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eHO-004
ALUNO
EQUIPE DE TRABALHO
PP – PROFESSOR PRESENCIAL
DIEGO DIEGUES FRANCISCA
FELIPE BAFFI DE CARVALHO
ROBSON SPINELLI GOMES
SÔNIA REGINA PEREIRA SOUZA
FILMAGEM E EDIÇÃO
FELIPE THADEU BONUCCI
KARLA CARVALHO
THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO
GESTÃO TÉCNICA
MARIA RENATA MACHADO STELLIN
APOIO ADMINISTRATIVO
NEUSA GRASSI DE FRANCESCO
VICENTE TUCCI FILHO
“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,
sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento. ”
SUMÁRIO
i
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. RADIAÇÕES DDS I...................................................................................1
1.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2
1.1.1. O ÁTOMO .........................................................................................................2
1.1.2. O ELETRON-VOLT ..........................................................................................3
1.1.3. IONIZAÇÃO E EXCITAÇÃO ............................................................................3
1.1.4. RADIAÇÃO IONIZANTE ..................................................................................6
1.1.5. A RADIOATIVIDADE........................................................................................6
1.1.6. FONTES DE RADIAÇÃO IONIZANTE ............................................................7
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES ........................................... 8
1.2.1. RADIAÇÕES DIRETAMENTE IONIZANTES ..................................................8
1.2.1.1. PARTÍCULAS ALFA ......................................................................................9
1.2.1.2. PARTÍCULAS BETA ...................................................................................11
1.2.2. RADIAÇÕES INDIRETAMENTE IONIZANTES.............................................12
1.2.2.1. Raios Gama ..............................................................................................13
1.2.2.2. Raios X ......................................................................................................18
1.3. GRANDEZAS E UNIDADES .............................................................................. 19
1.3.1. ATIVIDADE .....................................................................................................20
1.3.2. MEIA-VIDA FÍSICA.........................................................................................20
1.3.3. DOSE DE EXPOSIÇÃO .................................................................................23
1.3.4. DOSE ABSORVIDA .......................................................................................23
CAPÍTULO 2. RADIAÇÕES IONIZANTES II .................................................................28
2.1. EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE ...................................... 29
2.1.1. AÇÃO DIRETA E INDIRETA DA RADIAÇÃO ...............................................29
2.1.2. RADIOSSENSIBILIDADE ..............................................................................29
2.1.3. SÍNDROME AGUDA DAS RADIAÇÕES .......................................................30
2.1.4. OUTROS EFEITOS AGUDOS .......................................................................31
2.1.5. EFEITOS TARDIOS .......................................................................................32
2.1.6. ACIDENTES COM FONTES RADIOATIVAS ................................................32
2.2. LIMITES PARA EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE ................................ 34
2.2.1. DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO – CNEN NE 3.01 .............36
2.3. CONTROLE DA EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE ............................... 39
2.3.1. FONTE DE RADIAÇÃO EXTERNA ...............................................................39
2.3.1.1. Tempo .......................................................................................................39
2.3.1.2. Distância....................................................................................................39
2.3.1.3. Blindagem .................................................................................................45
2.4. TESTES .............................................................................................................. 53
CAPÍTULO 3. RADIAÇÕES IONIZANTES III ................................................................54
3.1. RADIAÇÃO INTERNA ........................................................................................ 55
3.2. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVA ....................................................................... 55
3.3. DESCONTAMINAÇÃO ....................................................................................... 57
3.4. DETECTORES DE RADIAÇÃO IONIZANTE..................................................... 59
3.4.1. CÂMARA DE IONIZAÇÃO .............................................................................59
3.4.2. DETECTOR GEIGER MÜLLER .....................................................................59
3.4.3. DETECTOR DE CINTILAÇÃO .......................................................................60
OBJETIVOS DO ESTUDO
1.1. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da humanidade o homem esteve exposto às radiações
ionizantes proveniente do espaço exterior, do solo, da água, do ar e dos seres vivos. O
crescente uso de fontes emissoras dessas radiações em atividades médico-hospitalares,
industriais e de pesquisa, evidenciou o risco potencial da exposição humana a elas. A fim
de melhor avaliar esse risco e proteger os indivíduos dos efeitos deletérios das radiações
ionizantes, foram desenvolvidos instrumentos de detecção e procedimentos de controle
da exposição. A Proteção Radiológica é a área do conhecimento que abrange os estudos
sobre as diferentes formas de geração de radiação ionizante, os meios para detectá-las,
a sua interação com sistemas biológicos e as técnicas para controlar a exposição
humana a elas.
1.1.1. O ÁTOMO
Toda a matéria é formada por átomos, os quais são compostos por partículas
positivas, negativas e neutras. As partículas negativas (elétrons) são encontradas girando
ao redor de um núcleo, arranjadas em camadas, denominadas orbitais eletrônicos. No
interior do núcleo, ligadas de forma bastante coesa, encontram-se as partículas positivas
(prótons) e as partículas neutras (nêutrons).
Se um átomo possuir mais elétrons do que prótons, ele terá uma carga elétrica total
negativa. E se o número de prótons for maior, a carga será positiva. Em geral, os átomos
não apresentam carga elétrica (são neutros), o que significa que existe uma igual
quantidade de prótons e de elétrons em sua constituição.
As características macroscópicas ou observáveis dos átomos são determinadas por
suas propriedades físico-químicas, dependentes da carga eletrônica do núcleo. Em
outras palavras, a forma como um átomo se apresenta (em temperatura e pressão
ordinárias, se é um sólido, líquido ou gás) e como reage com outros átomos para formar
moléculas, depende dos prótons no interior do seu núcleo. Assim, átomos apresentando
a mesma quantidade de prótons constituem-se em um elemento químico, pois
apresentam propriedades físico-químicas idênticas. Portanto, se aumentamos ou
diminuímos a quantidade de prótons em um núcleo temos átomos com características
físico-químicas diferentes, ou seja, estamos transformando um elemento químico em
outro totalmente diferente.
No interior do núcleo também existem os nêutrons, os quais compõem, juntamente
com os prótons, a massa do átomo. Existem 109 elementos químicos, cada um
representado por dois números: o número de massa (A) e o número atômico (Z). O
número de massa corresponde ao total de prótons e nêutrons existentes no interior do
núcleo. O número atômico representa a quantidade de prótons do interior do núcleo e é
igual ao total de elétrons distribuídos nas camadas eletrônicas, quando o átomo não é
ionizado. O elemento químico é representado pela fórmula:
A
Z X
Uma variação na quantidade de nêutrons não altera o comportamento
macroscópico do átomo, pois este depende unicamente da quantidade de prótons. Dessa
1
1 H Prótio (estável)
2
1 H Deutério (estável)
3
1 H Trítio (instável – radioativo)
1.1.2. O ELETRON-VOLT
A energia é definida como a capacidade de executar trabalho. Em geral, no Sistema
Internacional a energia é medida em Joule. Esta unidade é apropriada quando a massa é
da ordem de quilogramas. Quando trabalhamos em nível subatômico as massas
envolvidas são muito pequenas e resultando em energias inferiores a microjoules.
Portanto fez-se necessário definir unidade de energia muito menor que o joule. Esta
unidade de energia é o eletron-volt, a qual representa a energia adquirida por um elétron
ao ser acelerado por uma diferença de potencial de 1 volt.
19
1eV 1,6 10 Joules
1.1.3. IONIZAÇÃO E EXCITAÇÃO
Como foi exposto no início do capítulo, os elétrons são encontrados girando ao
redor núcleo, distribuídos não de uma forma aleatória, mas sim em camadas ou orbitais
eletrônicos. Cada uma dessas camadas é ocupada por um número específico de
elétrons, os quais são mantidos presos ou ligados com uma determinada quantidade de
energia (energia de ligação). Esta energia de ligação varia com o inverso da distância do
orbital ao núcleo. Desse modo quanto mais próximo do núcleo estão os elétrons, maior é
a energia que os mantém ligados ao átomo, e mais fortemente presos eles estão (Figuras
1.2. e 1.3.).
K L M N
D
E
L
I
G
A
Ç
Ã
O
K L M N
K L M N
1.1.5. A RADIOATIVIDADE
Se montarmos um gráfico da constituição nuclear dos átomos conhecidos (naturais
e artificiais), representando no eixo vertical o número de nêutrons e no horizontal o de
prótons, obteremos uma faixa larga e deslocada em direção ao eixo vertical (Figura 1.6.).
No seu trecho central e abaixo do número atômico 84, estão localizados núcleos
que não modificam a sua constituição interna (quantidade de prótons e nêutrons) com o
decorrer do tempo, sendo por esta razão considerados estáveis. Por outro lado, os
núcleos localizados nas bordas da faixa e no trecho a partir de 84, apresentam uma
variação na quantidade de prótons e nêutrons com o passar do tempo, e por isso são
denominados instáveis. Em outras palavras, ou eles apresentam um excesso de
partículas no seu interior, ou têm nêutrons demais ou nêutrons de menos para serem
estáveis.
Este estado de instabilidade representa um excesso de energia ou um gasto
energético para o núcleo. Tendo-se em vista que todos os sistemas na Natureza buscam
se rearranjar de tal forma que o seu gasto de energia seja mínimo, o núcleo atômico irá
sofrer uma série de transformações espontâneas até atingir o estado que represente o de
menor consumo energético (estado fundamental). Durante essas transformações o
núcleo se libera do excesso de partículas e energia que possui, modificando assim a sua
estrutura (desintegração) e diminuindo seu nível de energia (decaimento).
A radioatividade é definida como o fenômeno físico de emissão espontânea de
radiação ionizante por núcleos atômicos instáveis. Este fenômeno e as propriedades
radioativas de um núcleo independem do estado físico ou químico em que este se
apresenta. Tais propriedades dependem unicamente das características intrínsecas do
núcleo, e não podem ser alteradas por quaisquer ações externas (aquecimento,
congelamento, diluição, compressão, etc).
O fenômeno da emissão de radiação ionizante pode ocorrer naturalmente ou ser
induzido por meio do bombardeamento de núcleos estáveis com partículas carregadas,
como no caso de aceleradores de partículas, ou nêutrons, como ocorre nos reatores
nucleares. Os átomos naturalmente radioativos estão agrupados em séries, nas quais um
elemento se transforma em outro, sucessivamente, até atingir a estabilidade nuclear. O
primeiro elemento da série é denominado pai e o último corresponde ao elemento
estável. As quatro séries radioativas existentes na Natureza são o Tório, Netúnio, Urânio
e Actínio, conforme mostra a tabela 1.1.
241 209
Netúnio 94 Pu 83 Bi
238 206
Urânio 92 U 82 Pb
235 207
Actínio Th
92 82 Pb
A
Z X ZA42Y 24
Ra 222 2
226 4
88 86 Rn
Na Figura 1.7. é apresentado o esquema parcial de decaimento do Rádio-226. No
esquema pode-se notar que o Rádio-226 tem três caminhos para transformar-se em
Radônio-222, sendo que em dois deles ocorre a emissão de radiação gama. O elemento
formado (Radônio) é instável e, portanto, também sofrerá transformação nuclear.
no ar e produz 4000 pares iônicos/mm. Para a maioria dos alfa emissores, quando a
fonte está localizada externamente ao corpo não se constitui em risco, posto que mesmo
as partículas alfa mais energéticas não atravessam a camada morta da pele. Entretanto,
em caso de irradiação interna, quando o material radioativo foi incorporado, o risco para o
indivíduo é elevado. Nestas condições toda a energia da radiação é dissipada em tecidos
vivos, produzindo o dano.
Na tabela 1.2 são apresentados alguns exemplos de fontes emissoras de partículas
alfa e as suas principais aplicações. Na coluna referente à energia, o valor em parênteses
corresponde à porcentagem de desintegrações em que são emitidas partículas alfa com
essa energia, e o termo em colchete é a energia do raio gama emitido após algumas das
desintegrações.
Tabela 1.2. Fontes emissoras de partículas alfa, segundo a meia vida física, energia da
radiação e uso.
E
Fonte Meia-Vida Usos
(MeV)
Reator nuclear.
3,950 (23%)
232
Th No passado (1928 a 1955), como
90 1,41x1010 anos 4,011 (77%)
contraste em diagnóstico radiológico
(0,059)] (Thorotrast - dióxido de tório).
4,150 (23%)
238
92 U 4,51x109 anos 4,200 (77%) Reator nuclear.
[(0,048)]
210 5,305 (100%) Eliminadores de eletricidade estática.
Po 138,4 dias
84
(0,803)]
5,456 (28%)
238 5,499 (72%) Detectores de fumaça.
94 Pu 86 anos
[(0,044; 0,010;
0,153)]
Diagnóstico (fonte radioativa do
analisador de mineral ósseo).
Terapêutico (fonte radioativa
5,443 (13%) intracavitária no tratamento de
241
95 Am 458 anos 5,486 (86%) malignidades).
[(0,060)] Medidor de gramatura de papel.
Detector de fumaça.
Eliminador de eletricidade estática.
Terapêutico (tratamento de
4,599 (5%) malignidades tais como: câncer uterino,
226
88 Ra 1602 anos 4,782 (95%) orofaríngeo, de bexiga, de pele e câncer
[(0,187)] metastático dos nódulos linfáticos).
No passado, como tinta de marcação.
Terapêutico (tratamento de
222 5,486 (100%) malignidades tais como: câncer uterino,
86 Rn 3,825 dias orofaríngeo, de bexiga, de pele e câncer
[(0,510)]
metastático dos nódulos linfáticos).
A
Z X Z A1Y 10e antineutrino
0
1
n11H 10e antineutrino
32
15 P16
32
S 10e antineutrino
Na Figura 1.8. é apresentado o esquema de decaimento do Fósforo-32. No
esquema de decaimento pode-se notar que o Fósforo-32 transforma-se no Enxofre-32
por um único caminho. O elemento formado (Enxofre) é estável.
32
15 P
-
32
16 S
Figura 1.8. Esquema de decaimento do Fósforo 32.
As partículas beta são emitidas com energia inferior à energia das partículas alfa,
apresentando a maior parte valores abaixo de 4 MeV. Como a massa dessa partícula é
da ordem da massa do elétron orbital, a sua trajetória dentro do meio é irregular e a sua
velocidade é maior do que a da alfa. A densidade de ionização é relativamente elevada
para as partículas com energia mais baixa, posto que a velocidade é menor e, portanto, o
tempo de interação é maior. À medida que a energia aumenta o número, a densidade de
ionização decresce, até o valor mínimo em 1 MeV. Em virtude de sua menor carga e
maior velocidade a partícula beta será mais penetrante do que a alfa. Como
exemplificado no tópico anterior, uma partícula beta com energia de 3MeV terá um
alcance no ar de 1000 cm e produzirá 4 pares iônicos/mm.
Em relação aos sistemas biológicos, a camada morta da pele já não oferece
blindagem suficiente para essa radiação, sendo necessárias energias tão baixas quanto
70 keV para penetrá-la. As partículas beta com energia inferior a 200 keV apresentam
uma penetrabilidade baixa, e as fontes que as emitem não são consideradas perigosas,
quando estão fora do corpo. Apesar do alcance da partícula beta ser maior do que o da
alfa, suas fontes emissoras são consideradas potencialmente perigosas em caso de
irradiação interna.
Uma atenção especial deve ser dada em relação ao material que encapsula ou
blinda essas fontes, posto que ocorre a emissão de radiação eletromagnética penetrante,
durante a desaceleração das partículas beta. A probabilidade de emissão aumenta com o
número atômico do absorvedor. Blindagens com material de número atômico inferior a 13
(por exemplo, alumínio), são as mais recomendadas.
Na tabela 1.3 são apresentados alguns exemplos de fontes emissoras beta puras
e as suas principais aplicações. Na coluna referente à energia o valor em parênteses
corresponde à porcentagem de desintegrações em que são emitidas partículas beta com
essa energia.
Tabela 1.3. Fontes beta-emissores puros, segundo a meia vida física, energia da
radiação e uso.
E
Fonte Meia-Vida Usos
(MeV)
Diagnóstico (metabolismo de esteroides,
3
consumo total de água).
1 H 12,35 anos 0,018 (100%) Pré-ionização de tubos eletrônicos.
Tintas de marcação.
14 Diagnóstico (metabolismo, metabolismo
6 C 5730 anos 0,156 (100%) de esteroides).
Diagnóstico (taxa de destruição de
eritrócitos, estudo de doença vascular
periférica, localização de tumores ocular,
de cérebro e de pele, estudo de
32
15 P 14,28 dias 1,710 (100%) carcinoma de mama, determinação de
volume sanguíneo).
Terapêutico (leucemia mielóide crônica,
leucemia linfoide crônica, metástase
esqueletal).
Terapêutico (tratamento de condições
benignas dos olhos tais como: pterígio,
ulceração traumática corneal, cicatrizes
90
38 Sr 28,5 anos 0,546 (100%) corneais, hemangioma da pálpebra,
vascularização da córnea e preparação
para transplante de córnea).
Medidor de espessura fixo.
35 Diagnóstico (determinação do volume de
16 S 87,51 dias 0,167 (100%) fluído extracelular).
carregadas, e estas é que irão ionizar o meio de forma semelhante a das radiações
diretamente ionizantes. Por necessitar de uma partícula secundária para produzir a
ionização, essas radiações são denominadas indiretamente ionizantes.
60
27Co
-
1
2
60
28 Ni
O elétron é a partícula secundária emitida após a absorção dos raios gama pelos
átomos do material por ele atravessado. São três os mecanismos de interação gama com
a matéria: a absorção fotoelétrica, o espalhamento Compton e a produção de pares.
Na absorção fotoelétrica toda a energia do raio gama é transferida para o elétron
fortemente ligado (Figura 1.10.), sendo a energia do fotoelétron dada pela relação:
Efe E EL
K L M
Figura 1.10. Absorção do raio gama com a emissão de elétron (Efeito Fotoelétrico).
K L M
Nesse processo parte da energia do raio gama é transferida para o elétron, que por
sua vez irá dissipar sua energia produzindo ionização. A probabilidade de ocorrência
desse tipo de interação decresce com o aumento da energia do raio gama e com o
aumento do número atômico do absorvedor. Esse é o principal mecanismo de interação
em elementos com baixo número atômico.
Para raios gama de energia superior a 1,02 MeV ocorre a produção de pares.
Nesse mecanismo o fóton de raio gama ao passar nas proximidades de um núcleo,
desaparece, formando um pósitron e um elétron (Figura 1.12.).
K L M
E e E e 1,02MeV
E cpar E 1,02
Em geral, o pósitron criado é aniquilado ao interagir com o elétron orbital do átomo
em cujo núcleo foi produzido o par. Desse modo, a ionização produzida é decorrente da
dissipação da energia cinética do elétron produzido por esse mecanismo. A produção de
pares é o mecanismo predominante em materiais com número atômico elevado.
Na interação do raio gama com a matéria, cada fóton é removido individualmente
em um único evento. A redução da intensidade do feixe de raios gama é dada pelo
coeficiente de atenuação linear, segundo a relação:
I I 0 e l x
Onde:
I0 = intensidade do feixe sem o absorvedor
x = espessura do absorvedor
I = intensidade do feixe transmitida
l ef ec pp
Onde:
ef = probabilidade efeito fotoelétrico
eC = probabilidade espalhamento Compton
Tabela 1.4. Fontes emissoras beta-gama, segundo a meia vida física, energia da
radiação e uso.
E
Fonte Meia-Vida Usos
(MeV)
0,224 Medidores de espessura fixos.
147
Pm 2,62 anos Pré-ionização de tubos eletrônicos.
61
0,122 Tintas de marcação.
1,392(100%)
Diagnóstico (determinação de sódio total,
24
11 Na 15 horas 1,369(100%) circulação periférica).
2,754(100%)
Diagnóstico (absorção intestinal de
gordura, função pancreática, fluxo vascular
0,250(3%) periférico, fluxo vascular cerebral,
0,336(9%) mapeamento do cérebro, localização da
0,607(87%) placenta, determinação do volume
0,810(1%) plasmático, conversão de trioleína, função
hepática, excreção hepática, função renal,
0,080(2%)
131
53 I 8,04 dias fluxo sanguíneo renal, obstrução do tracto
0,284(5%) urinário, cintilografia estomacal,
0,364(80%) cintilografia renal, cintilografia do fígado,
0,637(9%) cintilografia cerebral, cintilografia da
0,723(3%) tiroide, função da tiroide, cisternografia).
Terapêutico (câncer da tiroide,
hipertiroidismo).
0,672(95,5%)
0,296(29%)
0,308(30%)
192 0,317(81%) Medidores de nível.
Ir 74,2 dias
77
0,468(49%) Radiografia industrial.
0,589(4%)
0,604(9%)
0,612(7%)
Terapêutico: fonte de teleterapia no
tratamento de malignidades.
Medidores de espessura.
0,514(93,5%) Medidores de densidade.
1,176(6,5%)
137
55 Cs 30 anos Medidores de nível.
0,662(93,5%) Chaves de nível.
Radiografia industrial.
Esterilização de produtos médicos,
farmacêuticos e alimentícios.
Diagnóstico (teste de Schilling).
0,314(100%) Terapêutico (fonte intersticial ou
intracavitária, ou fonte de teleterapia no
1,173(100%)
60
27 Co 5,26 anos tratamento de malignidades).
1,332(100%) Esterilização de produtos médicos,
farmacêuticos e alimentícios.
1.2.2.2. Raios X
A desaceleração de elétrons rápidos por colisão com um alvo resulta na emissão de
radiação eletromagnética, denominada raios X. A maior parte da energia do elétron é
transformada em calor e uma pequena parte na forma de raios X. Nos dispositivos
eletrônicos a vácuo, os elétrons emitidos por um filamento aquecido (o cátodo) são
acelerados pela diferença de potencial estabelecida entre o cátodo e o ânodo. Esses
elétrons ao colidirem com o alvo (ânodo) são bruscamente desacelerados, aquecendo o
alvo e emitindo radiação eletromagnética. O rendimento na produção de raios X é
proporcional ao número atômico do alvo, ou seja, quanto mais elevado for o número
atômico maior será a emissão de raios X. A energia máxima com que os raios -X são
emitidos é proporcional à diferença de potencial aplicada (voltagem de operação), e a
intensidade do feixe é proporcional à corrente e à voltagem. Como a proporção da
energia do elétron que é emitida na forma de radiação eletromagnética segue uma
distribuição normal, o espectro de emissão é contínuo.
Por ser uma radiação eletromagnética, os mecanismos de transferência da energia
dos Raios X para o meio são idênticos aos observados para os raios gama. Desse modo,
a ionização será produzida pelos elétrons secundários emitidos nos process os de
absorção fotoelétrica, espalhamento Compton e produção de pares. O poder de
penetração dos raios-X dependerá da energia da radiação. Assim os raios X de energia
muito baixa (E<5keV) serão prontamente absorvidos pelo alvo e estruturas do
equipamento. Os raios X usados para fins de diagnóstico têm sua a energia ajustada em
função do tecido a ser radiografado, sendo a voltagem de operação mais elevada para
tecidos mais profundos do corpo, tais como ossos.
Na tabela 1.5 são apresentadas algumas fontes de raios X, intencional e não
intencional, mais comumente utilizadas ou encontradas em ambientes de trabalho.
1.3.1. ATIVIDADE
A atividade expressa a quantidade de transformações nucleares que ocorre por
unidade de tempo em um material contendo átomos com núcleos ins táveis. Como em
cada transformação é emitida 1 partícula, e em muitos casos, 1 ou mais raios gama, a
atividade é uma medida da produção de radiação pelo material radioativo e nos permite
avaliar quão radioativo é o material. A atividade é dada pela relação:
A A0 et
Onde:
A = atividade atual de fonte
A0 = atividade inicial da fonte
λ = constante de decaimento (probabilidade de ocorrência da desintegração)
t = intervalo de tempo transcorrido
Quadro 1.1.
Sabendo-se que a atividade de uma fonte de Irídio-192 a 150 dias atrás era de 120
Curies, calcular a atividade atual da fonte:
Resposta:
1.4. TESTES
OBJETIVOS DO ESTUDO
Possibilitar a compreensão dos aspectos principais da proteção radiológica. Neste
capítulo serão apresentados os efeitos biológicos, as normas básicas de proteção
radiológica e os meios de controle das exposições.
2.1.2. RADIOSSENSIBILIDADE
A rápida e intensa resposta da matéria viva frente ao impacto de uma irradiação é
denominada radiossensibilidade. Essa sensibilidade pode ser de uma célula, tecido ou
indivíduo.
A radiossensibilidade celular depende do estágio de divisão em que a célula se
encontra, sendo máxima entre a última telófase e o começo da prófase seguinte, quando
a cromatina oferece área superficial maior para irradiação. São mais sensíveis à radiação
as células que possuem taxa mitótica mais alta e mantêm por mais tempo a capacidade
de divisão. Outros fatores que aumentam a sensibilidade são a atividade metabólica
elevada e o maior grau de especialização da célula. A presença de oxigênio em elevada
concentração favorece a formação de peróxidos, conferindo maior sensibilidade à célula.
Estas características explicam a classificação apresentada na tabela 2.1., onde a maior
Quadro 2.1.
Seguindo uma exposição da pele aos raios gama observou-se que dose absorvida
inferior a 3Gy não resultava no aparecimento de sinais clínicos. Após receber uma dose
absorvida de 3Gy de raios gama a pele irradiada apresentará eritema (avermelhamento).
Ao aumentar a dose para 8Gy ocorrerá descamação seca. Aumentando para 15Gy
ocorrerá a descamação úmida. Acima de 25Gy ocorrerá a necrose da pele.
O efeito descrito acima é determinístico, ou não determinístico? Explicar.
Resposta:
festa na pele seguindo a irradiação por uma fonte externa de radiação gama, é
Controle de Área:
Área Livre: isenta de regras especiais, onde as doses equivalentes efetivas anuais
(DEEA) não ultrapassam o limite primário para indivíduos do público.
Área Restrita: sujeita a regras especiais, onde as condições de exposição podem
ocasionar DEEA superiores a 2/100 do limite primário para trabalhadores.
Área Controlada: área restrita onde as DEEA podem ser iguais ou superiores a 3/10
do limite primário para trabalhadores.
Área Supervisionada: área restrita onde as DEEA são mantidas inferiores a 3/10 do
limite primário para trabalhadores.
Controle dos Trabalhadores:
Nível de registro deve ser 1/10 da fração do limite anual aplicado ao período de
monitoração;
Nível de investigação deve ser 3/10 da fração do limite anual aplicado ao período
de monitoração;
Em áreas controladas as pessoas devem ser monitoradas individualmente;
Imediatamente após exposições acidentais ou de emergência as doses devem ser
avaliadas;
Devem ser submetidos a controle médico, trabalhadores que receberem, em uma
única exposição, dose superior a 2 vezes o limite primário.
Quadro 2.2.
A gamagrafia industrial é um ensaio não-destrutivo no qual é feita a radiografia de
peças com uso de radiação gama, normalmente gerada por fonte de Irídio-192. Durante a
operação a fonte é posicionada em um dos lados da peça e do lado diametralmente
oposto é colocado um filme radiográfico. A exposição do filme à radiação gama produzirá
a precipitação dos sais de prata, sendo o grau de enegrecimento do filme proporcional à
quantidade de precipitado. Nas áreas mais espessas da peça passará menos radiação,
consequentemente haverá menor precipitação e a coloração do filme será mais clara.
Resposta:
2.3.1.1. Tempo
A dose recebida pelo indivíduo é diretamente proporcional ao tempo de exposição,
desse modo quanto menos tempo ele permanece junto à fonte de radiação menor será a
sua dose. Por exemplo, se a taxa de dose equivalente a que um indivíduo estaria exposto
fosse 100 Sv/h, teríamos as doses equivalente de 100 Sv para 1hora, 50 Sv para 30
minutos e 25 Sv para 15 minutos.
•
H H t
• Sv
H 100
h
1h H 100 Sv
30 min H 50 Sv
15 min H 25 Sv
2.3.1.2. Distância
A dose varia aproximadamente com o inverso do quadrado da distância, então
quanto maior a distância mantida entre o indivíduo e a fonte, menor é a dose recebida.
No caso de fontes emissoras alfa e emissoras beta a distância em relação à fonte já é
uma forma eficiente de proteção, posto que essas partículas têm um alcance
relativamente curto, tendo sua energia absorvida pela camada de ar existente entre a
fonte e o indivíduo. A relação da taxa de dose de exposição para uma fonte emissora
gama é:
• A
X
d2
Onde:
Γ = a constante de emissão específica de raios gama da fonte, a qual depende da
energia e da quantidade de raios gama emitidos.
A = a atividade da fonte.
d = distância entre a fonte e o ponto de medição
•
X = taxa de dose de exposição
Γ
Radionuclídeo -1 2 -1 -1
Ckg m Bq h Rm 2Ci-1h-1
Césio-137 2,30x10-15 0,33
Cobalto-60 9,19x10-15 1,32
Irídio-192 3,34x10-15 0,48
Iodo-131 1,53x10-15 0,22
Potássio-42 1,39x10-15 0,14
Rádio-226 5,75x10-15 0,825
Sódio-22 8,36x10-15 1,2
Sódio-24 12,80x10-15 1.84
Quadro 2.3.
Em decorrência de um acidente operacional, o operador do irradiador para
esterilização de seringas descartáveis permaneceu a 50cm (0,5m) da fonte de Cobalto-
60, cuja atividade no dia era de 48.000 Curies, por um tempo estimado em 27 minutos.
Qual a dose de exposição a que o trabalhador esteve exposto? Algum limite foi
ultrapassado?
Resposta:
Sabe-se que:
• Da tabela 2.3., temos que a dose equivalente efetiva H dever ser inferior a 2
rem no período de 1 ano e que a dose equivalente H por órgão ou tecido de v e
ser inferior a 50 rem;
• Considere que:
• Como, para raio gama, FQ = 1, então H=D (1 rem = 1 rad)
• Uma unidade de dose absorvida em rad é aproximadamente igual a uma
unidade de dose de exposição em R. (1 rad 1 R)
• Calculemos a taxa de dose de exposição:
Quadro 2.4.
Ao realizar a atividade de gamagrafia de solda um dos procedimentos requeridos é
o isolamento físico da área com uso de cordas, conhecido como balizamento. O objetivo
é que as taxas de dose a partir da delimitação sejam tais que os limites anuais máximos
admissíveis não sejam ultrapassados.
Como a dose para trabalhadores e para indivíduos do público são diferentes, serão
delimitadas duas áreas: a restrita (acesso permitido apenas para indivíduos
ocupacionalmente expostos à radiação ionizante) e a livre (acesso livre para todos os
trabalhadores). A dose para trabalhadores é maior do que para indivíduos do público,
portanto a distância para delimitação da área restrita será menor do que a distância para
área livre.
Sabendo que na operação de gamagrafia de solda é usada uma fonte de Irídio-192
com atividade no dia da operação de 30Ci, calcule a distância de balizamento para
trabalhadores e indivíduos do público. Para o cálculo da distância o valor de dose
equivalente a ser considerado deve ser o mais restritivo, ou seja, o menor valor, de modo
que nenhum limite venha ser ultrapassado. O valor considerado é de dose equivalente
efetiva. A exposição dos operadores de gamagrafia é frequente.
Resposta:
2.3.1.3. Blindagem
Se o indivíduo tiver que trabalhar próximo à fonte por um longo período, a proteção
mais eficiente é a blindagem da fonte ou a interposição de uma barreira.
A atenuação de um feixe de raios gama é dada por:
x
I I0 e
Onde:
Tabela 2.6. Valores de camada semirredutora segundo material e energia do raio gama.
Quadro 2.5.
Um irradiador usado para esterilização de seringas descartáveis irá operar com
uma fonte de Cobalto-60 cuja atividade máxima será de 125000Ci. Para proteção dos
trabalhadores que ficarão na sala de controle adjacente à sala de irradiação será
construída uma parede de chumbo. Sabendo que a fonte ficará a 2m da parede, calcular
a espessura de chumbo necessária para que a dose anual para trabalhadores não seja
ultrapassada.
Resposta:
Sabe-se que:
• Agora vamos calcular qual seria o fator de redução necessário para que o
limite não seja ultrapassado:
Temos que a intensidade do feixe que atravessa a blindagem deve ser igual
a taxa de dose de exposição de 0,001R/h
ores não seja excedida a espessura da parede deverá ser 29,71cm de chumbo
Uma grandeza muito utilizada é a camada semirredutora ou HVL (Half Value Layer)
que corresponde à espessura de material que reduziria a intensidade do feixe de
radiação gama à metade. A relação entre a camada semirredutora e o coeficiente de
atenuação linear é obtida ao substituir-se I por I0/2,:
I0
I 0 e HVL
2
Passando a exponencial para a esquerda e I0/2 para a direita temos:
2
e HVL I 0 e HVL 2
I0
Aplicando logarítimo neperiano em ambos os termos da equação temos:
ln e HVL ln 2
Segundo a propriedade dos logarítimos podemos passar o expoente para a frente
do logarítimo:
HVLln e ln 2
Como ln e = 1 e ln 2 = 0,693, substituindo na equação, temos:
HVL 0,693 ou HVL 0,693
Na tabela 2.6. são apresentados valores de camada semirredutora para água,
alumínio e chumbo.
Quadro 2.6.
Um irradiador usado para esterilização de seringas descartáveis irá operar com
uma fonte de Cobalto-60 cuja atividade máxima será de 125000Ci. Para proteção dos
trabalhadores que ficarão na sala de controle adjacente à sala de irradiação será
construída uma parede de chumbo.
Sabendo que a 2m da fonte a taxa de dose de exposição é 41250R/h, calcular
quantas camadas semirredutoras será necessário para reduzir a taxa de dose
de exposição a 0,001R/h.
A partir do total de camadas semirredutoras obtidas no item anterior, calcular a
espessura de água, alumínio e chumbo necessária para blindagem. Usar os
valores correspondentes à energia de raio gama de 1,5MeV.
Resposta:
será:
da esquerda:
Da tabela 2.6., temos que a HVL para a água é 12,158cm, substituindo este
valor na equação.
Da tabela 2.6., temos que a HVL para o alumínio é 5,096cm, substituindo este
valor na equação:
Da tabela 2.6, temos que a HVL para o chumbo é 1,175cm, substituindo este
valor na equação:
2.4. TESTES
a) 146.666 rem.
b) 293.333 rem.
c) 44.000 rem.
d) 8.799.990 rem.
e) 1.466.666 rem.
a) 8,86 cm.
b) 17,95 cm.
c) 16,17 cm.
d) 32,75 cm.
e) 35,90 cm.
OBJETIVOS DO ESTUDO
Possibilitar a compreensão dos aspectos principais da proteção radiológica. Nes te
capítulo serão apresentados os conceitos de irradiação interna e contaminação
radioativa, procedimentos de descontaminação, meios para controle do risco de
irradiação interna e tipos de equipamentos para detecção das radiações ionizantes.
3.3. DESCONTAMINAÇÃO
O material radioativo deve ser removido ou eliminado do corpo o mais prontamente
possível, a fim de reduzir a dose interna e externa que o indivíduo venha a receber. Na
descontaminação pessoal externa adota-se métodos progressivamente agressivos, até a
total remoção do material depositado. Este procedimento deve ser cuidadosamente
realizado para preservar ao máximo a barreira mecânica proporcionada pela pele intacta.
Os métodos, em ordem de agressividade, são apresentados na tabela 3.2.
3.5. TESTES
1. A irradiação é denominada interna quando o material radioativo encontra-se
dentro do corpo. Assinale a alternativa incorreta:
a) Uma das medidas de controle especificamente voltada para prevenir a entrada
no corpo do material radioativo em forma de poeira é o uso de EPIs.
b) Após a deposição do material radioativo nos órgãos ou tecidos é que dá-se início
à irradiação, porque durante o trânsito dentro do corpo a passagem é rápida e a
dose é dependente do tempo de exposição.
c) As principais formas pelas quais o material radioativo pode ingressar dentro do
corpo é a inalação, a ingestão e a absorção percutânea.
d) O tipo de controle ou de equipamento de proteção individual a ser adotado para
prevenir a irradiação interna dependerá das características físico-químicas do
radioisótopo.
e) O uso de sistemas enclausurados para manipulação de material radioativo é a
forma de controle preferencial contra a irradiação interna.
OBJETIVOS DO ESTUDO
Neste capítulo são analisados os efeitos nocivos das radiações não ionizantes.
Denominamos de radiação não ionizante à radiação com frequência inferior a 10 16 Hz,
cujos efeitos à saúde são diferentes daqueles causados pela radiação ionizante e,
portanto, exigem outras ações corretivas e de controle.
À medida que a ciência e a tecnologia evoluem, novos problemas ocupacionais são
criados. Como exemplo temos os problemas associados a forno de microondas, a
terminais de vídeo ou a apontadores de laser. Não existem ainda evidências indicando
que estes problemas são significativos, mas os cientistas continuam a pesquisar as
possibilidades.
Figura 4.1. Representação de um átomo com elétrons girando ao redor de seu núcleo e
do núcleo atômico composto por prótons e neutrons
I
A • RAIOS X IONIZANTE
Ç • RAIOS GAM A (γ)
Ã
O • PARTÍCULAS ALFA (α)
CORPUSCULAR • PARTÍCULAS BETA (β)
• NÊUTRONS
* Os limites entre as regiões são adotados por convenção e não devem ser considerados como linhas
divisórias absolutas.
Figura 4.3. O Espectro Eletromagnético e os TLVs relacionados
Quadro 4.1.
Qual a diferença entre excitação eletrônica e ionização?
E=h·ν
Se considerarmos ν = f = c / λ, então:
E = h · c / λ, sendo:
E = Energia em erg
h = constante de Planck (6,62·10-27 erg·s)
c = velocidade da luz (3·1010 cm/s) (m/s)
λ = comprimento de onda (cm)
Onde:
I(d1) = intensidade da radiação eletromagnética a uma distância d1 da fonte
I(d2) = intensidade da radiação eletromagnética a uma distância d2 da fonte
I I 0 e k x
Onde:
It = radiação transmitida
I0 = radiação incidente
e = número de Euler
x = espessura do material
kλ = coeficiente de absorção do material para o comprimento de onda
4.1.2.3. MICROONDAS
A radiação de microondas se localiza entre o infravermelho distante e as ondas de
rádio, tendo sido uma das últimas a serem criadas no laboratório e terem aplicação
comercial.
Dependendo da faixa de frequência, as microondas podem ser classificadas como
mostra a Tabela 4.3.
4.1.2.7. LASER
O termo laser é uma abreviação para “light amplification by stimulated emission of
radiation”, ou seja, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação.
A luz de fontes convencionais tem variados comprimentos de onda e se irradia em
todas as direções, com interferências construtivas e destrutivas. É denominada de luz
incoerente. Por outro lado, a luz de uma fonte laser vibra num único plano, se propaga
numa única direção e é monocromática (tem um único comprimento de onda). É
denominada de luz coerente.
Um instrumento que gera radiação laser produz um feixe de apenas uma
frequência, mas esta não precisa ser apenas da faixa visível. Um dos feixes mais
poderosos utiliza dióxido de carbono e gera um fluxo contínuo e muito quente de radiação
infravermelha. Outros lasers operam nas frequências ultravioletas.
São inúmeras as aplicações de lasers, tanto na indústria como por exemplo, na
microusinagem, soldagem de peças e corte do aço, alinhamento ótico, levantamentos
telemétricos, fotocoagulação e holografia, quanto na odontologia e na medicina para
tratamentos de pele, eliminação de tumores e em microcirurgias [104].
Quadro 4.2.
As fontes de laser geram feixes de apenas uma frequência (luz coerente) da faixa
visível do espectro magnético e também de outras faixas. Quais seriam estas faixas?
Epiderme
Derme
Quadro 4.3.
Cada vez que uma frequência dobra de valor, dizemos que subimos uma oitava.
Partindo da frequência de 1 Hz, a banda de frequências elétricas ELF teria
correspondentemente quantas oitavas?
Resolução:
Tomando logaritmo:
x = 13,3
4.2.3. MICROONDAS
Os efeitos no corpo humano devido à exposição a microondas podem ser de
natureza térmica ou magnética e dependem da frequência, da potência dos geradores e
do tempo de exposição.
Os efeitos térmicos englobam as queimaduras (tanto internas quanto externas) e
cataratas. Já os efeitos magnéticos compreendem alterações no sistema nervoso central,
a elevação da pressão arterial e os distúrbios cardiovasculares e endócrinos [104].
Com relação aos fornos de microondas, existem algumas controvérsias sobre sua
segurança. As microondas são absorvidas pelos alimentos produzindo-se um quase
instantâneo aumento de temperatura. Este tipo de radiação não é ionizante nem gera
material radiativo mas a exposição a ela faz com que o calor seja imediatamente
absorvido pelo corpo. O calor faz com que as moléculas vibrem rapidamente, afastando-
as de suas posições de equilíbrio, originando alterações químicas e eventualmente
gerando morte celular.
A energia gerada num forno de microondas provem de um tubo magnético, sendo
similar a aquela emitida pelos radares. Os maiores perigos estão associados a
vazamentos desta energia e estes normalmente ocorrem junto à porta do forno e
envolvem as vizinhanças desta. Os vazamentos normalmente decorrem de vedações já
gastas, trincos e fechaduras defeituosos e para aqueles com um visor, pela marca em
volta da janela.
A falha do sistema de desligamento do forno quando a porta se abre, pode expor
pessoas nas proximidades a níveis de radiação muito acima dos níveis seguros. Se
adequadamente projetados e instalados, os fornos de microondas raramente originam
vazamentos, sendo o maior problema o inadequado uso pelas pessoas. Todavia mesmo
fissuras tão finas quanto um fio de cabelo são perigosas.
A radiação de microondas na zona de alta frequência pode gerar danos se
ocorrerem múltiplas longas exposições. Podem ocorrer cataratas e esterilidade
temporária e têm-se atribuído a ela casos de mortes fetais e câncer.
Todavia não existem critérios quantitativos objetivos relativos a estes danos, sendo
um valor máximo admitido como limite de tolerância 10 mW/cm 2.
Assim como na radiofrequência, as pessoas que portam marca-passo ou outros
dispositivos eletrônicos, pinos metálicos ou prótese precisam ter um cuidado especial
quando sujeitas a esta radiação.
4.2.7. LASER
Os efeitos no corpo humano devido à exposição ao laser variam muito em função
da aplicação, da potência aplicada, da faixa de frequência de operação, entre outros
fatores, sendo no entanto, os olhos e a pele as partes que podem ser mais afetadas
[104].
As fontes de luz coerente podem causar danos na córnea (catarata) e deterioração
epidérmica (tipo de queimadura). A exposição prolongada pode causar danos variando
de leves queimaduras na retina até perda total da visão. A visualização restrita e óculos
de lente podem oferecer alguma proteção exceto aos lasers muito potentes. As medidas
de proteção são semelhantes às para os que trabalham com solda a arco, não se
devendo olhar diretamente para a fonte.
O uso de lasers é comum nos levantamentos topográficos e geodésicos, mas neste
caso são usados lasers de baixa intensidade, o que ajuda na proteção visual.
Quadro 4.4.
Qual radiação é conhecida por causar a “doença dos sopradores de vidro” ou
“catarata do calor”?
É a radiação infravermelha.
durante uma semana. De acordo com a Ontario Hydro, o valor médio nos domicílios é da
ordem de 0,1 a 0,15 microtesla. Todavia, pessoas junto a aparelhos como fornos e
secadores de cabelo podem ser expostas a campos mil vezes maiores.
BTLV = 60/f
sendo:
f = a frequência em Hz
BTLV = a densidade de fluxo magnético em militesla (mT)
4.4.6. LASER
Conforme já mencionado anteriormente, o Anexo nº 7 da NR-15 da Portaria nº
3.214/78 também considera o laser como uma radiação não ionizante que, se exposta
aos trabalhadores sem a proteção adequada, pode caraterizar a insalubridade da
operação ou atividade. No entanto, não são definidos limites de tolerância para sua
exposição.
A ACGIH faz uma série de recomendações e seus limites de tolerância são
estabelecidos em função do tipo de equipamento e da energia envolvida.
4.5.2. FOTÔMETROS
O fotômetro é um radiômetro que filtra todas as radiações fora da faixa de
comprimentos de onda entre 380 e 780 nm. Além disso, reage à luz imitando a resposta
do olho humano, através de uma compensação definida pela curva espectral de
eficiência luminosa. Esta curva, definida internacionalmente e obtida a partir de
experimentos com o olho humano, tem a forma de um sino com seu máximo valor de
ordenada correspondendo à abscissa comprimento de onda de 555 nm (luz verde). A
figura 4.9. ilustra esta curva, observando-se que nossa maior habilidade visual (f=1)
ocorre para comprimento de onda de 555 nm, decaindo tanto para comprimentos maiores
como para menores. Quando atingimos comprimentos de onda de 380 ou 780 nm, nossa
capacidade de perceber a radiação cai a zero.
Figura 4.9. Curva espectral de eficiência luminosa do olho humano. O valor de máxima
eficiência do olho (f=1) corresponde à luz verde de 555 nm.
Os fotômetros têm embutido filtros que simulam esta curva e a medida fornecida
pelo instrumento é similar à habilidade do cérebro em perceber a radiação visível. A
célula fotossensível dos fotômetros é usualmente feita de selênio, com a quantidade de
elétrons liberada por este metal sendo proporcional à energia radiante atingindo a célula.
O resultado da medição pode ser expresso em lux, que representa a quantidade de fluxo
luminoso (lúmen) que atinge uma área de 1 m 2. Lux é a unidade de iluminância, ou seja,
a quantidade de luz visível por área.
Quadro 4.5.
Qual a principal diferença entre o radiômetro e o fotômetro?
4.6.2. RADIOFREQUÊNCIA
O controle dos riscos referentes à radiofrequência deve ser feito mediante:
enclausuramento, dispositivos de bloqueio nos equipamentos (exemplo, em fornos) e
sinalização adequada.
Com relação aos aquecedores de radiofrequência devem ser seguidas as
recomendações do fabricante e os aquecedores devem ser bem blindados para conter ou
divergir a energia de radiofrequência.
4.6.3. MICROONDAS
Entre as medidas de controle à radiação de microondas podem ser listadas as
seguintes: enclausuramento das fontes mediante dispositivos de desligamento
automático (como por exemplo no forno de microondas e nas áreas de antenas de
radares), barreiras construídas dependendo da frequência de radiação (como malhas e
telas metálicas), equipamentos de proteção individual dos trabalhadores (tais como
óculos e roupas especiais) e sinalização adequada da área exposta à radiação [104.]
Com relação aos radares que são comumente usados para medir a velocidade nas
estradas ou para mapear o clima não geram uma condição de perigo, a menos que sejam
visualizados diretamente na frente da antena durante a operação e a uma distância de
alguns metros.
Todavia, radares maiores como os de busca ou de alarme podem gerar campos de
intensidades perigosas, devendo ser checados antes que qualquer pessoa trabalhe em
frente da antena. As pessoas que trabalham perto ou ao redor de antenas de radares de
alta potência ou de instrumentos de teste de radares devem ser adequadamente
treinadas e supervisionadas para diminuir a exposição além de ficar o menor tempo
possível perto das regiões de risco.
Para toda a gama de radiações de microondas, o dano só ocorrerá se as instruções
do fabricante não forem seguidas. Cada equipamento tem suas instruções específicas e
generalizações não devem ser feitas.
Para proteger trabalhadores da radiação UV quando estão sob luz solar direta,
deve ser usada roupa tightly-woven cobrindo o máximo possível do corpo além de se
usar um chapéu. Proteção contra raios UV pode ser obtida também com o uso de loções
e cremes contendo óxido de zinco e de titânio (ZnO e TiO 2) e classificados de acordo
com uma escala de proteção entre 1 e 18. A proteção será eficiente se for mantido um
adequado filme sobre a pele e for usado um fator de proteção alto (>14).
As telas de proteção e os óculos com lentes especiais podem proteger efetivamente
contra UVA e UVB. Óculos de segurança de plástico são menos eficientes, mas filtram
também a radiação UV.
Outra medida de controle é o enclausuramento das fontes quando possível.
4.6.7. LASERS
Devido à variedade de lasers existentes, deve ser sempre levado em
consideração o aconselhamento de fabricantes e especialistas. Alguns procedimentos
gerais que podem ser apontados para diminuir seus efeitos são:
4.8. TESTES
1. Qual dessas radiações não faz parte das radiações não ionizantes?
a) Ultravioleta.
b) Visível.
c) Microondas.
d) Cósmica.
e) ELF.
OBJETIVOS DO ESTUDO
5.1. INTRODUÇÃO
Grande parte dos ambientes de trabalho oferecem condições propícias para a
sobrecarga térmica, que pode provocar reações fisiológicas como: sudorese intensa,
aumento da frequência das pulsações e o aumento da temperatura interna do corpo, que
por sua vez, acabam provocando no trabalhador fadiga, diminuição da percepção e do
raciocínio e perturbações psicológicas que o levam ao esgotamento. Esta sobrecarga
térmica com o tempo pode provocar danos à saúde do trabalhador, com reflexos no
sistema circulatório e endócrino.
Os processos de trabalho como siderurgia, metalurgia, fundições, vidraria e outros
aliados ao arranjo físico deficiente, pé direito muito baixo e ausência de elementos para a
ventilação natural ou artificial, tornam os ambientes de trabalho inadequados sob o ponto
de vista de calor, tornando necessária a adoção de medidas de controle, algumas
bastante simples outras mais complexas, que exigem o conhecimento das características
do ambiente de trabalho para a sua execução.
Com a finalidade de se determinar os limites aceitáveis dessas exposições,
utilizam-se diversos índices de sobrecarga térmica e dentre eles, o mais utiliz ado é o
IBUTG, que por sua simplicidade, foi adotado pela nossa legislação.
Pelo mecanismo de trocas térmicas, o organismo ganha ou perde calor para o meio
ambiente segundo a equação do equilíbrio térmico:
M +/- C +/- R – E = S
Onde: M - Calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+)
S > 0 hipertermia
S < 0 hipotermia.
Calor perdido
radiação e convecção
por Calor perdido
menor
é que o produzido
pelo metabolismo por evaporação
Diminuição da
Sudorese
Circulação
inadequada na pele
Elevação na
temperatura do corpo
Distúrbio circulatório
EXAUSTÃO DO CALOR
(SÍNCOPE)
Distúrbio no mecanismo
central de controle
(Sudorese cessa)
Rápida elevação da
temperatura do corpo
Golpe de calor
992.0
Apoplexia devido ao calor Falha termoreguladora
Hipotensão ortostática
Síncope do calor
992.1 (instabilidade circulatória)
992.5
Prostração térmica não
especificada
992.7
Edema do calor
Erupção cutânea,
esgotamento aniódrico pelo Perturbação da pele e dano das
705.1
calor glândulas sudoríparas
desidratação poderá atingir níveis que comprometam o estado físico, a tolerância ao calor
e a capacidade mental, produzindo perda da habilidade e um tempo de reação maior que
o normal.
5.5. ACLIMATIZAÇÃO
A aclimatização é a adaptação do organismo a um ambiente quente. Quando um
trabalhador se expõe ao calor intenso pela primeira vez, tem sua temperatura interna
significativamente elevada, com um aumento do ritmo cardíaco e baixa sudorese,
gerando um desconforto muito grande, com tonturas, náuseas, desmaios etc.
A aclimatização ocorre através de três fenômenos:
• Aumento da sudorese;
• Diminuição da concentração de sódio no suor (4 g/l para 1,0 g/l) e a
quantidade de sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas para 3 a 5
gramas;
• Diminuição da frequência cardíaca, através do aumento do volume cistólito
devido ao aumento da eficiência do coração no bombeamento.
A aclimatização é realizada através de diversas etapas:
• O tempo de exposição a altas temperaturas deve ser limitado nas primeiras
semanas, ficando no entanto exposto no mínimo duas horas por dia;
• A climatização é iniciada após 4 a 6 dias e satisfatória após 2 a 3 semanas;
• Os fenômenos circulatórios associados à aclimatização são mais lentos que
o aumento da sudorese e a diminuição do sódio no suor;
• O diagnóstico da aclimatização é feito com base na temperatura retal, no
grau de sudorese e na frequência cardíaca;
• À medida que a frequência cardíaca vai baixando próximo aos níveis que
seriam obtidos se o esforço fosse feito em um ambiente neutro, conclui-se
que o processo de aclimatização está sendo realizado.
A especificidade da aclimatização ao calor é um conceito muito importante, pois o
trabalhador estará aclimatizado para aquela carga de trabalho naquele ambiente. Se
mudarmos o ambiente ou a carga de trabalho, podem ocorrer danos físicos.
O afastamento do trabalho por uma semana pode fazer com que o trabalhador
perca de 1/4 a 2/3 da aclimatização e após três semanas a perda será total.
SEXO FEMININO
FATORES QUE OBESIDADE
DIFICULTAM DESNUTRIÇÃO
A ACLIMATIZAÇÃO FORÇA AERÓBICA BAIXA
DROGAS: Atropina, Salicilatos, Anfetaminas, Meprobanato
5.6.1 VELOCIDADE DO AR
A movimentação do ar é muito importante para o conforto térmico, pois aumenta as
trocas de calor bem como possibilita a retirada de ar quente e umidade e a insuflação de
ar frio nos ambientes.
Ela é medida através dos anemômetros que podem ser de dois tipos:
a) Mecânicos: Formados por palhetas rotatórias e devido à sua baixa sensibilidade
são utilizados somente para velocidades mais que 0,75 m/s.
b) Termoanemômetros: São bem mais sensíveis e se prestam para medir
velocidades muito baixas ou altas. São constituídos por duas espirais de níquel,que
formam os ramos de uma ponte de Wheatstone, sendo uma delas aquecida. A
velocidade do ar tem um efeito refrigerante sobre o fio aquecido, o que faz variar
sua resistência, que é medida em uma escala proporcional à velocidade do ar.
Existe ainda um outro equipamento que serve para medir a velocidade do ar, que é
o catatermômetro, que é usado em sistemas de refrigeração. É um termômetro de álcool
com um bulbo maior que o normal e possui um depósito na parte superior e duas marcas
de referencia em sua haste. Devido à sua alta sensibilidade, se presta para medir
velocidades de 0,25 m/s ou menores.
Muitas vezes torna-se necessário estimar a velocidade do ar, que pode ser feita da
seguinte forma:
EVAPORAÇÃO REQUERIDA
I S T = -------------------------------------------- x 100
EVAPORAÇÃO MAX.POSSIVEL
Se o IST for maior que 100%, o ambiente é insalubre, sofrendo o trabalhador uma
sobrecarga térmica, pois o calor trocado por evaporação será maior que a máxima
evaporação possível.
No entanto se o IST é menor que 100% não significa que tudo esteja bem, pois
para cada porcentagem da evaporação necessária sobre a máxima evaporação possível,
indica uma situação de decréscimo no rendimento do trabalhador conforme a Tabela 5.5.
A Evaporação Requerida é a quantidade de calor que o corpo deve dissipar através
da evaporação do suor, a fim de manter o equilíbrio térmico, isto é, a ausência de
aumento significativo da temperatura corporal.
Quando Ereq = Emax, significa que o IST = 100% isto é, a quantidade de calor que
o corpo pode perder é igual à quantidade de calor que deve perder, para manter o
equilíbrio térmico. É uma situação crítica, tolerada por 8 horas de trabalho somente por
trabalhadores jovens, aclimatados e em excelente estado de saúde.
O IST é difícil de ser calculado, no entanto, é muito útil para estudos sobre a
exposição ao calor, em particular quando se projeta e avalia a eficiência das medidas de
controle ambiental.
Para ambiente externos com carga solar o IBUTG é calculado a partir de três
medições: Tbs, Tbn e Tg
30 min. Trabalho
30 min. Descanso. 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
15 min. Trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 min. Descanso.
Não é permitido o trabalho sem
adoção de medidas adequadas
de controle. Acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
Nesse caso se faz uma avaliação do local de trabalho que é o mesmo de descanso
e com os valores de Tbn e Tg, calculamos o IBUTG e de acordo com o tipo de atividade
(leve, moderada ou pesada), verificamos se o trabalho pode ser realizado continuamente,
se não pode ser realizado sem que se adote uma medida de controle ou se pode ser
realizado adotando-se um regime de trabalho/descanso no próprio local.
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco 125
exemplo: datilografia.
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas 150
exemplo: dirigir.
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, principalmente 150
com os braços.
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma 175
movimentação.
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com 220
alguma movimentação.
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Tabela 5.8. Máximo Valor de IBUTG médio para cada grau do metabolismo.
(NHO -06 – FUNDACENTRO – QUADRO 2)
Onde:
Onde:
Trabalho Leve............ 100 a 200 kcal/h (200 kcal/h)
Trabalho Moderado... 200 a 350 kcal/h (350 kcal/h)
Trabalho Pesado........ 350 a 500 kcal/h (500 kcal/h)
15,0 a - 17,9 *
* Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente , de acordo com o mapa oficial do
IBGE.
** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática sub -quente, de acordo com o mapa oficial do
IBGE.
*** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial
do IBGE.
Barreiras Refletoras
Quando o calor radiante for significativo.
Áreas de Descanso
Os locais de descanso devem ser adequados para a recuperação térmica,
conforme o IBUTG e o Grau de Atividade.
Aclimatização
O tempo depende do tipo de atividade.
Quadro 5.1.
TRABALHO E DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL
Resposta:
Nota 5.1.
REGIME DE TRABALHO COM DESCANSO EM OUTRO LOCAL
Importante:
33,2 x 36 + 21,8 x 24
IBUTG = ------------------------------- IBUTG = 28,6 ºc
60
300 x 36 + 125 x 24
M = ------------------------------ M = 230 kcal/h
60
5.14. TESTES
1. Qual desses mecanismos de trocas térmicas corresponde à maior parte das
trocas totais?
a) Radiação.
b) Convecção.
c) Condução.
d) Evaporação.
e) n.d.a.
2. Qual dessas doenças pode causar convulsões ou coma em seu estágio crítico,
devido ao aumento de temperatura do corpo?
a) Síncope do calor.
b) Cãibras de calor.
c) Golpe de calor.
d) Prostração hídrica devido ao calor.
e) Edema do calor.
5.15. EXERCÍCIOS
1. Um processo de trabalho interno, utiliza um ciclo de 50 minutos, sendo 30
minutos de trabalho e 20 minutos de descanso.
ÁREA DE TRABALHO
Tbn = 25C
Tbs = 30C
Tg = 45C
Metabolismo da tarefa = 300 kcal/h
Tempo de exposição = 30 minutos
ÁREA DE DESCANSO
Tbn = 20C
Tbs = 25C
Tg = 28C
Metabolismo da tarefa = 150 kcal/h
Tempo de exposição = 20 minutos
Calcular o IBUTG e comentar sobre a adequação desse ambiente de trabalho.
Reposta:
• 30 minutos de trabalho
• 20 minutos de descanso
ÁREA DE TRABALHO:
• (IBUTG)trab = 31 C
IBUTG = 31 C
Tempo = 40 minutos
ÁREA DE DESCANSO
IBUTG = 22,4 C
Tempo = 20 minutos
IBUTG = 31 x 40 + 22,4 x 20
60
M = Mt xTt + Md x Td
= (300 x 40 + 150 x 20) / 60
60
AMBIENTE 1 AMBIENTE 2
Resposta:
Reposta:
Tg = 40C
Tbu = 25C
Tbs = 30C
Veloc.ar = 1m/s
Metabolismo = 300 kcal/h
Resposta:
2) No encontro da linha com velocidade do ar = 1 m/s, trace uma vertical (B) até
encontrar o metabolismo.
Tbs=26C
Tbn=25C
Tg=30C
Qual deve ser o regime de trabalho?
Resposta:
Trabalho interno.
Atividade pesada.
Resposta:
Para atividades:
AMBIENTE A
Tbu = 25 C
Tbs = 25 C
Tg = = 40 C
AMBIENTE B
Tbu = 25 C
Tbs = 35 C
Tb = 40 C
Para uma atividade extenuante (M = 400 Kcal/h), qual dos dois ambientes é
termicamente pior? Por que?
Resposta:
Considerando Tbu como Tbn, como não foi dado o regime com ou sem
Ambiente Interno:
Ambiente externo:
29,5 C 28,0 C
AMBIENTE A (UR=100%) (UR = 100%)
8. Um trabalhador carrega uma estufa com peças leves durante 20 min e durante 10
min executa tarefas leves em um ambiente de recuperação térmica coberta.
Tbn = 30 C Tbn = 22 C
Tbs = 38 C Tbs = 26 C
Tg = 47 C Tg = 28 C
M = 300 kcal/h M = 150 kcal/h
Resposta:
Mt x Tt + Md x Td 300 x 40 + 150 x 20
Metab.médio = = 250kcal/h
60 60
OBJETIVOS DO ESTUDO
6.1. INTRODUÇÃO
As atividades ocupacionais em ambientes frios cobrem uma longa faixa de
temperaturas, como ilustra a tabela 6.1.
Temperatura Atividade
pés, nariz e orelhas ocorre porque a razão superfície-volume é elevada, desse modo
essas regiões são congeladas para que o centro do corpo permaneça aquecido. Quando
a temperatura das mãos e pés cai abaixo de zero, podem ocorrer lesões congelantes, e a
uma temperatura de -50 0C a pele congelará em 1 minuto.
água a perda por condução é maior. Na tabela 6.3 são apresentados os tempos médios
de sobrevivência durante a imersão em água a diferentes temperaturas.
roupa a ser usada na sua execução. Na tabela 6.5 são apresentadas recomendações
específicas para trabalhos a serem realizados em ambiente com temperatura do ar ou
temperatura efetiva de resfriamento na faixa de -32 a 16ºC.
Tabela 6.5. Recomendações para trabalho em ambientes frios segundo a temperatura.
Temperatura
Recomendação
(0C)
-32 Evitar atividade contínua com a pele desprotegida (TER)*.
Quadro 6.1.
Para se evitar a ocorrência de congelamento das mãos e dos pés, que
procedimentos devem ser adotados pelo trabalhador?
A perda de calor também é evitada pela troca constante das roupas que tenham
ficado úmidas pelo suor gerado na atividade ou por contato com líquidos no processo de
trabalho. Para o planejamento das atividades podem ser utilizadas as tabelas 6.6 e 6.7.
-32 a -34 75 2 55 3 40 4 30 5
-35 a -37 55 3 40 4 30 5
-38 a -39 45 4 30 5
-40 a -42 30 5
15 a 10 150 10
<10 a -5 150 10
<-5 a -18 90 15
<-18 a -30 90 30
<-30 60 60
tmáx – tempo máximo de exposição contínua ao frio
treaq – tempo de reaquecimento
Quadro 6.2.
O uso das roupas especiais para mergulhos visa a prevenir qual efeito? Por que
este efeito ocorre?
6.5. TESTES
2. Qual desses sintomas não aparecem quando há exposição aos ambientes frios?
a) Vasoconstrição.
b) Aumento da pressão arterial.
c) Diminuição do metabolismo interno.
d) Diminuição do fluxo sanguíneo.
e) n.d.a.
6.6. EXERCÍCIOS
Resposta:
2- Nas noites mais frias do inverno, é comum ocorrer morte de moradores de rua.
Porque isso ocorre? Quais os meios de prevenção?
Reposta:
Resposta:
pelo vento.
Resposta:
sudorese, prever períodos de descanso em área aquecida para troca das roupas
local de trabalho.
CAPÍTULO 7. ESOCIAL
7.1. O ESOCIAL
O eSocial é uma ferramenta que está sendo criada desde 2004 pelo governo
federal com o intuito de unificação de informações relacionadas a gestão (recursos
humanos) e segurança do trabalho provenientes de qualquer empregador em território
brasileiro (BRASIL, 2017).
Com o decreto n° 8.373, de 2014, ficou instituído o “sistema de escrituração das
obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas – eSocial”. O decreto não altera
nenhuma regra vigente normativa, somente estabelece o eSocial como ferramenta
fiscalizadora.
Com o portal, os empregadores irão ser obrigados a cumprir e prestar
informações de forma unificada e digital obrigações, como:
• PPRA;
• AET;
• Laudo de NR-10, periculosidade, insalubridade e adequação a NR-12;
• PCMSO;
• APR;
• LTCAT.
É uma ação conjunta dos seguintes órgãos:
www.esocial.gov.br
São eventos sem data pré-fixada para ocorrer, uma vez que dependem da relação
exclusiva empregador/empregado e o reconhecimento de direitos e deveres trabalhistas,
previdenciários e fiscais. É o caso de uma promoção, contratação de empregado ou
serviço, desligamento e outros.
O seu prazo de envio respeita regras que assegurem direitos trabalhistas e o
manual do eSocial contém uma descrição de todos eventos não periódicos e o prazo de
envio para os mesmos.
De uma maneira geral, o recomendado é que estes eventos sejam transmitidos
imediatamente após a sua ocorrência, a fim de impedir inconsistências e o risco da rede
eSocial estar congestionada devido ao alto número de acessos nas últimas horas do
prazo. Os eventos não periódicos contam com as seguintes tabelas, mostradas na Figura
3:
e são atreladas a um período de validade. Essas alterações podem ser realizadas por
meios de eventos não periódicos, como uma promoção ou desligamento.
Toda alteração deve ser bem controlada para que não torne inconsistente os
eventos periódicos já fechados. Por exemplo, alguém que é desligado da empresa por
um evento não periódico, mas tem seu salário declarado normalmente dentro de um
evento periódico.
Além destes, também é incluído o S-2230, S-2240 e S-2241 (ver anexo para consulta
dos nomes).
7.1.6. IDENTIFICADORES
7.1.6.1. CONSULTA
7.1.7. LEIAUTES
7.1.8. PARTICULARIDADES
7.1.9. TESTES
Alguns itens são definidos como eventos exclusivos a SST (Saúde e Segurança
do Trabalho):
• S-1060 – Tabela do Ambiente do Trabalho;
• S-2210 – Comunicação de Acidente do Trabalho;
• S-2220 – Monitoramento da Saúde do Trabalhador;
• S-2230 – Afastamento Temporário;
• S-2240 – Condições Ambientais do Trabalho – Fatores de Risco;
• S-2241 – Insalubridade, Periculosidade e Aposentadoria Especial.
7.2.1.1.1. FÍSICOS
7.2.1.1.2. QUÍMICOS
7.2.1.1.3. BIOLÓGICOS
7.2.1.1.4. ERGONÔMICOS
• CNPJ do empregador;
• Nome empresarial;
• CNAE (classificação nacional de atividades econômicas da empresa);
• Nome do trabalhador;
• Se é portador de deficiência ou não;
• NIT (número de identificação do trabalhador);
• Data de nascimento;
• Sexo;
• CTPS (carteira de trabalho da previdência social).
• Data de admissão;
• Regime de Revezamento (trabalho em turno, dias trabalhados e dias
descansados);
• CAT registrada na previdência social da empresa, sua data e seu número;
1. Descrição dos ambientes da empresa e de seus riscos existente, pelo evento S-1060.
Associado a esse evento, está a tabela 23, que se encontra dentro de arquivo
disponibilizado no site do eSocial.
2. Vinculação do trabalhador ao ambiente de trabalho, de forma individualizada, para
todos os NIT (número de identificação do trabalhador) da empresa.
3. O Monitoramento da Saúde do trabalhador deve ser realizado esporadicamente e de
acordo com as leis atuais.
4. É apontado dentro do S-2241 os trabalhadores que tiverem direito a insalubridade,
periculosidade e aposentadoria especial. Assim, será permitido o recolhimento do FAE
(Financiamento de Aposentadoria Especial).
7.2.3. TESTES
4 – A tabela S-2241:
a) Deve ser realizada para todos os trabalhadores de uma empresa.
b) Deve ser realizada para trabalhadores que possuem direito a Insalubridade,
Periculosidade, apenas.
c) Deve ser realizada para trabalhadores que possuem direito a Insalubridade,
Periculosidade e Aposentadoria Especial, apenas.
d) Deve ser realizada apenas para funcionários públicos.
e) Somente deve ser preenchida se a empresa não possui nenhum risco dentro da
tabela S-1060.
BIBLIOGRAFIA