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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

<NOME DO DEPARTAMENTO>

Reforço de vigas de betão armado com pós-esforço


aplicado com recurso a vigas metálicas

UM TÍTULO DE TESE IMPRESSIONANTE


ANTÓNIO PASSOS DIAS AGUIAR MOTA
COM UMA MUDANÇA DE LINHA FORÇADA
Licenciado emNUNES
TOMÁS HENRIQUE <designação
DA LUZ do grau anterior>
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A VIDA, O UNIVERSO
Licenciado em Engenharia Civil
E TUDO O MAIS

Orientador: Doutor Válter José da Guia Lúcio,


Professor Associado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Coorientador: Doutora Ana Rita Faria Conceição de Sousa Gião,


Professora Adjunta, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
UM TÍTULO DE TESE IMPRESSIONANTE
ANTÓNIO
COM UMA PASSOS DIAS AGUIAR
MUDANÇA DEMOTALINHA FOR-
ÇADA
Mestre em <designação do grau anterior>
Júri:
Presidente: Doutor António Manuel Pinho Ramos,
Professor Associado com agregação, Faculdade de Ciências e Tecnolo-
gia da Universidade Nova de Lisboa

Vogais: Doutor Rui Pedro César Marreiros


Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade
Nova de Lisboa

Doutor Válter José da Guia Lúcio,


Professor Associado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade
Nova de Lisboa

MESTRADO EM <NOME DO PROGRAMA DE DOUTORAMENTO>


MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL
Universidade NOVA de Lisboa
Universidade NOVA de Lisboa
<mês>,
Setembro,<ano>
2023
iii
Reforço de vigas de betão armado com pós-esforço aplicado com recurso a vigas metálicas

Copyright © <Tomás Luz>, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa.


A Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade NOVA de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem
limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação através de exemplares impressos reprodu-
zidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inven-
tado, e de a divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com
objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e
editor.
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v
Para os meus pais, Isabel e Henrique

vii
A GRADECIMENTOS

Esta dissertação marca o final de uma etapa académica e o início de muitas aventuras, resta-me com
esta secção exprimir a minha gratidão para com todas as pessoas que tornaram isso possível.

Ao meu orientador, Professor Doutor Válter Lúcio, gostaria de agradecer todos os ensinamentos,
apoio, disponibilidade e compreensão. À Professora Doutora Ana Rita Gião, co-orientadora da disser-
tação, agradecer todo o incentivo, ajuda e ensinamentos ao longo de todo este processo.

Gostaria de exprimir também o meu reconhecimento aos técnicos de laboratório, Senhor Jorge Silvério
e o Engº Vinicius Cordeiro, por todo o trabalho realizado, assim como, a paciência e a partilha de mo-
tivação por este projeto.

Agradecer também a todo o corpo docente da FCT-UNL, em especial a todos os Professores do DEC
(Departamento de Engenharia Civil) que me acompanharam e guiaram ao longos destes 5 anos.

Manifesto o meu agradecimento à Concremat-Prefabricação e Obras Gerais Sa., pelo material dispo-
nibilizado para realização dos ensaios laboratoriais.

Agradeço a todos os meus colegas de curso, em especial ao Afonso, André, Duarte A., Duarte F. e Tiago
por toda a amizade. Uns verdadeiros “Companheiros de Guerra”.

À Maria, agradecer pela dedicação, amizade e apoio ao longo desta jornada.

À minha família, em especial aos meus pais e à minha irmã, agradecer todos os sacrifícios que fizeram
e que fazem diariamente por mim. Obrigado por acreditarem em mim.

ix
“O sonho comanda a vida.” (António Gedeão)
R ESUMO

O pós-esforço exterior é uma técnica de reforço de estruturas que tem sido amplamente estudada e
aplicada nas últimas décadas. Esta técnica pode ser utilizada no reforço exterior de estruturas existen-
tes, a fim de melhorar a sua capacidade resistente e o seu comportamento em serviço.

Esta dissertação compreende a realização de um trabalho experimental, de forma a validar uma téc-
nica de reforço inovadora de elementos de betão com viga metálica pós-esforçada através de varões
roscados. A montagem, execução e os resultados do ensaio são temas analisados com detalhe ao longo
desta dissertação.

Os resultados obtidos demonstram que o pós-esforço exterior conseguido através de varões roscados,
colocados na viga metálica de reforço, aumenta significavamente a capacidade de carga das vigas de
betão reforçadas, reduz as deformações e a fendilhação. Este sistema de reforço não altera a resistên-
cia dos elementos estruturais, mas altera o modo com as cargas são encaminhadas para os apoios da
estrutura, permitindo resistir a cargas superiores.

Este estudo contribui para o avanço do conhecimento sobre o pós-esforço exterior e destaca a aplica-
ção especifica de pós-esforço através de varões roscados no reforço de vigas de betão. Os resultados
e análises podem ser úteis para profissionais da área na execução de projetos de reforço.

Palavas chave: Reforço com pós-esforço, estruturas de betão armado, reforço com viga metálica.

xi
A BSTRACT

Exterior post-tension is a structural strengthening technique that has been widely studied and applied
in recent decades. This technique can be used as external strengthening of existing structures, to im-
prove their resistance capacity and their behavior in service.

This dissertation is based on an experimental work, to validate one innovative technique for strength-
ening concrete elements with a post-tensioned steel beam using threaded rods. The assembly, execu-
tion and test results are analyzed in detail throughout this dissertation.

The results obtained demonstrate that the external post-stress achieved through threaded rods,
placed in the steel beam, significantly increases the load capacity of the concrete beams, reduce de-
formations and cracking.

This study contributes to the advancement of knowledge about external post-tensioning and highlights
the specific application of post-tensioning through threaded rods in the reinforcement of concrete
beams. The results and analyzes presented may be useful for engineers of services when carrying out
strengthening.

Keywords: Strengthening with post-tension, reinforced concrete structures, strengthening with steel
beam.

xiii
Í NDICE

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento ........................................................................................................... 1

1.2 Objetivos...................................................................................................................... 2

1.3 Organização ................................................................................................................. 2

2 ESTADO DO CONHECIMENTO ...................................................................................................... 5

2.1 Considerações gerais ................................................................................................... 5

2.2 Pós-esforço exterior .................................................................................................... 6

2.3 Armaduras de pós-esforço .......................................................................................... 7

Aço ............................................................................................................................... 7

FRP- Fiber reinforced polymers ................................................................................... 9

2.4 Reforço com Pós-esforço exterior ............................................................................. 11

Pós-esforço exterior com aço .................................................................................... 11

Pós-esforço Exterior com FRP.................................................................................... 22

2.5 Técnica de reforço de pós-esforço com varões roscados ......................................... 27

3 CAMPANHA DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS ..................................................................................... 33

3.1 Introdução ................................................................................................................. 33

3.2 Viga de betão armado, Modelo experimental .......................................................... 34

3.3 Caracterização do betão ............................................................................................ 35

Resistência à Compressão ......................................................................................... 35

Resistência à tração ................................................................................................... 36

3.4 Sistema de Ensaio ...................................................................................................... 38

xv
1º ensaio – Carregamento viga de betão armado..................................................... 38

2º ensaio – Reforço viga de betão ............................................................................. 42

3.5 Previsão de resposta dos modelos experimentais .................................................... 47

1º ensaio – Carregamento viga de betão .................................................................. 47

2º ensaio – Carregamento Viga de betão reforçada ................................................. 55

4 ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................................................... 59

4.1 1º Ensaio – Carregamento da Viga de Betão ............................................................. 59

4.2 2º Ensaio- Carregamento da Viga Reforçada ............................................................ 66

4.3 Comparação de resultados ........................................................................................ 75

5 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 77

5.1 Introdução ................................................................................................................. 77

5.2 Situações em que a técnica de reforço se demonstra adequada ............................. 77

5.3 Pré-Dimensionamento .............................................................................................. 78

Viga Metálica ............................................................................................................. 78

Varões Roscados ........................................................................................................ 80

5.4 Perdas de Pós-esforço ............................................................................................... 80

Perdas Instantâneas .................................................................................................. 81

Perdas Diferidas......................................................................................................... 81

5.5 Processo de aplicação do pós-esforço....................................................................... 83

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 86

6.1 Considerações Finais ................................................................................................. 86

6.2 Desenvolvimentos Futuros ........................................................................................ 87

7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 88
Í NDICE DE F IGURAS

Fig. 1- Utilização de pós-esforço em caso de deformações excessivas [4] ............................................ 6


Fig. 2- Utilização de pós-esforço em caso de supressão de pilares [4] .................................................. 6
Fig. 3- Geometria das armaduras de pós-esforço .................................................................................. 8
Fig. 4 - Ancoragens (adaptado de [15]) .................................................................................................. 9
Fig. 5 - Diagrama tensão-extensão para comparação de CFRP com GFRP [7] ..................................... 10
Fig. 6 - Diferentes formatos de CFRP [7]: a) laminados; b) tecidos ...................................................... 10
Fig. 7- Diagrama carga-deformação para comparação do comportamento entre uma viga reforçada
com pós-esforço exterior e a viga de referência [3] ............................................................................. 11
Fig. 8 - Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com um traçado poligonal [8] ............... 12
Fig. 9 - Diagrama carga-deslocamento da viga 1 ("Aço1") [8] .............................................................. 12
Fig. 10- Viga 1 após a realização do ensaio [8] ..................................................................................... 13
Fig. 11- Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com traçado retilíneo [8]...................... 13
Fig. 12- Diagrama carga-deslocamento da viga 2 ("Aço2") [8]............................................................. 13
Fig. 13- Viga 2 após a realização do ensaio [8] ..................................................................................... 14
Fig. 14- Alçado de viga reforçada [10] .................................................................................................. 16
Fig. 15- Armadura dos blocos de betão utilizados para ancoragem [10] ............................................. 16
Fig. 16 - Pormenor das ancoragens [10]............................................................................................... 17
Fig. 17 - Viaduto Fonte Nova após o reforço [10] ................................................................................ 17
Fig. 18 - Ponte Edgar Cardoso .............................................................................................................. 18
Fig. 19 - Imagem das vigas reforçadas.................................................................................................. 19
Fig. 20 - Pormenor de zona de cela de desvio dos cabos ..................................................................... 19
Fig. 21 - Imagem das vigas reforçadas 2 ............................................................................................... 19
Fig. 22 - Imagem das vigas reforçadas 3 ............................................................................................... 19
Fig. 23 - Museu do Oriente, Lisboa [5] ................................................................................................. 19
Fig. 24 - Alçado zona do pilar suprimido [5] ......................................................................................... 20
Fig. 25 - Alçado com indicação de solução de reforço na zona do pilar suprimido [5] ........................ 20
Fig. 26- Viaduto 2ª Circular reforçado com cabos de aço pós-esforçados ........................................... 21

xvii
Fig. 27 - Vista das vigas do viaduto reforçadas..................................................................................... 21
Fig. 28- Pormenor das zonas de aplicação do pós-esforço .................................................................. 21
Fig. 29 - Pormenor das ancoragens ...................................................................................................... 21
Fig. 30 - Ancoragem de FRP, cavidade cónica [5] ................................................................................. 22
Fig. 31 - Ancoragem de FRP, sistema cunhas [5] .................................................................................. 22
Fig. 32 - Diagrama carga-deformação das vigas ensaiadas [2] ............................................................. 23
Fig. 33 - Sistema de ensaio das lajes [1] ............................................................................................... 24
Fig. 34 - Diagrama tensão-deformação que compara o comportamento do adesivo epoxy com
ancoragem mecânica e gradiente [1] .................................................................................................... 25
Fig. 35 – Ponte na Polónia reforçada no âmbito do projeto "Tulcoempa" [2] ..................................... 26
Fig. 36 – Pormenor ponte na Polónia reforçada no âmbito do projeto "Tulcoempa" [2] ................... 26
Fig. 37 - Vista geral do sistema de pós-esforço .................................................................................... 27
Fig. 38 - Pormenor do sistema de aplicação de pós-esforço ................................................................ 27
Fig. 39 - Aplicação do pós-esforço ........................................................................................................ 27
Fig. 40 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões roscados M20. [Projeto de reforço do Edifício
Visconde de Alvalade, Versor, Consultas, Estudos e Projetos Lda.] ...................................................... 28
Fig. 41 - Edifício Bombeiros Voluntários da Trafaria [13] ..................................................................... 29
Fig. 42 - Fendilhação nas paredes devido à deformação da laje [13] .................................................. 29
Fig. 43 - Alçado do edifício com solução de reforço com vigas metálicas [13] .................................... 30
Fig. 44 - Ação do pós-esforço na estrutura [13] ................................................................................... 30
Fig. 45 – Solução de reforço [13] .......................................................................................................... 31
Fig. 46 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões roscados [13] .......................................... 31
Fig. 47 - Vigas metálicas na cobertura [13] .......................................................................................... 31
Fig. 48 - Sistema de fixação das vigas metálicas na cobertura [13] ..................................................... 31
Fig. 49 - Alçado da viga de betão armado ............................................................................................ 34
Fig. 50 - Corte A-A' da viga de betão armado ....................................................................................... 34
Fig. 51 - Ensaio de compressão ............................................................................................................ 35
Fig. 52 - Valor de força de rotura do 1º provete .................................................................................. 35
Fig. 53 - Valor de força de rotura 2º provete ....................................................................................... 35
Fig. 54- Ensaio Compressão Diametral ................................................................................................. 36
Fig. 55 – Rotura provete ....................................................................................................................... 36
Fig. 56 - Valor de rotura registado no 1º provete ................................................................................ 37
Fig. 57 - Valor de força de rotura registado no 2º provete .................................................................. 37
Fig. 58 - Valor de força de rotura registado no 3º provete .................................................................. 37
Fig. 59 - Alçado do sistema de ensaio .................................................................................................. 39
Fig. 60 – Corte do Sistema do 1º ensaio ............................................................................................... 39
Fig. 61 - Apoios viga de betão............................................................................................................... 40
Fig. 62 - Fixação das bases de apoio para viga de betão através da aplicação de gesso ..................... 40
Fig. 63 – Transporte viga de betão ....................................................................................................... 40
Fig. 64 - Viga de betão posicionada ...................................................................................................... 40
Fig. 65 - Montagem das vigas metálicas de ensaio destinadas a aplicação de carga .......................... 41
Fig. 66 - Sistema de ensaio, 1º ensaio .................................................................................................. 41
Fig. 67 - Alçado Sistema de ensaio, 2º ensaio ...................................................................................... 42
Fig. 68 - Corte 1-1 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 43
Fig. 69 - Corte 2-2 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 43
Fig. 70 - Corte 3-3 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 44
Fig. 71 - Viga metálica perfil HEA240.................................................................................................... 44
Fig. 72 - Montagem da viga metálica na parte inferior da viga de betão ............................................ 45
Fig. 73 – Varões roscados ..................................................................................................................... 45
Fig. 74 – Chapa ligação varões roscados/ viga de betão ...................................................................... 45
Fig. 75 - Extensómetros ........................................................................................................................ 46
Fig. 76 - Sistema de ensaio do 2º ensaio .............................................................................................. 46
Fig. 77 - Parâmetros para cálculo da linha neutra [18] ........................................................................ 49
Fig. 78 - Diagrama carga-deformação viga de betão............................................................................ 53
Fig. 79 - Diagrama carga-fendilhação viga de betão ............................................................................ 55
Fig. 80 - Esquema comportamento conjunto viga betão- viga metálica .............................................. 56
Fig. 81 - Sistema do 1º ensaio .............................................................................................................. 59
Fig. 82 - Diagrama carga-deformação registado pelos 2 defletómetros a 1/2 vão (valores médios) .. 60
Fig. 83 - Diagramas carga-deformação registados pelos defletómetros a 1/4 de vão......................... 61
Fig. 84 - Fendilhação registada a 20kN ................................................................................................. 62
Fig. 85 - Fendilhação registada a 25kN ................................................................................................. 62
Fig. 86 - Fendilhação registada a 30kN ................................................................................................. 63
Fig. 87 - Fendilhação registada a 35kN ................................................................................................. 63
Fig. 88 - Fendilhação registada a 40kN ................................................................................................. 63
Fig. 89 - Fendilhação registada a 45kN ................................................................................................. 63
Fig. 90 - Fendilhação registada a 50kN ................................................................................................. 64
Fig. 91 - Diagrama carga- abertura de fendas registado no 1º ensaio ................................................. 65
Fig. 92 - Espaçamento entre fendas ..................................................................................................... 65
Fig. 93 - Posicionamento dos defletómetros........................................................................................ 66
Fig. 94 - Posicionamento dos extensómetros e do defletómetro a 1/2 vão da viga de betão ............ 66
Fig. 95 - Pormenor do varão roscado com porca e contra-porca......................................................... 66
Fig. 96 - Momento em que o ensaio foi interrompido, devido à instabilidade no sistema de ensaio . 67
Fig. 97 - Diagrama carga- deformação a 1/2 vão viga de betão, 2º ensaio .......................................... 68
Fig. 98 - Aplicação do pós-esforço ........................................................................................................ 69

xix
Fig. 99 - Diagrama carga-deformação 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão............................ 70
Fig. 100 – Diagrama carga-deformação a 1/4 vão da viga metálica..................................................... 71
Fig. 101 – Força no sistema de ensaio ao longo do tempo. ................................................................. 72
Fig. 102 - Determinação do valor de pós-esforço no ensaio 2. ............................................................ 73
Fig. 103 – Diagrama carga-extensões na viga metálica ........................................................................ 74
Fig. 104 - Comportamento da viga metálica ao ser aplicado pós-esforço [14] .................................... 79
Fig. 105 - Diagrama que traduz o coeficiente de fluência ao longo do tempo .................................... 83
Fig. 106 – Esquema da montagem viga metálica ................................................................................. 84
Í NDICE DE T ABELAS

Tabela 1- Resultados obtidos no trabalho experimental [8] ................................................................. 14


Tabela 2 - Lajes sujeitas a ensaio [1] ..................................................................................................... 24
Tabela 3 - Resultados experimentais [1] ............................................................................................... 25
Tabela 4 – Valor de cálculo do momento resistente da viga de betão armado ................................... 47
Tabela 5 - Valor médio do momento resistente ................................................................................... 48
Tabela 6 – Valor de cálculo do esforço transverso resistente .............................................................. 48
Tabela 7 – Valor médio do esforço transverso resistente característico .............................................. 48
Tabela 8 – Processo de cálculo de flecha instantânea para F=0kN ....................................................... 50
Tabela 9 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=10kN ..................................................... 51
Tabela 10 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=20kN ................................................... 51
Tabela 11 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=30kN ................................................... 51
Tabela 12 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=40kN ................................................... 52
Tabela 13 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=50kN ................................................... 52
Tabela 14- Flechas a meio vão para os diferentes níveis de carga ....................................................... 52
Tabela 15 - Valores de extensão média da armadura e abertura de fendas ........................................ 54
Tabela 16- Extensões ............................................................................................................................. 57
Tabela 17- Deformação da viga a 1/2 vão, 1º ensaio ............................................................................ 61
Tabela 18- Deformação média da viga a 1/4 vão, 1º ensaio ................................................................. 62
Tabela 19- Fendilhação viga de betão, 1º ensaio .................................................................................. 64
Tabela 20- Comparação global dos resultados ..................................................................................... 75

xxi
GLOSSÁRIO

xxiii
S IGLAS

CFRP – Carbon fiber reinforced polymer


BFRP – Boron fiber reinforced polymer
EC0 – Eurocódigo 0 – Bases do projecto de estruturas ETA– European Technical Approval
EC2 – Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de Betão ETA – European Technical Approval
EC3 – Eurocódigo 3 – Projecto de estruturas de aço ETA– European Technical Approval
ELU – Estado limite último
ELUT – Estado limite utilização
EMPA - Eidgenössische Materialprüfungs- und Forschungsanstalt
GFRP – Glass fiber reinforced polymer
NSMR – Near surface mounted reinforcement
PEAD – Polietileno de alta densidade

xxv
S ÍMBOLOS

Letras Latinas Maiúsculas

𝐴𝑐 – Área secção transversal do betão


𝐴𝑐,𝑒𝑓𝑓 - área da secção efetiva de betão tracionado que envolve as armaduras
𝐴𝑠 - Área da secção transversal da armadura ordinária de tração
𝐴′𝑠 - Área da secção transversal da armadura ordinária de compressão
𝐴𝑀 – Ancoragem mecânica
𝐴𝐺 – Ancoragem gradiente
𝐴𝑣 – Área de corte
𝐸𝑐𝑚 – Módulo de elasticidade do betão
𝐸𝑐,𝑒𝑓𝑓 - Módulo de elasticidade efetivo do betão
𝐸𝑠 – Módulo de elasticidade do aço
𝐹 – Força de rotura
𝐹 – Força aplicada
𝐹𝑐𝑟 - Força de fendilhação
𝐹𝑏,𝑟𝑑 - Resistência ao esmagamento
𝐼𝑐 – Momento de inércia da secção do betão
𝐼1 – Momento de inércia secção de betão não fendilhada
𝐼2 – Momento de inércia secção de betão fendilhada
𝐿 – Comprimento, vão
𝑀𝑐𝑟 – Momento fendilhação
𝑀𝐸𝑑 – Momento atuante
𝑀𝑅𝑑 – Momento resistente
𝑀𝑏,𝑅𝑑 – Momento resistente à encurvadura
𝑀𝑝𝑙,𝑅𝑑 – Momento plástico resistente
𝑀𝑒𝑙,𝑅𝑑 – Momento elástico resistente
𝑀𝑅𝑘,𝑦 – Momento característico resistente segundo a direção y
𝑃 – Força aplicada
𝑆𝑛 – Desvio padrão
𝑆𝑟𝑚á𝑥 – Espaçamento máximo entre fendas
𝑅𝐻 – Humidade Relativa
𝑉𝑅𝑑 – Esforço transverso resistente
𝑉𝑝𝑙,𝑅𝑑 – Esforço transverso plástico resistente
𝑊𝑦 – Módulo de flexão
𝑊𝑝𝑙 – Módulo flexão plástico de uma secção transversal
𝑊𝑒𝑙,𝑚𝑖𝑛 – Módulo flexão elástico mínimo de uma secção transversal
𝑊𝑒𝑓𝑓,𝑚𝑖𝑛 – Módulo de flexão mínimo de uma secção transversal efetiva
𝑋𝑙𝑡 – Coeficiente redução resistência à encurvadura lateral

Letras Latinas Minúsculas


𝑎 – Flecha
𝑎0 – Flecha instantânea
𝑏 – Largura
𝑏𝑓 – Largura do laminado
𝑐 – Recobrimento
𝑑 – Diâmetro
𝑑0 – Diâmetro do furo
𝑑𝑚 – Diâmetro médio
𝑒 – Espessura
𝑒1 – Distância, para qualquer das peças da ligação, entre o centro do furo (de um parafuso ou rebite) e a
extremidade adjacente, medida na direção da transmissão do esforço
𝑒2 – Distância, para qualquer das peças da ligação, entre o centro do furo (de um parafuso ou rebite) e o
bordo adjacente, medido na direção perpendicular à transmissão do esforço
𝑓𝑐 – Resistência à compressão do betão
𝑓𝑐𝑑 – Valor de cálculo da resistência à compressão do betão
𝑓𝑐𝑘 – Valor característico da resistência à compressão do betão
𝑓𝑐𝑚 – Valor médio da resistência à compressão do betão
𝑓𝑐𝑡 – Resistência à tração do betão
𝑓𝑐𝑡𝑚 – Valor médio da resistência à tração do betão
𝑓𝑢 – Resistência
𝑓𝑢𝑏 – Resistência à tração do aço
𝑓𝑢,𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 – Resistência da chapa de aço
𝑓𝑦𝑑 – Valor de cálculo da tensão de cedência do aço
𝑓𝑦𝑘 – Valor característico da tensão de cedência do aço
ℎ – Altura
ℎ0 – Espessura
xxvii
ℎ𝑐,𝑒𝑓𝑓 – Altura secção efetiva de betão tracionado
𝑝1 – Distância entre os eixos dos parafusos ou rebites de uma fiada, medida na direção da transmissão do
esforço
𝑝2 – Distância, medida perpendicularmente à direção da transmissão do esforço, entre fiadas adjacentes
de parafusos ou rebites
𝑡 – Espessura
𝑡𝑓 – Espessura laminado de fibra de carbono
𝑡𝑝 – Espessura
𝑤𝑚á𝑥 – Abertura máxima de fendas no betão
𝑤𝑘 – Valor característico da abertura de fendas no betão
𝑥 – Altura da linha neutra

Letras gregas
𝛼1 - Coeficiente 1
𝛼2 - Coeficiente 2
𝛼3 - Coeficiente 3
𝛼𝑐 - Coeficiente homogeneização
β - Correlação entre área armadura comprimida e tracionada
β𝑐 – Coeficiente que traduz a fluência no tempo
β𝐻 - Coeficiente que depende da humidade relativa e da espessura
β𝑝,𝑅𝑑 - Resistência ao punçoamento
y𝑚0 – Coeficiente parcial de segurança para a resistência de secções transversais para qualquer classe
y𝑚2 – Coeficiente parcial de segurança para a resistência à rotura de secções transversais em relação a
fenómenos de encurvadura
𝛿𝑐𝑟 - Deformação no início da fendilhação
𝛿𝑢 - Deformação última
𝛿𝑦 - Deformação cedência
𝜀𝑠 – Extensão no aço
𝜀𝑓,𝑝 – Pré-tensão no laminado de fibra de carbono
𝜀𝑓,𝑢 – Extensão tração no laminado de fibra de carbono
𝜀𝑐𝑚 – Extensão média do betão
𝜀𝑠𝑚 - Extensão média da armadura
𝜆- fator
𝜇- Momento reduzido
𝜇𝛿 - Coeficiente ductilidade
𝜇𝐹 - Fator de resistência
𝜌- Taxa de armadura tracionada numa secção de bteão
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 - Taxa da armadura em relação à área de betão tracionado
𝜎- Tensão
𝜎𝑠 - Tensão na armadura de tração
𝜔- Taxa mecânica de armadura tracionada
𝛷- Diâmetro

xxix
xxxi
xxxiii
1

I NTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento
No ramo da Engenharia Civil, as estruturas são projetadas tendo em conta o seu período de vida útil,
que no caso de estruturas correntes corresponde a 50 anos. Durante este período, as estruturas devem
cumprir a sua função com o mínimo de intervenções possíveis. Ao longo do tempo, as estruturas são
expostas a incidentes, a novas regulamentações, ou até mesmo, a novas funções de utilização que
obrigam ao reforço e à intervenção nas mesmas.

As técnicas de reforço de estruturas são um tema em constante evolução, tendo por base a procura
das melhores soluções que tragam a menor relação “custo-benefício”. Para reforço de vigas de betão
armado recorre-se a várias técnicas, entre as quais, a técnica que se pretende estudar nesta disserta-
ção que consiste no reforço com viga metálica e aplicação de pós-esforço com recurso a varões rosca-
dos. Esta técnica apresenta como vantagens, a facilidade de montagem e a possibilidade de aplicar o
pós-esforço de forma a controlar as deformações da viga.

A presente dissertação apresenta um trabalho experimental, compreendendo a realização de dois en-


saios à flexão. O 1º ensaio teve como principal objetivo o carregamento de uma viga de betão armado
e análise do seu comportamento relativamente às suas deformações e abertura de fendas. No 2º en-
saio testou-se a técnica de reforço e a aplicação de um carregamento muito superior, de forma a ana-
lisar as vantagens da mesma.

Os ensaios experimentais foram realizados no Laboratório de Estruturas Pesadas do Departamento de


Engenharia Civil (DEC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa
(UNL).

1
1.2 Objetivos
O principal objetivo desta dissertação é testar uma nova técnica de reforço de elementos estruturais
de betão armado aprofundando assim, o conhecimento sobre uma técnica inovadora de pós-esforço.
A metodologia desta dissertação passou por:
• Estimar o comportamento da viga de betão armado em relação aos Estados Limites Últimos e
de Utilização;
• Estimar o comportamento da viga metálica com aplicação de pós-esforço através de varões
roscados;
• Execução dos ensaios e análise de resultados.

1.3 Organização
A dissertação em questão está dividida em 5 capítulos, que tratam os seguintes temas:
• No 1º capítulo, “Introdução”, são apresentados as motivações e os objetivos da elaboração da
tese e a forma como se encontra organizada;
• No 2º capítulo, “Estado do Conhecimento”, é realizado uma exposição do conhecimento ad-
quirido e testado ao longo dos anos de pré-esforço e pós-esforço exterior. São apresentados
os diferentes tipos de reforço e também alguns exemplos de obras realizadas com aplicação
desta técnica;
• No 3º capítulo, “Campanha de ensaios experimentais”, são tratados todos os passos relativos
à execução dos ensaios, a montagem sistema de ensaios, assim como, a previsão de resulta-
dos;
• No 4º capítulo, “Análise de Resultados”, são apresentados os resultados obtidos nos ensaios e
a respetiva análise;
• O 5º capítulo, “Recomendações”, é abordado os passos necessários à conceção e dimensiona-
mento da técnica tratada nesta dissertação;
• O 6º capítulo, “Conclusões”, sumariza e apresenta as principais conclusões do trabalho reali-
zado.
3
2

E STADO DO C ONHECIMENTO

2.1 Considerações gerais

O reforço de uma estrutura surge com a necessidade de corrigir anomalias resultantes de erros de
projeto/construção, alteração de finalidade da função da estrutura, acidentes naturais como sismos
ou deslizamentos de terras ou até mesmo acidentes provocados pelo ser humano como explosões.

Os elementos estruturais podem ser reforçados para o Estado Limite Último ou para o Estado Limite
de Utilização, de acordo com as anomalias que apresentam. Existem inúmeras técnicas de reforço de
estruturas de betão armado seja por encamisamento geral, chapas metálicas coladas, introdução de
pós-esforço ou então adição de novos elementos estruturais. O objetivo do reforço estrutural visa:

• Aumento da capacidade resistente do elemento;


• Redução da deformação;
• Redução da fendilhação.

O pré-esforço é uma técnica de reforço caracterizado pela aplicação de uma tensão das armaduras. O
pré-esforço pode ser aplicado antes ou depois da betonagem. No caso de pré-esforço por pré-tensão,
o tensionamento das armaduras, como é sugerido pelo nome, é aplicado antes da betonagem do ele-
mento sendo que é uma técnica utilizada, em geral, na pré-fabricação. O pré-esforço introduz níveis
de compressão no elemento de betão, podendo reduzir assim a sua deformação e fendilhação.

Em pré-esforço por pós-tensão, a tensão das armaduras de pré-esforço apenas é aplicada quando o
betão adquire a sua resistência necessária, de forma a suportar a força que é transmitida. O pré-es-
forço pode ainda ser aderente ou não-aderente.

Nesta dissertação pretende-se aferir se um elemento de betão armado já fendilhado e deformado,


com aplicação de pós-esforço exterior terá a capacidade de melhorar o comportamento em relação
aos estados limites de utilização e últimos, permitindo reduzir as fendas e diminuir deformações, assim
como aumentar a capacidade dos sistema para resistir a cargas superiores.

5
2.2 Pós-esforço exterior
A aplicação de pós-esforço exterior tem como principal característica ser uma técnica de reforço ativa,
reduzindo as deformações e fendilhação no elemento estrutural, aquando da sua aplicação.
No pós-esforço exterior, o elemento estrutural pode ser pós-esforçado com a utilização de cabos de
aço ou CFRP (Carbon-Fiber-Reinforced Polymer).

A utilização de pós-esforço exterior é uma técnica de reforço adequada quando existe:


• Correção de um comportamento em serviço deficiente, deformações excessivas ou o controlo
da fendilhação (Fig. 1); [4]
• Extinção de elementos, como um pilar, a reação será substituída pela força de desvio do sis-
tema de pós-esforço exterior (Fig. 2). [4]

Fig. 1- Utilização de pós-esforço em caso de deformações excessivas [4]

Fig. 2- Utilização de pós-esforço em caso de supressão de pilares [4]


O pós-esforço exterior apresenta as seguintes vantagens [5]:

• Não implica aumento do peso próprio do elemento;


• Intervenção pouco intrusiva e reversível;
• Possibilidade de monitorização do pós-esforço;
• Possibilidade de substituição da armadura de pós-esforço, sem afetar o elemento reforçado;
• Redução da deformação e da fendilhação instaladas no elemento reforçado;
• Aumento da resistência à flexão do elemento;
• Capacidade para vencer maiores vãos.

Também apresenta algumas desvantagens, tais como [5]:

• Aparecimento de corrosão nas armaduras de pós-esforço exterior em aço e nos sistemas de


ancoragem (pode ser solucionado utilizando sistemas de proteção contra a corrosão);
• Incapacidade de aplicação de forças de pós-esforço elevadas, nos laminados de FRP, por levar
ao esmagamento do betão na zona das ancoragens.
• Eventual necessidade de análise da segurança (e eventual necessidade de reforço) ao esforço
transverso, uma vez que o aumento de resistência à flexão através do reforço com pós-esforço
exterior pode não ser acompanhado por um igual aumento da resistência ao esforço trans-
verso.

Uma percentagem da força aplicada no pós-esforço pode ser perdida ao longo do tempo, por fluência
e retração do betão. Segundo o EC2 [6] deverá considerar-se perdas de pós-esforço devida à deforma-
ção instantânea do betão, podendo ser calculado um valor médio de perda em cada armadura através
da expressão 5.44, apresentada no na secção 5.10.5.1. do EC2 [6]. Outras causas da perda de pós-
esforço são as perdas devido ao atrito, 5.10.5.2. do EC2 [6], as perdas devido ao deslocamento das
ancoragens durante a operação de amarração depois da aplicação de pós-esforço, as perdas devido à
fluência, assim como as perdas devidas às deformações das próprias ancoragens que podem calcula-
das através da consulta da Aprovação Técnica Europeia respetiva.

2.3 Armaduras de pós-esforço

Aço

A utilização de aço no pós-esforço é das técnicas mais convencionais de reforço estrutural. As arma-
duras de pós-esforço são compostas por aço de alta resistência, e podem ter as seguintes formas (Fi-
gura 3):

• Fios: diâmetros usuais entre 3 a 6mm;


• Cordões: composto por fios;
• Barras: diâmetros usuais entre 25 a 36mm e podem ter uma secção lisa ou roscada.

7
Fig. 3- Geometria das armaduras de pós-esforço

Os aços de alta resistência apresentam valores da tensão de rotura na tração entre os 1030 e 2060
MPa e valores de tensão de cedência entre 835 e 1820 MPa. [5]
Existem diferenças entre a utilização de aço e de FRP para reforço estrutural, essas diferenças devem
ser tidas em conta no dimensionamento desse mesmo reforço. O aço apresenta algumas vantagens e
desvantagens perante os FRP, tais como:
Vantagens [5]:
• Maior extensão na rotura;
• Menor dificuldade para ancorar armaduras de pós-esforço.

Desvantagens [5]:
• Menor rácio entre resistência e densidade de massa;
• Menor resistência à fadiga.

A maior desvantagem do aço, perante os FRP, é de facto, a corrosão que afeta a maior parte dos ma-
teriais constituídos por aço. Estando os aços de pós-esforço expostos a tensões elevadas, ficam mais
sujeitos a fenómenos de corrosão quando comparados com as armaduras ordinárias utilizadas na
construção civil, que podem resultar em perdas de resistência mecânica e perdas de resistência à fa-
diga [5].
Para a aplicação de pós-esforço nos cabos de aço são necessárias ancoragens, que são dispositivos
essenciais, no sistema de pós-esforço exterior. Existem os seguintes tipos de ancoragens:
• Ancoragens Ativas – aplicam tensão nos cabos;
• Ancoragens Passivas – são aplicadas no final do traçado, onde nenhuma força é aplicada;
• Continuidade – servem para emenda de cabos, são simultaneamente ativas e passivas.

As ancoragens para aço dividem-se em 3 grandes grupos [VSL INTERNATIONAL LTD.] (Fig. 4):
• Ancoragens para sistemas de cordões;
• Ancoragens para sistemas de fios;
• Ancoragens para sistema de varões.
(a) (b)

Fig. 4 - Ancoragens (adaptado de [15])

FRP- Fiber reinforced polymers

No ano de 1990, o Professor Urs Meier, no Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Te-
chnology (Empa), fez os primeiros estudos relativamente ao uso de compósitos de CFRP na Engenharia
Civil [2]. Desde então as fibras de carbono e outro tipo de fibras, como as fibras de vidro, são muito
utilizadas para reforço de estruturas de betão, tendo como vantagens a durabilidade, o baixo peso
específico, grande resistência, não alteração da geometria da estrutura e controlo da deformação e
fendilhação da estrutura [1].

No laboratório da FCT da Universidade de Lisboa [7] foi realizado um trabalho experimental com vista
a comparar o comportamento de CFRP (Carbon-Fiber-Reinforced Polymer) e GFRP (Glass-Fiber-Rein-
forced Polymer). A amostra de CFRP apresentou um comportamento elástico linear até á rotura com
valores de tensão correspondentes a 4200MPa, e valores de extensão na rotura reduzidos (1,6%). O
GFRP apresentou um comportamento elástico-linear semelhante, mas com valores muito mais redu-
zidos como mostra a figura seguinte:

9
Fig. 5 - Diagrama tensão-extensão para comparação de CFRP com GFRP [7]

Estes materiais são amplamente utilizados no reforço de elementos estruturais, mas pelo diagrama
pode-se concluir que o CFRP apresenta maior resistência e rigidez que o GFRP. A utilização deste ma-
terial é recomendável para o incremento da resistência à flexão de lajes e paredes, resistência à flexão
e ao corte de vigas, resistência ao corte e reforço sísmico de pilares.

O CFRP apresenta diferentes tipos de formas, nomeadamente [7]:

• Laminados (Fig. 6 (a)), os laminados são fabricados por pultrusão, polimerizando-se a resina já
num molde ou, por prensagem a quente, a altas pressões;
• Tecidos ou mantas (Fig. 6 (b)), são feixes de fibras de carbono, agrupadas de forma contínua e
costuradas por uma tela impregnada com mínimas quantidades de resina de epóxido, nuns
casos, ou mesmo pré-impregnadas, noutros. São muito utilizadas para confinamento de pila-
res.

(a) (b)
Fu Fig. 6 - Diferentes formatos de CFRP [7]: a) Fu
laminados; b) tecidos

Fi- (b)
gu Fu
ra
1 (b)
– Fu
Di
fe- (b)
2.4 Reforço com Pós-esforço exterior

Pós-esforço exterior com aço

O pós-esforço exterior com aço foi desenvolvido inicialmente para reforço de pontes, mas atualmente
é usado para todo o tipo de estruturas inclusive construções novas. O pós-esforço com aço em pontes
é uma solução, simples e económica para o reforço de elementos das mesmas que se encontravam
com problemas de deformação, fendilhação e falta de capacidade resistente.

O principal objetivo, a ser garantido pelo reforço com pós-esforço exterior, é garantir a descompressão
para a carga quase permanente e aumentar a capacidade de resistir a cargas superiores de flexão e
esforço transverso do elemento reforçado. Na figura seguinte podemos ver o impacto do reforço com
pós-esforço com cabos de aço tem numa viga de betão armado [3]. Sendo que a linha azul representa
o comportamento antes do reforço, e a linha vermelha representa após reforço. Sendo que “g,q” são
cargas gravíticas e variáveis, e pode-se perceber que com o reforço existe uma redução dos efeitos das
cargas permanentes (2), aumentando significativamente a capacidade resistente da viga.

Fig. 7- Diagrama carga-deformação para comparação do comportamento en-


tre uma viga reforçada com pós-esforço exterior e a viga de referência [3]

Num estudo realizado por Håkan Nordin, em 2005, na Universidade Técnica de Luleå na Suécia [8], o
autor realizou vários ensaios de laboratório, de forma a comparar vários sistemas de reforço de vigas
com e sem utilização de pós-esforço, foram utilizados:

• Cabos de aço externos pós-esforçados;


• Cabos de aço internos pós-esforçados;
• CFRP externo pós-esforçado;
• Entre outros Sistema de CFRP.

11
Neste capítulo apenas interessa analisar os resultados dos ensaios relativos ao reforço com cabos de
aço. Na figura seguinte, pode-se observar o reforço da viga 1 com cabos de aço externos pós-esforça-
dos:

Fig. 8 - Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com um traçado poligonal [8]

Para este reforço foi utilizado um desviador de sela, que são elementos acoplados à estrutura respon-
sáveis por transmitir as forças do pré-esforço à estrutura. Estes são constituídos, normalmente, por
tubos metálicos.

No ensaio da viga reforçada, a fendilhação do betão começou a registar-se, aproximadamente, para


uma carga na ordem dos 75kN. Esta carga é 200% maior que a carga registada na viga de referência.
Para uma carga de 215kN, a armadura de flexão inferior começou a entrar em cedência, fazendo com
que a viga perdesse rigidez. Com a colocação dos cabos pós-esforçados, a carga para a qual o aço entra
em cedência aumentou cerca de 100KN. Na figura seguinte podemos observar o diagrama “carga-des-
locamento”.

Fig. 9 - Diagrama carga-deslocamento da viga 1 ("Aço1") [8]


Fig. 10- Viga 1 após a realização do ensaio [8]

No reforço da 2ª viga foram aplicados cabos pós-esforçados, mas com um traçado retilíneo. Na figura
seguinte pode-se observar o alçado do ensaio [8].

Fig. 11- Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com traçado retilíneo [8]

Segundo o autor, no início do ensaio a viga comportou-se de uma forma muito similar à viga 1. A fen-
dilhação na viga apareceu com uma carga de 74kN e a cedência na armadura verificou-se aos 207kN.
Na figura seguinte está representado o diagrama “carga-deslocamento” da viga 2:

Fig. 12- Diagrama carga-deslocamento da viga 2 ("Aço2") [8]

13
Fig. 13- Viga 2 após a realização do ensaio [8]

Na tabela 1 pode-se observar que o 1º ensaio foi interrompido para uma carga de 314kN e o 2º aos
246kN:

Tabela 1- Resultados obtidos no trabalho experimental [8]


De seguida apresentam-se algumas obras relevantes, onde foram aplicadas estas técnicas.

Reforço e Reparação Viaduto da Fonte Nova [10]

O viaduto da Fonte Nova, construído em 1974, localiza-se sobre a Estrada de Benfica, em Lisboa e está
inserido na 2º circular. A estrutura desenvolve-se em curva com 588 m de raio e sentido E-W, ao longo
de 207 m entre apoios extremos, distribuídos por sete vãos. O tabuleiro apresenta uma largura de 25
m, e é composto por 7 vigas longitudinais, com comprimentos variáveis entre os 24,25 m e os 25 m,
distanciadas entre si 3,58 m e por carlingas transversais a terços do vão e nos apoios. As vigas longitu-
dinais são pré-fabricadas e pós-esforçadas, já as carlingas são pré-esforçadas. Os tabuleiros apoiam
em pórticos transversais e nos encontros extremos. Os pórticos são compostos por pilares em X em
betão armado e por uma viga em caixão em betão armado pré-esforçado [10].

Em 1997, o viaduto da Fonte Nova foi alvo de uma inspeção na qual foram detetadas anomalias estru-
turais e não estruturais, sendo que nesta dissertação apenas se analisa as anomalias de cariz estrutu-
ral. A VERSOR Lda apresentou um projecto, integrado numa proposta da empresa SOPROEL, com vista
a reforçar e reabilitar o viaduto em questão.

Relativamente a anomalias estruturais foram identificadas [10]:

• Flechas significativas nas vigas, com cerca de 80 mm;


• Fendas de flexão com 𝑤𝑚á𝑥 =0,38 mm com afastamentos compreendidos entre 0,20 m e 0,30
m;
• Fendas provocadas por esforço transverso;
• Grandes vazios nas bainhas (a principal função do enchimento das bainhas com calda cimen-
tícia é proteger os cabos da corrosão) de pré-esforço, na viga norte do extremo poente;
• Carbonatação nas vigas, lajes e pilares com profundidade entre 14 mm e 25 mm, sendo que
em alguns casos o recobrimento das armaduras terá sido ultrapassado.

Foram também identificadas anomalias que comprometiam a durabilidade da estrutura [10]:

• Vigas com manchas superficiais resultantes da corrosão das armaduras;


• Acumulação de detritos, plantas e lama nas zonas dos apoios;
• Manchas superficiais de oxidação na laje do tabuleiro, nomeadamente, nas zonas das juntas
de betonagem sob os passeios e sob o separador central;
• Caixões transversais ao tabuleiro com betão delaminado e corrosão nas armaduras, especial-
mente, nas zonas das juntas do tabuleiro, pilares com betão delaminado e corrosão nas arma-
duras, principalmente, na base e encontros, não só com fendas e corrosão das armaduras, mas
também, com manchas brancas que evidenciam a presença de sais superficiais.
• Carbonatação nas vigas, lajes e pilares com profundidade entre 14 mm e 25 mm, sendo que
em alguns casos o recobrimento das armaduras terá sido ultrapassado.

Segundo o relatório do ICIST [10], o projeto foi original dimensionado de acordo com as normas em
vigor à data. Sendo que, todas estas anomalias estruturais poderão ser explicadas pelo processo cons-
trutivo.

15
O reforço teve como principal objetivo:

• a redução da abertura das fendas, aumentando a rigidez e a durabilidade da estrutura;


• a diminuição das flechas instaladas;
• aumento da resistência à flexão e ao esforço transverso.

Para tal foi concebida uma solução com aplicação de pós-esforço exterior com barras de aço de alta
resistência. Também foi efetuado o encamisamento da alma das vigas nas zonas dos apoios, onde o
esforço transverso é mais significativo. Na figura 14 pode-se observar um alçado da viga reforçada:

Fig. 14- Alçado de viga reforçada [10]

A solução de pós-esforço exterior é composta 4 barras de 32mm de diâmetro (Macalloy), de aço


A835/1030, ancoradas entre uma carlinga flutuante e a extremidade oposta da viga. As barras são
ancoradas em blocos de betão armado pré-esforçados transversalmente contra a alma da viga, com
duas barras de 25mm de diâmetro. As figuras seguintes (Fig. 15 e 16) ilustram a armadura dos blocos
de ancoragem:

Fig. 15- Armadura dos blocos de betão utilizados para ancoragem [10]
Fig. 16 - Pormenor das ancoragens [10]

Segundo os autores, o pós-esforço permite recuperar parcialmente a deformação elástica e a defor-


mação devida à fendilhação, mas não recuperar a deformação por fluência do betão.

Na figura seguinte pode-se observar uma imagem do viaduto após o reforço:

Fig. 17 - Viaduto Fonte Nova após o reforço [10]

17
Reforço e reparação ponte Edgar Cardoso, Figueira da Foz [11]

A Ponte da Figueira da Foz, projetada pelo Prof. Edgar Cardoso, foi a primeira ponte rodoviária atiran-
tada realizada em Portugal, tendo sido aberta ao tráfego em 1982.

A Ponte Edgar Cardoso (Fig. 18), tem um comprimento total de 1421 metros, dividida em 3 tramos,
possuindo os tramos extremos 90 m e o tramo central 225 m. O tabuleiro, misto de aço e de betão, é
suportado por 2 torres, 2 pilares de transição e 12 tirantes em cada torre com continuidade sobre
estas. As torres, de betão armado, têm cerca de 85 m de altura acima do nível médio das águas e ainda
uma configuração em “V” invertido.

Fig. 18 - Ponte Edgar Cardoso

Em 2005, a Ponte foi sujeita a intervenções de reparação estruturais e não estruturais. As anomalias,
identificadas pela empresa do projeto de reforço, A2P, foram as seguintes [11]:

• Deficiente recobrimento da armadura nos elementos de betão;


• Reação alcális-sílica nos elementos de betão, comprometendo a durabilidade dos mesmos;
• Fendilhação das vigas do viaduto de acesso;
• Capacidade resistente insuficiente para ações sísmicas das normas atuais.

Para as anomalias encontradas, nesta dissertação, apenas é pertinente analisar as soluções desenvol-
vidas para combater a fendilhação nas vigas. A empresa responsável pelo projeto de reforço dos via-
dutos de acesso à ponte, A2P, decidiu aplicar nas vigas longitudinais da estrutura cabos pós-esforçados
instalados exteriormente, tal como ilustram as figuras seguintes:
Fig. 19 - Imagem das vigas reforçadas Fig. 20 - Pormenor de zona de cela de desvio dos cabos

Fig. 21 - Imagem das vigas reforçadas 2 Fig. 22 - Imagem das vigas reforçadas 3

Reforço e reparação Edifício do Museu do Oriente, Lisboa [5]

O atual Edifício do Museu do Oriente foi construído em 1940 e tinha como principal e inicial função
servir como armazém frigorifico de bacalhau. A estrutura do edifício é composta por uma estrutura
porticada em betão armado, tendo uma área total de implantação de 2622𝑚2 constituído por 1 cave,
7 pisos acima do solo. Na Fig. 23 está apresentada uma fotografia do edificio em questão.

Fig. 23 - Museu do Oriente, Lisboa [5]

19
Devido a alterações de funções do edifício foi necessário suprimir pilares, duplicando assim o vão ori-
ginal. De forma a cumprir o projeto de arquitetura, realizado pelos arquitetos João Luís Carrilho da
Graça e Rui Francisco, a empresa de projetos A2P dimensionou um sistema de substituição dos pilares
através da criação de forças de desvio verticais na zona dos pilares eliminados. Estas forças foram
conseguidas com um sistema de pós-esforço exterior, apresentado nas figuras seguintes (Fig. 24 e 25):

Fig. 24 - Alçado zona do pilar suprimido [5]

Fig. 25 - Alçado com indicação de solução de reforço na zona do pilar suprimido [5]

Reforço e reparação do Viaduto 2ª Circular, Av. General Norton de Matos, Lisboa [12]

O viaduto da Avenida General Norton de Matos, sobre a Av. Padre Cruz em Lisboa, foi alvo de inter-
venções devido excesso de deformações e fendilhações nas vigas longitudinais do viaduto. O projeto
de reparação e reforço da estrutura foi realizado, em 2000, pela empresa CivilSer ao encargo do Pro-
fessor Francisco Virtuoso que projetou o reforço com cabos pós-esforçados, com disposição horizon-
tal, com o intuito de diminuir as flechas apresentadas pelas vigas, tal como mostram as figuras seguin-
tes.
Fig. 26- Viaduto 2ª Circular reforçado com cabos de aço pós-esforçados

Fig. 27 - Vista das vigas do viaduto reforçadas Fig. 28- Pormenor das zonas de aplicação do pós-esforço

Fig. 29 - Pormenor das ancoragens

21
Pós-esforço Exterior com FRP

Nos anos de 1990, no Empa (Deuring 1993), foram realizados os primeiros trabalhos de investigação
no tema de reforço com CRFP laminados pós-esforçado em vigas de betão armado, onde foram utili-
zadas ancoragens mecânicas para fazer a ligação entre CFRP e as vigas de betão.[2]
Tal como nas armaduras de aço, a aplicação de pós-esforço nos laminados de FRP são garantidos por
ancoragens. As ancoragens para aço e para compósitos FRP são diferentes, pois os lamiandos de FRP
possuem baixa resistência ao corte, sendo por isso difícil atingir a resistência máxima dos cabos sem
que ocorra antes a falha nas ancoragens, visto que os sistemas típicos de fixação por cunhas induzem
na armadura elevados esforços de corte. Por esta mesma razão foram desenvolvidos os seguintes sis-
temas:
• Ancoragens por aperto (clamping anchorages);
• Ancoragens de espigão (spike anchorages);
• Ancoragens de cavidades cónicas preenchidas com resina (resin potted anchorages) e cavida-
des cilíndricas preenchidas com resina (resin sleeve anchorages);
• Ancoragens com sistema de cunhas (wedge anchorages).

Os sistemas de ancoragem mais usuais para FRP são os sistemas de cunhas e de cavidades cónicas
preenchidas com resina (Fig. 30 e 31) [5].

Fig. 31 - Ancoragem de FRP, sistema cunhas [5] Fig. 30 - Ancoragem de FRP, cavidade cónica [5]

Para a aplicação desta técnica é necessário efetuar 4 etapas [7]:

• Aplicação do pós-esforço no laminado com uma força inicial, sendo prevista a respetiva perda
de pós-esforço;
• Ligação chapa-elemento estrutural com utilização de resina epoxy;
• Instalação de ancoragens, que têm de resistir às forças aplicadas pelo pré-esforço;
• Transferência de pré-esforço da chapa ao elemento.

A aplicação de laminados CFRP pré-esforçados em vigas de betão armado conduz [2]:

• Diminuição de fendas existentes;


• Diminuição da deformação;
• Aumento da capacidade resistente.

Nos últimos estudos realizados no Empa Suíça, foram desenvolvidos laminados de CFRP sem a utiliza-
ção ancoragens mecânicas para transmissão de pós-esforço (“Gradient Anchorage”). Neste método, a
força de pós-esforço no laminado de CFRP diminui gradualmente até zero em ambas as extremidades,
através cura acelerada da resina epoxy. O método utiliza um dispositivo especial de pós-esforço e
aquecimento para que não haja necessidade de um sistema de ancoragem mecânica. Conforme men-
cionado, o gradiente na força de pós-esforço no laminado de CFRP é aplicado por um aquecimento
setorial e cura do adesivo. De forma a comprovar a eficiência desta técnica de reforço, foram realiza-
dos testes em vigas com 17 m de comprimento na ponte em Ticino, Suiça (Czaderski and Motavalli
2007 [2]). Na figura seguinte, Fig. 32, encontram-se os resultados desses mesmos testes, onde se com-
para a força aplicada na estrutura com a deformação das vigas a 1/2 vão:

Fig. 32 - Diagrama carga-deformação das vigas ensaiadas [2]

Como já referido existem 2 formas de aplicar pós-esforço em laminados de CFRP, seja por ancoragem
mecânica, seja por ancoragem gradiente. Numa investigação apresentada em 2014, por uma equipa
de engenheiros em Vancouver no Canadá [1], foram realizados testes de forma a comparar ambos os
sistemas de pós-esforço em 8 lajes de betão armado, em que 5 delas foram aplicadas as técnicas men-
cionadas, 2 lajes de referência e 1 reforçada com CFRP sem pós-esforço.

23
Todas as lajes foram submetidas a ensaios de rotura. Na tabela 2 apresentam-se características de
cada laje:

Tabela 2 - Lajes sujeitas a ensaio [1]

Sendo:
• 𝑏𝑓 - Largura do laminado;
• 𝐸𝐵𝑅 (Externally Bonded Reinforcement) – Reforço exterior;
• 𝐴𝑀 – Ancoragem mecânica;
• 𝐴𝐺 – Ancoragem por gradiente;
• 𝑡𝑓 - Espessura do laminado;
• ε𝑓,𝑝 - Pós-tensão do laminado;
• 𝑓𝑐𝑚 - Resistência à compressão média no cilindro de betão no dia do teste da laje;
• 𝐸𝑐𝑚 - Módulo de Young do betão.

Na figura seguinte está representado o sistema de ensaio das lajes, onde se pode observar aspetos da
carga e o reforço de CFRP:

Fig. 33 - Sistema de ensaio das lajes [1]

Em relação ao tempo de aplicação do reforço, no sistema ancorado mecanicamente todas as etapas


são concluídas após aproximadamente 24h. No caso da ancoragem de gradiente são necessárias ape-
nas 3 a 4 h. No 1º processo é necessária uma cura significativa do adesivo epoxy ao longo do laminado
de CFRP, que leva em condições normais cerca de 24h. Como o 2º processo usa a capacidade do ade-
sivo de cura em altas temperaturas, é necessário um período significativamente menor para concluir
a aplicação do reforço [1].
Na figura seguinte pode-se ver a capacidade de resistência da resina epoxy obtida em cada um dos
ensaios:

Fig. 34 - Diagrama tensão-deformação que compara o comportamento do adesivo epoxy


com ancoragem mecânica e gradiente [1]

Na tabela seguinte podem-se observar os resultados obtidos nas 8 lajes de betão armado, e também
o modo de rotura do sistema de reforço. Sendo que a rotura no sistema de ancoragem mecânica acon-
tece porque o laminado de CFRP “rompe” na ligação com a ancoragem. No método GA, a rotura ocorre
devido á rotura de ligação da resina epoxy com a laje.

Tabela 3 - Resultados experimentais [1]

Onde,

• δ𝑐𝑟 - Deformação no início da fendilhação;


• F𝑐𝑟 - Carga de fendilhação;
• δ𝑦 - Deformação na cedência do aço;
• F𝑦 - Carga de cedência do aço;

25
• δ𝑢 - Deformação última;
• F𝑢 - Carga última;
• ε𝑓,𝑢 - Extensão de tração CFRP;
• µδ - Coeficiente de ductilidade;
F
• µF = Fu - fator de resistência.
y

Com este estudo é possível concluir que o reforço com ancoragens mecânicas oferece uma melhor
performance em termos de resistência e ductilidade, quando comparado com as ancoragens gradien-
tes.

“Tulcoempa Project” [2]


É de referir uma investigação realizada no âmbito de um projeto entre Polónia e Suíça para a reforçar
uma ponte polaca. A ponte apresentava grandes níveis de fendilhação e deformação, pelo que, o re-
forço passou por aplicar 2 laminados de CFRP pós-esforçados com ancoragem gradiente. Para tal fo-
ram, primeiramente, ensaiadas vigas similares no Empa. A força total de pós-esforço aplicado corres-
ponde a 240kN (2 x 120 kN=240 kN). Nas figuras seguintes mostra-se a ponte em questão.

Fig. 35 – Ponte na Polónia reforçada no âmbito do Fig. 36 – Pormenor ponte na Polónia reforçada no âm-
projeto "Tulcoempa" [2] bito do projeto "Tulcoempa" [2]
2.5 Técnica de reforço de pós-esforço com varões roscados
Reforço e Reparação do Ed. Visconde de Alvalade, Lisboa
Como já referido em capítulos anteriores, a presente dissertação compreende um estudo experimen-
tal de forma a testar uma forma inovadora de reforço com pós-esforço exterior. A técnica caracteriza-
se por reforçar uma viga de betão com uma viga metálica, aplicando, contra a viga metálica, o pós-
esforço através de varões roscados. Esta técnica foi utilizada em algumas obras em Portugal, tendo
sido registado a sua aplicação no reforço do Edifício Visconde de Alvalade, em, Lisboa pela empresa
de projetos, Versor, Consultas, Estudos e Projetos Lda. Nas figuras seguintes é possível observar algu-
mas imagens captadas durante o processo de reforço.

Fig. 37 - Vista geral do sistema de pós-esforço Fig. 38 - Pormenor do sistema de aplicação de


pós-esforço

Fig. 39 - Aplicação do pós-esforço

27
A técnica de reforço com vigas metálicas de pós-esforço tem como objetivo reforçar elementos estru-
turais, em relação aos Estados Limites Últimos e de Serviço, de forma a aumentar a capacidade de
resistir a cargas superiores, reduzir deformação e fendilhação excessivas. Na Fig. 40, é possível ver
como é aplicado o pós-esforço. Os varões colocados na viga metálica de reforço, possuem na extremi-
dade inferior um sistema de porca e contra-porca, que permitem o aperto dos varões, os quais são
forçados a subir impondo deslocamentos para cima no elemento a reforçar. A figura seguinte apre-
senta um pormenor retirado dos desenhos do projeto realizado pela Versor, Consultas, Estudos e Pro-
jetos Lda., em que esta representado o sistema:

Fig. 40 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões roscados


M20. [Projeto de reforço do Edifício Visconde de Alvalade, Versor, Con-
sultas, Estudos e Projetos Lda.]
Reforço e Reparação Edifício Bombeiros Voluntários da Trafaria, Lisboa [13]

O edifício dos Bombeiros Voluntários da Trafaria foi construído em 1996, sendo constituído por 2 pisos
em estrutura de betão armado de laje fungiforme maciça. O piso térreo destina-se a estacionamento
dos veículos de socorro e o 1º piso para serviços administrativos.

Fig. 41 - Edifício Bombeiros Voluntários da Trafaria [13]

Em 2008, a empresa Versor, Lda. identificou anomalias e erros de projeto que comprometiam a segu-
rança do edifício, tais como [13]:

• A laje fungiforme do edifício foi dimensionada como se de uma laje vigada se tratasse, estando
projetada para resistir apenas a metade das cargas a que estava sujeita. Devido a este facto, a
laje apresentava grandes deformações que provocaram fendilhações nas paredes de alvenaria
do edifício (Fig.42);
• As paredes resistentes terminavam na laje do 1º piso, provocando uma grande variação da
rigidez para a ação sísmica ao nível do 1º andar;
• Existência de pilares sem continuidade para o piso superior devido à distribuição dos vãos nas
fachadas;
• Existência de vigas de bordadura da laje não estruturais que não apoiavam nos pilares.

(a) (b)

Fig. 42 - Fendilhação nas paredes devido à deformação da laje [13]

29
De forma a solucionar os erros de projeto e as consequentes anomalias, foi projetada uma solução de
uma estrutura porticada em aço para apoio das lajes, reduzindo os vãos das mesmas, tal como de-
monstram o alçado seguinte:

Fig. 43 - Alçado do edifício com solução de reforço com vigas metálicas [13]

A laje do 1º piso foi reforçada pelas vigas dos pórticos metálicos e pós-esforçada, através de varões
roscados. A aplicação de pós-esforço é conseguida através de enroscamento de porcas instaladas na
extremidade dos parafusos. Relativamente ao piso da cobertura, a laje foi suspensa nas vigas metálicas
de reforço através de varões roscados, com o intuito de não retirar “pé-direito” ao piso destinado a
serviços. Na figura seguinte está representado a ação do pós-esforço nas lajes de betão armado,
aquando da aplicação do mesmo:

Fig. 44 - Ação do pós-esforço na estrutura [13]


Nas figuras seguintes apresentam-se imagens da estrutura após o reforço [13]:

Fig. 45 – Solução de reforço [13] Fig. 46 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões
roscados [13]

Fig. 47 - Vigas metálicas na cobertura [13] Fig. 48 - Sistema de fixação das vigas metálicas na co-
bertura [13]

É de notar que foram realizados mais reforços relativos a outros problemas detetados, ainda assim,
nesta dissertação apenas é relevante analisar as soluções que tratam os temas da mesma.

31
3

C AMPANHA DE ENSAIOS E XPERIMENTAIS

3.1 Introdução
O objetivo principal deste estudo é avaliar a eficiência do método de reforço de elementos de betão
armado pós-esforçada com recurso a uma viga metálica e varões roscados. Para atingir o objetivo que
foi proposto, foram realizados ensaios experimentais em uma viga de betão armado, submetendo-a a
cargas crescentes. Foram monitorizados os parâmetros das deformações, deslocamentos e a fendilha-
ção da viga durante os ensaios, a fim de obter dados quantitativos e qualitativos sobre o comporta-
mento estrutural e o desempenho do reforço. Nos ensaios realizados as tarefas executadas foram:
• No 1º ensaio foi aplicado um carregamento numa viga de betão armado com 4 m de vão com
dimensões de 0,25×0,30m. O carregamento foi executado com duas cargas a ¼ de vão, em
que o principal objetivo era aplicar deformações e fendilhação na viga. A carga aplicada foi de
de 50kN em cada ponto;
• No 2º ensaio foi utilizado a técnica de reforço mencionada anteriormente, e analisou-se o
comportamento do sistema em conjunto. Para esta 2º experiência, o plano foi carregar a viga
de betão armado até aos valores do 1º ensaio e aplicar o reforço no nível de carga de 50kN,
aplicar pós-esforço na viga de betão, e a partir daí retomar o ensaio até valores de carga su-
periores de forma a analisar o comportamento da estrutura. A viga metálica utilizada tem
3,50m e a aplicação do pós-esforço foi feito a ¼ do vão desta.

33
3.2 Viga de betão armado, Modelo experimental
Este trabalho teve a colaboração da CONCREMAT Soluções em Betão, que forneceu a viga de betão
armado e os provetes para caracterização do betão. A viga de betão armado tem as dimensões de
4,50×0,25×0,30 (m), sendo a distância entre apoios de 4,0m. A viga é ainda constituída por 2Ø10 na
armadura superior, 3Ø16 na armadura inferior e por estribos de 2 ramos Ø6//0,15m, tal como se mos-
tram nas figuras seguintes:

Fig. 49 - Alçado da viga de betão armado

Fig. 50 - Corte A-A' da viga de betão armado


3.3 Caracterização do betão
O 1º ensaio foi realizado com betão com 21 dias de idade, logo foi necessário caracterizar a resistência
à compressão e à tração do betão. Neste subcapítulo irão ser apresentados os valores da resistência
obtidos nos ensaios de compressão e compressão diametral realizados nos provetes disponibilizados.
Nos ensaios de compressão foram utilizados 2 provete cúbicos com 150mm de aresta, enquanto no
ensaio de compressão diametral foram utilizados 3 provetes cilíndricos com um diâmetro de 150mm
e um comprimento de 300mm.

Resistência à Compressão
O ensaio de compressão foi realizado segundo a norma NP EN206 através da prensa da FORM+TEST,
registando os valores de rotura à compressão de 832kN e 856kN.

Fig. 51 - Ensaio de compressão

Fig. 52 - Valor de força de rotura do 1º provete Fig. 53 - Valor de força de rotura 2º provete

35
A partir destes valores é possível determinar a resistência à compressão do betão (fc), através das
seguintes expressões:
𝐹
𝑓𝑐 = 𝐴 (𝐸𝑞. 1)
𝑐

Sendo que,
• 𝑓𝑐 , resistência à compressão do provete; (𝐸𝑞. 1)
• 𝐹, carga de rotura;
• 𝐴𝑐 , área da secção transversal do provete na qual se aplica a força de compressão.(𝐸𝑞. 1)

De seguida fez-se a média de valores obtidos para 𝑓𝑐 :


∑𝑛 (𝐸𝑞.
𝑓𝑐𝑚 = 𝑖=1 𝑓𝑐𝑖
= 37511 𝑘𝑁/𝑚2 = 37,5 𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 1)
2)
𝑛

De acordo com Cardoso [19]: (𝐸𝑞. 2)


𝑓𝑐𝑚, 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑠 ≃ 0,9 × 𝑓𝑐𝑚, 𝑐𝑢𝑏𝑜𝑠 = 0,9 × 37,5 = 33,8 𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 3)
(𝐸𝑞. 2)

Segundo o EC2 [6] 𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐𝑚 − 8 𝑀𝑃𝑎, ou seja: (𝐸𝑞. 3)


(𝐸𝑞. 2)

𝑓𝑐𝑘 = 33,8 − 8 = 25,8 𝑀𝑃𝑎 3)


(𝐸𝑞. 4)

Resistência à tração (𝐸𝑞. 3)


Figura 6 –
Ensaio
Para determinação da resistência à tração do betão foi realizado o ensaio de compressão diametral,
Compres-
segundo a norma NP EN 1992-1-1 2010 através da prensa da FORM+TEST PRUFSYSTEME. Os valores
são Diame-
obtidos no ensaio de compressão diametral foram de 214kN, 209kN e 216kN.
tral(𝐸𝑞. 4)

Figura 7 – En-
saio Com-
pressão Dia-
metral

Figura 8 –
Rotura do
proveteFi-
gura 9 –
Ensaio
Fig. 54- Ensaio Compressão Diametral Compres-
Fig. 55 – Rotura provete
são Diame-
tral(𝐸𝑞. 4)

Figura 10 –
Ensaio
Compres-
são Diame-
Fig. 56 - Valor de rotura registado no 1º provete Fig. 57 - Valor de força de rotura registado no 2º provete

Fig. 58 - Valor de força de rotura registado no 3º provete

A partir destes valores é efetuada uma média e determinada a tensão média da resistência à tração
do betão:

2×𝐹
𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 = = 3,01 𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 5)
𝜋 ×𝑑 ×𝐿

Sendo que, (𝐸𝑞. 5)


• 𝐹, média das cargas de rotura;
• 𝑑 = 0,15𝑚 , diâmetro do provete; (𝐸𝑞. 5)
• 𝐿 = 0,30𝑚, comprimento do provete.
(𝐸𝑞. 5)
Com o valor da tensão de rotura por compressão diametral, pode-se determinar o valor médio da
tensão resistente á tração do betão, aos 21 dias de idade:

𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,9 × 𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 = 2,71𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 6)

Figura 11 -
37 Alçado Sis-
tema do 1º
en-
2
Segundo o EC2 [6] 𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 × 𝑓𝑐𝑘 3 = 2,6 𝑀𝑃𝑎, que é um valor muito próximo do obtido nos en-
saios de compressão diametral.

3.4 Sistema de Ensaio


Para a realização dos 2 ensaios foi necessário montar um sistema de ensaio. Neste subcapítulo serão
apresentados os 2 sistemas de ensaio utilizados e a forma como foi montado o sistema de reforço.

1º ensaio – Carregamento viga de betão armado


Para este ensaio, para além da viga de betão armado, ainda foram utilizados:
• 2 maciços de betão com 0,60m de altura;
• 2 elementos de betão com cerca de 0,30m de altura;
• 2 cilindros hidráulicos, ENERPAC com 300kN de capacidade máxima;
• Bomba Hidraúlica ENERPAC;
• 2 células de carga, do tipo TML CLC 300kN;
• 4 defletómetros, com 100mm de curso, posicionados a ½ vão e a ¼ de vão;
• 2 varões com Ø25mm, de alta resistência, com comprimento de cerca de 4,0m;
• 2 chapas metálicas 250×150×20mm em aço S235;
• 2 chapas metálicas 250×150×20mm c/ varão Ø20 c/ 250mm soldado, em aço S235;
• Viga metálica constituída por 2 Perfis UPN 220 soldados através de chapas metálicas com
1,5m de comprimento;
• Viga metálica constituída por 2 Perfis UPN 220 aparafusados entre si com 2,5m de compri-
mento;
• Datalogger HBM Spider 8;
• Programa Catman da HBM para aquisição de dados referentes às células de carga e aos de-
fletómetros.

Nas figuras seguintes são apresentados um alçado e um corte do sistema de ensaio:


Fig. 59 - Alçado do sistema de ensaio

Fig. 60 – Corte do Sistema do 1º ensaio

39
Nas imagens seguintes ilustram o processo de montagem do sistema de ensaio.

1) Preparação de base de suporte para a viga de betão com colocação dos apoios rotulados:

Fig. 61 - Apoios viga de betão Fig. 62 - Fixação das bases de apoio para viga de be-
tão através da aplicação de gesso

2) Colocação da viga de betão na base de suporte, sendo que a distância entre apoios é de 4,0m:

Fig. 63 – Transporte viga de betão Fig. 64 - Viga de betão posicionada


3) Colocação das vigas metálicas utilizadas para carregamento da viga de betão, assim como a
colocação das células de carga e cilindros hidráulicos:

Fig. 65 - Montagem das vigas metálicas de ensaio desti-


nadas a aplicação de carga

4) Sistema do 1º ensaio, com os defletómetros devidamente posicionados:

Fig. 66 - Sistema de ensaio, 1º ensaio

41
2º ensaio – Reforço viga de betão
No 2º ensaio foi aplicada a técnica de reforço apresentada no sub-capítulo 3.1. Na realização deste
ensaio, para além de todo o material utilizado no 1º ensaio, foram também usados:
• Viga metálica HEA240, com 3,65m de comprimento, com chapas de reforço e=10mm, em aço
S235;
• 2 defletómetros com 100mm de curso, perfazendo agora um total de 6 defletómetros, posici-
onados a ½ vão e a ¼ de vão da viga de betão e da viga metálica;
• 2 extensómetros, do tipo FLAB-5-11 da TML, para medição das extensões no banzo superior a
½ vão da viga metálica;
• 2 chapas metálicas 250×150×20mm com varão Ø20 com 250mm soldado em aço S235, para
apoio da viga metálica;
• Viga metálica com 2 Perfis UPN 260 soldados através de chapas metálicas com 2,3m de com-
primento;
• Viga metálica com 2 Perfis UPN 220 soldados através de chapas metálicas com 1,5m de com-
primento;
• 4 Varões roscados M20 cl. 5.6 com 400mm;
• 4 Anilhas para varões M20;
• 16 Porcas sextavadas M20;
• 2 Chapas 250×150×20mm com reentrâncias de 5mm profundidade e varões de 20mm de diâ-
metro em aço S235.

A viga metálica UPN220 com 2,5m, utilizada no 1º ensaio, foi substituída por uma viga metálica com 2
perfis UPN260 soldados entre si através de chapas, para aplicar cargas superiores na viga de betão em
relação ao 1º ensaio. Para ligar a viga metálica à viga de betão, foi necessário colocar chapas de base
na ligação com reentrâncias para os varões roscados usados para aplicar o pré-esforço. Nas figuras
seguintes estão apresentados os alçados, cortes e alguns pormenores do sistema de ensaio:

Fig. 67 - Alçado Sistema de ensaio, 2º ensaio


Fig. 68 - Corte 1-1 do Sistema de ensaio, 2º ensaio Fig. 69 - Corte 2-2 do Sistema de ensaio, 2º ensaio

43
Fig. 70 - Corte 3-3 do Sistema de ensaio, 2º ensaio

Nas figuras seguintes apresenta-se a sequência de montagem do 2º ensaio:


1) Transporte da viga metálica para o interior do laboratório:

Fig. 71 - Viga metálica perfil HEA240


2) Montagem da viga metálica na face inferior da viga de betão. A viga metálica encontra-se
apoiada nos maciços de betão através de chapas de aço:

Fig. 72 - Montagem da viga metálica na parte inferior da viga de betão

3) Colocação das chapas e varões roscados destinadas à aplicação do pós-esforço entre a viga
de betão e viga metálica:

Fig. 73 – Varões roscados Fig. 74 – Chapa ligação varões roscados/ viga de be-
tão

45
4) Colocação de extensómetros localizados a ½ vão no banzo superior da viga metálica:

Fig. 75 - Extensómetros

5) Sistema do 2º ensaio, com os defletómetros devidamente posicionados:

Fig. 76 - Sistema de ensaio do 2º ensaio


3.5 Previsão de resposta dos modelos experimentais

1º ensaio – Carregamento da viga de betão

O 1º ensaio tinha como objetivo submeter a viga de betão armado, a deformações e fendilhação signi-
ficativas de forma a justificar a aplicação da técnica de reforço estrutural em estudo. Por esta razão,
inicialmente a viga foi submetida a um carregamento até aos 50kN em cada um dos dois pontos a ¼
do vão. O comportamento da viga foi previamente caracterizado, relativamente às deformações e fen-
dilhação, para os valores da carga aplicada de 0 (peso próprio da viga e dos equipamentos de ensaio),
10kN, 20kN, 30kN, 40kN e 50kN. Sendo o peso próprio da viga 1,875 kN/m e dos equipamentos do
ensaio de 4,09kN de carga em cada ponto.
Os esforços resistentes da viga também foram calculados, de forma a estimar a carga última da viga.
O momento fletor resistente foi calculado através da seguinte expressão, desprezando a armadura na
face comprimida:
𝑀𝑟𝑑 = 𝜇 × 𝑓𝑐𝑑 × 𝑏 × 𝑑2 (𝐸𝑞. 7)
sendo que:
𝐴𝑠 ×𝑓𝑦𝑑 (𝐸𝑞. 7)
• 𝜔= 𝑓𝑐𝑑 × 𝑏 ×𝑑
.
• 𝜇 = 𝜔 × (1 − 0,5𝜔) ;
(𝐸𝑞. 7)

O valor de cálculo do momento resistente foi determinado com os valores de cálculo da resistência do
(𝐸𝑞. 7)
26
betão e do aço: 𝑓𝑐𝑑 = 1,5 = 17,3 𝑀𝑃𝑎 ; 𝑓𝑦𝑑 = 435 𝑀𝑃𝑎

Tabela 4 – Valor de cálculo do momento resistente da viga de betão armado

Armadura Inf. 𝑨𝒔 [𝒄𝒎𝟐 ] 𝝎 𝝁 𝑴𝒓𝒅 [kNm]


3Ø 16 6,03 0,232 0,205 60,5

47
Para estimar o valor médio do momento resistente admitiram-se os valores médios dos materiais:
𝑓𝑐𝑚 = 33,8 𝑀𝑃𝑎 ; 𝑓𝑦𝑚 = 550 𝑀𝑃𝑎

Tabela 5 - Valor médio do momento resistente

Armadura Inf. 𝑨𝒔 [𝒄𝒎𝟐 ] 𝝎 𝝁 𝑴𝒓 [kNm]


3Ø 16 6,03 0,150 0,139 80,05

O valor de cálculo do esforço transverso resistente foi determinado através da seguinte expressão:

𝑉𝑟𝑑 = 𝐴𝑠𝑤/𝑠 × 𝑓𝑦𝑑 × 𝑧 × 𝑐𝑜𝑡𝑔 Ø , (𝐸𝑞. 8)

com:  = 30o e 𝑓𝑦𝑑 = 435𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 8)

Tabela 6 – Valor de cálculo do esforço transverso resistente (𝐸𝑞. 8)

Armadura 𝑨𝒔𝒘/𝒔 [𝒄𝒎𝟐 /𝒎] s [m] 𝑽𝒓𝒅 [kN]


Vrd (𝐸𝑞. 8)
estr 2r Ø6//0,15 3,76 0,15 66,5

Para estimar o valor médio do esforço transverso resistente foi utilizado: 𝑓𝑦𝑚 = 500𝑀𝑃𝑎

Tabela 7 – Valor médio do esforço transverso resistente característico

Armadura 𝑨𝒔𝒘/𝒔 [𝒄𝒎𝟐 /𝒎] s [m] 𝑽𝒓 [kN]


Vrd
estr 2r Ø6//0,15 3,76 0,15 84,04
Deformação
Foi estimada a deformação da viga de betão armado de forma a prever o seu comportamento ao longo
do ensaio. No cálculo das deformações, não foi considerada a fluência do betão visto que o ensaio
apenas inclui aplicação de cargas instantâneas. Foi utilizado o método de integração numérica, sendo
necessário calcular os momentos de inércia, da secção não fendilhada e fendilhada. A posição da linha
neutra, “x”, que na zona de secção não fendilhada (M < 𝑀𝑐𝑟 = 10,88 kNm) é dada por:

𝑏 × ℎ2
+ 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴𝑠 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴′𝑠
𝑥1 = 2 (𝐸𝑞. 9)
𝑏ℎ + 𝛼𝑒 × (𝐴𝑠 + 𝐴′𝑠 )

Figura 16 –
Sendo que, em casos de ações instantâneas 𝐸𝑐,𝑒𝑓𝑓 = 𝐸𝑐𝑚 , logo:
𝐸𝑠 200
Parâme-
• 𝛼𝑒 = 𝐸𝑐𝑚 = 33 = 6,06 - Coeficiente de homogeneização;
tros para
• 𝑏 = 0,25𝑚 – Largura da secção;
cálculo da
• ℎ = 0,30 𝑚 – Altura total da secção;
• 𝑑 = 0,261 𝑚 – Altura útil; linha neu- Fig. 77 - Parâmetros para cálculo da
linha neutra [18]
• 𝐴𝑠 = 6,03 𝑐𝑚2 – Área de armadura tracionada; tra
• 𝐴′𝑠 = 1,57 𝑐𝑚2 – Área de armadura comprimida. [18]
(𝐸𝑞.do
Resultando numa altura da linha neutra de x = 0,154 m. A partir 7)conhecimento da posição da linha
neutra, calcula-se o momento de inércia, 𝐼1 , a partir da expressão:
Figura 17 –
2𝑥 2 𝑑 3 𝑥 2 𝑥 𝑎 2
𝐼1 = 𝐼𝑐 × { 1 + 3 × ( × [(1 − ) + 𝛽 × ( − ) ]} (𝐸𝑞. 10)
) + 12 × 𝛼𝑒 × 𝜌 × ( ) Parâmetros
ℎ−1 ℎ para cálculo𝑑 𝑑 𝑑
da linha neu-
(𝐸𝑞. 10)
Sendo que: tra [18]

𝑏×ℎ 3
• 𝐼𝑐 = = 5,63 × 10−4 𝑚4 – Momento de inércia; (𝐸𝑞. 10)
12
• 𝑥 = 0,154 𝑚 – Altura da zona de betão comprimido Figura
(altura18
da–linha neutra);
• 𝑎 = 0,036 𝑚 – Recobrimento e raio do varão; Parâme- (𝐸𝑞. 10)
𝐴𝑠
• 𝜌= = 0,0092 – Taxa de armadura tracionada; tros para
𝑏×𝑑
𝐴𝑠
• 𝛽= 𝐴′𝑠
= 0,26 – Relação entre as áreas de armadura tracionada
cálculo da e comprimida.
linha neu-
tra
Resultando em 𝐼1 = 6,18 × 10−4 𝑚4 . Determinou-se o momento de inércia da secção fendilhada (M ≥
[18]
𝑀𝑐𝑟 = 10,88 kNm) através das seguintes expressões:
(𝐸𝑞. 7)
𝑏 × 𝑥1 2
2 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴𝑠 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴′𝑠
𝑥2 = = 0,072 𝑚 (𝐸𝑞. 11)
𝑏𝑥1 + 𝛼𝑒 × (𝐴𝑠 + 𝐴′𝑠 ) Figura 19 –
Parâme-
(𝐸𝑞. 11)
tros para
cálculo da
(𝐸𝑞. 11)
linha neu-
49 tra (𝐸𝑞. 11)
[18]
(𝐸𝑞. 7)
De seguida,
𝑥 3 𝑑 3 𝑥 2 𝑥 𝑎 2
𝐼2 = 𝐼𝑐 × { 4 × ( ) + 12 × 𝛼𝑒 × 𝜌 × ( ) × [(1 − ) + 𝛽 × ( − ) ]} = 1,63 × 10−4 𝑚4
ℎ ℎ 𝑑 𝑑 𝑑

(𝐸𝑞. 12)

Após a determinação destes valores é possível calcular as deformações correspondentes às 12)


(𝐸𝑞. cargas
aplicadas na estrutura. Como já referido, o método utilizado foi o método de integração numérica,
onde o vão da viga foi dividido em 10 secções e foram utilizadas as seguintes expressões: (𝐸𝑞. 12)

1 𝑀
• =𝐸 - Curvatura em fase não fendilhada; (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 12)
13)
𝑟1 𝑐𝑚 × 𝐼1

1 𝑀
• =𝐸 - Curvatura em fase fendilhada; 13)
(𝐸𝑞. 14)
𝑟2 𝑐𝑚 × 𝐼2

𝑀𝑐𝑟 2 (𝐸𝑞. 13)


• 𝜁 =1− 𝛽 ×( ) – Coeficiente de distribuição; (𝐸𝑞. 14)
15)
𝑀

(𝐸𝑞. 13)
(𝐸𝑞. 14)
15)
Onde 𝑀𝑐𝑟 corresponde ao momento de fendilhação (𝑀𝑐𝑟 = 10,88 kNm) e M é o momento provocado
pelas cargas aplicadas na secção em causa.
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 14)
15)
1 1 1
• 𝑟𝑚
= 𝜁 × 𝑟 + (1 − 𝜁) × 𝑟 – Curvatura média; (𝐸𝑞. 16)
2 1
(𝐸𝑞. 15)

A deformação é dada pela seguinte expressão: (𝐸𝑞. 16)


1 ∆𝑥
𝑎= ∫ ̅ 𝑑𝑥 = ∫ 𝑓 𝑑𝑥 =
×𝑀 × [𝑓1 + 4(𝑓2 + 𝑓4 + ⋯ ) + 2(𝑓3 + 𝑓5 + ⋯ ) + 𝑓𝑛 ]
𝑟𝑚 3 (𝐸𝑞. 16)
(𝐸𝑞. 17)
̅ é o momento na secção i devido a uma força unitária aplicada na secção em que se
Onde 𝑀 (𝐸𝑞. 16)
pretende
calcular a deformação, isto é, na secção a meio vão. Nas tabelas seguintes apresenta-se oFigura
processo
20 de
-
cálculo da flecha instantânea para F= 0, 10,20,30,40 e 50kN. Diagrama
Tabela 8 – Processo de cálculo de flecha instantânea para F=0kN carga-de-
formação
viga de be-
tão
(𝐸𝑞. 17)

Figura 21 -
Diagrama
carga-defor-
mação viga
de betão

Figura 22 -
Tabela 9 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=10kN

Tabela 10 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=20kN

Tabela 11 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=30kN

51
Tabela 12 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=40kN

Tabela 13 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=50kN

Na tabela 14 apresentam-se os valores da flecha a meio vão para os diferentes níveis de carga:

Tabela 14- Flechas a meio vão para os diferentes níveis de carga

CARGA APLICADA [kN] DEFORMAÇÃO 𝒂𝟎 [mm]


0 0,50
10 3,20
20 7,31
30 11,15
40 14,84
50 18,45
Com os valores obtidos foi realizado um diagrama de resposta estimada da viga no decorrer da aplica-
ção da carga:

DEFORMAÇÃO
FORÇA APLICADA- F [kN]

60

50

40

30

20

10

0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

DEFORMAÇÃO - a0 [mm]

Fig. 78 - Diagrama carga-deformação viga de betão

Fendilhação
Outro parâmetro que se teve em conta, na previsão do comportamento da viga, foi a abertura de
fendas. Foram calculadas as aberturas das fendas (𝑤𝑘 ) para os níveis de carga 0 (peso próprio da viga
mais o peso do equipamento do ensaio), 10kN, 20kN, 30kN, 40kN e 50kN.
De forma a determinar a abertura de fendas (𝑤𝑘 ), é necessário calcular a distância máxima entre fen-
das (𝑆𝑟 𝑚á𝑥 ), a diferença entre a extensão média da armadura (𝜀𝑠𝑚 ) e a extensão média do betão entre
fendas (𝜀𝑐𝑚 ). Nos parágrafos seguintes são apresentadas as expressões de cálculo para os parâmetros
mencionados:

Sabendo que o espaçamento transversal entre varões da armadura longitudinal (0,092m) é menor do
𝜙
que 5[𝑐 + 2 ]= 0,165m, podemos calcular a distância máxima entre fendas através da seguinte expres-
são:

𝜙
𝑆𝑟𝑚á𝑥 = 3,4 × 𝑐 + 0,425 × 𝐾1 × 𝐾2 × = 0,195𝑚 (𝐸𝑞. 18)
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓

(𝐸𝑞. 18)
Sendo que,
• c = 0,025m – recobrimento da viga;
(𝐸𝑞. 18)
• Ø – diâmetro dos varões;
• 𝐾1 = 0,8 – constante para varões nervurados de alta aderência;
(𝐸𝑞. 18)

53
• 𝐾2 = 0,5 – constante para flexão;
𝐴𝑠
• 𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 = 𝐴 = 0,024 , em que 𝐴𝑐,𝑒𝑓𝑓 corresponde à área de secção de betão tracionado
𝑐,𝑒𝑓𝑓

dado por 𝐴𝑐,𝑒𝑓𝑓 = 𝑏 × ℎ𝑐,𝑒𝑓𝑓 = 0,024 𝑚2.


ℎ−𝑥 ℎ
ℎ𝑐,𝑒𝑓𝑓 = min ( 2,5 × (ℎ − 𝑑); 3
; 2 )= 0,0975m

A extensão média da armadura em relação ao betão é dado pela seguinte expressão:

𝑓𝑐𝑡,𝑒𝑓𝑓
𝜎𝑠 − 𝑘𝑡 × × + 𝛼𝑒 × 𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 )
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 (1 𝜎𝑠 (𝐸𝑞. 19)
𝜀𝑠𝑚 − 𝜀𝑐𝑚 = ≥ 0,6 ×
𝐸𝑠 𝐸𝑠

(𝐸𝑞. 19)
M
• 𝜎𝑠 = 0,9×𝑑×𝐴𝑠
- Tensão na armadura de tração, admitindo a secção fendilhada;
• 𝑘𝑡 = 0,6 - Coeficiente que traduz o valor médio da tensão no betão e é função da (𝐸𝑞.
duração
19) do
carregamento, “0,6” para ações de curta duração;
• 𝑓𝑐𝑡,𝑒𝑓𝑓 = 2600 KPa;
(𝐸𝑞. 19)
• 𝐸𝑠 = 200 GPa;
𝐸𝑠
• 𝛼𝑒 = - Coeficiente de homogeneização.
𝐸𝑐

Na tabela seguinte encontram-se os resultados relativamente à extensão média de armadura em re-


lação ao betão (𝜀𝑠𝑚 − 𝜀𝑐𝑚 ) e a abertura de fendas, calculada a partir da seguinte expressão:

𝑤𝑘 = 𝑆𝑟𝑚á𝑥 × (𝜀𝑠𝑚 − 𝜀𝑐𝑚 ) (𝐸𝑞. 20)

Tabela 15 - Valores de extensão média da armadura e abertura de fendas Figura 24 -


Diagrama
Carga [kN] 𝜺𝒔𝒎 − 𝜺𝒄𝒎 𝑤𝑘 [mm] carga-fen-
dilhação
0 0 0,00
10 3,35E-04 0,07 viga de be-
20 6,69E-04 0,13 tão
30 1,02E-03 0,20 (𝐸𝑞. 20)
40 1,37E-03 0,27
50 1,73E-03 0,34
Figura 25 -
Diagrama
carga-fendi-
lhação viga
de betão

Figura 26 -
Diagrama
carga-fen-
dilhação
O diagrama seguinte relaciona a carga com a abertura de fendas esperadas na viga:

FENDILHAÇÃO
60
CARGA - F [kN]

50

40

30

20

10

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
ABERTURA DE FENDAS - w_k [mm]

Fig. 79 - Diagrama carga-fendilhação viga de betão

2º ensaio – Carregamento Viga de betão reforçada

Após a execução do 1º ensaio, foi também necessário prever o comportamento da viga de betão ar-
mado e da viga metálica em conjunto durante o ensaio.
Como referido, foi escolhido um perfil HEA240 (L = 3,65m) como viga de reforço. Para a determinação
do valor médio do momento resistente da viga metálica, foi utilizada a seguinte expressão:

𝑀𝑦 = 𝑊𝑦 × 𝑓𝑦 = 158 𝑘𝑁𝑚 (𝐸𝑞. 21)

Sendo que: Figura 28-


• 𝑊𝑦 = 675,1 𝑐𝑚3, relativo ao perfil HEA240; Esquema
• 𝑓𝑦𝑚 = 235 𝑀𝑃𝑎, relativo ao tipo de aço da viga metálica S235. comporta-
mento
conjunto
viga betão-
viga metá-
lica
(𝐸𝑞. 21)

Figura 29- Es-


quema com-
55 portamento
conjunto viga
betão- viga
No esquema abaixo está representado o conjunto de viga de betão e viga metálica e as corresponden-
tes forças submetidas ao sistema:

Fig. 80 - Esquema comportamento conjunto viga betão- viga metálica

Admitindo que ambas as vigas permanecem em comportamento dúctil na rotura e considerando o


cálculo plástico:
𝐹𝑚á𝑥 = 𝑅𝑐 + 𝑅𝑠 (𝐸𝑞. 22)
Sendo que,
𝑀 (𝐸𝑞.
• 𝑅𝑐 = 1,0𝑟 , em que 𝑀𝑟 corresponde ao momento a meio vão da viga de betão; (𝐸𝑞. 23)
22)
𝑀𝑦
• 𝑅𝑠 = 0,875, em que 𝑀𝑦 corresponde ao momento a meio vão da viga metálica. (𝐸𝑞. 24)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 23)
22)

Logo a força máxima a aplicar pelos cilindros hidráulicos será: (𝐸𝑞. 24)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 23)
22)

𝑀𝑟 𝑀𝑦 80,05 158 (𝐸𝑞. 24)


𝐹𝑚á𝑥 = + = + = 261 𝑘𝑁 (𝐸𝑞. 23)
25)
1,0 0,875 1,0 0,875
(𝐸𝑞. 24)
(𝐸𝑞. 25)

Para o controlo do valor da força de pós-esforço aplicar na viga de betão, através da viga metálica, é
(𝐸𝑞. 25)
necessário calcular a deformação que a viga metálica sofrerá e a extensão no seu banzo superior. O
pós-esforço a aplicar será cerca de 30kN a 0,875m dos apoios da viga metálica. Calculou-se então a
(𝐸𝑞. 25)
deformação da viga metálica no nível de carga 10kN pela seguinte expressão:

11 𝐹 × 𝑙3 11 10 × 3,53
𝑎𝑠 = × = × = 7,9 × 10−4 𝑚 = 0,79𝑚𝑚 ≈ 0,80𝑚𝑚
384 𝐸𝑠 × 𝐼𝑠 384 200 × 106 × 7763 × 10−8
(𝐸𝑞. 26)

(𝐸𝑞. 26)

(𝐸𝑞. 26)

(𝐸𝑞. 26)
Assim, como a viga metálica se encontra em regime elástico, para uma força de pós-esforço máxima
de 30kN, a deformação a meio vão da viga metálica será 𝑎𝑝.𝑒 = 3 × 0,80 = 2,40𝑚𝑚.

As extensões a meio da viga metálica podem ser determinadas através da seguinte expressão:
𝑀
𝜀= (𝐸𝑞. 27)
𝐸𝑠 × 𝑊𝑦
Sendo que,
Figura 32 –
• M - Momento atuante a meio vão;
Sistema do
• 𝐸𝑠 = 200𝐺𝑃𝑎;
• 𝑊𝑦 = 675,1 𝑐𝑚3, relativo ao perfil HEA240; 1º en-
saio
Na tabela seguinte são apresentados os valores de extensões calculados a meio vão da viga, para os
(𝐸𝑞. 27)
incrementos de carga de pós-esforço de 10kN até aos 30kN:

Figura 33 –
Tabela 16- Extensões Sistema do
1º ensaio
P [kN] 𝒂𝟎 [mm] Ɛ [µm/m]
10 0,80 0,06
20 1,60 0,13 Figura 34 -
30 2,40 0,19 Diagrama
carga-de-
formação
registado
pelos 2 de-
fletóme-
tros a 1/2
vão (valo-
res mé-
dios)Figura
35 – Sis-
tema do 1º
en-
saio
(𝐸𝑞. 27)

Figura 36 –
Sistema do
1º en-
saio
(𝐸𝑞. 27)
57
4

A NÁLISE DE RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais obtidos nos ensaios à flexão realizados.
São também analisados, com mais detalhe, alguns aspetos da realização dos ensaios, com maior foco
na aplicação da técnica de reforço com pós-esforço exterior.
Para a medição e registo dos valores de carga aplicada, deformações e extensões foi utilizado um sis-
tema de aquisição de dados (HBM DataAcquisition Spider 8), com oito canais de entrada e o respetivo
programa CATMAN 6.0.

4.1 1º Ensaio – Carregamento da Viga de Betão


As grandezas monitorizadas, na viga de referência do 1º ensaio, foram a deformação e a fendilhação
da viga de betão. O equipamento de monitorização utilizado foi composto por 4 defletómetros que
permitem registar a deformação ao longo do ensaio. Os defletómetros foram posicionados a 1/2 vão,
e a 1/4 do vão, conforme a figura abaixo apresentada. A fendilhação da viga foi registada, visualmente,
com auxílio de uma régua de abertura de fendas.
A Fig. 81 mostra o posicionamento dos defletómetros, das células de carga e dos cilindros hidráulicos.

Fig. 81 - Sistema do 1º ensaio

59
A viga foi carregada a ¼ de vão até aos 50kN de carga aplicada, tendo o ensaio sido interrompido para
registo de valores de fendilhação para os níveis de carga 20kN, 25kN, 30kN, 35kN, 40kN, 45kN e 50kN.

• Deformação

Nos diagramas seguintes (Fig. 82 e Fig.83) podem-se ver os resultados da deformação da viga de betão
armado, registados pelos defletómetros instalados, versus carga aplicada.

DEFORMAÇÃO ENSAIO
DEFLETÓMETRO 1/2 VÃO DEFORMAÇÃO ESTIMADA
60
CARGA - F [kN]

50

40

30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
DEFORMAÇÃO - a [mm]

Fig. 82 - Diagrama carga-deformação registado pelos 2 defletómetros a 1/2 vão (valores médios)

O ciclo de descarga/carga apresentado no patamar de carga 20kN, ocorreu devido a incidentes durante
o ensaio. Na tabela seguinte comparam-se os valores de deformação a ½ vão, obtidos
experimentalmente com os valores analíticos determinados no 3º capítulo. Aos valores estimados,
indicados na Tab. 14 do Cap. 3, foi reduzida a deformação devida ao peso próprio da viga e ao peso do
equipamento, que é de 0,50mm (Tab. 14).
Tabela 17- Deformação da viga a 1/2 vão, 1º ensaio

CARGA DEFORMAÇÃO DEFORMAÇÃO ERRO [%]


[kN] ENSAIO [mm] ESTIMADA [mm]
10 1,04 (0,91*) (14,3*)
20 5,65 6,81 17,0
30 9,33 10,65 12,4
40 13,26 14,34 7,5
50 17,46 17,95 2,7

(* valor da deformação admitindo que a fendilhação ocorre para uma carga superior a 10kN)

O deslocamento máximo registado a ½ vão, foi de 17,46mm. Com a aplicação da técnica de reforço
em estudo, pretende-se reduzir a deformação da viga.

Nos diagramas seguintes, referentes aos 2 defletómetros colocados a ¼ de vão, pode-se concluir que
o comportamento é bastante similar. A deformação apresentada a ¼ vão apresenta, naturalmente,
valores de deformação mais reduzidos comparativamente com os valores registados a ½ vão.

DEFLETÓMETROS - 1/4 VÃO DEFLETÓMETRO 1 DEFLETÓMETRO 2


CARGA - F [kN]

60

50

40

30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

DEFORMAÇÃO - a [mm]
Fig. 83 - Diagramas carga-deformação registados pelos defletómetros a 1/4 de vão

61
Na tabela seguinte apresentam-se os valores de deformação a ¼ de vão para os correspondentes pa-
tamares de carga:

Tabela 18- Deformação média da viga a 1/4 vão, 1º ensaio

DEFORMAÇÃO
CARGA [kN]
ENSAIO [mm]
10 0,78
20 4,09
30 6,89
40 9,74
50 12,91

Pela análise dos resultados (Fig. 82 e Fig. 83) verifica-se que a viga apresenta uma deformação residual
de 3,60 mm a ½ vão e 2,61 mm a ¼ de vão.

• Fendilhação

A abertura de fendas foi registada através de uma régua de fendas para os valores de carga 20kN,
25kN, 30kN, 35kN, 40kN, 45kN e 50kN. Sendo de referir que não foi possível identificar fendilhação na
viga nos níveis de carga 0 (peso próprio e peso do equipamento de ensaio) nem 10kN.
Nas figuras seguintes podemos ver algumas fotografias registadas durante o ensaio:

Fig. 84 - Fendilhação registada a 20kN Fig. 85 - Fendilhação registada a 25kN


Fig. 86 - Fendilhação registada a 30kN Fig. 87 - Fendilhação registada a 35kN

Fig. 88 - Fendilhação registada a 40kN Fig. 89 - Fendilhação registada a 45kN

63
Fig. 90 - Fendilhação registada a 50kN

Na tabela seguinte apresentam-se os valores de abertura de fendas registados e a comparação com o


valor analítico estimado no 3º capítulo (Tab. 15).

Tabela 19- Fendilhação viga de betão, 1º ensaio

CARGA ABERTURA FEN- ABERTURA FEN- ERRO [%]


[kN] DAS ENSAIO DAS ESTIMADA
[mm] [mm]
10 - 0,07 -
20 0,05 0,13 61,5
30 0,15 0,20 25,0
40 0,20 0,27 25,9
50 0,30 0,34 11,8
No diagrama seguinte apresenta-se a evolução da abertura das fendas devido ao carregamento.

FENDILHAÇÃO ESTIMADA
GRÁFICO FENDILHAÇÃO
FENDILHAÇÃO ENSAIO
60
CARGA - F [kN]

50

40

30

20

10

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35
ABERTURA DE FENDAS - wk [mm]

Fig. 91 - Diagrama carga- abertura de fendas registado no 1º ensaio

No ensaio constatou-se que o espaçamento entre fendas, não excedeu o espaçamento máximo calcu-
lado no 3º capítulo, 𝑆𝑟𝑚á𝑥 = 0,195 𝑚. Na figura seguinte pode-se observar que o espaçamento má-
ximo entre fendas é de 0,16m.

Fig. 92 - Espaçamento entre fendas

65
4.2 2º Ensaio- Carregamento da Viga Reforçada
No 2º ensaio foi necessária a utilização adicional de 2 extensómetros e de 1 defletómetro, para análise
de extensões e deformações da viga metálica. Foram colocados 2 extensómetros a ½ vão no banzo
superior da viga metálica, 2 defletómetros a ½ do vão da viga de betão armado, 2 defletómetros a ¼
do vão da viga metálica e ainda 1 defletómetro a ½ do vão da mesma. As figuras seguintes mostram
os equipamentos referidos.

Fig. 93 - Posicionamento dos defletómetros Fig. 94 - Posicionamento dos extensómetros


e do defletómetro a 1/2 vão da viga de betão

Como já referido em capítulos anteriores, a técnica de reforço baseia-se na aplicação de pós-esforço


através de varões roscados. Os varões apresentam na extremidade um sistema de porca e contra-
porca para aperto dos varões contra a viga de betão, com o auxílio de uma chave. Desta forma é trans-
mitida a força vertical à viga de betão, permitindo reduzir as flechas e as fendas apresentadas inicial-
mente. De referir que a força é aplicada na viga de betão armado através da porca soldada ao varão e
da anilha, tendo a saliência de 2mm no varão apenas a função de garantir o seu posicionamento na
chapa de aço em contacto com a viga de betão armado. No esquema seguinte mostra-se o varão ros-
cado utilizado no ensaio, tipo M20 com 400mm de comprimento, que na sua extremidade inferior
podemos identificar o sistema de porca e contra-porca:

Fig. 95 - Pormenor do varão roscado com porca e contra-porca


É de notar que a viga de betão, após o 1º ensaio, já apresentava deformações e fendilhações residuais.
Após a aplicação da força F=50kN na viga de betão, foi aplicada a força de pós-esforço, de forma gra-
dual até se atingir P=37,2kN. A força de pós-esforço provocou deformações na viga metálica, que tam-
bém serão analisadas neste capítulo. O pós-esforço e a viga metálica, permitiram à viga de betão re-
forçada resistir a cargas muito superiores, ainda assim, o ensaio foi interrompido aos 125kN devido á
instabilidade do sistema de ensaio, que comprometia a segurança. A interrupção do ensaio foi despo-
letada pelo facto de um dos êmbolos dos macacos hidráulicos, apesar de registar força, não se movi-
mentar logo criou uma assimetria e instabilidade nas vigas metálicas do sistema de ensaio, o que po-
deria originar instabilidade da estrutura do ensaio. A Fig. 96 mostra o momento em que foi interrom-
pido o ensaio.

Fig. 96 - Momento em que o ensaio foi interrompido, devido à instabilidade no


sistema de ensaio

De referir que o sistema de ensaio é um sistema reativo, ou seja, aquando da aplicação do pós-esforço
há um aumento de carga na estrutura, o que em casos reais não sucede.

67
• Deformação

No diagrama seguinte podem-se ver os resultados de deformações da viga registados pelo defletóme-
tro instalado a ½ vão:

DEFORMAÇÃO ENSAIO 2
DEFLETÓMETRO 1/2 VÃO
DEFORMAÇÃO ENSAIO 1
140,00
CARGA- F [kN]

120,00

100,00

80,00
Fim de aplicação de pós-esforço
68,40
60,00 Inicio de aplicação de pós-esforço
49,90
40,00
Pós-esforço
20,00

15,20 18,40
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
DEFORMAÇÃO - a [mm]

Fig. 97 - Diagrama carga- deformação a 1/2 vão viga de betão, 2º ensaio

Como se pode observar pelo gráfico, a viga já apresentava alguma deformação (3,6mm) antes do início
do 2º ensaio. Aos 50kN de carga, a viga apresentava cerca de 18,4mm de flecha, foi então aplicado o
pós-esforço com um valor de P= 37,2kN que permitiu reduzir a força aplicada na viga de betão e a
deformação em 3,2mm, passando a registar um valor de flecha de 15,2mm. No gráfico estão repre-
sentadas retas a vermelho, que permitem identificar o início e o fim da aplicação de pós-esforço na
estrutura. As figuras seguintes ilustram o instante de aplicação de pós-esforço:
(a)

a)

a)

a)

(b) (c)
Fig. 98 - Aplicação do pós-esforço

Como já foi referido, oFigura 37- Aplicação


ensaio c)
foi interrompido aos 125kN, tendo sido registado uma deformada a ½
do pós-esforçob)
vão de 18,2mm na viga de betão armado. Com pós-esforço e a contribuição da viga metálica, conse-
guiu-se obter uma deformação na viga de betão semelhante à que se obteve
c) para a carga de 50kN sem
pós-esforço, para umaFigura
carga38-2,5 vezes superior. Não foram identificadas fendas adicionais na viga de
Aplicação
do pós-esforço
betão.
c)

Figura 39- Aplicação


do pós-esforçob)

Figura 40- Aplicação


do pós-esforçob)

69
Como se pode observar pelo diagrama, a aplicação de pós-esforço na viga de betão provoca uma de-
formação da viga metálica atingindo uma deformação de 2,9mm. O diagrama seguinte compara a de-
formação do sistema de ensaio a ½ vão (viga de betão + viga metálica).

Viga de betão
DEFORMAÇÃO VB / VM Viga metálica
140,00
CARGA - F [kN]

120,00

100,00

80,00
Fim da aplicação do pós-esforço
68,40
60,00
Início da aplicação do pós-esforço
49,90
40,00

20,00

15,20
0,00
0,00 2,90 5,00 10,00 15,00 18,40 20,00
DEFORMAÇÃO
Figura 41 - Deformação a 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão - a [mm]
Fig. 99 - Diagrama carga-deformação 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão

Figura 42 - Deformação a 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão

O diagrama apresentado na Fig. 100 compreende os resultados dos 2 defletómetros colocados a ¼ de


Figura 43 - Deformação a 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão
vão da viga de aço, e ambos têm um comportamento similar ao de ½ vão, sendo os valores da defor-
mação ligeiramente inferiores. A deformação máxima é de 4,65mm (valor que resulta da média entre
os 2 valores registados Figura
em cada44 - Deformação a 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão
defletómetro).
DEFLETÓMETROS 1/4 VIGA METÁLICA
Def. 1/4 dir Def. 1/4 dir
CARGA - F [kN]

150,00

120,00

90,00

68,40
60,00

Pós-esforço
30,00

Figura 45- Dia- 2,16


0,00
0,00 grama carga- 2,00 4,00 6,00
deformação DEFORMAÇÃO - a [mm]
registada a carga-deformação a 1/4 vão da viga metálica
Fig. 100 – Diagrama
1/4 de vão
viga de metá-
Com base nas deformações da viga metálica é possível determinar as forças instaladas na mesma ao
lica
longo ensaio. No capítulo 3 conclui-se que:
11 𝐹 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎
Figura
𝑙3
× Dia-
46-
𝑎𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑘𝑁
𝑎 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 = × = 0,079 × 𝐹𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 ↔ 𝐹𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 =
384 𝐸𝑠 × carga-de-
grama 𝐼𝑠 0,079 𝑚𝑚
formação regis- (𝐸𝑞. 28)
tada a 1/4 de vão
viga de metálica
A partir da equação demonstrada podemos obter as forças instaladas na viga de betão: (𝐸𝑞. 28)

Figura 47- Dia-


𝐹 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 = 𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝐹 𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 (𝐸𝑞. 29)
28)
grama carga-
deformação Figura 49-
(𝐸𝑞. 28)
registada
O gráfico seguinte demonstra a aplicada no sistema de ensaio ao longo tempo, em segundos,
a força Força no
1/4 de navão
assim como as forças instaladas viga de betão e viga metálica. Como podemos ver pelo diagrama o
sistema de
ensaio foi levado até aoviga dede
nível metá-
carga 125,3kN, e também podemos observar o impacto que o pós-
ensaio ao
lica a viga de betão, permitindo transferir as cargas a que está sujeita
esforço aplicado tem sobre para do
longo a
viga metálica possibilitando resistir a cargas superiores. tempo
Figura 48- Dia- (𝐸𝑞. 29)
grama carga-
deformação Figura 50-
Força no sis-
registada a
tema de en-
1/4 de vão saio ao longo
viga de metá- do tempo
lica 71

Figura 51-
FORÇA ENSAIO FORÇA VB FORÇA TOTAL FORÇA VM

140,00
CARGA - F [kN]

125,3 kN
120,00

100,00

Fim da aplicação
80,00 do pós-esforço
Início da 76,7 kN
aplicação do
60,00 pós-esforço
50,8 48,5 kN
40,00 37,2 kN

20,00

0,00
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
TEMPO - t [s]

Fig. 101 – Força no sistema de ensaio ao longo do tempo.

• Determinação da força de pós-esforço

No ensaio 2, o valor do pós-esforço aplicado pode ser determinado analisando a sequência do carre-
gamento. Inicialmente foi aplicada carga na viga de betão (Fig. 102.a) F1 = 49,9 kN. A aplicação subse-
quente do pós-esforço P (Fig. 102.b), através do aperto dos varões roscados, causa uma reação do
sistema de aplicação da carga que corresponde ao incremento da força de F1 = 49,9kN para F2 = 68,4kN
(Fig. 102.c):
△ F = 𝐹2 − 𝐹1 = 68,4 – 49,9 = 18,5 kN (𝐸𝑞. 30)

(𝐸𝑞.
Esta força é repartida entre a viga de betão (Fb) e a viga de aço (Fa), proporcionalmente à 27)
rigidez
das respetivas vigas:
• na viga de betão (Fig. 102.d) Fb = F x kb / (ka + kb) (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞.30)
31)

• e na viga de aço (Fig. 102.e) Fa = F x ka / (ka + kb) (𝐸𝑞.


(𝐸𝑞. 32)
(𝐸𝑞.27)
27)

(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞.30)
30)

(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞.27)
27)

(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞.30)
30)

(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞.27)
27)

(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞.27)
30)
Onde ka e kb são, respetivamente, as rigidezes das vigas de aço e de betão aos deslocamentos nos
pontos de aplicação das cargas.

F F
F1 F1 P P
P P

(a) (b) (c)

Fb Fb Fa Fa

(d) (e)

- viga de betão - viga de aço

Fig. 102 - Determinação do valor de pós-esforço no ensaio 2.

Numa situação de reforço, em que não existe reação à aplicação do pós-esforço, a força F é nula. As
rigidezes das vigas de aço e de betão, relativas às deformações a meio vão (k a1/2 e kb1/2) podem ser
determinadas através dos resultados do ensaio. Assim:
• para a viga de betão, a sua rigidez experimental, após a fendilhação, é a razão entre a carga
F1 = 49,9kN e o respetivo deslocamento a meio vão subtraído do deslocamento residual cau-
sado pelo ensaio 1: kb1/2 = 49,9kN / (18,4mm-3,6mm) = 3,4kN/mm;

• e para a viga de aço é a razão entre a força na viga de aço FA = 37,2kN, determinada através
do cálculo da deformação a maio vão de 2,9mm, obtida considerando o seu comportamento
elástico linear: ka1/2 = 37,2kN / 2.9mm = 12,8kN/mm.

Considerando que a rigidez relativa nos pontos de aplicação da carga (a ¼ do vão) é igual à rigidez
relativa a meio vão, obtém-se a rigidez relativa de cada uma das vigas:

ka / (ka + kb) = ka1/2 / (ka1/2 + kb1/2) = 12,8 / (12,8+,4) = 0,79 (𝐸𝑞. 33)
e
kb / (ka + kb) = kb1/2 / (ka1/2 + kb1/2) = 3,4 / (12,8+3,4) = 0,21 (𝐸𝑞. 27)
34)
Então:
Fa = F x 0,79 = 18.5 x 0,79 = 14,6kN (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 35)
30)
27)
e
27)
(𝐸𝑞. 36)
30)
Fb = F x 0,21 = 18,5 x 0,21 = 3,9kN

30)
(𝐸𝑞. 27)
73
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 27)
Assim, a força de pós-esforço (P) será dada pela força na viga de aço (FA = 37.2kN) deduzida da força
correspondente à reação do sistema de carregamento do ensaio:

P = 𝐹𝐴 − △ 𝐹𝑎 = 37,2 – 14,6 = 22,6 kN (𝐸𝑞. 37)

(𝐸𝑞. corres-
Após a aplicação do pós-esforço, a força atuante na viga de betão (FB), tendo em conta a força 27)
pondente à reação do sistema de ensaio e o pós-esforço, será:
(𝐸𝑞. 30)

𝐹𝐵 = 𝐹1 − △ 𝐹𝑏 − P = 49,9 + 3,9 − 22,6 = 31,2 kN (𝐸𝑞. 38)


(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 27)
• Extensões
(𝐸𝑞. 27)
O extensómetro é um sensor que permite medir a extensão na viga metálica, tendo sido determinada
(𝐸𝑞. 30)
através da utilização de 2 extensómetros colocados a ½ vão do banzo superior da mesma. O diagrama
(𝐸𝑞. 30)
seguinte representa a extensão da viga metálica no decorrer do ensaio considerando a média das ex-
(𝐸𝑞. 27)
tensões médias com os 2 extensómetros.
(𝐸𝑞. 27)

EXTENSÕES VIGA METÁLICA (𝐸𝑞. 30)


150,00
CARGA - F [kN]

(𝐸𝑞. 27)
120,00

90,00
68,40
60,00

Pós-esforço
30,00

185,1
0,00
0,00 200,00 400,00 600,00
Fi- EXTENSÕES - Ɛ [µm/m]

gura
Fig. 103 – Diagrama carga-extensões na viga metálica
53-
Dia-
gra
ma
carg
a-
ex-
ten-
são
4.3 Comparação de resultados
Ao longo deste capítulo foi possível comprovar as melhorias associadas à utilização da técnica de re-
forço. A tabela seguinte sumariza as principais evidências retiradas deste estudo no âmbito da defor-
mação, fendilhação e capacidade resistente:

Tabela 20- Comparação global dos resultados

SITUAÇÃO ANTES DO REFORÇO SITUAÇÃO APÓS O REFORÇO


Através da aplicação de pós-esforço, com um
Com a aplicação de carga a 50kN a 1/4
valor de 37,2kN, reduziu-se a flecha a 1/2 vão
de vão, foi obtido um valor de defor-
DEFORMAÇÃO de 18,40mm para cerca de 15,20mm. O valor
mação a 1/2 vão correspondente a
de flecha de 18,40mm, apenas se registou
18,40mm.
com uma carga aplicada de 125kN.
Com a aplicação de carga a 50kN a 1/4 Com a aplicação do reforço não foi possível
FENDILHAÇÃO de vão, foi obtido um valor máximo da identificar aumento da abertura das fendas
abertura de fendas de 0,30mm. em qualquer nível de carga.

O valor médio do momento resistente


de cálculo da viga de betão foi deter-
Com aplicação do reforço incorporando a viga
minado previamente e obteve-se um
metálica, o ensaio foi levado até ao nível de
CAPACIDADE valor de 80,05kNm. Relativamente ao
carga de 125kN, que corresponde a uma
RESISTENTE esforço transverso resistente obteve-
carga muito superior à carga de rotura da viga
se um valor de 84,04kN, que corres-
de betão.
ponde a uma carga máxima de
80,05kN.

75
5 R ECOMENDAÇÕES

5.1 Introdução
Neste capítulo, é apresentado no formato de 'recomendações' de apoio ao projeto, os aspetos mais
relevantes para a conceção e dimensionamento da solução de reforço com pós-esforço exterior des-
crita ao longo desta dissertação. O objetivo é essencialmente incentivar a utilização desta técnica.

5.2 Situações em que a técnica de reforço se demonstra adequada


A técnica de reforço com pós-esforço de viga metálica através de varões roscados, pode ser adotada
em diversas situações e em diferentes elementos de betão armado. Como já demonstrado nos capítu-
los anteriores, esta técnica foi aplicada tanto em vigas como em lajes, pelo facto de a viga metálica
permitir vencer grandes vãos. A utilização da técnica de pós-esforço exterior é adotada quando:
• É necessário aumentar a resistência da estrutura, devido a erros de projeto dos elementos de
betão armado ou a alteração de funções dos edifícios que implicam maiores sobrecargas;

• É necessário corrigir um comportamento em serviço deficiente, fendilhação e/ou deformações


excessivas dos elementos de betão armado. Quando comparado com o pós-esforço de cabos
de aço, a técnica estudada nesta dissertação tem a vantagem de não ser necessário a utilização
de ancoragens para aplicação de pós-esforço, o que de um ponto de vista construtivo requer
menos trabalho na execução do reforço.

Esta técnica pode ser utilizada tanto como reforço em relação aos estados limites últimos como aos
estados limites de utilização. Antes de qualquer aplicação do reforço, é necessário identificar as
anomalias e analisar se a técnica de reforço tratada nesta dissertação é eficiente na correção das
patologias.

77
5.3 Pré-Dimensionamento
O pré-dimensionamento do reforço a aplicar está intimamente ligado aos estados limite último e uti-
lização. Os materiais a serem utilizados no reforço têm impacto na eficiência do mesmo. Esta escolha
deve estar de acordo com o tipo de anomalias encontradas nas estruturas, neste subcapítulo será
analisada a escolha dos materiais a utilizar neste tipo de reforços, mais especificamente:
• Viga Metálica;
• Varões roscados.

Viga Metálica
A escolha da viga metálica está dependente de diversos fatores, e devem ser tidos em conta:
• Momento resistente;
• Esforço transverso resistente;
• Encurvadura;
• Dimensões;
• Condições de apoio da viga.

O momento resistente da viga metálica é um importante fator no reforço da estrutura, para tal é ne-
cessário perceber que forças estão a ser aplicadas na estrutura de modo que seja possível escolher
perfil a utilizar. O momento resistente inferior da viga/laje de betão em conjunto com o momento
resistente da viga metálica, devem ser superiores ao momento atuante provocado pelas cargas apli-
cadas na estrutura, respeitando a condição imposta pelo EC0 [20]:

𝑅𝑑 ≥ 𝐸𝑑 (𝐸𝑞. 39)

Para tal, a determinação do valor de cálculo do momento resistente da viga metálica pode(𝐸𝑞.
ser 27)
obtido
pelas fórmulas descritas no EC3 [16]:

(𝐸𝑞. 30)
𝑊𝑝𝑙 ×𝑓𝑦
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑀𝑝𝑙,𝑅𝑑 = 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 1 e 2; (𝐸𝑞. 40)
𝑊𝑒𝑙,𝑚𝑖𝑛 ×𝑓𝑦
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑀𝑒𝑙,𝑅𝑑 = 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 3; (𝐸𝑞. 41)
(𝐸𝑞. 27)
𝑊 ×𝑓𝑦
(𝐸𝑞. 29)
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑒𝑓𝑓,𝑚𝑖𝑛 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 4. (𝐸𝑞. 42)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
29)
Sendo que: (𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
▪ 𝑊𝑒𝑙,𝑚𝑖𝑛 , 𝑊𝑒𝑓𝑓,𝑚𝑖𝑛 , se referem à fibra da secção onde a tensão elástica
(𝐸𝑞. é mais
(𝐸𝑞. 27)
32)
elevada; (𝐸𝑞. 29)
▪ 𝑓𝑦 é a tensão de cedência do aço; (𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
29)
▪ 𝛾𝑀0 = 1, corresponde a um coeficiente parcial de seguranças para Edifícios.
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
As classes das secções transversais podem ser determinadas com base no Quadro 5.2 do(𝐸𝑞. EC3,27)
(𝐸𝑞. parte
32)
(𝐸𝑞. 29)
1.1. [16]. O valor de cálculo do momento resistente necessita de ser calculado tendo em conta os furos
(𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞. 29)
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 32)
(𝐸𝑞. 29)
(𝐸𝑞. 33)
aplicados no perfil, no caso da técnica de reforço tratada na presente dissertação é necessário descon-
tar a área dos furos executados, para ligação dos varões roscados às chapas de base que se encontram
na parte inferior da viga de betão.
O esforço transverso resistente também se apresenta como uma importante condição para a escolha
da viga metálica. Relativamente ao esforço transverso, a situação é similar ao do momento resistente,
ainda assim, a forma cálculo referente ao mesmo, na ausência de torção, rege-se pela seguinte expres-
são [16]:
𝑓𝑦
𝐴𝑣 × ( )
𝑉𝑝𝑙,𝑅𝑑 = √3 (𝐸𝑞. 43)
𝛾𝑀0

Sendo que: Figura 57-


▪ 𝐴𝑣 , é a área de corte do perfil; Compor-
▪ 𝑓𝑦 é a tensão de cedência do aço; tamento
▪ 𝛾𝑀0 = 1, corresponde a um coeficiente parcial de seguranças para
daEdifícios.
viga
metálica
A força resistente do sistema “viga metálica + viga de betão”, será inferior à soma dos esforços trans-
versos resistentes das duas vigas. ao ser
Ao ser aplicado o pós-esforço iremos provocar uma deformação na viga, sendo que terá de ser verifi-
aplicado
cado à priori se a encurvadura da viga metálica respeita as condições indicadas no EC3 [16].
pré-es-
forço
[14]
(𝐸𝑞. 31)

(𝐸𝑞. 34)
Fig. 104 - Comportamento da viga metálica ao ser apli-
cado pós-esforço [14]
Figura 58-
Segundo o EC3 parte 1.1. [16], um elemento sem travamento lateral e solicitado à flexãoCompor-
em relação
ao eixo principal de maior inércia deverá ser verificado à encurvadura lateral através de: tamento
𝑀𝐸𝑑 da viga
≤ 1,0 (𝐸𝑞. 44)
𝑀𝑏,𝑅𝑑
metálica
Sendo que,
ao ser
(𝐸𝑞. 32)
• 𝑀𝐸𝑑 – Valor de cálculo momento fletor atuante; aplicado
• 𝑀𝑏,𝑅𝑑 – Valor de cálculo do momento fletor resistente à encurvadura.
pré-es-
(𝐸𝑞. 35)
O momento fletor resistente à encurvadura, 𝑀𝑏,𝑅𝑑 , pode ser determinado pela seguinte expressão:
forço
𝑓𝑦 [14]
(𝐸𝑞. 32)
𝑀𝑏,𝑅𝑑 = 𝜒𝐿𝑇 × 𝑊𝑦 × (𝐸𝑞. 45)
𝛾𝑀1
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 35)
(𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞. 34)
(𝐸𝑞. 32)
(𝐸𝑞. 36)
Figura 59-
79 Compor-
(𝐸𝑞. 35)
(𝐸𝑞. 33)
tamento
(𝐸𝑞. 32)
da viga
(𝐸𝑞. 36)
Em que,
• 𝑊𝑦 – Módulo de flexão que pode ser determinado através 6.3.2.1 (3), do EC3 parte 1.1. [16];
• 𝜒𝐿𝑇 – Coeficiente de redução para resistência à encurvadura lateral, que pode ser determinado
através 6.3.2.2 (1), do EC3 parte 1.1. [16].

Relativamente às dimensões da viga metálica, as mesmas não devem comprometer a arquitetura do


edifício, sendo que quando se aplica qualquer tipo de reforço pretende-se que seja sempre o menos
intrusivo possível.

Varões Roscados
Os varões roscados ao serem sujeitos a pós-esforço tende a ser sujeito a forças de compressão. Para o
pré-dimensionamento dos varões roscados é necessário calcular a resistência ao punçoamento da
chapa de base, sendo que estas forças resistentes têm de ser superior à força de pré-esforço aplicada.
A resistência ao punçoamento da chapa, segundo o EC3 parte 1.8. [17] pode ser determinada por:

0,6 × 𝜋 × 𝑑𝑚 × 𝑡𝑝 × 𝑓𝑢,𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 (𝐸𝑞. 46)


𝐵𝑝,𝑅𝑑 =
𝛾𝑀2
Em que:
(𝐸𝑞. 33)
▪ 𝑑𝑚 – Diâmetro médio da cabeça do parafuso e da porca;
▪ 𝑡𝑝 – Espessura chapa de base;
▪ 𝑓𝑢,𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 – Resistência da chapa; (𝐸𝑞. 37)
▪ 𝛾𝑀2 = 1,25 - Corresponde a um coeficiente parcial de segurança.
(𝐸𝑞. 33)
5.4 Perdas de Pós-esforço
(𝐸𝑞. 37)
Segundo o EC2, as perdas de pós-esforço podem ser divididas em 2 classes de perdas: perdas instan-
tâneas e perdas diferidas. As perdas instantâneas são as perdas que se verificam durante (𝐸𝑞.
a aplicação
33)
do pós-esforço num elemento de betão, enquanto as perdas diferidas verificam-se após a execução
do pós-esforço.
(𝐸𝑞. 37)
Neste subcapítulo é pretendido analisar todos os possíveis casos de perda para a técnica de reforço
em questão.
(𝐸𝑞. 33)
Perdas Instantâneas
Como a força de pós-esforço aplicada nesta técnica é regulada através da deformação do elemento de
betão, podemos dizer que a força aplicada final é sempre uma carga após as perdas instantâneas. As
perdas instantâneas que ocorrem ao longo do pós-esforço do elemento podem ter várias causas, entre
as quais:
• Deformação dos varões roscados, devido à aplicação de pós-esforço;
• Folgas nas ligações da viga de betão/viga metálica;
• Deformação da argamassa utilizada para o apoio das chapas de base;
• Deformações nos apoios da viga metálica.

Estas perdas de pós-esforço são eliminadas pelo método de controlo da força de pós-esforço usado,
como se descreve na secção 5.5.

Perdas Diferidas
As perdas diferidas, em pós-esforço, podem ser causadas pela deformação do betão sob ações de car-
gas permanentes devido à fluência, à retração e efeito de distribuição de cargas.
Nesta técnica de reforço não se pressupõe que as perdas causadas pela fluência e retração do betão
sejam as mais condicionantes, devido ao facto destes fenómenos ocorrerem principalmente nos pri-
meiros anos de vida do betão. Partindo do princípio de que este tipo de reforço é aplicado após alguns
anos da construção da estrutura, o efeito da fluência passa a ter um impacto muito reduzido. Através
do Anexo B do EC2 [6], é possível calcular o coeficiente de fluência para uma dada idade do betão t,
traduzido em dias, e comprovar este mesmo facto.
O coeficiente de fluência, ϕ (t ∞ , 𝑡0 ), pode ser calculado a partir da seguinte expressão [6]:
𝜑 (t ∞ , 𝑡0 ) = 𝜑0 × 𝛽𝑐 (t ∞ , 𝑡0 ) (𝐸𝑞. 47)
Sendo que,
• 𝜑0 - Coeficiente de fluência e pode ser calculado a partir de: 𝜑0 = 𝜑𝑅𝐻 · 𝛽(𝑓𝑐𝑚Figura
) · 𝛽( 61
𝑡0 );-
Diagrama
• ϕ𝑅𝐻 - Fator que tem em conta a influência da humidade relativa (RH) no coeficiente
da de fluên-
evolu-
cia:
ção do co-

▪ 𝜑𝑅𝐻 = 1 +
1−𝑅𝐻/100
, para 𝑓𝑐𝑚 ≤ 35 𝑀𝑃𝑎; eficiente
0,1 × 3√ℎ0
𝑅𝐻 de fluência
1−
▪ 𝜑𝑅𝐻 = [1 + 100
3 × α1 ] × α2 , para 𝑓𝑐𝑚 > 35 𝑀𝑃𝑎; ao longo
0,1 × √ℎ0
do
2𝐴𝑐
• ℎ0 - Espessura equivalente do elemento, em mm, ℎ0 = 𝑢
, em que 𝐴𝑐 é a área da secção do
tempo
betão e 𝑢 é o seu perímetro. (𝐸𝑞. 36)

• β (𝑓𝑐𝑚 ) - fator que tem em conta a influência da resistência do betão no coeficiente de flu-
(𝐸𝑞. 38)
ência convencional:

81 Figura 62 -
Diagrama
da evolu-
16,8
▪ β(𝑓𝑐𝑚 ) = , onde 𝑓𝑐𝑚 é valor médio da tensão de rotura do betão à
√𝑓𝑐𝑚
compressão, em MPa, aos 28 dias de idade;

• β(𝑡0 ) - fator que tem em conta a influência da idade do betão à data do carregamento (pós-
esforço) no coeficiente de fluência:

1
▪ β(𝑡0 ) = (0,1+ 𝑡0 0,20 )
,onde 𝑡0 corresponde à idade do betão, em dias, à data
do carregamento (pós-esforço).

• βc (t ∞ , 𝑡0 ) - coeficiente que traduz a evolução da fluência no tempo, após o carregamento, e


que pode ser estimado pela seguinte expressão:

(t∞ − 𝑡0 ) 0,3
▪ βc (t ∞ , 𝑡0 ) = [ ]
(𝛽𝐻 + t∞ − 𝑡0 )

• t ∞ - Corresponde tempo de vida útil do betão de 50 anos (≈


18250 𝑑𝑖𝑎𝑠);

• β𝐻 - coeficiente que depende da humidade relativa (RH em %) e da


espessura equivalente do elemento (ℎ0 em mm). Pode ser estimado
a partir de:
▪ 𝛽𝐻 = 1,5 × [1 + (0,012 × RH)18 ] × ℎ0 + 250 ≤
1500 , para 𝑓𝑐𝑚 ≤ 35 𝑀𝑃𝑎;

▪ 𝛽𝐻 = 1,5 × [1 + (0,012 × RH)18 ] × ℎ0 + 250α1 ≤


1500 , para 𝑓𝑐𝑚 > 35 𝑀𝑃𝑎;

• α - Coeficientes que têm em conta a influência da resistência do betão:

35 0,7 35 0,2 35 0,5


▪ α1 = [𝑓 ] ; α2 = [ 𝑓 ] ; α3 = [ 𝑓 ] .
𝑐𝑚 𝑐𝑚 𝑐𝑚

Considerando a humidade relativa no interior dos edifícios aproximadamente igual a RH=50%, e


𝑓𝑐𝑚 = 37,50MPa, tal como calculado no 3º capítulo. No gráfico seguinte podemos observar a variação
do coeficiente de fluência, para a viga estudada nesta dissertação com cimento normal, até ao seu
período útil de vida de 50 anos (≈ 18250 𝑑𝑖𝑎𝑠), podendo concluir que o coeficiente de fluência é des-
prezável, visto que começa a tomar um valor próximo zero a partir do 5º ano (≈ 1825 𝑑𝑖𝑎𝑠).
COEFICIENTE DE FLUÊNCIA - ϕ(t∞,t0)
3,00
Coeficiente de fluência - ϕ

2,50

2,00

1,50

1,05
1,00

0,50

1825
0,00
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000

Idade do betão no momento do carregamento - t_0 [dias]

Fig. 105 - Diagrama que traduz o coeficiente de fluência ao longo do tempo

5.5 Processo de aplicação do pós-esforço


Neste sub-capítulo irá ser abordado e detalhado a aplicação correta do pós-esforço, para tal aquando
da aplicação da técnica de reforço deve ser respeitada a seguinte metodologia:

a) Montagem dos apoios da viga metálica (Fig. 105), podendo ser, por exemplo:
i. consolas curtas aos pilares de betão (ver exemplo Edifício Visconde de Alva-
lade cap. 2.5);
ii. montagem de novos pilares metálicos para apoio das vigas (ver exemplo do
Edifício dos Bombeiros da Trafaria cap. 2.5);
iii. suspensão das extremidades da viga de betão;

b) Montagem da viga metálica, incluindo varões roscados para aplicação do pós-esforço e das
chapas de ligação destes à viga de betão (Fig. 105);

83
Fig. 106 – Esquema da montagem viga metálica

c) Montagem de uma viga metálica, com o comprimento da viga metálica de reforço e menor
secção transversal, apoiada junto das extremidades da viga de reforço, e dois defletómetros
colocados a 1/4 vão, ou outro sistema equivalente que permita controlar a deformação da viga
metálica de reforço;

d) Aplicação do pós-esforço por aperto dos varões roscados, controlando a força através da de-
formação da viga metálica, até se atingir o valor especificado no projeto;

e) Remoção do sistema de medição das deformações e selagem das deformações impostas com
argamassa de alta resistência entre a viga metálica e a viga de betão;

f) Proteção anticorrosiva e proteção contra o fogo dos elementos metálicos. Se necessário por
razões estéticas, revestimento dos elementos metálicos com gesso cartonado ou equivalente.
85
6 C ONCLUSÕES

6.1 Considerações Finais


O objetivo principal da presente dissertação foi a validação científica de uma técnica de reforço, que
implica o reforço de uma viga de betão armado com viga metálica com aplicação de pós-esforço atra-
vés de varões roscados. Com a análise de diversa bibliografia, realização de ensaios e análise dos re-
sultados dos mesmos é possível apresentar os aspetos mais relevantes para a execução da técnica de
reforço, como a aplicação de pós-esforço através de varões roscados. Através da realização de ensaios
experimentais, ainda que não tivesse sido levado à situação de rotura, foi possível concluir que o re-
forço de vigas de betão armado com vigas metálicas pós-esforçadas por varões roscados é uma técnica
eficaz para melhorar o comportamento do elemento de betão relativamente à deformação, fendilha-
ção e capacidade de carga.
A utilização de varões roscados para aplicação de pós-esforço na viga de betão, permite ajustar a força
aplicada de acordo com as necessidades específicas de cada estrutura, tendo em conta as deformações
e fissuras que apresenta, proporcionando assim um método de reforço flexível e versátil. Esta adap-
tabilidade torna esta técnica de reforço inovadora e particularmente adequada para estruturas exis-
tentes, onde as condições e restrições podem variar. A implementação do reforço requer uma análise
cuidadosa e detalhada das condições de carga, geometria da estrutura, propriedades dos materiais e
ainda das anomalias existentes.
Através dos ensaios experimentais foi possível reduzir as deformações e fendilhação existentes na viga
de betão. Com a aplicação de uma força de pós-esforço com o valor de 37,2kN foi possível diminuir as
deformações da viga em cerca de 3,20mm e reduzir a abertura de fendas existentes. Com esta técnica
de reforço também se constatou que existe uma transferência de cargas da viga de betão para a viga
metálica, o que permite a melhoria da capacidade resistente da viga podendo resistir, no caso anali-
sado, a cargas 2 vezes superiores.
Em suma, os resultados obtidos nesta dissertação demonstraram que o reforço de vigas de betão ar-
mado com pós-esforço, usando vigas metálicas, é uma solução viável e eficiente para melhorar a ca-
pacidade de carga e a rigidez dessas estruturas. A aplicação desta técnica pode contribuir para a rea-
bilitação e aumento da vida útil de estruturas de betão existentes, promovendo a segurança e a sus-
tentabilidade das construções.
6.2 Desenvolvimentos Futuros
Na sequência do trabalho experimental realizado apresentam-se as seguintes sugestões para traba-
lhos futuros:
• Realização do ensaio em questão até à rotura, e posterior análise de resultados;
• Realização do reforço estudado nesta dissertação num painel de laje, e posterior análise de
resultados.

87
7 B IBLIOGRAFIA

[1] Sena- Cruz J.; Michels J.; Harmanci Y.; Correia L. (2015): Flexural Strengthening of RC Slabs with
Prestressed CFRP Strips Using Different Anchorage Systems. Mdpi Journal Polymers. Switzerland, 2015.

[2] Motavalli M.; Ghafoori E.; Shahverdi M.; Michels J.; Czaderski C. (2016): Presstressing systems for
strengthening of concrete and Metallic Structures: Recent Developments at EMPA, Switzerland. Re-
searchGate. Switzerland, 2016.

[3] Costa, A.: Reforço com pré-esforço exterior, Folhas de apoio às aulas de Reabilitação e Reforço de
estruturas, Instituto Superior Técnico. Lisboa.

[4] Preto, P. (2014): Guidelines for External Prestressing as Strengthening Technique for Concrete
Structures. Instituto Superior Técnico. Lisboa, 2014.

[5] Preto, P. (2014): Aplicação de Pré-Esforço Exterior como Técnica de Reforço de Estruturas de Betão.
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. Lisboa,
2014.

[6] EN1992-1-1, NP. (2010), Eurocódigo 2 - Projeto de Estruturas de Betão, Parte 1.1: Regras Gerais e
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[7] Chastre, C. (2015): Reparação e Reforço de Estruturas de betão armado com compósitos FRP. UNIC-
Centro de Investigação de Estruturas e Construção da UNL. Lisboa, 2015.

[8] Nordin H. (2005): Strengthening structures with externally prestressed tendons. Luleå University of
Technology. Luleå, 2005.

[9] Marchão C., Appleton J. (2004): Betão Armado e Pré-esforçado II, Folhas de apoio, Módulo-1 – Pré-
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[10] Lúcio V.; Pinho Ramos A. (2000): Reparação e Reforço do Viaduto da Fonte Nova, Encontro nacio-
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[11] A2P CONSULT - Estudos e Projectos, Lda: Reforço e Reparação Ponte Edgar Cardoso. Disponível
em https://www.a2p.pt/.

[12] CivilSer – Estudos e Projectos de Engenharia, Lda: Reforço e Reparação viaduto 2ª circular Av.
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[13] Lúcio V.; Ferreira J. (2014): Reforço de Estruturas por alteração do Sistema Estrutural, SILE2011-
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[14] Lúcio V.; Ferreira J.; Faria D.; Ramos A. (2014): Reabilitação estrutural de Edifícios com pós-esforço,
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[15] VSL International Ltd., Catálogo.

[16] NP EN 1993-1-1 2010, Eurocódigo 3- Projeto de estruturas de aço, Parte 1.1: Regras gerais e regras
para edifícios. Instituto Português da Qualidade.

[17] NP EN 1993-1-8 2010, Eurocódigo 3- Projeto de estruturas de aço, Parte 1.8: Projeto de ligações.
Instituto Português da Qualidade.

[18] Lúcio V. (2018): Estruturas de Betão Armado I, 10- Estados Limites de Deformação. FCT-UNL. Lis-
boa, 2018.

[19] Cardoso S. (2017): Comparação dos valores da resistência do betão à compressão obtidos através
de ensaios em provetes cúbicos e cilíndricos, Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Enge-
nharia Civil, FCT-UNL. Lisboa, 2017.

[20] NP EN 1990 2009, Eurocódigo 0 – Bases para o projeto de estruturas. Instituto Português da
Qualidade.

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2023 TOMÁS LUZ Reforço de vigas de betão armado com pós-esforço aplicado com recuso a vigas metálicas

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