliado em dBC, obtendo o nível que atinge o ouvido em dBA.

dBC - NRR = dBA (ouvido)

É importante discutirmos este dBC que será utilizado na fórmula. Ele deve
representar a exposição do trabalhador que está sendo protegido. Uma representação fiel
da exposição, sobretudo quando os níveis são muito variáveis, só é possível com
dosimetria. Da dosimetria, obtém-se o nível médio da jornada. Porém, esse nível deve
ser obtido na curva de compensação C, e não A, como se trabalha usualmente. Observe-
se, portanto, que o dosímetro deverá operar em circuito C. Os dosímetros atuais
permitem isso, e não é por outro motivo que possuem o circuito C. Se não for possível
fazer uma dosimetria C, deve-se eleger um nível em dBC que represente a jornada.
Neste caso, não há alternativa a não ser a escolha do máximo nível dBC da jornada, ou

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
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seja, da máxima fonte em dBC das situações de exposição. Esta é uma consideração a
favor da segurança, mas também certamente excessivamente coservadora em muitos
casos, pois o tempo de permanência sob tal nível pode ser mínimo. Do exposto, a melhor
opção será a dosimetria C, obtendo-se o nível médio Lavg (C). Nossa próxima discussão
deve abordar os descontos a serem aplicados ao NRR, de forma que seu valor reflita
adequadamente as situações de uso real. Isto porque o NRR é obtido em condições
ideais de laboratório, dificilmente reprodutiveis no dia-a-dia das empresas.

Para Pensar:
Qual o conceito de nível médio (Lavg)? O que o diferencia do Nível Equivalente
(Leq)?

2.5.3. CORREÇÃO CAMPO-LABORATÓRIO


Nas partes anteriores definimos que vamos nos limitar aos métodos de número
único e vimos o método NIOSH n°. 2, do Rc ou NRR, que chamaremos também de NRR
tradicional. Discutimos as possibilidades de consideração do dBC ambiental a ser usado
na fórmula. Entretanto, devem-se fazer correções para a situação correta de uso em
campo. Isso se deve ao fato de o NRR ser obtido em laboratório, em condições muito
especiais, e que diferem dramaticamente da realidade de campo. Vejamos: no
laboratório, os protetores são novos, são colocados por pessoas experientes no perfeito
ajuste do protetor e orientados / supervisionados por experts dos fabricantes; além disso,
não há nenhuma interferência negativa dos protetores com outros EPIs. No campo, os
protetores não são novos, são colocados de forma deficiente, recebem interferências de
outros EPIs na sua perfetia vedação acústica, e ainda mais: não são usados todo o
tempo. Para este último caso, há maneiras de considerar os tempos de não uso do
protetor. Para os outros desvios há fatores de correção que são recomendados pelo
NIOSH, e que diferem de acordo com o tipo de protetor: 25% de desconto para protetores
circum-auriculares, 50% de desconto para os protetores de inserção de espuma de
expansão lenta e 70% de desconto para os protetores de inserção pré-moldados
(polímeros de forma fixa). Estes descontos devem ser aplicados ao NRR nominal (de
fábrica) antes de serem usados na equação básica do método n°. 2.

2.5.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC


Tudo o que foi falado até agora parte de valores ambientais do ruído em dBC, e
isso faz parte do método do NRR. Mas devido à "sonora" pressão, bastante
compreensível, de técnicos da área para o uso do dBA ambiental (que todos já possuem
- é o nível médio das dosimetrias), foi desenvolvida uma alternativa com o uso do dBA
ambiental. Note-se que no método básico, é a diferença C-A (valor dBC - dBA)
"representa" o ruído. Sem o dBC, perde-se o indicador e para isso, admite-se que se vai
enfrentar um ruído muito desfavorável, o que quer dizer, com grande conteúdo de baixas
freqüências. O NIOSH admitiu uma diferença C - A = 7, para representar esse ruído. Na
fórmula básica, no lugar do dBC teríamos dBA + 7, ou, alternativamente, o NRR seria
descontado em 7. Porisso, ao usarmos diretamente o dBA ambiental é preciso fazer uma
subtração de 7 no NRR. Se chamarmos esse NRR para uso do dBA de NRRa, então:

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
41

NRRa = NRR - 7

Feito isto, o restante das considerações, descontos e fórmulas vistas ficam válidos,
mas, pelo conceito da correção (ela se aplicaria ao dBA, "levando-o" a um dBC de pior
caso), observe que é necessário ANTES corrigir o NRR e depois aplicar o (-7).

Para Pensar:
Por que C-A é um indicador do espectro do ruído? Podemos identificar a freqüência
de um tom puro, com as leituras A e C?

2.5.5. O NRRSF
O que temos falado até agora diz respeito ao NRR que chamaremos de
"tradicional". Isto, para se contrapor ao NRRsf, que é uma proposta relativamente nova,
mas já posta em prática inclusive no país. Vários fabricantes já possuem seus protetores
ensaiados para esse fim, e sabem quais são os NRRsf dos mesmos. Nós vimos que
devem ser feitos descontos nas atenuações dos NRR "tradicionais", devido às grandes
diferenças de performance entre o laboratório e o campo. Ora, os pesquisadores
verificaram que, se os ensaios de laboratórios fossem feitos com sujeitos "ingênuos"
quanto à proteção auditiva, que apenas leriam as instruções das embalagens, colocando
então os protetores para fazer o teste, então os dados obtidos se aproximariam do
desempenho (real) de campo. Trata-se da Norma ANSI S 12. 6 / 97 B. O NRRsf é
calculado a partir desses dados de atenuação, com algumas peculiaridades, quais sejam:
o nível de proteção estatístico é de 84% (contra 98% no método tradicional) e subtrai-se
diretamente do dBA, com correção de 5 ao invés de 7, já embutida no número. Estas
duas diferenças entre o NRR e o NRRsf tornam este último efetivamente menos protetor
no sentido estatístico, tanto em termos dos protetores produzidos (variabilidade do
produto) como em termos dos espectros de ruído que se venha enfrentar (a correção de
5, ao invés de 7, é benévola quanto ao ruído de baixa freqüência a ser enfrentado ao se
utilizar apenas o dBA). Portanto:

dBA - NRRsf = dBA (ouvido)

Não é necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção da devida ao tempo
de uso real.

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2.5.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO


Há, então 3 métodos apresentados para cálculo de atenuação, com variantes:
• NRR tradicional, a partir do dBC ambiental, em Lavg;
• - variante: dBC máximo da jornada no lugar do Lavg (C);
• NRR tradicional, ajustado para uso do dBA ambiental (NRRa = NRR - 7), sendo
o dBA usualmente o Lavg(A);
• - variante: dBA máximo da jornada;
• NRRsf, obrigatoriamente a partir do dBA ambiental (seja Lavg(A) ou máximo
dBA da jornada).
Todos os casos, exceto o último, devem sofrer correções “campo-laboratório”,
conforme já mencionado.
Todos os casos devem ter correção para tempo real de uso, se o protetor não for
utilizado 100% do tempo. Não foi abordado aqui o método "longo", ou de análise
espectral, ou o chamado método NIOSH n°. 1. Todos os 4 métodos (longo, NRR, NRRa,
NRRsf) são utilizáveis para fins previdenciários, como descrito na IN 78 do INSS.

2.5.6.1. Cálculo do tempo real de uso do Protetor Auricular


Esta correção deve ser feita sempre que o tempo real de uso de um protetor não
for 100% da jornada. É importante observar que o simples fato de retirar o protetor por
alguns minutos degrada imediatamente o NRR previsto, reduzindo-o a apenas 3 a 5, se o
protetor for utilizado apenas 50% do tempo. Para se levar em conta esta degradação,
usa-se a tabela a seguir. A tabela é aproximação razoável das equações envolvidas, e de
uso mais prático.

Tabela 2.6. Correção do tempo real de uso do Protetor Auricular

Tempo de uso em porcentagem de jornada de 8h


100 %
50% 75% 88% 94% 98% 99% 99,5%
(nominal)
-20 -15 -11 -7 -3 -2 -1 25 NRR
NRR previsto

-15 -11 -7 -4 -2 -1 -1 20 NRR

-11 -7 -4 -2 -1 -1 0 15 NRR

-7 -4 -2 -1 -1 0 0 10 NRR
240 120
60 min 30 min 10 min 5 min 2,5 min 0 min
min min
TEMPO DE NÃO USO EM MINUTOS POR JORNADA DE 8H

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Exemplo: Um protetor com NRR=25 retirado por 10 minutos é corrigido em -3, ou


seja, seu valor efetivo será 25-3=22. Para valores intermediários, usar o NRR
imediatamente superior.
Esta correção deve ser aplicada após as correções do NIOSH segundo cada tipo
de protetor, em função das condições de uso real. No caso do NRRsf, não há tais
correções, mas apenas do tempo de uso (esta correção), se for o caso.

Para Pensar:
Os maiores valores de NRR tradicional estão ao redor dos 30. Como sempre, pelo
menos uma correção de 0,7 vai existir, os maiores valores necessários na tabela estão
entre 20 e 25. OK!
Se tenho valores intermediários aos da tabela, tanto em termos de NRR como em
termos de tempo real de uso (tempo de não uso diário), qual a abordagem a favor da
segurança?

Finalizando, segue um roteiro para os casos de uso do NRR tradicional, para todos
os tipos de protetores, levando em conta os descontos recomendados pelo NIOSH e a
correção para o tempo real de uso. Notar que o NRR vai sendo gradualmente corrigido
(NRR*, NRR**, NRR***), segundo o tipo de protetor, o dado ambiental utilizado e o tempo
real de uso.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
44

Tabela 2.7. Roteiro para Cálculo de Atenuação


Passo O que fazer Como fazer
IDENTIFIQUE O NRR DO VERIFICAR EMBALAGEM,
1.
PROTETOR ESPECIFICAÇÕES OU O C. A.
IDENTIFIQUE A FORMA EM QUE
VERIFIQUE OS DADOS FORNECIDOS DE
2. FOI AVALIADO O RUÍDO
AVALIAÇÃO
AMBIENTAL
CORRIGIR O NRR OBTENDO O
3. SIGA
NRR* (CORREÇÃO DE USO REAL)
IDENTIFIQUE O TIPO DE
4. VERIFICAR PROTETOR, SIGA
PROTETOR
O PROTETOR É CIRCUM
5. PASSO 15
AURICULAR
O PROTETOR É DE ESPUMA DE
6. PASSO 16
EXPANSÃO LENTA
O PROTETOR É DE POLÍMERO
7. PASSO 17
(PLÁSTICO) MOLDADO
CORRIGIR O NRR* OBTENDO O
8. NRR** (CORREÇÃO DE TEMPO SIGA
REAL DE USO)
• ENTRE NA LINHA DO NRR* OU
IMEDIATAMENTE SUPERIOR
• ENTRE NA COLUNA DO TEMPO DE
NÃO USO EM MINUTOS OU
IMEDIATAMENTE SUPERIOR
9. USE A TABELA DE CORREÇÃO • OBTENHA A PERDA P = NO
ENCONTRO DA LINHA COM A COLUNA
NA TABELA DADA NA PARTE 6 DESTA
SÉRIE.
• NRR** = NRR* - (VALOR P) NOTAR QUE
P JÁ É NEGATIVO NA TABELA, USAR O
VALOR ABSOLUTO
10. A MEDIÇÃO FOI FEITA EM dBC Vá para o passo 12
11. A MEDIÇÃO FOI FEITA EM dBA Vá para o passo 13
OBTENHA O VALOR QUE ATINGE
12. dBA = dBC - NRR**
O OUVIDO
OBTENHA O NRR*** (CORREÇÃO NRR*** = NRR** - 7
13.
PELO USO DO dBA) SIGA
OBTENHA O VALOR QUE ATINGE
14. dBA = dBA - NRR***
O OUVIDO
15. OBTER O NRR* NRR* = NRRx0,75 VÁ PARA O PASSO 8
16. OBTER O NRR* NRR* = NRRx0,50 VÁ PARA O PASSO 8
17. OBTER O NRR* NRR* = NRRx0,30 VÁ PARA O PASSO 8

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
45

Para Pensar:
Complete este roteiro introduzindo o NRR sf. Adicione as linhas necessárias, sem
perder a lógica da tabela. Teste o resultado.

O NRR pode reconhecer e atenuar de forma diferente ruídos diferentes?


Caso 1
• Serra circular
• 100 dBA, 97 dBC
• NRR = 20
• dBA = dBC-NRR
• dBA = 97-20=77dBA
• Redução em dBA= 100-77 = 23 dBA

Caso 2
• Grande motor diesel
• 100 dBA, 103 dBC
• NRR= 20
• dBA = dBC - NRR
• dBA=103-20=83dBA
• Redução em dBA= 100-83 = 17 dBA

O NRR NÃO PRECISA SER CALCULADO, MAS PODE SER CALCULADO A


PARTIR DOS DADOS DE ATENUAÇÃO POR FREQÜÊNCIA DE UM PROTETOR.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
46

Quadro 2.14
Para um protetor com NRR=29 , tipo espuma de expansão lenta, que não é
usado por 30 minutos na jornada, qual o NRR corrigido (uso real e tempo real de uso)?

NRR* = NRR x 0,5 (tabela 2.7, passos 6 e 16) = 29 x 0,5 = 14,5

NRR** = 14,5 – 2 = 12,5 (tabela 2.6)

Resposta: 12,5

Qual a atenuação final de uma exposição cujo Lavg(C)= 102, usando-se um


protetor circum-auricular com NRR=21 e uso de 100% do tempo da jornada?

NRR* = NRR x 0,75 (tabela 2.7, passos 5 e 15) = 21 x 0,75 = 15,75

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

A medição foifeita em dBC, logo (passo 10):

dBA = dBC – NRR* = 102 – 15,75 = 86,25

Resposta: 86,25 dB(A)

A dosimetria de uma exposição, para fins de insalubridade, é de 193% e jornada


de trabalho é de 6 horas. Usa-se um protetor de polímero (forma fixa) de NRR=14, por
todo o tempo de jornada. Qual o nível atenuado?

Admitiremos que a avaliação foi feita em dBA, portanto:

NRR* = 14x0,30 = 4,2 (tabela 2.7 passos 7 e 14)

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

NRR* = 4,2 – 7 = -2,8 (tabela 2.7 passos 11 e 13)

Como nâo existe atenuação negativa (-2,8), fica provado que o médoto nâo

evidencia proteção.

Resposta: O método não evidencia proteção

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
47

O NRRsf de um protetor é 14,5. A dosimetria convencional (dBA, 8 horas) é


300%. Qual o nível atenuado?

dBA – NRRsf = dBA (ouvido), portanto: 92,93 – 14,5 = 78,42 dBA

Resposta: 78,4 dB(A)

Qual o máximo dBC para o qual um protetor de espuma de expansão lenta com
NRR=28, se usado 100% do tempo, dará proteção, se a jornada é de 8 horas?

NRR* = NRR x 0,5 (tabela 2.7, passos 6 e 16) = 28X0,5 = 14

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

dBA = dBC – NRR*

Para 8 horas o máximo permitido são 85 dBA, logo:

85 = dBC – 14

dBC = 85 + 14 = 99 dBC

Resposta: 99 dB(C)

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
48

Tabela 2.8. Exemplo de cálculo de NRR de protetores auriculares


PROTETOR: 3M, tipo inserção, modelo 1110
Freqüências centrais de banda de oitava
(Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 8000
a) Níveis de banda de oitava em dB(A), de
um ruído rosa arbitrário de 100 dB por 83,9 91,4 96,8 100 101,2 101 98,9
banda
b) Atenuações médias 25,9 34,4 39,7 36,3 38,5 42,9 45,4
c) Desvios padrão (x2) 8 9,6 10,4 6,4 6,2 5,1 7,6
d) Níveis em dB(A), por banda de oitava,
“após” o protetor auditivo d = a - b + c 66 66,6 67,5 70,1 68,9 63,2 61,1
e) Nível global, após o protetor 75,7
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) *** 29,2
PROTETOR: 3M, tipo inserção, modelo 1210
Freqüências centrais de banda de oitava
(Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 8000
a) Níveis de banda de oitava em dB(A), de
um ruído rosa arbitrário de 100 dB por 83,9 91,4 96,8 100 101,2 101 98,9
banda
b) Atenuações médias 30,8 31,8 31,7 32,7 34,3 41,8 45,7
c) Desvios padrão (x2) 7,2 8,6 5,4 6,2 8,6 8,9 10,7
d) Níveis em dB(A), por banda de oitava,
“após” o protetor auditivo d = a - b + c 60,3 68,2 70,5 73,5 75,5 68,1 63,9
e) Nível global, após o protetor 79,3
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) *** 25,6
PROTETOR: 3M, tipo concha, modelo 1440
Freqüências centrais de banda de oitava
(Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 8000
a) Níveis de banda de oitava em dB(A), de
um ruído rosa arbitrário de 100 dB por 83,9 91,4 96,8 100 101,2 101 98,9
banda
b) Atenuações médias 15,5 21,8 28,1 29,6 30,5 37 40
c) Desvios padrão (x2) 4,4 4,4 5,4 3,4 4 4,8 6
d) Níveis em dB(A), por banda de oitava,
“após” o protetor auditivo d = a - b + c 72,8 74 74,1 73,8 74,7 68,8 64,9
e) Nível global, após o protetor 81,4
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) *** 23,5

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
49

2.6. TESTES
1. Considere as afirmações abaixo sobre o som:
I – Som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos
ouvidos;
II – O decibel é utilizado devido à grande variação na faixa de valores usuais;
III – O som é sempre um ruído;
IV – Ruídos são sons que nos causam desconforto.
Agora selecione a melhor alternativa:
a) Apenas II é falsa.
b) Apenas III é falsa.
c) Apenas I e II são verdadeiras.
d) Apenas I e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.

2. Qual a alternativa correta com relação ao decibel (dB):


a) É uma escala log normal de relação de grandezas.
b) Não é uma unidade, mas sim uma relação adimensional.
c) Só pode ser utilizado para sons.
d) O limiar de dor é atingido com 60 dB.
e) Pode ser somado algebricamente.

3. Para uma jornada de trabalho de 8 horas, qual o valor máximo em dB que o


trabalhador pode estar exposto continuamente, de acordo com as normas
brasileiras?
a) 70.
b) 75.
c) 80.
d) 85.
e) 90.

4. Com relação ao ruído, qual a alternativa incorreta?


a) Acima de 90 dB o gasto de energia é maior.
b) A poluição sonora reduz a qualidade do sono.
c) Altos dB afetam apenas o sistema auditivo.
d) O início do estresse auditivo ocorre a partir de 55 dB.
e) A poluição sonora está entre as três maiores poluições ambientais.

o
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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
50

5. Qual a alternativa correta com relação às medições do nível de pressão sonora?


a) As medições no interior e exterior de edificações possuem os mesmos
procedimentos.
b) Os pontos de medição podem estar a qualquer distância do piso.
c) Caso o reclamante indique algum ponto de medição que não atenda às
condições “padrão”, o valor medido neste ponto deve ser excluído do relatório.
d) A influência do vento é sempre considerada desprezível.
e) Na ocorrência de reclamações as medições devem ser efetuadas nas condições
e locais indicados pelo reclamante.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
51

CAPÍTULO 3. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES MECÂNICAS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar os principais problemas causados pelas vibrações mecânicas no corpo
humano, objetivando uma avaliação deste agente de risco para que se possa tomar
eventuais medidas preventivas.

Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a identificar:

• Os principais parâmetros mecânicos e termos utilizados na avaliação deste agente


de risco;
• Os principais efeitos à saúde e as relações dose-resposta apresentadas nos
critérios internacionais;
• Os conteúdos básicos, a aplicação e reflexos do critério legal, normas e critérios
internacionais: ISO 5349:1986, ISO 5349-1:2001, ISO 5349-2:2001, ISO 2631-
1:1985, ISO 2631-1:1997, Limites da ACGIH, Diretivas Européias;
• As características gerais e montagem do instrumental e acessórios utilizados na
medição da vibração em campo, a utilização de adaptadores e suas implicações;
• Os elementos mínimos de um programa de controle dos riscos devidos à
exposição às vibrações e sua interação com o PPRA (Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais – NR 9).

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
52

3.1. PRÉ-REQUISITOS
Para participação neste módulo, o aluno deverá ter conhecimentos prévios sobre
relações logarítmicas, operação com decibéis, análise de freqüência, curvas e filtros de
ponderação e sua aplicação. Neste sentido, é fundamental que o aluno tenha participado
previamente do módulo que trata sobre a exposição ocupacional ao ruído.

3.2. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES – OCORRÊNCIAS


Trabalho com máquinas pesadas: tratores; caminhões; máquinas de
terraplanagem; grandes compressores; ônibus; aeronaves e outros.
Operações com ferramentas manuais vibratórias: marteletes, britadores,
rebitadeiras, compactadores, politrizes, motosserras, lixadeiras e outras.

3.3. CLASSIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕES TRANSMITIDAS


Vibrações de corpo inteiro: são vibrações transmitidas ao corpo com o indivíduo na
posição sentado (reclinado ou não), em pé ou deitado.
Vibrações localizadas: são vibrações que atingem certas regiões do corpo
principalmente mãos, braços e ombros.

3.4. CRITÉRIO LEGAL


A Legislação Brasileira prevê através da Norma Regulamentadora NR 15 - Anexo 8,
com redação dada pela portaria nº. 12 de 1983, que as atividades e operações que
exponham os trabalhadores sem proteção adequada às vibrações localizadas ou de
corpo inteiro serão caracterizadas como insalubres através de perícia realizada no local
de trabalho. A perícia visando a comprovação ou não da exposição deve tomar por base
os limites de exposição definidos pela Organização Internacional para a Normalização em
suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349, ou suas substitutas. Em relação ao laudo
pericial, a legislação determina que os seguintes itens deverão constar obrigatoriamente:
• Critério adotado;
• Instrumental utilizado;
• A metodologia de avaliação;
• A descrição das condições de trabalho e do tempo de exposição às vibrações;
• Resultado da avaliação quantitativa;
• As medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade quando
houver.
A insalubridade quando constatada no caso da vibração, está classificada como
grau médio, assegurando ao trabalhador a percepção de adicional incidente equivalente
a 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo da região.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
53

3.5. MODELO MECÂNICO SIMPLIFICADO DO CORPO HUMANO (RESSONÂNCIAS)


Os efeitos da vibração no homem dependem, entre outros aspectos das
freqüências que compõe a vibração. A figura 3.1 fornece as faixas de ressonâncias
típicas em função de determinadas partes ou estruturas do corpo humano. É interessante
observar que de forma geral as baixas freqüências são mais prejudiciais. Os medidores
de vibração deverão, portanto, possuir filtros de ponderação que levem em conta essas
características.

Fonte: Brüel & Kjaer, 1988.

Figura 3.1. Modelo simplificado do corpo humano

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
54

3.6. SELEÇÃO DE PARÂMETROS


Os principais parâmetros utilizados na determinação da vibração são apresentados
na figura 3.2. a seguir e estão matematicamente relacionados entre si.

Fonte: Brüel & Kjaer, 1988.

Figura 3.2. Parâmetros para apresentação da vibração

O parâmetro de maior interesse a ser utilizado na questão ocupacional é a


aceleração. Além da aceleração expressa em m/s2, a vibração pode também ser
representada pelo nível de aceleração, expresso em dB, calculado conforme expressão
abaixo:

⎛ a ⎞ a ⇒ aceleração medida em m/s2


L a = 20 × log⎜⎜ ⎟⎟ (dB)
⎝ a ref ⎠ aref. ⇒ valor de referência = 10–6 m/s2

O fator de crista FC obtido a partir da razão Vpico/Vrms fornece um referencial


sobre o comportamento do sinal. Para valores de FC elevados, ou seja, com a ocorrência
de picos significativos, pode ser necessária a utilização de métodos e procedimentos
específicos na medição e avaliação da exposição. Esses métodos e procedimentos estão
descritos nos critérios técnicos apresentados ao longo do curso.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
55

3.7. VIBRAÇÕES LOCALIZADAS – EFEITOS DA EXPOSIÇÃO


Os principais efeitos devido à exposição à vibração no sistema mão-braço podem
ser de ordem vascular, neurológica, osteoarticular e muscular. A evolução da doença
nos seus diversos estágios em função da exposição diária, ao longo de meses, pode ser
observada por meio da descrição realizada por Taylor e Pelmear conforme resumo a
seguir:
• Formigamento ou adormecimento leve e intermitente, ou ambos, são
usualmente ignorados pelo paciente porque não interferem no trabalho ou em
outras atividades. São os primeiros sintomas da síndrome;
• Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos,
confinados primeiramente às pontas, entretanto, com a continuidade da
exposição os ataques podem se estender à base do dedo;
• Frio freqüente provoca os ataques, mas há outros fatores envolvidos com o
mecanismo de disparo como: a temperatura central do corpo, a taxa metabólica,
o tônus vascular (especialmente cedo pela manhã) e estado emocional;
• Os ataques de branqueamento duram usualmente de 15 a 60 minutos, nos
casos avançados podem durar 1 ou 2 horas . A recuperação se inicia com um
rubor, uma hiperemia reativa, usualmente vista na palma, avançando do pulso
para os dedos;
• Nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a
sensibilidade à temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e
incapacidade para a realização de trabalhos finos;
• Prosseguindo a exposição, o número de ataques de branqueamento se reduz,
sendo substituído por uma aparência cianótica dos dedos;
• Finalmente, pequenas áreas de necrose da pele aparecem na ponta dos dedos
(acrocianose).

3.8. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO TRANSMITIDA ÀS MÃOS


A severidade da vibração transmitida às mãos nas condições de trabalho é
influenciada pelos seguintes fatores:
• Espectro de freqüências da vibração;
• Magnitude do sinal de vibração;
• Duração da exposição diária e tempo total de exposição à vibração;
• Configuração da exposição (contínua, com pausas, tempos relativos), e método
de trabalho;
• Magnitude e direção das forças aplicadas pelo operador ao segurar a
ferramenta ou peça;
• Posicionamento das mãos, braços e corpo durante a operação;
• Tipo e condição do equipamento, ferramenta ou peça;
• Área e localização das partes das mãos que estão expostas à vibração.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
56

3.9. ISO 5349: 1986 - PRINCIPAIS ASPECTOS


A norma ISO 5349 (1986) intitulada “Guia para medição e análise da exposição
humana à vibração transmitida às mãos” fornece procedimentos gerais para avaliação
dos níveis de vibração periódica ou aleatória em mãos e braços. Não especifica limites
seguros em termos da aceleração e exposição diária, nem os riscos de danos à saúde
para as diferentes operações e ferramentas existentes. Os principais aspectos
considerados na norma estão relacionados a seguir:

3.9.1. MÉTODO DE MEDIÇÃO


• Consiste na medição da aceleração em bandas de terças de oitava ou da
aceleração ponderada em freqüência equivalente em energia, transmitida às
mãos na direção dos três eixos ortogonais definidos pela norma. As freqüências
consideradas nas medições devem abranger pelo menos a faixa de 5 a 1500
Hz, a fim de cobrir as bandas de terças de oitava com freqüências centrais de 8
a 1000 Hz;
• O acelerômetro deve ser montado no ponto (ou próximo) onde a energia é
transmitida às mãos. Se a mão está em contato com a superfície vibrante o
transdutor pode ser montado diretamente nessa estrutura, se existir material
resiliente entre a mão e a estrutura é permitida a utilização de uma adaptação
para montagem do transdutor. Cuidados devem ser tomados para evitar
influências significativas na vibração medida;
• A vibração deve ser medida nos três eixos ortogonais (figura 3.3). Qualquer
análise efetuada deve ter por base o maior valor obtido em relação a esses
eixos;
• A magnitude da vibração deve ser expressa pela aceleração eficaz (rms) ou em
dB (aref = 10-6 m/s2);
• Para sinais contendo altos picos de aceleração, precauções devem ser tomadas
para evitar erros devido a sobrecargas em partes do sistema de medição. Deve-
se utilizar transdutores pequenos e leves. Para reduzir a interferência causada
por sinais com altos picos de aceleração pode ser necessário o uso de filtro
mecânico;

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
57

Fonte: ISO 5349:1986.

Figura 3.3. Sistemas de coordenadas para mãos e braços

• Normas adicionais devem ser consultadas para medição da vibração em


ferramentas e processos específicos;
• O registro da exposição à vibração deve considerar as pressões de preensão e
forças estáticas usualmente empregadas na aplicação da ferramenta e no
acoplamento da mão com o equipamento;
• Para subsidiar as estimativas do tempo total de exposição diária devem ser
tomadas amostras representativas das diversas condições de operação, suas
durações e intermitências. As condições e tempos de exposição devem ser
registrados, bem como as posturas das mãos e braços, ângulos do pulso,
cotovelos e ombros relacionados aos procedimentos de operação ou condições
individuais.

3.9.2. CARACTERIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO


A análise da exposição à vibração está baseada na exposição diária. Para facilitar
as comparações entre diferentes durações de exposição, a exposição diária é expressa
em termos da aceleração ponderada em freqüência equivalente em energia para um
período de 4 horas. Se a exposição diária total à vibração for diferente de 4 h, deve ser
determinada a aceleração equivalente em energia correspondente a um período de 4 h,
conforme equação que segue:

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
58

τ
1
(a h , w ) eq ( 4 ) = ∫
T4 0
[a h , w (t )]2 dt (3.1)

Onde:
(a h, w ) eq ( 4)
= aceleração equivalente em energia para um período de 4 horas
ah, w (t )
= valor instantâneo da aceleração ponderada
τ = duração total da jornada diária em horas.
T4 = 4 horas.

Para conversão da aceleração equivalente medida em períodos diferentes de 4


horas na aceleração equivalente em energia (4h) pode ser utilizada a seguinte equação:

T
(ah,w ) eq ( 4) = × (ah ,w ) eq (T ) (3.2)
T4
Onde:
(ah, w ) eq (T ) = aceleração equivalente em energia ponderada correspondente ao período

de T horas

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
59

Quadro 3.1.
Determine ( a h , w ) eq (T ) , ( a h , w ) eq ( 4 ) , sabendo-se que a exposição diária de um
operador à vibração em mãos e braços é composta pelas seguintes acelerações e
tempos respectivos: 1,1 m/s2 por 1,5 h; 3,7 m/s2 por 3h; 5,1 m/s2 por 2 h.

Resposta:

(T4 = 4horas)

Se a exposição diária total for composta por diversas exposições parciais em razão
da atividade/operação executada, a aceleração total pode ser obtida pela expressão:

1 n
(ah,w ) eq (T ) = × ∑ [ (a h , w ) eq ( ti ) ]2 t i (3.3)
T i=1
Onde:
(ah, w ) eq (ti ) = aceleração equivalente ponderada correspondente à i-ésima

componente de duração ti em horas


T = duração total de todas as exposições
n
T = ∑ ti (3.4)
i =i

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
60

• A norma, em seu anexo A, apresenta uma relação dose-resposta (figura 3.4)


que possibilita calcular o período de exposição (na faixa de 1 a 25 anos)
requerido antes da ocorrência de várias incidências (10 a 50%) de
branqueamento dos dedos, decorrentes da exposição à vibração,
correspondente a energia equivalente em 4 h para magnitudes na faixa de 2 a
50 m/s2. Esta relação dose-resposta, baseia-se em aproximadamente 40
estudos, com exposições de até 25 anos. Exposições habituais, cotidianas,
trabalho durante todo o dia com somente um tipo de ferramenta ou em um
processo industrial no qual a vibração é transmitida as mãos;
• A aceleração medida pode ser apresentada em termos da componente
ponderada em freqüência ou valores em faixas de oitava ou terças de oitava
(recomendada para fins de pesquisa);
• O anexo B da norma contém recomendações preventivas de ordem médica,
métodos de controle de engenharia, ações de caráter administrativo e
treinamento do operador. Os anexos A e B não constituem partes oficiais da
norma;
• Os dados medidos em faixas de oitava ou terças de oitava podem ser
convertidos em aceleração ponderada para fins de utilização da relação dose-
resposta. O valor da aceleração ponderada pode ser calculado a partir da
expressão:

n
ah,w = ∑j =1
( K jah, j )2 (3.5)

Onde:
Kj = fator de ponderação correspondente a j-iésima banda de oitava ou terça de oitava
dada. Os valores de Kj são apresentados na tabela 3.1.
ah , j = aceleração medida na j-iésima banda de oitava ou terça de oitava
n = número de bandas que está sendo utilizado

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
61

Tabela 3.1. Valores de Kj para conversão de medições em bandas de terças de oitava ou


em oitava (freqüências centrais em negrito) para valores ponderados

Frequência Fator de ponderação


(Hz) (Kj)
6,3 1,0
8,0 1,0
10,0 1,0
12,5 1,0
16 1,0
20 0,8
25 0,63
31,5 0,5
40 0,4
50 0,3
63 0,25
80 0,2
100 0,16
125 0,125
160 0,1
200 0,08
250 0,063
315 0,05
400 0,04
500 0,03
630 0,025
800 0,02
1000 0,016
1250 0,0125
Fonte: ISO 5349:1986.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
62

Fonte: ISO 5349: 1986.

Figura 3.4. Tempo de exposição para incidência de branqueamento nos dedos para
diferentes percentis do grupo da população exposta a vibração nos três eixos de
coordenadas

A relação dose-resposta pode ser aproximada pela relação:

9,5 × C
TE = (3.6)
a h , w ( eq , 4 h )

Onde:
TE = tempo de exposição em anos
C = percentil de pessoas susceptíveis de serem afetadas

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
63

Quadro 3.2.
Ao se avaliar a exposição de um “marteleteiro”, verificou-se que a vibração medida
no eixo mais significativo apresentou uma aceleração ponderada equivalente rms de
12,9 m/s2. Discuta a exposição sabendo que o mesmo opera o martelete em média 4,5
horas por dia. Considerar os critérios legais, NR15; NR9 e demais critérios ISO
5349:1986; ISO 5349:2001 e ACGIH.

Resolução:

Pela NR 15, a comprovação ou não da exposição deve tomar por base os

limites de exposição definidos pela Organização Internacional para a

Normalização em suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349, ou suas substitutas.

Considerando-se a ISO 5349:1986 e a relação dose-resposta apresentada por esta,

conclui-se que o tempo aproximado em anos (TE) para incidência de

branqueamento nos dedos considerando o percentil 10 está em torno de 2,2 anos.

Pela ACGIH, o valor da componente de aceleração dominante, rms,

ponderada, não deve ultrapassar o valor de 4 m/s2. Neste caso o limite foi

superado (12,9 m/s2). Considerando-se a NR-9, deverão ser adotadas medidas

necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle do risco.

Segundo a ISO 5349:2001, para esse tipo de ferramenta a medição no eixo

mais significativo pode ser utilizada na estimativa da aceleração resultante (total)

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
64

conforme expressão seguinte:

Obtenção de A(8), onde:

Segundo o anexo C (caráter informativo) da norma citada, a relação entre a

exposição diária à vibração A(8) capaz de produzir episódios de branqueamento

em 10% dos indivíduos expostos após um dado número de anos (Dy) pode ser

obtido pela expressão:

Neste caso o tempo estimado é de aproximadamente 2,6 anos.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
65

Quadro 3.3.
Um operador executa o mesmo tipo de operação (acabamento em pequenas
peças forjadas), utilizando-se de uma lixadeira ao longo da jornada. A vibração
medida no eixo com maior aceleração apontou um valor de 4,2 m/s2. Os tempo efetivo
total de uso da ferramenta durante a jornada é de 5,5 horas. Pede-se:
( a h , w ) eq (T ) , ( a h , w ) eq ( 4 ) , tempo de exposição para incidência de branqueamento nos

dedos considerando o melhor percentil, segundo norma ISO 5349:1986.

Resposta:

Considerando-se o valor de 4,2 m/s2, equivalente, representativo da

exposição temos:

(T4 = 4horas)

Segundo relação dose-resposta da ISO, o tempo aproximado em anos (TE)

para incidência de branqueamento nos dedos considerando o percentil que

garante maior proteção à população exposta (90% →C=10) pode ser

determinado pela expressão:

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
66

3.10. MONTAGEM DO SISTEMA DE MEDIÇÃO, TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE


ACELERÔMETROS

Fonte: Brüel & Kjaer, 1982.

Figura 3.5. Montagem dos Acelerômetros

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
67

3.11. UTILIZAÇÃO DE ADAPTADORES


3.11.1. RESTRIÇÕES E CUIDADOS
A montagem dos acelerômetros de forma fixa nas ferramentas, mediante a
utilização de braçadeiras, cola, ou prisioneiros (“parafusos”) pode ser inviável em
algumas situações, devido às características dessas ferramentas, ou pela presença de
materiais resilientes na superfície das manoplas de apoio. Nestes casos é permitida a
utilização de adaptadores (figura 3.6).
Esses adaptadores possuem respostas em freqüência específicas (figura 3.7) que
podem limitar a sua aplicação. Como exemplo, citamos o adaptador para mãos (item b
da figura 3.6) que possui uma resposta em freqüência mais restrita em relação ao
adaptador para manopla (item a e c da figura 3.6), não sendo recomenda a sua utilização
em ferramentas de percussão.
Atualmente vários fabricantes disponibilizam adaptadores no mercado, o higienista
deve estar atento às suas aplicações, características e limitações de acordo com as
recomendações fornecidas pelos mesmos.

Fonte: Brüel & Kjaer, 1989.

Figura 3.6. Adaptadores – montagem

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
68

Fonte: Brüel & Kjaer, 1989.

Figura 3.7. Adaptadores – Eixos e Resposta em Freqüência

Em 2001 a Organização Internacional para Normatização publicou a revisão da ISO


5349:1986 em duas partes: ISO 5349-1:2001 e ISO 5349-2:2001. A seguir são
apresentadas as principais modificações.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
69

Figura 3.8. Relação Dose-resposta ISO 5249:2001(E) – caráter informativo

T 1 n 2
A(8) = ahw ×
8
A(8) = ∑ ahwi × Ti
8 i =1
a hv = a hwx
2
+ a hwy
2
+ a hwz
2

D y = 31,8 [ A(8)]
−1, 06

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
70

3.11.2. MEDIÇÃO TRIAXIAL (ISO 5349-2:2001)


3.11.2.1. CASO 1 – Vibração nos eixos são semelhantes
Exemplo: quando a orientação da peça de trabalho está continuamente mudando de
posição nas mãos do operador (ex.: operação com esmeril de pedestal - pequenos
componentes), a medição em um único eixo pode ser suficiente para fornecer uma
estimativa da exposição à vibração representativa.

ahv = ahwx
2
+ ahwy
2
+ ahwz
2
= ahw
2
, measured + ahw, measured + ahw, measured =
2 2

,measured = 1,73 ahw,measured ≅ 1,7 ahw,measured


2
3ahw

3.11.2.2. CASO 2 – Vibração predominante em determinado eixo, quando os eixos


não dominantes possuírem cada um, valor inferior a 30% em relação ao eixo
dominante

Exemplo: Medições em britadores durante a perfuração de asfalto apontam uma


vibração dominante no eixo vertical, nos demais eixos os valores são inferiores a 30% em
relação ao eixo dominante.

ahv = ahw
2
,dominante+ (0,3ahw,dominante
)2 + (0,3ahw,dominante)2 =

, do min ante = 1,086 ahw, do min ante ≅ 1,1 ahw, do min ante
2
1,18 ahw

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
71

Quadro 3.4.
A vibração transmitida às mãos de um trabalhador durante a operação com uma
lixadeira produziu os dados apresentados no gráfico a seguir. Efetue a análise da
exposição ocupacional do operador, considerando: a relação dose-resposta da ISO
5349: (1986), os limites de exposição da ACGIH, a ISO 5349:2001 e as diretivas da CE.

H istó rico d e exp o sição à vib ração


(E ix o p re d o m in a n te )
7
6
5
a (h,w) [m/s2]

4
3
2
1
0
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
t (h)

Observação: A vibração nos demais eixos corresponde a 55% e 66% da


aceleração medida no eixo predominante.

Resposta:

Para aplicação da relação dose resposta da ISO 5349: (1986), determinamos

a aceleração equivalente para 4 horas relativa a maior componente.

(T4 = 4 horas)

O tempo aproximado em anos (TE) para incidência de branqueamento nos

dedos considerando-se o percentil 10 é determinado conforme segue:

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
72

Pela ACGIH, o valor da componente de aceleração dominante, rms,

ponderada, não deve ultrapassar o valor de 4 m/s2.Neste caso o limite foi

superado (4,7 m/s2).

Para aplicação da ISO 5349:2001, deve-se determinar a aceleração total:

Para comparação com a relação dose resposta determina-se A(8):

Segundo o anexo C (caráter informativo) da norma citada, a relação entre a

exposição diária à vibração A(8) capaz de produzir episódios de branqueamento

em 10% dos indivíduos expostos após um dado número de anos (Dy) pode ser

obtido pela expressão:

Neste caso o tempo estimado é de aproximadamente 5,9 anos

A aceleração A(8) obtida embora não tenha superado o limite de exposição

conforme diretiva da Comunidade Européia (5 m/s2) superou o nível de ação

(2,5 m/s2

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
73

Quadro 3.5.
Um auxiliar de produção utiliza constantemente ao longo de sua jornada um esmeril
de pedestal para fazer o acabamento ao redor de pequenas peças metálicas. A peça
trabalhada muda de posição continuamente nas suas mãos. A vibração medida em um
único eixo resultante de diversas medições produziu uma aceleração equivalente de 3,7
m/s2. O tempo total diário de operação é de 4,5 horas. Quais conclusões podem ser
obtidas, considerando-se a relação dose-resposta apresentada pela ISO 5349:2001?

Resposta:

Neste caso, pela ISO 5349:2001, a medição em um único eixo pode ser

suficiente para fornecer uma estimativa da exposição à vibração representativa da

aceleração resultante (total):

Obtenção de A(8) onde:

Segundo o anexo C (caráter informativo) da norma citada, a relação entre a

exposição diária à vibração A(8) capaz de produzir episódios de branqueamento em

10% dos indivíduos expostos após um dado número de anos (Dy) pode ser obtido

pela expressão:

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
74

3.12. VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO


Efeitos em grupos expostos a condições severas:
• Problemas na região dorsal e lombar;
• Gastrointestinais;
• Sistema reprodutivo;
• Desordens nos sistema visual e vestibular;
• Problemas nos discos intervertebrais;
• Degenerações da coluna vertebral.

Vibrações superiores a 10 m/s2 são preocupantes, valores da ordem de 100 m/s2


podem causar danos, como por exemplo sangramentos internos.

3.12.1. ISO 2631/1:1985 - ASPECTOS GERAIS


• Faixa de freqüência - 1 a 80 Hz;
• Tipos de limite:
• Preservação do conforto - "conforto reduzido";
• Preservação da eficiência - "Proficiência reduzida por fadiga";
• Preservação da saúde e segurança - "Limite de exposição".
• Sistema de coordenadas (tri-ortogonal) com centro no coração;
• Limites distintos para os eixos Z e X, Y;
• Região de maior sensibilidade para o eixo Z - 4 a 8 Hz;
• Região de maior sensibilidade para os eixos X, Y - 1a 2 Hz;
• Avaliação de freqüências discretas (singular/múltiplas) e Vibração aleatória;
• Medição em faixas de 1/3 de oitavas;
2
• Aceleração medida em m/s , rms;
• Fator de crista (FC) > 6 ⇒ o método recomendado para avaliação da vibração
subestima o movimento. O período mínimo para avaliação do FC é de 1 min.
(FC=Vp/Vrms ), onde: Vp = valor de pico, Vrms = Valor eficaz;
• Os limites de exposição correspondem aproximadamente a metade do limiar de
dor ou tolerância voluntária de pacientes saudáveis através de pesquisas
realizadas em laboratório para pessoas do sexo masculino;
• Não se recomenda que os limites de exposição sejam excedidos sem
justificativa e precauções especiais;
• Ao se desejar um número único para quantificação da vibração em um único
eixo, o método ponderado pode ser utilizado, pois, simplifica medições nas
situações em que a análise espectral é difícil ou inconveniente, no entanto,
recomenda-se registrar a composição em freqüência dos movimentos avaliados;
• Se ocorrerem vibrações em mais de uma direção simultaneamente, os
correspondentes limites aplicar-se-ão separadamente a cada componente
vetorial nos três eixos;
• Se dois ou três componentes vetoriais apresentarem magnitudes similares
quando as componentes ax e ay forem multiplicadas por 1.4, o efeito no
conforto e desempenho, ocasionado pelo movimento combinado pode ser maior

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
75

do que qualquer componente singular. Para avaliar o efeito de tal movimento


deve-se calcular;

a = (1,4a xw ) 2 + (1,4a yw ) 2 + (1,4a zw ) 2 (3.7)

• Esse vetor resultante pode ser utilizado para comparação com o vetor resultante
de outros movimentos;
• Avaliações quanto ao conforto e performance podem ser feitas através da
comparação de "a" com a vibração obtida no eixo z (azw);
• Os limites se referem ao ponto de entrada da energia no corpo humano, as
medições serão feitas o mais próximo possível de tal ponto ou área. Havendo
material resiliente entre a estrutura do assento e o operador, é permissível
interpor suportes rígidos para fixação do transdutor, como por exemplo, folhas
metálicas finas adequadamente conformadas;
• Ajuste/calibração do equipamento de medição;
• A comparação do valor ponderado "single number" com o critério de exposição
é uma aproximação. No entanto, para a maioria dos casos práticos a diferença
entre o método ponderado e o detalhado (1/3 oit.) é pequena;
• Se os níveis ponderados forem inadmissíveis pelo método ponderado (análise
do efeito super-conservativa), o método detalhado é recomendado;
• Para exposições cujos níveis de vibrações variam no tempo, ou são
descontínuas, deve-se conhecer a história temporal;
• Exposições diárias interruptas ⇒ o efeito da exposição pode ser atenuado, no
entanto, os limites não podem ser alterados no presente momento.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
76

Fonte: ISO 2631-1: 1985.

Figura 3.9. Eixos de coordenadas (biodinâmico)

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
77

Figura 3.10. Limites de exposição eixo Z – Norma ISO 2631-1:1985

Observação: Para 8 e 6 horas os limites de exposição correspondem


respectivamente a 0,63 m/s2 e 0,77 m/s2 na faixa mais sensível (4 a 8 Hz).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
78

Quadro 3.6.
Um motorista dirige um caminhão durante 8 horas por dia. A vibração medida no
assento, aceleração equivalente, ponderada, rms, representativa da exposição, medida
no eixo longitudinal foi de 0,70 m/s2. A exposição está acima do limite estabelecido pela
ISO 2631:1985?

Resposta:

Pela ISO 2631:1985 (figura 3.10) a comparação com o limite pode ser feita de

duas formas:

• Pela medição da vibração em bandas de terças de oitava e comparando-se o

valor medido em cada faixa com o limite de exposição para aquela freqüência

obtido em tabela da norma ou na curva correspondente (figura 3.10.). Para

qualquer freqüência cujo valor medido ultrapassar o valor da curva, o limite

de exposição estará excedido;

• Pela medição da aceleração ponderada em freqüência e comparando-se o

valor medido com a faixa mais sensível da curva, eixo Z (de 4 a 8 Hz). No

exemplo acima o operador está exposto a uma aceleração de 0,70 m/s2 e o

limite de exposição para 8 horas é de 0,63 m/s2, estando portanto superado.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
79

Figura 3.11 - Limites de exposição eixo XY – Norma ISO 2631-1:1985

Observação: Para 8 e 6 horas os limites de exposição correspondem


respectivamente a 0,45 m/s2 e 0,54 m/s2 na faixa mais sensível (1 a 2 Hz).

3.12.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES DA ACGIH


• Para cada ponto de medição, obtém-se a aceleração rms contínua e simultânea
nos três eixos, registrando-se pelo menos um minuto, junto às coordenadas
biodinâmicas.
• Utilização de acelerômetro de assento (disco de borracha rígida - SAE, J 1013).
• É necessário efetuar, para cada eixo, uma análise espectral (Fourier) em
bandas de terço de oitavas (1 a 80 Hz) para comparação com as curvas.
• A aceleração ponderada total para cada eixo pode ser calculada pela expressão
abaixo:

Aw,eixo = ∑ (W f ,eixo * A f ,eixo ) 2


• Se a aceleração nos eixos de vibração tem magnitudes similares, quando
determinada pela expressão anterior, o movimento combinado dos três eixos

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
80

pode ser maior que qualquer um dos componentes e possivelmente afetaria o


desempenho do operador do veículo.
• A aceleração global ponderada pode ser determinada pela expressão que
segue, e comparada ao valor de 0,5 m/s2 recomendado pela Comissão Européia
(CE) como nível de ação para uma jornada diária de 8 horas:

Aw,t = (1,4 Aw, x ) 2 + (1,4 Aw, y ) 2 + ( Aw, z ) 2

• Se durante a jornada de trabalho ocorrerem múltiplas vibrações de choque de


curta duração e grande amplitude, FC>6 o TLV pode não oferecer proteção.
Outros métodos de cálculo que incluem o conceito da quarta potência podem
ser desejáveis nessas circunstâncias.

Tabela 3.2. ACGIH 2002 – Fatores relativos de ponderação para faixa de frequência de
máxima sensibilidade de aceleração* para as curvas de resposta 1 e 2
(adaptado da ISO 2631)
Fatores de ponderação para
Frequência Vibrações Vibrações
(Hz) longitudinais transversais (X,Y)
1,0 0,50 1,00
1,25 0,56 1,00
1,6 0,63 1,00
2,0 0,71 1,00
2,5 0,80 0,80
3,15 0,90 0,63
4,0 1,00 0,50
5,0 1,00 0,40
6,3 1,00 0,315
8,0 1,00 0,25
10 0,80 0,20
12,5 0,63 0,16
16,0 0,50 0,125
20,0 0,40 0,10
25,0 0,315 0,08
31,5 0,25 0,063
40,0 0,20 0,05
50,0 0,16 0,04
63,0 0,125 0,0315
80,0 0,10 0,025
*4 a 8 Hz para eixo Z e de 1 a 2 Hz para o eixo X e Y.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
81

3.12.3. EXEMPLOS, APLICAÇÃO DOS LIMITES, DISCUSSÃO


Tabela 3.3. ISO 2631/85; ACGIH; ISO 2631/97; Diretivas CE

EIXOS Sum Lim. Exp.


Veículo ou Máquina X Y Z (x,y,z) 8h 6h
2
(m.s )

1 Colhedora de cana 0,18 0,20 0,45 0,58 Eixo Z Eixo Z

2 Empilhadeira 0,22 0,21 0,50 0,65 0,63 0,77

3 Empilhadeira 0,00 0,00 0,90 0,90

4 Pá carregadeira 0,51 0,50 0,85 1,31

Eixo
Eixo X,Y
5 Skidder (arraste de eucaliptos) 0,80 0,86 0,84 1,85 X,Y

6 TIMCo –TB 820E (corte e arraste de


árvores) 0,34 0,35 0,36 0,77 0,45 0,54

7 TIMCo –TB 820E (predominância de


arraste) 0,40 0,41 0,42 0,90

8 Harvester (Corte, desgalhamento e


traçamento) 0,35 0,29 0,32 0,71

9 Slingshot (Corte, desgalhamento e


traçamento) 0,45 0,20 0,25 0,73

10 Forwarder (carregamento) 0,28 0,63 0,32 1,02

11 Escavadeira 0,40 0,20 0,40 0,74

12 Pá carregadeira 0,20 0,30 0,50 0,71

13 Trator escavadeira – pá carregadeira 0,40 0,30 0,40 0,81

14 Caminhão caçamba 1 0,20 0,40 0,70 0,94

15 Caminhão caçamba 2 0,30 0,50 0,90 1,22

16 Ônibus 1 0,20 0,14 0,60 0,69

17 Ônibus 2 0,17 0,30 0,95 1,07

18 Ônibus 3 - - 0,60 0,60

19 Trem - - 0,50 0,50

20 Trator - - 0,75 0,75

21 Motocicleta - - 1,00 1,00

22 Carregadeira - - 1,20 1,20

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
82

Diretivas da CE
H/A WB
A(8) A(8) VDV
2 2
(m/s ) (m/s ) (m/s1,75)
Nível de ação 2,5 0,5 9,1
Limite de exposição 5 1,15 21

3.13. NORMA INTERNACIONAL ISO 2631-1: 1997


VIBRAÇÃO MECÂNICA E CHOQUE – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA À
VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO

PARTE 1: REQUISITOS GERAIS


Segunda edição : 1997- 05 - 01

Principais mudanças:

• A segunda edição cancela e substitui a primeira edição ISO 2631-1:1985 e ISO


2631-3:1985, e se subdivide em:
• Parte 1: Requisitos gerais
• Parte 2: Vibração contínua e induzida por choque em edificações (1 a 80Hz)
• Para fins de simplificação, a ISO 2631-1:1985 assumiu a mesma dependência
em relação a duração da exposição para os diferentes efeitos no homem
(saúde, proficiência no trabalho e conforto). Esta forma de dependência não foi
sustentada pelas pesquisas em laboratório e conseqüentemente foi removida.
Os limites de exposição não foram incluídos e o conceito de "proficiência
reduzida pela fadiga" foi excluído;
• A faixa de freqüência foi estendida abaixo de 1 Hz sendo que a avaliação está
baseada na aceleração r.m.s. ponderada em freqüência preferencialmente ao
método detalhado:

0,5 Hz a 80 Hz para Saúde, conforto e percepção

0,1 Hz a 0,5Hz para o mal do movimento (Cinetose)

• “Apesar das mudanças substanciais, melhorias e refinamentos nesta parte da


ISO 2631, a maioria dos relatórios ou pesquisas indicam que as orientações e
os limites de exposição recomendados na ISO 2631-1:1985 eram seguros e
preveniam efeitos indesejáveis. Esta revisão não deve afetar a integridade e
continuidade dos dados existentes, deve propiciar a obtenção melhores dados
como base para as diversas relações de dose-resposta”.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
83

Fonte: ISO 2631-1: 1997.

Figura 3.12. Eixos basicentricos do corpo humano

3.13.1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ISO 2631-1: 1997


Método básico de avaliação (rms): normalmente suficiente para FC < 9.
T
aw (t ) dt
1 2
aw = ∫
T 0 (3.8)

MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA FC > 9, ou quando existem choques


ocasionais que possam gerar dúvidas quanto a aplicabilidade do método básico:

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
84

a) Método “Running” r.m.s


Leva em consideração choques ocasionais e transientes, pela aplicação de uma
CONSTANTE de integração no tempo curta. A magnitude da vibração é definida como
máximo valor da vibração transiente (MTVV).

t0

a w (t 0 ) =
1
[ (
∫ w dt
a t )]2

Γ t0 −Γ
(3.9)

Onde:
aw (t) = aceleração ponderada instantânea
to = tempo de observação instantâneo
t = tempo (variável de integração)
Γ = tempo de integração média “running”

MTVV = máx [aw (to)], isto é, o máximo valor lido de aw (to) durante o período de
medição (T). Recomenda-se utilizar Γ = 1 s na medição do MTVV (o que corresponde a
uma constante de tempo de integração em “slow” nos medidores de nível sonoro).

b) Método da dose de vibração - quarta potência


Mais sensível a picos do que o método básico, expresso em m/s 1,75 ou rad/s 1,75.

T
VDV = 4 [a (
∫ w dt
t ) ]4
(3.10)
0
Onde:
aw (t) = aceleração ponderada instantânea
T = duração da medição

Para exposição à vibração em dois ou mais períodos, i, de diferentes magnitudes:

∑VDVi
4
VDVtotal = 4 (3.11)
i
• Experiências sugerem que os métodos adicionais de avaliação serão
importantes no julgamento dos efeitos da vibração no homem quando as razões
a seguir são excedidas:
MTVV VDV
= 1,5 = 1,75
aw aw × 4 T

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
85

• Para certos tipos de vibração, especialmente aquelas contendo choques


ocasionais, o método básico pode subestimar a severidade com relação ao
desconforto mesmo quando FC < 9. Em caso de dúvida utilizar os métodos
adicionais.

Quadro 3.7.
Um operador de uma pá carregadeira executa suas atividades durante um tempo
médio diário de 5 horas. A acelerações equivalentes medidas junto ao assento, rms,
ponderadas segundo a ISO 2631:1997 foram:

awx = 0,20 m/s2 , awy = 0,32 m/s2, awz = 0,55 m/s2

Quais conclusões podem ser formuladas à partir dos dados fornecidos, tendo em
conta a relação dose-resposta da norma citada?

Resposta:

Considerando-se o anexo B da referida norma, verificamos que para o eixos

x, y, o guia cita que existe experiência limitada na aplicação das zonas de

precaução para pessoas sentadas. Entrando com os valores de aceleração

medidos no gráfico, observamos que a exposição recai na região A onde os

efeitos à saúde não têm sido claramente documentados e/ou observados

objetivamente. Entrando com o valor da aceleração para o eixo z, observamos que

a exposição recai próxima à interface entre as regiões A e B, portanto, dentro da

área de precaução em relação aos riscos potenciais à saúde.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
86

3.13.2. PONDERAÇÃO EM FREQUÊNCIA E AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO


RELATIVOS À SAÚDE
As duas principais ponderações em freqüência relacionadas à saúde são Wk para a
direção z e Wd para as direções x e y.
A aceleração ponderada em freqüência (rms) deve ser determinada para cada eixo
(x, y e z) da vibração translacional na superfície que suporta o indivíduo.
A avaliação do efeito da vibração à saúde deve ser feita independentemente para
cada eixo. A análise da vibração deve ser feita considerando-se a maior componente de
aceleração ponderada em freqüência medida nos diversos eixos do assento.
Quando a vibração em dois ou mais eixos for comparável, o vetor resultante é
algumas vezes utilizado para estimar o risco à saúde. As ponderações em freqüência
devem ser aplicadas para os indivíduos sentados, com os fatores de multiplicação K
conforme indicado:

Eixo x – Wd, K =1,4


Eixo y – Wd, K =1,4
Eixo z – Wk, K =1

3.13.3. ISO 2631-1:1997 - GUIA PARA OS EFEITOS DA VIBRAÇÃO À SAÚDE


(CARÁTER INFORMATIVO).

Fonte: Modificado do Anexo B da ISO 2631-1:1997.

Figura 3.13. Guia à saúde - zonas de precaução

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
87

• Recomendações baseadas principalmente para exposições na faixa de 4 h a


8 h, pessoas sentadas - Eixo z. Durações mais curtas devem ser tratadas com
extrema precaução.
• Região A - os efeitos à saúde não têm sido claramente documentados e/ou
observados objetivamente.
• Região B - precaução em relação aos riscos potenciais à saúde.
• Região C - os riscos à saúde são prováveis.

O guia fornecido da norma está baseado principalmente em dados disponíveis de


pesquisas relacionadas à exposição humana à vibração no eixo z em indivíduos
sentados. A experiência na aplicação dessa parte da norma é limitada para os eixos x e y
(pessoas sentadas) e para todos os eixos nas posições em pé, deitada ou reclinada.
Quando a exposição à vibração consistir de dois ou mais períodos de exposição a
diferentes magnitudes e durações, a magnitude da vibração equivalente em energia
correspondente à duração total da exposição pode ser avaliada de acordo com a
seguinte expressão:

a w ,θ =
∑a ×T 2
wi i

∑T i
(3.12)

Onde:
aw,θ = magnitude da vibração equivalente (aceleração rms em m/s2 )

aw, i = magnitude da vibração (aceleração rms em m/s2 ) para a duração da exposição


Ti

Alguns estudos indicam uma magnitude de vibração diferente dada pela expressão:

a w ,θ = 4
∑a ×T 4
wi i

∑T i
(3.13)

Essas duas magnitudes equivalentes têm sido utilizadas no guia para saúde de
acordo com a figura 3.11. Em alguns estudos têm-se utilizado valores de dose da
vibração estimativos:

eVDV = 1,4 a w
4
T (3.14)

Onde:
a w = corresponde a aceleração ponderada em freqüência rms
T = corresponde a duração da exposição em segundos

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
88

Quadro 3.8.
A utilização de um Harvester no processamento de árvores (corte, desgalhamento e
traçamento) expõe o operador à vibração de corpo inteiro. A aceleração equivalente, rms,
ponderada segundo a ACGIH/2002 medida em cada eixo, junto ao assento da máquina é
fornecida. Considerando-se o critério da ACGIH, quais considerações podem ser emitidas
em relação ao desempenho do operador, sabendo-se que o tempo total de operação
diária é de 6 horas.
awx = 0,35 m/s2 , awy = 0,30 m/s2, awz = 0,32 m/s2

Resposta:

Considerando-se o critério da ACGIH 2002, se a aceleração nos eixos de

vibração tem magnitudes similares, o movimento combinado dos três eixos pode

ser maior que qualquer um dos componentes e possivelmente afetaria o

desempenho do operador do veículo.

Ainda, segundo a ACGIH, a aceleração global ponderada pode ser

determinada pela expressão que segue, e comparada ao valor de 0,5 m/s2

recomendado pela Comissão Européia (CE) como nível de ação para uma jornada

diária de 8 horas.

Obtenção de Awt(8):

Neste caso a aceleração encontrada supera o nível de ação proposto pela CE

(0,5 m/s2). É oportuno ressaltar que CE considera na análise da exposição a ISO

2631-1:1997, estamos, portanto, falando de diferentes ponderações para WB.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
89

3.14. VIBRAÇÕES - PROGRAMA DE CONTROLE DE RISCOS (PCRV)


Componentes mínimos a serem observados:

1. Monitoramento dos níveis de vibração;


2. Controle de Engenharia e administrativo;
3. Avaliação e controle médico;
4. Treinamento e motivação;
5. Manutenção de registros;
6. Acompanhamento e reavaliação do programa.
• Analogia PCA x PCRV
• Prevenção requer comprometimento, organização e educação de diversos
grupos: administradores, médicos, engenheiros trabalhadores expostos e
demais envolvidos.

3.14.1. PCRV DENTRO DA ESTRUTURA DO PPRA


1. Planejamento anual com o estabelecimento de metas, prioridades e cronograma para
cada componente do PCRV.
A definição de quais componentes serão priorizados inicialmente depende da
análise de alguns aspectos tais como:
• Priorização do agente vibrações dentro do PPRA face aos demais riscos
existentes;
• Nº. de trabalhadores atingidos;
• Danos existentes x PCMSO;
• Recursos e informações técnicas disponíveis.

2. Estratégia e metodologia de ação a ser adotada no desenvolvimento de cada


componente do PCRV observando-se alguns pontos como:
• Definição de responsabilidades
• Serviços especializados e consultoria

3.14.2. ANTECIPAÇÃO
• Aquisição de equipamentos, ferramentas e acessórios novos - especificação do
produto - avaliar possibilidades de escolha;
• Seleção de produtos que produzem níveis de vibração mais baixos (Produtos x
Especificação catálogos) - Compromisso Custo x Benefício - análise curto e
longo prazo - seleção de empunhaduras antivibratórias , etc.
• Adequação da ferramenta à tarefa (ISO 5349 - considerando-se as ferramentas
disponíveis para a execução da mesma tarefa avaliar a possibilidade de seleção
dos equipamentos mais adequados que impliquem em menor tempo de trabalho
ou menores níveis de vibração);

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
90

• Tarefas ou processos de trabalho novos - implantação de procedimentos de


trabalho que minimizem a condição de exposição.
• Aspectos relativos à implantação de procedimentos de Manutenção (novos
processos) voltados à redução dos níveis de vibração (Ex.: Lixadeiras );

3.14.3. RECONHECIMENTO
• Determinação do nº. de trabalhadores expostos;
• Descrição das atividades executadas;
• Determinação dos tempos e características de exposição para cada situação
encontrada, pausas existentes e tempo de exposição diário total;
• Determinação do tipo, classificação e características dos equipamentos
utilizados pelos operadores.

3.14.4. AVALIAÇÃO
• Qualitativa com base no tipo de equipamento utilizado; procedimentos de
trabalho; níveis típicos (literatura); medições/informações anteriores;
• Determinação do nível de vibração aeq8 /aeq4 para caracterização da exposição e
adoção de medidas preventivas e de controle;
• Monitoramento → Avaliação sistemática e repetitiva (NR-9.3.7);
• Obtenção de parâmetros para avaliação da extensão e gravidade do problema.
• Priorização de ações de controle (Engenharia, Administrativo e Médico) e
verificação da eficiência das medidas adotadas.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
91

3.15. TESTES
1. O ciclo de exposição de um trabalhador à vibração foi determinado. Sabendo-se
que o mesmo é representativo da exposição e o tempo total diário de contato com a
vibração é de 6,5 horas, assinale a alternativa incorreta.
Ciclo determinado
Aceleração ponderada
equivalente no eixo mais 2,1 3,9 4,2 1,3 7,1
significativo em [m/s2]
Tempo em [min] 10 8 2 4 6

a) A aceleração equivalente determinada no ciclo é a mesma no final das seis


horas.
b) A aceleração equivalente, correspondente a exposição diária é de
aproximadamente 4,1 m/s2.
c) O limite de exposição da ACGIH foi ultrapassado.
d) As alternativas anteriores estão corretas
e) n.d.a.

( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
2. Assinale as acelerações correspondentes a ,
respectivamente, sabendo-se que a exposição diária de um operador à vibração é
composta pelas seguintes acelerações e tempos respectivos: 0,9 m/s2 por 1h; 4,7
m/s2 por 3h; 6,1 m/s2 por 2 h.
a) 4,9 m/s2 e 6,0 m/s2
b) 3,9 m/s2 e 4,9 m/s2
c) 2,5 m/s2 e 5,6 m/s2
d) 5,6 m/s2 e 2,5 m/s2
e) n.d.a.

3. O ciclo de exposição um trabalhador à vibração foi determinado. Sabendo-se que


o mesmo é representativo e a exposição diária total é de 6 horas, indique a
alternativa correta.
Ciclo determinado
Aceleração [m/s2] 2,1 3,9 4,2 1,3 7,1
Tempo [min] 15 12 8 15 10

a) O limite de exposição da ACGIH neste caso é de 6,0 m/s2


b) O limite da ACGIH não foi superado.
c) A aceleração a ser utilizada na comparação com o limite da ACGIH
corresponde a 4,9 m/s2.
d) A aceleração a ser utilizada na comparação com o limite da ACGIH
corresponde a aceleração equivalente, rms, representativa da exposição diária
projetada para 4 horas.
e) n.d.a.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
92

4. Um operador executa o mesmo tipo de operação (acabamento em pequenas


peças forjadas), utilizando-se de uma esmerilhadeira orbital pneumática, ao longo da
jornada. A vibração medida no eixo com maior aceleração apontou um valor
equivalente, rms, representativo da exposição de 2,2 m/s2. Os tempos efetivos de
uso da ferramenta estão indicados quadro que segue. Assinale a alternativa que
( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
corresponde às acelerações , e ao tempo de exposição
necessário para incidência de branqueamento nos dedos considerando o melhor
percentil (10%), segundo norma ISO 5349:1986.
Período de operação 8:15 às 9:30 às 10:45 às 14:00 às 16:00 às
(h:mim) 8:45h 10:15h 11:15h 14:40h 16:35h

( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
a) = 2,5 m/s2 ; = 1,9 m/s2 ; TE ~ 10,8 anos
( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
b) = 1,9 m/s2 ; = 2,5 m/s2 ; TE ~ 15,8 anos
( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
c) = 2,2 m/s2 ; = 2,9 m/s2 ; TE ~ 14,8 anos
( a h , w ) eq (T ) ( a h , w ) eq ( 4 )
d) = 2,2 m/s2 ; = 1,9 m/s2 ; TE ~ 15,8 anos
e) n.d.a.

5. Durante operações de perfuração de asfalto com britadores foi medida a vibração


dominante no eixo vertical. A aceleração equivalente ponderada, rms representativa
da exposição do operador em estudo foi de 25,8 m/s2. O tempo total diário de
operação é de 5 horas. Considerando-se a relação dose-resposta apresentada pela
ISO 5349:2001, qual o tempo estimado capaz de produzir episódios de
branqueamento em 10% dos indivíduos expostos?
a) Dy ≅ 1,2 anos
b) Dy ≅ 2,2 anos
c) Dy ≅ 1,5 anos
d) Dy ≅ 2,5 anos
e) n.d.a.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
93

6. Um trabalhador utiliza as ferramentas apresentadas no quadro abaixo em


seqüência durante a jornada de trabalho. Os tempos de exposição diário são os
seguintes: 1h para a ferramenta nº1; 0,5h para a nº2 e 1h para a nº3. Assinale a
alternativa incorreta.

EIXOS
FERRAMENTA X Y Z

(m.s2)

1 Martelete de percussão 1,8 4,5 8,4

2 Esmeril de pedestal 2,4 4,8 4,5


3 Motosserra 254XP emp. frontal (operação de
2,0 2,1 2,2
corte)

a) As acelerações equivalentes diárias segundo os eixos X, Y, Z são


respectivamente 1,6 m/s2; 3,0 m/s2 e 4,6 m/s2.
b) Segundo a ISO 5349:2001 o valor total da vibração ponderado em freqüência,
eficaz (vetor soma) corresponde a ahv ( 2,5) = 7,2 m / s .
2

c) Segundo a ISO 5349:2001 a exposição diária à vibração corresponde à


A(8) = 4,0 m / s 2 .
d) Os itens anteriores estão incorretos.
e) n.d.a.

7. Segundo a HAVS, quais são os sintomas quando o sistema de classificação


(ACGIH) atinge grau “Severo”?
a) Ataques ocasionais afetando somente a ponta de um ou mais dedos.
b) Ataques freqüentes afetando todas as falanges da maioria dos dedos.
c) Ataques ocasionais afetando as falanges distal e média de um ou mais dedos.
d) Mudanças tróficas da pele na ponta dos dedos.
e) Necrose da pele, chamada de acrocianose.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
94

8. Considere as afirmações abaixo sobre vibração em mãos e braços:


I – As vibrações podem causar problemas de ordem vascular e neurológica, dentre
outras;
II – Os primeiros sintomas da síndrome da vibração são o branqueamento dos
dedos;
III – A exposição à vibração elevada por longo período de tempo poderia causar a
necrose da pele, chamada de acrocianose;
IV – Os efeitos da vibração no homem dependem apenas da freqüência que a
compõe.
Qual a alternativa correta?
a) Apenas I e II são verdadeiras.
b) Apenas IV é falsa.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas II e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.

9. Qual dessas condições médicas não está relacionada diretamente com os efeitos
produzidos pela utilização de equipamentos vibratórios?
a) Desordem do sistema nervoso periférico.
b) Doenças anteriores que causem deformidades dos ossos e juntas.
c) Doença primária de Raynaud.
d) Problemas de circulação sangüínea.
e) Problemas respiratórios.

10. Para um período de exposição de 6 horas seis horas, qual o maior valor da
componente de aceleração dominante (r.m.s), ponderada em freqüência, segundo a
ACGIH?
a) 1m/s2
b) 2 m/s2
c) 4 m/s2
d) 8 m/s2
e) 12 m/s2

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
95

11. Um operador de uma pá carregadeira executa suas atividades durante um tempo


médio diário de 5 horas. As acelerações equivalentes medidas junto ao assento,
valor eficaz, ponderadas segundo a ISO 2631:1997 foram: awx = 0,22 m/s2, awy = 0,21
m/s2, awz = 0,65 m/s2. Assinale a alternativa correta:
a) Segundo o guia para os efeitos à saúde (Anexo B da referida norma) a
exposição recai fora da região de risco.
b) Para comparação com o nível de ação da Diretiva Européia (2002) devemos
calcular a somatória vetorial relativa aos três eixos.
c) A somatória vetorial a ser aplicada na avaliação da exposição é determinada
pela expressão: A(8) = ( Aw x ) + ( Aw y ) + ( Aw z )
2 2 2

d) A exposição supera o limite de exposição relativo a Diretiva Européia (2002).


e) n.d.a

12. As acelerações medidas no assento de um motorista, representativas da


exposição diária foram: awx = 110 dB, awy = 112 dB, awz = 115 dB, assinale a
alternativa correta sabendo-se que os valores foram obtidos de acordo com a norma
ISO vigente e o tempo diário médio de operação do veiculo supera 7 horas.
a) Os dados convertidos dB para aceleração em m/s2 correspondem
respectivamente a: 0,22 m/s2, 0,30 m/s2, 0,46 m/s2.
b) O cálculo da somatória vetorial conforme norma ISO2631:1997 conduz ao valor
de 0,76 m/s2.
c) Com base nos dados fornecidos podemos afirmar que o nível de ação proposto
pela Diretiva Européia não foi superado.
d) Para comparação com o nível de ação ou limite de exposição da Diretiva
Européia deve-se utilizar a soma vetorial.
e) n.d.a.

13. Com relação às vibrações de corpo inteiro, quando a exposição é severa, qual
dos efeitos não estão diretamente relacionados à essa exposição?
a) Problemas no sistema reprodutivo.
b) Problemas renais e cerebrais.
c) Problemas gastrointestinais.
d) Problemas no sistema visual.
e) Problemas nos discos intervertebrais.

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
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14. A vibração junto ao assento de um operador de empilhadeira foi medida, segundo


critério da ISO 2631:1985. O tempo efetivo diário de operação é de 5,5 horas.
A aceleração equivalente, ponderada, rms, medida em cada eixo é fornecida: awx =
0,32, awy = 0,41, awz = 0,77. Assinale as alternativas corretas.
I.Para comparação com os limites de exposição da norma deve-se considerar a
aceleração com maior valor.
II. Os limites da ACGIH têm por base os limites de proficiência reduzida por fadiga
da norma ISO.
III. Segundo a ISO citada o limite de exposição não foi superado
IV. Segundo a ACGIH somatória vetorial é utilizada para fins de avaliação de
desempenho do operador

a) Apenas II, III e IV são verdadeiras.


b) Apenas IV é falsa.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas I,II e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.

15. Assinale a alternativa correta, considerando o critério legal vigente, para a


caracterização das atividades e operações que exponham os trabalhadores sem
proteção adequada às vibrações localizadas ou de corpo inteiro deverão ser
utilizadas as seguintes normas:
a) Limites da ACGIH.
b) ISO 2631:1985 e ISO5349:1986.
c) ISO 2631:1997 e ISO5349:2001.
d) ISO 2631:1986 e ISO5349:1985.
e) ISO 2631:1992 e ISO5349:1995.

16. Assinale verdadeira ou falsa:


Segundo a ISO 2631:1997 os Limites de Exposição da edição anterior (ISO
2631:1985) foram removidos, no entanto, esses limites eram considerados eram
considerados seguros para a prevenção de efeitos indesejáveis.

a) Verdadeira
b) Falsa

17. Assinale verdadeira ou falsa:


O guia sobre os possíveis efeitos à saúde, fornecido no anexo B da ISO 2631:1997,
pode ser aplicado sem qualquer restrição aos eixos x, y, z.

a) Verdadeira
b) Falsa

18. Assinale verdadeira ou falsa:

o
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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
97

A presença de picos ou choques elevados no sinal de vibração, podem influenciar a


medição da vibração de corpo inteiro (VCI), neste caso as acelerações são
determinadas com base na seguinte expressão:
T
aw (t ) dt
1 2
aw = ∫
T 0
a) Verdadeira
b) Falsa

19. Assinale verdadeira ou falsa:


Segundo a Diretiva 2002/44/CE da Comunidade Européia a avaliação da exposição à
VCI baseia-se na determinação da exposição diária A(8) expressa pela aceleração
equivalente para um período de normalizado de 8 horas, obtida a partir da maior
parcela dos valores eficazes, ou a parcela mais elevada do valor de dose da
vibração (VDV).

a) Verdadeira
b) Falsa

20. Assinale verdadeira ou falsa:


A vibração junto ao assento de um operador de um Forwarder foi medida com base
na ISO 2631:1985, awx = 0,32 m/s2, awy = 0,59 m/s2, awz = 0,49 m/s2. Sabendo-se
que a exposição diária é de 6 horas, segundo a norma os limites foram superados.

a) Verdadeira
b) Falsa

o
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Capítulo 4. Iluminação
98

CAPÍTULO 4. ILUMINAÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO

Neste capítulo são analisados problemas associados a projetos de iluminação.


À medida que a ciência e a tecnologia evoluem, novos problemas ocupacionais são
criados. Como exemplo, temos os problemas associados a forno de microondas, a
terminais de vídeo ou a apontadores de laser. Não existem ainda evidências indicando
que estes problemas são significativos, mas os cientistas continuam a pesquisar as
possibilidades. Novos tipos de lâmpadas são continuamente comercializadas, e a
adequação do ambiente de trabalho tem que ser preservada.

Após este capítulo você deverá:

• Entender como o espectro eletromagnético contém a faixa de radiação visível;


• Entender os principais problemas associados à iluminação deficiente;
• Conhecer as principais unidades fotométricas; e
• Saber que unidades devem ser medidas de acordo com as normas.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
99

4.1. A CIÊNCIA DA ILUMINAÇÃO


4.1.1. A NATUREZA FÍSICA DA LUZ
A energia pode se apresentar de muitas formas, como elétrica, magnética, térmica,
química, mecânica (cinética e potencial), atômica, etc. Quando apresenta componentes
elétricos e magnéticos é denominada de energia eletromagnética.
Quando uma forma de energia tem um caráter cíclico, se propagando no espaço
em todas as direções a partir de um ponto chamado fonte, ela é dita radiante. Uma
visualização do conceito de radiante pode ser a de ondas na água a partir de uma pedra
nela jogada. A luz é uma forma de energia eletromagnética radiante que nos permite
"ver", ou seja, que sensibiliza o olho humano. Portanto trataremos aqui da energia
radiante visível ou luz.
A luz pode ser caracterizada por diversos parâmetros e os mais importantes são o
comprimento de onda e a freqüência:
• Comprimento de onda (λ): é à distância percorrida espacialmente enquanto um
ciclo se repete;
• Freqüência (f): é dada pelo número de ciclos na unidade de tempo,
normalmente num segundo. O inverso da freqüência é o período (T) que
representa o tempo para que um ciclo se repita. O período pode ser definido
como a "distância temporal" percorrida para que um ciclo se complete.
Sendo λ a distância percorrida pela onda durante um ciclo, e f o número de ciclos
por segundo, então o produto (λ*f) representa a distância percorrida pela onda em um
segundo. Ou seja, a velocidade de propagação da onda é dada por:

v =λ× f (4.1)

No vácuo a velocidade de propagação da onda é aproximadamente de 300 000


km/s, e para o ar é um pouco menor. Ela é uma característica do meio de propagação e o
produto (λ*f) pode ser obtido por um número infinito de valores para elementos do par. O
conjunto destes pares define o chamado espectro de energia eletromagnética radiante ou
espectro de radiação eletromagnética. Este espectro é apresentado na figura 4.1.,
tendo o nome espectro se originado dos trabalhos de J.C. Maxwell.
Atualmente a luz é analisada como um fenômeno de caráter dual, ou seja, algumas
vezes é mais conveniente se utilizar a teoria ondulatória e outras vezes é mais
conveniente, se empregar a teoria corpuscular. Isaac Newton favorecia a teoria
corpuscular por entre outras coisas, observar a formação de sombras com contornos
delineados pela propagação retilínea dos raios luminosos.
Huygens, Fresnel, Maxwell e Hertz desenvolveram a teoria ondulatória, pois certos
fenômenos, como a difração ou a interferência luminosas, só podiam ser explicados a
partir de um caráter ondulatório. A difração, por exemplo, é a curvatura de uma onda
luminosa em torno da borda de um objeto.
Posteriormente se retornou a aspectos da teoria corpuscular porque a teoria
eletromagnética clássica não explicava fenômenos como o efeito fotoelétrico ou o efeito
Compton. O efeito fotoelétrico (emissão de elétrons quando se incide luz num condutor)

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
100

foi explicado por Einstein em 1905 a partir de uma idéia de Planck. Ele postulou que a
energia de um feixe luminoso não era distribuída espacialmente nos campos
eletromagnéticos da onda, mas era discretizada e concentrada em "corpúsculos"
denominados de "fótons”.
Também o efeito Compton favorece aspectos da teoria corpuscular, porque no
choque entre um elétron e um fóton, eles se comportam de certo modo como corpos
materiais, conservando-se a energia cinética e o momento linear. Em resumo, fenômenos
de propagação são mais bem explicados pela teoria ondulatória, enquanto que a
interação luz-matéria é mais bem entendida usando-se conceitos corpusculares.
As propriedades ondulatórias são mais facilmente identificáveis quanto "mais
compridas" as ondas, ou seja, quanto mais além do vermelho visível se estiver, mais
notável se torna o aspecto ondulatório. Por outro lado, quanto mais nos deslocamos do
ultravioleta para os raios cósmicos mais notáveis são os aspectos corpusculares das
radiações.

Figura 4.1. Espectro de radiação eletromagnética

-9 24
Observação: um nm corresponde a 10 m. A freqüência vai de 10 Hz para os
raios cósmicos até cerca de 1 Hz para transmissões de potência. A luz visível
compreende apenas a pequena faixa de 380 a 780 nm.

o
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Capítulo 4. Iluminação
101

4.1.2. GERAÇÃO, PROPAGAÇÃO E PERCEPÇÃO DA LUZ


A radiação eletromagnética surge como subproduto de qualquer processo onde
uma carga elétrica é acelerada, e alguns destes processos, ocorrentes na escala
atômico-molecular, dão origem à radiação visível.
Todo corpo visível é fonte primária ou secundária de luz; no primeiro caso a luz é
por ele gerada por um processo físico-químico ou nuclear, e no segundo caso o corpo
iluminado reflete parte da luz nele incidente.
Durante a propagação da luz da fonte até o olho humano ela pode ser alterada de
vários modos. Quando ela encontra a superfície de um objeto ela pode ser refletida,
absorvida ou transmitida. Luz transmitida é aquela que atravessa um objeto, o qual é dito
transparente ou translúcido conforme deixe imagens serem transmitidas com ou sem
distorção. Luz refletida é aquela que não penetra no objeto, retornando ao meio de onde
proveio a partir da superfície do objeto. Luz absorvida é aquela que não é nem
transmitida nem refletida, sendo transformada em outra forma de energia como calor.
Na realidade, da luz incidente num objeto parte é refletida, parte é absorvida e parte
pode ser transmitida. A divisão de cada uma destas partes pela quantidade de luz
incidente define 3 quocientes denominados de refletância (r), transmitância (t) e
absorbância (a), relacionados entre si por:

r +t + a =1 (4.2)

Alguns objetos têm transmitância nula, mas nenhum objeto real apresenta qualquer
um destes parâmetros como unitários. A absorbância atua no sentido de sempre diminuir
a quantidade de energia luminosa que sai da superfície.
Quando a luz atinge o olho humano o processo de percepção visual é
desencadeado e pode ser interpretado com base em dois parâmetros da luz:
comprimento de onda e nível energético. A composição de diversos comprimentos de
onda é interpretada como cor, enquanto que a combinação de comprimentos de onda e
níveis energéticos é interpretada como brilho.

4.1.3. INCANDESCÊNCIA E LUMINESCÊNCIA


A emissão primária de luz pode ocorrer por incandescência ou luminescência. A
incandescência está associada à radiação térmica de um corpo "quente". Todo corpo
acima de zero Kelvin emite radiações, e para sólidos e líquidos até cerca de 300°C a
energia irradiada está quase toda na região do infravermelho.Assim para temperaturas
normais, a pequeníssima parte da radiação localizada na faixa do visível não causa
sensação visual. Sólidos e líquidos acima de cerca de 300°C apresentam o fenômeno da
incandescência, surgindo um espectro contínuo de emissão que apresenta uma infinita
sucessão de radiações monocromáticas de comprimento de onda se iniciando em zero. A
tabela 4.1. apresenta algumas das ordens de grandeza das temperaturas associadas a
fontes incandescentes.

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Capítulo 4. Iluminação
102

Tabela 4.1. Temperaturas de fontes incandescentes [15].


Fonte Temperatura (°C)
sol ≈ 5 700
arco voltaico ≈ 5 000
lâmpada de filamento:
- tungstênio ≈ 3 000
- carvão ≈ 1 800

A luminescência é a emissão de luz por processo que não seja a irradiação térmica.
Certos gases e vapores emitem radiação visível a temperaturas normais devido a um
processo de excitação. A excitação pode ser causada por raios X, por raios gama, por
raios ultravioletas, por atrito superficial, por partículas eletrizadas, ou pela colocação de
um sal volátil numa chama.
Neste processo de excitação, o espectro se apresenta apenas com algumas linhas
ou raias verticais paralelas que estão associadas a determinados comprimentos de onda.
Os comprimentos de onda das raias são característicos do elemento que as produzem.
Por exemplo, o hidrogênio sempre fornece o mesmo conjunto de raias nas mesmas
posições. Às vezes as raias se acumulam numa pequena faixa obtendo-se então um
espectro de faixas ou bandas.
Existem várias formas de luminescência tais como:
• Fotoluminescência: excitação devida a raios X ou gama;
• Bioluminescência: excitação associada com a oxidação da luciferina na
presença da enzima luciferase. Como exemplo, temos os vaga-lumes
(pirilampos), certos cogumelos e certos seres do mar. Ela pode ser também
devida a oxidação de certas substâncias ocasionada por choque mecânico. Este
é o caso de certos micro-organismos marinhos que em número de milhões
secretam certa substância que se oxida nas ondas, causando uma sensação de
faiscamento das águas.
• Triboluminescência: a excitação está associada ao atrito, como na formação de
clarões ao se partir um cristal de açúcar ou na clivagem de certas micas.
• Quimioluminescência: causada por reação química como a oxidação do fósforo
ao ar livre.
• Cátodo-luminescência: causada por choque de partículas alfa ou elétrons, como
nos oscilógrafos ou tubos de televisão.
A luminescência é subdividida em fluorescência e fosforescência. Na
fluorescência a luz cessa logo ao ser o agente interrompido, e na fosforescência a
emissão continua por um dado tempo após cessar a causa. Exemplo típico são certos
mostradores de relógio e tomadas que fosforescem no escuro, enquanto que a
fluorescência de raios X é uma das mais importantes técnicas de caracterização
mineralógica da atualidade, uma especialidade importante dentro de um projeto de
empreendimento de mineração.

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Capítulo 4. Iluminação
103

4.1.4. REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E ABSORÇÃO


Certos fenômenos como a reflexão ou a transmissão podem ser estudados
supondo-se que a luz se propague em linha reta em um meio homogêneo. Tem-se na
realidade um problema de geometria e dai deriva o nome de ótica geométrica. Neste
campo se estuda, por exemplo, a posição e a amplificação de imagens pelas lentes ou a
reflexão por espelhos.
Fenômenos como a difração e a interferência não conseguem ser analisados pela
ótica geométrica, exigindo conceitos como amplitude e diferença de fase. Neste caso se
tem o campo da ótica física.

4.1.5. REFLEXÃO LUMINOSA


Objetos iluminados podem refletir de vários modos a luz, dependendo de fatores
como a textura da superfície ou das camadas do objeto próximas à superfície. Os
desenhos da figura 4.2. ilustram algumas das possibilidades de distribuição espacial da
luz refletida. A difusão perfeita é traduzida do inglês "matte diffuse", enquanto que a
difusão com espalhamento provém de "diffuse-spread". O termo "specular and spread" foi
traduzido por especular com espalhamento.
Na reflexão especular a luz tem raios incidente e refletido definidos pela igualdade
dos ângulos de incidência (θi) e reflexão (θr).
Na reflexão perfeitamente difusa a luz incidente é espalhada em todas as
direções pelas asperezas da superfície. Uma superfície deste tipo tende a parecer
igualmente brilhante qualquer que seja o ângulo de observação, tal qual uma parede
pintada com tinta lisa ou a neve fofa.
A superfície do carvão é em essência um refletor difuso porque reflete a luz
incidente de modo uniforme numa ampla faixa de direções. Todavia tem-se um acréscimo
relativo da energia luminosa refletida no ângulo de reflexão especular. No controle da
emissão luminosa de lâmpadas e luminárias se utilizam os princípios da reflexão
especular.

4.1.6. TRANSMISSÃO LUMINOSA


A transmissão de luz através de um meio é afetada por diversas propriedades deste
meio as quais dão origem a distintos fenômenos. Dentre estes pode-se, citar a
transparência, a translucidez, a difusão, a transmissão seletiva, o espalhamento
retroativo, a refração, a dispersão e a absorção.

4.1.6.1. Transparência e Translucidez


Um material transparente transmite a luz sem espalhamento, de modo que pode-se,
obsevar em detalhe os pormenores de objetos locados em qualquer lado do material. Um
material translúcido transmite luz com um certo grau de espalhamento, de modo que não
se observa nitidamente o contorno de objetos, os quais aparecem "borrados" e com
contorno impreciso.

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Capítulo 4. Iluminação
104

4.1.6.2. Difusão
O fluxo luminoso pode ser controlado direcionalmente por meio de materiais com a
propriedade de gerar um certo grau de espalhamento. Esta difusão pode ser obtida de
vários modos tais como o riscamento da superfície, a incorporação no material de
partículas difusoras, pela aplicação de um revestimento superficial, etc.
O objetivo da difusão é fazer com que a fonte luminosa pareça maior e menos
brilhante, sendo uma técnica importante para a redução do ofuscamento e melhoria do
conforto visual. Estes aspectos são importantes na mineração, principalmente nas minas
com camadas pouco espessas (galerias estreitas e com pequena altura), onde as
lâmpadas são colocadas na altura dos olhos dos mineiros.
Para 2 lâmpadas incandescentes comuns, uma com bulbo de vidro limpo e outra
com bulbo fosco, a de bulbo fosco faz com que a lâmpada pareça maior, reduzindo a
percepção do brilho por unidade de área. Em termos de ordem de grandeza média, o
bulbo de vidro limpo tem um brilho por unidade de área cerca de sete vezes maior.
A difusão sempre implica numa diminuição da energia transmitida e, portanto, numa
diminuição da eficiência da instalação luminosa. Técnicas de projeto de luminárias
permitem a redução desta perda através do fenômeno da inter-reflexão.

Figura 4.2. Tipos básicos de reflexão superficial


Observação: as superfícies difusoras não são lisas, mas "ásperas", e podem ser
usadas para melhorar problemas de ofuscamento. No caso de difusão perfeita temos no
espaço uma esfera que no desenho bidimensional está representada por uma
circunferência. Fatores como textura e comprimento de onda influenciam a refletância (7).

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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.6.3. Transmissão Seletiva


Muitos meios transmitem certos comprimentos de onda enquanto refletem ou
absorvem outros. Esta propriedade pode ser usada para se obter um a luz de
composição desejada, pois estes materiais mudam a cor da luz sem praticamente alterar
a sua distribuição. A transmissividade seletiva é usada em certos faróis que usam o
chamado refletor dicroico, o qual reflete para frente o feixe luminoso e transmite para trás
comprimentos de onda da região do infravermelho. Isto minimiza o efeito do aquecimento
causado por estes comprimentos de onda em pessoas e objetos.

4.1.6.4. Espalhamento Retroativo


Este é um fator importante quando se tem atmosferas com poeira ou neblina, e as
partículas do ar refletem a luz de volta ao observador, diminuindo a visibilidade. Este é o
caso, por exemplo, de dirigir em forte nevoeiro, quando se recomenda usar faróis baixos
e luz de composição preponderantemente amarela (pois o fenômeno é menos intenso
para este comprimento de onda). Em minas subterrâneas de carvão e sal, se os sistemas
de ventilação e de aspersão de água não forem muito eficientes, durante a operação dos
mineradores contínuos a visibilidade se reduz drasticamente quase a zero.

4.1.6.5. Transmitância e Transmissividade


A transmissão da luz através da atmosfera nunca é feita com transmitância (t)
unitária, mesmo nas melhores condições de claridade e visibilidade. Este parâmetro é
importante nos casos de neblina, névoa, poeira em suspensão, "fog" e "smog",
principalmente se as distâncias de transmissão forem grandes. O quociente entre a
transmitância e distância denomina-se de transmissividade (tu) ou transmitância
unitária:

t
tu = (4.3)
d

Numa atmosfera limpa a transmissividade é de cerca de 0,96 /km, ou seja, apenas


96% da luz atinge o observador locado a 1 km de distância. Para um observador locado a
2 km apenas 92,2% da luz o atinge.
Nos casos de neblina ou "fog", mesmo leves, a transmissividade se reduz
drasticamente caindo para valores da ordem de 0,4 / km. Assim um observador locado a
2 km recebe apenas 16% da luz emitida pela fonte e um situado a 3 km recebe apenas
6%.
Na mineração subterrânea o conceito de transmissividade tem aplicação nas
análises de transmissão de sinais (seleção de dispositivos visuais indicadores de
funcionamento, por exemplo, de ventiladores, e junto a locais de geração de muito pó
como nas frentes em extração contínua). Neste último caso, as distâncias são pequenas,
mas se não se tiver cuidado, a quantidade de poeira será enorme.

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Capítulo 4. Iluminação
106

4.1.7. REFRAÇÃO
A velocidade da luz no vácuo é uma constante e independe do comprimento de
onda considerado. Em qualquer outro meio, a velocidade é diferente (menor) que no
vácuo e varia com o comprimento de onda considerado. Deste modo, em qualquer meio
que não o vácuo, raios luminosos monocromáticos violeta e vermelho terão velocidades
distintas, fenômeno conhecido como dispersão. O quociente entre a as velocidades no
vácuo (c) e num meio qualquer (v) define, para um dado comprimento de onda, o índice
de refração do meio (nλ):

c
nλ = (4.4)
v

Não havendo explicita especificação do comprimento de onda considerado assume-


se o da luz amarela de comprimento 589 nm. A tabela 4.1. apresenta valores do índice de
refração relativos ao vácuo e para comprimento de onda de 589 nm. Os valores desta
tabela são para sólidos e líquidos, e alguns valores para gases e vapores são os
seguintes (1 atmosfera):

Tabela 4.1. Índices de refração para alguns sólidos, líquidos e gases (15,16)
Sólidos Líquidos Gases
Gelo (- 8°C) 1,31 CO2 (- 15°C) 1,195 Hidrogênio (0°C) 1,32
Fluorita 1,433 9 N2 (- 190°C) 1,205 Vapor de água (0°C) - 2,50
Silvinita 1,490 4 O2 (- 181°C) 1,221 Ar seco (15°C) 2,765
Vidro "crown" 1,517 1 Àlcool (20°C) 1,329
Água:
80°C 1,332 0
Sal 1,544 0
40°C 1,330 7
0°C 1,333 8
Olho humano:
Quartzo 1,544 2 Humor aquoso 1,330
Humor vítreo 1,337
Cristal de rocha 1,544 3
Vidro de bário 1,568 1
Vidro "crown" de bário 1,574 1
Vidro "flint" leve 1, 580 3
Bissulfeto de carbono 1,629 0
Vidro "flint"denso 1,655 5
Calcita 1,658 4
Diamante 2,423 0
Rutílio (*) 2,7
(*) dióxido de titânio cristalino sintético

o
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Capítulo 4. Iluminação
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Quando uma luz monocromática atinge a interface de dois meios que apresentam
índices de refração diferentes, uma parte é refletida e outra parte é refratada, penetrando
no segundo meio. A figura 4.3. mostra os raios incidentes, refletidos e refratados e as leis
da ótica aplicáveis a cada um deles. Para o raio refratado é válida a lei de Snell dada por:

n × senθ = n'×senθ ' (4.5)

Na expressão (4.6) n e n' são os índices de refração para os meios origem e


destino, e como eles derivam do quociente entre velocidades no meio e no vácuo,
podemos escrever:

c c v senθ
n= e n' = → = (4.6)
v v' v' senθ '

Num dado meio luzes monocromáticas diferentes terão velocidades de propagação


diferentes, ou seja, terão diferentes índices de refração. Esta diferença de índices de
refração faz com que raios de diferentes cores apresentem diferentes ângulos de
refração.
Muitos feixes luminosos são constituídos de raios com comprimentos de onda que
se estendem por todo o espectro visível. Quando um raio de luz branca, composto da
mistura de todos os comprimentos de onda visíveis, incide num prisma de quartzo os
raios refratados de cada comprimento seguirão ângulos diferentes. Assim, um feixe de
raios policromáticos paralelos será dispersado num cone de raios de cores distintas. Este
fenômeno é denominado de dispersão luminosa. Como o desvio angular causado pelo
prisma aumenta com o índice de refração (lei de Snell), a luz violeta é a mais desviada e
a luz vermelha a menos. As demais cores ocupam posições intermediárias entre estas
cores extremas. A figura 4.4. ilustra dispersão de um feixe policromático num prisma de
quartzo.

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Capítulo 4. Iluminação
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Figura 4.3. Refração da luz na interface de dois meios com índices de refração n e n'

Ao sair do prisma, a luz branca se espalha num leque e dizemos que ela se
dispersou num espectro. Esta dispersão pode ser quantificada por dois parâmetros, a
dispersão angular e o desvio. A dispersão angular é dada pela separação angular entre
os raios vermelho e violeta, enquanto que o desvio médio de todo o feixe com relação à
direção de incidência pode ser medido pelo desvio da luz amarela. Assim, o desvio do
espectro é controlado pelo índice de refração da luz amarela enquanto que a "abertura"
do feixe depende da diferença entre os índices de refração do vermelho e do violeta. A
tabela 4.3. apresenta alguns índices de refração para vários comprimentos de onda e
vários tipos de vidro.
Os parâmetros desvio e dispersão são importantes no estudo de certas
propriedades como o brilho e a "luminosidade" de certas gemas e cristais. O diamante e
os cristais de Murano, Itália, apresentam brilho especial em parte devido às suas altas
dispersões. Na tabela 4.3. podemos observar que o vidro "flint" apresenta razoável
dispersão e desvio, mas a fluorita, por exemplo, os tem pequenos. Isto é, a fluorita tem
pequeno desvio para a luz amarela e pequena diferença de índices de refração entre o
violeta e o vermelho.
A velocidade da luz em um gás é aproximadamente igual à no vácuo, e a dispersão
é muito pequena. Para o ar em condições normais tem-se:
• Luz vermelha (656 nm) ---- n = 1,000 295 7
• Luz violeta (436 nm) -------- n = 1,000 291 4

Portanto, na maioria das aplicações o índice de refração do ar é considerado como


unitário para todos os comprimentos de onda.
A refração está associada aos problemas de iluminação de 2 modos:

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Capítulo 4. Iluminação
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• Lentes podem ser projetadas para controlar a distribuição da luz, através da


curvatura das mesmas;
• O olho humano obtém uma imagem em foco na retina através do princípio da
refração.

Figura 4.4. Dispersão de feixe policromático devido aos diferentes índices de refração

Tabela 4.2. Índices de refração para varias cores e vidros (*)


"crown" "flint" "crown" "flint" dissulfito de
cor λ (nm)
leve médio de boro (**) denso carbono
Vermelho 656,3 1,514 6 1,622 4 1,521 9 1,650 0 1,618 2
Amarelo 589,3 1,517 1 1,627 2 1,524 3 1,655 5 1,627 6
Azul 486,1 1,523 3 1,638 5 1,529 7 1,669 1 1,652 3
Violeta 396,9 1,532 5 1,662 5 1,659 2 1,694 0 1,699 4
(*) vidros compõe-se de variadas proporções de SiO2 (∼48 a 67%), Na2O, PbO e BaO.
(**) borossilicato contendo SiO2, K2O, B2O3, BaO e Na2O.

o
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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.8. ABSORÇÃO
Quando um objeto absorve certos comprimentos de onda permitindo que outros
sejam refletidos ou transmitidos, diz-se que ele apresenta propriedades absorventes
seletivas. A absorção seletiva altera a composição de comprimentos de onda da luz
refletida (ou transmitida), e esta alteração é percebida como cor do objeto. Um objeto
visto como vermelho quando iluminado por luz branca contém moléculas (pigmentos) que
absorvem comprimentos de onda da região verde-azul do espectro, ao mesmo tempo em
que refletem comprimentos de onda da região do vermelho.
Se um objeto que praticamente só reflete luz da região do vermelho for iluminado
por uma luz composta basicamente por comprimentos da região do verde-azul do
espectro, ele surgirá "sem cor", sem "brilho" e muito escuro. Isto demonstra que o olho
humano só percebe cores que já existiam na luz incidente. A percepção de cor é um
processo subtrativo, isto é, a mistura de cores na luz refletida é um subconjunto da
mistura de cores da luz incidente.
As propriedades de absorção são úteis na seleção de fontes de luz onde a
discriminação de cores é importante como nos códigos de sinalização para fiações e
tubulações, e zonas especiais de tráfego.
No garimpo subterrâneo de esmeraldas de Campos Verdes, Goiás, foi feita uma
tentativa de minimização de furto de pedras nas frentes de lavra em subsolo
empregando-se na iluminação das galerias apenas lâmpadas que não emitiam
comprimento de onda da região do verde. Deste modo, ficava muito difícil se distinguir as
gemas brutas da rocha encaixante talco-xisto. As gemas, que eram esverdeadas,
apresentavam então cor cinza semelhante ao xisto.

4.1.9. CURVA ESPECTRAL DE EFICIÊNCIA LUMINOSA


O olho humano não "vê" luz se propagando no espaço, mas tão somente fontes
luminosas ou objetos que refletem luz. Por isso é que o céu é escuro à noite apesar da
luz solar estar se propagando até a lua.
O olho "sente" a luz que o penetra, a processa, e a interpreta com relação ao objeto
sendo visto. Estes processos se baseiam na focalização da imagem do objeto na retina,
ocorrendo uma decodificação das informações trazidas pela luz. Estas informações
incluem dados de coloração, de brilho e de relações espaciais. Portanto, é a luz refletida
que indica o que é visto, tendo importância nos projetos onde se avalia um ambiente para
determinar quanta luz é refletida e como esta é distribuída.
Salas de escritório de cores claras, tem uma boa parte da luz usada para fins de
leitura ou visualização decorrente de inter-reflexões. Admitamos que a refletância média
das paredes de um escritório seja da ordem de 90%. Minas de sal podem ter refletância
das paredes da ordem de 40 a 50%, minas metálicas da ordem de 15% e minas de
carvão da ordem de 5%. Portanto, uma boa iluminação de uma sala, se transportada
para uma galeria de mina de carvão, seria totalmente insuficiente.

4.1.9.1. Cores
Cores são os nomes especiais dados a determinados comprimentos de onda ou a
várias combinações destes. Percebe-se que comprimentos de onda da faixa entre 380 e

o
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Capítulo 4. Iluminação
111

400 nm caracterizam a cor violeta, enquanto que a faixa ao redor de 600 nm caracteriza a
cor amarela.
Quando se tem uma mistura de comprimentos de onda de todo o espectro visível a
luz se apresenta como branca, enquanto que o preto não é uma cor, mas a ausência total
de luz (refletida ou emitida). O sol e certas lâmpadas produzem misturas mais ou menos
"balanceadas" de todo o espectro visível e, portanto emitem uma luz "natural". Outras
proporções relativas de comprimentos de onda produzem diversos tipos de luz
denominadas de “cores brancas".
Certas combinações de comprimentos de onda podem ser percebidas pelo olho
como de uma dada cor, sendo na realidade uma composição de apropriados
comprimentos de onda. Por exemplo, a mistura de amarelo e azul é percebida como
sendo a cor verde.

4.1.9.2. Brilho
A percepção do "brilho" de um objeto depende entre outras coisas de duas
características da luz, a energia luminosa e a mistura de comprimentos de onda. Para um
dado comprimento de onda, quanto maior a energia atingindo o olho maior a sensação de
brilho.
Todavia o olho humano não responde igualmente a todos os comprimentos de onda
do espectro visível, e isto é ilustrado na figura 4.5.. A curva representa a resposta do olho
aos brilhos relativos de vários comprimentos de onda, referenciados ao comprimento de
555 nm (luz verde, para o qual o olho é mais sensível). Esta curva é denominada de
curva espectral de eficiência luminosa, sendo uma curva média obtida
experimentalmente a partir das curvas individuais de muitas pessoas.
A curva espectral de eficiência luminosa surge nas definições das principais
unidades fotométricas, sendo incorporada em instrumentos que medem estas grandezas.
Estes instrumentos possuem sistemas de filtros internos que selecionam comprimentos
de onda de modo a reproduzir esta curva.

Fonte: adaptada da NR 15 anexo n°8

Figura 4.5. Curva espectral de eficiência luminosa para fluxos radiantes monocromáticos
e sua percepção pelo olho humano.

Observação: o valor de máxima eficiência do olho (f=1) corresponde à luz amarela


de 555 nm.

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Capítulo 4. Iluminação
112

A curva espectral é utilizada na construção de instrumentos fotométricos, ou


seja, instrumentos que efetuam medições incorporando a percepção subjetiva de brilho
dada pela curva espectral. Deste modo, eles procuram "imitar" o processo de percepção
do olho humano quando este avalia o brilho de uma superfície.
Por outro, lado instrumentos que medem apenas a energia radiante, sem incorporar
qualquer subjetividade do olho humano, são ditos radiométricos. Estes fornecem
resultados em Watts ou unidades equivalentes. A figura 4.6. ilustra a diferença essencial
entre instrumentos radiométricos e fotométricos.

figura A

figura B
Figura 4.6. Medidas radiométricas (energia radiante) e medidas fotométricas (energia
luminosa)

Observação: instrumentos fotométricos levam em consideração a curva espectral


de eficiência luminosa, de modo que a luz de comprimento de onda de 550 nm (figura A)
origina, neste exemplo, uma medida fotométrica de intensidade cerca de 10 vezes maior
que a de 650 nm (figura B). Todavia, ambos os feixes transportam a mesma energia
radiante, medida em Watts.

Consideremos dois raios monocromáticos de comprimentos de onda 550 e 650 nm,


e que transportem a mesma energia radiante (medida, por exemplo, em watts). De
acordo com a curva espectral da figura 4.6. os fatores de brilho relativo (f) seriam
respectivamente da ordem de 1 e 0,1, indicando que o raio de 550 nm fornecerá um
brilho relativo cerca de 10 vezes maior que o raio de comprimento 650 nm. O olho
humano perceberá esta diferença de brilho quando observar um objeto iluminado
separadamente por cada um destes raios.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
113

4.1.10. GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMÉTRICAS


Fontes luminosas comuns se caracterizam por transformar a energia elétrica
recebida em energia eletromagnética radiante. A emissão da energia radiante depende
da temperatura e da natureza da superfície emitente, e se observa que apenas uma parte
da potência elétrica recebida (Pel) se transforma em fluxo eletromagnético radiante (φr),
como ilustra a figura 4.7.

Pel (W) φr (W)

Figura 4.7. Transformação de potência elétrica em energia radiante

As perdas incluem calor por convecção e radiação, absorção, etc. O rendimento é


dado por:

φr
η= (4.7)
Pel

Verifica-se também experimentalmente que apenas uma parte do fluxo radiante (φr)
sensibiliza o olho humano, mais precisamente a estreita faixa de comprimentos de onda
entre 380 e 780 nm.
Unidades como o Watt são usadas quando se quer quantificar a energia associada
às grandezas potência elétrica ou fluxo radiante, tendo-se então as "intensidades" das
fontes como emissoras de radiação eletromagnética. Como se deseja comparar as
"intensidades relativas" das fontes como emissoras de luz visível, em projetos de
iluminação o foco está em comparar fluxos luminosos e não fluxos radiantes. A figura 4.8.
ilustra a relação entre a energia radiante e sua parte que sensibiliza o olho humano.
A experiência mostra que quantidades iguais de fluxos radiantes de diversos
comprimentos de onda não produzem iguais percepções de brilho visual. Além disso,
quantidades iguais de fluxos luminosos monocromáticos de cores distintas também não
produzem a mesma percepção visual de brilho. Estas observações são sintetizadas na
curva espectral de eficiência luminosa a qual reflete o fato de que para um grande
número de pessoas a vista é mais sensível à luz amarela de comprimento de onda de
555 nm. Os limites desta curva experimental é que definem a faixa de comprimentos de
onda que sensibilizam o olho humano, estimada entre 380 e 780 nm. Estes limites do
espectro visível não são rígidos, e com iluminação reduzida a vista se torna mais sensível
a comprimentos de onda mais curtos; nestes casos a percepção do maior brilho se situa
na faixa de 500 a 550 nm.
O decaimento da percepção do brilho para cores diferentes do amarela é rápido, e
a 610 nm o brilho relativo é de apenas 50%. Isto é, se olharmos uma superfície onde

o
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Capítulo 4. Iluminação
114

incidem fluxos iguais de energia radiante, medidos em watts, e de comprimentos de onda


de 555 e 610 nm, para o segundo parecerá que se tem apenas metade do brilho do
primeiro.
Para um mesmo observador uma lâmpada emitindo um milésimo de watt de luz
amarela parece brilhante, ao passo que uma emitindo um milésimo de watt de luz azul
parece pálida. A relação na curva espectral é da ordem de 1 para 0,05, ou seja, a luz azul
parece vinte vezes menos brilhante. Lâmpadas que emitem apenas radiações com
comprimentos de onda menores que 380 nm ou maiores que 780 nm não apresentam
"brilho" e parecem negras.

φr (W) φl (lm)

perdas
e

fluxo radiante fluxo luminoso


unid. radiométrica unid. fotométrica

Figura 4.8. Uma parte do fluxo radiante (φr) corresponde ao fluxo luminoso φl, o qual é
capaz de sensibilizar o olho e cuja unidade é o lúmem (e não o Watt)

Dos exemplos acima se percebe que o watt não é adequado para quantificar fluxo
luminoso, e o que se precisa é de uma unidade que exprima a capacidade da radiação
provocar sensações visuais subjetivas de brilho. O instrumento básico de medida é o olho
humano e a ciência que estuda e compara quantidades de luz e seus efeitos na
iluminação de objetos, tendo por base as sensações visuais, chama-se fotometria.
Os sistemas de unidades fotométricas são muito particulares, porque aplicam uma
função de ponderação humana às medidas físicas de energia. Ou seja, eles ponderam as
energias medidas com a curva espectral de eficiência luminosa. Esta é uma diferença
essencial entre unidades radiométricas e fotométricas; as primeiras são usadas para
radiações não visíveis e não incluem esta ponderação humana.
As principais grandezas consideradas em projetos de iluminação são: potência
elétrica (Pel), fluxo radiante (φr), fluxo luminoso (φl), eficácia luminosa (e), intensidade
luminosa (I), iluminância (E), luminância (L) e refletância (r).
4.1.11. FLUXO RADIANTE
É a potência transportada por todas as radiações de um feixe eletromagnético
independentemente de efeitos visuais. Ou seja, é a energia transportada na unidade de
tempo por todos os comprimentos de onda do feixe. Sua unidade é o Watt. Este fluxo
contém radiações visíveis e não visíveis.

o
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Capítulo 4. Iluminação
115

4.1.12. FLUXO LUMINOSO


É a potência transportada medida conforme a sensação visual que pode produzir.
Sua unidade no sistema internacional é o lúmem (lm), que representa a energia na
unidade de tempo tanto quanto outras unidades como o watt, o cavalo-vapor, a caloria
por segundo, etc. Definido o lúmem e utilizando-se considerações geométricas é possível
se definir as demais unidades que quantificam a distribuição da luz no espaço e sobre
objetos.
Com um instrumento como um fotômetro de cintilação, pode-se comparar a
sensação subjetiva de brilho causada pela fonte padrão com a sensação provocada pela
luz de qualquer cor. Se o olho fosse igualmente sensível a todo o espectro
eletromagnético, então o fluxo luminoso φl seria igual ao fluxo radiante φr e ambos seriam
medidos em Watts. Mas o olho só é sensível a uma pequena faixa de radiações (entre
380 e 780 nm), e mesmo dentro desta faixa a sensibilidade varia como indicado pela
curva espectral de eficiência luminosa. No pico da curva espectral (luz amarela com
λ = 555 nm) obtém-se que 1 Watt de fluxo radiante monocromático corresponde a 685
lúmens de fluxo luminoso. Para fluxos radiantes monocromáticos de outras cores
(portanto não mais no pico da curva espectral), 1 Watt de fluxo radiante corresponde a
menos que 685 lúmens de fluxo luminoso.

4.1.13. EFICÁCIA LUMINOSA


A partir da curva espectral de eficiência luminosa define-se a noção de eficácia
luminosa (e), dada pelo quociente:

φl
e= (4.8)
φr

Como φl é dado em lúmens e φr em watts, a eficácia é dada em lúmens por Watt. A


máxima eficácia de 685 lm/W ocorre para a luz amarela de comprimento de onda de 555
nm; para qualquer outra cor a eficácia é menor que 685 lm/W. Para radiações
monocromáticas fora do pico da curva espectral a eficácia luminosa é obtida através do
fator de luminosidade f. Este fator corresponde a ordenada da curva espectral e, portanto:

e = f × 685 (com 0<f<1) (4.9)

o
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Capítulo 4. Iluminação
116

Quadro 4.1.
Exemplo de eficácia luminosa para luz vermelha.

Resposta:

Para a luz de vapor de sódio com comprimento de onda de 589 nm, temos

para f o valor de 0,765. Logo a eficácia luminosa nesta faixa do espectro luminoso

será de: e = (0,765)x(685) = 524 lm/W. Ou seja, cada watt de potência radiante desta

luz conterá 524 lúmens de energia luminosa. Já para a radiação vermelha de

comprimento de onda de ±600 nm um feixe de 5 watts desta luz conterá os

seguintes lúmens:

da curva espectral: f = 0,5

como: -------------- mas: ---------------

para ----------------

o
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Capítulo 4. Iluminação
117

4.1.14. EFICIÊNCIA GLOBAL DE UMA LÂMPADA


A eficiência de transformação da potência elétrica em potência radiante,
simbolizada por η , e a eficiência do fluxo radiante em produzir sensação visual, expressa
pela eficácia e, permitem as relações:
φr
η= (4.10)
Pel
φl
e= (4.11)
φr
A eficácia luminosa exprime uma propriedade de um fluxo radiante, e podemos
definir a eficiência global de uma fonte luminosa (como uma lâmpada) por:
φl
ηg = (4.12)
Pel

Portanto:
e × φr f × 685 × φ r
ηg = =
Pel Pel
f × 685 × (η × Pel )
ηg =
Pel

Finalmente:
η g = f × η × 685 (lm/W) (4.13)

Devido às perdas por calor (expressas por η) e a produção de radiações não


visíveis (expressas por e), a eficiência luminosa global das lâmpadas é bem inferior a
685 lm/W. Para lâmpadas fluorescentes brancas ηg é da ordem de 50 lm/W, e para
incandescentes brancas é da ordem de 20 lm/W.

4.1.15. INTENSIDADE LUMINOSA DE FONTE PONTUAL


A intensidade luminosa é uma grandeza usada para se descrever como o fluxo
luminoso, emitido por uma fonte pontual, se distribui no espaço que a rodeia. A definição
formal é: a intensidade luminosa de uma fonte pontual, numa dada direção, é a
quantidade de fluxo luminoso que ela irradia por unidade de ângulo sólido na
direção considerada. Esta definição envolve o conceito de ângulo sólido definido a
seguir.

4.1.15.1. Ângulo sólido


O ângulo sólido ΔΩ é medido em esterorradianos, dados pelo quociente entre a
área ΔS e o raio da esfera ao quadrado:

o
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Capítulo 4. Iluminação
118

ΔS
ΔΩ = (4.14)
R2

Portanto o ângulo sólido de um esterorradiano é aquele cuja área na superfície da


esfera é igual ao raio ao quadrado. Como a superfície da esfera é de 4π vezes o raio ao
quadrado, o espaço todo ao redor do centro contém um ângulo sólido de 4π
esterorradianos.

4.1.15.2. Intensidade luminosa


Matematicamente a intensidade luminosa de uma fonte pontual é dada pelo
quociente:

dφ l
I= (4.15)

Onde:
dφl = fluxo luminoso, em lúmens
dΩ = ângulo sólido, em esterorradianos
I = intensidade luminosa em candelas (lúmens por esterorradianos) na direção do ângulo
sólido considerado

Como não existe na realidade fontes pontuais, uma fonte real pode ser tratada
como pontual quando sua maior secção transversal for igual ou inferior a 1/20 da
distância da qual ela é observada. Aproximações mais grosseiras são feitas para a
relação 1/10. Assim, uma chama de vela de 2 cm pode ser considerada pontual a mais
de 40 cm. Para fontes não pontuais (extensas) existe o conceito equivalente de
luminância que será visto mais adiante.
A maioria das fontes não emite quantidades iguais de fluxo luminoso por unidade
de ângulo sólido em todas as direções do espaço. Por exemplo, uma lâmpada
incandescente não emite fluxo na direção da sua base.
Para uma fonte luminosa pontual de intensidade A candelas em todas as direções,
o fluxo luminoso que ela emite para todo o espaço que a rodeia é expresso por:

φl = ∫ IdΩ = (4π ) × A (lúmens)

O fluxo luminoso dado em lúmens representa a quantidade de energia luminosa


transportada na unidade de tempo, e pode ser visualizado através de linhas de fluxo
luminoso. Do exposto fica claro que a intensidade luminosa de uma fonte pontual é uma
grandeza direcional, com a direção sendo definida pelo "eixo" do ângulo sólido. A
intensidade média é calculada pela expressão:

φl
Im = (4.16)
Ω

o
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Capítulo 4. Iluminação
119

É uma intensidade média para todo o ângulo sólido e uma área sobre uma esfera
centrada na fonte pontual. À medida que o ângulo sólido é subdividido em ângulos
menores a variação da intensidade com a direção pode ser melhor avaliada. No limite a
intensidade numa certa direção é dada por:

dφ l
I= (4.17)

Para áreas infinitesimais dA que não estejam sobre a superfície de uma esfera, ou
seja para áreas infinitesimais cujas normais não contenham o vértice do ângulo sólido,
temos a seguinte expressão para o ângulo sólido:

dA proj
dΩ = (4.18)
R2

Em (4.18) dAproj representa a projeção da área dA na direção normal ao raio como


mostra a figura 4.9.
Os conceitos de ângulo sólido e intensidade luminosa, tem aplicação direta nos
problemas de iluminação mineira quando se consideram questões como níveis mínimos
de iluminação em subsolo.

Figura 4.9. Ângulo sólido para área infinitesimal não esférica

o
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Capítulo 4. Iluminação
120

4.1.16. ILUMINÂNCIA DE UMA SUPERFÍCIE


4.1.16.1. Iluminância média
Quando um fluxo luminoso incide numa superfície dizemos que ela está iluminada.
O quanto ela está iluminada é dado pelo conceito de iluminância, que é a quantidade de
fluxo luminoso que atinge a superfície. Matematicamente temos:

Δφl
E= (4.19)
ΔS

Onde:

E = iluminância média na superfície ΔS, dado em lm/m2 ou lux (símbolo lx)


Δφl = fluxo luminoso total incidindo na superfície

A figura 4.10. ilustra um fluxo luminoso atingindo uma superfície, e notamos que
neste conceito não há não há nada que distinga os raios luminosos quanto a origem ou
direção. Além disso, o fluxo total pode ser de mais de uma fonte, valendo o princípio da
superposição.

RAIOS LUMINOSOS DE VÁRIAS DIREÇÕES

Figura 4.10. Fluxo luminoso total atingindo a área ΔS

o
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Capítulo 4. Iluminação
121

Quadro 4.2
Exemplo de iluminância média para determinada área:

Resposta:

O conceito de iluminância independe do comprimento de onda da luz

incidente e da sua direção. Assim um fluxo de 5 lm de luz amarela (λ = 550 nm) e

um fluxo de 15 lm de luz vermelha (λ = 600 nm), ambos incidindo com ângulos

diferentes numa área de 10 m2, produzem uma iluminância média nesta área de:

(média) = Σ (Φ l ) / ΔS = ( 5 + 15 ) / 10 = 2 lm/m2 = 2 lux

4.1.16.2. Iluminância num ponto


A iluminância num ponto (P) é obtida tomando-se uma pequena área ao redor do
ponto considerado e levando-se a expressão 4.19. ao limite:

Δφ l dφ
E ( P) = lim( )= l (4.20)
ΔS dS
ΔS → 0

Se todos os pontos de uma área forem igualmente iluminados, a área é dita sob
iluminância uniforme e escrevemos:

E = E ( P) = E (4.21)

Desde que o fluxo luminoso seja caracterizado em lúmens a iluminância independe


do comprimento de onda da luz incidente. Todavia se o feixe luminoso for caracterizado
pela sua energia radiante, então a inclusão do fator de luminosidade implica numa
diferenciação de iluminância originada da curva espectral de eficiência luminosa.

o
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Capítulo 4. Iluminação
122

Quadro 4.3.
Exemplo de iluminância para um ponto.

Resposta:

Consideremos uma parede branca na qual incide a luz de dois faróis com

luzes de cores distintas, cada um colocando na superfície uma densidade uniforme

de fluxo radiante de 50 W/m2. Os faróis iluminam regiões diferentes da parede com

as cores amarelo (fator de luminosidade 0,7656) e vermelho (fator de luminosidade

0,0772). Os iluminamentos produzidos por cada cor seriam distintos e se teriam os

seguintes valores:

com

ogo:

E (amarela) = 0,7656 x (685 lm/W) x (50 W/m2) = 26221,8 lm/m2 = 26222 lux

E (vermelha) = 0,0772 x (685 lm/W) x (50 W/m2) = 2644,1 lm/m2 = 2644 lux

Ou seja, a região iluminada pelo feixe amarelo tem iluminância cerca de dez

vezes maior. Se os dois faróis incidissem simultaneamente na mesma região

teríamos:

E (total) = 26222 + 2644 = 28866 lux

o
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Capítulo 4. Iluminação
123

A iluminância se refere, portanto a uma densidade superficial de fluxo luminoso,


distinguindo-se de uma densidade superficial de fluxo radiante por meio do fator de
luminosidade.

4.1.16.3. Medição do iluminância


A iluminância média é uma grandeza de fácil medição e isto é um fato interessante
por várias razões:
• A iluminância pode ser convertida para outras grandezas mais difíceis de serem
medidas diretamente, como a intensidade luminosa;
• Muitas normas são especificadas em termos de níveis de iluminância, o que
permite uma boa descrição da distribuição da luz, facilita os cálculos de projeto
e permite fácil checagem no local. É por isso que muitos países adotam este
parâmetro nas suas normas de iluminação de minas.
Todavia especificações em termos de níveis de iluminância, feitas em função da
utilização de objetos e ambientes, não consideram como as superfícies refletem a luz e é
a luz refletida que determina o que é visto.
Ao se fotografar minas subterrâneas com a mesma câmera fotográfica e "flash", e,
portanto, tendo-se aproximadamente as mesmas iluminâncias, os resultados podem ser
muito distintos em função da refletância das superfícies. Três resultados bem diferentes
ocorreriam numa mina de sal (como a Taquari-Vassouras da CVRD em Aracajú), numa
mina de calcário (como a mina do Baltar em Sorocaba) e numa mina de carvão (como a
do Trevo em Santa Catarina).
A medida do iluminância é feita por instrumentos contendo células fotrônicas ou
fotoelétricas, as quais contêm materiais sensíveis à luz e que transformam a energia
luminosa incidente em energia elétrica. Quando o fluxo radiante incide na superfície da
célula ela produz uma corrente, porém a relação entre correntes produzidas por fluxos
radiantes de diversos comprimentos de onda não é, infelizmente, a mesma que a relação
das sensações subjetivas de brilho causadas no olho humano.
A maioria das células fotrônicas responde ao fluxo infravermelho, gerando uma
corrente que obviamente não é proporcional ao fluxo luminoso (pois este inexiste nesta
faixa do espectro). Todavia colocando-se à frente da célula filtros que absorvam
adequadamente os diferentes comprimentos de onda, pode-se fazer com que a curva de
resposta da célula concorde razoavelmente com a curva de percepção do olho humano.
Neste caso, a corrente gerada pode ser tomada como uma medida do fluxo luminoso que
nela incide, e se a célula for uniformemente iluminada, a corrente gerada é proporcional
ao fluxo luminoso incidente por unidade de área.

4.1.17. LUMINÂNCIA E PERCEPÇÃO DE BRILHO


Uma fonte puntiforme é caracterizada por sua intensidade luminosa (I), e para a
maioria dos projetos pode-se considerar como aproximadamente puntiformes elementos
como velas, lampiões e lâmpadas incandescentes. Com o advento de bulbos foscos, de
quebra-luzes difusores, de lâmpadas fluorescentes e de iluminação indireta, a maioria

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Capítulo 4. Iluminação
124

das fontes não é mais considerada puntiforme. O conceito de intensidade luminosa de


uma fonte pontual é então estendido para o conceito de luminância de uma superfície.
A luminância média de uma superfície, simbolizada por L, é definida como o
quociente entre a intensidade luminosa e a área projetada da superfície de onde vem a
luz como mostra a figura 4.11.

I I
L= = (4.22)
A proj A × cos θ

Figura 4.11. Conceito de luminância de uma superfície de área (A) na direção do


observador (O)

Observação: fontes extensas são caracterizadas por sua luminância, sejam elas
fontes primárias ou secundárias de luz.

A partir dos parâmetros geométricos associados à definição de luminância


podemos concluir que:
• A luminância é uma grandeza direcional; variando-se o ponto de observação a
luminância varia tanto em função do ângulo θ como também porque a superfície
pode emitir diferentes quantidades de luz para distintas direções;
• A luminância independe do motivo pelo qual a luz sai da superfície; podendo-se
ter uma área emitente como a superfície de uma lâmpada, uma área refletora
como um talude ou mesmo áreas transmissoras como as superfícies de lentes e
luminárias;
• Quanto maior a área mais se aplica o conceito de luminância média; quanto
menor a área mais se tende para o valor da luminância pontual;
• No sistema internacional de unidades a luminância é expressa em candelas por
metro quadrado (cd/m2) ou nit (nt).

o
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Capítulo 4. Iluminação
125

Esta página, ao ser lida, se encontra praticamente sob iluminância uniforme. Como
as letras impressas refletem menos luz, elas parecem menos brilhantes que o papel
branco. Portanto, apesar do iluminância ser uniforme, a luminância desta página não o é.
Em geral a luminância de uma superfície depende da direção da qual é observada,
existindo superfícies perfeitamente difusas para as quais a luminância é a mesma de
qualquer ponto que seja observada. Para estas superfícies, denominadas de difusores
perfeitos ou superfícies Lambertianas, a luminância pode ser expressa em outra unidade
que não cd/m2. Como exemplos de ótimas superfícies difusoras temos, a neve nova e
muito fofa, uma parede pintada com tinta branca e o óxido de magnésio. Para estas
superfícies, podemos fazer a aproximação de difusor perfeito, pois sua luminância é
praticamente a mesma qualquer que seja a direção de observação.
O conceito de luminância é importante em projetos de iluminação porque é uma
grandeza física que se correlaciona com a percepção subjetiva de "brilho". A simplicidade
da equação 4.22. encobre uma série de considerações importantes que podem não
serem percebidas a primeira vista. Vamos analisá-la com maior detalhe, variando
isoladamente os seguintes fatores: a intensidade I, a área A, a distância de observação e
a direção de observação.

4.1.17.1. Variação apenas da intensidade luminosa


Seja uma lâmpada incandescente para a qual se tenha um controlador da sua
intensidade luminosa; à medida que se diminui a intensidade diminui também a sensação
de brilho que se percebe nas superfícies e pela equação 4.22. também diminui a
luminância já que diminui o numerador.

4.1.17.2. Variação apenas da área


Sejam dez velas iguais, distribuídas de dois modos distintos: numa área em 10x10
cm e numa área de 1 m2. Se as observarmos de uma distância fixa (como 30 m), em
2

ambos os casos temos a mesma intensidade porque a quantidade total de lúmens


emitidos é aproximadamente igual. Todavia, a sensação de brilho é maior para a área
menor e a equação 4.22 indica esta maior luminância devido ao denominador da
equação ser menor.

4.1.17.3. Variação apenas da distância de observação


Observemos uma parede de 6 m2 às distâncias de 5 e 10 m; ao nos afastarmos da
parede ela parecerá menor, mas não sua luminância, pois a percepção de brilho
permanece inalterada. Isto é expresso na equação 4.22 pela inexistência do fator
distância.

4.1.17.4. Variação apenas da direção de observação


Nem sempre as superfícies emissoras (ou refletoras ou transmissoras) distribuem
seu fluxo uniformemente pelo espaço, de modo que a intensidade pode variar com a
direção de observação. Além disso, a área projetada varia com o ângulo de observação.
Por causa desta dupla influência não se pode tirar conclusões gerais, podendo-se apenas

o
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Capítulo 4. Iluminação
126

afirmar que a direção de observação é um parâmetro influente que deve ser estudado em
cada caso particular.
Das considerações anteriores pode-se perceber que existe uma correlação entre
luminância e percepção de brilho, mas que esta correlação não é absoluta. Ela é válida
apenas quando se tem as mesmas condições de observação visuais, o que pode ser
ilustrado do seguinte modo. Se olharmos para vários objetos sob um mesmo nível de
iluminação de fundo, poderemos ordená-los segundo nossa percepção de brilho. Esta
ordenação coincidiria com aquela que seria obtida se medíssemos experimentalmente as
luminâncias. Por outro lado, se observarmos uma lanterna de capacete mineiro numa
galeria escura (sem iluminação de rede) e a céu aberto num dia claro, ela não parecerá
tão brilhante na superfície, mas sua luminância é a mesma nos dois locais. O que
acontece é que os estados de adaptação do olho humano aos níveis de iluminação em
subsolo e a céu aberto são distintos, ocorrendo, portanto uma alteração da correlação
entre percepção de brilho e luminância.

4.1.18. REFLETÂNCIA
A refletância é uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz
incidente; se for nula toda a luz é absorvida e se for unitária toda luz é refletida.
Um espelho praticamente reflete toda a luz incidente e sua refletância pode ser
considerada para fins práticos como unitária. O chamado corpo negro perfeito (radiador
integral) absorve toda a radiação que nele incide e tem então uma refletância nula. Uma
boa aproximação deste corpo negro pode ser obtida com um orifício numa caixa pintada
de preto por dentro, pois praticamente toda luz que entra pelo orifício não sai mais.
Bons projetos de iluminação mineira requerem o conhecimento da refletância do
ambiente porque nós "vemos é através da luz refletida", e em geral, nas minas a maior
parte da luz incidente é absorvida. A quantificação da luz refletida torna possível que se
compense as perdas por absorção, e esta compensação pode ser efetuada pelo sistema
de iluminação ou pela alteração da superfície refletora.
Didaticamente podemos classificar a reflexão superficial em seis tipos principais:
especular, especular com difusão preferencial, especular com difusão perfeita, difusão
com componente especular e difusão com espalhamento.
Os diagramas da figura são muito simplificados, pois ilustram apenas um raio
incidente, enquanto que na realidade poderíamos ter um cone de luz incidente ou ela
poderia provir de todas as direções. Além disso, poderíamos estar medindo toda a luz
refletida, ou uma parte dela numa dada direção ou ainda apenas um feixe de raios.
Na literatura não há concordância absoluta quanto aos tipos de reflexão
encontradas em minas subterrâneas. Trotter (1) afirma que na maioria das minas secas as
superfícies são difusoras com componente especular, enquanto que para superfícies
poeirentas e pulverulentas a reflexão se aproximaria da difusão perfeita. Já Crooks e
Peay (15,16) afirmam que a maioria das rochas e minerais quando secos são difusores
perfeitos; quando úmidos a maior parte se tornaria difusora com espalhamento e uma
pequena parte se tornaria difuso-especular. Esta última seria potencialmente a mais
provável causadora de ofuscamento, e, portanto a umidade é um fator gerador de
ofuscamento em minas principalmente se as superfícies estiverem bem úmidas e
intensamente iluminadas.

o
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Capítulo 4. Iluminação
127

A tabela 4.3. contém dados de refletância levantados por Trotter (1), podendo-se
observar que a refletância do carvão é bem baixa estando em geral na faixa de 3 a 6%.

4.1.19. RELAÇÃO ENTRE AS DEFINIÇÕES DE FLUXO E INTENSIDADE


LUMINOSOS

Tabela 4.3. Refletâncias obtidas em minas de carvão canadenses, próximas a Sidney,


Nova Escócia (1)
Mina Método de lavra Refletância d.p. (*) Condições gerais
Frente ampla e
Prince Superfície seca, limpa, áspera,
frente curta, em 0, 058 0,005
parede 1-E acamamento não visível.
recuo.
Superfície seca, limpa, lisa,
Frente ampla em
# 26 0,042 0,011 acamamento bem visível, e
avanço.
definido.
Frente ampla em Superfície seca ou úmida,
Lingam 0,035 0,011
avanço. limpa, pó variável.
Superfície úmida, empoeirada,
Prince Frente ampla e
0,043 0,009 áspera, acamamento não
parede 2-E curta, em recuo.
visível.
(*) desvio padrão

4.1.20. MÉTODO PONTO A PONTO PARA CÁLCULO DO ILUMINAMENTO


Neste método se estima o iluminamento ou a luminância no chamado plano de
trabalho a partir das distribuições de fluxo das diversas fontes e das leis que relacionam a
propagação e o reflexo deste fluxo.
O método ponto a ponto se baseia nas leis do cosseno e do inverso do quadrado
da distância, que convenientemente agrupadas da origem à chamada lei do cosseno ao
cubo.
A lei básica do iluminamento é expressa por:

I
E ( P) = (4.23)
R P2

Onde:
E(P) = iluminamento no ponto P considerado, contido num plano perpendicular com
relação a reta definida por P e a fonte pontual, em lx
I = intensidade da fonte na direção do ponto P, em cd
RP = distância entre a fonte pontual e o ponto P, em m

Esta lei é aplicável para fontes pontuais, com luz atingindo diretamente o ponto
considerado e não havendo absorção atmosférica. Ela serve como boa aproximação
quando se tem ar limpo, as refletâncias das superfícies das rochas são bem baixas, as
medidas são efetuadas a uma certa distância da fonte e as lâmpadas possam ser
aproximadas por fontes pontuais. Como em geral os valores medidos são relativos a um

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
128

plano horizontal de trabalho e a luz o atinge obliquamente, deve-se introduzir a correção


expressa pela lei do cosseno. A fórmula (4.23) se torna:

I (θ ) × cos θ
E ( P, θ ) = (4.24)
RP2

Onde:
E(P,θ) = iluminamento no ponto P do plano de trabalho inclinado de θ com relação a
direção unindo a fonte ao ponto P, em lx
θ = ângulo entre a normal ao plano de trabalho e a direção fonte-ponto P

A medida da distância Rp nem sempre é fácil e numa via subterrânea de altura h


pode ser mais conveniente se medir distâncias horizontais. A figura 4.13 ilustra uma fonte
luminosa colocada na linha do teto de uma galeria.
Da geometria temos:

h h2
= cos θ ou R P2 = (4.25)
RP cos 2 θ

Introduzindo (4.25) em (4.24) obtemos:

I (θ ) × cos 3 θ
E ( P, θ ) = (4.26)
h2

A expressão (4.26) representa a chamada lei do cosseno ao cubo.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
129

4.1.21. SÍNTESE DAS GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS

Fonte: adaptado de Fantazzini – apostila curso Pece 2001.

Figura 4.12. Parâmetros Fotométricos

4.2. A NATUREZA DO PROBLEMA


4.2.1. GERENCIAMENTO MODERNO, ILUMINAÇÃO, SEGURANÇA E
PRODUTIVIDADE
A Engenharia Ambiental aplicada à mineração subterrânea tem tido cada vez mais
importância não só nos aspectos ligados à segurança, higiene e saúde ocupacional, mas
também nas análises de custos e produtividade. É hoje importante componente de
qualquer projeto de mineração, tanto no aspecto de planejamento como de
gerenciamento, e sob esta ótica se insere num amplo programa gerencial de controle de
perdas e danos (atualmente já aplicado em algumas minas subterrâneas brasileiras).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
130

De acordo com a literatura mais recente a Engenharia Ambiental em Minas engloba


uma variada gama de tópicos que podem ser didaticamente agrupados em agentes e
medidas de controle. Dentre os agentes temos os físicos, os químicos, os biológicos e os
ergonômicos. Dentre as técnicas de controle e mitigação destacam-se os equipamentos
de proteção individual (EPI) e a ventilação forçada (geral diluidora ou local exaustora).
Dentre os agentes físicos a iluminação é de capital importância nas minas
subterrâneas, principalmente nos aspectos de segurança operacional. Além disso,
recentes pesquisas têm demonstrado sua relação direta com freqüência e severidade de
acidentes bem como com a eficiência e a produtividade.
Apesar da relação entre nível de iluminação, segurança do ambiente de trabalho e
produtividade ser intuitiva, a demonstração de que a boa iluminação favorece os outros
dois aspectos não é simples. Estudos realizados em diversas indústrias demonstraram
que a melhoria da iluminação proporciona aumento da produtividade e da qualidade do
trabalho, já existindo na literatura material demonstrativo desta correlação para testes
laboratoriais controlados e para ambientes industriais onde se possa manter constantes
as demais variáveis exceto a iluminação (1).
Estudos quantitativos conclusivos sobre as relações iluminação-produtividade e
iluminação-segurança em mineração são difíceis, porque é necessário efetuar estudos
similares aos feitos para escolas, escritórios, estradas e indústrias. Todavia, no ambiente
mineiro existem muitos fatores inter-relacionados, como as condições geológicas, as
espessuras das camadas e a emissão de gases, que variam continuamente e que são
virtualmente impossíveis de isolar ou controlar. No caso específico de minas
subterrâneas, muitas dificuldades complicam a execução de testes e a análise dos
resultados, podendo-se citar entre outros:
• A impraticabilidade de instalações permanentes, devido a evolução da lavra,
aos contínuos desmontes e aos custos de instalação e manutenção;
• A ausência de uma definição legal exata do que seja uma boa iluminação
mineira;
• A agressividade do ambiente mineiro, com baixa refletância das superfícies e
diminuição da transmissão devido a poeiras e fumaças.

Assim fica muito difícil avaliar o efeito isolado de um único fator como o nível de
iluminação e quantificar os ganhos em termos de prevenção de acidentes ou fatalidades.
Contudo, as análises consistentemente indicam um aumento da segurança e ou da
produtividade nas seções melhor iluminadas da mina, e o corpo de evidências diretas e
indiretas cada vez justifica mais a melhoria da iluminação em subsolo de modo a se ter
fontes de rede além das individuais de capacete e dos faróis dos veículos (1).

4.2.2. ILUMINAÇÃO E PRODUTIVIDADE


4.2.2.1. Pesquisas de laboratório
Engenheiros civis e arquitetos têm uma vasta literatura disponível sobre os níveis
ótimos de iluminação em escritórios e indústrias, o que não ocorre com os engenheiros
de minas. Todavia, estudos em minas demonstraram um claro aumento da produtividade
nos realces e seções iluminados em comparação com os não iluminados.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
131

4.2.2.2. Pesquisas em minas subterrâneas


Para minas de carvão na Hungria estudos efetuados durante 2 meses por Halmos
mostraram que as seções que continham iluminação geral de rede (além daquela dos
capacetes) apresentaram produtividade de 5 a 26% maior com relação às seções não
iluminadas (1,7). Num estudo anual efetuado numa mina americana de carvão constatou-
se que um realce-teste com iluminação geral apresentara um nível de produção
(toneladas por homem-turno) 17% superior com relação ao realce com o segundo nível
de produção (1,7).
Levantamentos efetuados em 1979 por um comitê formado pela "United Mine
Workers of America" (UMWA), pela "Betuminous Coal Operators Association" (BCOA) e
pela "Mining Safety and Health Administration" (MSHA) forneceram respostas favoráveis
dos trabalhadores das minas lavradas por câmaras e pilares com relação às novas
normas de iluminação. Observações restritivas foram feitas apenas para as camadas
com espessuras inferiores a 107 cm devido a problemas de ofuscamento visual (7).
Portanto, a satisfação dos trabalhadores com a iluminação em subsolo é uma das
componentes que favorecem o aumento da produtividade.
O aspecto melhoria da produtividade é importante para que as empresas percebam
os benefícios da boa iluminação, a qual aumenta também a disponibilidade e
desempenho dos equipamentos.

4.2.2.3. Pesquisas em Escritórios e Indústrias


O binômio iluminância e produtividade não têm encontrado uma equação
satisfatória para muitos pesquisadores. Há estudos que mostram melhor desempenho
profissional quando ocorrem aumentos da quantidade de luz nos locais de trabalho, mas
existem muitos outros que não conseguem estabelecer ganhos satisfatórios e
diferenciados.
No início do desenvolvimento da lâmpada elétrica, substituindo as tochas ou a
iluminação à gás, houve sensível aumento da produtividade industrial. Isso, contudo,
ocorreu em ambientes cujo nível de iluminamento era na ordem de 10 lux e depois
passou para mais de 100 lux.
Muitos estudiosos concordam que o aumento da produtividade nos locais de
trabalho depende de vários fatores, entre os quais a iluminância associada ao conforto
térmico, níveis de ruído, qualidade do ar, etc, além da interação social.

4.2.3. ILUMINAÇÃO E ACIDENTES


4.2.3.1. Dados gerais da indústria
Para situações de trabalho em fábricas ou tráfego em estradas, existem muitas
evidências diretas documentadas demonstrando que o aumento da visibilidade diminui o
número de acidentes. Na mineração as evidências são menos diretas e precisas porque
a iluminação é apenas um dos fatores que contribui para a situação de risco e para a
ocorrência do acidente.

o
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Capítulo 4. Iluminação
132

4.2.3.2. Dados da mineração


Minas são locais de trabalho de alto risco devido a uma série de fatores e a
iluminação é apenas um dos componentes da situação de risco. Em subsolo há pouca luz
para destacar todas as informações, e o cérebro não interpreta corretamente os sinais
visuais, demorando a processar imagens e para reagir em face de situações de perigo.
Estas características são ainda mais importantes quando estão associadas a locais onde
se têm equipamentos móveis tais como jumbos de perfuração, pás carregadoras,
caminhões, correias transportadoras e vagonetas.
Estudos quantitativos conclusivos sobre as relações iluminação-produtividade e
iluminação-segurança em mineração são difíceis, porque é necessário efetuar estudos
similares aos feitos para escolas, escritórios, estradas e indústrias. Todavia no ambiente
mineiro existem muitos fatores inter-relacionados, como as condições geológicas, as
espessuras das camadas e a emissão de gases, que variam continuamente e que são
virtualmente impossíveis de isolar ou controlar.
Fica assim muito difícil avaliar o efeito isolado de um único fator como o nível de
iluminamento, e quantificar os ganhos em termos de prevenção de acidentes ou
fatalidades. Contudo as análises consistentemente indicam um aumento da segurança e
ou da produtividade nas seções melhor iluminadas da mina.
Estudo do "National Safety Council" dos Estados Unidos revelou que a iluminação
insuficiente era a causa de 5% dos acidentes nas indústrias, e que em 20% dos casos a
pouca iluminação e a fadiga visual eram componentes da situação de risco potencial (1).
Em minas, onde se tem um dos mais perigosos ambientes de trabalho, é de se esperar
que estas porcentagens sejam até maiores.
Estudos conduzidos por Halmos em minas húngaras de linhito demonstraram uma
diminuição de 60% dos acidentes para seções com iluminação de rede, enquanto que o
aumento do nível de iluminância de 20 para 250 lux diminuíra o número de acidentes em
42% (7). Mishrat e Dixit concluíram que 35% de todos os acidentes menores ocorridos em
minas de carvão indianas podiam ser atribuídos a má iluminação (7).
Estudos efetuados durante 2 anos numa mina de carvão de West Virginia indicaram
não ter ocorrido nenhum acidente grave em uma seção iluminada, enquanto tinham
ocorrido 10 acidentes em 5 seções sem iluminação geral (7).

4.2.4. ILUMINAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL


Estima-se que na virada do século a temida e incurável doença visual nistagmus
atingia cerca de 70% dos carvoeiros da Europa e Reino Unido, mas ela desapareceu com
a utilização sistemática das lâmpadas de capacete e de novos métodos de lavra (1).
Atualmente as pesquisas se direcionam para a relação entre níveis de iluminação e
a ausência (ou excesso) de alguma faixa espectral, como por exemplo, a radiação
ultravioleta em lâmpadas fluorescentes, e também para as relações entre quantidade de
luz e ritmos corporais. Análises têm sido feitas correlacionando ausência de luz, baixa
moral e depressão psíquica ("mid-winter blues"), enfocando-se o papel da glândula pineal
cujas secreções controlam os órgãos hormonais e a qual é afetada pela qualidade e
quantidade de luz (1).

o
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Capítulo 4. Iluminação
133

A relação entre luminosidade e ritmos corporais está associada ao ritmo térmico do


corpo, o qual se repete a cada 24 horas e tende a ter o pico de temperatura coincidente
com os momentos de máxima luminosidade. Alterando-se o período de máxima
luminosidade, o corpo gradualmente altera seu ritmo termal para que os picos de luz e de
temperatura coincidam. Este aspecto é importante para o trabalho em minas porque o
pico térmico ocorre para o momento de máxima ativação e desempenho do corpo, sendo
prejudicial a alternância de turno diurno e noturno para as equipes de trabalho. É
preferível que as equipes trabalhem continuamente num mesmo horário sem a
alternância a cada semana, pois este é mais ou menos o período que o corpo leva para
se adaptar a mudança de horário.
As avaliações de iluminação têm por objetivo quantificar a iluminância nos postos
de trabalho, visando sua posterior comparação como os valores mínimos estabelecidos
pela legislação brasileira, bem como fornecer recomendações gerais, para se obter a
adequação das condições de iluminação às atividades desenvolvidas nesses locais.
Existem duas formas básicas de iluminação:
• Natural – quando existe o aproveitamento direto (incidência) ou indireto
(reflexão / dispersão) da luz solar;
• Artificial – quando é utilizado um sistema (em geral elétrico) de iluminação,
podendo ser de dois tipos:
• Geral – para se obter o aclaramento de todo um recinto ou ambiente;
• Suplementar ou Adicional – para se reforçar o aclaramento de determinada
superfície ou tarefa.

4.2.4.1. Conseqüências de uma Iluminação Inadequada


A iluminação não é, a exemplo de outros parâmetros levantados em higiene
ocupacional, propriamente um “agente agressivo”, do ponto de vista de limites de
tolerância e doenças ocupacionais. Assim mesmo, quando a mesma está inadequada, e,
na maioria das vezes a inadequação se refere à deficiência da iluminação, podemos
perceber algumas conseqüências, tais como:
• Maior fadiga visual e geral;
• Maior risco de acidentes;
• Menor produtividade / qualidade;
• Ambiente psicologicamente negativo.

4.2.4.2. Riscos Associados


Além das conseqüências diretas mencionadas acima, podemos verificar alguns
riscos associados aos aspectos de iluminação, como:
• Maior probabilidade de acidentes, quando ocorre uma variação brusca da
iluminância;

o
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Capítulo 4. Iluminação
134

• Efeito estroboscópico, que é um fenômeno que pode resultar da combinação


de:
Máquinas com partes girantes ou com movimento alternado
+
Fonte piscante (60 Hz) não percebida (ex. lâmpada fluorescente)

Isto pode resultar numa falsa impressão de que a máquina está parada, com pouco
movimento, ou até com movimento contrário ao esperado, podendo causar acidentes.

4.2.4.3. Tarefa Visual e Campo de Trabalho


Nas atividades de avaliação da iluminação, será importante, para evitar avaliações
inexpressivas (tão poucos pontos que não se conclui o estudo) ou exageradas (muitos
pontos sem importância), é importante ter-se em mente os conceitos de tarefa visual e
campo de trabalho.
Entende-se por CAMPO DE TRABALHO, toda a região do espaço onde, para
qualquer superfície aí situada, exigem-se condições de iluminação apropriadas à
TAREFA VISUAL a ser realizada.
Sendo assim, os pontos que realmente interessam ser avaliados em um estudo de
iluminação são aqueles onde são realizadas as tarefas visuais principais / habituais.

4.2.5. PROJETO DE ILUMINAÇÃO DE MINA


Um projeto de iluminação de mina deve se preocupar com os aspectos de
segurança, produtividade e saúde ocupacional. Portanto, deve ser orientado ao ambiente
mineiro e suas características peculiares, procurando tirar partido das suas
características.

4.2.5.1. Ambiente mineiro


Dentre as muitas características de minas subterrâneas, as mais influentes num
projeto de iluminação e que devem ser consideradas, pois são parte do problema, são:
• Mobilidade – as frentes de lavra se deslocam continuamente e, portanto,
também os sistemas de iluminação devem ser móveis;
• Refletância e contraste – as paredes normalmente são más refletoras e o nível
de contraste é baixo, dificultando a visão de riscos;
• Natureza do ambiente – o ambiente é muito agressivo, com gases, poeiras,
umidade, choques mecânicos, etc;
• Riscos elétricos – algumas minas apresentam gases explosivos;
• Ofuscamento – as lâmpadas são colocadas próximas ao campo de visão e
podem causar problemas de ofuscamento.

4.2.5.2. Objetivos de um projeto mineiro de iluminação


Os principais objetivos da iluminação industrial são o aumento da produtividade e
da segurança. Estes objetivos podem ser atingidos através de uma boa iluminação, que
deve oferecer inúmeras vantagens tais como:

o
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Capítulo 4. Iluminação
135

• Fisiológicas: facilitar a visão, poupar a vista, suavizar o trabalho, diminuir a


fadiga;
• Psicológicas: favorece o bem estar, inspirar trabalho ordeiro e confiança, elevar
o moral;
• Técnicas: possibilitar tarefas de precisão, melhorar a qualidade e a quantidade
da produção, diminuir riscos e acidentes.

Todos estes objetivos podem ser, pelo menos parcialmente, obtidos com um bom
projeto de iluminação mineira. Este projeto pode ser efetuado rapidamente com o uso de
uma calculadora e, alguns conceitos simples. As metodologias mais usuais são “o ponto
a ponto” e a dos “lumens”.
O fator iluminação deve ser tratado na lavra subterrânea como um importante
parâmetro de projeto, pois influi no número e severidade de acidentes, afeta a produção e
a produtividade, e caracteriza o ambiente de trabalho.

o
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Capítulo 4. Iluminação
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Tabela 4.4. Iluminância para cada grupo de tarefas visuais *


Faixa Iluminância (lux) Tipo de atividade
20 Áreas públicas com arredores
30 escuros
50

A
50 Orientação simples para
Iluminação geral para áreas usadas
75 permanência curta
interruptamente ou com tarefas
100
visuais simples

100 Recintos não usados para trabalho


150 contínuo, depósitos
200
200 Tarefas com requisitos visuais
300 limitados, trabalho bruto de
500 maquinaria, auditórios

B 500 Tarefas com requisitos visuais


Iluminação geral para área de 750 normais, trabalho médio de
trabalho 1000 maquinaria, escritórios

1000 Tarefas com requisitos visuais


1500 especiais, gravação manual,
2000 inspeção, indústria de roupas
2000 Tarefas visuais exatas e
3000 prolongadas, eletrônica de tamanho
5000 pequeno

C 5000 Tarefas visuais muito exatas e


Iluminação adicional para tarefas 7500 prolongadas, montagem micro-
visuais difíceis 10000 eletrônica

10000 Tarefas visuais muito especiais,


15000 cirurgia
20000
(*) a ser utilizada quando da não aplicação direta ou por analogia dos locais específicos definidos
na NBR 5413 da ABNT.

o
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Capítulo 4. Iluminação
137

4.2.5.3. Seleção de Iluminância


Para determinação da iluminância conveniente é recomendável considerar o
seguinte procedimento:
Na tabela anterior constam três valores de iluminância para cada grupo de tarefas
visuais. O uso adequado de iluminância específica é determinado por três fatores, de
acordo com a tabela 4.5.

Tabela 4.5. Fatores determinantes da iluminância adequada


Características da Peso
tarefa e do observador -1 0 +1

Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos

Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica

Refletância do fundo da
Superior a 70 % 30 a 70 % Inferior a 30 %
tarefa

O procedimento é o seguinte:
• Analisar cada característica para determinar o seu peso (-1, 0 ou +1);
• Somar os três valores encontrados, algebricamente mantendo o sinal;
• Quando o valor total é igual a –2 ou –3, usa-se a iluminância mais baixa do
grupo; usa-se a iluminância superior quando a soma for +2 ou +3; nos outros
casos utiliza-se o valor médio.

Como exemplo de precisão podemos mencionar a leitura simples de um jornal


versus a leitura de uma receita médica, sendo a primeira sem importância e a segunda
crítica.
É óbvio que a maioria das tarefas visuais pelo menos apresentam uma média
precisão.
Na tabela 4.6. a seguir (extraída do item 5.3 da NBR 5413:1992), das três
iluminâncias apresentadas, deve ser considerado como mínimo o valor do meio, devendo
o valor mais alto ser utilizado quando a tarefa apresentar contrastes e refletâncias
bastantes baixos, os erros forem de difícil correção, o trabalho visual for crítico, a alta
produtividade ou precisão forem de grande importância ou quando a capacidade visual
do observador estiver abaixo da média. O valor mais baixo poderá ser usado quando as
refletâncias ou contrastes forem altos, a velocidade e precisão não forem importantes ou
a tarefa for executada ocasionalmente.

o
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Capítulo 4. Iluminação
138

Tabela 4.6. Valores mínimos de iluminância em lux por tipo de atividade


Local e tipo de atividade LUX
Corredores e escadas
- geral 75 100 150
Escritórios
- registros, cartografia etc 750 1000 1500
- desenho, engenharia mecânica e arquitetura 750 1000 1500
- desenho decorativo e esboço 300 500 750
Fundições
- inspeção (material de precisão) 750 1000 1500
- inspeção (material grosseiro) 300 500 750
Indústrias Metalúrgicas
- usinagem grosseira e trabalhos de ajustador 150 200 300
- usinagem média e trabalhos de ajustador; trabalhos 300 500 750
grosseiros de plainas, tornos e polimentos
- poços de resíduos 150 200 300
- conserto de portas do forno e material refratário 150 200 300
- depósito de refugo 150 200 300
- fabricação de aço 150 200 300
- compartimento de trituração 150 200 300
Siderúrgicas
- depósitos de matérias-primas 100 150 200
- áreas de carregamento 150 200 300
- poços de resíduos 150 200 300
- aberturas para inspeções 150 200 300
- fundições de lingotes 150 200 300
- depósitos de lingotes 150 200 300
Fonte: Exemplos extraídos da tabela do item 5.3 da NBR 5413/1992 da ABNT.

Observação: a referida NBR fornece valores mínimos para a execução de várias


tarefas. Os itens específicos são bastante resumidos, porém, por analogia de atividades,
pode-se estabelecer os valores mínimos. Se houverem situações que não constem da
Tabela 4.6., usa-se a Tabela 4.4., já citada.

4.2.5.4. Avaliação em Áreas Externas


Para o caso das áreas externas, não coberto pela NBR 5413, pode-se utilizar
critérios nacionais específicos (por exemplo, normas para pátios ferroviários) porém
limitados à abrangência, ou critérios internacionais, como por exemplo a norma API - RP
540, do “American Petroleum Institute”. Veja alguns exemplos de valores a seguir.

o
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Capítulo 4. Iluminação
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Tabela 4.7. API – RP 540 – Valores mínimos de iluminância para ambientes externos
Ambiente Lux*
Corredores e escadas 15
Equipamentos em área externa 55
Bombas, válvulas, manifolds 35
Trocadores de calor 35
Plataformas de operação 35
Plataformas simples 25
Diais e painéis 55
* valores arredondados a maior, para múltiplos de 5.

Em termos de critérios nacionais, também é importante comentar sobre uma pré-


norma da ABNT, para iluminância de exteriores, publicada no 12o Encontro de Segurança
Industrial do IBP, cuja tabela de iluminância por classe de atividade é reproduzida a
seguir.

Tabela 4.8. Iluminância por classe de atividade


Fatores determinantes da iluminância necessária
Tipo de Facilidade Duração Freqüênci Iluminância
Classe Facilidade Facilidade de Importância
atividade de da a da (lux)
de acesso identificação da atividade
execução atividade atividade
pouco
fácil fácil fácil normal curta 2
I - Orientação freqüente
simples para
regular regular regular importante média freqüente 3
permanência
curta _
difícil difícil difícil crítica longa 5
pouco
II - Tarefas fácil fácil fácil normal curta 5
freqüente
visuais com
requisitos regular regular regular importante média freqüente 10
visuais
normais _
A difícil difícil _ crítica longa 20
III - Tarefas pouco
fácil fácil fácil normal curta 20
com freqüente
requisitos regular regular regular importante média freqüente 30
visuais
normais difícil difícil difícil crítica longa _ 50
IV - Tarefas pouco
fácil fácil fácil normal curta 50
com freqüente
requisitos regular regular regular importante média freqüente 75
visuais
especiais difícil difícil difícil crítica longa _ 100
pouco
V - Tarefas fácil fácil fácil normal curta 100
freqüente
em áreas
B abertas, regular regular regular importante média freqüente 150
porém com
cobertura difícil difícil difícil crítica longa _ 200

Classe A – Iluminação para áreas (locais) usados interruptamente.


Classe B – Iluminação para áreas de trabalho.

Observação: as classes, bem como os tipos de atividades não são rígidos quanto as iluminâncias
limites recomendados, ficando a critério dos responsáveis, alcançar ou não os valores das
classes/ tipos de atividades adjacentes, dependendo das características do local/tarefa.

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Capítulo 4. Iluminação
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4.2.6. EXEMPLOS OCUPACIONAIS


Em 1992, se acumularam reclamações de alunos e bibliotecárias de um
Departamento da Escola Politécnica.
As dificuldades se referiam à leitura e até mesmo identificação de nomes nas
estantes e lombadas de livros. Medidas efetuadas indicaram níveis de iluminamento de
20 a 50 lux! A solução aplicada envolveu dobrar o número de lâmpadas, usar
fluorescentes e reduzir à metade a altura das lâmpadas, porque estavam muito altas. Os
níveis de iluminamento se elevaram para cerca de 450 lux.

4.2.7. LIMITES DE TOLERÂNCIA


A legislação brasileira (portaria 3214, NR 17) dispõe sobre condições ambientais de
trabalho no item 17.5.3, do qual seguem trechos de importância quanto aspectos de
iluminação de locais de trabalho.
17.5.3 – Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou
artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.5.3.1 – A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
17.5.3.2 – A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a
evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3 – Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho
são os valores de iluminância estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no
INMETRO.
17.5.3.4 – A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser
feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com
fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de
incidência.
17.5.3.5 – Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem
17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75 m do piso.
No artigo 2o, parágrafo único, da Portaria que alterou a NR 17 (Portaria 3435 de
19/06/90) foram revogados o subitem 15.1.2, o anexo no. 4 e o item 4 do Quadro de
Graus de Insalubridade, todos da Norma Regulamentadora no. 15.
Seguem trechos da NBR 5413, a qual dispõe de valores definidos tanto para grupos
visuais, quanto por tipo de atividade exercida.

4.3. METODOLOGIAS DE MEDIÇÃO


Para a determinação dos valores de iluminância, devem ser adotados os critérios
definidos na NBR 5413, que em linhas gerais são:
“A iluminância deve ser medida no campo de trabalho. Quando este não for
definido, entende-se o nível como referente a um plano horizontal a 0,75 m do piso”.
Entende-se por campo de trabalho, toda a região do espaço onde, para qualquer
superfície nela situada, exigem-se condições de iluminação apropriadas à tarefa visual a
ser realizada.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
141

As medições devem ser feitas por amostragem, visando recolher dados de alguns
pontos de tarefas visuais, para avaliar a eficiência e adequação do sistema de
iluminação, não sendo necessário o levantamento de todos os pontos existentes.

4.3.1. INSTRUMENTAL NECESSÁRIO


O equipamento utilizado para as avaliações de iluminância deve ser um luxímetro.
Como existe no mercado uma grande diversidade de marcas e modelos de luxímetros, é
previsível que a qualidade e a adequabilidade também variem. Abaixo, são relacionados
os recursos/características mínimos que um luxímetro deve possuir para permitir uma
medição adequada e representativa.

Figura 4.13. Luxímetro com fotocélula acoplada corrigida

Observação: a fotocélula pode ser acoplada ou independente do corpo do


luxímetro, neste caso com cabo de extensão de no mínimo um metro, visando minimizar
a interferência (sombras e reflexos) no campo visual a ser medido. É importante que o
medidor de nível de iluminamento tenha uma fotocélula corrigida, de acordo com a
sensibilidade do olho humano, conforme prescreve a NR 17 no item 17.5.3.4.

4.3.2. AÇÕES CORRETIVAS


Para se buscar uma iluminação adequada e eficaz, não devemos estar somente
fixados no aspecto de maior número de lâmpadas ou maior potência. A adequação irá
resultar da combinação dos seguintes fatores:
Tipo de Lâmpada:
• Reprodução de cores;
• Aplicações especiais;
• Carga térmica;
• Eficiência luminosa.

Tipo de luminária:
• Difusão;
• Diretividade;
• Ofuscamento/reflexos.

Quantidade de luminárias:

o
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Capítulo 4. Iluminação
142

• Valor adequado de iluminância.

Distribuição:
• Homogeneidade;
• Contrastes;
• Sombras.

Manutenção:
• Reposição;
• Limpeza.

Cores:
• Refletância;
• Ambiente.

4.4. CASOS REAIS – PROJETO DE ILUMINAÇÃO EM SUBSOLO


Um projeto de iluminação de mina deve se preocupar com os aspectos de
segurança, produtividade e saúde ocupacional. Deve ser orientado ao ambiente mineiro e
suas características peculiares, procurando tirar partido das suas características.
As características de minas subterrâneas influentes num projeto de iluminação
incluem:
• Mobilidade – as frentes de lavra se deslocam continuamente e, portanto
também os sistemas de iluminação devem ser móveis;
• Refletância e contraste – as paredes normalmente são más refletoras e o nível
de contraste é baixo, dificultando a visão de riscos;
• Natureza do ambiente – o ambiente é muito agressivo, com gases, poeiras,
umidade, choques mecânicos, além de ser confinado no sentido de espaços
reduzidos;
• Riscos elétricos – algumas minas apresentam gases explosivos;
• Ofuscamento – as lâmpadas são colocadas próximas ao campo de visão,
porque o espaço é reduzido, podendo causar problemas de ofuscamento.

4.4.1. OBJETIVOS DE UM PROJETO MINEIRO DE ILUMINAÇÃO


Os principais objetivos da iluminação industrial são o aumento da produtividade e
da segurança. Estes objetivos podem ser atingidos através de uma boa iluminação, mas
o que é uma boa iluminação?
Uma boa iluminação deve apresentar:
• Uma iluminância uniforme, de modo que a distribuição de luz proporcione a
aparência correta dos objetos e permita sua identificação sem falseamento de
formas e cores.
• Ausência de ofuscamento e sombras duras; o ofuscamento causado por fluxo
excessivo nos olhos é um dos mais graves defeitos de iluminação. Numa mina é
em geral causado por lâmpadas descobertas na altura dos olhos.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
143

Complicadores de um projeto de iluminação em mina subterrânea incluem as rudes


condições ambientais encontradas tais como:
• Existência de poeira, que diminui a transmissão atmosférica e suja as
luminárias;
• Atuação da umidade e das altas temperaturas favorecendo a corrosão;
• Ocorrência de choques mecânicos devido a mobilidade dos equipamentos,
máquinas e pessoal;
• Existência de gases e poeiras explosivas;
• Geometria e dimensões das aberturas que favorecem situações de
ofuscamento;
• Baixas refletâncias das superfícies das paredes, pisos e tetos.

Em subsolo alguns parâmetros podem ser alterados enquanto outros não, e é difícil
a comparação entre os valores de projeto e os reais porque simplesmente não existem
medidas fotométricas precisas numa mina. Cálculos muito precisos não tem, portanto,
sentido e é comum que para se enquadrar um ambiente em alguma norma se utilize
adotar uma margem de segurança de 100% em vez dos valores comuns de 10 a 20%.
Por causa disso um bom projeto de iluminação de mina pode ser feito com uma
calculadora não sendo necessário nem justificável recorrer-se aos sofisticados programas
existentes no mercado.
O ambiente de trabalho subterrâneo é de alto risco e a iluminação mineira deve ter
alguns objetivos inerentes a sua própria natureza, tais como.

4.4.1.1. Aumento da visibilidade dos riscos


Nas minas subterrâneas e em especial nas de carvão, os baixos contrastes e
baixos níveis de iluminância tornam difícil a identificação visual de riscos. Um dos
objetivos da iluminação em subsolo é, portanto aumentar a visibilidade de objetos de
risco como cabos, ferramentas mal localizadas, madeiramento, blocos de rocha
descalçados, bocas de chutes ou chaminés no piso, etc.

4.4.1.2. Aumento da resposta visual ao campo periférico


Tendo-se apenas lâmpadas individuais de capacete, é difícil se observar
movimentos de pessoas, equipamentos e blocos de rocha ocorrentes no campo visual
periférico (locado fora do facho principal da lâmpada de capacete). A boa iluminação
permite que se perceba sutis movimentos em qualquer ponto do campo visual normal.
Isto leva a se detectar os riscos mais cedo, tendo-se um tempo maior de reação.

4.4.1.3. Mobilidade
Um projeto comum de iluminação é orientado para uma área específica onde
equipamentos de iluminação podem ser instalados permanentemente. Numa mina a face
avança continuamente, e várias faces podem estar sendo lavradas ao mesmo tempo por
um mesmo equipamento. Existem, portanto duas opções de projeto: colocação de fontes
de luz nos equipamentos ou instalação de sistemas semipermanentes em cada face
ativa.

o
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Capítulo 4. Iluminação
144

4.4.1.4. Refletância e contraste


Sob igual iluminância o "brilho" de uma superfície depende de sua refletância, e na
maioria das aplicações tem-se superfícies que refletem uma alta porcentagem da luz
incidente. Numa mina de carvão quase todas as superfícies têm baixíssima refletividade,
da ordem de 4%, e para se ter um dado nível de brilho superficial as fontes subterrâneas
de luz deveriam gerar de 10 a 20 vezes mais energia luminosa. Ressaltemos que uma
baixa refletividade favorece a eliminação de reflexos secundários e sob este aspecto, tem
um lado positivo. Minas metálicas de sulfetos também tem refletâncias muito baixas, e
qualquer mina subterrânea tem refletância das paredes muito menor do que aquelas
normais de paredes claras de escritórios.
Outro parâmetro importante a ser considerado é o contraste entre os níveis de
iluminância do objeto e do ambiente de fundo contra o qual se observam os detalhes.
Refletividade e contraste requerem fontes de luz de alta energia luminosa e isto pode
causar problemas de ofuscamento, de modo que cada projeto deverá procurar o seu
ponto de equilíbrio.

4.4.1.5. Riscos elétricos


Toda vez que se instala mais equipamento elétrico numa máquina ou numa
abertura subterrânea, aumenta-se a possibilidade de ocorrer uma falha elétrica, um
choque ou uma explosão (por exemplo, se a atmosfera contiver metano).

4.4.1.6. Ofuscamento
Sistemas de iluminação em subsolo têm muitas vezes sua eficiência ameaçada por
problemas de ofuscamento, originário em fatores como: necessidade de sistemas de alta
potência luminosa (face às baixas refletividades); alto contraste entre a fonte de luz e o
fundo de baixa refletividade; colocação de lâmpadas na linha de visão dos trabalhadores.
Este último fator pode ser causado por restrições geométricas (forma e tamanho das
galerias, localização dos suportes), ou por necessidades de iluminância mínima para
certas tarefas.
As maiores dificuldades na execução de um projeto mineiro de iluminação estão
associadas à:
• Dificuldades de instalação (tetos podem conter blocos soltos);
• Variações de voltagem (comuns em minas face aos grandes equipamentos);
• Padronização imperfeita das lâmpadas;
• Alteração da inclinação e orientação das luminárias (devido a choques com
máquinas e ferramentas);
• Alteração dos fatores de manutenção (devido ao estado de conservação);
• Absorção atmosférica (devido ao pó em suspensão);
• Variações da produção luminosa com o tempo.
Um fator importante nos projetos mineiros é o empoeiramento das luminárias com o
decorrer do tempo e que pode reduzir em mais de 50% o fluxo útil emitido.
A influência da poeira é introduzida no projeto por meio de um fator de manutenção
(FM), um número empírico variável de mina para mina e mesmo dentro de uma mesma
mina. Minas de carvão são muito empoeiradas e a presença de água transforma o pó em

o
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Capítulo 4. Iluminação
145

lama. A velocidade do fluxo de ar é importante porque pode impedir que a poeira se


deposite em camadas. O fator de manutenção varia também em função da freqüência de
limpeza das luminárias, que pode variar desde mensal até apenas quando o bulbo
queima. Os fatores de manutenção variam desde 0,9 a 0,3 (para os casos mais
desfavoráveis).
Numa mina com atmosfera limpa, a absorção varia entre 2 a 5% mas em algumas
situações críticas ela pode ser bem maior. Bons sistemas de ventilação mantêm a
atmosfera razoavelmente limpa, mas após detonações ou no encontro de correntes de ar
quente úmido com ar frio pode-se, ter altos níveis de fumaça ou neblina. Nestas
situações, pode-se assumir um fator absorção (FA) que pode atingir valores de dezenas
de porcento e baixar o fator de manutenção para valores de 0,5.

4.4.2. PROJETO PELO MÉTODO PONTO A PONTO


Um projeto de iluminação em subsolo pode ser executado pelo método ponto a
ponto ou pelo método dos lúmens, que são simples e práticos. Outros métodos mais
sofisticados não se justificam na lavra em subsolo.
No método ponto a ponto se estima a iluminância e a luminância no plano de
trabalho, a partir das distribuições de fluxo das diversas fontes e das leis que relacionam
a propagação e a reflexão deste fluxo.
O método ponto a ponto se baseia na chamada lei do cosseno ao cubo. As
expressões analíticas mais usadas para pisos de galerias horizontais são:

I (θ ) × cos 3 θ
E ( P,θ ) = FM × FA × (4.27)
h2
I (θ ) × cos 3 θ
FA
L( P ) = FM × × (4.28)
π h2
Onde:
E(P, θ) = iluminância no ponto P do piso da galeria, com ângulo θ com relação à lâmpada
do teto, dada em lux.; θ fica definido pelas retas vertical pela lâmpada e a que une a
lâmpada ao ponto P do piso
FM = fator de manutenção, a ser estimado para cada mina e região desta, adimensional
FA = fator de absorção atmosférica devido a partículas no ar da mina, entre 0,9 e 1
I(θ) = intensidade luminosa da lâmpada na direção dada pelo ângulo θ, expressa em
candelas. Consta dos dados da lâmpada fornecidos pelo fabricante
h = altura média da galeria
π = constante de valor 3,14

A figura 4.14. Ilustra a utilização das fórmulas básicas do método ponto a ponto.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 4. Iluminação
146

Figura 4.14. Método ponto a ponto aplicado à galeria de mina

o
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Capítulo 4. Iluminação
147

4.5. TESTES

1. Considere as informações abaixo sobre a luz:


I – Os parâmetros mais importantes para se caracterizar a luz são seu comprimento
de onda e sua freqüência;
II – A luz é uma forma de energia eletromagnética pontual;
III – Atualmente utilizamos apenas a teoria ondulatória para analisar a luz;
IV – Quanto maior a freqüência, os aspectos corpusculares são mais notáveis.
Qual a alternativa correta?
a) Apenas II é falsa.
b) Apenas I é verdadeira.
c) Apenas I e IV são verdadeiras.
d) I, II e III são verdadeiras.
e) Apenas I e III são falsas.

2. Qual informação é incorreta sobre o comportamento da luz?


a) A soma da refletância, absorbância e transmitância sempre deve ser igual a “1”.
b) Todo corpo acima de zero Kelvin emite radiações.
c) A velocidade de propagação da luz no vácuo é independente do comprimento de
onda.
d) Não existem objetos que possuam algum dos quocientes (r,t,a) com valor nulo.
e) Um material transparente sempre transmite a luz sem espalhamento.

3. Qual a cor em que o olho é mais sensível, ou seja, apresenta maior eficiência?
a) Vermelho.
b) Amarelo.
c) Azul.
d) Preto.
e) Verde.

4. A faixa de comprimento de onda que sensibiliza o olho humano é estimada em:


a) 160 a 590 nm.
b) 380 a 780 nm.
c) 580 a 1200 nm.
d) 1080 a 2380 nm.
e) 1500 a 3000 nm.

o
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Capítulo 4. Iluminação
148

5. A definição de refletância é:
a) Uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz refletida.
b) Uma medida do quanto a luz vai ser desviada após sua reflexão.
c) O maior valor que a superfície pode refratar.
d) Uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz incidente.
e) n.d.a.

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Capítulo 5. Pressões
149

CAPÍTULO 5. PRESSÕES

OBJETIVOS DO ESTUDO

Neste capítulo serão abordados os principais conceitos referentes às pressões


anormais e seus efeitos no organismo humano.

Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a:


• Listar as três principais leis dos gases relacionadas às pressões;
• Conhecer as principais patologias associadas;
• Entender os mecanismos de compressão e descompressão; e
• Enumerar as medidas de controle relativas ao ambiente e ao pessoal.

o
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Capítulo 5. Pressões
150

5.1. PRESSÕES ANORMAIS


No desenvolvimento de suas atividades, os trabalhadores são influenciados pela
pressão atmosférica em seu ambiente de trabalho. Em grande parte das atividades a
pressão de trabalho é a atmosférica ou próxima dela, pois no Brasil não temos muitos
locais de altitudes elevadas, no entanto algumas atividades expõem os trabalhadores a
pressões acima da normal em trabalhos de mergulho e em tubulões pressurizados.

5.2. EFEITOS DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO ORGANISMO


Como o corpo é constituído de muitas cavidades pneumáticas e o sangue é uma
solução que se presta para o transporte de gases, sofre muito com as variações de
pressão, que alteram o volume dos gases, bem como a solubilidade dos gases no
sangue. Essas alterações são regidas pelas leis dos gases.

Tabela 5.1. Leis dos gases


A uma temperatura constante, o volume
Lei de Boyle de um gás é inversamente proporcional à
sua pressão.
A pressão total de uma mistura gasosa é
Lei de Dalton igual à soma das pressões parciais dos
componentes.
A quantidade de um gás que se dissolve
em um líquido, a uma determinada
Lei de Henry
temperatura, é proporcional à pressão
parcial do gás.

Com o aumento da pressão do ar, aumenta também a solubilidade dos gases no


sangue, fazendo com que mais nitrogênio e oxigênio se dissolvam no sangue, alterando
o equilíbrio dessa solução. Com a diminuição da pressão diminui também a solubilidade
dos gases no sangue. No caso dessas variações, o sangue atinge o seu equilíbrio em
poucos minutos, no entanto o tecido adiposo pode levar horas para liberar o nitrogênio
dissolvido. Daí a necessidade de se aumentar ou diminuir a pressão vagarosamente e
em estágios que são função da pressão e do período que o trabalhador ficou nessa
pressão.
Essas variações de pressão resultam em alguns tipos de doenças.

5.2.1. BAROTRAUMA
É um acidente que decorre da incapacidade de se equilibrar a pressão no interior
das cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em variação.

o
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Capítulo 5. Pressões
151

Tabela 5.2. Relação profundidade e volume pulmonar


Profundidade Volume pulmonar
(metros) (litros)
0 6
10 3
30 1,5
>30 Barotrauma Pulmonar

5.2.2. EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR


No caso de um mergulhador ter que subir rapidamente em uma situação de
emergência, tendo respirado ar comprimido no fundo, o ar retido nos pulmões aumenta
de volume, podendo romper os alvéolos, provocando a penetração do ar na corrente
sanguínea. Esse acidente não ocorre no mergulho livre.

5.2.3. EMBRIAGUÊS DAS PROFUNDIDADES


A embriaguês das profundidades é provocada pela impregnação difusa do sistema
nervoso central por elementos de uma mistura gasosa respirada além de uma certa
profundidade, com manifestação psíquicas, sensitivas e motoras.
A 30 metros de profundidade começam a aparecer os sinais de embriaguês, a
60 metros, com ar comprimido, as tarefas são prejudicadas por esse problema. A
90 metros, poucas pessoas conseguem executar as tarefas programadas.
Existe uma proporcionalidade entre a profundidade e a intensidade dos sintomas,
justificando a chamada “Lei Martini” a cada 100 pés de profundidade, correspondem aos
efeitos de uma dose de Martini.
No caso da Compressão, diversos riscos atingem os trabalhadores como: irritação
dos pulmões quando a pressão atinge o nível de 5 atmosferas; narcose pelo nitrogênio
com início em 4 atmosferas e até produzir perda da consciência a 10 atmosferas.
Na descompressão diversos problemas podem ocorrer como:
• Ruptura dos alvéolos pela expansão brusca do ar nos pulmões;
• Com a descompressão muito rápida, a quantidade de nitrogênio liberada do
sangue pode-se dar numa velocidade maior que a capacidade do sangue de
transportá-la para os pulmões, podendo ocorrer fortes dores em várias partes do
corpo;
• Dores abdominais ocorrem pela expansão dos gases nos intestinos;
• Dor de dente provocada pela expansão dos gases presos entre o dente e uma
obturação;
• Inconsciência, tonturas e paralisia no caso de atingir o sistema nervoso central.

o
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Capítulo 5. Pressões
152

5.3. MEDIDAS DE CONTROLE


O anexo 6 da NR-15 da portaria 3214 do Ministério do Trabalho estabelece critérios
para o planejamento das compressões e descompressões, o limite superior de pressão
que é de 3,4 kg/cm2 e o período máximo de trabalho para cada faixa de pressão
conforme a tabela:

Tabela 5.3. Relação da pressão e o período máximo de trabalho


Pressão de trabalho Período máximo
(kg/cm2) (horas)
0 a 1,0 8
1,1 a 2,5 6
2,6 a 3,4 4

O anexo D (anexo 6 da Portaria n°. 5 de 09/02/1983) também fornece as tabelas de


descompressão para os mais variados período de trabalho em função da pressão.

5.3.1. COMPRESSÃO
No caso da compressão deve-se elevar a pressão de 0,3 kgf/cm2 no primeiro
minuto, fazendo-se a seguir a observação dos sintomas e efeitos nos trabalhadores. A
partir daí, com uma taxa de no máximo 0,7 kgf/cm2 por minuto aumenta-se a pressão até
o valor de trabalho. No caso de algum problema em qualquer etapa da compressão, ela
deve imediatamente interrompida.

5.3.2. DESCOMPRESSÃO
No caso da descompressão, além da pressão de trabalho é necessário também o
tempo de permanência nessa pressão. Na descompressão a pressão será reduzida a
uma taxa não superior a 0,4 kgf/cm2 por minuto até o primeiro estágio, definido na tabela
a ser utilizada. A seguir se mantém a pressão por um tempo de parada indicado na tabela
5.4.

o
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Capítulo 5. Pressões
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Tabela 5.4. Estágios de Descompressão.


Pressão de Tempo de
Trabalho *** ESTÁGIO DE DESCOMPRESSÃO (kgf/ cm 2) * descompressão
(kgf/ cm 2) (min) **
1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
2,0 a 2,2 5 25 40 70
2,2 a 2,4 5 10 30 40 85
2,4 a 2,6 5 20 35 40 100
2,6 a 2,8 5 10 25 35 40 115
2,8 a 3,0 5 15 30 35 45 130
3,0 a 3,2 5 10 20 30 35 45 145
3,2 a 3,4 5 15 25 30 35 45 155

* ** ***
NOTAS A descompressão deverá Não está incluído o Para os valores limites
ser feita à velocidade não tempo entre estágios de descompressão use
superior a 0,4 kgf/cm 2 o maior valor

Quadro 5.1.
Um trabalhador vai realizar um trabalho em um tubulão a uma pressão de 2,0
kg/cm2 durante duas horas. Determinar os procedimentos para a etapa de compressão e
de descompressão.

Resolução:

1) ETAPA DE COMPRESSÃO

Iniciamos a compressão do tubulão de forma que em um minuto tenhamos 0,3

kgf/cm2. Após atingir esse valor, mantemos a pressão por um certo tempo para

fazer uma avaliação das condições do trabalhador. Se ele não apresentar nenhum

sintoma nem queixa, continuamos a compressão a uma velocidade não superior a

0,7 kgf/cm2 por minuto, até atingirmos a pressão de trabalho (2,0 kgf/cm2).

Após duas horas de trabalho, iniciaremos os procedimentos para a etapa da

o
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Capítulo 5. Pressões
154

descompressão.

2) ETAPA DE DESCOMPRESSÃO

Selecionamos a tabela de descompressão para o período de 1:30 e 2,0 horas e

para a pressão de trabalho de 2,0 kg/cm2.

A tabela 5.4 indica um procedimento de descompressão em três estágios:

No primeiro estágio a pressão deve baixar de 2,0kg/cm2 até 0,6 kgf/cm2 a uma

velocidade de 0,4 kgf/cm2, em um tempo de 3 minutos e 30 segundos. A seguir

mantemos essa pressão (0,6kgf/cm2) por cinco minutos. Após esse tempo de

parada, reduzimos a pressão de 0,6 para 0,4kgf/cm2, portanto num tempo de 30

segundos e nesse segundo estágio, mantemos a pressão por 25 minutos. Para se

atingir o terceiro estágio, baixamos a pressão até 0,2 kgf/cm2 em um tempo de 30

segundos e mantemos a pressão por 40 minutos. Cumprido o último estágio serão

necessários mais 30 segundos para se atingir a pressão atmosférica normal.

O tempo total de descompressão foi de 75 minutos.

Esse trabalhador deverá ficar na empresa pelo menos por mais duas horas

após o término da tarefa, para observações e acompanhamento de seu estado

físico.

o
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Capítulo 5. Pressões
155

5.3.3. CÂMARA DE COMPRESSÃO


Deve-se controlar a temperatura e o nível dos contaminantes, que sob pressões
maiores são mais facilmente absorvidos pelo organismo. O anexo 6 estabelece alguns
limites de concentração conforme a tabela 5.5:

Tabela 5.5. Contaminante e seu Limite de Tolerância


Contaminante Limite de Tolerância
Monóxido de Carbono 20 ppm/v
Dióxido de Carbono 2.500 ppm/v
5 mg/m3 (PT<2 kgf/cm2)
Óleo/Material Particulado
3 mg/m3 (PT>2 kgf/cm2)
Metano 10% do LIE
Oxigênio mais de 20%
Onde: ppm/v (partes por milhão em volume)
PT = Pressão de Trabalho
LIE = Limite Inferior de Explosividade

O controle da temperatura deve ser feito através de um sistema de refrigeração do


ar e durante a permanência dos trabalhadores no interior do tubulão, e o limite de
tolerância é dado pelo TGU (Temperatura de Globo Úmido) de 27 graus centígrados,
medidos através do termômetro de Globo Úmido (Botsball). A taxa de ventilação deve
ser de pelo menos de 30 pés cúbicos/minuto/homem.
No caso de pressões elevadas recomenda-se substituir a mistura
Oxigênio/Nitrogênio por mistura Oxigênio/Hélio, pois o Hélio não apresenta os
inconvenientes dos efeitos anestésicos do Nitrogênio.
O anexo 6 da Portaria n°. 5 de 09/02/1983 (anexo D) exige a sinalização dos locais
de trabalho sob pressão, através de uma placa de identificação, com 4 cm de altura e 6
cm de largura, em alumínio de 2 mm, com os dizeres conforme a figura 5.1.:

(frente) (verso)
_______________________________
EM CASO DE INCONSCIÊNCIA OU MAL DE
NOME DA COMPANHIA
CAUSA INDETERMINADA TELEFONAR
_______________________________
IMEDIATAMENTE PARA O N°_________ E LOCAL E ANO
ENCAMINHAR O PORTADOR DESTE PARA ________________________________
NOME DO TRABALHADOR
____________.
ATENÇÃO: TRABALHO EM AR COMPRIMIDO

Figura 5.1. Sinalização exigida nos locais de trabalho sob pressão

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Capítulo 5. Pressões
156

Quadro 5.2.
Em um trabalho em tubulão pressurizado, em uma pressão de 1,8 kg/cm2
durante 3 horas, o início da compressão se deu por volta das 13 horas, sendo o
período de trabalho das 8 às 17 horas. Programar as etapas de compressão, trabalho
e descompressão.

Resposta:

O primeiro trabalho será selecionarmos a tabela adequada:

Pegaremos a tabela para período de trabalho de 3 a 4 horas, que é mais

conservativa do que a tabela de 2:30 a 3 horas.

COMPRESSÃO

• 0,7 kg/cm2/minuto de 1,8 a 0 (2,5 mais 1 minuto para verificação das

condições a 0,3kg/cm2)

Tempo total de compressão: 3,5 minutos

DESCOMPRESSÃO

Para a pressão de 1,8 kg/cm2, teremos quatro estágios de descompressão:

• 1,0 kg/cm2 durante 5 minutos

• 0,8 kg/cm2 durante 15 minutos

• 0,6 kg/cm2 durante 30 minutos

• 0,2 kg/cm2 durante 45 minutos

Portanto na descompressão teríamos 95 minutos mais o período entre

estágios(1,8kg/cm2 dividido por 0,4kg/cm2/minuto que é de 4,5 minutos)

o
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Capítulo 5. Pressões
157

Tempo total de descompressão igual a 99 minutos e meio,

aproximadamente 100 minutos

Tempo total de trabalho: 403,5 minutos sendo:

• Compressão: 3,5 minutos

• Trabalho: 180 minutos

• Descompressão: 100 minutos

• Descanso após compressão: 120 minutos(para verificação do estado de

saúde)

RESPOSTA: Se a compressão começou às 13hs, com 6horas e 43,5

minutos, o trabalhador sairá do canteiro de obras às 19:44 hs, e receberá 2:44

minutos de hora extra.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
158

Quadro 5.3
Em um trabalho em tubulão pressurizado programado para duas horas, após
uma hora, a temperatura de globo úmido resultou em 28°C. Que providências você
tomaria?

Resposta:

Como a TGU (Temperatura de Globo Úmido) máxima é de 27oC, a primeira

providência é parar as atividades para diminuir o Metabolismo de trabalho.

A seguir verificar o sistema de troca de ar se está adequado e se estiver, e

não for possível modificar as condições ambientais, iniciar o estágio de

descompressão parando todas as atividades no tubulão, pois os trabalhadores

provavelmente estiveram sujeitos à sobrecarga térmica Na programação de

novas compressões, fazer uma inspeção geral em todo o sistema para evitar

problemas com sobrecargas térmicas.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
159

Quadro 5.4.
Programe as etapas de compressão, trabalho e descompressão em tubulão
pressurizado, por 1:30 hs, a uma pressão de 1,6 kg/m2.

Resposta:

A primeira tarefa é selecionar a tabela de descompressão adequada.

Tabela para 1:30 a 2horas, pressões de 1 a 2,0 kg/cm2

A 1,60 kg/cm teremos dois estágios de compressão e as atividades seriam

desenvolvidas da seguinte forma:

• Estágio de compressão até 0,3 kg/cm2 com parada p/verificação.

• Estágio de compressão com 0,7kg/cm2 /min até 1,6 kg/cm2

• Etapa de trabalho de 1:30hs

• Etapa de descompressão (0,4kg/cm2/min.) até 0,4kg/cm2

• Parada de 10 minutos (1o estágio)

• Descompressão até 0,2 kg/cm2

• Parada de 30 minutos (2o estágio)

• Descompressão até 0 kg/cm2

• Etapa de observação e acompanhamento médico: 120 minutos.

• Tempo total: 257 minutos (4:17hs):

• Estágio de compressão (0,7kg/cm2/min de 0 a 1,6kg/cm2) = 3 minutos

• Etapa de trabalho: 90 minutos

• Etapa de descompressão (0,4kg/cm2/min) = 4 minutos

• Estágios de descompressão = 40 minutos

Etapa de observação médica = 120 minutos

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
160

5.4 RESUMO DAS MEDIDAS DE CONTROLE PARA TRABALHO SOB AR


COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS PRESSURIZADOS
5.4.1. RELATIVAS AO AMBIENTE
1) Ventilação contínua de, no mínimo, 30 pés3/min/homem.
2) TGU ≤ 27ºC.
3) Sistema de telefonia ou similar para comunicação com o exterior.
4) A qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza.
5) Pressão máxima = 3,4 kgf/cm2 (exceto emergência e tratamento médico).

5.4.2. RELATIVAS AO PESSOAL


1) Uma compressão a cada 24 horas.
2) 18 anos ≤ idade ≤ 45 anos.
3) Exame médico obrigatório, pré-admissional e periódico.
4) Uso obrigatório de plaqueta de identificação.
5) Inspeção médica antes da jornada de trabalho.
6) Proibido o trabalho para alcoolizados, ingestão de bebidas alcoólicas e fumo nos
ambientes de trabalho.
7) Deve haver instalações para assistência médica, recuperação, alimentação e
higiene.
8) Cada trabalhador deve possuir atestado de aptidão ao trabalho, válido por 6
meses.
9) Após descompressão o trabalhador deve permanecer, no mínimo, 2 horas no
canteiro de obras sob observação médica.
10) Folha de registro de compressão e descompressão.

5.5. CORRELAÇÃO ENTRE A ALTITUDE, A PRESSÃO ATMOSFÉRICA E A


PRESSÃO PARCIAL DO OXIGÊNIO

Tabela 5.6. Correlação entre a altitude, a pressão atmosférica e a pressão parcial do


oxigênio
Pressão Atmosférica
Altitude (m) P02 (mmHg)
(mmHg)
0(nível do mar) 760 159,2
1.000 674 141,2
2.000 596 124,9
3.000 526 96,9
4.000 462 96,9
9.000 231 48,4

o
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Capítulo 5. Pressões
161

5.6. EFEITOS DA ALTITUDE NO ORGANISMO


5.6.1. A CURTO PRAZO
a) Hiperventilação (taquipnéia) estimulada pela baixa PO2 que diminui a
porcentagem de saturação da hemoglobina;
b) Maior eliminação de CO2 que baixa a PCO2 e aumenta o pH provocando a
alcalose respiratória;
c) Tonturas, vertigens e enjôo.

5.6.2. A MÉDIO PRAZO


a) Excreção de HCO3- pela urina para baixar o pH até o normal;
b) Perda de H2O que provoca desidratação e diminui o volume plasmático;
c) Hemoconcentração - aproximação das hemácias para facilitar o transporte de O2
por um processo difusional.

5.6.3. A LONGO PRAZO


a) Secreção de eritropoietina pelo rim estimulando a medula óssea a fazer
eritropoiese (reposição dos eritrócitos);
b) Aumento de volume sanguíneo - recuperação da capacidade de transporte de O2
com o sangue com mais hemácias que o normal à nível do mar.
A aclimatização se dá em duas semanas para uma altitude de até 2.100 metros e a
cada 600 metros a mais, aumenta mais uma semana.
Após a aclimatização há um aumento do volume sanguíneo e do número de
hemácias aumentando a capacidade de transporte de O2. Entretanto, a massa muscular
e o peso corporal diminuem devido à desidratação e supressão do apetite que provocam
o catabolismo protéico.
Pela menor oferta de oxigênio, diminui também a capacidade oxidativa.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
162

5.7. MEDICINA HIPERBÁRICA E OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA (O2HB)


A Medicina Hiperbárica é uma especialidade médica que se dedica ao estudo, à
prevenção e ao tratamento das doenças e lesões decorrentes do mergulho e do trabalho
em ambientes pressurizados (como na construção de túneis e pontes em áreas
alagadas). Sua origem remonta à 1841 na França, quando Triger, um engenheiro de
mineração francês fez a primeira descrição dos sintomas de doença descompressiva em
operários de uma mina de carvão. Em 1854, os médicos franceses Pol e Watelle
observaram que a recompressão aliviava os sintomas da doença descompressiva.
A Oxigenioterapia Hiperbárica (O2HB) é uma modalidade de tratamento médico, do
âmbito da Medicina Hiperbárica, na qual o paciente ventila ("respira") oxigênio puro (à
100%) à uma pressão ambiente maior que a pressão atmosférica normal, para a
supressão ou controle de condições patológicas específicas.
Este procedimento é realizado em um equipamento especial chamado câmara
hiperbárica.
O uso terapêutico do oxigênio hiperbárico teve início em 1937 quando Behnke e
Shaw o utilizaram para tratamento de doenças descompressivas. Em 1955 surgiram dois
trabalhos pioneiros que tornaram-se referências clássicas da oxigenioterapia hiperbárica:
High-Pressure Oxygen and Radiotherapy, publicado no The Lancet por I.Churchill-
Davidson e;
Life without Blood, publicado no J.Cardiovasc.Surg. pelo cirurgião cardiovascular
holandês Ite Boerema, considerado o "pai" da Medicina Hiperbárica moderna.
Desde então, a O2HB vem sendo utilizada, seja como tratamento principal, seja
como terapêutica coadjuvante, em várias patologias refratárias às abordagens
convencionais.

Figura 5.2. Câmara hiperbárica

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
163

5.8. TESTES

1. Qual a afirmação incorreta com relação às pressões?


a) A pressão total de uma mistura gasosa é igual à soma das pressões parciais dos
componentes.
b) A uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional
à sua pressão.
c) Quando há variação de pressão, o tecido adiposo atinge o seu equilíbrio em
poucos minutos, no entanto o sangue pode levar horas para liberar o nitrogênio
dissolvido.
d) Na maior parte das atividades a pressão de trabalho é próxima à atmosférica
e) Com o aumento da pressão do ar, aumenta também a solubilidade dos gases no
sangue.

2. Qual das doenças abaixo não é causada por variação de pressão?


a) Embolia traumática pelo ar.
b) Embriaguês das profundidades.
c) Pneumonia.
d) Barotrauma.
e) Duas alternativas estão corretas.

3. Qual a lei que a uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente


proporcional à sua pressão.
a) Lei de Dalton.
b) Lei de Henry.
c) Lei de Boyle.
d) Lei de Nilton.
e) n.d.a.

4. Assinale a alternativa incorreta.


Na descompressão diversos problemas podem ocorrer como:
a) Ruptura dos alvéolos pela expansão brusca do ar nos pulmões;
b) Com a descompressão muito rápida, a quantidade de oxigênio liberada do
sangue pode se dar numa velocidade maior que a capacidade do sangue de
transportá-la para os pulmões, podendo ocorrer fortes dores em várias partes do
corpo.
c) Dores abdominais ocorrem pela expansão dos gases nos intestinos;
d) Dor de dente provocada pela expansão dos gases presos entre o dente e uma
obturação;
Inconsciência, tonturas e paralisia no caso de atingir o sistema nervoso central
e) n.d.a

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Capítulo 5. Pressões
164

5. Para pressões elevadas recomenda-se substituir a mistura Oxigênio/Nitrogênio


por:
a) Oxigênio/Hidrogênio.
b) Oxigênio/Hélio.
c) Oxigênio.
d) Nitrogênio.
d) n.d.a.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
165

ANEXO A – ESCLARECIMENTOS BÁSICOS E DÚVIDAS MAIS FREQUENTES


SOBRE O AGENTE RUÍDO

O higienista e consultor de empresas, Mário Fantazzini escreveu este artigo com a


finalidade de auxiliar os profissionais que atuam junto ao agente ruído procurando
esclarecer suas dúvidas mais freqüentes. Com base nos questionamentos que tem
recebido durante sua atividade como professor na Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo fez esta compilação. Sem a pretensão de esgotar o tema, o autor apresenta
uma seleção dos principais itens dividindo-os em blocos diferenciados. Esperamos que
lhe seja útil!

• PRA COMEÇO DE CONVERSA


9 O que é som?
O som, como entendido subjetivamente pelas pessoas, é algo que promove a
sensação de escutar. Entretanto, fisicamente falando, são as alterações de pressão no
ambiente (as quais são detectadas pelo sistema auditivo) que produzem o estímulo para
a audição. São ondas mecânicas (para diferenciarmos das ondas eletromagnéticas), que
se deslocam “à velocidade do som”, e são capazes de ser refletidas, absorvidas,
transmitidas em outros meios que não o ar. Som é uma categoria genérica, mas
podemos distinguir vários tipos de “sons”. O som mais simples, uma onda que se
constitui em uma única freqüência, é chamado de “tom puro”. Este som é raro no dia-a-
dia das pessoas, que está povoado de sons complexos (compostos de várias
freqüências). O som complexo mais estruturado é o som musical que é composto de
várias freqüências, entendidas como uma freqüência fundamental (a “nota” musical
emitida), acompanhada de várias outras, múltiplas de números inteiros da mesma, cada
qual com sua intensidade e que, no seu conjunto, fornece a sensação de “timbre”
daquele som (por isso sabemos que alguém está tocando um piano e não um trombone,
apesar de ser a mesma nota musical). É importante observar que para a pessoa, a
sensação é de que existe um só “som”, pois o ouvido não consegue analisar e discriminar
cada freqüência, dando ao ouvinte a consciência de cada uma. É uma sensação global
que associa à “nota” musical recebida um timbre muito característico. Apesar de não
conseguirmos identificar as freqüências formadoras de um som complexo, possuímos
uma excelente memória de timbres. Sabemos, por exemplo, identificar quem fala ao
telefone, mesmo em ligações ruins; sabemos quando alguém está mexendo na nossa
gaveta da cômoda, ou quando fecharam a porta do banheiro ou da área de serviço, pois
temos esses timbres na memória.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
166

9 O que é ruído?
O ruído é também um conjunto de freqüências emitidas simultaneamente, porém,
neste caso, não existe qualquer relação específica entre elas. Em um dado ruído, podem
estar presentes (e freqüentemente estão) todas as freqüências audíveis. Assim, um ruído
é um “pacote” de freqüências, sem relação direta entre as mesmas, que pode cobrir toda
a gama audível, cada um com uma amplitude (pressão sonora) individualizada. Por isso,
não faz sentido falar-se em “freqüência” como um ruído, pois não é uma só, mas um
“espectro” de um ruído. Como a energia se distribui pelas freqüências, o somatório nos
dá a sensação global de intensidade subjetiva do mesmo. Apesar disso, podemos falar
em ruídos onde predominam altas ou baixas freqüências, e podemos intuir isso, pois as
altas freqüências dão uma sensação maior de “estridência” e intolerabilidade do que em
baixas.

9 Qual a origem do dB?


O dB, ou decibel, é o décimo do bel (B), uma unidade adimensional que exprime
uma relação. Essa relação é feita contra um valor de referência arbitrário. Pode-se usar o
decibel para qualquer grandeza que varie muito, como é o caso da pressão sonora. A
pressão sonora causada pela decolagem de um jato é aproximadamente 10 milhões de
vezes maior do que a menor pressão audível. Para não lidarmos com números enormes,
adota-se a escala em decibéis. Quem dá um valor em decibéis deve dizer qual a
grandeza (nível de pressão sonora) e qual o valor de referência (caso da pressão sonora,
20 μP), o que é freqüentemente omitido, pois é universalmente definido.

9 E o dBA?
O dBA é uma sigla que indica que foi feita uma determinação da pressão sonora
em decibéis, e que o aparelho aplicou uma correção de medição segundo um padrão,
chamado curva A de compressão (isto também é universalmente padronizado). Ou seja,
o aparelho processou sua medição compensando-a segundo a curva A e, portanto, o
valor passa a ser um dB diferente, o dBA. Quando não há “sobrenome” no dB, infere-se
que não houve compensação nenhuma, e a leitura é dita “linear”. A curva A é uma curva
padronizada que busca compensar a leitura originalmente “imparcial” ou linear do
aparelho por uma que tenha relação com a audição humana. São feitas correções nas
freqüências, de forma a simular a resposta do ouvido humano. Apesar de inicialmente
aplicar-se a sons de baixa intensidade, hoje ela é universalmente aceita para essa
compensação, independentemente da intensidade do ruído. A medição em dBA é
mundialmente considerada na avaliação de ruído contínuo e intermitente.

9 Por que não posso somar níveis em dB?


Porque o dB vem de uma operação logarítmica que é feita com a pressão sonora e,
portanto, somar dB não é somar a pressão sonora. O que tem de ser somado é a
pressão sonora, e por isso há relações específicas ou tabeladas para se fazer isso.
Também não faz sentido somar ruídos medidos em pontos diferentes. Somente podemos
somar essas “ondas”, se elas forem referidas a um mesmo ponto de medição. Lembrar-

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
167

se de que o ruído é um fenômeno ondulatório sempre vai ajudá-lo na compreensão de


todos os fenômenos envolvidos.

• MEDINDO O NÍVEL DE PRESSÃO SONORA


9 Como é possível medir ultra-som?
O ultra-som é a porção do espectro de ondas de pressão que fica acima da faixa
audível ao ser humano, ou seja, além dos 20.000 Hz. A demanda por uma avaliação de
ultra-som se explica, pois admite-se que pode causar perda auditiva, mesmo que não
escutemos, e existem equipamentos industriais que emitem ultra-som. Para avaliar
adequadamente o ultra-som, é necessário que o seu microfone “responda” até a faixa
desejada (aproximadamente 100KHz), assim como o seu aparelho que vai fazer a leitura.
Equipamentos comuns de avaliação de ruído não são capazes disso, pois por motivos
econômicos a resposta de freqüência está limitada à faixa audível. Alguns equipamentos
dos tipos I e 0, entretanto, tem resposta até a faixa ultrassônica, bastando que se acople
um microfone capaz. Verifique, portanto, o seu equipamento . Há critérios para exposição
ao ultra-som na ACGIH, cujos TLVs são traduzidos no Brasil pela ABHO (Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais).

9 É válido realizar média aritmética de vários valores em dB?


Aqui a questão tem vários ângulos. Se eu tenho vários valores de uma situação,
num mesmo ponto de medição, que servem como diferentes “amostras” de uma
realidade, posso desejar fazer uma média dos mesmos. Não se discute aqui a questão
temporal dos valores, se são igualmente espaçados, aleatório, instantâneos ou valores
integrados no tempo. Admitamos que são todas amostras válidas da situação. A média
então faz sentido, mas, como o dB é obtido a partir de uma operação logarítmica, eu não
posso fazer uma média aritmética simples, e a média correta seria, também logarítmica
(em termos numéricos, porém, a média aritmética é uma razoável aproximação da média
logarítmica se os valores não variarem muito, ou seja, menos de 6 dB de diferença entre
o maior e o menor). Uma outra questão é você ter várias leituras, de diferentes pontos de
uma área. Neste caso, não faz muito sentido tirar uma média, de qualquer natureza, pois
os valores se referem a pontos de medição diferentes no espaço. Eu não recomendaria
essa prática.

9 Quais os cuidados ao medir níveis de ruído muito altos?


Neste caso também convém verificar antecipadamente se o microfone e o medidor
podem manipular vários níveis de pressão sonora muito elevados (acima de 130 dB).
Numa avaliação em aeroportos, ou no jateamento de água a extra-alta pressão e alguns
outros equipamentos, pode-se ultrapassar esses valores. Isto está definido no manual
dos equipamentos, e os limites não devem ser ultrapassados. No caso do equipamento,
haverá distorção e leituras erradas; no caso do microfone pode haver deslocamento de
sensibilidade, ou dano físico com perda total. Não esqueça de se proteger muito bem ao
fazer as avaliações (dupla proteção, além de limitação no tempo de exposição).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
168

9 Como fazer medições com chuva?


O trabalho sob chuva pode danificar o aparelho (embora seja fácil protegê-lo), mas
quem estará sob maior risco será o microfone. Se a chuva for leve, o protetor de espuma
ortofônica que acompanha o aparelho pode ser uma proteção temporária. Não se admite
outro tipo de proteção sobre o microfone, sem conhecer seu efeito, pois pode alterar
(atenuar) as freqüências mais altas do espectro do ruído medido. Os microfones tipo
eletreto pré-polarizado podem se perder, pois, havendo condensação ou gotículas entre o
diafragma e a base, ele se descarregará irremediavelmente. Para instalações de ruído
ambiental “ao tempo”, há microfones especiais. Para muita chuva com equipamentos
comuns, o melhor é não medir.

• CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO
9 Com que freqüência devo calibrar meu medidor de ruído?
Em avaliações de ruído, os instrumentos devem ser calibrados necessariamente
antes e depois do conjunto de medições. O normal é que isto ocorra ao início e ao final
da jornada de avaliações. Entretanto, se durante o trabalho ocorrerem fatos que
justifiquem uma recalibração, como choques mecânicos, campos eletromagnéticos muito
intensos, extremo calor ou frio, a calibração deve ser refeita. Conheça também os limites
de trabalho de seu medidor, que se encontram no manual de instruções. A calibração
deve ser acústica, e não apenas a calibração eletrônica interna que alguns equipamentos
possuem.

9 Como verificar se o calibrador está ok?


Os calibradores devem ser aferidos (verificados), em termos gerais, numa base
anual. Outras periodicidades podem ser aceitas, em casos específicos e para fins
internos (critério da empresa). Há também exigências normativas (NBR 10151), no caso
de avaliação de ruído para comunidades, por exemplo, que deverão ser seguidas. O seu
calibrador de equipamentos é um padrão secundário (local), e deve ser verificado
comparando-o a um padrão primário (em laboratórios adequados). Se houve variação, o
novo valor de referência será indicado para uso daí em diante. É também importante
lembrar que isso pode ocorrer a qualquer tempo, se houver desconfiança (choques
mecânicos, campos eletromagnéticos muito intensos e extremos de frio e calor).

9 Posso intercambiar calibradores de ruído entre diferentes aparelhos?


Não, pois o calibrador acústico possui um volume (internamente) entre a face do
microfone e o atuador acústico que faz parte da calibração. Este volume pode variar entre
diferentes marcas de produtos, o que pode dar calibrações erradas entre equipamentos
de marcas diferentes. Dentro de uma mesma marca, não deve haver problemas entre os
diferentes modelos, mas ainda assim é bom consultar o manual para verificar se o
modelo de calibrador é o recomendado. O uso de uma triangulação (medidor, calibrador
certo e calibrador “alienígena” para se verificar o valor corrigido no uso espúrio) é
tolerável em emergências, mas não é um procedimento técnico normalizado e, portanto,
inaceitável em trabalhos de responsabilidade técnica.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
169

9 Por que os calibradores têm freqüência de 1.000Hz?


A freqüência de 1.000 Hz para calibração de medidores ocupacionais é preferida,
pois para ela todas as respostas padrão das curvas de compensação coincidem
(correção de 0 dB). Ou seja, a leitura nas escalas A, B ou C serão a mesma, assim como
a leitura linear (sem correção). Se o calibrador não tivesse 1.000 Hz, deveria ser
declarado um fator de correção para o calibrador, de acordo com a curva que estivesse
sendo usada na calibração, o que, convenhamos, seria meio desajeitado e sujeito a
erros.

9 Por que os calibradores têm diferentes níveis de calibração?


Há calibradores que apresentam níveis adicionais aos típicos 94 dB, como 114 dB e
124 dB. Não há razão especial para que existam obrigatoriamente vários níveis de
calibração num calibrador, mas se existirem, há uma implicação prática. Ao calibrarmos o
medidor em ambientes muito ruidosos (acima de 100 dBA), o ruído ambiente pode
“vazar” para dentro da câmara de calibração , introduzindo erros. Nesse caso,
calibradores com nível de calibração típico de 94 dB não podem ser utilizados nesses
ambientes (o avaliador deveria buscar uma sala tranqüila na planta). Se possuirmos
níveis de calibração mais elevados, esse efeito será atenuado ou eliminado, evitando
essa preocupação.

• FAZENDO A DOSIMETRIA
9 Devo tirar o dosímetro do trabalhador na hora do almoço?
Eis aí uma questão que não tem uma resposta definitiva. Se o almoço ocorre em
refeitório, e o trabalhador tem sua jornada de 8h na área produtiva, efetivamente o
almoço não faz parte da jornada, sendo o caso de retirar o dosímetro ou colocá-lo em
“pausa”. Há pessoas que argumentam que o trabalhador está na empresa, e sua
exposição é global, devendo-se deixar o dosímetro. É importante observar que essa
postura em favor da segurança é enganosa, pois em um refeitório, “silencioso”, isto é,
abaixo do limiar de integração do aparelho, em nada ocasionará à dose diária, com o
inconveniente sério de reduzir o nível médio que, então, ficará diluído em 9h e não em
8h. Se o nível médio (Lavg) for o parâmetro de avaliação, estaremos agindo contra o
trabalhador.
Todavia, se o almoço faz parte da jornada, por acordos coletivos, por exemplo, e
ainda mais se a refeição é feita na área industrial (“quentinha”), com certeza o dosímetro
deve ficar instalado e operante.

9 Como ajustar um dosímetro recém adquirido?


Um dosímetro recém adquirido deve ser ajustado para que opere de acordo com a
legislação e critérios técnicos do país. O fabricante fará seu aparelho para se adaptar à
maior quantidade possível de ambientes legais, pois ele quer vender. Mas, nem sempre o
aparelho é fornecido levando-se em conta o ajuste adequado do país (não espere
necessariamente que o seu fornecedor tenha feito isso de forma adequada). Portanto, o
que temos de ajustar será: fator de duplicação (fator q), que deverá ser 5 (isto é a base

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
170

da tabela da NR-15 – a cada 5 dBA, dobra-se ou divide-se por 2 o tempo permitido de


exposição); o nível de critério (valor que fornecerá 100% de dose em jornadas de 8
horas), que deverá ser de 85 dBA; e por fim, o nível de limiar de integração, que é a linha
de corte entre os níveis que serão ou não considerados na dose diária, que deverá ser de
80 dBA. Neste último caso, isto não está previsto na NR-15, mas é um critério técnico
consolidado e suportado por várias entidades internacionalmente consagradas, como a
ACGIH, a OSHA e o NIOSH. A Fundacentro também ressalta essa provisão em suas
normas sobre ruído, desde 1985.

• ATENUAÇÃO DE PROTETORES
9 Posso usar um microfone miniatura dentro do protetor auricular para medir
a atenuação real do ruído?
Não se pode considerar este procedimento um processo válido para fins técnicos.
Ele pode dar uma idéia, apenas, da diferença entre o ruído externo e o interno, naquele
momento e naquelas circunstâncias. Como o procedimento não existe na forma
normalizada, trata-se apenas de uma amostra, não comparável com outras avaliações
padronizadas. O grande risco é querer tirar conclusões com esse número obtido. Os
dados de atenuação de protetores devem ser obtidos em laboratório, com metodologias
normalizadas, e o seu uso é igualmente disciplinado por métodos conhecidos.

9 Posso usar uma cabine audiométrica e calcular a atenuação de um


protetor de inserção, fazendo o teste com e sem o EPI?
Este caso é similar ao anterior. Não há validade técnica, pois este não é um
procedimento normalizado. Existe ainda o risco do fone audiométrico tocar o protetor de
inserção, dando um “curto-circuito” acústico e falseando ainda mais o experimento. Não
se recomenda esse procedimento; mais especificamente, não se recomenda usar a
atenuação obtida desta forma improvisada para nenhum fim técnico legal. O dado
fornece apenas uma idéia grosseira da atenuação que deve ser verificada
adequadamente com metodologia normalizada e em laboratórios específicos para tal.

• DÚVIDAS INICIAIS
9 Qual a diferença entre Lavg e Leq?
O Leq é um nível obtido ao longo de um período, que é um equivalente energético
médio da história do nível real ocorrido. Por isso ele é “equivalente”. A exposição ao nível
real, variável, no período, é energeticamente igual à exposição ao Leq, no mesmo
período. O Leq é obtido de medidores integradores, ou de dosímetros que estejam
operando com q=3 (lembramos aqui que a provisão de q=3 representa o princípio de
igual energia, pois a cada 3 dB, dobra-se ou divide-se por 2 a potência sonora). Já o Lavg
é um nível médio (avg é abreviação de average, média em inglês) que é obtido a partir da
dose de ruído (para qualquer fator q diferente de 3 de um dosímetro). O Lavg é o nível
constante que produziria a mesma dose no mesmo período em que o nível real variou.
Ele é obtido a partir da dose de ruído medida e do tempo de operação. No nosso caso
(ver a questão de ajuste de um dosímetro), como trabalhamos com q=5, todo nível obtido

o
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Anexo A
171

será um nível médio (Lavg), mas nunca equivalente, no sentido energético. Os dois
valores serão como regra diferentes. Observe também que textos antigos, assim como
manuais de equipamentos, podem não fazer essa distinção adequadamente.

9 Posso usar sem medo o nível de ruído extrapolado para 8 horas fornecido
pelo dosímetro?
Quando a dosimetria não pode abraçar toda a jornada, então o que temos é uma
amostra. Se a amostra for representativa (e aqui contam o conhecimento da tarefa e a
experiência do higienista), então, os dados da amostra podem ser extrapolados para toda
a jornada em um procedimento tecnicamente válido. Todavia, os aparelhos fazem isso,
automaticamente, desde os primeiros minutos de operação do dosímetro. Esse número
não está validado por nenhuma observação profissional, e é apenas um parâmetro
calculado pelas rotinas internas do aparelho. Em outras palavras, o dosímetro não
substitui o higienista, e a dose extrapolada da jornada, a partir da amostra, pode não
fazer sentido, se não for validada pela observação e conhecimento do que ocorreu em
campo.

9 Afinal, qual é melhor, q=3 ou q=5?


Não se trata de ser melhor, mas de respeitar um princípio básico ocupacional: se a
energia dobrar, o tempo de exposição deve ser a metade, ou seja, o princípio de igual
energia. Isso significa que, seja qual for o nível de exposição, o trabalhador receberia a
mesma energia limite, pois é a energia que causa dano. O fator que respeita o princípio
de igual energia é o de q=3. Isto significa dar proteção adequada, dentro das premissas
de igual energia e dos valores-limite de exposição que forem definidos. Já o valor de q=5
é uma consideração que vem dos anos 60, foi baseada em algumas evidências que mais
tarde não se mostraram as mais adequadas, mas foi usado mundialmente por longo
tempo. Já foi abandonado na Europa há muitos anos, e as entidades técnicas da área,
notadamente a ACGIH (e no Brasil a Fundacentro) já recomendam que se passe para
q=3.

9 Posso transformar uma leitura em dBC para dBA?


É comum que se imagine que haveria uma forma de “transformar” leituras obtidas
por um tipo de compensação para outro, mas isso é impossível sem que se conheça
detalhadamente o espectro do ruído. Conhecendo-se o espectro, podem ser feitos
cálculos para obter qualquer tipo de leitura compensada, pois essas compensações são
padronizadas. Você pode pensar que elas são padronizadas, deve haver um jeito de
fazer o processo inverso, obter a leitura não compensada (linear) e depois compensar
para a outra curva desejada... Por que não é assim? Porque, depois de compensado, não
há como “restaurar” o espectro original. Uma leitura em dBA já inclui o somatório da
contribuição de todas as freqüências audíveis, devidamente ponderadas no ato de medir,
para aproximar a audição humana. O aparelho não explicita o espectro do ruído, apenas
o mede obedecendo a curva de compensação e integra a energia total, que é expressa
em dBA. Para se conhecer o espectro, é necessária uma avaliação por faixas de
freqüência, com filtros especiais, explicitando o “conteúdo” do ruído.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
172

• ALGUMAS CURIOSIDADES
9 Por que os sons e ruídos de baixa freqüência se ouvem em toda a parte?
Primeiro, é preciso lembrar que além da freqüência, uma onda sonora tem uma
dimensão física, o seu comprimento de onda. É difícil visualizar isso, mas fazendo um
paralelo com as ondas mecânicas na água, vejam que o surfista prefere a onda “grande” ,
mas que demora para passar. Ela tem uma freqüência baixa, mas ocupa uma dimensão
grande que o interessa. Não é apenas “maior”, mas mais longa. As baixas freqüências
possuem grandes comprimentos de onda (estamos falando de sons mais “graves” do
espectro – um tom puro de 20 Hz tem um comprimento de onda de 17 metros). As ondas
de baixa freqüência não conhecem obstáculos, pois para ser um obstáculo respeitável,
ele deve ser da ordem de grandeza do comprimento de onda. Por isso, os ruídos de
baixa freqüência se propagam a longas distâncias, pois não se encontram realmente
obstáculos, e são esses que se escutam em toda a planta e mesmo nos vizinhos, na
comunidade, gerando queixas. Além disso, o ar absorverá menos os sons de baixa
freqüência, pois há menos movimentação das moléculas do ar, onde ocorre a dissipação
da energia da onda.

9 Quanto eu ganho em redução do ruído me afastando da fonte?


Em um ambiente aberto, cada vez que dobramos nossa distância inicial à fonte
sonora, o nível cairá 6 dB. Daí se percebe que é bom negócio afastar-se das fontes, além
de envolver geralmente um baixo custo, ou até gratuitamente (medidas administrativas
para afastar “expostos” de fontes intensas).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo A
173

9 Como seria uma boa parede para isolar ruído?


No sentido estrito de isolamento, ou seja, uma partição entre dois ambientes, a
redução será tanto maior quanto mais “massuda” for a parede (quantos quilos ela pesa
por metro quadrado). O isolamento também será melhor para espectros de alta
freqüência do que para as baixas freqüências (é sempre mais difícil lidar com baixas
freqüências, como já vimos). Por isso, concreto é melhor que alvenaria, alvenaria é
melhor que blocos, blocos são melhores que gesso, gesso é melhor que divisória
simples, divisória é melhor que uma cortina de pano.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo B
174

ANEXO B - PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10152:1987 – NÍVEIS DE RUÍDO PARA


CONFORTO ACÚSTICO
1. OBJETIVO
Esta Norma fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em
ambientes diversos.
Notas: a) As questões relativas a riscos de dano à saúde em decorrência do ruído serão
estudadas em normas específicas.
b) A aplicação desta Norma não exclui as recomendações básicas referentes
às demais condições de conforto.

2. NORMAS COMPLEMENTARES
Na aplicação desta Norma é necessário consultar:
• NBR 10151 – Avaliação de ruído em áreas habitadas, visando o conforto da
comunidade – Procedimento
• IEC 225 – Octave, half-octave and third-octave band filters intended for analysis
of sound and vibrations
• IEC 651 – Sound level meters

3. DEFINIÇÕES
Para os efeitos desta Norma são adotadas as definições de 3.1 a 3.4:

3.1. Pressão sonora ponderada A em Pascal (Pa)


Valor eficaz (rms) da pressão sonora determinada pelo uso do circuito ponderado
A, conforme a IEC 651.

3.2. Nível pressão sonora em decibeis (LP)


O nível da pressão sonora é dado pela expressão:

2
⎛P⎞
Lp = 10 log10* ⎜⎜ ⎟⎟ (dB)
⎝ P0 ⎠

Onde:
P = valor eficaz da pressão, em Pa
P0 = pressão sonora de referência (20 μPa)

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo B
175

3.3. Nível de pressão sonora ponderando LPA em decibels (A)


O nível de pressão sonora ponderado LPA é dado pela expressão:

2
⎛P ⎞
LpA = 10 log10* ⎜⎜ A ⎟⎟ (dBA)
⎝ P0 ⎠

3.4. Curva de avaliação de ruído (NC)


Método de avaliação de um ruído num ambiente determinado.

4. CONDIÇÕES GERAIS
4.1. Medição do ruído
São seguidas as disposições da NBR 10151 e as normas brasileiras
correspondentes.

4.2. Valores dB(A) e NC


Estes valores são dados na Tabela 1.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo B
176

Tabela B1. Valores dB(A) e NC


Locais dB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros cirúrgicos 35 – 45 30 – 40
Laboratórios, Áreas para uso público 40 – 50 35 – 45
Serviços 45 – 55 40 – 50
Escolas
Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 – 45 30 – 40
Salas de aula, Laboratórios 40 – 50 35 – 45
Circulação 45 – 55 40 – 50
Hotéis
Apartamentos 35 – 45 30 – 40
Restaurantes, Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Portaria, Recepção, Circulação 45 – 55 40 – 50
Residências
Dormitórios 35 – 45 30 – 40
Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Auditórios
Salas de concertos, Teatros 30 – 40 25 – 30
Salas de conferência, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35 – 45 30 – 35
Restaurantes 40 – 50 35 – 45
Escritórios
Salas de reunião 30 – 40 25 – 35
Salas de gerências, Salas de projetores e de administração 35 – 45 30 – 40
Salas de computadores 45 – 65 40 – 60
Salas de mecanografia 50 – 60 45 – 55
Igrejas e Templos (Cultos meditativos) 40 – 50 35 – 45
Locais para esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45 – 60 40 – 55

Notas: a) O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto
que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade.
b) Níveis superiores aos estabelecidos nesta Tabela são considerados de
desconforto, sem necessariamente implicar em risco de dano à saúde.

5. ANÁLISE DE FREQÜÊNCIAS
O método de avaliação recomendado, baseado nas medições do nível sonoro dB
(A) é dado no corpo desta Norma. Todavia, a análise de freqüências de um ruído sempre
será importante para objetivos de avaliação e adoção de medidas de correção ou
redução do nível sonoro. Assim sendo inclui-se na Figura várias curvas de avaliação de
ruído (NC), através das quais um espectro sonoro pode ser comparado, permitindo uma
identificação das bandas de freqüência mais significativas e que necessitam correção.
As curvas NC são dadas na Figura que segue e os níveis de pressão sonora
correspondentes estão na Tabela B2.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo B
177

A análise das bandas de oitava do ruído na gama de 63 a 8.000Hz deve ser


determinado com filtros que obedeçam à IEC 225.
Na utilização das curvas NC, admite-se uma tolerância de ± 1 dB, com relação aos
valores (ver Figura e Tabela B2).

Tabela B2. Níveis de pressão sonora correspondentes às curvas de avaliação (NC)


63 HZ 125 HZ 250 HZ 500 HZ 1 KHZ 2 KHZ 4 KHZ 8 KHZ
Curva
dB dB dB dB dB dB dB dB
15 47 36 29 22 17 14 12 11
20 50 41 33 26 22 19 17 16
25 54 44 37 31 27 24 22 21
30 57 48 41 36 31 29 28 27
35 60 52 45 40 36 34 33 32
40 64 57 50 45 41 39 38 37
45 67 60 54 49 46 44 43 42
50 71 64 58 54 51 49 48 47
55 74 67 62 58 56 54 53 52
60 77 71 67 63 61 59 58 57
65 80 75 71 68 66 64 63 62
70 83 79 75 72 71 70 69 68

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo B
178

Figura B1. Curvas de avaliação de ruído (NC)

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo C
179

ANEXO C - NORMA ISO 5349 (1986)


Este anexo descreve as medidas preventivas a serem adotadas pelos responsáveis
pela higiene industrial.

C.1 Medidas médicas preventivas associadas à exposição regular das mãos e


braços à vibração.
Qualquer trabalhador que possa ter suas mãos expostas a ferramentas manuais
vibratórias deve, antes de iniciar suas atividades, ser examinado fisicamente, bem como:
a) Deve ser registrada a história anterior de exposição;
b) Todos os indivíduos que usam equipamentos vibratórios devem ser avisados
sobre o risco da exposição à vibração localizada;
c) Pessoas com as seguintes condições médicas devem ser cuidadosamente
avaliadas antes de usarem equipamentos vibratórios:
• Doença primária de Raynaud;
• Doença que cause prejuízo à circulação sangüínea nas mãos;
• Doenças anteriores na mão que causem defeitos circulatórios ou
deformidades dos ossos e juntas;
• Outras causas do fenômeno secundário de Raynaud;
• Desordem dos sistema nervoso periférico.

C.2 Medidas técnicas preventivas visando a redução da intensidade de


vibração dirigida às mãos
As seguintes etapas devem ser seguidas:
a) Ferramentas com níveis mais baixos de vibração devem ser usadas quando
existir opção face aos diferentes processos;
b) Os equipamentos devem ser cuidadosamente mantidos de acordo com as
instruções do fabricante.

C.3 Medidas administrativas preventivas visando a redução da vibração


dirigida às mãos
As seguintes etapas devem ser seguidas:
c) Deve haver treinamento adequado para instruir o trabalhador sobre o uso
adequado do equipamento;
d) É sabido que os distúrbios devidos à vibração são reduzidos quando são
evitadas exposições contínuas por períodos longos; portanto, as escalas de
trabalho devem ser feitas incluindo períodos livres de vibração (pausas).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo C
180

C.4 Conselhos para pessoas que usam ferramentas vibratórias manuais.


a) Usar roupas adequadas para se manter seco e a temperatura do corpo num
nível aceitável e, quando possível, usar luvas adequadas ao lidar com
equipamentos vibratórios;
b) O trabalhador deve deixar a ferramenta “fazer” o trabalho e deve segurá-la tão
levemente quanto possível, desde que isto seja consistente com a prática
segura de trabalho e controle da operação. A ferramenta deve permanecer junto
ao suporte de apoio tanto quanto possível;
c) Evitar ou diminuir o fumo enquanto estiver usando equipamentos vibratórios,
pois a nicotina reduz o fornecimento de sangue às mãos e dedos;
d) Se ocorrer ataques branqueamento ou escurecimento (azulado) dos dedos ou
longos períodos de formigamento e /ou adormecimento, procurar ajuda médica;
e) Informar ao supervisor do trabalho se ocorrer vibração anormal;
f) As ferramentas não devem liberar gases frios ou fluidos sobre as mãos do
operador.

VALORES RECOMENDADOS PELA ACGIH


Tabela C.1. Limites(a) de exposição das mãos em quaisquer direções Xh, Yh, Zh
Valores da componente de aceleração
dominante(c), ponderada em freqüência, r.m.s,
Duração total da exposição diária (B) os quais não devem ser excedidos - a(eq)
(m/s2)

4 hs ≤ t < 8hs 4

2 hs ≤ t < 4hs 6

1h ≤ t < 2hs 8

Menos de 1 hora 12

Fonte: Modificado de ACGIH, 1999.

a) Visam limitar a progressão da doença além do estágio 1 da classificação de


Estocolmo (tabela B.2)

b) Corresponde ao tempo total de contato da vibração com as mãos, por dia, seja
continuadamente ou intermitentemente.

c) Geralmente a vibração em um dos eixos é dominante em relação aos demais; se os


valores de aceleração em um ou mais eixos ultrapassarem os valores da exposição
diária total, o limite estará excedido.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo C
181

Tabela C.2. Sistema de classificação da síndrome da vibração em mãos e braços


(HAVS) do Workshop de Estocolmo para sintomas vasculares periféricos e
neurosensoriais induzidos pelo frio.

Avaliação vascular
Estágio Grau Descrição

0 ------- Sem ataques

1 Suave Ataques ocasionais afetando somente a ponta de


um ou mais dedos

2 Moderado Ataques ocasionais afetando as falanges distal e


média (raramente também a proximal) de um ou
mais dedos

3 Severo Ataques freqüentes afetando todas as falanges da


maioria dos dedos

4 Muito severo Idem estágio 3, com mudanças tróficas da pele nas


pontas dos dedos

Nota: A graduação é feita de forma distinta para cada mão, por exemplo: 2L(2)/1R(1) =
estágio 2 na mão esquerda em dois dedos e estágio 1 na mão direita em 1 dedo.

Avaliação neurosensorial

Estágio Sintomas

0SN Exposto à vibração, sem sintomas

1SN Dormência intermitente, com ou sem formigamento

2SN Dormência intermitente ou persistente, redução da


percepção sensorial

3SN Dormência intermitente ou persistente, redução da


discriminação tátil e/ou destreza manual

Nota: graduação distinta para cada mão.

Fonte: ACGIH, 1999.

As medições devem ser realizadas de acordo com os procedimentos e


instrumentos especificados pela ISO 5349 e ANSI S3.34-1986.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo C
182

Tabela C.3. Vibração em ferramentas – alguns exemplos

EIXOS Sum
FERRAMENTA X Y Z (x,y,z)
(m.s2)

1 Martelete de percussão 1,8 4,5 8,4 9,7

2 Esmerilhadeira orbital elétrica 2,2 3,6 3,2 5,3

3 Esmerilhadeira orbital pneumática 1,2 0,8 0,6 1,6

4 Esmeril de pedestal 2,4 4,8 4,5 7,0

5 Motosserra 3,8 3,9 3,3 6,4

6 Furadeira pneumática 4,8 2,3 2,1 5,7

7 Motosserra 254XP emp. frontal


2,0 2,1 2,2 3,6
(Traçamento/Corte "Pinus Taeda")

8 Motosserra 254XP emp. Traseira


4,3 2,6 4,3 6,6
(Traçamento/Corte "Pinus Taeda")

9 Motosserra 254XP emp. Frontal


4,5 2,8 3,0 6,1
(Traçamento/Vazio "Pinus Taeda")

10 Motosserra 254XP emp. Traseira


4,5 5,0 7,0 9,7
(Traçamento/Vazio "Pinus Taeda")

11 Motosserra 254XP emp. Frontal


1,0 1,8 1,4 2,5
(Traçamento/Acel. "Pinus Taeda")

12 Motosserra 254XP emp. Traseira


3,0 3,0 3,0 5,2
(Traçamento/Acel. "Pinus Taeda")

14 Motosserra 254XP emp. Frontal


2,0 2,1 2,6 3,9
(Abate/Corte "Pinus Taeda")

15 Motosserra 254XP emp. Traseira


4,2 3,7 4,6 7,2
(Abate/Corte "Pinus Taeda")

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Anexo D
183

ANEXO D - PRESSÕES ANORMAIS – ANEXO 6 PORTARIA Nº. 5 DE 09-02-83


TRABALHO SOB AR COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS
PRESSURIZADOS

Medidas de controle RELATIVAS AO AMBIENTE

3
1) Ventilação contínua de, no mínimo, 30 pés /min/homem.
2) TGU ≤ 27ºC.
3) Sistema de telefonia ou similar para comunicação com o exterior.
4) A qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza.
2
5) Pressão máxima = 3,4 kgf/cm (Exceto emergência e tratamento médico).

Medidas de controle RELATIVAS AO PESSOAL

1) Uma compressão a cada 24 horas.


2) 18 anos ≤ idade ≤ 45 anos.
3) Exame médico obrigatório, pré-admissional e periódico.
4) Uso obrigatório de plaqueta de identificação.
5) Inspeção médica antes da jornada de trabalho.
6) Proibido o trabalho para alcoolizados, ingestão de bebidas alcoólicas e fumo
nos ambientes de trabalho.
7) Deve haver instalações para assistência médica, recuperação, alimentação e
higiene.
8) Cada trabalhador deve possuir atestado de aptidão ao trabalho, válido por 6
meses.
9) Após descompressão, o trabalhador deve permanecer, no mínimo, 2 horas no
canteiro de obras sob observação médica.
10) Folha de registro de compressão e descompressão.

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Bibliografia
184

BIBLIOGRAFIA

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– Avaliação de Ruído em Áreas Habitadas. Rio de Janeiro: ABNT, 1987, 11p.
3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira 10151
– Avaliação de Ruído em Áreas Habitadas. Rio de Janeiro: ABNT, 2001, 4p.
4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira 10152 -
Níveis de Ruído para Conforto Acústico . Rio de Janeiro: ABNT; 1987, 7p.
5. BRAMMER, A. J.; TAYLOR, W. Vibration effects on the hand and arm in
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1, redação dada pela Portaria N.º 13 de 24/10/1994. In: ED. ATLAS. Manual de
Legislação Atlas de Segurança e Medicina do Trabalho, 33. Ed., São Paulo: Ed.
Atlas S.A., 1996, 523p.
7. BRASIL – Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora NR - 15 – Anexo
N.º 8, redação dada pela Portaria N.º 12 de 1983. In: ED. ATLAS. Manual de
Legislação Atlas de Segurança e Medicina do Trabalho, 33. Ed., São Paulo: Ed.
Atlas S.A., 1996, 523p.
8. BRASIL – Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora NR - 9, redação
dada pela Portaria Nº 25 de 29/12/1994. In: ED. ATLAS. Manual de Legislação
Atlas de Segurança e Medicina do Trabalho, 33. Ed., São Paulo: Ed. Atlas S.A.,
1996, 523p.
9. BRÜEL & KJAER. Human Vibration – Booklet, April, 1988, 32p.
10. BRÜEL & KJAER. Master Catalogue, Eletronic Instruments – Human
vibration measuring equipment - Hand-arm transducer set and triaxial seat
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11. BRÜEL & KJAER. Medição da vibração- livreto. Edição FUNDACENTRO, 1982,
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12. BRÜEL & KJAER. Piezoeletric Accelerometers and Vibration Preamplifiers –
Theory and Application Handbook, 1978, 98p.
13. CHEGA DE BARULHO.COM – site (http://www.chegadebarulho.com/)
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14. CUNHA, I. A. Níveis de vibração e ruído gerados por motosserras e sua
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PHYSICIANS, Hand-Transmitted vibration: clinical effects and
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16. GERGES, S. N. Y., Ruído: fundamentos e controle, Florianópolis, 1992, 600p.

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eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
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17. GRIFFIN, M. J. Handbook of human vibration. Londres : Academic Press,


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18. GRIFFIN, M. J. Vibration injuries of hand and arm : their ocucurrence and
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20. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS -
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21. INTERMEGA GLOBO - Poluição sonora
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23. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva.
ISO/FDIS 13753 - Mechanical vibration and shock – Hand-arm vibration –
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25. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
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General requirements. Geneva, 1985, 17p.
26. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
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assessment of human exposure to hand-transmitted vibration. Geneva,
1986, 12p.
27. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
5349-1 –Mechanical vibration – Measurement and evaluation of human
exposure to hand-transmitted vibration. Part 1: General requirements.
Geneva, 2001, 24p.
28. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
5349-2 –Mechanical vibration -. Measurement and evaluation of human
exposure to hand-transmitted vibration. Part 2: Practical guidance for
measurement at work place.Geneva, 2001, 39p.
29. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
8041 - Human response to vibration – Measuring instrumentation. Geneva,
1988, 24p.
30. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, Geneva. ISO
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handle - Part 1: General. Geneva, 1988. 4p.
31. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. (1999).
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http://www.iso.ch/cate/13160..html - (06/09/1999).

o
eHO – 002 Agentes Físicos I / PECE, 3 ciclo de 2009.
Bibliografia
186

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Índices Biológicos de Exposição (BEIs®). ACGIH. Tradução da ABHO. São
Paulo, 2002.
33. MANUAL DIDÁTICO MEDICINA SUBMARINA -Diretoria de Ensino da Marinha
34. MINISTÉRIO DA MARINHA -1976
35. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora NR 15 –
Atividades e Operações Insalubres. Disponível em <URL:
http://mte.gov.br/sit/nrs/> [2002 Jul. 19].
36. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora NR 17 –
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37. Módulos Didáticos dos cursos Básico de Higiene Ocupacional e Avançado de
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o
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