Você está na página 1de 126

FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Prof. Dr. Paulo J. R. Albuquerque

Notas de Aula
2014
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 1  
2. A ÁREA DE FUNDAÇÕES ....................................................................... 2  
3. TIPOS DE FUNDAÇÕES ......................................................................... 4  
3.1 Fundações Rasas ou Diretas (H  2B) ............................................................ 4 
3.1.2. Sapatas de Fundação ............................................................................ 5 
3.1.3. Radier ................................................................................................... 5 
3.2. Fundações Profundas .................................................................................. 7 
3.2.1. Estacas ................................................................................................. 7 
3.2.2. Tubulões .............................................................................................. 7 
4. INTERAÇÃO SOLO – FUNDAÇÃO ........................................................... 10 
4.1. Caso geral ................................................................................................ 10 
4.2. Casos típicos ............................................................................................ 10 
4.2.1. Fundação rasa ou direta ( H ≤ 2.B )..................................................... 10 
4.2.2. Fundações profundas (H > 2B)............................................................ 11 
5. NBR 6122 / 2010 – PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES ....................... 13 
5.1. Fundação Superficial (ou rasa ou direta) ................................................... 13 
5.1.1. Sapata ................................................................................................ 13 
5.1.3. Radier ................................................................................................. 13 
5.2. Fundação Profunda ................................................................................... 13 
5.2.1. Estaca ................................................................................................. 13 
5.2.2. Tubulão .............................................................................................. 13 
5.4. Investigações geotécnicas, geológicas e observações locais ...................... 14 
5.4.1. Reconhecimento geológico ................................................................. 14 
5.4.2. Reconhecimento geotécnico ............................................................... 14 
5.10. Fundações Profundas .............................................................................. 14 
5.10.1. Carga admissível ou carga resistente de projeto de projeto de estacas
........................................................................................................................ 14 
5.10.1.1.Determinação da carga admissível ou carga resistente de projeto
..................................................................................................................... 15 
5.10.1.2. Provas de carga .......................................................................... 15 
5.10.1.3.Métodos estáticos ....................................................................... 16 
5.10.1.4.Métodos dinâmicos ..................................................................... 17 
5.10.1.5. Fórmulas dinâmicas ................................................................... 17 
5.10.1.6. Ensaios de carregamento dinâmico ............................................ 17 
5.10.1.7. Critérios adicionais..................................................................... 17 

ii
pjra@fec.unicamp.br
5.11. Outras solicitações ................................................................................. 18 
5.11.1. Cobrimento da armadura, meio agressivo e espessura de sacrifício ..18 
5.11.2. Fundações profundas de concreto moldadas in-loco ........................ 18 
5.11.3. Estacas metálicas .............................................................................. 19 
6. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO PARA FUNDAÇÕES ......................................... 20 
6.1. Introdução ................................................................................................ 20 
6.2. Subsídios mínimos a serem fornecidos pelo programa de investigação do
subsolo ............................................................................................................... 20 
6.2.1. Informações que se buscam em um programa de prospecção ............ 21 
6.2.2. Coeficientes de Segurança .................................................................. 22 
6.2.3. Tipos de Prospecção Geotécnica ......................................................... 22 
6.2.3.1. Processos Indiretos ...................................................................... 22 
6.2.3.2. Processos Semi-Diretos ................................................................ 22 
6.2.3.3. Processos Diretos ......................................................................... 22 
6.2.3.3.1. Poços ..................................................................................... 22 
6.2.3.3.2. Trincheiras ............................................................................. 23 
6.2.3.3.3. Sondagens a Trado................................................................. 23 
6.2.3.3.4. Sondagens de Simples Reconhecimento (SPT) e (SPT-T) ......... 24 
6.2.3.3.5. Sondagens Rotativas .............................................................. 29 
6.2.3.3.6 Sondagens Mistas ................................................................... 30 
6.2.5. Métodos Semi-diretos ........................................................................ 30 
6.2.5.1. Vane Test ..................................................................................... 30 
6.2.5.2. Penetrômetros .............................................................................. 31 
6.2.5.3. Ensaio Pressiométrico ................................................................... 34 
6.3. Programação da Investigação do Subsolo.................................................. 35 
6.3.1. Número mínimo de sondagens ........................................................... 35 
7. FUNDAÇÕES PROFUNDAS ................................................................... 36  
7.1 Tubulões ................................................................................................... 36 
7.1.1. Tubulões a céu aberto ........................................................................ 36 
7.1.1.1. Sem revestimento ......................................................................... 37 
7.1.1.2. Com Revestimento ....................................................................... 37 
7.1.1.3. Tubulões a Ar Comprimido ou Pneumáticos ................................. 39 
7.1.2. Capacidade de Carga dos Tubulões .................................................... 40 
7.1.2.1. Solos Arenosos ............................................................................. 41 
7.1.2.2. Solos Argilosos ( ≈ 0) ................................................................. 41 
7.1.2.3. Considerações finais .................................................................... 42 
7.1.2.4. Ensaio de campo – SPT e CPT ....................................................... 43 
7.1.2.5. Solos Coesivos - Resistência de Base ............................................ 43 
7.1.2.6. Solos não coesivos – Resistência de Base ...................................... 43 
iii
pjra@fec.unicamp.br
7.1.3. Dimensionamento de Tubulões .......................................................... 44 
7.1.3.1. Tubulão Isolado ........................................................................... 44 
7.1.3.2. Superposição de Bases ................................................................. 46 
7.1.3.2.1. Uma falsa Elipse ..................................................................... 47 
7.1.3.2.2. Duas Falsas Elipses ................................................................ 48 
7.1.3.3. Pilares de Divisa ........................................................................... 48 
7.1.4. Cálculo do Volume de Concreto .......................................................... 50 
7.1.4.1. Tubulão com base circular ........................................................... 50 
7.1.4.2. Tubulão com base em “falsa elipse” .............................................. 50 
7.2. Estacas de Fundação ................................................................................. 51 
7.2.1. Classificação das Estacas .................................................................... 51 
7.2.1.1. Estacas de Sustentação ................................................................. 51 
7.2.1.1.1. Forma de Trabalho de Sustentação ......................................... 52 
7.2.2. Implantação........................................................................................ 53 
7.2.2.1. Moldadas “in-loco” ....................................................................... 53 
7.2.2.1.1. Estacas brocas – trado manual(acima do NA) .......................... 54 
7.2.2.1.2. Estaca escavada mecanicamente (s/lama bentonítica) ............ 54 
7.2.2.1.3. Estaca escavada (c/lama bentonítica) ..................................... 55 
7.2.2.1.4. Estaca raiz.............................................................................. 57 
7.2.2.1.5. Estaca Strauss ........................................................................ 59 
7.2.2.1.6. Estaca Apiloada ...................................................................... 61 
7.2.2.1.7. Estaca Hélice Contínua (monitorada) ...................................... 61 
7.2.2.1.8. Estaca Hélice Segmentada (monitorada) ................................. 63 
7.2.2.1.9. Estaca Ômega (monitorada) .................................................... 64 
7.2.2.1.10. Estacas Franki (abaixo do NA) .............................................. 65 
7.2.2.1.11.Estacas Simplex (abaixo do NA) ............................................. 68 
7.2.2.2. Cravadas ...................................................................................... 68 
7.2.2.2.1. Madeira .................................................................................. 69 
7.2.2.2.2. Metálicas: ............................................................................... 69 
7.2.2.2.3. Concreto: ............................................................................... 72 
7.2.2.2.4. Estacas Prensadas (Mega) ....................................................... 76 
7.2.2.2.5. Estacas Mistas ........................................................................ 77 
7.2.3. Capacidade de Carga de Estacas Isoladas ........................................... 77 
7.2.3.1. Fórmulas Estáticas ........................................................................ 78 
7.2.3.1.1. Fórmulas Teóricas .................................................................. 78 
7.2.3.2. Fórmulas Dinâmicas ..................................................................... 82 
7.2.3.3. Provas de Carga ........................................................................... 84 
7.2.3.4. Fórmulas Semi-Empíricas ............................................................. 84 
7.2.3.4.1. Método de AOKI & VELLOSO (1975) ........................................ 84 

iv
pjra@fec.unicamp.br
7.2.3.4.2. Método de DÉCOURT & QUARESMA (1978) ............................. 87 
7.2.4. Dimensionamento .............................................................................. 89 
7.2.5. Estacas Isoladas e Grupos de Estacas. ............................................... 104 
7.2.5.1. Fórmula das Filas e Colunas ....................................................... 105 
7.2.5.2. Fórmula de Converse-Labarre .................................................... 106 
7.2.5.3. Método de Feld .......................................................................... 107 
8. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO ....................................................... 108 
8.1. Deverão ser conhecidas no mínimo: ....................................................... 108 
8.2. Critérios de decisão: ............................................................................... 108 
8.3. Etapas para estudo de uma fundação:..................................................... 108 
8.4. Limitações de alguns tipos de fundações profundas. .............................. 110 
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS ........................................................ 112 
1ª LISTA DE EXERCÍCIOS ...................................................................... 114 
2ª LISTA DE EXERCÍCIOS ...................................................................... 116 

v
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

1. INTRODUÇÃO
A Engenharia Civil é uma área que apresenta problemas cujas soluções devem ser
frutos da teoria, pesquisa, prática, experiência e julgamento pessoal ao mesmo
tempo. Além disso, o engenheiro é freqüentemente obrigado pelas circunstâncias a
extrapolar além de sua experiência, e a partir daí o julgamento pessoal e o bom
senso são primordiais.
Independente do fato de que os métodos científicos, de maneira geral, não se
desenvolveram o suficiente para tratar (resolver) os problemas de engenharia,
existem dificuldades inerentes à sua própria aplicação aos problemas de engenharia
civil.
As mais comuns são o grande número de variáveis envolvidas, que somadas à
grande escala em que os problemas de engenharia civil se desenvolvem, tornam o
controle das operações e experimentos de campo extremamente difíceis.

1
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

2. A ÁREA DE FUNDAÇÕES
O que é uma fundação?
É um sistema formado pelo terreno (maciço de solo) e pelo elemento estrutural de
fundação (Figura 2.1) que transmite a carga ao terreno pela base ou fuste, ou
combinação das duas.

Figura 2.1 - Fundação

Toda obra de engenharia necessita de uma base sólida e estável para ser apoiada.
Entende-se por obra de engenharia: edifício de apartamentos, galpão, barracão,
ponte, viaduto, rodovia, ferrovia, barragem de terra ou concreto, porto, aeroporto,
estação de tratamento de água, etc.
Base sólida e estável: apoio que proporcione condições de segurança quanto à
ruptura e deformações.
É importante lembrar que os solos situados sob as fundações se deformam, e
que, consequentemente, toda fundação sofre recalques, devido ao acréscimo de
tensões introduzido por uma obra de engenharia no solo de fundação, e que a todo
acréscimo de tensões corresponde uma deformação. O importante é que não sejam
ultrapassadas as deformações limites (admissíveis), que cada edificação pode
suportar sem prejuízo de sua utilização pelo tempo previsto para tal.
O colapso de uma obra de engenharia pode ocorrer de duas maneiras diferentes:
por ruptura ou por deformação excessiva do terreno de fundação.
Exemplos de obras de engenharia com problemas de deformações excessivas,
sem que, no entanto, tenham entrado em processo de ruptura: pavimentos que
apresentam trincas e rachaduras, degraus nos acessos de pontes e viadutos,
desaprumo acentuado (visível a olho nu) de vários edifícios em Santos etc.
Como qualquer outro material estrutural, o solo chega à ruptura se as cargas
impostas ultrapassam um determinado valor.

2
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Na verdade, o engenheiro geotécnico tem que levar emconsideração a ruptura do


solo e também a ruptura da própria edificação que está construindo, que não
necessariamente são coincidentes ou ocorrem com a aplicação das mesmas tensões.
Na prática, para a solução dos problemas, é conveniente que sejam considerados
dois tipos de colapsos:
.colapso catastrófico, que ocorre quando a resistência do solo é ultrapassada e a
fundação afunda rapidamente no solo. A edificação é geralmente destruída ou
inutilizada.
.colapso funcional da edificação, quando ela é impedida de cumprir com a
finalidade para a qual foi projetada. Este segundo tipo de colapso resulta de
recalques relativamente lentos e pode ocorrer algum tempo após a finalização da
construção, e as tensões aplicadas no solo podem ser bem menores que as
necessárias para causar o colapso catastrófico.

Para prevenir o colapso catastrófico, é necessário que as cargas aplicadas ao solo


(TRAB) estejam abaixo da tensão de ruptura (RUP) do solo. A relação RUP / TRAB =
C.S. é o coeficiente de segurança contra o colapso catastrófico (ou ruptura).
Teoricamente, qualquer coeficiente de segurança maior que 1,0 pode ser
suficiente para prevenir a ruptura. Na prática, o coeficiente de segurança deve ser
muito bem estudado, pois está sujeito a vários fatores, tais como: variação nas
cargas previstas, heterogeneidades não previstas no subsolo etc.
De qualquer maneira, a resolução de um problema de fundação implica
necessariamente na busca da solução de dois problemas conceitualmente
diferentes: o problema da ruptura e o problema das deformações excessivas.
Para que as fundações apresentem comportamento compatível com as obras para
as quais servirão de base, os estudos e projetos deverão ser executados por
engenheiros especializados.
Para que estes estudos sejam feitos de maneira satisfatória, é necessário que
sejam conhecidos, com detalhes, no mínimo:
. Grandeza, natureza e locação das cargas que serão descarregadas
nasfundações;
. Detalhes sobre as deformações admissíveis da edificação;
. Tipo de solo, espessura, profundidade e resistência das camadas que constituem
o subsolo local;
. Localização do nível d’ água do lençol freático (N.A.).

Os dados do subsolo podem ser levantados a partir de sondagens feitas no


terreno, com coleta de amostras e avaliação da localização do nível d’ água.

3
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

3. TIPOS DE FUNDAÇÕES
 Fundações Rasas ou Diretas
 Fundações Profundas

3.1 FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS (H  2B)

Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno,


predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a
profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas
vezes a menor dimensão da fundação (B). Incluem-se neste tipo de fundação as
sapatas, os blocos, os radiers, as sapatas associadas e as sapatas corridas.
Para o caso de fundações apoiadas em solos de elevada porosidade, não
saturados, deve ser analisada a possibilidade de colapso por encharcamento, pois
estes solos são potencialmente colapsíveis. Em princípio devem ser evitadas
fundações superficiais apoiadas neste solo, a não ser que sejam feitos estudos
considerando-se as tensões a serem aplicadas pelas fundações e a possibilidade de
encharcamento do solo.

CORTE P PLANTA

B
B

Figura 3.1 – Detalhe de fundação rasa.

. Fundações rasas ou diretas : H  2B.


. Fundações profundas : H  2B.

4
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

3.1.2. SAPATAS DE FUNDAÇÃO

Figura 4.4 – Sapata isolada.


PLANTA
CORTE
P

H
L
hS

Figura 3.5. – Sapata.

Sapatas (isoladas ou associadas) . São elementos de apoio de concreto, de

menor altura que os blocos, que resistem principalmente por flexão.

Sapatas podem ser:


- circulares - (B =)
- quadradas - (L = B)
- retangulares- (L > B) e (L  3B ou L  5B)
- corridas - (L > 3Bou L > 5B)

3.1.3. RADIER
Quando todos pilares de uma estrutura transmitirem as cargas ao solo através de
uma única sapata. Este tipo de fundação envolve grande volume de concreto, é
relativamente onerosa e de difícil execução. Quando a área das sapatas ocuparem
cerca de 70 % da área coberta pela construção ou quando se deseja reduzir ao
máximo os recalques diferenciais.

5
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 3.6 – Radier.

P1 P2 P3 P4 P5

Mais
flexível Mais rígido

Figura 3.7 – Rigidez.

Figura 3.8 – Radier.

6
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

3.2. FUNDAÇÕES PROFUNDAS

3.2.1. ESTACAS
Elementos bem mais esbeltos que os tubulões, caracterizados pelo grande
comprimento e pequena secção transversal. São implantados no terreno por
equipamento situado à superfície. São em geral utilizados em grupo, solidarizadas
por um bloco rígido de concreto armado (bloco de coroamento).
P  RL + RP onde RL= Resistência Lateral e RP = Resistência de Ponta

 Estacas quanto ao carregamento: Ponta, Atrito, Ação Mista, Estacas de


Compactação, Estacas de Tração e Estacas de Ancoragem
CORTE P Bloco de
Capeamento
PLANTA

Figura 3.9 – Estacas.

3.2.2. TUBULÕES
São elementos de fundação profunda construídos concretando-se um poço
(revestido ou não) aberto no terreno, geralmente dotado de base alargada.
Diferenciam-se das estacas porque em sua etapa final é necessário a descida de um
operário para completar a geometria ou fazer a limpeza. De acordo com a NBR
6122/2010deve-se evitar alturas hb superiores a 1,8m. Deve-se evitar trabalho
simultâneo em bases alargadas de tubulões, cuja distância, seja inferior o diâmetro
da maior base. Quando é necessário executar abaixo do NA utiliza-se o recurso do
ar comprimido.
a) A céu aberto
- Revestido
- Não revestido
São em geral utilizados acima do níveld’água.

b) Pneumáticos ou Ar Comprimido
- Revestimento de concreto armado
- Revestimento de aço (Benoto).
7
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

São utilizados abaixo do nível d’água.


Observações:
Em uma fundação por tubulões, é necessária a descida de um técnico para
inspecionar o solo de apoio da base, medidas de fuste e base, verticalidade, etc.Em
geral, apenas um tubulão já absorve a carga total de um pilar.
P
CORTE Bloco
(quando necessário)

Revestimento
(quando necessário) PLANTA
d
Fuste
H d

Base
hB
D

Figura 3.10 – Geometria do tubulão.

Figura 3.11 – Base de um tubulão.

8
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 3.12 – Tubulão a ar comprimido.

Figura 3.13 – Execução de tubulão ar comprimido.

9
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

4. INTERAÇÃO SOLO – FUNDAÇÃO


O problema da interação das fundações com o subsolo é estudado partindo-se da
premissa de que a fundação é um corpo rígido imerso num meio aproximadamente
elástico (solo).

4.1. CASO GERAL

P
P  R Lat + R P

R Lat = A Lat . r Lat

H R P = A Base . r P
r Lat r Lat
A Lat = área lateral
A Base = área da pontaou base
r Lat =resistência lateral unitária
rP
r P = resistência de pontaunitária
B = menordimensão da fundação
B

4.2. CASOS TÍPICOS

4.2.1. FUNDAÇÃO RASA OU DIRETA ( H ≤ 2.B )


CORTE
P

rP

. P ≤ RL + RP
. r L≈ 0
. rP> 0
. P ≤ RP

Neste caso, a resistência lateral é desprezada principalmente por causa da


incerteza de sua mobilização à medida que o tempo passa, com as possíveis

10
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

infiltrações de água, etc. A resistência de ponta é mais apropriadamente


denominada de resistência de base.

4.2.2. FUNDAÇÕES PROFUNDAS (H > 2B)


1o caso.
P

.
Camadas
de baixa .
resistência
.

.
Camada
rP resistente

. P ≤ RL + RP
. rL ≈ 0 (desprezada)
. rP> 0
. P ≤ RP

2o caso.
P

Camadas
de média
rL rL
resistência

P ≤ RL + RP
r L> 0
rP ≈ 0 (desprezado)
P ≤ RL

Neste caso, as estacas são chamadas de estacas flutuantes ou estacas de atrito.

11
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

3o caso
P

Camadas
de média
rL rL resistência

Camada
rP resistente

P ≤ RL + RP
r L> 0
rP > 0

12
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

5. NBR 6122 / 2010 – PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES


Esta Norma adota as seguintes definições:

5.1. FUNDAÇÃO SUPERFICIAL (OU RASA OU DIRETA)

Elemento de fundação em que a carga é transmitida ao terreno,


predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação (H < 2B).
Inclui-se neste tipo de fundação: sapatas, blocos, radier, sapatas associadas e as
sapatas corridas.

5.1.1. SAPATA
Elemento de fundação superficial de concreto armado, dimensionado de modo
que as tensões de tração não sejam resistidas pelo concreto, mas sim pelo emprego
da armadura. Pode possuir espessura constante ou variável, sendo sua base em
planta normalmente quadrada, retangular ou trapezoidal.

5.1.3. RADIER
Elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou
carregamentos distribuídos (tanques, depósitos, silos etc).

5.2. FUNDAÇÃO PROFUNDA

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de


ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das
duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta, e no mínimo 3m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação
incluem-se as estacas e os tubulões.

5.2.1. ESTACA
Elemento de fundação profunda executada inteiramente por equipamentos ou
ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução descida de operário. Os
materiais podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado “in
loco” ou mistos.

5.2.2. TUBULÃO
Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que pelo menos na sua etapa final,
há descida de operário. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido
(pneumático) e ter ou não base alargada. Pode ser executado com ou sem
revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto. No caso de revestimento de
aço (camisa metálica), este poderá ser perdido ou recuperado.

13
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

5.4. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS, GEOLÓGICAS E OBSERVAÇÕES LOCAIS

Para fins de projeto e execução de fundações, as investigações do terreno de


fundação constituído por solo, rocha, mistura de ambos ou rejeitos compreendem:
Investigações de campo – sondagens a trado, ensaios de penetração quase
estática ou dinâmica, ensaios “in situ” de resistência e deformabilidade, ensaios “in
situ” e permeabilidade etc.
Investigações de laboratório – ensaios de caracterização do material

5.4.1. RECONHECIMENTO GEOLÓGICO


Sempre que julgado necessário deve ser realizada vistoria geológica de campo por
profissional especializado, complementada ou não por estudos geológicos
adicionais.

5.4.2. RECONHECIMENTO GEOTÉCNICO


Estão compreendidas as sondagens de simples reconhecimento à percussão (SPT),
os métodos geofísicos e qualquer outro tipo de prospecção do solo para fins de
fundação. As sondagens de simples reconhecimento são indispensáveis e devem ser
executadas de acordo com a NBR 6484. A utilização de processos geofísica de
reconhecimento só deve ser aceita se acompanhada por sondagens SPT ou rotativa.

5.10. FUNDAÇÕES PROFUNDAS

A grandeza fundamental para o projeto de fundações profundas por estacas é a


carga admissível (se o projeto for feito em termos de valores característicos) ou
carga resistente de projeto (quando for feito em termos de valores de projeto). Para
tubulões, a grandeza fundamental é a tensão admissível ou tensão resistente de
projeto. Essas cargas ou tensões devem obedecer simultaneamente ao ELU e ELS,
para cada elemento isolado de fundação e para o conjunto. O projeto de fundações
consta de memorial de cálculo e dos respectivos desenhos executivos, com as
informações técnicas necessárias para o perfeito entendimento e execução de obra.
A elaboração do memorial de cálculo é obrigatória, devendo estar disponível quando
solicitado.

5.10.1. CARGA ADMISSÍVEL OU CARGA RESISTENTE DE PROJETO DE PROJETO DE ESTACAS


Para a determinação dessa carga, devem ser considerados os seguintes fatores:
- características geomecânicas do subsolo;
- posição do nível d’água;
- eventual alteração das características dos solos (colapsíveis, expansivos etc)
devido a agentes externos (encharcamento, contaminação, agressividade etc);

14
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

- alívio de tensões;
- eventual ocorrência de solicitações adicionais como atrito negativo e esforços
horizontais devidos a carregamentos assimétricos;
- geometria do elemento de fundações;
- recalques admissíveis.

5.10.1.1.DETERMINAÇÃO DA CARGA ADMISSÍVEL OU CARGA RESISTENTE DE PROJETO


A carga admissível ou resistente de projeto deve ser determinada a partir da carga
de ruptura, esta deve ser determinada a partir da utilziação e interpretação de um
ou mais procedimentos apresentados a seguir.

5.10.1.2. PROVAS DE CARGA


A carga de ruptura pode ser determinada por provas de carga executadas de
acordo com a NBR 12131/2006, devendo-se, contudo, observar que durante a prova
de carga o atrito lateral será sempre positivo, ainda que venha a ser negativo ao
longo da vida útil da estaca.A capacidade de cara de estaca ou tubulão de prova
deve ser considerada definida quando ocorrer ruptura nítida caracterizada pro
deformações continuadas sem novos acréscimos de carga.
O carregamento de uma estaca ou tubulão, quando submetidos à prova de carga,
pode não indicar uma carga de ruptura nítida. Isto ocorre em duas circunstâncias:
a) estaca ou tubulão à ruptura ou a estaca ou tubulão tem capacidade de
resistir uma carga maior que aquela que se pode aplicar na prova (limite do
sistema de reação),
b) quando a estaca ou tubulãoé carregado até apresentar um recalque elevados,
mas a curva carga x recalque não indicar uma carga de ruptura, mas um
crescimento contínuo de recalque com a carga.

Nos dois primeiros casos, deve-se extrapolar a curva carga x recalque para se
avaliar a carga de ruptura, o que deve ser feito por critérios baseados na
engenharia geotécnica sobre uma curva carga x recalque do primeiro
carregamento.
Neste caso a carga de ruptura pode ser convencionada como aquela que
corresponde, na curva carga x recalque, mostrada na Figura 6.3, ao recalque
obtido pela equação a seguir, ou por outros métodos consagrados:
P xL D
r  r 
AxE 30
onde:
r = recalque de ruptura convencional
Pr = carga de ruptura convencional
15
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

L = comprimento da estaca
A = área da secção transversal da estaca
E = módulo de elasticidade da estaca
D = módulo do círculo circunscrito à estaca ou, no caso de barretes, o diâmetro
do círculo de área equivalente ao da secção transversal desta.
* as unidades devem ser compatíveis.


Figura 5.3 – carga de ruptura convencional.

5.10.1.3.MÉTODOS ESTÁTICOS
Podem ser teóricos, quando o cálculo é feito de acordo com teoria desenvolvida
dentro da Mecânica dos Solos, ou semi-empíricos, quando são usadas correlações
com ensaios “in situ”. Na análise das parcelas de resistência de ponta e atrito lateral,
é necessário levar em conta a técnica executiva e as peculiaridades de cada tipo de
estaca.
Quando o atrito lateral for considerado em tubulões, deve ser desprezado um
comprimento igual ao diâmetro da base imediatamente acima ao início dela.
No caso específico de estacas escavadas, a carga admissível deve ser de no
máximo 1,25 vez a resistência do atrito lateral calculada na ruptura, ou seja, no
máximo 20% da carga admissível pode ser suportada pela ponta da estaca. Quando
superior a esse valor, o processo executivo de limpeza da ponta deve ser
especificado pelo projetista e ratificado pelo executor.

Padm≤ 1,25*Pat-lat
Onde:
Padm é a carga admissível da estaca
Pat-lat é a carga devida exclusivamente ao atrito lateral na ruptura

16
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

5.10.1.4.MÉTODOS DINÂMICOS
São métodos de estimativa da capacidade de carga de fundações profundas,
baseados na previsão e/ou verificação do seu comportamento sob ação de
carregamento dinâmico.

5.10.1.5. FÓRMULAS DINÂMICAS


Baseadas na nega ou repique elástico visam principalmente assegurar a
homogeneidade das estacas cravadas. Em determinados tipos de terreno deve ser
levada em conta, na verificação da nega, sua diminuição (cicatrização) ou aumento
(relaxação) ao longo do tempo.

5.10.1.6. ENSAIOS DE CARREGAMENTO DINÂMICO


Visa à avaliação de cargas mobilizadas na interface solo-estaca, fundamentada na
aplicação da Teoria da Equação da Onda Unidimensional, conforme NBR13208.
Deve-se, contudo, observar que durante o ensaio de carregamento dinâmico o atrito
lateral é sempre positivo, ainda que venha a ser negativo ao longo da vida útil da
estaca.

5.10.1.7. CRITÉRIOS ADICIONAIS


Os tubulões devem ser dimensionados de maneira que as bases não tenham
alturas superiores a 1,8m. Para tubulões a ar comprimido as bases podem ter
alturas de até 3,0m desde que as condições do maciço permitam ou sejam tomadas
medidas para garantir a estabilidade da base durante a abertura. Havendo base
alargada,esta deve ter a forma de tronco de cone, superposto a um cilindro de no
mínimo 20cm de altura (rodapé). As armaduras de fuste e ligação fuste-base,
quando necessárias, devem ser projetadas e executadas de modo a assegurar à
plena concretagem do tubulão.

 = 60º
20cm

Figura 5.4 - base do tubulão.

17
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

5.11. OUTRAS SOLICITAÇÕES

A) Tração  quando as fundações profundas estão submetidas a esforços de


tração, deve ser considerado o eventual comportamento diferente entre o atrito
lateral à tração e compressão.
B) Esforços transversais  quando as fundações profundas estão submetidas a
esforços horizontais e momentos, pode ocorrer a plastificação do solo ou do
elemento estrutural, o que deve ser considerado no projeto com as respectivas
deformações.
C) Atrito negativo  deve ser considerado em projeto quando houver a
possibilidade de sua ocorrência.
D) Efeito de carregamento assimétrico sobre solo mole  quando as fundações
profundas são implantadas através de camada de argila mole, submetidas a
carregamento de aterro simétrico, ficam sujeitos a esforços horizontais que devem
ser considerados no dimensionamento das fundações.
E) Efeito de camada espessa de argila mole / estacas pré-moldadas  neste caso
devem ser utilizadas estacas com características estruturais mínimas em função dos
comprimentos cravados, considerando a inércia do elemento, o número de
emendas, a axialidade e os momentos de segunda ordem, devem obedecer:
i) menos momento resistente da secção transversal Wmin≥ 930 cm3
ii) estacas com comprimentos entre 20m e 30m  raio de giração ≥ 5,4 cm
iii) estacas com comprimentos acima de 30m raio de giração ≥ 6,4 cm

5.11.1. COBRIMENTO DA ARMADURA, MEIO AGRESSIVO E ESPESSURA DE SACRIFÍCIO


As espessuras de cobrimento devem obedecer a NBR6118 em função da classe de
agressividade. Estacas sujeitas à tração e/ou flexão deve ser feita a verificação da
fissuração de forma a atender a NBR 6118. Como forma simplificada para
atendimento deste quesito, pode-se considerar uma redução de 2mm no diâmetro
das barras longitudinais como espessura de sacrifício no seu dimensionamento. No
caso de estacas metálicas em terrenos sujeitos a erosão ou que ainda vierem a ser
expostas ou que tenham sua cota de arrasamento acima do nível do terreno devem
ser protegidas ou ter sua espessura de sacrifício definida em projeto.

5.11.2. FUNDAÇÕES PROFUNDAS DE CONCRETO MOLDADAS IN-LOCO


As estacas ou tubulões quando solicitados a carga de compressão e tensões
limitadas aos valores do quadro 6.4, podem ser executados em concreto não
armado, exceto quanto à armadura de ligação com o bloco. Estacas ou tubulões com
solicitações que resultem em tensões superiores às indicações da tabela devem ser
dotadas de armadura que deve ser dimensionada de acordo com a NBR6118. A
18
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

resistência característica do concreto (fck) deve ser aplicado um fator redutor de 0,85
para levar em conta a diferença entre os resultados de ensaios rápidos de
laboratório e resistência sob ação de carga de longa duração.

Quadro 5.4 – Parâmetros de dimensionamentos


% armadura Comp. útil Tensão
Estaca fck-máx
mínima mínimo (m) (MPa)*
HC/Ômega# 20 4,0 6,0
Escavadas sem fluido 15 2,0 5,0
Escavadas com fluido 20 4,0 6,0
Strauss# 15 2,0 5,0
Franki# 20 0,5 integral -
Tubulões não encamisados 20 3,0 5,0
Raiz# 20 integral -
Microestacas# 20 integral -
Estaca trado vazado segmentado 20 integral -
* Tensão média atuante da qual não é necessário armar a estaca
# ver nota na NBR6122 item 8.6.3

5.11.3. ESTACAS METÁLICAS


As estacas devem ser dimensionadas de acordo com a NBR8800, considerando-se
a seção reduzida da estaca. As estacas de aço que estiverem total e
permanentemente enterradas, independente da posição do nível d’água, dispensam
tratamento especial, desde que seja descontada a espessura indicada no quadro 6.5.
Nas estacas em que a parte superior ficar desenterrada é obrigatória a proteção com
camisa de concreto ou outro recurso de proteção de aço, ou aumento de espessura
de sacrifício definida em projeto.

Quadro 5.5 -Espessura de sacrifício


Classe Espessura mínima de sacrifício (mm)
Solos em estado natural e aterros
1,0
controlados
Argila orgânica; solos porosos não
1,5
saturados
Turfas 3,0
Aterros não controlados 2,0
Solos contaminados* 3,2
* caso de solos agressivos devem ser estudados especificamente

19
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

6. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO PARA FUNDAÇÕES

6.1. INTRODUÇÃO

As obras civis só podem ser convenientemente projetadas, depois de um


conhecimento adequado da natureza e da estrutura do terreno que vão ser
implantadas. A não observação de certos princípios de investigação ou mesmo
negligência diante de obtenção de informações acerca do subsolo tem conduzido
ruínas totais ou parciais em obras.
O custo de um programa de um programa de prospecção bem conduzido situa-se
entre 0,5 a 1% do valor da obra. Projetos geotécnicos de qualquer natureza são
normalmente executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem
uma definição satisfatória da estratigrafia do subsolo e uma estimativa realista das
propriedades geomecânicas dos materiais envolvidos.
A solução do problema de fundação de qualquer obra de engenharia (ponte,
viaduto, edifício, residência, rodovia, ferrovia, porto, aeroporto, barragem, galpão,
residência etc.), requer o conhecimento prévio das características do subsolo no
local a ser estudado.
Para tanto, é necessário que seja adequadamente programada a investigação do
subsolo no local da obra a ser construída.
Essa programação deve ser função da necessidade do conhecimento do subsolo
para o tipo de obra de engenharia a ser construído.Na prática, porém, outros fatores
influem num programa de investigação do subsolo: tipo, porte e valor da obra,
disponibilidade de equipamento, tempo disponível para a investigação, verba
destinada aos serviços, heterogeneidades encontradas á medida que os serviços vão
sendo executados etc.

6.2. SUBSÍDIOS MÍNIMOS A SEREM FORNECIDOS PELO PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

De acordo com vários autores, e com as necessidades práticas mais comumente


encontradas, os requisitos mínimos necessários para a elaboração de um projeto de
fundações são:
a. Determinação dos tipos de solo que ocorrem nas diferentes profundidades
(camadas).
b. Determinação das condições de resistência (compacidade e/ou consistência)
de cada tipo de solo.
c. Determinação da cota do plano superior e da espessura de cada camada do
subsolo.
d. Avaliação da orientação dos “planos” (superfícies) que separam as diversas
camadas.

20
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

e. Informação detalhada sobre a ocorrência de água no subsolo, horário de


esgotamento da perfuração, horário de medida do N. A., artesianismo etc.

Para isto, é necessária a execução de perfurações (sondagens) até a profundidade


desejada, com a simultânea retirada de amostras dos solos encontrados ao longo da
perfuração.
A seguir, são apresentadas algumas sugestões que podem auxiliar nas diretrizes
a serem adotadas para a elaboração de uma programação de sondagens.
Para a determinação dos tipos de solo que ocorrem nas diferentes camadas, são
necessárias amostras que detenham a granulometria do solo. Normalmente, as
amostras sofrem uma classificação táctil-visual em campo e caracterização em
laboratório (granulometria, limites de consistência, cor etc).
Para a determinação das condições de compacidade e consistência, têm sido
empregados métodos empíricos e, quando necessário, ensaios de laboratório.
Os parâmetros compacidade e consistência podem ser avaliados através de
comparação com a resistência à penetração medida durante a execução de
sondagens.
Para a determinação da cota do plano superior e espessura da camada, devem ser
observados os solos que vão sendo coletados ou removidos à medida que a
perfuração avança.
Amostragem feita a cada metro já elimina erros grosseiros e é suficiente para a
maioria dos casos.
A avaliação da orientação dos planos de separação das camadas pode ser
conseguida através da distribuição cuidadosa dos pontos de sondagemem planta.
A ocorrência de água no subsolo pode ser verificada durante o avanço da
sondagem. É simples para solos arenosos, e mais difícil para solos argilosos.
Subsolos com camadas alternadas de areia e argila podem apresentar mais de um
N.A. (lençóis empoleirados).
O artesianismo também é muito importante e pode mascarar a verdadeira
profundidade do N.A.

6.2.1. INFORMAÇÕES QUE SE BUSCAM EM UM PROGRAMA DE PROSPECÇÃO


a – Área em planta, profundidade e espessura da camada de solo identificado;
b – Compacidade dos solos granulares e a consistência dos coesivos;
c – Profundidade do topo da rocha e suas características (litologia, área em planta,
profundidade, grau de decomposição etc);
d – Localização do NA;
e – Extração de amostras indeformadas (ensaios mecânicos do solo).

21
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

6.2.2. COEFICIENTES DE SEGURANÇA


A adoção de fatores de segurança é parte determinante de projetos
geotécnicos, utilizados com o objetivo de compatibilizar os métodos de
dimensionamento às incertezas decorrentes das hipóteses simplificadoras adotadas
nos cálculos, estimativas de cargas de projetos e previsões de propriedades
mecânicas do solo. Apresentam-se a seguir o fator condicionante da magnitude do
fator de segurança ao tipo de obra.

Quadro 6.1 – Fatores de segurança


Tipo de Estrutura Investigação Investigação Investigação Precisa
precária Normal
Monumental 3,5 2,3 1,7
Permanente 2,8 1,9 1,5
Temporária 2,3 1,7 1,4

6.2.3. TIPOS DE PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA

6.2.3.1. PROCESSOS INDIRETOS


Não fornecem os tipos de solos prospectados, mas somente correlações entre
estes e suas resistividades elétricas e suas velocidades de propagação de ondas
sonoras.
 Resistividade elétrica
 Sísmica de refração

6.2.3.2. PROCESSOS SEMI-DIRETOS


Fornecem características mecânicas dos solos prospectados. Os valores obtidos
possibilitam por meios de correlações indiretas informações sobre as naturezas dos
solos.
 Vane Test
 Cone de penetração estática (CPT)
 Ensaio pressiométrico

6.2.3.3. PROCESSOS DIRETOS


Permitem o reconhecimento do solo prospectado mediante análise de
amostras, provenientes de furos executados, estas fornecem subsídios para um
exame táctil-visual, além de executar ensaios de caracterização.

6.2.3.3.1. POÇOS
Os poços são perfurados manualmente, com auxílio de pás e picaretas. Para
que haja facilidade de escavação, o diâmetro mínimo deve ser da ordem de 60cm. A
22
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

profundidade atingida é limitada pela presença do NA ou desmoronamento, quando


então se faz necessário revestir o poço. Os poços permitem um exame visual das
camadas do subsolo e de suas características de consistência e compacidade, por
meio do perfil exposto em suas paredes. Permitem também a coleta de amostras
indeformadas, em forma de blocos.

6.2.3.3.2. TRINCHEIRAS
As trincheiras são valas profundas, feitas mecanicamente com o auxílio de
escavadeiras. Permitem um exame visual contínuo do subsolo, segundo uma direção
e, tal como nos poços, pode-se colher amostras indeformadas.

6.2.3.3.3. SONDAGENS A TRADO


O trado é um equipamento manual de perfuração. Compõe-se de uma barra
de torção horizontal conectada por uma luva T a um conjunto de hastes de avanço,
em cuja extremidade se acopla uma cavadeira ou uma broca, geralmente em espiral.
A prospecção por trado é de simples execução, rápida e econômica. No
entanto, as informações obtidas são apenas do tipo de solo, espessura de camada e
posição do lençol freático. As amostras colhidas são de deformadas e situam-se
acima do NA.

Figura 6.1 – Tipos de trado

23
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

6.2.3.3.4. SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO (SPT) E (SPT-T)


O método de sondagem à percussão é o mais empregado no Brasil, é uma
ferramenta rotineira e econômica, empregada em todo o mundo, permitindo a
indicação da densidade de solos granulares, também aplicado à identificação da
consistência de solos coesivos e mesmo de rochas brandas.
O SPT (Standard Penetration Test) constitui-se de resistência dinâmica
conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é realizada
por tradagem ou circulação de água utilizando-se um trépano de lavagem como
ferramenta de escavação. As amostras representativas do solo são coletadas a cada
metro de profundidade por meio de amostrador-padrão, diâmetro externo de
50mm. O procedimento de ensaio consiste na cravação deste amostrador no fundo
de uma escavação (revestida ou não), usando um peso de 65kg, caindo de uma
altura de 750mm. O valor do NSPT é o número de golpes necessário para fazer o
amostrador penetrar 30cm, após uma cravação inicial de 15cm.
As sondagens de reconhecimento do subsolo baseiam-se na energia necessária
para a cravação de um amostrador padrão no terreno. Este amostrador, à medida
em que é cravado, recolhe as amostras necessárias à identificação dos diferentes
tipos de solo que ocorrem nas profundidades alcançadas.
A energia é medida pela queda de um peso padrão, que cai em “queda livre” de
uma altura padrão sobre uma haste, em cuja extremidade inferior está situado um
amostrador padronizado. A haste também é padronizada.
No Brasil, a execução destas sondagens está normalizada pela ABNT através da
NBR 6484.
Os valores fixados para os parâmetros envolvidos são :
.Peso :65 Kg
. Altura de queda :75 cm
. Amostrador : diâmetro externo – ext = 2 ”e diâmetro interno – ext = 1 3/8”

NSPT: número de golpes necessários à cravação dos 30cm finais de uma cravação
total de 45cm do amostrador padrão, desprezados os 1os15 cm de penetração.
Hastes: tubos de aço “schedulle” com 1” de diâmetro interno e massa de
3,2kg/m.
É muito importante ter em mente que mesmo as obras de engenharia de pequeno
porte, mais simples, menores ou menos importantes, necessitam de uma
programação adequada para a investigação do subsolo em que deverão ser
apoiadas, para que o projeto das suas fundações possa ser técnica e
economicamente o mais apropriado.
A execução das sondagens à percussão é o mínimo aceitável como investigação
geotécnica para qualquer obra de engenharia.
24
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Na figura seguinte é apresentado esquematicamente o equipamento para a


execução de sondagens à percussão.
Roldana
Tripé

Peso

Guia
Corda
Haste

Bica

Revestimento

SUBSOLO
Perfuração

Amostrador

Figura 6.2 – Equipamentos empregados nos ensaio.

Figura 6.3 - vista do tripé, martelo e cabeça de bater.

25
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 6.4– Amostrador e marcação dos 15cm.

Figura 6.5– Perfuração por lavagem.

A correlação do número de golpes com a resistência dos solos é feita para os


solos predominantemente argilosos e para os predominantemente arenosos.

26
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Quadro 6.2 - Solos argilosos.


SPT ARGILAS RC (kPa) c = RC / 2(kPa)
<2 Muito moles <25 <12,5
2a 4 Moles 25a 50 12,5a 25
5a 8 Médias 50a 100 25a 50
9a 15 Rijas 100a 200 50a 100
16a 30 Muito rijas 200a 400 100a 200
>30 Duras >400 >200

Quadro 6.3- Solos arenosos.


SPT AREIAS
<4 Muito fofas
4a 10 Fofas
11a 30 Medianamente compactas
31a 50 Compactas
>50 Muito compactas

Figura 6.6 – Vista do caminhão de execução da sondagem SPT – Mecânico.

27
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 6.7 - Execução da sondagem SPT – Mecânico.

O SPT-T foi proposto por Ranzini em 1988. Esse ensaio consiste na execução do
ensaio SPT, normatizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 6484)
e, logo depois de terminada a cravação do amostrador, é aplicada uma rotação ao
conjunto haste-amostrador com o auxílio de um torquímetro, Figura 6.8. Durante a
rotação, toma-se à leitura do torque máximo necessário para romper a adesão entre
o solo e o amostrador, permitindo a obtenção do atrito lateral amostrador-solo
(Peixoto, 2001).

Torquímetro  Adaptador  Haste do amostrador


Disco Centralizador  Tubo de Revestimento  “Bica”
Figura 6.8- Detalhe do torquímetro (Peixoto, 2001).

28
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 6.9- Torquímetro.

A medida do torque provavelmente possui a vantagem de não ser afetada


pelas conhecidas fontes de erros do valor tradicional do SPT (contagem do número
de golpes, altura de queda, peso da massa cadente, drapejamento e atrito das
hastes, mal estado da sapata cortante, roldana, corda etc). Outra vantagem desse
procedimento é a possibilidade de se obter um valor mais confiável da tensão lateral
através do SPT e, por um custo adicional muito pequeno.
Outra medida que também pode ser obtida é a do torque residual, que consiste
em continuar girando o amostrador até que a leitura se mantenha constante,
quando, então, faz-se uma segunda medida. Apresenta-se a seguir a equação para
o calculo do atrito lateral a partir do torque.
T
fT  em que: “ f T “ em kPa, “T“ em kN.m e “h“ em m
41,336h  0,032

6.2.3.3.5. SONDAGENS ROTATIVAS


É empregada na perfuração de rochas, de solos de alta resistência e matacões ou
blocos de natureza rochosa. O equipamento compõe-se de uma haste metaliza
rotativa, dotada, na extremidade, de um amostrador, que dispõe de uma coroa de
diamante.
O movimento de rotação da haste é proporcionado pela sonda rotativa que se
constituiu de um motor, de um elemento de transmissão de um fuso que imprime às
hastes os movimentos de rotação, recuo e avanço. É possível à retirada de
testemunhos de rochas para avaliar, dentre outras coisas, a integridade estrutural
do maciço rochoso.

29
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

6.2.3.3.6 SONDAGENS MISTAS


A sondagem mista é a conjugação do processo à percussão e rotativo. Quando os
processos manuais forem incapazes de perfurar solos de lata resistência, matacões
ou blocos de natureza rochosa usa-se o processo rotativo para complementar a
investigação.

6.2.5. MÉTODOS SEMI-DIRETOS


Foram desenvolvidos por causa das dificuldades de amostrar certos tipos de
solos, como areias puras e argilas moles. Não fornecem o tipo de solo, mas somente
certas características de comportamento mecânico, obtidas mediantes correlações.

6.2.5.1. VANE TEST


Também chamado de ensaio de palheta, foi desenvolvido para medir a resistência
ao cisalhamento não drenado das argilas “in situ”.Consiste na cravação de uma
palheta e medir o torque necessário para cisalhar o solo. Fornece uma idéia da
sensibilidade da argila. Pode ser cravado diretamente no solo ou em furos de
sondagens.
O ensaio de palheta é utilizado para medir a resistência ao cisalhamento não
drenada “in situ” dos solos argilosos. O equipamento necessário à execução do
ensaio é constituído basicamente por algumas lâminas delgadas soldadas a uma
haste, em cuja extremidade superior é aplicado um torque (momento) conhecido M,
de valor suficiente para provocar a ruptura do solo no qual a palheta está inserida.
O equipamento mais comum é o de quatro lâminas, que pode ser visto
esquematicamente na figura em seguida.
A rotação do equipamento configura no solo uma superfície de ruptura em forma
de cilindro, com dimensões aproximadamente iguais às da palheta, isto é, altura H e
diâmetro D.
Na Figura 6.11 é mostrado o posicionamento do equipamento no subsolo a ser
ensaiado, assim como um detalhe ampliado do mesmo com a superfície de ruptura
formada pela sua rotação.

30
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 6.11 – Esquema do ensaio.

M
M M
Topo
Haste
Lâminas Profundidade
de
Perfuração ensaio H
H Área
hR lateral

H
D Base D
(a) (b) (c)

Figura 1 – Ensaio de palheta


a – o equipamento; b – posicionamento no subsolo;
c – detalhes da superfície cilíndrica de ruptura

Figura 6.12 – Vane test.

O momento total M terá que vencer as resistências mobilizadas no topo, base e


superfície lateral do cilindro de ruptura, à medida que a palheta vai girando no solo.

6.2.5.2. PENETRÔMETROS
Os penetrômetros podem ser dos tipos estáticos e dinâmicos.O penetrômetro
estático é o mais usado atualmente. Os ensaios executados com este

31
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

equipamentosão conhecidos internacionalmente com várias denominações


diferentes. Entre elas, as mais comuns são:
 Ensaio de penetração contínua ( E P C )
 Deep sounding
 Diepsondering
 Cone penetration test ( C P T ) etc.

Também conhecido como “deep-sounding”, o CPT foi desenvolvido na Holanda


com o propósito de simular a cravação de estacas. A resistência lateral é obtida pela
diferença entre a resistência total, correspondente ao esforço estático, necessário
para a penetração do conjunto numa extensão de aproximadamente 25cm, e a
resistência de ponta, quando se crava somente 4cm da ponta móvel.

A seguir, é apresentado um corte esquemático do penetrômetro.

Fi
Execução do ensaio:
Fe Fe
. Quando a força Fié aplicada, o
cone é forçado a penetrar no
Prolongamento
Da Haste terreno pela haste interna, e é
Externa medida então a resistência de
ponta do terreno (rP)na
Haste
Interna profundidade de execução do
ensaio.
Haste
Externa . Quando a força Feé aplicada, a
haste externa penetra no terreno
até encostar na base do cone, e
Cone pode ser determinada a resistência
lateral do terreno (rL) na
profundidade de ensaio.

Os resultados são usualmente fornecidos em forma de gráfico, que apresentam as


resistências de ponta ( rP ) e lateral ( rL ) em função da profundidade.

32
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

rP

rP

rL

Prof.
(m) rL

Figura 6.13 – Gráfico obtido no ensaio CPT.

Figura 6.14 - Equipamento para ensaio de cone elétrico.

33
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 6.15 – Detalhe da ponteira do cone elétrico.

6.2.5.3. ENSAIO PRESSIOMÉTRICO


Tem o objetivo de módulo de elasticidade e a resistência ao cisalhamento dos
solos e rochas. É uma célula que é introduzida em furos de sondagem, e esta ligada
a aparelhos de medições de pressões e volumes. (Pressiômetro de Menard e
CamkoMeter).

Figura 6.16 – Detalhe do CamKoMeter.


De acordo com Peixoto (2001), não é possível comparar diretamente os valores
obtidos nos diferentes ensaios in situ, pois estão envolvidos, diferentes modelos de
ensaio e também diversas condições no campo.

SPT-T = sondagem a percussão com medida de DMT = dilatômetro de


torque Marcheti
CPT = cone de penetração VST = ensaio de palheta
PMT = pressiômetro

Figura 6.17 – Modelos de ensaios de campo (Peixoto, 2001)

34
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

6.3. PROGRAMAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

A programação de uma investigação do subsolo, para efeito do projeto da


fundação de uma obra de engenharia, depende significativamente do tipo de obra a
ser construída.
Existem, no entanto, nas normas brasileiras, especificações relativas ao número
mínimo de perfurações a serem feitas, assim como às profundidades mínimas a
serem atingidas pelas sondagens.

6.3.1. NÚMERO MÍNIMO DE SONDAGENS


De acordo com a norma brasileira, o número de perfurações deve ser de no
mínimo 1 (um) para cada 200m2 de área construída, até 1200m2 de área.
Entre 1200m2 e 2400m2, deverá ser feita mais uma perfuração para cada 400m2
que exceder 1200m2.
Acima de 2400m2, o número de perfurações será fixado de acordo com cada caso
particular, a critério do responsável pelo projeto das fundações.
Em quaisquer circunstâncias, o número mínimo de perfurações deverá ser de :
 para terrenos de até 200 m2.
 para terrenos entre 200 m2 e 400 m2.

As especificações da Norma podem ser resumidas no Quadro 6.4:

Quadro 6.4 – Quantidade de sondagens.


ÁREA CONSTRUÍDA (m2) NÚMERO MÍNIMO DE PERFURAÇÕES
<200 2(3)
200a 400 3
400a 600 3
600a 800 4
800a 1000 5
1000a 1200 6
1200a 1600 7
1600a 2000 8
2000a 2400 9
>2400 A critério do projetista

Não obstante os números recomendados pela Norma Brasileira, no caso particular


de edificações com área até 200m2, o número de perfurações necessárias para
proporcionar um conhecimento razoável da variação do subsolo em planta, é de no
mínimo 3 (três), como assinalado na tabela.

35
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7. FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Quando os solos próximos à superfície do terreno apresentam baixa capacidade
de carga e/ou alta compressibilidade, não permitindo o emprego de fundações
rasas, as cargas estruturais são transferidas a maiores profundidades, por meio de
fundações denominadas profundas.
As fundações profundas podem ser:
 Fundações por EstacasSão elementos de secção transversal reduzida em
relação ao comprimento. São posicionadas com o uso de equipamentos situados
à superfície do terreno. São necessárias, em geral, várias estacas para transmitir
a carga de um pilar ao terreno.
 Fundações por TubulõesSão elementos cuja secção transversal é bem maior
que no caso das estacas. São construídos por escavação interna, geralmente
manual, e devem permitir a entrada de pessoal em seu interior. Em geral, um só
tubulão basta para transferir a carga de um pilar ao subsolo.

7.1 TUBULÕES

Geralmente, os tubulões têm a sua base alargada para assegurar uma adequada
distribuição de tensões no solo de apoio. A seguir, são apresentados
esquematicamente o corte vertical e a planta de um tubulão típico.

CORTE VERTICAL
PLANTA

d
d
Fuste
Revestimento
H
(quando
necessário) D
Base

7.1.1. TUBULÕES A CÉU ABERTO


São elementos estruturais de fundação constituídos concretando-se um poço
aberto no terreno, geralmente dotado de uma base alargada. Este tipo de tubulão é
executado acima do nível d’água natural ou rebaixado, ou, em casos especiais, em
terrenos saturados onde seja possível bombear a água sem risco de
desmoronamentos. No caso de existir apenas carga vertical, estes tipos de tubulões
não são armados, colocando-se apenas ferragem de topo para ligação com o bloco
de coroamento ou de capeamento.
36
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

IMPORTANTE: “não confundir bloco de capeamento ou coroamento com bloco de


fundação (definidos em fundação rasa). Esses blocos são construídos sobre estacas
ou tubulões, sendo os mesmos armados de modo a poder transmitir a carga dos
pilares para as estacas ou os tubulões” 1

7.1.1.1. SEM REVESTIMENTO


Os tubulões a céu aberto são poços escavados mecânica ou manualmente, a céu
aberto, e são os casos mais simples de fundação por tubulão. São limitados a solos
que não apresentem o perigo de desmoronamento durante a escavação, geralmente
coesivos, situados acima do nível d’água do lençol freático, e dispensam o
escoramento das paredes laterais do poço.

7.1.1.2. COM REVESTIMENTO


Para terrenos com baixa coesão, ou que apresentem perigo de desmoronamento,
a escavação do poço deve ser acompanhada com escoramentos para contenção
lateral da terra. Entre os tubulões executados por este processo, destacam-se os
executados pelo método Gow e pelo método Chicago.

A) Método Chicago (Etapas executivas)


 Escavação manual em etapas de aproximadamente 2m, sem escoramento,
contando-se com a coesão do solo.
 Instalação de pranchas verticais de madeira, escoradas por anéis metálicos.
 Repetem-se estas operações sucessivamente, até a cota necessária, passando-se
ao alargamento da base.
 Concentra-se o tubulão, procurando-se recuperar o escoramento.

1 Alonso, U.R. Exercício de Fundações. Fundações em Tubulões. p.42. 1983


37
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

1,5
a
2,0m

anel
metálico

Figura 7.1 – Processo executivo – Método Chicago.

B) Método Gow

 Quando o solo é muito coesivo e não permite si quer a escavação do fuste por
etapas sem revestimento, emprega-se o método Gow.
 Crava-se por percussão, um tubo metálico de  2m de comprimento e ½” de
espessura, no terreno a ser escavado.
 Escava-se no seu interior.
 Crava-se outro tubo de diâmetro ligeiramente menor, no terreno ainda não
escavado, abaixo do primeiro tubo cravado.
 Escava-se no interior deste 2º tubo.
 Repetem-se estas operações sucessivamente, descendo-se telescopicamente os
tubos, até uma profundidade suficiente para o alargamento da base, no diâmetro
necessário ao fuste do tubulão.
 A concretagem é feita ao mesmo tempo em que a extração dos tubos.
 O método Gow pode ser empregado em terrenos com pouca água, de fácil
esgotamento.

38
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

2m

Tubo
Metálico

Figura 7.2 - Processo executivo – Método Gow.

7.1.1.3. TUBULÕES A AR COMPRIMIDO OU PNEUMÁTICOS


Quando houver a necessidade de escavação em um solo que, além de necessitar
escoramento durante a escavação, estiver situado abaixo do N.A. do lençol freático,
são utilizados os tubulões a ar comprimido ou pneumáticos.
Os tubulões a ar comprimido podem ser executados com revestimento de anéis
de concreto sobrepostos, ou com revestimento de tubo de aço.
A escavação é feita no interior do revestimento, geralmente manualmente (pode
ser feita mecanicamente), a céu aberto, até que seja atingido o lençol d’água. A
partir daí, é instalada no revestimento uma campânula de chapa de aço, própria para
trabalhar com ar comprimido, que é fornecido por um compressor instalado
próximo ao tubulão.

Compressor
Cachimbo

PAR H O.h


2

Figura 7.3 - Processo executivo – Ar Comprimido.

39
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Campânula
Ar
Porta
Comprimido
de
Entrada
Compres-
Compres- sor
sor
Reserva
Saída de Entrada de
Terra Concreto

Revestimento TERRENO
N.A.
N.A.

h água

A pressão PAR no interior da campânula e do tubulão deve ser suficiente para


equilibrar o peso da coluna d’água do terreno, a fim de impedir a sua entrada no
interior da câmara de trabalho, ou:

onde:
água – peso específico da água
h - altura, medida a partir do N.A., até o estágio em que se encontra a escavação.

Nota-se que a pressão do ar comprimido, PAR, vai aumentando à medida que a


escavação do tubulão avança no terreno.
A máxima pressão empregada em fundações a ar comprimido não deve
ultrapassar 3 atmosferas (ou  3,0kgf/cm2), devido às limitações de tolerância do
organismo humano. Praticamente, os tubulões a ar comprimido ficam limitados a 
30 – 35m de profundidade abaixo do N.A.
Uma vez atingido terreno com resistência compatível com o previsto em projeto,
procede-se ao alargamento da base e posterior concretagem do tubulão.

7.1.2. CAPACIDADE DE CARGA DOS TUBULÕES


Para o cálculo da carga de ruptura de tubulões, pode-se empregar métodos
teóricos e empíricos. Apresenta-se a seguir uma metodologia para a obtenção deste
valor, porém, para este caso em particular, a carga lateral será somada ao valor da
carga de ruptura total, pratica esta não muito utilizada no meio técnico.

40
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.1.2.1. SOLOS ARENOSOS


Não existe ainda um processo que satisfaça os vários casos em que podem recair
os problemas de capacidade de carga das fundações por tubulão.
Meyerhof, em 1951, propôs uma expressão para cálculo de capacidade de carga
de fundações profundas, análoga à equação proposta por Terzaghi em 1943, na
seguinte forma :

σr  c . Nc  P0 . N q  1 . γ . B . N γ
2

Enquanto Terzaghi considera a parte de solo acima da cota de apoio da fundação,


apenas como uma sobrecarga, Meyerhof leva em consideração a resistência ao
cisalhamento desenvolvida também acima desta cota de apoio.
Esquematicamente:

Sobre a superfície de ruptura atuam os esforços normais P0 (da equação), assim


como os tangenciais s0, correspondentes ao peso de terra.
A diferença entre as expressões propostas por Terzaghi (1943) e Meyerhof (1951)
está principalmente em P0 e nos valores de Nc,Nqe N .
Segundo a opinião de diversos autores, a Teoria de Meyerhof pode conduzir a
resultados muito otimistas de capacidade de carga.
No presente curso, para o cálculo da capacidade de carga dos tubulões, será
utilizada a expressão geral de Terzaghi, que conduz a resultados um tanto
conservadores, porém não muito distantes da realidade (para os solos arenosos).

7.1.2.2. SOLOS ARGILOSOS ( ≈ 0)


Para os tubulões apoiados nos solos argilosos, pode ser utilizada a teoria de
Skempton (1951), já apresentada em capítulo anterior deste curso, sob a forma:

41
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

σR  c . Nc  γ . H

Sendo válidas as mesmas consideraçõese comentários já feitos naquele capítulo.


Recomenda-se ainda que as taxas ou tensões de trabalho ( σ trab ) não sejam
maiores que os valores da pressão de pré-adensamento das argilas, para que os
recalques, correspondentes à carga aplicada pelo tubulão, não sejam provenientes
do adensamento da argila ao longo da reta de compressão virgem. Assim, sempre
que possível:

σ trab  Pa

A fórmula geral de Terzaghi também pode ser utilizada para solos argilosos,
fazendo=0. Os valores calculados serão mais conservadores que os determinados
pela fórmula de Skempton.

7.1.2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A rigor, a carga admissível de um tubulão é representada pela soma da
capacidade de carga da base Pbase, somada a uma parcela de carga Plat devida à

contribuição da resistência lateral na superfície lateral do seu fuste, ou:

P adm  P base  P lat


Na prática, porém, a contribuição da resistência lateral é desprezada,
considerando-se implicitamente como se fosse apenas suficiente para
contrabalançar o peso do tubulão.
Logo, na prática, para os tubulões em geral:

P P
adm base

42
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

PP Qs L

Qp
Figura 7.4 – Transferência de carga.

7.1.2.4. ENSAIO DE CAMPO – SPT E CPT

Com base no valor médio do SPT (na profundidade da ordem de grandeza igual a
duas vezes o diâmetro da base, a partir da cota de apoio da mesma).

 adm  NSPT * 33,33 (kPa)

Esta fórmula aplica-se para SPT  20

7.1.2.5. SOLOS COESIVOS - RESISTÊNCIA DE BASE


Décourt (1989) propõe uma expressão para fundações diretas que pode ser
estendida para o caso de fundações profundas pela inclusão do efeito de
profundidade (’vb).
qbf  25NSPT  'vb (kPa)
Onde N SPT é o índice de resistência à penetração médio entre a cota de apoio da
base e a distância 2b abaixo da base.
De acordo com Décourt (1991) a tensão admissível também pode ser estimada a
partir do ensaio de CPT.
qbf = (0,14 a 0,10) qc + ’vb

7.1.2.6. SOLOS NÃO COESIVOS – RESISTÊNCIA DE BASE


Com base em valores de SPT, temos:
qbf  20 N SPT   'vb (kPa)  400kPa

43
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Onde N SPT é o índice de resistência à penetração média entre a cota de apoio da


base e a distância 1b abaixo da base.
A partir de dados do CPT, a tensão admissível pode ser estimada por:
   z 
qbf  qc  b 1 b  comb (m)
 40   b 
Onde q c é o valor médio da resistência do cone na região de apoio o tubulão.
Sugere-se limitar este valor a60kPa.

7.1.3. DIMENSIONAMENTO DE TUBULÕES

7.1.3.1. TUBULÃO ISOLADO


As dimensões do fuste (d) e da base (D) são calculados conforme considerações
adiante.O centro de gravidade da área do fuste e da área da base do tubulão devem
coincidir com o centro de aplicação da carga do pilar.
P CGPilar CGFuste CGBase

Bloco (às vezes necessário)

d
H
Base

hB
 20cm

Figura 7.6 – Desenho esquemático de um tubulão.

As dimensões do tubulão são calculadas conforme considerações a seguir.


Profundidade de apoio H -calculada a partir das fórmulas de capacidade de carga
(R) já vistas.

b. A distribuição de tensões no solo de apoio da base deve ser uniforme.


Para isso, os centros de gravidade da área do fuste e da área da base do tubulão
devem coincidir com o centro de aplicação da carga do pilar, isto é :
CG PILARCG FUSTECGBASE
c. Diâmetro do fuste d .
O dimensionamento do fuste depende somente da tensão admissível do concreto
utilizado ( concr ).
Logo, a área do fuste pode ser calculada por :

44
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

P π.d 2
 Área do fuste = A F = 
σ concr 4
4. P
 O diâmetro do fuste será dado por : d 
π . σ concr

O valor da tensão admissível no concreto é adotado em função das precárias


condições de concretagem geralmente existentes na execução deste serviço, por :
0,85 . f ck
concr =
γC . γf
onde : C = 1,6 , f= 1,4

Na prática, o fuste de um tubulão pode ser dimensionado tomando-se como


tensão admissível de compressão no concreto valores na faixa :

σ concr  5,0MPa a 6,0MPa


O diâmetro do fuste de um tubulão não deve ser menor que 70cm, para permitir a
passagem do ser humano (para a execução, fiscalização e liberação do tubulão), isto
é:

d ≥ 0,70 m

d. Diâmetro da base D .
Como as tensões admissíveis no solo são bem menores que no concreto, quase
sempre há a necessidade de se promover o alargamento da base, resultando num
elemento tronco-cônico.
O diâmetro da base D é dimensionado em função da tensão admissível do solo na
cota de apoio do tubulão, por :
2
P π. D
A base  σ 
adm solo 4

ou
D 4P
π . σadm solo

Por problemas executivos, sempre que possível, o diâmetro da base não deve
ultrapassar os ≈4,5m (valor aproximado).

e. Altura da base hB (tubulão com base circular)


A altura da base hB é calculada por
h B  D  d . tg α
2
45
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Na prática, para evitar problemas executivos, a altura da base não deve


ultrapassar os 1,8m (valor aproximado).

f. Ângulo .
Para que não haja necessidade de armação na base, isto é, para que as tensões de
tração σ t sejam absorvidas pelo próprio concreto, a inclinação  da parede deve ser
dada por :
tg α σ
 adm  1
α σt
f
ck
onde σ pode ser tomado como: σ t  , fck≃20MPa
t 10
Na prática, usa-se geralmente uma inclinação de 60º, que é suficiente para a
grande maioria dos casos.

7.1.3.2. SUPERPOSIÇÃO DE BASES


Quando, devido à proximidade de dois pilares, a base do tubulão de um pilar
interfere com a base do tubulão do outro pilar, o alargamento das bases pode ser
feito na forma de uma falsa elipse, ao invés de na forma círculo. A falsa elipse é uma
figura composta por um retângulo e dois semi-círculos.
SUPERPOSIÇÃO SOLUÇÃO

T2 T’2
T1 T’1
D2
P2
P2
P1
P1 L2
L1

D1 X2
Superposição X1

A forma dos tubulões T1 e T2 pode ser modificada, desde que as áreas continuem
as mesmas, pois a tensão de trabalho não deve sofrer modificação.

Assim :
 Área da base de T1 = AT1= Área da base de T’1 = AT’1, ou : AT1 = AT’1

46
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

 Da mesma forma: AT2=AT’ 2.


 Para um caso geral, vale:
π.D 2 π.X 2
i i
  L .X
4 4 i i

- L e X são escolhidos em função da distância entre os pilares.


-Sempre que possível, fazer L ≤ X .

7.1.3.2.1. UMA FALSA ELIPSE

Etapas:
1 – Dimensionar o tubulão do pilar 1
2 - Adotar um valor para r2 r2< S – r1 - 10cm
3 - Calcular o valor de x:
P2 A 2  r2 2
Ab2  e x 
adm 2.r2
4 - Verificação: x<3.r2 (não há limite mínimo, pois não há excentricidade).
5 - Calcular: d e hB.
4. P
 O diâmetro do fuste será dado por : d 
π . σ concr
tan g60 º
 A altura da base será h b  x  2r   d
2

OBS: - Caso a desigualdade não seja satisfeita, empregam-se duas falsas elipses.
- Distância mínima entre as bases deve ser de 10cm.

47
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.1.3.2.2. DUAS FALSAS ELIPSES

1 - Adotar valores para r1 e r2 r1 + r2<S -10cm


P1 A b1  r12
2 - Calcular: A b1  e x1 
 adm 2.r1
3 - Verificação: x1<3.r1
P2 A b2  r2 2
4 - Calcular: A b2  e 2
x 
 adm 2.r2
5 - Verificação: x2<3.r2
6 - Calcular: d e hB.
 O diâmetro do fuste será dado por : d  4 .P
π . σ concr
tan g60 º
 A altura da base será h b  x  2r   d
2

Obs: Caso os pilares estiverem tão próximos que não seja possível a solução
anterior, deve-se afastar o CG dos tubulões e introduzir uma viga de interligação.

Se necessário, usar dois tubulões sob três pilares alinhados, com uma viga de
interligação.

7.1.3.3. PILARES DE DIVISA


No caso de pilares situados junto às divisas, não há possibilidade de fazer
coincidir o eixo do tubulão com o eixo do pilar. Há necessidade da introdução de

48
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

uma viga alavanca, que ligue o pilar de divisa, o tubulão de divisa e um pilar central.
O alargamento da base para o pilar de divisa é feito na forma circular ou de falsa
elipse.

L
e

P1 V.A.
P2 Solução

P1 + P2 = R1 + R2

L
R P .
DIVISA

1 1 Le

P1 P2
R2 = P2 - ½ . ΔP
V.A.
Verificação do
levantamento de P2 :

P2 – ΔP > 0
R2
R1

Figura 7.7 – Tubulão de divisa.

No caso de pilares situados junto às divisas, não há possibilidade de fazer


coincidir o eixo do tubulão com o eixo do pilar. Analogamente ao caso já estudado
para as sapatas, aparece uma excentricidade que pode dar origem a problemas
relativos à distribuição não uniforme de tensões na base do tubulão de divisa. Há
necessidade então da utilização de uma viga alavanca, que promova a ligação entre
o pilar de divisa, o tubulão de divisa e um pilar central, eliminando assim o
problema da excentricidade.
A solução do problema é dada por:
P1 + P2 = R1 + R2

49
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

L
R 1  P1 . e R 2 = P 2 – ½ . P
Le
OBS: Verificação do levantamento de P2 : P 2 – P > 0
Obs: Os CGs do fuste e da base do tubulão devem estar sobre o eixo da viga
alavanca.

7.1.4. CÁLCULO DO VOLUME DE CONCRETO

7.1.4.1. TUBULÃO COM BASE CIRCULAR


O volume da base pode ser calculado aproximadamente, como sendo a soma do
volume de um cilindro com0,20cm de altura (hB–0,20m), ou seja:

1) Volume do “tronco” de cone  Vtc 


3

.h 2 2
rb  rf  rb.rf , 
Onde:rb é o raio da base (D/2), rf é o raio do fuste (d/2) e h=(hb-0,20m)

2) Volume do cilindro Vcil=.(rb)2.0,20


.d2
3) Volume do fuste Vf  L  hB , onde L é o comprimento do tubulão.
4
Vtotal=Vtc + Vcil + Vf

7.1.4.2. TUBULÃO COM BASE EM “FALSA ELIPSE”


1) Volume da base:
V1 
3

.h 2

rb  rf 2  rb .rf V2 
x.h
2

rb  rf  V3  .rb2  2.rb.x .0,20 
Onde rb é o raio da base, rf é o raio do fuste e h=(hb-0,20m).
Vb = V 1 + V 2 + V 3
2
.d
2) Volume do fuste Vf  L  hB  , onde d é o diâmetro do fuste.
4
Vtotal = Vb + Vf
Tabela de cálculo de volume (Exemplo)
Pilar fuste Base Altura Abase Vtc Vcil Vf Vb VTOTAL
no d (m) D(m) hB (m) (m2) (m3) (m3) (m3) (m3) (m3)
1 0,80 1,35 1,65 0,50 2,19 3,05 5,24
.
.
n

50
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2. ESTACAS DE FUNDAÇÃO

Estacas são elementos de fundação, caracterizados pela sua secção transversal


(geralmente pequena) e comprimento. Têm a função de transmitir as cargas de uma
estrutura para camadas de alta capacidade de suporte e baixa compressibilidade.
São elementos alongados de secção circular ou prismática (quadrada ou hexagonal)
que são cravadas ou moldadas in loco, mediante emprego de equipamentos.
Finalidades:
 Contenção de empuxos laterais de água ou de terra: cortinas de estacas pranchas
e paredes de estacas diafragma.
 Melhoria das condições do subsolo: estacas de compactação (areia).
 Transferir carga da estrutura para camadas do subsolo: estacas de sustentação,
sobre as quais serão tratadas neste curso.

7.2.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ESTACAS


– Carregamento: compressão, tração ou horizontal
– Posição: vertical ou inclinada.
– Material: madeira, concreto, aço e mistas.
– Fabricação: moldada in loco ou pré-moldada.

Figura 12.8 – Exemplo de esforços atuantes em estacas.

7.2.1.1. ESTACAS DE SUSTENTAÇÃO


Em geral usa-se mais de uma estaca sob cada pilar sendo 3 estacas o número
ideal.

51
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.1.1.1. FORMA DE TRABALHO DE SUSTENTAÇÃO

A – Estacas Flutuantes - Considera-se somente a resistência por atrito lateral,


despreza-se a resistência de ponta (solo muito fraco).

B – Estacas de Ponta - Considera-se somente a resistência de ponta.

C – Estacas de Atrito Negativo


*Ocorre em argilas em processo de adensamento, introduzindo tensões de atrito
nas estacas, dirigidas de cima para baixo. Atua no sentido de “afundar” a estaca no
terreno.Às vezes a própria cravação das estacas amolga o solo, que passa adensar e
transmitir atrito negativo. O valor chega ser descontado no valor da carga de
trabalho das estacas

52
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Na foto seguinte pode-se observar um bloco de coroamento com 5 estacas.

7.2.2. IMPLANTAÇÃO

7.2.2.1. MOLDADAS “IN-LOCO”


As estacas moldadas “in loco” apresentam como grande vantagem a eliminação do
problema de transporte das estacas pré-moldadas, além de permitirem a execução
da concretagem no comprimento estritamente necessário. Isto é particularmente
vantajoso no caso de subsolo muito heterogêneo, ou quando a investigação do
subsolo for deficiente.
A principal desvantagem deste tipo de estaca é que a sua concretagem exige uma
fiscalização muito rigorosa, sendo, apesar disso, de difícil controle. Geralmente o
concreto é lançado de grande altura, acontecendo então a segregação do material.

53
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Quando a concretagem é executada abaixo do N.A, o controle passa a ser da


maior importância, podendo haver comprometimento sério de estacas por
deficiência na concretagem. Além disso, como geralmente os tubos-moldes são
recuperados, na sua extração também podem ocorrer descontinuidades no fuste de
concreto, por atrito entre o molde e o concreto do fuste.
Atualmente, já existem métodos mais sofisticados de controle de concretagem,
porém o problema ainda persiste e merece toda a atenção dos técnicos envolvidos.

7.2.2.1.1. ESTACAS BROCAS – TRADO MANUAL(ACIMA DO NA)


As brocas são estacas moldadas “in loco” construídas sem revestimento acima do
nível d’água. A perfuração é executada por meio de trado, em terrenos coesivos
(argilosos), sem nenhuma água. Após a perfuração, o concreto do tipo fluido deve
ser lançado com auxílio de funil para que não haja contaminação. Terrenos coesivos.
=15 a 30cm (dependendo do trado). L=3 a 8m. Ftrabalho = 60 a250kN.

7.2.2.1.2. ESTACA ESCAVADA MECANICAMENTE (S/LAMA BENTONÍTICA)

Figura 7.9. – Caminhão com perfuratriz e detalhe de execução.

 Acima do N.A.
 Perfuratrizes rotativas
 Profundidades até 30m
 Diâmetros de 0,20 a 1,70m (comum até 0,50m)

54
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.2.1.3. ESTACA ESCAVADA (C/LAMA BENTONÍTICA)


As estacas do tipo estacão ou barrete podem ser utilizadas abaixo do nível
d’água. São escavadas com o auxilio de lama bentonítica no interior da perfuração.
Após perfuração até a profundidade necessária, as estacas são concretadas através
de um equipamento denominado ‘tremonha’, e o próprio concreto expulsa a lama à
medida que avança no interior da perfuração, de baixo para cima. Uma pequena
porção do concreto, mantida na parte superior durante a concretagem, terá que ser
descartada por estar contaminada com solo ou a lama bentonítica.

55
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Método executivo

Proteção

Lama
Concreto
bentonítica

Cilindro
para
perfuração

O esboço apresentado dá uma idéia do método construtivo de um estacão, para a


perfuração do qual é utilizado um cilindro rotativo de aço (Figura 12.10b) dotado de
saliências cortantes na base, que é forçado para baixo por um equipamento
especial.A lama tem a finalidade de dar suporte a escavação. Existem dois tipos:
estacões (circulares =0,6 a 2,0m – perfuradas ou escavadas) e barretes ou
diafragma (retangular ou alongadas, escavadas com “clam-shells” - Figura 12.10a).
As estacas executadas através deste método não causam vibrações no terreno. O
equipamento necessita de área regularizada para se deslocar de um ponto para
outro.
L= até 80m. Ftrabalho= 1100 a16000kN.
Processo executivo:
 Escavação e preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonítica
previamente preparada;
 Colocação da armadura dentro da escavação cheia de lama;
 Lançamento do concreto, de baixo para cima, através de tubo de
concretagem (tremonha)
 Fatores que afetam a escavação:
 Condições do subsolo (matacões, solos muito permeáveis, camadas
duras etc);
 Lençol freático (NA muito alto dificulta a escavação);
 Lama bentonítica (qualidade);
 Equipamentos e plataforma de trabalho (bom estado de conservação);
 Armaduras (rígidas)

56
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

a) b)

Figura 7.10 – a) Clam-shellb) cilindro rotativo de aço

Figura 7.11 - Concretagem de estaca barrete.

7.2.2.1.4. ESTACA RAIZ


São aquelas em que se aplicam injeções de ar comprimido imediatamente após a
moldagem do fuste e no topo do mesmo, concomitantemente a remoção do
revestimento. Neste tipo de estaca não se utiliza concreto e sim argamassa.
As estacas do tipo raiz surgiram na década de 1950, quando o engenheiro
italiano, Fernando Lizzi, em Nápoles (Itália) desenvolveu um processo inédito de
confecção de estacas injetadas, denominada de estaca raiz (“Pile Radice”). Devido ao

57
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

processo diferenciado de execução, esse tipo de estaca possibilita obter algumas


vantagens em relação aos demais processos convencionais, dependendo das
peculiaridades do solo em que será executada.
Devido ao grande desempenho como elemento de fundação, as estacas do tipo
raiz possuem grande aplicabilidade nas obras geotécnicas, tais como: estabilização
de encostas, paredes de contenção para proteção de escavações, reforço de
fundações, fundação de estruturas “off-shore”, fundação de máquinas, além de
muitas outras.
A utilização de estacas injetadas faz-se necessário, principalmente em grandes
centros urbanos, no qual têm-se muitas restrições para instalação de estacas, tais
como:
- Locais de difíceis condições de acesso por equipamentos de grandes
dimensões.
- Vibrações causadas pelo equipamento de instalação da estaca que possam
causar danos às construções vizinhas.
- Restrições de barulho quando instaladas próximas a hospitais, escolas etc.
O emprego de estacas injetadas se faz cada vez mais freqüente, por atender as
restrições, e dentre as estacas injetadas, a estaca raiz é a que apresenta menor
relação custo/carga. É a que necessita de equipamentos mais simples, é a de mais
fácil execução e, portanto, a de mais fácil controle e rapidez na instalação (Cabral,
1986).
Portanto, o uso de equipamento dimensionado adequadamente para furar o solo,
bomba d’água com capacidade suficiente para proceder à lavagem durante a
perfuração e sistema de injeção de argamassa ou nata adequado para garantir o
preenchimento da seção perfurada, são providencias imprescindíveis para a correta
execução de uma estaca raiz.
- Perfuração com auxílio d’água. Argamassa. =10 a 40cm. L= até 100m.
Ftrabalho= 100 a14000kN.

58
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.12 – Processo executivo de estaca raiz.

Figura 7.13 – Execução de estaca raiz.

7.2.2.1.5. ESTACA STRAUSS


As estacas Strauss originalmente foram desenvolvidas para serem executadas
acima do nível d’água do lençol freático, porém com o passar dos anos e a
introdução do tubo de revestimento em seu processo de execução fez com que
pudesse ser executada abaixo do lençol freático.É importante ressaltar que ao
executá-la abaixo do lençol freático deve-se tomar muito cuidado em sua execução.

Inicialmente, crava-se no terreno em tubo metálico que será o molde da estaca.


Escava-se o terreno, dentro do molde, até a cota desejada, e inicia-se a
concretagem.A escavação é feita por meio de um equipamento especial(piteira), e é
59
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

necessário que o solo no interior do tubo esteja em forma de lama. A concretagem é


feita em etapas de aproximadamente 70cm a 80cm de altura, que são apiloadas à
medida em que o tubo é retirado. A operação é repetida até que seja atingida a cota
do terreno.O diâmetro das estacas Strauss varia geralmente de =20 a 50cm e L=
até 20m, e a carga de trabalho (Ftrabalho = 150 a 800kN), varia com o tipo do terreno
e com o tipo e controle do concreto utilizado.Duas fases: perfuração (sonda ou
piteira), colocação do tubo de revestimento recuperável (simultaneamente) e
lançamento do concreto. A concretagem é feita com apiloamento e retirada da
tubulação (guincho manual ou mecânico). Diâmetros de 0,25 a 0,62m.

Vantagens:
 Ausência de trepidação;
 Facilidade de locomoção dentro da obra;
 Possibilidade de verificar corpos estranhos no solo;
 Execução próximo à divisa.
 Cuidados:
 Quando não conseguir esgotar água do furo não deve executar;
 Presença de argilas muitos moles e areias submersas;
 Retirada do tubo.

Figura 7.14 – Perfuração da estaca Strauss.

60
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.2.1.6. ESTACA APILOADA


Também conhecida como soquetão ou estaca pilão. Utiliza-se o equipamento do
tipo Strauss sem revestimento. Sua execução consiste na simples queda de um
soquete, com massa de 300 a600kg, abrindo um furo de 0,20 a 0,50m, que
posteriormente é preenchido com concreto. É possível executar em solos de alta
porosidade, baixa resistência e acima do NA. Muito utilizada no interior do Estado
de São Paulo, principalmente na região de Bauru.

Figura 7.15 – Execução de estaca apiloada.

Figura 7.16 – Concretagem da estaca.

7.2.2.1.7. ESTACA HÉLICE CONTÍNUA (MONITORADA)


São perfuradas por um equipamento rotativo em forma de espiral. São
concretadas por bombamento que envia o concreto pelo eixo da espiral. O solo
61
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

escavado é retirado com a subida do trado, à medida que a concretagem avança de


baixo para cima. Uma pequena porção do concreto é descartada por contaminação
pelo solo escavado. Estas estacas não causam vibrações no terreno ao serem
executadas e podem ser utilizadas abaixo do nível d’água. Escavação mecânica.
Abaixo do NA. =30 a 120cm L=32m. Ftrabalho= 450 a5000kN.
Introduzida no Brasil em 1987 e mais amplamente difundida em 1993.
Caracterizada pela escavação do solo através de um trado contínuo, possuidor de
hélices em torno de um tubo central vazado. Após sua introdução no solo até a cota
especificada, o trado é extraído concomitantemente à injeção do concreto
(slump24cm, pedrisco e areia) através de tubo vazado.
 Diâmetros de 0,275m a 1,20m;
 Comprimentos de até 33m, em função da torre ;
 Executada abaixo do NA;
 Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento
em torno de 10min (escavação e concretagem).
 Não ocasiona vibração no terreno

Figura 7.17 – Detalhe dos equipamentos empregados na execução da estaca hélice


contínua.

62
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.18 – Execução de estaca hélice contínua.

Figura 7.19 – Vista do equipamento.

7.2.2.1.8. ESTACA HÉLICE SEGMENTADA (MONITORADA)


Similar a estaca tipo hélice contínua a estaca hélice segmentada é uma estaca
moldada “in-loco”, caracterizada pela escavação do solo através de segmentos de
trado acopláveis, dispostos na própria perfuratriz em um sistema mecânico,
denominado alimentador de hélices. Atingida a profundidade prevista as hélices são
extraídas do terreno uma a uma, desacopladas e acondicionadas no alimentador de
hélices. Para este processo o sistema de bombeamento do concreto é interrompido
pelo mesmo número de vezes da quantidade de segmentos de hélices utilizados na
63
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

perfuração. Os comprimentos dos trados variam entre 4,5 a 6,0m e diâmetros até
0,5m. A máquina por apresentar menor dimensão movimentar em terrenos de
menores larguras. As Figuras a seguir apresentam os detalhes da máquina.

Figura 7.20 – Execução de estaca hélice contínua.

Figura 7.21 – Execução de estaca hélice contínua.

7.2.2.1.9. ESTACA ÔMEGA (MONITORADA)

64
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Foi introduzida no Brasil em 1997, atualmente seu mercado tem cada vez mais
utilizado sua técnica. Seu processo executivo inicia-se pela cravação da broca por
rotação, podendo ser empregada à mesma máquina utilizada nas estacas hélice
contínua; durante a descida do elemento perfurante o solo é deslocado para baixo e
para os lados do furo. Após sua introdução no solo até a cota especificada, o trado é
extraído concomitantemente à injeção do concreto (slump24cm, pedrisco e areia)
através de tubo vazado.
Estas estacas não causam vibrações no terreno, a concretagem é idêntica à do
tipo anterior, e podem ser utilizadas abaixo do nível d’água.
 Perfuração mecânica. Abaixo do NA. =35 a 60cm L=32m.Ftrabalho= 550 a1900kN.
 Diâmetros de 0,31m a 0,66m;
 Comprimento em função da torre (até 33m);
 Executada abaixo do NA;
 Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em
torno de 10min (escavação e concretagem);
 Não ocasiona vibração no terreno;
 Limitada pelo torque da máquina

Figura 12.22 – Detalhe do elemento de perfuração.

7.2.2.1.10. ESTACAS FRANKI (ABAIXO DO NA)

65
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Crava-se um tubo de aço com um tampão de concreto “seco” na extremidade


inferior. Por meio de um soquete de 20kN a 40kN, apiloa-se esta bucha de concreto
seco, que, pelo elevado atrito com o tubo de aço, à medida que vai sendo cravada,
arrasta junto o tubo.
Atingida a profundidade necessária, coloca-se mais concreto no interior do tubo,
e por meio de golpes do soquete, provoca-se a expulsão da bucha do interior do
molde, formando um bulbo de concreto de diâmetro alargado.
Após a execução da base alargada, é introduzida a armação e a concretagem é
executada em pequenos trechos fortemente apiloados.
Capacidade de desenvolver elevada carga de trabalho para pequenos recalques.
Pode ser executada abaixo do NA. Diâmetros de 0,40 a 0,60m. As estacas Franki
podem ser utilizadas abaixo do nível d’água.

Figura 7.23 – Processo executivo de estaca Franki.

66
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.24 – Equipamento.

Método executivo

Tubo
de
aço
Bulbo
alargado

Bucha
de
concreto

O comprimento máximo normal da estaca Franki é de cerca de 25m a 30m e as


cargas de trabalho variam com o diâmetro. Exemplo:

67
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Diâmetro Carga
40 cm 700kN
52 cm 1300kN
60 cm 1700kN

7.2.2.1.11.ESTACAS SIMPLEX (ABAIXO DO NA)


As estacas Simplex não são mais utilizadas atualmente, porém vale a pena
conhecer o método executivo utilizado na sua construção. São estacas que, pelo seu
método executivo, podem ser utilizadas abaixo do nível d’água.
Método executivo

Inicialmente, crava-se um tubo de aço, fechado na sua extremidade inferior por


um elemento pré-moldado de concreto que serve de ponteira, até a profundidade
necessária. Alcançada essa profundidade, enche-se o molde até o topo com
concreto bem plástico, e, por um movimento lento mais contínuo, recupera-se de
uma só vez o molde todo.
No caso de dúvida de uma boa execução da estaca, passa-se sem perda de tempo
à cravação de uma segunda estaca diretamente sobre a primeira, repetindo-se
integralmente o processo da execução da estaca.
Geralmente, o diâmetro das estacas Simplex é da ordem de 40cm a 50cm, seu
comprimento máximo da ordem de 25m e carga de trabalho de  500kN.

7.2.2.2. CRAVADAS
Caracterizam-se por serem cravadas por percussão, prensagem ou vibração e por
fazerem parte do grupo denominado “estacas de deslocamento”. Podem ser
constituídas por: madeira, aço, concreto armado ou protendido, ou pela associação
de dois desses elementos (estaca mista).

68
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Cravação dinâmica por bate-estaca de gravidade, prensadas, colocadas no terreno


após perfuração prévia, jateamento d’água etc.

7.2.2.2.1. MADEIRA
Empregadas desde os primórdios da história. Atualmente diante da dificuldade de
obter madeiras de boa qualidade e do incremento das cargas nas estruturas sua
utilização é bem mais reduzida.São troncos de árvores cravados por percussão.
Entre nós geralmente são compostas por troncos de eucaliptos, com diâmetros
variando aproximadamente de 15cm a 40cm, e comprimento de até  12m. Cargas
admissíveis de 150 a500kN.Podem ser emendadas quando o comprimento
necessário é maior.
Anel Ponteira

Topo Base

As estacas de madeira apresentam um sério problema de durabilidade quando


expostas às variações das condições de ambiente ou aos agentes agressivos. Em São
Paulo tem-se o exemplo do reforço de inúmeros casarões no bairro Jardim Europa,
cujas estacas de madeira apodreceram em razão da retificação e aprofundamento da
calha do rio Pinheiros.
A duração das estacas de madeira é praticamente ilimitada, desde que mantidas
permanentemente embaixo d’água. Se, pelo contrário, estiverem sujeitas a variação
do nível d’água, apodrecem rapidamente. Exemplo clássico presente na literatura
técnica em geral: a reconstrução do Campanário da Igreja de São Marcos, em
Veneza, em 1902, revelou estacas que, após  1000 anos de serviço, ainda se
encontravam em ótimo estado e capazes de continuarem a suportar as cargas
atuantes. Foram cravadas em 900 D.C. e reutilizadas. (Chellis, R.D.)
Para evitar o problema da durabilidade das estacas de madeira, são utilizados
diversos tipos de tratamentos químicos para a preservação das mesmas. Existem
vários tipos de tratamentos químicos (creosoto ou sais de zinco, cobre, mercúrio,
etc.), porém oneram significativamente o custo das estacas.
Durante a cravação, a cabeça da estaca deve ser protegida por um anel cilíndrico
de aço, a fim de evitar possíveis danos sob os efeitos dos golpes do bate-estacas.
Sua ponta também deve ser protegida com uma ponteira metálica.
Em obras marinhas, as estacas de madeira não devem ser utilizadas sem
tratamento, em hipótese alguma.

7.2.2.2.2. METÁLICAS:
69
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

As estacas metálicas apresentam inúmeras vantagens e desvantagens em relação


às estacas de concreto e de madeira. Constituídas por peças de aço laminado ou
soldado como perfis de secção I e H, chapas dobradas de secção circular (tubos),
quadrada e retangular bem como trilhos (reaproveitados após remoção de linhas
férreas). Hoje em dia não se discute mais o problema de corrosão de estacas
metálicas quando permanecem inteira ou totalmente enterradas em solo natural,
isto porque a quantidade de oxigênio nos solos naturais é tão pequena que, a
reação química tão logo começa já se esgota completamente este componente
responsável pela corrosão.
Suas características mais importantes são:
. São facilmente cravadas em quase todo o tipo de terreno, e podem atingir
elevadas capacidades de carga.
. Apresentam facilidade na execução de corte ou emenda.
. Podem ser submetidas a elevados empuxos laterais.
. Podem ser utilizadas para serviços provisórios, pois permitem o
reaproveitamento diversas vezes.
. Resistem bem ao transporte e manipulação em condições desfavoráveis.
. Reduzem consideravelmente a vibração e amolgamento do solo, durante a
cravação, devido a sua secção transversal reduzida
. Seu custo é elevado e o seu uso deve ser muito bem estudado.
. Apresentam o problema da corrosão em meio agressivo, problema ainda não
totalmente elucidado ou controlado. Este fator pode ser solucionado através do
emprego de aço patináveis, mesmo em situações de águas agressivas (meio salinos),
porém atentando-se a concretagem
. No Brasil, as estacas de aço são constituídas por perfis laminados da seção I ou
H, ou, freqüentemente, por dois ou três perfis soldados entre si, como mostrado
esquematicamente em seguida. Além destes tipos encontram-se no mercado perfis
tubulares cujos diâmetros podem variar de 2,7cm a 36cm; existem também estacas
tubulares soldadas a partir de helicóides, com dimensões variando de40,6cm a
142,2cm.

.Sua utilização é mais interessante quando se dispõe de terreno muito resistente,


face à elevada tensão admissível à compressão do aço( 100MPa).
Atualmente, estão sendo utilizados trilhos provenientes de ferrovias desativadas.

70
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.25 - Estaca trilho.

Figura 7.26 - Corte da estaca com maçarico.

71
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.27 - Estacas tubulares

Figura 7.28 - Emenda de estacas – solda.

7.2.2.2.3. CONCRETO:
O concreto presta-se muito bem à confecção de estacas, graças à sua grande
resistência à ação dos agentes agressivos em geral, e à ação da variação da umidade
ambiente (variação do N.A em particular). Aliado a isto, as estacas de concreto
apresentam a vantagem da viabilidade do controle de qualidade de um elemento

72
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

confeccionado em canteiro, sendo vibradas e curadas em ambiente controlado,


podendo resultar num corpo homogêneo de elevada resistência.
As estacas podem ser de concreto armado ou protendido adensado por vibração
ou centrifugação. As secções transversais mais comumente empregadas são: circular
(maciça ou vazada), quadrada, hexagonal e a octogonal. Suas dimensões são
limitadas para as quadradas de 0,30 x 0,30m e para as circulares de 0,40m de
diâmetro. Secções maiores são vazadas. Cuidados devem ser tomados no seu
levantamento. A carga máxima estrutural é especificada pelo fabricante.
A principal desvantagem das estacas pré-moldadas de concreto é a sua
dificuldade de adaptação às variações não previstas do terreno. Se a previsão do
comprimento não for estudada cuidadosamente, surgirá a necessidade de emenda
ou corte, que interfere com os custos e cronograma de execução de uma obra.
Dão origem a vibrações quando cravadas e podem causar o amolgamento do
terreno. Na sua cravação, especial atenção deve ser dispensada às construções
vizinhas e ao estado de suas fundações, pois podem ser afetadas pelas vibrações
originadas.
Além disso, apresentam o inconveniente da necessidade de serem armadas para
resistir aos esforços de flexão provenientes do levantamento e transporte, e de
serem limitadas em secção e comprimento devido ao peso próprio.

Figura 7.29 – Estacas pré-moldadas quadrada.

73
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.30 – Detalhe da armadura de topo.

Figura 7.31 – Cravação de estaca pré-moldada.

Figura 7.32 - Preparação do bloco de coroamento.

74
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Geralmente, as estacas pré-moldadas de concreto são levantadas por um ou dois


pontos. As posições mais convenientes para os pontos de levantamento são obtidas
pela imposição de igualdade dos momentos máximos positivos e negativos.
A seguir, serão mostrados sucintamente os passos necessários à definição dos
pontos para levantamento por 1, 2 e 3 pontos.
Seja p o peso da estaca por metro de comprimento e S o ponto de levantamento.
. Levantamento por 1 ponto

S1

x1

Igualando os valores absolutos dos momentos positivos e negativos :


2 2
p.L L  x
.  x   p .
2 . L  x   2  2
Chega-se a:x 1 / L = 0,29
Ou aproximadamente:x 1 / L ≈ 1 / 3
. Levantamento por 2 pontos

S2 S2

x2 x2

Igualando os valores absolutos dos momentos positivo e negativo máximos:

x2
2 
 L  2 . x 22
x
2
2 
p.  p.  
2 8 2 
 
 
Chega-se a:x 2 / L = 0,207
Ou aproximadamente: x 2 / L 1 / 5

75
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

. Levantamento por 3 pontos

S3 S3 S3

x3 x3
L

Com o mesmo raciocínio, chega-se a:x 3 / L = 0,153


Ou aproximadamente: x 3 / L = 1 / 7

- Cargas de trabalho
Geralmente, as estacas pré-moldadas de concreto são confeccionadas com secção
quadrangular ou circular, e, de acordo com suas dimensões, são indicadas as cargas
de trabalho.
A seguir, apenas para efeito de ordem de grandeza, são indicadas as cargas de
trabalho usuais de estacas comuns de concreto armado com secção quadrada.

Secção (cm x cm) Carga de trabalho (kN)


20 x 20 200
25 x 25 300
30 x 30 400
35 x 35 500
40 x 40 600

As estacas de concreto podem ser também centrifugadas ou protendidas,


podendo suportar maiores cargas de trabalho.

7.2.2.2.4. ESTACAS PRENSADAS (MEGA)


São constituídas geralmente por elementos de concreto pré-moldado, com
comprimentos da ordem de 0,5m, que são cravados estaticamente por prensagem,
por meio de macaco hidráulico que reage contra um peso. São muito utilizadas para
reforço ou substituição de fundações já construídas, usando como reação a própria
estrutura existente. São também utilizadas para fundações de obras novas quando
há necessidade absoluta de serem evitadas as vibrações.
Destacam-se como desvantagens seu alto custo e longo tempo de execução.

76
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Base Topo

Figura 7.33 – Execução de estaca mega.

7.2.2.2.5. ESTACAS MISTAS


São usadas para tentar reunir numa só estaca as vantagens de dois tipos de
estacas.
Exemplos: madeira-concreto, Franki-pré-moldada, etc.

7.2.3. CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ISOLADAS


Cabe à mecânica dos solos a fixação do comprimento das estacas de fundação, de
maneira que seja assegurada uma resistência do solo igual ou maior que a carga do
trabalho estipulada, considerando todos os coeficientes de segurança envolvidos.
De maneira geral :
Padm = RPonta + RLat
77
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Onde: Padmé a carga admissível da estaca, RPonta é a resistência de ponta e RLat é a


resistência lateral oferecidas pelo terreno ao deslocamento da estaca, conforme
figura apresentada adiante.
P Adm

RL RL

RP

Outra limitação imposta à carga admissível de uma estaca é:


PAdm ≤ PAdm estrutural da estaca

A carga de trabalho das estacas de fundação pode ser avaliada por:


 Fórmulas estáticas
 Fórmulas dinâmicas
 Provas de carga
 Fórmulas Semi-Empíricas (Aoki-Velloso, Decourt – Quaresma etc).

7.2.3.1. FÓRMULAS ESTÁTICAS


Consiste na aplicação dos princípios da Mecânica dos Solos para calcular a
resistência da ponta e a resistência lateral transmitidas à estaca pelo solo.Serão
estudados os casos de solos arenosos e solos argilosos separadamente.

7.2.3.1.1. FÓRMULAS TEÓRICAS

78
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.3.1.1.1. SOLOS NÃO COESIVOS - ARENOSOS


P adm

Solo arenoso
KS . γ . h . tg δ
s = c . tg Ф
h γ
γ. h

rP
KS . γ . h

A.1. Resistência de Ponta


A resistência de ponta das estacas pode ser expressa por QP = AP . rP
Onde :
AP – área da ponta da estaca
rP – resistência de ponta unitária, rP = R

Então:
QP = AP .R

Para o cálculo da resistência de ponta das estacas, pode ser usada a equação
geral de Terzaghi, que fornece a capacidade de carga R:

1
σ R  c .Nc . s c  q. (Nq  1). s q  . . B . N γ . s γ
2

Serão obtidos valores um tanto conservadores, porém, ainda assim, aplicáveis.

A.2. Resistência por Atrito Lateral


O cálculo da resistência por atrito lateral pode ser feito pela fórmula de Meyerhof
(1953):
Q = A . r
onde
Q – resistência por atrito lateral

79
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

A – área lateral da estaca


r – resistência lateral unitária, r = f

Assim :
1
Q  A  . f . {η  3}
η
Da figura anterior :
f  1 . K S . γ . h . tg δ
2
onde
f - resistência por atrito lateral unitária
0,5 - areias fofas
K S - coeficiente variando de a
1,0 - areias compactas
γ - peso específico da areia
h - profundidade da estaca abaixo do nível do terreno
 - ângulo de atrito estaca-solo

O ângulo  (atrito estaca-solo) é fornecido em função da estaca e do ângulo de


atrito interno do solo  (Potyondy, 1961), pelo quadro a seguir.

/
ESTACA SUPERFÍCIE AREIA
AREIA SECA
SATURADA
Lisa 0,54 0,64
Aço
Áspera 0,76 0,84
Madeira Paralelamente às fibras 0,76 0,85
Lisa (forma metálica) 0,76 0,80
Concreto Áspera (forma de madeira) 0,88 0,88
Rugosa (moldada “in loco”) 0,98 0,90

80
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.3.1.1.2. SOLOS COESIVOS (ARGILOSOS) ( = 0)


P adm

rL rL Camada de
h solo argiloso
sc
γ
c rP

B.1. Resistência de Ponta


Q P = AP . r P = AP . R
Para o cálculo da resistência da ponta das estacas em solos coesivos, podem ser
utilizadas a Fórmula Geral de Terzaghi (1943)
1
σ R  c .Nc . s c  q. (Nq  1). s q  . . B . N γ . s γ
2
ou a Fórmula de Skempton (1951) que conduzem a resultados aceitáveis.
σ R  c . NC  γ . H

B.2. Resistência lateral


A resistência lateral das estacas imersas em solo coesivo é dada pela aderência
estaca-solo (c a), e pode ser expressa por
Q  A  . c a . 1  ≥ 3
η
onde
Q- resistência por atritolateral
A- área lateral da estaca
c a- valor médio da aderência entre argila e estaca

Uma das formas de avaliação da Ca é a proposta por Tomlinson (1957).

81
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

ESTACA COESÃO DA ARGILA c (kPa) ADERÊNCIACa (kPa)

Concreto 0- 37 0 - 34
e 37- 75 34- 50
Madeira 75- 150 50- 64
0- 37 0- 34
Aço
37- 75 34- 50
75- 150 50- 59

Além das fórmulas apresentadas, outros autores formalizaram equações para o


cálculo da capacidade de carga das estacas. Essas fórmulas podem ser vistas na
bibliografia apresentada no início do curso.
Quadro 14.1 - Valores de capacidade de carga (Nc).
º Nc º Nc º Nc
0 5,14 16 11,63 32 35,49
1 5,38 17 12,34 33 38,64
2 5,63 18 13,10 34 42,16
3 5,90 19 13,93 35 46,12
4 6,19 20 14,83 36 50,59
5 6,49 21 15,82 37 55,63
6 6,81 22 16,88 38 61,35
7 7,16 23 18,05 39 67,87
8 7,53 24 19,32 40 75,31
9 7,92 25 20,72 41 83,86
10 8,35 26 22,25 42 93,71
11 8,80 27 23,94 43 105,1
12 9,28 28 25,80 44 1
13 9,81 29 27,86 45 118,3
14 10,37 30 30,14 7
15 10,98 31 22,67 133,8
8

7.2.3.2. FÓRMULAS DINÂMICAS


Os métodos dinâmicos são aqueles prevêem a capacidade de carga de uma estaca
com base nos resultados da cravação, ou ainda, em que uma dada resposta à
cravação é especificada no seu controle.
A maneira mais simples de se controlar a cravação é riscar uma linha horizontal
na estaca com régua apoiada em dois pontos do bate-estacas, e aplicar 10 golpes,
riscar novamente, medir a distância entre os dois riscos e dividir esta distância por

82
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

10, obtendo-se assim a penetração média por golpe, também chamada de ‘”NEGA”.
Estes métodos são restritos para as estacas cravadas. O FS já está embutido na
fórmula. Existem várias fórmulas dentre elas: Fórmula dos Holandeses, Fórmula de
Brix, Fórmula do Engineering News etc.
As fórmulas dinâmicas se baseiam no princípio da conservação de energia, ou
seja, igualam a energia potencial do martelo ao trabalho realizado na cravação da
estaca (produto de resistência vencida pela estaca pela penetração da mesma), a
menos de eventuais perdas de energia, ou seja:
Wh = Rs + X
Onde:
W = peso do martelo
H = altura de queda
R = resistência à cravação
S = penetração ou nega
X = perdas de energia

As principais perdas de energia são: repique do martelo, deformação elástica do


cepo e do coxim, atrito do martelo e guias.

Deformação elástica
(estaca + solo)

Nega (s)

Figura 12.29 – Gráfico de cravação

A - Fórmula dos Holandeses (Woltmann)


P2 . h 1
Q   (  6)
adm s . (P  Q) η
B - Fórmula de Brix
P2 .Q.h 1
Q  .  η  5
adm s . P  Q  2
η
C - Fórmulado Engineering News
P.h 1
Q   (η  6)
adm sc η
onde:
Qadm = kN (carga admissível da estaca)
P = kN (peso do martelo)
Q = kN(peso próprio da estaca)

83
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

h = cm (altura de queda do martelo)


s = cm (nega para 1 golpe)
c = 2,5cm (bate-estacas tipo queda livre)
c = 0,25cm (bate-estacas tipo dupla ação)

As fórmulas dinâmicas, apesar dos altos coeficientes de segurança recomendados


pelos próprios autores, apresentam resultados mais confiáveis quando utilizadas em
terrenos constituídos por solos não coesivos (arenosos).

7.2.3.3. PROVAS DE CARGA


Pode-se obter a carga de ruptura e admissível através de provas de carga. (FS=1,6
– global mínimo NBR 6122  adota-se 2,0)

7.2.3.4. FÓRMULAS SEMI-EMPÍRICAS


No Brasil utilizam geralmente os métodos de capacidade de carga baseados em
SPT, por ser uma técnica muito difundida, o CPT também vem sendo utilizado mais
em pequena escala. O s métodos mais empregados são: Décourt & Quaresma, Aoki
& Velloso, P.P. Velloso, Alonso, Philipponat, Meyerhof etc.

7.2.3.4.1. MÉTODO DE AOKI & VELLOSO (1975)


AOKI & VELLOSO (1975) apresentam uma expressão para o cálculo da carga de
ruptura de estacas, fórmula esta baseada em dados fornecidos por ensaios de
penetração contínua (CPT) ou, quando não se dispõe deste valor, em parâmetros
correlacionados à resistência à penetração (N), obtidos de sondagem a percursão.
Os autores consideram o tipo de estaca (Franki, aço, concreto) e baseiam-se em
dados obtidos de provas de carga em estacas comprimidas para proporem a
fórmula. A carga de ruptura é dada pela soma das parcelas de carga de ruptura
lateral e de ponta. Ressalta-se ainda que esta fórmula tem sido largamente utilizada
em nosso meio técnico.
- Carga Lateral de Ruptura
n
Q    p i fui z i
i1

Para os autores, existe uma correlação entre o valor da tensão lateral de ruptura
(fu) e a resistência lateral local (fc), medida no ensaio de penetração contínua.
f u = f c / F2

F2 é fator de carga lateral em função do tipo de estaca, e que relaciona os


comportamentos do modelo (cone) e do protótipo (estaca). A resistência lateral local
(fc) pode ser estimada a partir da resistência de cone, utilizando a relação de atrito
(av), que é uma constante para cada tipo de solo.
84
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

fc = av . qc e fu =av . qc/F2


Ainda segundo os autores, é possível estabelecer a resistência de cone (qc),
utilizando correlações empíricas com o valor da resistência à penetração (N).
qc = Kav . N
e deste modo:
fu = av . Kav . N / F2
Portanto,
n
pi  aviK aviNli
Q   z i
i1 F2

O valor dos fatores avi.Kavi são apresentados no Quadro 12.2 e valores de F1 e F2


no Quadro 12.3.

- Carga de Ponta de Ruptura


Qp = qu .Ap
onde:
qu é a resistência de ruptura de ponta e pode ser obtida a partir da resistência de
cone (qc).
qu = q c / F1

A resistência de cone pode ser obtida a partir dos valores da resistência à


penetração (N), utilizando valores Kav do Quadro 12.2. O fator de carga de ponta F1
relaciona o comportamento do modelo (cone) ao do protótipo (estaca) e depende do
tipo de estaca (Quadro 12.3).
K av Np
Qp  Ap
F1

85
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Quadro 12.2 - Valores de avi.Kavi .


SOLO K(kPa) (%)
pura 1000 1,4
Siltosa 800 2,0
AREIA silto argilosa 700 2,4
Argilosa 600 3,0
argilosiltosa 500 2,8
puro 400 3,0
arenoso 550 2,2
SILTE areno argiloso 450 2,8
argiloso 230 3,4
argiloarenoso 250 3,0
pura 200 6,0
arenosa 750 2,4
ARGILA arenosiltosa 300 2,8
siltosa 220 4,0
silto arenosa 330 3,0

Quadro 12.3 - Valores de F1 e F2


TIPO DE ESTACA F1 F2
FUSTE APILOADO 2,50 5,00
FRANKI
FUSTE VIBRADO 2,30 3,20
METÁLICA 1,75 3,50
CRAVADA* 1,75 3,50
CONCRETO PRÉ-MOLDADO
PRENSADA* 1,20 2,30
PEQUENO DIÂMETRO 3,00 6,00
ESCAVADA GRANDE DIÂMETRO 3,50 7,00
C/ LAMA BENTONÍTICA 3,50 4,50
STRAUSS 4,20 3,90
RAIZ 2,20 2,40
HÉLICE CONTÍNUA* 3,00 1,50
ÔMEGA* 1,50 2,00
* Valores indicativos diante a falta de dados.

- Carga Total de Ruptura


n
p 1
Qrup 
F2

i1
K avi Nli .zi 
avi
F1
K avi Np A p

86
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

- Carga Admissível
Qrup
QADM 
2,0

7.2.3.4.2. MÉTODO DE DÉCOURT & QUARESMA (1978)


DÉCOURT & QUARESMA (1978) apresentam uma fórmula para estacas pré-
moldadas, abrangendo posteriormente outros tipos de estacas (DÉCOURT, 1982).
Esta fórmula fornece a carga de ruptura total através da soma das parcelas das
cargas de ruptura lateral e ponta, utilizando a resistência à penetração N.

- Carga Lateral de Ruptura


Considerando f u a resistência lateral de ruptura média, obtida ao longo do fuste
da estaca, a carga lateral de ruptura é dada por:
Q   p. z .f u.
Os autores estabeleceram uma correlação empírica entre a resistência lateral de
ruptura média ( f u ) e o valor da resistência à penetração média ao longo do fuste da
estaca ( Ni ).
f u  3,33Ni  10

OBS: Ni devem ser limitados a 50 (N  50) e 3 (N  3).

A carga lateral de ruptura fica:

Q   p (3,33 N i  10).z.

A expressão, originalmente estabelecida para estacas cravadas de concreto (=1 e


=1), teve sua utilização ampliada para outros tipo de estacas, através do emprego
do fator  (Quadro 7.4).
Quadro 7.4 – Valores típicos de .
Tipo de Estaca
Tipo de Injetadas
Escavada a Escavada Hélice Injetadas
solo (sob
seco com lama Contínua (raiz)
pressão)
Argilas 0,80 0,90 1,00 1,50 3,00
Siltes 0,65 0,75 1,00 1,50 3,00
Areias 0,50 0,60 1,00 1,50 3,00

- Carga de Ponta de Ruptura


Q p  q u .A p .

87
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

O valor de qu pode ser obtido utilizando-se sua correlação empírica com a


resistência à penetração média na região da ponta da estaca (Ap).
q u  K dq .N p
onde:

Np = resistência à penetração do SPT, resultante da média de 3 valores obtidos ao


nível da ponta da estaca, imediatamente acima e abaixo desta
Kdq = coeficiente que correlaciona a resistência à penetração (N) com a resistência
de ponta em função do tipo de solo proposto por DÉCOURT & QUARESMA(Quadro
7.5). Os valores de  podem ser obtidos no Quadro 7.6.
Np1  N  Np1
Np 
3

Quadro 7.5 - Valores de Kdq.


TIPO DE ESTACA
SOLO
DESLOCAMENTO ESCAVADA
Argila 120 100
Silte Argiloso* 200 120
Silte Arenoso* 250 140
Areia 400 200
* Solos Residuais

Quadro 7.6 – Valores típicos de .


Tipo de Estaca
Tipo de Injetadas
Escavada a Escavada Hélice Injetadas
solo (sob
seco com lama Contínua (raiz)
pressão)
Argilas 0,85 0,85 0,30 0,85 1,00
Siltes 0,60 0,60 0,30 0,60 1,00
Areias 0,50 0,50 0,30 0,50 1,00

A carga de ponta de ruptura fica:


Q p  K dq .N p .A p .
- Carga Total de Ruptura
 
n
Q rup  p. 3,33Ni  10 . i .z i  K dq Np A p .
i1

88
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

- Carga Admissível
Q Qp
QADM  
1,3 4,0

7.2.4. DIMENSIONAMENTO
Conhecidas às cargas Pi de projeto e o perfil geotécnico do terreno, e escolhidas
as estacas a serem utilizadas, o dimensionamento consiste em determinar o
comprimento das estacas, assim como o número delas necessário para transferir a
carga Pi para o subsolo. O dimensionamento de uma fundação por estacas
basicamente consiste em:

A - Escolha do tipo de estaca, com base em critérios técnicos e econômicos.

B - Carga de trabalho da estaca


Na grande maioria dos casos, procura-se trabalhar com a carga máxima que a
estaca pode suportar do ponto de vista estrutural, isto é, de acordo com sua secção
transversal e a resistência à compressão do material que a constitui.
Em qualquer caso, para a definição da carga de trabalho de uma estaca, deve ser
levado em consideração que :
. Qadm-geo(geotécnica)Padm-est (estrutural ou nominal da estaca)

A carga de trabalho da estaca será definida pelo menor valor entre os dois
anteriores.

C - Comprimento da estaca
De posse de carga Pi do pilar e perfil geotécnico do subsolo, o cálculo do
comprimento necessário à estaca pode ser feito com a utilização dos métodos já
vistos.
D - Centros de gravidade
A carga Pi de um pilar é transferida para o grupo de estacas por um bloco rígido
de concreto, denominado bloco de capeamento, e a resultante das cargas Ptrab das
estacas deve ter a mesma linha de ação da carga Pi do pilar. Para tanto, os centros
de gravidade do pilar, do bloco de capeamento e do grupo de estacas devem ser
coincidentes, isto é :
C G Pilar= C G Bloco = C G Grupo de estacas

E - Número mínimo necessário de estacas para um pilar


O número mínimo K de estacas necessárias para transmitir ao subsolo a carga Pi
de um pilar qualquer será :

89
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

P 1
K  i .
P ouQ e
(adm  est ) (adm  geo)
onde :
“ e ” é a eficiência do grupo de estacas e “ K ” é o número inteiro maior e mais
próximo do resultado da operação anterior.

F - Espaçamento mínimo entre estacas (s) e distância mínima das estacas


periféricas à borda do bloco de capeamento (c ).

G – Espaçamento d (mínimo) entre eixos de estacas


 Pré-moldadas – 2,5.estaca
 Moldadas in loco – 3,0.estaca
 est
H – Espaçamento c entre eixo da estaca e bordo do bloco: c   15cm
2

D s

Figura 7.30 – Esquema do espaçamento entre estacas

90
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Quadro 7.7 – Principais tipos de fundações disponíveis no mercado


TIPO DIMENSÕES (cm) Padm (kN) - estrutural Comprimento (m)
MADEIRA =15 a 30 100 a 300 3 a 15
15 x 15 150
18 x 18 200
Pré-moldada (concreto)
23 x23 350 emenda
secção quadrada
26 x 26 450
33 x 33 700
=20 200
=26 350
=33 500
Pré-moldada (concreto) =38 700 emenda
secção circular =42 850
=58 1300
=60 1600
=70 2300
I 10” x 4 5/8” 400
I 12” x 5 1/4” 600 Qualquer emenda por
Perfis de Aço
II 10” x 4 5/8” 800 solda
II 12” x 5 1/4” 1200
=20 40
Brocas (trado manual) =25 60 3a6
=30 80
=25 150
Escavadas com trado =30 280 3 a 18m (depende do
mecânico (conc=4MPa) =40 500 equipamento)
=50 780
=60 1150
=70 1540 3 a 18m
Escavadas com trado =80 2010
mecânico (conc=4MPa) =90 2550 * Equipamentos especiais
=100 3140 profundidades de 60a
=110 3800 80m
=120 4520
=20 150
=25 200
=32 300
Strauss Máximo 15m
=38 400
=45 600
=55 800
=35 550 - 700
=40 750 – 900
Franki =45 950 – 1200 Variável
=52 1300 – 1600
=60 1700 - 2300
=40 350 – 600
=50 700 – 100 25m
=60 1100 – 1400
Hélice Contínua =70 1500 – 1900
=80 2000 – 2500
=90 2550 – 3200 20m
=100 3250 - 3900
=35 550 – 650
20m
=45 850 – 900
Ômega * variável em função do
=50 1200 – 1400
tipo de solo
=60 1600 - 1900

91
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

92
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

93
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

94
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

95
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Estacas tubulares metálicas

96
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

97
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

98
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

99
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

100
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

São apresentadas a seguir a forma de distribuição das estacas nos blocos de


coroamento / capeamento.

Figura 7.31 – Distribuição de estacas nos blocos.

101
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.32 - Distribuição de estacas nos blocos (continuação).

102
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Quadro 7.8 – Limites máximos de NSPT que possibilitam a execução de diversos tipos
de fundações.
NSPT – Limite de Execução do
TIPO Observações
equipamento
Pré-moldadas – A cravação para ao encontrar camada
capacidade de carga com NSPT=20 a 25 ou somatória igual
Cuidado: solo com matacões.
de< 30cm a 80
Tensões de cravação elevadas
Pré-moldadas
A cravação para ao encontrar NSPT30
30cm
Strauss NSPT=20 Limite: NA. Água Agressiva
Cuidado com aproximação de
Franki (solos arenosos) NSPT=10 a 12
rocha
Limite: argila mole ou dura.
Franki (solos argilosos) NSPT=25 a 30
Água Agressiva
Limite: haste da ferramenta.
Hélice Contínua NSPT=25 a 30
Água Agressiva
Escavadas c/ lama NSPT=50 a 60 Limite: haste da ferramenta
Tubulões NSPT=50 a 60 Limite: 1,5 atm
Perfis Metálicos NSPT=60 a 70 Desvios durante a cravação
Escavada mecânica NSPT=25 a 30 NA
Limite: haste da ferramenta.
ômega NSPT=20 a 30 Água Agressiva – torque da
máquina

103
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Figura 7.33– Preparo da cabeça das estacas para execução do bloco de coroamento.

7.2.5. ESTACAS ISOLADAS E GRUPOS DE ESTACAS.


O comportamento de uma estaca difere sensivelmente do comportamento de uma
única estaca, devido à soma dos efeitos dos bulbos de tensão.
A carga de ruptura de um grupo n de estacas não é igual a n vezes a carga de
ruptura de uma estaca isolada.

104
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Padm estaca isolada Padm grupo

Bulbo de
tensões
da
resistênci

Bulbo de
Bulbo de tensões
tensões Superposição dos bulbos de
resultant
tensões da resistência lateral
e
Figura 7.34– Bulbo de tensões.

Existem fórmulas empíricas que calculam a “eficiência” do grupo de estacas.

Fmédio / estacagrupo
eficiência
Frupturaestaca isolada

7.2.5.1. FÓRMULA DAS FILAS E COLUNAS


Será considerado um grupo de estacas de um mesmo bloco, constituído por N
filas e M colunas, como esquematizado na figura, onde ‘s’ é o espaçamento mínimo
entre 2 estacas vizinhas e ‘D’ é a dimensão representativa da secção transversal da
estaca
A eficiência será calculada considerando que as estacas formam um conjunto de
perímetro igual ao perímetro do grupo de estacas trabalhando conjuntamente.
Sendo assim, a eficiência pode ser representada por:
R
L Grupo
e
Σ R
L estaca isolada
onde :
R L estaca isolada =M . N . R L estaca isolada
R L estaca isolada = A L estaca isolada . r L estaca isolada= p estaca isolada . h . r L estaca isolada
p estaca isolada = perímetro da estaca isolada
R L Grupo = A L Grupo . r L Grupo . 1/ 
AL Grupo = área lateral do grupo de estacas = perímetro do grupo . h = pG .h

105
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

p G = 2. ( L 1 + L 2 ) + 8. D/2

Dimensão representativa da secção transversal da estaca


L1 = ( N – 1 ) . s e L2 = ( M – 1 ) . s
Assim :
R L Grupo = [2 . ( M + N – 2 ) . s + 4 . D ] . h . r L Grupo . 1/ 

Mas :
r L Grupo = r L estaca isolada = f ( solo, tipo de estaca )

Com estes dados, chega-se à determinação da eficiência pela fórmula das filas e
colunas:

2.  M  N  2  . s  4 . D
e 
M . N. p
estaca isolada

D L2
2

D
N L1
Filas s h
D

D
2
s
M

Figura 7.35– Método das filas e colunas.

7.2.5.2. FÓRMULA DE CONVERSE-LABARRE


Válida para o mesmo grupo de M x N estacas já considerado para a fórmula das
filas e colunas.
 (n  1).m  (m  1).n  
e  1      arctan g em graus
 90.m.n  S

106
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

7.2.5.3. MÉTODO DE FELD


Consiste em descontar 1/16 de cada estaca do grupo, para cada estaca vizinha a
ela. Exemplos:
 2 estacas.
16 1 15 16 1 15
1   ou 94% e 1    ou 94%
16 16 16 16 16 16
2x94
e  94 %
2

 3 estacas (bloco triangular)


16 2 14
3   ou 87%
16 16 16
3x87
e  87%
3
 4 estacas ((bloco quadrado)
16 3 13
4   ou 82%
16 16 16
4 x82
e  82%
4
 5 estacas.
16 3 13 16 4 12
4   ou 82% e 1    ou 75%
16 16 16 16 16 16
4 x82  1x75
e  80 %
5
 6 estacas.
16 3 13 16 5 11
4   ou 82% e 2    ou 69%
16 16 16 16 16 16
4 x82  2x69
e  77 %
6

107
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

8. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO


Para a escolha de um determinado tipo de fundação, deve seguir alguns critérios,
como exemplificado abaixo:

8.1. DEVERÃO SER CONHECIDAS NO MÍNIMO:

 Tipo e características geotécnicas do local (no mínimo SPT em quantidade


suficiente, se necessário executar ensaios especiais);
 Grandeza e natureza das cargas a serem transferidas para o subsolo (verticais,
inclinadas, momentos, cargas dinâmicas etc);
 Tipos de fundações existentes no mercado;
 Restrições técnicas de cada tipo de fundação;
 O tipo e estado atual das fundações das edificações vizinhas;
 Custo dos diversos tipos de fundações existentes no mercado;
 O tempo necessário para a execução dos tipos de fundações tecnicamente
possíveis, para posterior adequação ao cronograma da obra.

8.2. CRITÉRIOS DE DECISÃO:

Critérios técnicos prevalecem sobre os econômicos, estes só devem influir numa


decisão de igualdade de condições técnicas.
Se satisfeitos (técnicos e econômicos), o problema é quanto aos tempo disponível,
em determinadas obras este fator é primordial.
Em determinadas situações o critério tempo de execução prevalece sobre o
econômico.

8.3. ETAPAS PARA ESTUDO DE UMA FUNDAÇÃO:

Conhecidas às características do subsolo e cargas estruturais, o caminhamento


racional é o seguinte:
1. Inicialmente, analisa-se a possibilidade do emprego de fundações diretas
(adm=20NSPT [kPa], para SPT20). Sendo estas: sapatas, sapatas corridas
(alicerces) e radiers (pequenas obras).
2. Sendo viável a fundação direta, deve-se compará-la com os tipos viáveis de
fundação profunda (critério econômico);
3. Esgotadas as opções de fundação direta, deverão ser analisadas as
fundações profundas estacas e tubulões;

No caso da necessidade de fundação profunda, deve-se determinar o tipo mais


apropriado. Se for estaca passa-se à escolha do tipo mais indicado, fixação de sua

108
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

carga de trabalho e profundidade. Se for tubulão, determina-se a tensão admissível


do subsolo, cota de apoio da base e método de execução.
No caso de estacas, é recomendado que a sua carga de trabalho seja da ordem de
1/3 da carga do pilar médio, o que resulta aproximadamente 1 a 2 estacas para os
pilares de carga mínima e 5 a 6 estacas para os pilares de carga máxima (se for
possível).
Quando não se dispõe do calculo estrutural, estimar uma carga média típica de 12
kN/m2 (tip) por andar, para estruturas de concreto armado destinadas a moradias e
escritórios.
Considera-se o uso de fundação direta como solução econômica quando prédio /
adm solofor menor que 60% ou 2/3.

prédio = n * tip, onde n é o número de andares

Para residências as cargas típicas de parede são:

Sobrados= 40 kN/m
Casas térreas = 20
kN/m

Isso para construções habituais onde o piso do andar térreo não é laje armada,
descarregando diretamente sobre o terreno. Nesses casos existem tensões
admissíveis mínimas que o solo deve suportar, para que sejam exeqüíveis os
alicerces comuns, conforme Figura 14.1.

Parede
1 tijolo
Parede
2 tijolos
"cinta" de
concreto armado

Parede
3 tijolos
brita apiloada ou lastro
de concreto magro

Figura 13.1 – Sapata corrida.


Observe-se que, para sobrados, é conveniente a distribuição sobre o solo através
da largura de três tijolos (60cm).

109
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

Neste caso obtém-se no solo uma tensão aplicada de Para três tijolos:
P 40kN / m
s    70kN / m 2
b 0,6m

Deve-se ter adm-solos

Neste tipo de solução implica considerável economia no projeto (ausência de


pilares, de maioria das vigas, das sapatas de concreto armado etc). Como nesse caso
as cargas já estão distribuídas (paredes portantes) e não concentradas (pilares), as
demais soluções que concentram as cargas (em sapatas ou blocos de estacas) são,
em princípio, menos recomendáveis, pois necessitam estrutura de concreto armado
adicional (encarecimento da obra).

8.4. LIMITAÇÕES DE ALGUNS TIPOS DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS.

 Estacas brocas  acima do NA e os terrenos devem ser coesivos.


 Estacas Strauss  acima doNA e presença de solos moles.
 Estacas metálicas  Alto custo e vibração (pequena).
 Pré-moldadas de concreto  Presença de matacões, camadas de pedregulhos,
cota de ponta variável e vibrações.
 Estacas Franki muita vibração, matacões, construções vizinhas em estado
precário, camadas de solos moles.
 Estacas Mega reforço de fundação e redução de vibração.
 Estacas escavadas com lama  área relativamente grande para instalação dos
equipamentos.
 Estacas hélice contínua  alto custo de mobilização e perfuração, próximo de
usinas de concreto, dificuldade de colocar armaduras superiores a 6m, terrenos
planos e fácil acesso.
 Estacas ômega  alto custo de mobilização e perfuração, próximo de usinas de
concreto, dificuldade de colocar armaduras superiores a 6m, terrenos planos, fácil
acesso e limitada a capacidade de torque da máquina.
 Tubulões Ar comprimido e a céu aberto.
 Algumas dicas para estimativa do comprimento de estacas. Esse critério não leva
em consideração a capacidade de carga do solo, devendo-se então tomar muito
cuidado no projeto final.
 Baseado na tensão admissível do concreto c=5 MPa.
 Para estacas de atrito mais ponta NSPT=15*c
 Para estacas de ponta NSPT=5*c

110
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

EXERCÍCIO

Escolha o tipo de fundação mais adequado para o perfil abaixo. Características da


obra:
Edifício de 12 andares sem porão.
 Pilar mais carregado : 2800 kN
 Pilar menos carregado : 800 kN
 Distância média entre pilares : 4m

111
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

ALONSO, U. R.Estacas hélice contínua com monitoramento eletrônico - previsão

da capacidade de carga através do ensaio SPT-T. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE

FUNDAÇÕES ESPECIAIS – SEFE III, 3O, 1996, São Paulo. Anais... São Paulo, A.B.M.S.,

1996. v.2, p.141-151.

ALONSO, U.R.Exercícios de Fundações. São Paulo: Edgard Blucher, 1983. 202p.

AOKI, N, & VELLOSO, D. A.Um método aproximado para estimativa da capacidade

de carga de estacas. In: PANAMERICAN CONFERENCE ON SOILS MECHANICS AND

FOUNDATION ENGINEERING, 5o, 1975, Buenos Aires, Proceedings...,Buenos Aires,

1975. v.1, p.367-376.

BADILLO, E. J. & RODRIGUEZ, A. R. Mecânica de Suelos. México - 3 volumes

BOWLES, J. E. Foundation Analysis and Design.Mc Graw-Hill Book Company

CAPUTO, H. P.Mecânica dos Solos e suas Aplicações . Ao livro Técnico S/A

CINTRA, J.C.A.; AOKI, N. Carga admissível em fundações profundas. São Carlos:

EESC-Usp, 1999. 61p.

DÉCOURT, L & QUARESMA, A. R.Capacidade de carga de estacas a partir de valores

de SPT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE

FUNDAÇÕES, 6th, 1978, Rio de Janeiro. Anais...,Rio de Janeiro, 1978. v.1, p.45-53.

HACHICH, W.; FALCONI, F.F.; SAES, J.L.; FROTA, R.G.Q.; CARVALHO, C.S.; NIYAMA,

S. Fundações – Teoria e Prática. São Paulo: Editora PINI, 1996. 750p.

MELLO, V. F. B.Fundações e Obras de Terra. EESC-USP

TERZAGHI, K. e PECK, R.B. Soil Mechanics in Engeneering Practice. Jonh Wiley

and Sons, Inc.

TERZAGHI, K. Theoretical Soil Mechanics.Jonh Wiley and Sons, Inc.

112
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

TSCHEBOTARIOFF, GREGORY P. Foundations Retaining and Earth Structures.(já

traduzido)

VARGAS, MILTONIntrodução à Mecânica dos Solos. McGraw-Hill Book Company

VELLOSO, D.A.; LOPES, F.R.Fundações Profundas. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ,

2002. 472p.

WINTERKORN, H. F. e FANG, H – Y. Foundation Engineering Handbook.Van

Nostrand Reinhold Company Inc.

113
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

1ª LISTA DE EXERCÍCIOS

1.Quais os subsídios mínimos que uma campanha de investigação do subsolo,


destinada a um projeto de fundações, deve fornecer?
2. Qual a justificativa teórica para que sejam desprezados os primeiros 15cm de
penetração do amostrador, no Standard Penetration Test (SPT)?
3. Como é feita a avaliação do tipo de subsolo numa sondagem, na fase de avanço
por trépano e lavagem (55 cm), entre duas fases de coleta de amostra com o
amostrador?
4. A amostra coletada no amostrador padrão usado no Standard Penetration Test,
serve para a execução de ensaios destinados a avaliar resistência em laboratório
(triaxiais, cisalhamento direto, compressão simples, etc.)?
5. Completar a tabela com o nº de golpes (SPT), que poderá caracterizar as
diversas camadas exemplificadas abaixo.
PENETRAÇÃO
Camada 1º 15 cm 2º 15 cm 3º 15 cm SPT
1 2 4 7
2 0 1/14 3/13
3 0 1/20 2/35
4 10 15 18
5 27 32 39
6 33 57 -
7 0/30 - 1/40
8 55 - -
9 55/10 - -
10 42 50/8 -

6. Antes de ser atingido o N.A. é aconselhável utilizar o processo de (trépano +


lavagem por circulação de água), para avanço da sondagem? Justificar.
7. Para o exercício 6, em caso negativo, como poderia ser feito o avanço antes de
ser atingido o N.A.?
8. No exercício 7, o método proposto apresenta alguma limitação de
profundidade? Justificar
9. Na execução de uma sondagem, uma vez padronizados todos os parâmetros já
discutidos, a padronização da haste assume alguma importância? Justificar
10. Seja uma construção com dimensões iguais a 10 m x 20 m, e 3 diferentes
casos.
1. Edifício com 5 andares.

114
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

2. Edifício com 10 andares


3. Edifício com 20 andares
Programar:
1. número mínimo de sondagens à percussão;
2. profundidade mínima das sondagens;
3. disposição das sondagens no terreno.
4. Adotar: 12kN/m2/andar

11. Repetir o problema anterior, para uma construção de 30 m x 20 m, para os


seguintes casos.
 construção térrea;
 construção com 2 andares;
 construção com 4 andares.

115
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

2ª LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Calcular o diâmetro de fuste, diâmetro de base e altura da base, para o tubulão
nas condições da figura 1.
P = 350 t

3,0 m c = 0,60 kgf/cm² Argila porosa, marron


 = 1,78 tf/m³

S = 0,40 +  tg 32º (kg/cm²)


 = 1,83 tf/m³
Areia, argilosa
amarelada
6,0 m

2,0 m N.A. N.A.

2. No problema anterior, se existisse uma camada de argila compressível, com


_
  10,2 kN/m3 e c = 40kPa; a 2,5 metros abaixo da cota de apoio do tubulão, qual
seria o coeficiente de segurança à ruptura?
Adotar distribuição de tensões de 2V: 1H
3. Nas condições dos problemas 1 e 2, determinar uma cota de apoio que
satisfaça as condições de coeficiente de segurança para todas as camadas.
4. Calcular a carga admissível para a estaca pré-moldada.
Dados:
Secção transversal da estaca: 0,40m x 0,40m.
Comprimento total da estaca: 10,0m.
Superfície da estaca: concreto moldado em forma de madeira.

116
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

c = 8,0 tf/m² Argila vermelha, média


 = 1,80 tf/m³
5,0 m

c = 10,0 tf/m² Argila marron, rija


 = 1,85 tf/m³ 3,0 m
N.A.

 =34º Areia amarela, compacta


2,0 m
 = 1,98 tf/m³

5. Para um grupo de estacas (obedecendo a todas as especificações de


espaçamento mínimo, etc.) de estacas, dispostas num bloco de 4 x 5 (estacas),
calcular a eficiência pela fórmula de Converse-Labarre, pelo método de Feld, e pela
“Fórmulas as Filas e Colunas”. Fazer o cálculo para estacas pré-moldadas e
moldadas “in loco”.
6. Repetir o problema para um grupo de estacas, dispostas em 4 x 3.
7. Calcular a “nega” necessária para que um estaca de concreto pré-moldado,
com 15m de comprimento e secção 35 x 35 cm, possa suportar uma carga de
450kN.
8. Para a mesma estaca, e nas condições do problema 4, utilizando um martelo de
25kN de altura de queda de 1,5 m, qual a “nega” necessária, pelos três processos?
9. Nas condições do problema 4, você usaria estaca de madeira? Se afirmativo, em
que tipos de obra?
10. Nas condições do problema 4, qual a cota de apoio de um tubulão com
diâmetro de base de 3,2 m, suportando uma carga de 5000kN? Calcular o diâmetro
do fuste e altura da base.
11. Para o perfil de sondagem SPT médio, calcular a carga de trabalho de uma
estaca escavada de diâmetro 0,42m e comprimento 9,0m, executada neste subsolo.
Calcular pelos métodos Aoki&Velloso e Décourt&Quaresma.

117
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

SPT

5
7 Argila siltosa, pouco
arenosa mole a
8
média, marrom
8
9 5,3m
10
Areia siltosa, fofa a
11
pouco compacta,
12 marrom avermelhada
14
9,7m
13
11,1m NA
22
18
25 Argila arenosa, rija,
27 vermelha e branca

23
16
17

12. Para o mesmo perfil do exercício 11, calcular a carga de trabalho de uma
estaca pré-moldada de concreto de secção quadrada de lados igual a 0,19m e
comprimento 13,0m, executada neste subsolo. Calcular pelos métodos Aoki &
Velloso e Décourt & Quaresma.

13. Escolha o tipo de fundação mais adequado para as edificações caracterizadas


abaixo, considerando o perfil de subsolo apresentado no exercício 11. Pré-
dimensione o elemento de fundação escolhido.
CASO A – Conjunto habitacional formado por casas térreas, geminadas e paredes
auto-portantes.
CASO B – Sobrado com estrutura de concreto armado.
CASO C – Edifício com 4 pavimentos.
CASO D – Edifício residencial com 15 andares e um subsolo.

14 - Para implantação de uma fábrica foram feitas sondagens SPT , cujos


resultados são fornecidos abaixo. Quais os tipos de fundação mais adequados para
as seguintes construções:
 edifício administrativo com pilares de carga inferiores a 300kN;
 Galpão industrial com pilares de até 700kN e piso com sobre carga de 150kPa;
 Caixa d’água elevada de peso total (inclusive água) de 6800kN e apoiada em
quatro pilares.

118
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

SPT 0m

1m
Aterro de materiais diversos
7
8
8
Argila siltosa média
7
9
6m
16
25
NA= 8m
26 Argila rija
28
10,0m
35
34 Silte arenoso compacto
35
38

Solução:
PRÉDIO ADMINISTRATIVO
1-Fundação direta adm=100kPa apoiada na cota –1m;
2- Broca =30cm (80kN), quatro por pilar;
3- Strauss =25cm (200kN), duas por pilar. A ponta localizada entre as cotas –6 e
-8m.

PILARES DE GALPÃO
1-Strauss =38cm (400kN), duas por pilar;
2-Pré-moldada 26x26cm (450kN), duas por pilar;
3-Tubulões a céu aberto =70cm, apoiados na cota-7m, adm=600kPa;

PISO
Apoiar o piso em uma malha de estacas Strauss. Caso haja disponibilidade de
remoção do aterro existente e fazer um novo aterro que suporte a tensão de
150kPa, após adensar a argila deve-se remove-lo e construir fundação rasa.

CAIXA D’ÁGUA (6400/4=1600kN p/ pilar)


Tubulão a céu aberto =70cm, apoiados na cota-7m, adm=600kPa (BASE=????);
Franki=52cm (1300kN), duas por pilar; cota –7m;
Pré-moldada =38cm (700kN), três por pilar; entre as cota –7 e –10m.

15 - No local cuja sondagem é dada a seguir, deseja-se construir um edifício de


14 andares. Qual a solução para a fundação deste prédio, sabendo-se que as
construções vizinhas são, de um lado, um sobrado velho e, do outro, uma igreja
centenária?

119
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

SPT 0m

4
NA= 2m
6
6
Argila siltosa média
5
6
5
7m
6
13 Areia grossa, compacta
9m
14

Rocha sã
Solução:
Deve-se verificar inicialmente, se é possível adotar fundação direta com
adm=100kPa. Para tanto, faz-se a seguinte conta:

Carga por m2 de pilar=12kN/m2, (número de andares = 14)

Se fosse feito radier total, ou seja, fundação rasa, ocupando 100% da área, a
taxa aplicada ao solo seria 14 x 12=168kPa, ou seja, superior aos 100kPa. Não dá
para fazer fundação direta, visto que se a ocupação econômica desse tipo de
fundação é da ordem de 60% a tensão aplicada no solo subirá de 168kPa para
280kPa.

Se o problema não fosse os vizinhos, a solução seria adotar Franki ou pré-


moldadas, mas as vibrações podem ocasionar problemas na igreja e no sobrado.
Pode-se adotar então: tubulões (ar comprimido) apoiados na rocha ou estaca mega.
Também pode-se utilizar perfis metálicos simples com devidos cuidados.

16 - No terreno cujo perfil está indicado abaixo, será construído um edifício de


apartamentos com 12 andares. Haverá também um subsolo na cota –3m que
abrange todo o terreno. Pede-se:
Qual a fundação mais econômica para o edifício, cujos pilares tem carga da ordem
de grandeza de 2000kN?

120
pjra@fec.unicamp.br
Fundações Profundas Prof. Paulo Albuquerque

SPT 0m 0m

2 Aterro heterogêneo 2,5m


7 Argila arenosa média
12 cinza-escura 3,6m
15
NA= 5m
21 Areia fina argilosa, vermelha
30
48
8,7m
50/15
48/7
Silte arenoso com
47/13 pedregulhos (solos residual)
48/3
Solução:
A fundação direta na cota –4 a –5m (de 1 a 2m abaixo da cota do subsolo) com
adm=300 a 400kPa. Área máxima da sapata:
A=2000/300=7m2

Se não houver problema com construções vizinhas, deve-se escavar o terreno


deixando taludes na periferia 1:1, abrindo-se “cachimbos”, onde se fizer necessário
para submurar as construções vizinhas, e executando-se a cortina em fundação
direta.
Se as construções vizinhas forem problemáticas, deve-se cravar perfis metálicos
simples com cuidado, e fazer a escavação concomitantemente com o
prancheamento entre os mesmos.

121
pjra@fec.unicamp.br

Você também pode gostar