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FISIOLOGIA VEGETAL
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2 O ESTUDO DA FISIOLOGIA VEGETAL ................................................................. 6
2.1 Estruturas básicas e características das plantas .............................................. 7
2.1.1 A célula vegetal ................................................................................................ 8
2.1.2 Funcionamento geral das plantas ................................................................... 10
3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO VEGETAL .......................................... 11
3.1 Etapas de desenvolvimento vegetal ............................................................... 12
3.2 Controle do crescimento e do desenvolvimento ............................................. 14
3.3 Controle genético do desenvolvimento ........................................................... 14
3.4 Regulação hormonal do desenvolvimento ...................................................... 15
3.5 Regulação ambiental do desenvolvimento ..................................................... 16
4 A ÁGUA NA PLANTA ............................................................................................ 16
4.1 Solvente .......................................................................................................... 17
4.2 Reagente ........................................................................................................ 17
4.3 Manutenção da turgescência celular .............................................................. 18
4.4 Regulação térmica .......................................................................................... 18
4.5 Absorção da água pela planta ........................................................................ 18
4.6 Absorção passiva ........................................................................................... 18
4.7 Absorção ativa ................................................................................................ 19
4.8 Perda de água pela planta .............................................................................. 20
4.8.1 Transpiração ................................................................................................... 20
4.8.2 Fatores climáticos que afetam a transpiração ................................................ 20
4.8.3 Gutação ou sudação ....................................................................................... 21
4.8.4 Exsudação.. .................................................................................................... 21
4.9 Déficit hídrico .................................................................................................. 22
4.10 Sintomas do déficit hídrico .............................................................................. 23
5 NITROGÊNIO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
PLANTAS .................................................................................................................. 23
5.1 Consequências da falta de nitrogênio nas plantas ......................................... 24
5.2 Consequências do excesso de nitrogênio nas plantas ................................... 28
5.3 Processos teórico e prático da fixação biológica do nitrogênio ....................... 28
2
6 FOTOSSÍNTESE .................................................................................................. 30
6.1 Importância da fotossíntese ............................................................................ 30
6.2 Processo da fotossíntese................................................................................ 31
6.3 Fatores que influenciam a fotossíntese .......................................................... 31
6.3.1 Luz.............. .................................................................................................... 32
6.3.2 Temperatura ................................................................................................... 32
6.3.3 Água........... .................................................................................................... 33
6.3.4 Gás carbônico................................................................................................. 33
6.3.5 Nutrientes..... .................................................................................................. 33
6.3.6 Oxigênio.......................................................................................................... 33
6.3.7 Idade das folhas ............................................................................................. 33
6.3.8 Arquitetura das folhas ..................................................................................... 34
6.3.9 Índice de área folhar ....................................................................................... 34
6.3.10 Poda da planta frutífera .................................................................................. 34
6.4 Produção das plantas ..................................................................................... 35
7 RESPIRAÇÃO DE PLANTAS ............................................................................... 38
7.1 A importância da respiração ........................................................................... 38
7.2 Processo respiratório ...................................................................................... 38
7.3 Tipos de respiração ........................................................................................ 39
7.4 Fluxo de energia nos sistemas vegetais ......................................................... 39
7.5 Etapas da respiração aeróbia dos carboidratos .............................................. 39
7.6 Fatores que influenciam na respiração ........................................................... 40
7.6.1 Temperatura ................................................................................................... 40
7.6.2 Oxigênio.......................................................................................................... 40
7.6.3 Gás carbônico................................................................................................. 41
7.6.4 Danos mecânicos ........................................................................................... 41
7.6.5 Compostos químicos ...................................................................................... 41
7.6.6 Disponibilidade de substrato ........................................................................... 41
7.6.7 Idade dos tecidos ............................................................................................ 41
8 FISIOLOGIA DA GERMINAÇÃO E JUVENILIDADE DA PLANTA ........................ 42
8.1 Germinação .................................................................................................... 42
8.2 Fases da germinação ..................................................................................... 45
8.3 Juvenilidade da planta .................................................................................... 45
3
9 FITOCROMO E FLORAÇÃO ................................................................................ 49
9.1 O que são fitocromo e fotomorfogênese? ....................................................... 50
9.1.1 Fotomorfogênese ............................................................................................ 50
9.1.2 Fitocromo... ..................................................................................................... 51
9.1.3 Fotoperiodismo ............................................................................................... 52
9.1.4 Vernalização ................................................................................................... 56
10 FRUTIFICAÇÃO.................................................................................................... 57
10.1 Processos de formação dos frutos ................................................................. 57
10.2 Desenvolvimento dos frutos............................................................................ 60
10.3 Amadurecimento dos frutos ............................................................................ 61
11 BIOTECNOLOGIA VEGETAL ............................................................................... 64
11.1 Técnicas e aplicações da biotecnologia.......................................................... 65
11.2 Uso da genômica na produção vegetal .......................................................... 67
11.3 Biotecnologia animal ....................................................................................... 68
12 INFLUÊNCIA DOS FATORES AMBIENTAIS NO CRESCIMENTO VEGETAL .... 70
12.1 Fatores ambientais e o crescimento vegetal................................................... 70
12.2 Influenciadores do desenvolvimento vegetal .................................................. 72
12.2.1 Luz e temperatura ........................................................................................... 73
12.2.2 Água............. .................................................................................................. 74
12.2.3 Disponibilidade de nutrientes .......................................................................... 74
12.3 Fatores ambientais e o desenvolvimento das plantas .................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79
4
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
5
2 O ESTUDO DA FISIOLOGIA VEGETAL
Fonte: https://fisiologiavegetal.es/
6
2.1 Estruturas básicas e características das plantas
Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com
Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com
Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com.
10
A fotossíntese é afetada por diversos fatores, como a temperatura e a
intensidade luminosa. O gás carbônico (CO2) é obtido da atmosfera, enquanto a água
(H2O) e os nutrientes são retirados do solo pela raiz. Na presença de luz solar, a
fotossíntese ocorre nos cloroplastos, especialmente em estruturas como as folhas,
conforme Taiz e Zeiger (2017).
Os fotoassimilados são compostos obtidos a partir da fotossíntese e são
redistribuídos pela planta em movimentos denominados simplasto e apoplasto. No
simplasto, ocorre o transporte por meio do floema pelo interior da célula, atravessando
as membranas. Já o apoplasto ocorre por meio do xilema, sendo responsável pelo
transporte de substâncias inorgânicas (água e nutrientes) absorvidas pelas raízes.
Esses solutos não entram nas células durante seu movimento, sendo transportados
pelos espaços nas paredes das células.
12
3. Diferenciação celular — as células sofrem mudanças de forma, função e
composição, tornando-se especializadas.
O caule possui dois tipos de crescimento. Existe o crescimento longitudinal, que
ocorre nas extremidades e torna os ramos mais compridos, sendo de
responsabilidade dos meristemas terminais. Há também o crescimento em diâmetro,
que é responsável pelo “engrossamento” do caule, que é de responsabilidade do
câmbio vascular — uma faixa de tecidos que se multiplica no meio do caule e que dá
origem aos vasos que conduzem a seiva entre as raízes e as folhas. (SILVEIRA,
2018).
As raízes também apresentam dois tipos de crescimento: o crescimento em
comprimento, na zona meristemática existente na ponta da raiz, e o crescimento
vascular, que leva ao espessamento e à formação dos vasos condutores. Já as folhas
crescem a partir das nervuras, pela multiplicação de todas as células, não havendo
distinção entre os sentidos de crescimento.
Ao longo do tempo, o crescimento pode ser avaliado pelo aumento da altura e
do volume da planta e pelo acúmulo de massa (peso) de toda a planta e de algum
órgão específico de interesse. O desenvolvimento abrange a planta como um todo e
se caracteriza pelas fases que a planta passa, desde a semente que deu origem a ela
até o processo de produção de uma nova semente, que vai dar origem a outras
plantas.
13
3.2 Controle do crescimento e do desenvolvimento
14
Essas etapas são requeridas para o sucesso na expressão gênica, e cada
etapa representa um ponto potencial no qual a expressão do gene pode ser regulada
durante o desenvolvimento. Existem evidências para transcrição diferencial bem como
para o controle da tradução e do processamento pós-traducional de proteínas durante
o desenvolvimento da planta. (SILVEIRA, 2018)
15
3.5 Regulação ambiental do desenvolvimento
4 A ÁGUA NA PLANTA
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diretamente relacionada com a manutenção da turgescência dos tecidos, que é
importante para a fotossíntese, a floração, a frutificação e a qualidade de produtos
como verduras e frutas.
A água é essencial como reagente ou substrato nos processos como a
fotossíntese e a hidrólise do amido em açúcar em sementes germinando. Existem
outras importantes funções da água, como aquelas relacionadas ao movimento de
nutrientes minerais tanto no solo quanto nas plantas, ao movimento de produtos
orgânicos da fotossíntese e à locomoção de gametas no tubo polínico para a
fecundação. A água serve também como meio de transporte na disseminação de
esporos, frutos e sementes para muitas espécies. (SILVEIRA, 2018)
4.1 Solvente
4.2 Reagente
A água possui um alto calor específico, que faz com que a planta tenha a
capacidade de absorver grandes quantidades de calor sem elevar a temperatura
prejudicialmente. No processo de transpiração, a planta apresenta um efeito de
resfriamento. Assim, observamos que, na sombra das árvores, a temperatura é mais
amena.
18
dos vasos do xilema é arrastada para cima, uma vez que as moléculas de água se
mantêm unidas por forças de coesão. (SILVEIRA, 2018)
Esse processo pode ser comparado ao ato de beber água com um canudo, em
que, ao sugar, a boca cria uma tensão que suga a água de uma ponta à outra dentro
do canudo. No processo de absorção passiva, a boca seria a atmosfera, o canudo
seria os vasos do xilema, a extremidade inferior do canudo seria a raiz, e a água seria
a solução do solo.
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4.8 Perda de água pela planta
4.8.1 Transpiração
20
umidade do ar — pois, quanto maior for a umidade, menor será a taxa de
transpiração dos vegetais, devido à diferença de potencial da água;
temperatura — pode afetar de duas maneiras: 1) o aumento da temperatura
aumenta a evaporação de água nos estômatos; 2) com o aumento da temperatura, a
abertura dos estômatos aumenta, para manter a temperatura da planta;
correntes de ar — ventos causam a remoção do vapor de água na superfície
das folhas, mudando a concentração de vapor de água entre a folha e a atmosfera e
aumentando a transpiração.
Ambientes com elevada umidade levam à redução da transpiração, mesmo que
apresentem, também, temperaturas altas. A quantidade de gás carbônico (CO2) pode
influenciar na transpiração, pois, em alta concentração no ambiente, ele faz com que
os estômatos fiquem fechados. Isso reduz a transpiração e mantém a turgidez das
plantas. A alta concentração de gás também aumenta a eficiência da fotossíntese,
resultando em uma maior produção de energia.
4.8.4 Exsudação
22
4.10 Sintomas do déficit hídrico
23
na superfície (nitrogênio dissolvido); e biomassa de organismos vivos. De modo
resumido, o nitrogênio é responsável pelo crescimento das plantas, visto que é um
nutriente essencial, pela produção de novos tecidos e células e pela formação de
clorofila, um pigmento verde encontrado nas folhas que captura a energia do sol.
Os átomos de nitrogênio também entram na composição das proteínas e dos
ácidos nucleicos, tanto de plantas como de animais (TAIZ; ZEIGER, 2013; EVERT;
EICHHORN, 2016). O ácido nucleico consiste em uma macromolécula formada por
fosfato, glicídio (pentose) e bases nitrogenadas. Já os aminoácidos, consistem em
substâncias orgânicas constituídas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e
nitrogênio. Os aminoácidos apresentam ao menos um grupo carboxila (–COOH) e um
grupo amina (–NH2) em sua molécula. Os aminoácidos, quando unidos por ligações
peptídicas, constituem as moléculas de proteína (AMABIS; MARTHO, 1997).
Moléculas de proteína são constituídas por dezenas ou mesmo centenas de
moléculas menores, chamadas de aminoácidos, os quais são ligados em sequência
como os elos de uma corrente.
O nitrogênio (N) apresenta vital importância não apenas para as plantas, mas
também para todos os seres vivos de modo geral. Taiz et al. (2017) mencionam que,
quando o solo apresenta baixos níveis de N, as plantas apresentam sinais,
24
principalmente, em relação à coloração das folhas. Existem três estágios que podem
ser observados: no primeiro estágio, a planta apresenta um verde mais claro que o
convencional e, caso o problema não seja resolvido (por meio de práticas de
adubação), poderá seguir até o terceiro estágio, em que as folhas apresentam uma
coloração amarelada, podendo inclusive, levar à morte da planta.
Silva et al. (2006) mencionam que a falta ou insuficiência de nutrientes (como
o nitrogênio) debilita e atrasa o desenvolvimento das plantas, que passam a
apresentar sintomas de deficiência nutricional. A exigência do elemento é maior nos
primeiros estágios de crescimento. Em sua falta ou insuficiência, o crescimento da
planta é retardado, e as folhas mais velhas tornam-se verde-amareladas (Figura
abaixo). Se a falta do nutriente for prolongada, toda a planta apresentará esses
sintomas. Em casos mais severos, ocorre redução do tamanho dos folíolos, e as
nervuras principais apresentam uma coloração púrpura, contrastando com um verde
pálido das folhas. Os botões florais amarelecem e caem.
Diferenciação entre uma planta com teores adequados de nitrogênio e outra com deficiência
de nitrogênio
28
Nunes (2016) menciona que a maioria dos solos, cerca de 5% do nitrogênio
total, está na forma mineral, configurando a principal forma de absorção pelas plantas.
A reserva de nitrogênio no solo é, principalmente, orgânica, e está sujeita às
transformações que determinarão as relações de equilíbrio entre nitrogênio orgânico
e mineral, em função do comportamento do NO 3 – e NH4 + como íons no solo e das
necessidades de plantas e microrganismos.
As plantas absorvem nitrogênio do solo na forma de nitrato, amônio, ureia e
aminoácidos, prevalecendo o nitrato em grande parte dos solos por ser o produto final
da utilização microbiológica do nitrogênio amoniacal, em que bactérias
quimiossintetizantes dos Gêneros Nitrossomonas e Nitrobacter oxidam a amônia e
utilizam os elétrons removidos em seu metabolismo.
Existem duas rotas naturais de disponibilidade de N para as plantas,
apresentadas por Campbell e Farrell (2011):
1. Precipitação: as chuvas carrearam para o solo o NH3, o NO3 – e outras
formas de N existentes na atmosfera. A quantidade de nitrogênio que chega ao solo
pelas águas da chuva varia muito conforme a região e, geralmente, em quantidades
inferiores às demandas da maioria das espécies vegetais cultivadas.
2. Fixação biológica de N2 atmosférico: o N2 não é assimilável pelas plantas,
entretanto, microrganismos muito específicos conseguem realizar a redução
enzimática do N2 para (NH4+). A fixação biológica do N2 é realizada por alguns
microrganismos, como bactérias, cianobactérias e actinomicetos, os quais têm a
capacidade de fazer por meio de um processo conhecido como fixação biológica de
nitrogênio (FBN).
Fonte: https://focorural.com/
29
6 FOTOSSÍNTESE
30
abundantes em energia química (ATP). Essa energia química, por sua vez, será
utilizada para o crescimento e a manutenção da planta (PES; ARENHARDT, 2015).
A estrutura do aparato fotossintético constitui-se, basicamente, por três
estruturas: folha, cloroplasto e clorofila e outros pigmentos. A folha tem como função
interceptar a energia solar e absorver o CO2 do ar. O cloroplasto faz parte das células
da folha e é considerado o organoide funcional, estrutural e fisiologicamente completo
da fotossíntese. Já a clorofila e outros pigmentos fazem parte do cloroplasto e são
responsáveis pela absorção da energia luminosa. A energia solar compõe-se de
radiações de diferentes comprimentos de onda, que variam de 200 a 4.000 nm.
As ondas eletromagnéticas podem ser classificadas e organizadas de acordo
com seus diversos comprimentos de onda/frequências. Essa classificação é
conhecida como o espectro eletromagnético. (LACERDA; ENÉAS FILHO; PINHEIRO,
2007).
6.3.2 Temperatura
32
6.3.3 Água
6.3.5 Nutrientes
A correta nutrição da planta tem relação direta com a taxa fotossintética. Dos
17 nutrientes considerados essenciais, 12 estão diretamente envolvidos com a
fotossíntese. A deficiência de nutrientes prejudica a fotossíntese por limitar o
crescimento da planta, a renovação de tecidos e, principalmente, a atividade
enzimática, parte fundamental para a ocorrência de diversas reações do processo
fotossintético.
6.3.6 Oxigênio
Entende-se por índice de área folhar (IAF) a relação entre a área folhar verde
da planta e determinada área de solo. Em um primeiro momento, podemos imaginar
que, quanto maior o IAF, maior será a atividade fotossintética. Porém, a partir de
determinado IAF, uma área folhar recebe luz e outra fica autossombreada. Essas
folhas, além de terem baixa capacidade de realizar fotossíntese, mantêm a própria
atividade à custa da respiração. Por isso, para cada espécie vegetal, existe um IAF
ideal, no qual a interceptação da radiação é elevada e o autossombreamento mínimo.
(CEOLA, 2018)
Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/
34
6.4 Produção das plantas
35
No entanto, no cultivo protegido, há a possibilidade de certo controle de
variáveis climáticas, como temperatura, umidade do ar, radiação solar e vento. Esse
controle se traduz em ganho de eficiência produtiva, além de reduzir o efeito da
sazonalidade, favorecendo a oferta mais equilibrada ao longo dos meses. Esse
benefício é mais evidente em regiões de clima frio, já que o calor acumulado dentro
das estufas viabiliza a produção de certas culturas fora de época, além de encurtar o
ciclo de produção.
Os gastos com controle de pragas e doenças também podem reduzir no cultivo
protegido, especialmente na produção de mudas. As plantas geradas em estufas, por
exemplo, têm menor incidência de pragas e doenças, o que torna o produto “mais
limpo” ao ser plantado comercialmente em campo aberto ou fechado. O cultivo
protegido mais conhecido é aquele realizado em estufas, mas pode se dar também
em túneis e ripados, construídos com estruturas de madeira ou metálicas. (CEOLA,
2018).
Porém, existem pontos importantes a serem levantados antes da implantação
do cultivo protegido: na propriedade do produtor, deve-se considerar tanto os aspectos
econômicos quanto técnicos, que farão total diferença em relação aos resultados. Em
primeiro lugar, nem todo hortifrúti é viável economicamente em cultivo protegido. É
importante escolher culturas com alto valor agregado e que sejam mais suscetíveis a
adversidades climáticas. Alguns esforços do cultivo protegido não se restringem à
implantação da infraestrutura (estufas, túneis, etc.), permanecendo a adoção de uma
série de medidas específicas de manejo. As informações técnicas são extremamente
importantes não somente para o conhecimento sobre a construção, mas também para
tudo que envolve a cultura, como as técnicas de manejo e controle do ambiente
protegido. Algumas condições relacionadas à produção das plantas em ambiente
protegido são descritas a seguir.
Luminosidade — a luminosidade tem influência direta no crescimento e
desenvolvimento da planta e pode ser controlada/ajustada conforme o tipo de material
que cobrirá a estufa (plástico ou tela) e o posicionamento da estrutura no terreno. Uma
construção orientada em relação ao sol no sentido Leste-Oeste recebe somente 74%
da radiação solar da mesma construção orientada no sentido norte-sul. Em ambiente
protegido, a fração da radiação solar que passa se difunde mais do que em campo
aberto, atingindo com maior eficiência a região foliar. Após a implantação da estufa, é
36
preciso se atentar para a limpeza do plástico. A deposição de poeira tende a reduzir
a luminosidade no interior da estrutura, causando o estiolamento da planta. A indústria
de plástico tem ofertado diferentes materiais que filtram comprimentos de onda
nocivos à planta — deixando passar somente aqueles benéficos ao desenvolvimento
da cultura — e melhoram o controle da temperatura dentro da estufa. A cor vermelha,
por exemplo, aumenta a taxa fotossintética das plantas. Outros são térmicos,
biodegradáveis, antiestáticos (permitem que os plásticos fiquem limpos por mais
tempo), apresentam aditivados contra raios UV, difusor de luz e ação inibidora do
desenvolvimento de fungos. (CEOLA, 2018).
Avaliação econômica do investimento — o investimento inicial em uma
estrutura de cultivo protegido é elevado. Assim, é importante uma avaliação crítica do
retorno desse capital. O retorno financeiro esperado deverá ser suficiente tanto para
recuperar o montante investido quanto para manter o fluxo de caixa da cultura.
Temperatura — tem ação direta nas funções vitais da planta, da germinação
até a frutificação. O manejo varia de acordo com a cultura. No caso das alfaces, a
americana apresenta melhores resultados com sombreado nas horas mais quentes
do dia. Além das telas sombreadas, o produtor pode usar cortinas laterais móveis, que
possibilitam o aquecimento e o resfriamento do ambiente. Já em relação à
temperatura do solo, a prática mais simples para a manutenção da temperatura é a
irrigação.
Adubação — o manejo incorreto da adubação é uma das principais causas
apontada por agrônomos para a baixa produtividade em cultivo protegido anos após
a implantação. A carência ou o excesso de nutrientes promove um desequilíbrio
nutricional.
Fonte: https://pontobiologia.com.br/
37
7 RESPIRAÇÃO DE PLANTAS
7.6.1 Temperatura
7.6.2 Oxigênio
A atividade respiratória pode ser diminuída com o aumento no teor de CO2 nos
tecidos vegetais.
41
8 FISIOLOGIA DA GERMINAÇÃO E JUVENILIDADE DA PLANTA
8.1 Germinação
42
extremamente reduzida, mas que ao encontrarem condições favoráveis como
temperatura adequada e disponibilidade de oxigênio e água conseguem dar início ao
processo germinativo. Porém existem casos em que as sementes mesmo em
condições satisfatórias não germinam, denominadas sementes dormentes, que
necessitam passar por um tratamento que propicie a quebra do estado de dormência,
para que posteriormente consigam germinar quando na presença de parâmetros
extrínsecos favoráveis. É possível inferir, então, que para iniciar um processo
germinativo é necessário que a semente esteja em estado quiescente.
45
(a) fruto e sementes; (b) estádios da germinação; (c) cotilédone; (d) morfologia foliar da plântula; (e)
morfologia foliar da planta juvenil; (f) morfologia foliar da planta adulta.
Fonte: Adaptada de Mesquita, Ferraz e Camargo (2007)
47
Durante a juvenilidade a morfologia da planta pode ser muito diferente quando
comparada a uma planta na fase adulta, visto que as características dos órgãos e
tecidos produzidos pela planta jovem em desenvolvimento sofrem constantes
mudanças ao longo do desenvolvimento, variando de acordo com a espécie cultivada.
Dependendo da espécie, algumas plantas juvenis podem parecer tão completamente
diferentes das plantas adultas que os insetos que colocam ovos não reconhecem a
planta como alimento para seus filhotes.
Segundo Prestes (2014), na fase juvenil as plantas apresentam maior vigor e
por isso seu crescimento ocorre mais rapidamente, uma vez que todos os nutrientes
absorvidos e a energia oriunda do metabolismo da planta são direcionados para a
manutenção e o crescimento das estruturas vegetativas. Os pontos de crescimento
vegetativo são considerados os maiores drenos da planta, pois recebem a maior parte
dos nutrientes que são absorvidos do solo, bem como dos fotoassimiladores.
Por tais motivos, nessa fase ocorre a formação de muitas folhas, e o aumento
de sua superfície foliar, aumentando as partes clorofiladas da planta, e
consequentemente os pontos de coleta da energia solar necessária para o processo
de fotossíntese. Nessa fase também é desenvolvido um extenso sistema radicular,
fundamental para a absorção de nutrientes e água do solo. Portanto é durante a
juvenilidade que a planta mais se aproveita das práticas agrícolas, como a irrigação e
adubação, constituindo um estágio extremamente vantajoso do ciclo de vida da planta.
Conforme indicam Pes e Arenhardt (2015), na fase juvenil a planta inicia o
acúmulo de reservas que permitirão produzir frutos e sementes no futuro, além de ser
perceptível seu aumento de tamanho. Dessa forma, a juvenilidade da planta é
considerada uma fase de fotossíntese líquida, onde se produz mais através da
fotossíntese do que se consome na respiração.
De acordo com Taiz e Zeiger (2009), a juvenilidade não é uniforme em toda a
planta, sendo a base da planta sempre considerada mais jovem quando comparada
ao ápice. Isso se deve a um gradiente de juvenilidade, que é maior na base da planta,
permitindo indicar que a região do ápice está mais próxima da fase reprodutiva. Os
tecidos e os órgãos juvenis que são formados primeiro ficam na base da planta, pois
estes tecidos são formados logo após a germinação da semente e seu crescimento
em altura depende do meristema apical. Já a porção do ápice da planta recebe uma
variedade de nutrientes e fatores hormonais, tendendo a uma menor juvenilidade.
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Sendo assim, a base da planta pode permanecer em juvenilidade mesmo após
a maturidade do meristema apical, porque são as alterações que ocorrem nos
meristemas apicais caulinares que promovem a transição entre a fase juvenil e a fase
adulta reprodutiva da planta. Por esse motivo, a partir de diferentes técnicas, é
possível promover o rejuvenescimento de uma planta.
Segundo Taiz e Zeiger (2009), a fase juvenil pode durar poucos dias em
espécies herbáceas de florescimento rápido. Enquanto isso, as espécies lenhosas
possuem a juvenilidade prolongada (Quadro), durando muitos anos.
9 FITOCROMO E FLORAÇÃO
49
9.1 O que são fitocromo e fotomorfogênese?
9.1.1 Fotomorfogênese
50
A (320–400nm); e fotorreceptores que absorvem o UV-B (290–320 nm). Os
fotorreceptores mais estudados quanto ao desenvolvimento vegetal são os fitocromos,
especialmente nas plantas vasculares (CARVALHO; PERES, [200-?]; LACERDA;
ENÉAS FILHO; PINHEIRO, 2007; TAIZ et al., 2017).
9.1.2 Fitocromo
9.1.3 Fotoperiodismo
53
transforma esse período em dois períodos de noite curta. Desta maneira, em PDC o
fitocromo F atua como inibidor da floração.
Como exemplo de PDC, é possível citar crisântemos, café, bico de papagaio,
morangos e prímulas, entre outros.
Comportamento da floração em plantas de dia curto. No primeiro caso, não floresce, pois a noite é
curta; no segundo, ocorre floração, pois a noite é longa; no terceiro, a incidência do flash de luz
durante a noite transforma a noite longa em dois períodos de noite curta, impedindo a floração.
Fonte: Adaptada de ramazangm/Shutterstock.com.
Plantas de dia longo (PDL) (Figura a seguir) são plantas que costumam
florescer principalmente no verão. Devem ter um período de luz mais longo que um
determinado comprimento crítico, ou seja, quando o comprimento do dia for maior ou
igual ao seu fotoperíodo crítico (SANTOS, 2004). Neste caso, PDL florescem quando
existem noites curtas.
De acordo com Carvalho e Peres ([200-?]), para muitas plantas de dias longo,
a interrupção do período noturno longo com a aplicação de um flash de luz pode ser
suficiente para fotoconverter o fitocromo inativo (R) em fitocromo ativo (F),
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restaurando a floração, o que significa que a incidência de um flash de luz durante
uma noite longa transforma esse período em dois períodos de noite curta. Desta
maneira, em PDC o fitocromo F atua como estimulador da floração.
Como exemplo de PDL, Carvalho e Peres ([200-?]) mostram que é possível
citar alface, aveia, espinafre, algumas batatas, certas variedades de trigo, ervilha,
cravo, entre outros.
Comportamento da floração em plantas de dia longo. No primeiro caso, floresce, pois a noite é curta;
no segundo, não ocorre floração, pois a noite é longa; no terceiro, a incidência do flash de luz durante
a noite transforma a noite longa em dois períodos de noite curta, permitindo a floração.
Fonte: Adaptada de ramazangm/Shutterstock.com.
Plantas indiferentes ou neutras (PI) (Figura a seguir) são plantas que não
dependem de períodos de luz ou escuro para que ocorra sua floração. Neste caso não
existe influência de fotoperíodo, nem fotoperíodo crítico, portanto são outros fatores,
que não a luz, que irão induzir ou inibir a floração. Nas regiões tropicais, por exemplo,
de uma forma genérica, existem 12 horas de luz e 12 horas de dia, então o período
de luz e escuro, ou dia e noite, é praticamente fixo, e existe o predomínio do
55
desenvolvimento de plantas indiferentes ou neutras. Como exemplo de PI, é possível
citar o tomate e o feijão de corda.
9.1.4 Vernalização
10 FRUTIFICAÇÃO
57
estruturas femininas, compostas pelo estigma, pelo estilete e pelo ovário. O estigma
é a área superior da flor, com a qual o grão de pólen entra em contato e inicia a
germinação do tubo polínico. O estilete é um prolongamento onde está localizado o
ovário, que é a parte inferior da flor, onde estão os óvulos (Figuras 1a e 1b).
58
comestível. O endocarpo tem origem nos tecidos internos do ovário e reveste a
semente.
59
Os pseudofrutos, também conhecidos como frutos acessórios, são estruturas
carnosas/suculentas que não têm origem no ovário da flor. Como exemplos, podemos
citar o pedúnculo no fruto do caju (Anacardium occidentale) e o receptáculo floral na
pera (Pyrus sp.) e na maçã (Malus domestica). O fruto da maçã, por exemplo, é uma
pequena porção que envolve a semente; a parte comestível é o receptáculo floral.
Os frutos partenocárpicos têm origem no ovário, porém, sem a fecundação;
assim, não formam sementes, por não desenvolverem seus óvulos. Os exemplos mais
comuns são a banana, a laranja baiana e o limão taiti. Os pontos pretos no centro da
banana não são sementes — são óvulos não fecundados. O desenvolvimento de
bananas sem sementes é produto de seleção genética para aumentar o consumo da
fruta. As bananas selvagens desenvolvem sementes, como a Musa balbisiana, nativa
do sul da Ásia. A reprodução da bananeira é feita por via vegetativa, em que ocorre a
separação de brotos da planta-mãe, que darão origem a outro indivíduo. Nesse caso,
a planta não possui variedade genética, sendo idêntica à planta-mãe, conforme
apontam Judd et al. (2009). A partenocarpia pode ser induzida com hormônios
vegetais, como as giberelinas e auxinas, aplicadas na época da floração da melancia,
da berinjela e do tomate.
60
A maturidade fisiológica é a fase a partir da qual o fruto continuará seu
desenvolvimento mesmo se separado da planta (no caso dos frutos climatéricos). O
amadurecimento abrange uma série de processos que ocorrem no final do
desenvolvimento do fruto, resultando em características físicas e de qualidade
provocadas pelas mudanças na composição, na coloração, na textura, no sabor e no
aroma do fruto. A senescência consiste nos processos que ocorrem após a
maturidade fisiológica e levam à morte dos tecidos, conforme definem Watada et al.
(1984).
Durante seu processo de desenvolvimento e maturação, os frutos têm sua taxa
de respiração alterada. A respiração é um processo fisiológico importante,
principalmente quando se considera o pós-colheita de espécies com interesse
econômico. No início do desenvolvimento, a taxa respiratória do fruto é elevada e vai
reduzindo à medida que ele se desenvolve.
Quando inicia a fase de maturação, a intensidade da respiração volta a
aumentar em algumas espécies; assim, pode-se afirmar que o envelhecimento de
frutas e hortaliças é proporcional à taxa de respiração. A partir desse processo, os
frutos são classificados em climatéricos e não climatéricos, conforme apontam Taiz e
Zeiger (2013). A respiração é um processo que abrange reações bioquímicas que
produzem energia para as células. Trata-se da decomposição oxidativa de
substâncias complexas, como o amido, os açúcares e os ácidos orgânicos, em
moléculas mais simples, CO2 e H2O, ocasionando a produção de energia, conforme
Buchanan, Griussem e Jones (2000).
61
de prateleira e se encontra fortemente relacionada com diversos fatores internos, que
são as características fisiológicas específicas dos produtos, descritas a seguir.
As mudanças na cor do fruto geralmente ocorrem do verde para cores como
vermelho, amarelo, laranja, roxo e até azul. A coloração influencia não só a estética,
mas também o sabor e o aroma. Os frutos possuem um mix de pigmentos: os verdes
da clorofila; o laranja, o amarelo e o vermelho dos carotenoides; o vermelho, o azul e
o violeta das antocianinas; o amarelo dos flavonoides. O fruto perde o pigmento verde
no início do amadurecimento, pois a clorofila é degradada e os cloroplastos são
convertidos em cromoplastos, que acumulam pigmentos. Por exemplo, os tomates,
em seu amadurecimento, vão acumular carotenoides; assim, as cores amarela,
laranja e vermelha correspondem às etapas de amadurecimento do tomate. A primeira
etapa consiste na formação do fitoeno (molécula incolor), que é convertido em
licopeno, o pigmento vermelho, conforme Taiz e Zeiger (2013).
As antocianinas são os pigmentos responsáveis pelas cores azul e púrpura de
algumas bagas. As antocianinas são formadas pela rota dos fenilpropanoides; ou seja,
elas são derivadas dos aminoácidos fenilpropanoides, que constituem alguns dos
conjuntos de metabólitos secundários mais importantes em plantas. Eles contribuem
não apenas para a cor e o sabor típicos dos frutos, mas também para as
características desfavoráveis, como o acastanhamento de tecidos do fruto via
oxidação enzimática de compostos fenólicos por polifenol oxidase.
O amolecimento do fruto envolve a degradação da parede celular. Na maioria
dos frutos carnosos, as paredes celulares consistem em um composto semirrígido de
microfibrilas de celulose. As mudanças de textura resultam da ação de várias enzimas
de degradação de parede, em que genes relacionados à textura conferem às
diferentes espécies de frutos suas exclusivas texturas pastosas, quebradiças ou,
ainda, farináceas. As alterações na cutícula do fruto interferem na perda de água,
afetam a textura e a durabilidade do fruto e promovem mudanças no aroma.
O sabor dos frutos é ocasionado por mudanças químicas. O sabor se deve
ao fato de que os frutos evoluíram para atuar como veículos na dispersão de sementes
e, portanto, devem ser atraentes. Essas mudanças químicas incluem alterações em
açúcares e ácidos e liberação de compostos do aroma. Em muitos frutos, no início do
amadurecimento, o amido é convertido em glicose e frutose, sendo os ácidos cítrico e
málico também abundantes, conforme Taiz e Zeiger (2013) e Carvalho e Recco-
62
Pimentel (2007). Dentre os fatores externos que influenciam no sabor, destacam-se a
temperatura, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar e a composição atmosférica,
conforme Santos (2016).
Alguns vegetais, como maçã, pera, uva e romã, possuem uma substância
química que pode ser encontrada em sementes, cascas e caules de frutos verdes: o
tanino. Essa substância caracteriza a planta com sabor amargo, sendo uma
importante estratégia para proteger da herbivoria determinadas partes das plantas e,
principalmente, os frutos em fase de desenvolvimento (ainda “verdes”).
A temperatura é extremamente importante para a manutenção da qualidade
pós-colheita e a redução de perdas, pois influencia diretamente o metabolismo, a
respiração e o crescimento de agentes patogênicos. De maneira geral, os frutos são
refrigerados para maximizar a longevidade pós-colheita e reduzir a depreciação da
qualidade. No entanto, em algumas frutas e hortaliças sensíveis a danos pelo frio,
temperaturas baixas (em resposta ao estresse da refrigeração) e temperaturas acima
dos valores ótimos para cada produto aumentam as taxas de respiração e de perda
de água, resultando em amolecimento, enrugamento ou perda de qualidade interna,
segundo Wang (2004).
A perda de qualidade associada à temperatura no período pós-colheita se
manifesta por meio de uma variedade de sintomas, que incluem a descoloração
interna e na superfície, a incapacidade de amadurecer, o amadurecimento
heterogêneo, o desenvolvimento de sabores indesejáveis e a suscetibilidade ao
ataque de patogênicos. Esses sintomas também podem ocorrer quando os produtos
são removidos do frio e permanecem durante alguns dias a temperaturas mais
elevadas. Assim, o uso de tecnologias de refrigeração na preservação de frutas e
hortaliças é essencial para ampliar o prazo de validade em cada etapa, desde o campo
até o consumidor, conforme Karder (2013).
Em relação à umidade, quanto menor o teor, maior o número de alterações
que podem ocorrer, como a perda de água dos tecidos vegetais, a perda de
turgescência e a perda de peso em frutas. Essas alterações conduzem à diminuição
de peso e ao menor lucro. O controle da umidade permite também reduzir populações
fúngicas ao longo da cadeia de distribuição.
A composição atmosférica contém vapor de água e outras substâncias, como
o etileno, e a alteração da concentração de determinados gases pode conduzir a
63
efeitos benéficos na qualidade pós-colheita. É necessário assegurar níveis de O2 e
CO2 adequados, de forma a manter a respiração aeróbia dos produtos, aumentando,
assim, o seu tempo de armazenamento, assegura Karder (2013). Todos os fatores
internos e externos afetam o período de pós-colheita e, principalmente, a qualidade
visual das frutas e hortaliças, influenciando a escolha do consumidor no momento da
compra.
Fonte: http://www.temponovo12.com.br/
11 BIOTECNOLOGIA VEGETAL
64
11.1 Técnicas e aplicações da biotecnologia
65
As plantas geneticamente modificadas também têm sido desenvolvidas para
uma finalidade conhecida como fitorremediação, em que as plantas desintoxicam ou
absorvem os poluentes no solo, podendo ser posteriormente colhidas e eliminadas de
forma segura. Em ambos os casos, o resultado é a melhoria da qualidade do solo em
um local poluído. A biotecnologia também pode ser utilizada para conservar os
recursos naturais, permitir que os animais utilizem mais eficazmente os nutrientes
presentes nas rações animais, diminuir o escoamento de nutrientes para os rios e
baías e ajudar a satisfazer a crescente procura mundial de alimentos (THAO; TRAN,
2016).
Por exemplo, o algodão geneticamente modificado resistente a insetos permitiu
uma redução significativa no uso de pesticidas sintéticos persistentes que podem
contaminar as águas subterrâneas e o meio ambiente. Em termos de melhor controle
de ervas daninhas, a soja, o algodão e o milho transgênicos tolerantes a herbicidas
possibilitam o uso de herbicidas de risco reduzido que se decompõem mais
rapidamente no solo e não são tóxicos para a vida selvagem e humana. As culturas
tolerantes a herbicidas são particularmente compatíveis com o plantio direto ou
sistemas de agricultura de lavoura reduzida que ajudam a preservar o solo superficial
da erosão (WANG et al., 2017).
As culturas biotecnológicas podem fornecer características de qualidade
melhoradas, tais como maiores níveis de betacaroteno no arroz, para ajudar a reduzir
as deficiências de vitamina A e melhorar a composição do óleo na canola, soja e milho.
Tais inovações podem ser cada vez mais importantes para a adaptação ou, em alguns
casos, para ajudar a mitigar os efeitos das alterações climáticas (SMITH, 2009).
Além dos cultivos geneticamente modificados, a biotecnologia tem ajudado a
tornar a produção de antibióticos mais eficientes por meio da fermentação microbiana
e produzir novas vacinas animais para doenças como a febre aftosa e a raiva
(HARISHA, 2005; THAO; TRAN, 2016).
Os cultivos produzidos por meio da engenharia genética são os únicos
formalmente revisados para avaliar o potencial de transferência de novos traços para
parentais silvestres. Quando novas características são geneticamente modificadas em
uma cultura, as novas plantas são avaliadas para garantir que não tenham
características de ervas daninhas. Quando as culturas biotecnológicas são cultivadas
na proximidade de plantas relacionadas, o potencial para as duas plantas trocarem
66
características através do pólen deve ser avaliado antes da liberação. Plantas
cultivadas de todos os tipos podem trocar características com seus parentes silvestres
próximos (que podem ser ervas daninhas ou flores silvestres) quando estão próximas.
No caso de cultivos derivados de biotecnologia, devem ser realizadas avaliações de
risco para avaliar essa possibilidade e minimizar possíveis consequências nocivas
(PÉREZ-DE-CASTRO et al., 2012; WANG et al., 2017).
67
assim, identificar mais rapidamente as melhores plantas e os animais para seleção e
melhoramento genético (COUTINHO; ROSÁRIO; JORGE, 2010; THAO; TRAN, 2016).
69
12 INFLUÊNCIA DOS FATORES AMBIENTAIS NO CRESCIMENTO VEGETAL
70
A luz é um fator indispensável para as plantas, pois ela viabiliza o processo
de fotossíntese. Outra função da luz é demonstrar para a planta o status do ambiente
em que ela está inserida, como o período do dia, as estações do ano e a presença de
plantas vizinhas. As plantas apresentam um sistema fisiológico sensível à percepção
da luz, que diferencia a intensidade e a qualidade. Os comprimentos de ondas
identificados vão desde o vermelho visível até o ultravioleta. Dentre os fotorreceptores,
o mais conhecido é o fitocromo, que é uma molécula com capacidade de mudar de
conformação (ativa ou inativa) conforme o comprimento de onda que a luz irradia.
A temperatura, assim como a luz, é um fator que orienta a planta quanto ao
período do dia e as estações do ano. A mudança de temperatura pode atrasar ou
acelerar reações químicas. Estudos já indicaram que os fitocromos são afetados, além
da luz, também pela temperatura. A taxa fotossintética é influenciada pela
temperatura, assim como a luz e a concentração de CO2. Nas plantas C3, por
exemplo, em situações nas quais o CO2 está disponível em grandes quantidades, há
o aumento da temperatura, devido ao processo de fotorrespiração.
A água é um fator importante para todos os seres vivos, e para as plantas
não seria diferente; a água é essencial para o funcionamento do metabolismo vegetal.
As células vegetais e o seu conteúdo hídrico interferem diretamente na estrutura das
proteínas e polissacarídeos; além disso, a célula vegetal tem um componente
importante de membrana que resiste a pressões do meio, a parede celular. As
pressões exercidas estimulam processos fisiológicos, como transporte de solutos no
floema e no xilema.
A disponibilidade de nutrientes para a absorção da planta depende de
vários fatores, como pH, temperatura, umidade, aeração e mobilidade dos elementos
no solo, como a relação da partícula de argila com o fósforo e a quantidade de matéria
orgânica. Além disso, a qualidade e a composição do solo vão influenciar processos
como a erosão e a lixiviação, que promovem a perda de nutrientes e a desnutrição da
planta. (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Entre os fatores bióticos estão as interações com outros seres vivos, por
exemplo: plantas, microrganismos e herbivoria. Veja a seguir.
A interação planta–planta é condicionada pela alelopatia, que é o efeito que
uma planta provoca em outra por meio de biomoléculas (metabólitos secundários)
71
liberadas no ambiente. O efeito pode ser inibitório ou estimulante ao desenvolvimento
vegetal.
A interação planta–microrganismos é amplamente estudada, pois
considera os patógenos (doenças fúngicas e bacterianas), que podem comprometer
populações vegetais e são um dos principais desafios na produção agrícola, e os
microrganismos simbiontes, que promovem a absorção de água e nutrientes,
podendo, inclusive, acelerar o desenvolvimento vegetal e aumentar a produtividade.
Por exemplo, bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos arbusculares.
Quanto à interação planta–animais, a herbivoria é causada por animais que
selecionam plantas pelo seu valor nutricional; o consumo pode ser de folhas, flores,
sementes ou, até mesmo, a planta inteira. A herbivoria tem muitas implicações para a
ecologia e os processos fisiológicos, por provocar efeitos negativos no crescimento
vegetal. Os “ferimentos” causados pela herbivoria permitem a entrada de patógenos,
obrigando a planta a emitir respostas de defesa utilizando suas fontes energéticas.
(a) Crescimento vegetal. (b) Fatores bióticos que influenciam a fotossíntese. (c) Fator abiótico:
interação planta–animal. Fonte: Kazakova Maryia/Shutterstock.com
73
12.2.2 Água
A regulagem dos teores de água nos vegetais ocorre por meio das raízes e da
parte aérea. Os estômatos perdem água pela transpiração e veiculam a entrada de
CO2. Portanto, os vegetais devem equilibrar a perda de água e a absorção de CO 2, e
a regulação da abertura estomática depende das quantidades de vapor de água, CO 2
e turgescência das células-guarda (PENFIELD, 2008).
O fechamento dos estômatos é mediado pelo ácido abscísico (ABA), um
hormônio que é ativado quando há declínio de turgor nas folhas e sinais radiculares.
Os osmoprotetores, como a prolina, são muito importantes na tolerância à seca, pois
são compostos orgânicos capazes de alterar o potencial osmótico da célula vegetal,
ajudando a manter o turgor e a entrada de água na célula, sem prejudicar as atividades
das enzimas presentes no citosol. Outros ambientes podem prejudicar a fisiologia
vegetal e a sua relação hídrica. Por exemplo:
em temperaturas baixas, as plantas não absorvem água, por causa do
congelamento do solo;
em ambientes com elevada salinidade, o solo tem seu potencial osmótico
negativo, diminuindo a disponibilidade da água;
ambientes alagados têm baixa disponibilidade de oxigênio, prejudicando a
respiração da raiz e reduzindo o estoque de carboidratos de reserva — espécies de
regiões alagadas acumulam carboidratos em seus tecidos durante o período de seca.
74
quando atingido um máximo de crescimento por concentração do nutriente,
a planta entra na terceira faixa, conhecida como “consumo de luxo”, quando a planta
acumula nutrientes;
por último, quando o nutriente supera a faixa de “consumo de luxo”, a planta
é exposta a um estresse por toxidez. Em condições naturais e de cultivo agrícola, é
comum a falta de nutrientes, e a absorção não depende só da disponibilidade de
nutrientes na solução do solo, mas também dos sinais internos da planta.
75
parte das plantas; ou seja, nesses sistemas, haverá vantagens para umas e
desvantagens para outras (GOMIERO; PIMENTEL; PAOLETTI, 2011).
A fotossíntese é um processo biológico que sintetiza compostos orgânicos a
partir de materiais inorgânicos. A luz é a fonte de energia utilizada, e o CO 2 é o
combustível da fotossíntese. Na água, o nitrogênio e demais elementos minerais
absorvidos pelas raízes constituem o suporte do crescimento dos vegetais. Esse
processo é afetado por características ambientais, como a luz, a temperatura, a
umidade do ar, a disponibilidade hídrica do solo, os nutrientes minerais e o CO 2.
Assim, cada um desses elementos influencia a taxa fotossintética de uma forma
distinta, podendo ocorrer inclusive interações entre eles, consequentemente afetando
o crescimento vegetal.
O aumento da temperatura nas células das plantas acelera o metabolismo e a
crescente deterioração nas enzimas. Outra consequência do aumento da temperatura
nos locais onde a produção é limitada pela temperatura é o prolongamento da estação
de crescimento disponível para as plantas.
76
humanos, permitindo reduzir os efeitos negativos ou potenciar os efeitos positivos
(MCCARTHY et al., 2001). Dentre as medidas de mitigação, estão:
redução de emissões de gases do efeito estufa;
gestão das culturas;
melhoramento das pastagens;
gestão de solos orgânicos;
restauração de solos degradados;
gestão da produção animal;
gestão de efluentes em explorações animais, considerando a digestão
anaeróbia e a utilização como fertilizante, pois os efluentes podem liberar para a
atmosfera quantidades significativas de metano e óxido nitroso;
melhoria da gestão e do armazenamento da produção;
mobilização do solo e gestão dos resíduos que promovem o sequestro do
carbono.
Outros fatores ambientais que podem influenciar a agricultura são a salinidade,
os transgênicos e os solos tóxicos. Dentre um dos mais graves processos de
degradação dos solos agrícolas está a salinização, que é resultado do aumento da
concentração de sais solúveis (sódio Na+, cálcio Ca2+ e magnésio Mg2+) no solo e/ou
na solução do solo, chegando a níveis prejudiciais para as plantas (GHEYI et al.,
2016). As causas podem ser naturais (salinização primária) ou resultado de processos
induzidos pelo homem (salinização secundária). As causas naturais são a presença
de aquíferos de origem marinha (regiões costeiras) em que há deposição de sais
marinhos transportados pelo vento e transferência de água salina com drenagem
limitada. Já as causas mais comuns de salinização induzida são o uso de solos
impróprios ou mal drenados, a rega com águas ricas em sais solúveis e o uso intensivo
de fertilizantes ou corretivos, particularmente em condições de limitada lixiviação ou
uso de águas residuais ou produtos salinos de origem industrial (CHAVES; FLEXAS;
PINHEIRO, 2008).
O uso dos transgênicos na agricultura aumentou a produção e otimizou o uso
de defensivos, além de desenvolver plantas mais adaptadas aos desafios do campo.
Porém, alguns problemas podem surgir quando os transgênicos são utilizados de
forma indevida ou sem acompanhamento técnico e científico a longo prazo.
perda da biodiversidade;
77
fluxo gênico, que pode ocorrer pela transferência de genes da planta
transgênica para uma espécie diferente, que pode ser um parente próximo ou plantas
daninhas sexualmente compatíveis;
desenvolvimento de resistência em pragas e doenças por meio da
transferência do gene resistente da planta e do surgimento de pragas resistentes a
herbicidas e inseticidas, sendo esse um dos fatores mais preocupantes para a
agricultura.
A atividade de mineração afeta negativamente as propriedades do solo,
causando desde problemas locais específicos até alterações biológicas,
geomorfológicas, hídricas e atmosféricas de grandes proporções. As substâncias
químicas utilizadas no processo são responsáveis pela poluição do solo e
contaminação do lençol freático. Além disso, ocorre a remoção da vegetação em todas
as áreas de extração, aumentando os processos erosivos, sobretudo em minas
antigas ou desativadas que não foram reparadas pelas empresas mineradoras. Essas
áreas, muitas vezes, são caracterizadas como improdutivas e podem contaminar
elementos essenciais para a produção agrícola, florestal ou pecuária de áreas
vizinhas. Por isso, é preciso realizar o correto direcionamento do material descartado,
a contenção da poluição química e a utilização sustentável dos recursos minerais.
Hoje a agricultura conta com técnicas avançadas que permitem um ambiente
com menor impacto e grande disponibilidade de alimentos. As plantas são organismos
extremamente sensíveis às mudanças nos fatores dos quais elas dependem para seu
crescimento e desenvolvimento. Assim, atentar-se, prevenir e medir essas mudanças
torna-se cada vez mais importante para que a produção de alimentos, as relações
comerciais e o desenvolvimento social sejam preservados. (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Fonte: https://www.pngflow.com/
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
TAIZ, Lincoln. Fisiologia vegetal. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. xxxiv, 918, il.
(algumas col.), 29 cm. Inclui bibliografia.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
SADAVA, D. et al. Vida: a ciência da biologia: plantas e animais. 8. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. (Série Vida, v. 3).
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SILVEIRA, Talita Antonia da. Introdução ao estudo vegetal. SAGAH: Soluções
Educacionais Integradas, 2018.
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