Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
<NOME DO DEPARTAMENTO>
v
Para os meus pais, Isabel e Henrique
vii
A GRADECIMENTOS
Esta dissertação marca o final de uma etapa académica e o início de muitas aventuras, resta-me com
esta secção exprimir a minha gratidão para com todas as pessoas que tornaram isso possível.
Ao meu orientador, Professor Doutor Válter Lúcio, gostaria de agradecer todos os ensinamentos,
apoio, disponibilidade e compreensão. À Professora Doutora Ana Rita Gião, co-orientadora da disser-
tação, agradecer todo o incentivo, ajuda e ensinamentos ao longo de todo este processo.
Gostaria de exprimir também o meu reconhecimento aos técnicos de laboratório, Senhor Jorge Silvério
e o Engº Vinicius Cordeiro, por todo o trabalho realizado, assim como, a paciência e a partilha de mo-
tivação por este projeto.
Agradecer também a todo o corpo docente da FCT-UNL, em especial a todos os Professores do DEC
(Departamento de Engenharia Civil) que me acompanharam e guiaram ao longos destes 5 anos.
Manifesto o meu agradecimento à Concremat-Prefabricação e Obras Gerais Sa., pelo material dispo-
nibilizado para realização dos ensaios laboratoriais.
Agradeço a todos os meus colegas de curso, em especial ao Afonso, André, Duarte A., Duarte F. e Tiago
por toda a amizade. Uns verdadeiros “Companheiros de Guerra”.
À minha família, em especial aos meus pais e à minha irmã, agradecer todos os sacrifícios que fizeram
e que fazem diariamente por mim. Obrigado por acreditarem em mim.
ix
“O sonho comanda a vida.” (António Gedeão)
R ESUMO
O pós-esforço exterior é uma técnica de reforço de estruturas que tem sido amplamente estudada e
aplicada nas últimas décadas. Esta técnica pode ser utilizada no reforço exterior de estruturas existen-
tes, a fim de melhorar a sua capacidade resistente e o seu comportamento em serviço.
Esta dissertação compreende a realização de um trabalho experimental, de forma a validar uma téc-
nica de reforço inovadora de elementos de betão com viga metálica pós-esforçada através de varões
roscados. A montagem, execução e os resultados do ensaio são temas analisados com detalhe ao longo
desta dissertação.
Os resultados obtidos demonstram que o pós-esforço exterior conseguido através de varões roscados,
colocados na viga metálica de reforço, aumenta significavamente a capacidade de carga das vigas de
betão reforçadas, reduz as deformações e a fendilhação. Este sistema de reforço não altera a resistên-
cia dos elementos estruturais, mas altera o modo com as cargas são encaminhadas para os apoios da
estrutura, permitindo resistir a cargas superiores.
Este estudo contribui para o avanço do conhecimento sobre o pós-esforço exterior e destaca a aplica-
ção especifica de pós-esforço através de varões roscados no reforço de vigas de betão. Os resultados
e análises podem ser úteis para profissionais da área na execução de projetos de reforço.
Palavas chave: Reforço com pós-esforço, estruturas de betão armado, reforço com viga metálica.
xi
A BSTRACT
Exterior post-tension is a structural strengthening technique that has been widely studied and applied
in recent decades. This technique can be used as external strengthening of existing structures, to im-
prove their resistance capacity and their behavior in service.
This dissertation is based on an experimental work, to validate one innovative technique for strength-
ening concrete elements with a post-tensioned steel beam using threaded rods. The assembly, execu-
tion and test results are analyzed in detail throughout this dissertation.
The results obtained demonstrate that the external post-stress achieved through threaded rods,
placed in the steel beam, significantly increases the load capacity of the concrete beams, reduce de-
formations and cracking.
This study contributes to the advancement of knowledge about external post-tensioning and highlights
the specific application of post-tensioning through threaded rods in the reinforcement of concrete
beams. The results and analyzes presented may be useful for engineers of services when carrying out
strengthening.
Keywords: Strengthening with post-tension, reinforced concrete structures, strengthening with steel
beam.
xiii
Í NDICE
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.2 Objetivos...................................................................................................................... 2
Aço ............................................................................................................................... 7
xv
1º ensaio – Carregamento viga de betão armado..................................................... 38
5 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 77
Perdas Diferidas......................................................................................................... 81
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 86
7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 88
Í NDICE DE F IGURAS
xvii
Fig. 27 - Vista das vigas do viaduto reforçadas..................................................................................... 21
Fig. 28- Pormenor das zonas de aplicação do pós-esforço .................................................................. 21
Fig. 29 - Pormenor das ancoragens ...................................................................................................... 21
Fig. 30 - Ancoragem de FRP, cavidade cónica [5] ................................................................................. 22
Fig. 31 - Ancoragem de FRP, sistema cunhas [5] .................................................................................. 22
Fig. 32 - Diagrama carga-deformação das vigas ensaiadas [2] ............................................................. 23
Fig. 33 - Sistema de ensaio das lajes [1] ............................................................................................... 24
Fig. 34 - Diagrama tensão-deformação que compara o comportamento do adesivo epoxy com
ancoragem mecânica e gradiente [1] .................................................................................................... 25
Fig. 35 – Ponte na Polónia reforçada no âmbito do projeto "Tulcoempa" [2] ..................................... 26
Fig. 36 – Pormenor ponte na Polónia reforçada no âmbito do projeto "Tulcoempa" [2] ................... 26
Fig. 37 - Vista geral do sistema de pós-esforço .................................................................................... 27
Fig. 38 - Pormenor do sistema de aplicação de pós-esforço ................................................................ 27
Fig. 39 - Aplicação do pós-esforço ........................................................................................................ 27
Fig. 40 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões roscados M20. [Projeto de reforço do Edifício
Visconde de Alvalade, Versor, Consultas, Estudos e Projetos Lda.] ...................................................... 28
Fig. 41 - Edifício Bombeiros Voluntários da Trafaria [13] ..................................................................... 29
Fig. 42 - Fendilhação nas paredes devido à deformação da laje [13] .................................................. 29
Fig. 43 - Alçado do edifício com solução de reforço com vigas metálicas [13] .................................... 30
Fig. 44 - Ação do pós-esforço na estrutura [13] ................................................................................... 30
Fig. 45 – Solução de reforço [13] .......................................................................................................... 31
Fig. 46 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões roscados [13] .......................................... 31
Fig. 47 - Vigas metálicas na cobertura [13] .......................................................................................... 31
Fig. 48 - Sistema de fixação das vigas metálicas na cobertura [13] ..................................................... 31
Fig. 49 - Alçado da viga de betão armado ............................................................................................ 34
Fig. 50 - Corte A-A' da viga de betão armado ....................................................................................... 34
Fig. 51 - Ensaio de compressão ............................................................................................................ 35
Fig. 52 - Valor de força de rotura do 1º provete .................................................................................. 35
Fig. 53 - Valor de força de rotura 2º provete ....................................................................................... 35
Fig. 54- Ensaio Compressão Diametral ................................................................................................. 36
Fig. 55 – Rotura provete ....................................................................................................................... 36
Fig. 56 - Valor de rotura registado no 1º provete ................................................................................ 37
Fig. 57 - Valor de força de rotura registado no 2º provete .................................................................. 37
Fig. 58 - Valor de força de rotura registado no 3º provete .................................................................. 37
Fig. 59 - Alçado do sistema de ensaio .................................................................................................. 39
Fig. 60 – Corte do Sistema do 1º ensaio ............................................................................................... 39
Fig. 61 - Apoios viga de betão............................................................................................................... 40
Fig. 62 - Fixação das bases de apoio para viga de betão através da aplicação de gesso ..................... 40
Fig. 63 – Transporte viga de betão ....................................................................................................... 40
Fig. 64 - Viga de betão posicionada ...................................................................................................... 40
Fig. 65 - Montagem das vigas metálicas de ensaio destinadas a aplicação de carga .......................... 41
Fig. 66 - Sistema de ensaio, 1º ensaio .................................................................................................. 41
Fig. 67 - Alçado Sistema de ensaio, 2º ensaio ...................................................................................... 42
Fig. 68 - Corte 1-1 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 43
Fig. 69 - Corte 2-2 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 43
Fig. 70 - Corte 3-3 do Sistema de ensaio, 2º ensaio ............................................................................. 44
Fig. 71 - Viga metálica perfil HEA240.................................................................................................... 44
Fig. 72 - Montagem da viga metálica na parte inferior da viga de betão ............................................ 45
Fig. 73 – Varões roscados ..................................................................................................................... 45
Fig. 74 – Chapa ligação varões roscados/ viga de betão ...................................................................... 45
Fig. 75 - Extensómetros ........................................................................................................................ 46
Fig. 76 - Sistema de ensaio do 2º ensaio .............................................................................................. 46
Fig. 77 - Parâmetros para cálculo da linha neutra [18] ........................................................................ 49
Fig. 78 - Diagrama carga-deformação viga de betão............................................................................ 53
Fig. 79 - Diagrama carga-fendilhação viga de betão ............................................................................ 55
Fig. 80 - Esquema comportamento conjunto viga betão- viga metálica .............................................. 56
Fig. 81 - Sistema do 1º ensaio .............................................................................................................. 59
Fig. 82 - Diagrama carga-deformação registado pelos 2 defletómetros a 1/2 vão (valores médios) .. 60
Fig. 83 - Diagramas carga-deformação registados pelos defletómetros a 1/4 de vão......................... 61
Fig. 84 - Fendilhação registada a 20kN ................................................................................................. 62
Fig. 85 - Fendilhação registada a 25kN ................................................................................................. 62
Fig. 86 - Fendilhação registada a 30kN ................................................................................................. 63
Fig. 87 - Fendilhação registada a 35kN ................................................................................................. 63
Fig. 88 - Fendilhação registada a 40kN ................................................................................................. 63
Fig. 89 - Fendilhação registada a 45kN ................................................................................................. 63
Fig. 90 - Fendilhação registada a 50kN ................................................................................................. 64
Fig. 91 - Diagrama carga- abertura de fendas registado no 1º ensaio ................................................. 65
Fig. 92 - Espaçamento entre fendas ..................................................................................................... 65
Fig. 93 - Posicionamento dos defletómetros........................................................................................ 66
Fig. 94 - Posicionamento dos extensómetros e do defletómetro a 1/2 vão da viga de betão ............ 66
Fig. 95 - Pormenor do varão roscado com porca e contra-porca......................................................... 66
Fig. 96 - Momento em que o ensaio foi interrompido, devido à instabilidade no sistema de ensaio . 67
Fig. 97 - Diagrama carga- deformação a 1/2 vão viga de betão, 2º ensaio .......................................... 68
Fig. 98 - Aplicação do pós-esforço ........................................................................................................ 69
xix
Fig. 99 - Diagrama carga-deformação 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão............................ 70
Fig. 100 – Diagrama carga-deformação a 1/4 vão da viga metálica..................................................... 71
Fig. 101 – Força no sistema de ensaio ao longo do tempo. ................................................................. 72
Fig. 102 - Determinação do valor de pós-esforço no ensaio 2. ............................................................ 73
Fig. 103 – Diagrama carga-extensões na viga metálica ........................................................................ 74
Fig. 104 - Comportamento da viga metálica ao ser aplicado pós-esforço [14] .................................... 79
Fig. 105 - Diagrama que traduz o coeficiente de fluência ao longo do tempo .................................... 83
Fig. 106 – Esquema da montagem viga metálica ................................................................................. 84
Í NDICE DE T ABELAS
xxi
GLOSSÁRIO
xxiii
S IGLAS
xxv
S ÍMBOLOS
Letras gregas
𝛼1 - Coeficiente 1
𝛼2 - Coeficiente 2
𝛼3 - Coeficiente 3
𝛼𝑐 - Coeficiente homogeneização
β - Correlação entre área armadura comprimida e tracionada
β𝑐 – Coeficiente que traduz a fluência no tempo
β𝐻 - Coeficiente que depende da humidade relativa e da espessura
β𝑝,𝑅𝑑 - Resistência ao punçoamento
y𝑚0 – Coeficiente parcial de segurança para a resistência de secções transversais para qualquer classe
y𝑚2 – Coeficiente parcial de segurança para a resistência à rotura de secções transversais em relação a
fenómenos de encurvadura
𝛿𝑐𝑟 - Deformação no início da fendilhação
𝛿𝑢 - Deformação última
𝛿𝑦 - Deformação cedência
𝜀𝑠 – Extensão no aço
𝜀𝑓,𝑝 – Pré-tensão no laminado de fibra de carbono
𝜀𝑓,𝑢 – Extensão tração no laminado de fibra de carbono
𝜀𝑐𝑚 – Extensão média do betão
𝜀𝑠𝑚 - Extensão média da armadura
𝜆- fator
𝜇- Momento reduzido
𝜇𝛿 - Coeficiente ductilidade
𝜇𝐹 - Fator de resistência
𝜌- Taxa de armadura tracionada numa secção de bteão
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 - Taxa da armadura em relação à área de betão tracionado
𝜎- Tensão
𝜎𝑠 - Tensão na armadura de tração
𝜔- Taxa mecânica de armadura tracionada
𝛷- Diâmetro
xxix
xxxi
xxxiii
1
I NTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento
No ramo da Engenharia Civil, as estruturas são projetadas tendo em conta o seu período de vida útil,
que no caso de estruturas correntes corresponde a 50 anos. Durante este período, as estruturas devem
cumprir a sua função com o mínimo de intervenções possíveis. Ao longo do tempo, as estruturas são
expostas a incidentes, a novas regulamentações, ou até mesmo, a novas funções de utilização que
obrigam ao reforço e à intervenção nas mesmas.
As técnicas de reforço de estruturas são um tema em constante evolução, tendo por base a procura
das melhores soluções que tragam a menor relação “custo-benefício”. Para reforço de vigas de betão
armado recorre-se a várias técnicas, entre as quais, a técnica que se pretende estudar nesta disserta-
ção que consiste no reforço com viga metálica e aplicação de pós-esforço com recurso a varões rosca-
dos. Esta técnica apresenta como vantagens, a facilidade de montagem e a possibilidade de aplicar o
pós-esforço de forma a controlar as deformações da viga.
1
1.2 Objetivos
O principal objetivo desta dissertação é testar uma nova técnica de reforço de elementos estruturais
de betão armado aprofundando assim, o conhecimento sobre uma técnica inovadora de pós-esforço.
A metodologia desta dissertação passou por:
• Estimar o comportamento da viga de betão armado em relação aos Estados Limites Últimos e
de Utilização;
• Estimar o comportamento da viga metálica com aplicação de pós-esforço através de varões
roscados;
• Execução dos ensaios e análise de resultados.
1.3 Organização
A dissertação em questão está dividida em 5 capítulos, que tratam os seguintes temas:
• No 1º capítulo, “Introdução”, são apresentados as motivações e os objetivos da elaboração da
tese e a forma como se encontra organizada;
• No 2º capítulo, “Estado do Conhecimento”, é realizado uma exposição do conhecimento ad-
quirido e testado ao longo dos anos de pré-esforço e pós-esforço exterior. São apresentados
os diferentes tipos de reforço e também alguns exemplos de obras realizadas com aplicação
desta técnica;
• No 3º capítulo, “Campanha de ensaios experimentais”, são tratados todos os passos relativos
à execução dos ensaios, a montagem sistema de ensaios, assim como, a previsão de resulta-
dos;
• No 4º capítulo, “Análise de Resultados”, são apresentados os resultados obtidos nos ensaios e
a respetiva análise;
• O 5º capítulo, “Recomendações”, é abordado os passos necessários à conceção e dimensiona-
mento da técnica tratada nesta dissertação;
• O 6º capítulo, “Conclusões”, sumariza e apresenta as principais conclusões do trabalho reali-
zado.
3
2
E STADO DO C ONHECIMENTO
O reforço de uma estrutura surge com a necessidade de corrigir anomalias resultantes de erros de
projeto/construção, alteração de finalidade da função da estrutura, acidentes naturais como sismos
ou deslizamentos de terras ou até mesmo acidentes provocados pelo ser humano como explosões.
Os elementos estruturais podem ser reforçados para o Estado Limite Último ou para o Estado Limite
de Utilização, de acordo com as anomalias que apresentam. Existem inúmeras técnicas de reforço de
estruturas de betão armado seja por encamisamento geral, chapas metálicas coladas, introdução de
pós-esforço ou então adição de novos elementos estruturais. O objetivo do reforço estrutural visa:
O pré-esforço é uma técnica de reforço caracterizado pela aplicação de uma tensão das armaduras. O
pré-esforço pode ser aplicado antes ou depois da betonagem. No caso de pré-esforço por pré-tensão,
o tensionamento das armaduras, como é sugerido pelo nome, é aplicado antes da betonagem do ele-
mento sendo que é uma técnica utilizada, em geral, na pré-fabricação. O pré-esforço introduz níveis
de compressão no elemento de betão, podendo reduzir assim a sua deformação e fendilhação.
Em pré-esforço por pós-tensão, a tensão das armaduras de pré-esforço apenas é aplicada quando o
betão adquire a sua resistência necessária, de forma a suportar a força que é transmitida. O pré-es-
forço pode ainda ser aderente ou não-aderente.
5
2.2 Pós-esforço exterior
A aplicação de pós-esforço exterior tem como principal característica ser uma técnica de reforço ativa,
reduzindo as deformações e fendilhação no elemento estrutural, aquando da sua aplicação.
No pós-esforço exterior, o elemento estrutural pode ser pós-esforçado com a utilização de cabos de
aço ou CFRP (Carbon-Fiber-Reinforced Polymer).
Uma percentagem da força aplicada no pós-esforço pode ser perdida ao longo do tempo, por fluência
e retração do betão. Segundo o EC2 [6] deverá considerar-se perdas de pós-esforço devida à deforma-
ção instantânea do betão, podendo ser calculado um valor médio de perda em cada armadura através
da expressão 5.44, apresentada no na secção 5.10.5.1. do EC2 [6]. Outras causas da perda de pós-
esforço são as perdas devido ao atrito, 5.10.5.2. do EC2 [6], as perdas devido ao deslocamento das
ancoragens durante a operação de amarração depois da aplicação de pós-esforço, as perdas devido à
fluência, assim como as perdas devidas às deformações das próprias ancoragens que podem calcula-
das através da consulta da Aprovação Técnica Europeia respetiva.
Aço
A utilização de aço no pós-esforço é das técnicas mais convencionais de reforço estrutural. As arma-
duras de pós-esforço são compostas por aço de alta resistência, e podem ter as seguintes formas (Fi-
gura 3):
7
Fig. 3- Geometria das armaduras de pós-esforço
Os aços de alta resistência apresentam valores da tensão de rotura na tração entre os 1030 e 2060
MPa e valores de tensão de cedência entre 835 e 1820 MPa. [5]
Existem diferenças entre a utilização de aço e de FRP para reforço estrutural, essas diferenças devem
ser tidas em conta no dimensionamento desse mesmo reforço. O aço apresenta algumas vantagens e
desvantagens perante os FRP, tais como:
Vantagens [5]:
• Maior extensão na rotura;
• Menor dificuldade para ancorar armaduras de pós-esforço.
Desvantagens [5]:
• Menor rácio entre resistência e densidade de massa;
• Menor resistência à fadiga.
A maior desvantagem do aço, perante os FRP, é de facto, a corrosão que afeta a maior parte dos ma-
teriais constituídos por aço. Estando os aços de pós-esforço expostos a tensões elevadas, ficam mais
sujeitos a fenómenos de corrosão quando comparados com as armaduras ordinárias utilizadas na
construção civil, que podem resultar em perdas de resistência mecânica e perdas de resistência à fa-
diga [5].
Para a aplicação de pós-esforço nos cabos de aço são necessárias ancoragens, que são dispositivos
essenciais, no sistema de pós-esforço exterior. Existem os seguintes tipos de ancoragens:
• Ancoragens Ativas – aplicam tensão nos cabos;
• Ancoragens Passivas – são aplicadas no final do traçado, onde nenhuma força é aplicada;
• Continuidade – servem para emenda de cabos, são simultaneamente ativas e passivas.
As ancoragens para aço dividem-se em 3 grandes grupos [VSL INTERNATIONAL LTD.] (Fig. 4):
• Ancoragens para sistemas de cordões;
• Ancoragens para sistemas de fios;
• Ancoragens para sistema de varões.
(a) (b)
No ano de 1990, o Professor Urs Meier, no Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Te-
chnology (Empa), fez os primeiros estudos relativamente ao uso de compósitos de CFRP na Engenharia
Civil [2]. Desde então as fibras de carbono e outro tipo de fibras, como as fibras de vidro, são muito
utilizadas para reforço de estruturas de betão, tendo como vantagens a durabilidade, o baixo peso
específico, grande resistência, não alteração da geometria da estrutura e controlo da deformação e
fendilhação da estrutura [1].
No laboratório da FCT da Universidade de Lisboa [7] foi realizado um trabalho experimental com vista
a comparar o comportamento de CFRP (Carbon-Fiber-Reinforced Polymer) e GFRP (Glass-Fiber-Rein-
forced Polymer). A amostra de CFRP apresentou um comportamento elástico linear até á rotura com
valores de tensão correspondentes a 4200MPa, e valores de extensão na rotura reduzidos (1,6%). O
GFRP apresentou um comportamento elástico-linear semelhante, mas com valores muito mais redu-
zidos como mostra a figura seguinte:
9
Fig. 5 - Diagrama tensão-extensão para comparação de CFRP com GFRP [7]
Estes materiais são amplamente utilizados no reforço de elementos estruturais, mas pelo diagrama
pode-se concluir que o CFRP apresenta maior resistência e rigidez que o GFRP. A utilização deste ma-
terial é recomendável para o incremento da resistência à flexão de lajes e paredes, resistência à flexão
e ao corte de vigas, resistência ao corte e reforço sísmico de pilares.
• Laminados (Fig. 6 (a)), os laminados são fabricados por pultrusão, polimerizando-se a resina já
num molde ou, por prensagem a quente, a altas pressões;
• Tecidos ou mantas (Fig. 6 (b)), são feixes de fibras de carbono, agrupadas de forma contínua e
costuradas por uma tela impregnada com mínimas quantidades de resina de epóxido, nuns
casos, ou mesmo pré-impregnadas, noutros. São muito utilizadas para confinamento de pila-
res.
(a) (b)
Fu Fig. 6 - Diferentes formatos de CFRP [7]: a) Fu
laminados; b) tecidos
Fi- (b)
gu Fu
ra
1 (b)
– Fu
Di
fe- (b)
2.4 Reforço com Pós-esforço exterior
O pós-esforço exterior com aço foi desenvolvido inicialmente para reforço de pontes, mas atualmente
é usado para todo o tipo de estruturas inclusive construções novas. O pós-esforço com aço em pontes
é uma solução, simples e económica para o reforço de elementos das mesmas que se encontravam
com problemas de deformação, fendilhação e falta de capacidade resistente.
O principal objetivo, a ser garantido pelo reforço com pós-esforço exterior, é garantir a descompressão
para a carga quase permanente e aumentar a capacidade de resistir a cargas superiores de flexão e
esforço transverso do elemento reforçado. Na figura seguinte podemos ver o impacto do reforço com
pós-esforço com cabos de aço tem numa viga de betão armado [3]. Sendo que a linha azul representa
o comportamento antes do reforço, e a linha vermelha representa após reforço. Sendo que “g,q” são
cargas gravíticas e variáveis, e pode-se perceber que com o reforço existe uma redução dos efeitos das
cargas permanentes (2), aumentando significativamente a capacidade resistente da viga.
Num estudo realizado por Håkan Nordin, em 2005, na Universidade Técnica de Luleå na Suécia [8], o
autor realizou vários ensaios de laboratório, de forma a comparar vários sistemas de reforço de vigas
com e sem utilização de pós-esforço, foram utilizados:
11
Neste capítulo apenas interessa analisar os resultados dos ensaios relativos ao reforço com cabos de
aço. Na figura seguinte, pode-se observar o reforço da viga 1 com cabos de aço externos pós-esforça-
dos:
Fig. 8 - Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com um traçado poligonal [8]
Para este reforço foi utilizado um desviador de sela, que são elementos acoplados à estrutura respon-
sáveis por transmitir as forças do pré-esforço à estrutura. Estes são constituídos, normalmente, por
tubos metálicos.
No reforço da 2ª viga foram aplicados cabos pós-esforçados, mas com um traçado retilíneo. Na figura
seguinte pode-se observar o alçado do ensaio [8].
Fig. 11- Viga 2, reforçada com cabos de aço pós-esforçados com traçado retilíneo [8]
Segundo o autor, no início do ensaio a viga comportou-se de uma forma muito similar à viga 1. A fen-
dilhação na viga apareceu com uma carga de 74kN e a cedência na armadura verificou-se aos 207kN.
Na figura seguinte está representado o diagrama “carga-deslocamento” da viga 2:
13
Fig. 13- Viga 2 após a realização do ensaio [8]
Na tabela 1 pode-se observar que o 1º ensaio foi interrompido para uma carga de 314kN e o 2º aos
246kN:
O viaduto da Fonte Nova, construído em 1974, localiza-se sobre a Estrada de Benfica, em Lisboa e está
inserido na 2º circular. A estrutura desenvolve-se em curva com 588 m de raio e sentido E-W, ao longo
de 207 m entre apoios extremos, distribuídos por sete vãos. O tabuleiro apresenta uma largura de 25
m, e é composto por 7 vigas longitudinais, com comprimentos variáveis entre os 24,25 m e os 25 m,
distanciadas entre si 3,58 m e por carlingas transversais a terços do vão e nos apoios. As vigas longitu-
dinais são pré-fabricadas e pós-esforçadas, já as carlingas são pré-esforçadas. Os tabuleiros apoiam
em pórticos transversais e nos encontros extremos. Os pórticos são compostos por pilares em X em
betão armado e por uma viga em caixão em betão armado pré-esforçado [10].
Em 1997, o viaduto da Fonte Nova foi alvo de uma inspeção na qual foram detetadas anomalias estru-
turais e não estruturais, sendo que nesta dissertação apenas se analisa as anomalias de cariz estrutu-
ral. A VERSOR Lda apresentou um projecto, integrado numa proposta da empresa SOPROEL, com vista
a reforçar e reabilitar o viaduto em questão.
Segundo o relatório do ICIST [10], o projeto foi original dimensionado de acordo com as normas em
vigor à data. Sendo que, todas estas anomalias estruturais poderão ser explicadas pelo processo cons-
trutivo.
15
O reforço teve como principal objetivo:
Para tal foi concebida uma solução com aplicação de pós-esforço exterior com barras de aço de alta
resistência. Também foi efetuado o encamisamento da alma das vigas nas zonas dos apoios, onde o
esforço transverso é mais significativo. Na figura 14 pode-se observar um alçado da viga reforçada:
Fig. 15- Armadura dos blocos de betão utilizados para ancoragem [10]
Fig. 16 - Pormenor das ancoragens [10]
17
Reforço e reparação ponte Edgar Cardoso, Figueira da Foz [11]
A Ponte da Figueira da Foz, projetada pelo Prof. Edgar Cardoso, foi a primeira ponte rodoviária atiran-
tada realizada em Portugal, tendo sido aberta ao tráfego em 1982.
A Ponte Edgar Cardoso (Fig. 18), tem um comprimento total de 1421 metros, dividida em 3 tramos,
possuindo os tramos extremos 90 m e o tramo central 225 m. O tabuleiro, misto de aço e de betão, é
suportado por 2 torres, 2 pilares de transição e 12 tirantes em cada torre com continuidade sobre
estas. As torres, de betão armado, têm cerca de 85 m de altura acima do nível médio das águas e ainda
uma configuração em “V” invertido.
Em 2005, a Ponte foi sujeita a intervenções de reparação estruturais e não estruturais. As anomalias,
identificadas pela empresa do projeto de reforço, A2P, foram as seguintes [11]:
Para as anomalias encontradas, nesta dissertação, apenas é pertinente analisar as soluções desenvol-
vidas para combater a fendilhação nas vigas. A empresa responsável pelo projeto de reforço dos via-
dutos de acesso à ponte, A2P, decidiu aplicar nas vigas longitudinais da estrutura cabos pós-esforçados
instalados exteriormente, tal como ilustram as figuras seguintes:
Fig. 19 - Imagem das vigas reforçadas Fig. 20 - Pormenor de zona de cela de desvio dos cabos
Fig. 21 - Imagem das vigas reforçadas 2 Fig. 22 - Imagem das vigas reforçadas 3
O atual Edifício do Museu do Oriente foi construído em 1940 e tinha como principal e inicial função
servir como armazém frigorifico de bacalhau. A estrutura do edifício é composta por uma estrutura
porticada em betão armado, tendo uma área total de implantação de 2622𝑚2 constituído por 1 cave,
7 pisos acima do solo. Na Fig. 23 está apresentada uma fotografia do edificio em questão.
19
Devido a alterações de funções do edifício foi necessário suprimir pilares, duplicando assim o vão ori-
ginal. De forma a cumprir o projeto de arquitetura, realizado pelos arquitetos João Luís Carrilho da
Graça e Rui Francisco, a empresa de projetos A2P dimensionou um sistema de substituição dos pilares
através da criação de forças de desvio verticais na zona dos pilares eliminados. Estas forças foram
conseguidas com um sistema de pós-esforço exterior, apresentado nas figuras seguintes (Fig. 24 e 25):
Fig. 25 - Alçado com indicação de solução de reforço na zona do pilar suprimido [5]
Reforço e reparação do Viaduto 2ª Circular, Av. General Norton de Matos, Lisboa [12]
O viaduto da Avenida General Norton de Matos, sobre a Av. Padre Cruz em Lisboa, foi alvo de inter-
venções devido excesso de deformações e fendilhações nas vigas longitudinais do viaduto. O projeto
de reparação e reforço da estrutura foi realizado, em 2000, pela empresa CivilSer ao encargo do Pro-
fessor Francisco Virtuoso que projetou o reforço com cabos pós-esforçados, com disposição horizon-
tal, com o intuito de diminuir as flechas apresentadas pelas vigas, tal como mostram as figuras seguin-
tes.
Fig. 26- Viaduto 2ª Circular reforçado com cabos de aço pós-esforçados
Fig. 27 - Vista das vigas do viaduto reforçadas Fig. 28- Pormenor das zonas de aplicação do pós-esforço
21
Pós-esforço Exterior com FRP
Nos anos de 1990, no Empa (Deuring 1993), foram realizados os primeiros trabalhos de investigação
no tema de reforço com CRFP laminados pós-esforçado em vigas de betão armado, onde foram utili-
zadas ancoragens mecânicas para fazer a ligação entre CFRP e as vigas de betão.[2]
Tal como nas armaduras de aço, a aplicação de pós-esforço nos laminados de FRP são garantidos por
ancoragens. As ancoragens para aço e para compósitos FRP são diferentes, pois os lamiandos de FRP
possuem baixa resistência ao corte, sendo por isso difícil atingir a resistência máxima dos cabos sem
que ocorra antes a falha nas ancoragens, visto que os sistemas típicos de fixação por cunhas induzem
na armadura elevados esforços de corte. Por esta mesma razão foram desenvolvidos os seguintes sis-
temas:
• Ancoragens por aperto (clamping anchorages);
• Ancoragens de espigão (spike anchorages);
• Ancoragens de cavidades cónicas preenchidas com resina (resin potted anchorages) e cavida-
des cilíndricas preenchidas com resina (resin sleeve anchorages);
• Ancoragens com sistema de cunhas (wedge anchorages).
Os sistemas de ancoragem mais usuais para FRP são os sistemas de cunhas e de cavidades cónicas
preenchidas com resina (Fig. 30 e 31) [5].
Fig. 31 - Ancoragem de FRP, sistema cunhas [5] Fig. 30 - Ancoragem de FRP, cavidade cónica [5]
• Aplicação do pós-esforço no laminado com uma força inicial, sendo prevista a respetiva perda
de pós-esforço;
• Ligação chapa-elemento estrutural com utilização de resina epoxy;
• Instalação de ancoragens, que têm de resistir às forças aplicadas pelo pré-esforço;
• Transferência de pré-esforço da chapa ao elemento.
Nos últimos estudos realizados no Empa Suíça, foram desenvolvidos laminados de CFRP sem a utiliza-
ção ancoragens mecânicas para transmissão de pós-esforço (“Gradient Anchorage”). Neste método, a
força de pós-esforço no laminado de CFRP diminui gradualmente até zero em ambas as extremidades,
através cura acelerada da resina epoxy. O método utiliza um dispositivo especial de pós-esforço e
aquecimento para que não haja necessidade de um sistema de ancoragem mecânica. Conforme men-
cionado, o gradiente na força de pós-esforço no laminado de CFRP é aplicado por um aquecimento
setorial e cura do adesivo. De forma a comprovar a eficiência desta técnica de reforço, foram realiza-
dos testes em vigas com 17 m de comprimento na ponte em Ticino, Suiça (Czaderski and Motavalli
2007 [2]). Na figura seguinte, Fig. 32, encontram-se os resultados desses mesmos testes, onde se com-
para a força aplicada na estrutura com a deformação das vigas a 1/2 vão:
Como já referido existem 2 formas de aplicar pós-esforço em laminados de CFRP, seja por ancoragem
mecânica, seja por ancoragem gradiente. Numa investigação apresentada em 2014, por uma equipa
de engenheiros em Vancouver no Canadá [1], foram realizados testes de forma a comparar ambos os
sistemas de pós-esforço em 8 lajes de betão armado, em que 5 delas foram aplicadas as técnicas men-
cionadas, 2 lajes de referência e 1 reforçada com CFRP sem pós-esforço.
23
Todas as lajes foram submetidas a ensaios de rotura. Na tabela 2 apresentam-se características de
cada laje:
Sendo:
• 𝑏𝑓 - Largura do laminado;
• 𝐸𝐵𝑅 (Externally Bonded Reinforcement) – Reforço exterior;
• 𝐴𝑀 – Ancoragem mecânica;
• 𝐴𝐺 – Ancoragem por gradiente;
• 𝑡𝑓 - Espessura do laminado;
• ε𝑓,𝑝 - Pós-tensão do laminado;
• 𝑓𝑐𝑚 - Resistência à compressão média no cilindro de betão no dia do teste da laje;
• 𝐸𝑐𝑚 - Módulo de Young do betão.
Na figura seguinte está representado o sistema de ensaio das lajes, onde se pode observar aspetos da
carga e o reforço de CFRP:
Na tabela seguinte podem-se observar os resultados obtidos nas 8 lajes de betão armado, e também
o modo de rotura do sistema de reforço. Sendo que a rotura no sistema de ancoragem mecânica acon-
tece porque o laminado de CFRP “rompe” na ligação com a ancoragem. No método GA, a rotura ocorre
devido á rotura de ligação da resina epoxy com a laje.
Onde,
25
• δ𝑢 - Deformação última;
• F𝑢 - Carga última;
• ε𝑓,𝑢 - Extensão de tração CFRP;
• µδ - Coeficiente de ductilidade;
F
• µF = Fu - fator de resistência.
y
Com este estudo é possível concluir que o reforço com ancoragens mecânicas oferece uma melhor
performance em termos de resistência e ductilidade, quando comparado com as ancoragens gradien-
tes.
Fig. 35 – Ponte na Polónia reforçada no âmbito do Fig. 36 – Pormenor ponte na Polónia reforçada no âm-
projeto "Tulcoempa" [2] bito do projeto "Tulcoempa" [2]
2.5 Técnica de reforço de pós-esforço com varões roscados
Reforço e Reparação do Ed. Visconde de Alvalade, Lisboa
Como já referido em capítulos anteriores, a presente dissertação compreende um estudo experimen-
tal de forma a testar uma forma inovadora de reforço com pós-esforço exterior. A técnica caracteriza-
se por reforçar uma viga de betão com uma viga metálica, aplicando, contra a viga metálica, o pós-
esforço através de varões roscados. Esta técnica foi utilizada em algumas obras em Portugal, tendo
sido registado a sua aplicação no reforço do Edifício Visconde de Alvalade, em, Lisboa pela empresa
de projetos, Versor, Consultas, Estudos e Projetos Lda. Nas figuras seguintes é possível observar algu-
mas imagens captadas durante o processo de reforço.
27
A técnica de reforço com vigas metálicas de pós-esforço tem como objetivo reforçar elementos estru-
turais, em relação aos Estados Limites Últimos e de Serviço, de forma a aumentar a capacidade de
resistir a cargas superiores, reduzir deformação e fendilhação excessivas. Na Fig. 40, é possível ver
como é aplicado o pós-esforço. Os varões colocados na viga metálica de reforço, possuem na extremi-
dade inferior um sistema de porca e contra-porca, que permitem o aperto dos varões, os quais são
forçados a subir impondo deslocamentos para cima no elemento a reforçar. A figura seguinte apre-
senta um pormenor retirado dos desenhos do projeto realizado pela Versor, Consultas, Estudos e Pro-
jetos Lda., em que esta representado o sistema:
O edifício dos Bombeiros Voluntários da Trafaria foi construído em 1996, sendo constituído por 2 pisos
em estrutura de betão armado de laje fungiforme maciça. O piso térreo destina-se a estacionamento
dos veículos de socorro e o 1º piso para serviços administrativos.
Em 2008, a empresa Versor, Lda. identificou anomalias e erros de projeto que comprometiam a segu-
rança do edifício, tais como [13]:
• A laje fungiforme do edifício foi dimensionada como se de uma laje vigada se tratasse, estando
projetada para resistir apenas a metade das cargas a que estava sujeita. Devido a este facto, a
laje apresentava grandes deformações que provocaram fendilhações nas paredes de alvenaria
do edifício (Fig.42);
• As paredes resistentes terminavam na laje do 1º piso, provocando uma grande variação da
rigidez para a ação sísmica ao nível do 1º andar;
• Existência de pilares sem continuidade para o piso superior devido à distribuição dos vãos nas
fachadas;
• Existência de vigas de bordadura da laje não estruturais que não apoiavam nos pilares.
(a) (b)
29
De forma a solucionar os erros de projeto e as consequentes anomalias, foi projetada uma solução de
uma estrutura porticada em aço para apoio das lajes, reduzindo os vãos das mesmas, tal como de-
monstram o alçado seguinte:
Fig. 43 - Alçado do edifício com solução de reforço com vigas metálicas [13]
A laje do 1º piso foi reforçada pelas vigas dos pórticos metálicos e pós-esforçada, através de varões
roscados. A aplicação de pós-esforço é conseguida através de enroscamento de porcas instaladas na
extremidade dos parafusos. Relativamente ao piso da cobertura, a laje foi suspensa nas vigas metálicas
de reforço através de varões roscados, com o intuito de não retirar “pé-direito” ao piso destinado a
serviços. Na figura seguinte está representado a ação do pós-esforço nas lajes de betão armado,
aquando da aplicação do mesmo:
Fig. 45 – Solução de reforço [13] Fig. 46 - Pormenor do sistema de pós-esforço com varões
roscados [13]
Fig. 47 - Vigas metálicas na cobertura [13] Fig. 48 - Sistema de fixação das vigas metálicas na co-
bertura [13]
É de notar que foram realizados mais reforços relativos a outros problemas detetados, ainda assim,
nesta dissertação apenas é relevante analisar as soluções que tratam os temas da mesma.
31
3
3.1 Introdução
O objetivo principal deste estudo é avaliar a eficiência do método de reforço de elementos de betão
armado pós-esforçada com recurso a uma viga metálica e varões roscados. Para atingir o objetivo que
foi proposto, foram realizados ensaios experimentais em uma viga de betão armado, submetendo-a a
cargas crescentes. Foram monitorizados os parâmetros das deformações, deslocamentos e a fendilha-
ção da viga durante os ensaios, a fim de obter dados quantitativos e qualitativos sobre o comporta-
mento estrutural e o desempenho do reforço. Nos ensaios realizados as tarefas executadas foram:
• No 1º ensaio foi aplicado um carregamento numa viga de betão armado com 4 m de vão com
dimensões de 0,25×0,30m. O carregamento foi executado com duas cargas a ¼ de vão, em
que o principal objetivo era aplicar deformações e fendilhação na viga. A carga aplicada foi de
de 50kN em cada ponto;
• No 2º ensaio foi utilizado a técnica de reforço mencionada anteriormente, e analisou-se o
comportamento do sistema em conjunto. Para esta 2º experiência, o plano foi carregar a viga
de betão armado até aos valores do 1º ensaio e aplicar o reforço no nível de carga de 50kN,
aplicar pós-esforço na viga de betão, e a partir daí retomar o ensaio até valores de carga su-
periores de forma a analisar o comportamento da estrutura. A viga metálica utilizada tem
3,50m e a aplicação do pós-esforço foi feito a ¼ do vão desta.
33
3.2 Viga de betão armado, Modelo experimental
Este trabalho teve a colaboração da CONCREMAT Soluções em Betão, que forneceu a viga de betão
armado e os provetes para caracterização do betão. A viga de betão armado tem as dimensões de
4,50×0,25×0,30 (m), sendo a distância entre apoios de 4,0m. A viga é ainda constituída por 2Ø10 na
armadura superior, 3Ø16 na armadura inferior e por estribos de 2 ramos Ø6//0,15m, tal como se mos-
tram nas figuras seguintes:
Resistência à Compressão
O ensaio de compressão foi realizado segundo a norma NP EN206 através da prensa da FORM+TEST,
registando os valores de rotura à compressão de 832kN e 856kN.
Fig. 52 - Valor de força de rotura do 1º provete Fig. 53 - Valor de força de rotura 2º provete
35
A partir destes valores é possível determinar a resistência à compressão do betão (fc), através das
seguintes expressões:
𝐹
𝑓𝑐 = 𝐴 (𝐸𝑞. 1)
𝑐
Sendo que,
• 𝑓𝑐 , resistência à compressão do provete; (𝐸𝑞. 1)
• 𝐹, carga de rotura;
• 𝐴𝑐 , área da secção transversal do provete na qual se aplica a força de compressão.(𝐸𝑞. 1)
Figura 7 – En-
saio Com-
pressão Dia-
metral
Figura 8 –
Rotura do
proveteFi-
gura 9 –
Ensaio
Fig. 54- Ensaio Compressão Diametral Compres-
Fig. 55 – Rotura provete
são Diame-
tral(𝐸𝑞. 4)
Figura 10 –
Ensaio
Compres-
são Diame-
Fig. 56 - Valor de rotura registado no 1º provete Fig. 57 - Valor de força de rotura registado no 2º provete
A partir destes valores é efetuada uma média e determinada a tensão média da resistência à tração
do betão:
2×𝐹
𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 = = 3,01 𝑀𝑃𝑎 (𝐸𝑞. 5)
𝜋 ×𝑑 ×𝐿
Figura 11 -
37 Alçado Sis-
tema do 1º
en-
2
Segundo o EC2 [6] 𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 × 𝑓𝑐𝑘 3 = 2,6 𝑀𝑃𝑎, que é um valor muito próximo do obtido nos en-
saios de compressão diametral.
39
Nas imagens seguintes ilustram o processo de montagem do sistema de ensaio.
1) Preparação de base de suporte para a viga de betão com colocação dos apoios rotulados:
Fig. 61 - Apoios viga de betão Fig. 62 - Fixação das bases de apoio para viga de be-
tão através da aplicação de gesso
2) Colocação da viga de betão na base de suporte, sendo que a distância entre apoios é de 4,0m:
41
2º ensaio – Reforço viga de betão
No 2º ensaio foi aplicada a técnica de reforço apresentada no sub-capítulo 3.1. Na realização deste
ensaio, para além de todo o material utilizado no 1º ensaio, foram também usados:
• Viga metálica HEA240, com 3,65m de comprimento, com chapas de reforço e=10mm, em aço
S235;
• 2 defletómetros com 100mm de curso, perfazendo agora um total de 6 defletómetros, posici-
onados a ½ vão e a ¼ de vão da viga de betão e da viga metálica;
• 2 extensómetros, do tipo FLAB-5-11 da TML, para medição das extensões no banzo superior a
½ vão da viga metálica;
• 2 chapas metálicas 250×150×20mm com varão Ø20 com 250mm soldado em aço S235, para
apoio da viga metálica;
• Viga metálica com 2 Perfis UPN 260 soldados através de chapas metálicas com 2,3m de com-
primento;
• Viga metálica com 2 Perfis UPN 220 soldados através de chapas metálicas com 1,5m de com-
primento;
• 4 Varões roscados M20 cl. 5.6 com 400mm;
• 4 Anilhas para varões M20;
• 16 Porcas sextavadas M20;
• 2 Chapas 250×150×20mm com reentrâncias de 5mm profundidade e varões de 20mm de diâ-
metro em aço S235.
A viga metálica UPN220 com 2,5m, utilizada no 1º ensaio, foi substituída por uma viga metálica com 2
perfis UPN260 soldados entre si através de chapas, para aplicar cargas superiores na viga de betão em
relação ao 1º ensaio. Para ligar a viga metálica à viga de betão, foi necessário colocar chapas de base
na ligação com reentrâncias para os varões roscados usados para aplicar o pré-esforço. Nas figuras
seguintes estão apresentados os alçados, cortes e alguns pormenores do sistema de ensaio:
43
Fig. 70 - Corte 3-3 do Sistema de ensaio, 2º ensaio
3) Colocação das chapas e varões roscados destinadas à aplicação do pós-esforço entre a viga
de betão e viga metálica:
Fig. 73 – Varões roscados Fig. 74 – Chapa ligação varões roscados/ viga de be-
tão
45
4) Colocação de extensómetros localizados a ½ vão no banzo superior da viga metálica:
Fig. 75 - Extensómetros
O 1º ensaio tinha como objetivo submeter a viga de betão armado, a deformações e fendilhação signi-
ficativas de forma a justificar a aplicação da técnica de reforço estrutural em estudo. Por esta razão,
inicialmente a viga foi submetida a um carregamento até aos 50kN em cada um dos dois pontos a ¼
do vão. O comportamento da viga foi previamente caracterizado, relativamente às deformações e fen-
dilhação, para os valores da carga aplicada de 0 (peso próprio da viga e dos equipamentos de ensaio),
10kN, 20kN, 30kN, 40kN e 50kN. Sendo o peso próprio da viga 1,875 kN/m e dos equipamentos do
ensaio de 4,09kN de carga em cada ponto.
Os esforços resistentes da viga também foram calculados, de forma a estimar a carga última da viga.
O momento fletor resistente foi calculado através da seguinte expressão, desprezando a armadura na
face comprimida:
𝑀𝑟𝑑 = 𝜇 × 𝑓𝑐𝑑 × 𝑏 × 𝑑2 (𝐸𝑞. 7)
sendo que:
𝐴𝑠 ×𝑓𝑦𝑑 (𝐸𝑞. 7)
• 𝜔= 𝑓𝑐𝑑 × 𝑏 ×𝑑
.
• 𝜇 = 𝜔 × (1 − 0,5𝜔) ;
(𝐸𝑞. 7)
O valor de cálculo do momento resistente foi determinado com os valores de cálculo da resistência do
(𝐸𝑞. 7)
26
betão e do aço: 𝑓𝑐𝑑 = 1,5 = 17,3 𝑀𝑃𝑎 ; 𝑓𝑦𝑑 = 435 𝑀𝑃𝑎
47
Para estimar o valor médio do momento resistente admitiram-se os valores médios dos materiais:
𝑓𝑐𝑚 = 33,8 𝑀𝑃𝑎 ; 𝑓𝑦𝑚 = 550 𝑀𝑃𝑎
O valor de cálculo do esforço transverso resistente foi determinado através da seguinte expressão:
Para estimar o valor médio do esforço transverso resistente foi utilizado: 𝑓𝑦𝑚 = 500𝑀𝑃𝑎
𝑏 × ℎ2
+ 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴𝑠 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴′𝑠
𝑥1 = 2 (𝐸𝑞. 9)
𝑏ℎ + 𝛼𝑒 × (𝐴𝑠 + 𝐴′𝑠 )
Figura 16 –
Sendo que, em casos de ações instantâneas 𝐸𝑐,𝑒𝑓𝑓 = 𝐸𝑐𝑚 , logo:
𝐸𝑠 200
Parâme-
• 𝛼𝑒 = 𝐸𝑐𝑚 = 33 = 6,06 - Coeficiente de homogeneização;
tros para
• 𝑏 = 0,25𝑚 – Largura da secção;
cálculo da
• ℎ = 0,30 𝑚 – Altura total da secção;
• 𝑑 = 0,261 𝑚 – Altura útil; linha neu- Fig. 77 - Parâmetros para cálculo da
linha neutra [18]
• 𝐴𝑠 = 6,03 𝑐𝑚2 – Área de armadura tracionada; tra
• 𝐴′𝑠 = 1,57 𝑐𝑚2 – Área de armadura comprimida. [18]
(𝐸𝑞.do
Resultando numa altura da linha neutra de x = 0,154 m. A partir 7)conhecimento da posição da linha
neutra, calcula-se o momento de inércia, 𝐼1 , a partir da expressão:
Figura 17 –
2𝑥 2 𝑑 3 𝑥 2 𝑥 𝑎 2
𝐼1 = 𝐼𝑐 × { 1 + 3 × ( × [(1 − ) + 𝛽 × ( − ) ]} (𝐸𝑞. 10)
) + 12 × 𝛼𝑒 × 𝜌 × ( ) Parâmetros
ℎ−1 ℎ para cálculo𝑑 𝑑 𝑑
da linha neu-
(𝐸𝑞. 10)
Sendo que: tra [18]
𝑏×ℎ 3
• 𝐼𝑐 = = 5,63 × 10−4 𝑚4 – Momento de inércia; (𝐸𝑞. 10)
12
• 𝑥 = 0,154 𝑚 – Altura da zona de betão comprimido Figura
(altura18
da–linha neutra);
• 𝑎 = 0,036 𝑚 – Recobrimento e raio do varão; Parâme- (𝐸𝑞. 10)
𝐴𝑠
• 𝜌= = 0,0092 – Taxa de armadura tracionada; tros para
𝑏×𝑑
𝐴𝑠
• 𝛽= 𝐴′𝑠
= 0,26 – Relação entre as áreas de armadura tracionada
cálculo da e comprimida.
linha neu-
tra
Resultando em 𝐼1 = 6,18 × 10−4 𝑚4 . Determinou-se o momento de inércia da secção fendilhada (M ≥
[18]
𝑀𝑐𝑟 = 10,88 kNm) através das seguintes expressões:
(𝐸𝑞. 7)
𝑏 × 𝑥1 2
2 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴𝑠 + 𝑑 × 𝛼𝑒 × 𝐴′𝑠
𝑥2 = = 0,072 𝑚 (𝐸𝑞. 11)
𝑏𝑥1 + 𝛼𝑒 × (𝐴𝑠 + 𝐴′𝑠 ) Figura 19 –
Parâme-
(𝐸𝑞. 11)
tros para
cálculo da
(𝐸𝑞. 11)
linha neu-
49 tra (𝐸𝑞. 11)
[18]
(𝐸𝑞. 7)
De seguida,
𝑥 3 𝑑 3 𝑥 2 𝑥 𝑎 2
𝐼2 = 𝐼𝑐 × { 4 × ( ) + 12 × 𝛼𝑒 × 𝜌 × ( ) × [(1 − ) + 𝛽 × ( − ) ]} = 1,63 × 10−4 𝑚4
ℎ ℎ 𝑑 𝑑 𝑑
(𝐸𝑞. 12)
1 𝑀
• =𝐸 - Curvatura em fase não fendilhada; (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 12)
13)
𝑟1 𝑐𝑚 × 𝐼1
1 𝑀
• =𝐸 - Curvatura em fase fendilhada; 13)
(𝐸𝑞. 14)
𝑟2 𝑐𝑚 × 𝐼2
(𝐸𝑞. 13)
(𝐸𝑞. 14)
15)
Onde 𝑀𝑐𝑟 corresponde ao momento de fendilhação (𝑀𝑐𝑟 = 10,88 kNm) e M é o momento provocado
pelas cargas aplicadas na secção em causa.
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 14)
15)
1 1 1
• 𝑟𝑚
= 𝜁 × 𝑟 + (1 − 𝜁) × 𝑟 – Curvatura média; (𝐸𝑞. 16)
2 1
(𝐸𝑞. 15)
Figura 21 -
Diagrama
carga-defor-
mação viga
de betão
Figura 22 -
Tabela 9 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=10kN
51
Tabela 12 - Processo de cálculo de flecha instantânea para F=40kN
Na tabela 14 apresentam-se os valores da flecha a meio vão para os diferentes níveis de carga:
DEFORMAÇÃO
FORÇA APLICADA- F [kN]
60
50
40
30
20
10
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
DEFORMAÇÃO - a0 [mm]
Fendilhação
Outro parâmetro que se teve em conta, na previsão do comportamento da viga, foi a abertura de
fendas. Foram calculadas as aberturas das fendas (𝑤𝑘 ) para os níveis de carga 0 (peso próprio da viga
mais o peso do equipamento do ensaio), 10kN, 20kN, 30kN, 40kN e 50kN.
De forma a determinar a abertura de fendas (𝑤𝑘 ), é necessário calcular a distância máxima entre fen-
das (𝑆𝑟 𝑚á𝑥 ), a diferença entre a extensão média da armadura (𝜀𝑠𝑚 ) e a extensão média do betão entre
fendas (𝜀𝑐𝑚 ). Nos parágrafos seguintes são apresentadas as expressões de cálculo para os parâmetros
mencionados:
Sabendo que o espaçamento transversal entre varões da armadura longitudinal (0,092m) é menor do
𝜙
que 5[𝑐 + 2 ]= 0,165m, podemos calcular a distância máxima entre fendas através da seguinte expres-
são:
𝜙
𝑆𝑟𝑚á𝑥 = 3,4 × 𝑐 + 0,425 × 𝐾1 × 𝐾2 × = 0,195𝑚 (𝐸𝑞. 18)
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓
(𝐸𝑞. 18)
Sendo que,
• c = 0,025m – recobrimento da viga;
(𝐸𝑞. 18)
• Ø – diâmetro dos varões;
• 𝐾1 = 0,8 – constante para varões nervurados de alta aderência;
(𝐸𝑞. 18)
53
• 𝐾2 = 0,5 – constante para flexão;
𝐴𝑠
• 𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 = 𝐴 = 0,024 , em que 𝐴𝑐,𝑒𝑓𝑓 corresponde à área de secção de betão tracionado
𝑐,𝑒𝑓𝑓
𝑓𝑐𝑡,𝑒𝑓𝑓
𝜎𝑠 − 𝑘𝑡 × × + 𝛼𝑒 × 𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 )
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 (1 𝜎𝑠 (𝐸𝑞. 19)
𝜀𝑠𝑚 − 𝜀𝑐𝑚 = ≥ 0,6 ×
𝐸𝑠 𝐸𝑠
(𝐸𝑞. 19)
M
• 𝜎𝑠 = 0,9×𝑑×𝐴𝑠
- Tensão na armadura de tração, admitindo a secção fendilhada;
• 𝑘𝑡 = 0,6 - Coeficiente que traduz o valor médio da tensão no betão e é função da (𝐸𝑞.
duração
19) do
carregamento, “0,6” para ações de curta duração;
• 𝑓𝑐𝑡,𝑒𝑓𝑓 = 2600 KPa;
(𝐸𝑞. 19)
• 𝐸𝑠 = 200 GPa;
𝐸𝑠
• 𝛼𝑒 = - Coeficiente de homogeneização.
𝐸𝑐
Figura 26 -
Diagrama
carga-fen-
dilhação
O diagrama seguinte relaciona a carga com a abertura de fendas esperadas na viga:
FENDILHAÇÃO
60
CARGA - F [kN]
50
40
30
20
10
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
ABERTURA DE FENDAS - w_k [mm]
Após a execução do 1º ensaio, foi também necessário prever o comportamento da viga de betão ar-
mado e da viga metálica em conjunto durante o ensaio.
Como referido, foi escolhido um perfil HEA240 (L = 3,65m) como viga de reforço. Para a determinação
do valor médio do momento resistente da viga metálica, foi utilizada a seguinte expressão:
Logo a força máxima a aplicar pelos cilindros hidráulicos será: (𝐸𝑞. 24)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 23)
22)
Para o controlo do valor da força de pós-esforço aplicar na viga de betão, através da viga metálica, é
(𝐸𝑞. 25)
necessário calcular a deformação que a viga metálica sofrerá e a extensão no seu banzo superior. O
pós-esforço a aplicar será cerca de 30kN a 0,875m dos apoios da viga metálica. Calculou-se então a
(𝐸𝑞. 25)
deformação da viga metálica no nível de carga 10kN pela seguinte expressão:
11 𝐹 × 𝑙3 11 10 × 3,53
𝑎𝑠 = × = × = 7,9 × 10−4 𝑚 = 0,79𝑚𝑚 ≈ 0,80𝑚𝑚
384 𝐸𝑠 × 𝐼𝑠 384 200 × 106 × 7763 × 10−8
(𝐸𝑞. 26)
(𝐸𝑞. 26)
(𝐸𝑞. 26)
(𝐸𝑞. 26)
Assim, como a viga metálica se encontra em regime elástico, para uma força de pós-esforço máxima
de 30kN, a deformação a meio vão da viga metálica será 𝑎𝑝.𝑒 = 3 × 0,80 = 2,40𝑚𝑚.
As extensões a meio da viga metálica podem ser determinadas através da seguinte expressão:
𝑀
𝜀= (𝐸𝑞. 27)
𝐸𝑠 × 𝑊𝑦
Sendo que,
Figura 32 –
• M - Momento atuante a meio vão;
Sistema do
• 𝐸𝑠 = 200𝐺𝑃𝑎;
• 𝑊𝑦 = 675,1 𝑐𝑚3, relativo ao perfil HEA240; 1º en-
saio
Na tabela seguinte são apresentados os valores de extensões calculados a meio vão da viga, para os
(𝐸𝑞. 27)
incrementos de carga de pós-esforço de 10kN até aos 30kN:
Figura 33 –
Tabela 16- Extensões Sistema do
1º ensaio
P [kN] 𝒂𝟎 [mm] Ɛ [µm/m]
10 0,80 0,06
20 1,60 0,13 Figura 34 -
30 2,40 0,19 Diagrama
carga-de-
formação
registado
pelos 2 de-
fletóme-
tros a 1/2
vão (valo-
res mé-
dios)Figura
35 – Sis-
tema do 1º
en-
saio
(𝐸𝑞. 27)
Figura 36 –
Sistema do
1º en-
saio
(𝐸𝑞. 27)
57
4
A NÁLISE DE RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais obtidos nos ensaios à flexão realizados.
São também analisados, com mais detalhe, alguns aspetos da realização dos ensaios, com maior foco
na aplicação da técnica de reforço com pós-esforço exterior.
Para a medição e registo dos valores de carga aplicada, deformações e extensões foi utilizado um sis-
tema de aquisição de dados (HBM DataAcquisition Spider 8), com oito canais de entrada e o respetivo
programa CATMAN 6.0.
59
A viga foi carregada a ¼ de vão até aos 50kN de carga aplicada, tendo o ensaio sido interrompido para
registo de valores de fendilhação para os níveis de carga 20kN, 25kN, 30kN, 35kN, 40kN, 45kN e 50kN.
• Deformação
Nos diagramas seguintes (Fig. 82 e Fig.83) podem-se ver os resultados da deformação da viga de betão
armado, registados pelos defletómetros instalados, versus carga aplicada.
DEFORMAÇÃO ENSAIO
DEFLETÓMETRO 1/2 VÃO DEFORMAÇÃO ESTIMADA
60
CARGA - F [kN]
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
DEFORMAÇÃO - a [mm]
Fig. 82 - Diagrama carga-deformação registado pelos 2 defletómetros a 1/2 vão (valores médios)
O ciclo de descarga/carga apresentado no patamar de carga 20kN, ocorreu devido a incidentes durante
o ensaio. Na tabela seguinte comparam-se os valores de deformação a ½ vão, obtidos
experimentalmente com os valores analíticos determinados no 3º capítulo. Aos valores estimados,
indicados na Tab. 14 do Cap. 3, foi reduzida a deformação devida ao peso próprio da viga e ao peso do
equipamento, que é de 0,50mm (Tab. 14).
Tabela 17- Deformação da viga a 1/2 vão, 1º ensaio
(* valor da deformação admitindo que a fendilhação ocorre para uma carga superior a 10kN)
O deslocamento máximo registado a ½ vão, foi de 17,46mm. Com a aplicação da técnica de reforço
em estudo, pretende-se reduzir a deformação da viga.
Nos diagramas seguintes, referentes aos 2 defletómetros colocados a ¼ de vão, pode-se concluir que
o comportamento é bastante similar. A deformação apresentada a ¼ vão apresenta, naturalmente,
valores de deformação mais reduzidos comparativamente com os valores registados a ½ vão.
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
DEFORMAÇÃO - a [mm]
Fig. 83 - Diagramas carga-deformação registados pelos defletómetros a 1/4 de vão
61
Na tabela seguinte apresentam-se os valores de deformação a ¼ de vão para os correspondentes pa-
tamares de carga:
DEFORMAÇÃO
CARGA [kN]
ENSAIO [mm]
10 0,78
20 4,09
30 6,89
40 9,74
50 12,91
Pela análise dos resultados (Fig. 82 e Fig. 83) verifica-se que a viga apresenta uma deformação residual
de 3,60 mm a ½ vão e 2,61 mm a ¼ de vão.
• Fendilhação
A abertura de fendas foi registada através de uma régua de fendas para os valores de carga 20kN,
25kN, 30kN, 35kN, 40kN, 45kN e 50kN. Sendo de referir que não foi possível identificar fendilhação na
viga nos níveis de carga 0 (peso próprio e peso do equipamento de ensaio) nem 10kN.
Nas figuras seguintes podemos ver algumas fotografias registadas durante o ensaio:
63
Fig. 90 - Fendilhação registada a 50kN
FENDILHAÇÃO ESTIMADA
GRÁFICO FENDILHAÇÃO
FENDILHAÇÃO ENSAIO
60
CARGA - F [kN]
50
40
30
20
10
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35
ABERTURA DE FENDAS - wk [mm]
No ensaio constatou-se que o espaçamento entre fendas, não excedeu o espaçamento máximo calcu-
lado no 3º capítulo, 𝑆𝑟𝑚á𝑥 = 0,195 𝑚. Na figura seguinte pode-se observar que o espaçamento má-
ximo entre fendas é de 0,16m.
65
4.2 2º Ensaio- Carregamento da Viga Reforçada
No 2º ensaio foi necessária a utilização adicional de 2 extensómetros e de 1 defletómetro, para análise
de extensões e deformações da viga metálica. Foram colocados 2 extensómetros a ½ vão no banzo
superior da viga metálica, 2 defletómetros a ½ do vão da viga de betão armado, 2 defletómetros a ¼
do vão da viga metálica e ainda 1 defletómetro a ½ do vão da mesma. As figuras seguintes mostram
os equipamentos referidos.
De referir que o sistema de ensaio é um sistema reativo, ou seja, aquando da aplicação do pós-esforço
há um aumento de carga na estrutura, o que em casos reais não sucede.
67
• Deformação
No diagrama seguinte podem-se ver os resultados de deformações da viga registados pelo defletóme-
tro instalado a ½ vão:
DEFORMAÇÃO ENSAIO 2
DEFLETÓMETRO 1/2 VÃO
DEFORMAÇÃO ENSAIO 1
140,00
CARGA- F [kN]
120,00
100,00
80,00
Fim de aplicação de pós-esforço
68,40
60,00 Inicio de aplicação de pós-esforço
49,90
40,00
Pós-esforço
20,00
15,20 18,40
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
DEFORMAÇÃO - a [mm]
Como se pode observar pelo gráfico, a viga já apresentava alguma deformação (3,6mm) antes do início
do 2º ensaio. Aos 50kN de carga, a viga apresentava cerca de 18,4mm de flecha, foi então aplicado o
pós-esforço com um valor de P= 37,2kN que permitiu reduzir a força aplicada na viga de betão e a
deformação em 3,2mm, passando a registar um valor de flecha de 15,2mm. No gráfico estão repre-
sentadas retas a vermelho, que permitem identificar o início e o fim da aplicação de pós-esforço na
estrutura. As figuras seguintes ilustram o instante de aplicação de pós-esforço:
(a)
a)
a)
a)
(b) (c)
Fig. 98 - Aplicação do pós-esforço
69
Como se pode observar pelo diagrama, a aplicação de pós-esforço na viga de betão provoca uma de-
formação da viga metálica atingindo uma deformação de 2,9mm. O diagrama seguinte compara a de-
formação do sistema de ensaio a ½ vão (viga de betão + viga metálica).
Viga de betão
DEFORMAÇÃO VB / VM Viga metálica
140,00
CARGA - F [kN]
120,00
100,00
80,00
Fim da aplicação do pós-esforço
68,40
60,00
Início da aplicação do pós-esforço
49,90
40,00
20,00
15,20
0,00
0,00 2,90 5,00 10,00 15,00 18,40 20,00
DEFORMAÇÃO
Figura 41 - Deformação a 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão - a [mm]
Fig. 99 - Diagrama carga-deformação 1/2 vão da viga metálica e da viga de betão
150,00
120,00
90,00
68,40
60,00
Pós-esforço
30,00
Figura 51-
FORÇA ENSAIO FORÇA VB FORÇA TOTAL FORÇA VM
140,00
CARGA - F [kN]
125,3 kN
120,00
100,00
Fim da aplicação
80,00 do pós-esforço
Início da 76,7 kN
aplicação do
60,00 pós-esforço
50,8 48,5 kN
40,00 37,2 kN
20,00
0,00
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
TEMPO - t [s]
No ensaio 2, o valor do pós-esforço aplicado pode ser determinado analisando a sequência do carre-
gamento. Inicialmente foi aplicada carga na viga de betão (Fig. 102.a) F1 = 49,9 kN. A aplicação subse-
quente do pós-esforço P (Fig. 102.b), através do aperto dos varões roscados, causa uma reação do
sistema de aplicação da carga que corresponde ao incremento da força de F1 = 49,9kN para F2 = 68,4kN
(Fig. 102.c):
△ F = 𝐹2 − 𝐹1 = 68,4 – 49,9 = 18,5 kN (𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞.
Esta força é repartida entre a viga de betão (Fb) e a viga de aço (Fa), proporcionalmente à 27)
rigidez
das respetivas vigas:
• na viga de betão (Fig. 102.d) Fb = F x kb / (ka + kb) (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞.30)
31)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞.30)
30)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞.27)
27)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 27)
(𝐸𝑞.30)
30)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞.27)
27)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞.27)
30)
Onde ka e kb são, respetivamente, as rigidezes das vigas de aço e de betão aos deslocamentos nos
pontos de aplicação das cargas.
F F
F1 F1 P P
P P
(d) (e)
Numa situação de reforço, em que não existe reação à aplicação do pós-esforço, a força F é nula. As
rigidezes das vigas de aço e de betão, relativas às deformações a meio vão (k a1/2 e kb1/2) podem ser
determinadas através dos resultados do ensaio. Assim:
• para a viga de betão, a sua rigidez experimental, após a fendilhação, é a razão entre a carga
F1 = 49,9kN e o respetivo deslocamento a meio vão subtraído do deslocamento residual cau-
sado pelo ensaio 1: kb1/2 = 49,9kN / (18,4mm-3,6mm) = 3,4kN/mm;
• e para a viga de aço é a razão entre a força na viga de aço FA = 37,2kN, determinada através
do cálculo da deformação a maio vão de 2,9mm, obtida considerando o seu comportamento
elástico linear: ka1/2 = 37,2kN / 2.9mm = 12,8kN/mm.
Considerando que a rigidez relativa nos pontos de aplicação da carga (a ¼ do vão) é igual à rigidez
relativa a meio vão, obtém-se a rigidez relativa de cada uma das vigas:
ka / (ka + kb) = ka1/2 / (ka1/2 + kb1/2) = 12,8 / (12,8+,4) = 0,79 (𝐸𝑞. 33)
e
kb / (ka + kb) = kb1/2 / (ka1/2 + kb1/2) = 3,4 / (12,8+3,4) = 0,21 (𝐸𝑞. 27)
34)
Então:
Fa = F x 0,79 = 18.5 x 0,79 = 14,6kN (𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 35)
30)
27)
e
27)
(𝐸𝑞. 36)
30)
Fb = F x 0,21 = 18,5 x 0,21 = 3,9kN
30)
(𝐸𝑞. 27)
73
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 27)
Assim, a força de pós-esforço (P) será dada pela força na viga de aço (FA = 37.2kN) deduzida da força
correspondente à reação do sistema de carregamento do ensaio:
(𝐸𝑞. corres-
Após a aplicação do pós-esforço, a força atuante na viga de betão (FB), tendo em conta a força 27)
pondente à reação do sistema de ensaio e o pós-esforço, será:
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 27)
120,00
90,00
68,40
60,00
Pós-esforço
30,00
185,1
0,00
0,00 200,00 400,00 600,00
Fi- EXTENSÕES - Ɛ [µm/m]
gura
Fig. 103 – Diagrama carga-extensões na viga metálica
53-
Dia-
gra
ma
carg
a-
ex-
ten-
são
4.3 Comparação de resultados
Ao longo deste capítulo foi possível comprovar as melhorias associadas à utilização da técnica de re-
forço. A tabela seguinte sumariza as principais evidências retiradas deste estudo no âmbito da defor-
mação, fendilhação e capacidade resistente:
75
5 R ECOMENDAÇÕES
5.1 Introdução
Neste capítulo, é apresentado no formato de 'recomendações' de apoio ao projeto, os aspetos mais
relevantes para a conceção e dimensionamento da solução de reforço com pós-esforço exterior des-
crita ao longo desta dissertação. O objetivo é essencialmente incentivar a utilização desta técnica.
Esta técnica pode ser utilizada tanto como reforço em relação aos estados limites últimos como aos
estados limites de utilização. Antes de qualquer aplicação do reforço, é necessário identificar as
anomalias e analisar se a técnica de reforço tratada nesta dissertação é eficiente na correção das
patologias.
77
5.3 Pré-Dimensionamento
O pré-dimensionamento do reforço a aplicar está intimamente ligado aos estados limite último e uti-
lização. Os materiais a serem utilizados no reforço têm impacto na eficiência do mesmo. Esta escolha
deve estar de acordo com o tipo de anomalias encontradas nas estruturas, neste subcapítulo será
analisada a escolha dos materiais a utilizar neste tipo de reforços, mais especificamente:
• Viga Metálica;
• Varões roscados.
Viga Metálica
A escolha da viga metálica está dependente de diversos fatores, e devem ser tidos em conta:
• Momento resistente;
• Esforço transverso resistente;
• Encurvadura;
• Dimensões;
• Condições de apoio da viga.
O momento resistente da viga metálica é um importante fator no reforço da estrutura, para tal é ne-
cessário perceber que forças estão a ser aplicadas na estrutura de modo que seja possível escolher
perfil a utilizar. O momento resistente inferior da viga/laje de betão em conjunto com o momento
resistente da viga metálica, devem ser superiores ao momento atuante provocado pelas cargas apli-
cadas na estrutura, respeitando a condição imposta pelo EC0 [20]:
𝑅𝑑 ≥ 𝐸𝑑 (𝐸𝑞. 39)
Para tal, a determinação do valor de cálculo do momento resistente da viga metálica pode(𝐸𝑞.
ser 27)
obtido
pelas fórmulas descritas no EC3 [16]:
(𝐸𝑞. 30)
𝑊𝑝𝑙 ×𝑓𝑦
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑀𝑝𝑙,𝑅𝑑 = 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 1 e 2; (𝐸𝑞. 40)
𝑊𝑒𝑙,𝑚𝑖𝑛 ×𝑓𝑦
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑀𝑒𝑙,𝑅𝑑 = 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 3; (𝐸𝑞. 41)
(𝐸𝑞. 27)
𝑊 ×𝑓𝑦
(𝐸𝑞. 29)
• 𝑀𝑐,𝑅𝑑 = 𝑒𝑓𝑓,𝑚𝑖𝑛 𝛾𝑀0
, para secções transversais da classe 4. (𝐸𝑞. 42)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
29)
Sendo que: (𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
▪ 𝑊𝑒𝑙,𝑚𝑖𝑛 , 𝑊𝑒𝑓𝑓,𝑚𝑖𝑛 , se referem à fibra da secção onde a tensão elástica
(𝐸𝑞. é mais
(𝐸𝑞. 27)
32)
elevada; (𝐸𝑞. 29)
▪ 𝑓𝑦 é a tensão de cedência do aço; (𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞.
(𝐸𝑞. 30)
29)
▪ 𝛾𝑀0 = 1, corresponde a um coeficiente parcial de seguranças para Edifícios.
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
As classes das secções transversais podem ser determinadas com base no Quadro 5.2 do(𝐸𝑞. EC3,27)
(𝐸𝑞. parte
32)
(𝐸𝑞. 29)
1.1. [16]. O valor de cálculo do momento resistente necessita de ser calculado tendo em conta os furos
(𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞. 29)
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 30)
(𝐸𝑞. 32)
(𝐸𝑞. 29)
(𝐸𝑞. 33)
aplicados no perfil, no caso da técnica de reforço tratada na presente dissertação é necessário descon-
tar a área dos furos executados, para ligação dos varões roscados às chapas de base que se encontram
na parte inferior da viga de betão.
O esforço transverso resistente também se apresenta como uma importante condição para a escolha
da viga metálica. Relativamente ao esforço transverso, a situação é similar ao do momento resistente,
ainda assim, a forma cálculo referente ao mesmo, na ausência de torção, rege-se pela seguinte expres-
são [16]:
𝑓𝑦
𝐴𝑣 × ( )
𝑉𝑝𝑙,𝑅𝑑 = √3 (𝐸𝑞. 43)
𝛾𝑀0
(𝐸𝑞. 34)
Fig. 104 - Comportamento da viga metálica ao ser apli-
cado pós-esforço [14]
Figura 58-
Segundo o EC3 parte 1.1. [16], um elemento sem travamento lateral e solicitado à flexãoCompor-
em relação
ao eixo principal de maior inércia deverá ser verificado à encurvadura lateral através de: tamento
𝑀𝐸𝑑 da viga
≤ 1,0 (𝐸𝑞. 44)
𝑀𝑏,𝑅𝑑
metálica
Sendo que,
ao ser
(𝐸𝑞. 32)
• 𝑀𝐸𝑑 – Valor de cálculo momento fletor atuante; aplicado
• 𝑀𝑏,𝑅𝑑 – Valor de cálculo do momento fletor resistente à encurvadura.
pré-es-
(𝐸𝑞. 35)
O momento fletor resistente à encurvadura, 𝑀𝑏,𝑅𝑑 , pode ser determinado pela seguinte expressão:
forço
𝑓𝑦 [14]
(𝐸𝑞. 32)
𝑀𝑏,𝑅𝑑 = 𝜒𝐿𝑇 × 𝑊𝑦 × (𝐸𝑞. 45)
𝛾𝑀1
(𝐸𝑞. 31)
(𝐸𝑞. 35)
(𝐸𝑞. 33)
(𝐸𝑞. 34)
(𝐸𝑞. 32)
(𝐸𝑞. 36)
Figura 59-
79 Compor-
(𝐸𝑞. 35)
(𝐸𝑞. 33)
tamento
(𝐸𝑞. 32)
da viga
(𝐸𝑞. 36)
Em que,
• 𝑊𝑦 – Módulo de flexão que pode ser determinado através 6.3.2.1 (3), do EC3 parte 1.1. [16];
• 𝜒𝐿𝑇 – Coeficiente de redução para resistência à encurvadura lateral, que pode ser determinado
através 6.3.2.2 (1), do EC3 parte 1.1. [16].
Varões Roscados
Os varões roscados ao serem sujeitos a pós-esforço tende a ser sujeito a forças de compressão. Para o
pré-dimensionamento dos varões roscados é necessário calcular a resistência ao punçoamento da
chapa de base, sendo que estas forças resistentes têm de ser superior à força de pré-esforço aplicada.
A resistência ao punçoamento da chapa, segundo o EC3 parte 1.8. [17] pode ser determinada por:
Estas perdas de pós-esforço são eliminadas pelo método de controlo da força de pós-esforço usado,
como se descreve na secção 5.5.
Perdas Diferidas
As perdas diferidas, em pós-esforço, podem ser causadas pela deformação do betão sob ações de car-
gas permanentes devido à fluência, à retração e efeito de distribuição de cargas.
Nesta técnica de reforço não se pressupõe que as perdas causadas pela fluência e retração do betão
sejam as mais condicionantes, devido ao facto destes fenómenos ocorrerem principalmente nos pri-
meiros anos de vida do betão. Partindo do princípio de que este tipo de reforço é aplicado após alguns
anos da construção da estrutura, o efeito da fluência passa a ter um impacto muito reduzido. Através
do Anexo B do EC2 [6], é possível calcular o coeficiente de fluência para uma dada idade do betão t,
traduzido em dias, e comprovar este mesmo facto.
O coeficiente de fluência, ϕ (t ∞ , 𝑡0 ), pode ser calculado a partir da seguinte expressão [6]:
𝜑 (t ∞ , 𝑡0 ) = 𝜑0 × 𝛽𝑐 (t ∞ , 𝑡0 ) (𝐸𝑞. 47)
Sendo que,
• 𝜑0 - Coeficiente de fluência e pode ser calculado a partir de: 𝜑0 = 𝜑𝑅𝐻 · 𝛽(𝑓𝑐𝑚Figura
) · 𝛽( 61
𝑡0 );-
Diagrama
• ϕ𝑅𝐻 - Fator que tem em conta a influência da humidade relativa (RH) no coeficiente
da de fluên-
evolu-
cia:
ção do co-
▪ 𝜑𝑅𝐻 = 1 +
1−𝑅𝐻/100
, para 𝑓𝑐𝑚 ≤ 35 𝑀𝑃𝑎; eficiente
0,1 × 3√ℎ0
𝑅𝐻 de fluência
1−
▪ 𝜑𝑅𝐻 = [1 + 100
3 × α1 ] × α2 , para 𝑓𝑐𝑚 > 35 𝑀𝑃𝑎; ao longo
0,1 × √ℎ0
do
2𝐴𝑐
• ℎ0 - Espessura equivalente do elemento, em mm, ℎ0 = 𝑢
, em que 𝐴𝑐 é a área da secção do
tempo
betão e 𝑢 é o seu perímetro. (𝐸𝑞. 36)
• β (𝑓𝑐𝑚 ) - fator que tem em conta a influência da resistência do betão no coeficiente de flu-
(𝐸𝑞. 38)
ência convencional:
81 Figura 62 -
Diagrama
da evolu-
16,8
▪ β(𝑓𝑐𝑚 ) = , onde 𝑓𝑐𝑚 é valor médio da tensão de rotura do betão à
√𝑓𝑐𝑚
compressão, em MPa, aos 28 dias de idade;
• β(𝑡0 ) - fator que tem em conta a influência da idade do betão à data do carregamento (pós-
esforço) no coeficiente de fluência:
1
▪ β(𝑡0 ) = (0,1+ 𝑡0 0,20 )
,onde 𝑡0 corresponde à idade do betão, em dias, à data
do carregamento (pós-esforço).
(t∞ − 𝑡0 ) 0,3
▪ βc (t ∞ , 𝑡0 ) = [ ]
(𝛽𝐻 + t∞ − 𝑡0 )
2,50
2,00
1,50
1,05
1,00
0,50
1825
0,00
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000
a) Montagem dos apoios da viga metálica (Fig. 105), podendo ser, por exemplo:
i. consolas curtas aos pilares de betão (ver exemplo Edifício Visconde de Alva-
lade cap. 2.5);
ii. montagem de novos pilares metálicos para apoio das vigas (ver exemplo do
Edifício dos Bombeiros da Trafaria cap. 2.5);
iii. suspensão das extremidades da viga de betão;
b) Montagem da viga metálica, incluindo varões roscados para aplicação do pós-esforço e das
chapas de ligação destes à viga de betão (Fig. 105);
83
Fig. 106 – Esquema da montagem viga metálica
c) Montagem de uma viga metálica, com o comprimento da viga metálica de reforço e menor
secção transversal, apoiada junto das extremidades da viga de reforço, e dois defletómetros
colocados a 1/4 vão, ou outro sistema equivalente que permita controlar a deformação da viga
metálica de reforço;
d) Aplicação do pós-esforço por aperto dos varões roscados, controlando a força através da de-
formação da viga metálica, até se atingir o valor especificado no projeto;
e) Remoção do sistema de medição das deformações e selagem das deformações impostas com
argamassa de alta resistência entre a viga metálica e a viga de betão;
f) Proteção anticorrosiva e proteção contra o fogo dos elementos metálicos. Se necessário por
razões estéticas, revestimento dos elementos metálicos com gesso cartonado ou equivalente.
85
6 C ONCLUSÕES
87
7 B IBLIOGRAFIA
[1] Sena- Cruz J.; Michels J.; Harmanci Y.; Correia L. (2015): Flexural Strengthening of RC Slabs with
Prestressed CFRP Strips Using Different Anchorage Systems. Mdpi Journal Polymers. Switzerland, 2015.
[2] Motavalli M.; Ghafoori E.; Shahverdi M.; Michels J.; Czaderski C. (2016): Presstressing systems for
strengthening of concrete and Metallic Structures: Recent Developments at EMPA, Switzerland. Re-
searchGate. Switzerland, 2016.
[3] Costa, A.: Reforço com pré-esforço exterior, Folhas de apoio às aulas de Reabilitação e Reforço de
estruturas, Instituto Superior Técnico. Lisboa.
[4] Preto, P. (2014): Guidelines for External Prestressing as Strengthening Technique for Concrete
Structures. Instituto Superior Técnico. Lisboa, 2014.
[5] Preto, P. (2014): Aplicação de Pré-Esforço Exterior como Técnica de Reforço de Estruturas de Betão.
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. Lisboa,
2014.
[6] EN1992-1-1, NP. (2010), Eurocódigo 2 - Projeto de Estruturas de Betão, Parte 1.1: Regras Gerais e
regras para Edifícios. Instituto Português da Qualidade.
[7] Chastre, C. (2015): Reparação e Reforço de Estruturas de betão armado com compósitos FRP. UNIC-
Centro de Investigação de Estruturas e Construção da UNL. Lisboa, 2015.
[8] Nordin H. (2005): Strengthening structures with externally prestressed tendons. Luleå University of
Technology. Luleå, 2005.
[9] Marchão C., Appleton J. (2004): Betão Armado e Pré-esforçado II, Folhas de apoio, Módulo-1 – Pré-
esforço. Instituto Superior Técnico. Lisboa, 2004.
[10] Lúcio V.; Pinho Ramos A. (2000): Reparação e Reforço do Viaduto da Fonte Nova, Encontro nacio-
nal- betão Estrutural 2000. Versor Consultas, Estudos e Projetos Lda. Lisboa, 2000.
[11] A2P CONSULT - Estudos e Projectos, Lda: Reforço e Reparação Ponte Edgar Cardoso. Disponível
em https://www.a2p.pt/.
[12] CivilSer – Estudos e Projectos de Engenharia, Lda: Reforço e Reparação viaduto 2ª circular Av.
General Norton de Matos. Disponível em http://www.civilser.pt/.
[13] Lúcio V.; Ferreira J. (2014): Reforço de Estruturas por alteração do Sistema Estrutural, SILE2011-
Seminário Internacional sobre ligações Estruturais. Versor Consultas, Estudos e Projetos Lda.
[14] Lúcio V.; Ferreira J.; Faria D.; Ramos A. (2014): Reabilitação estrutural de Edifícios com pós-esforço,
REHABEND. Santander, 2014.
[16] NP EN 1993-1-1 2010, Eurocódigo 3- Projeto de estruturas de aço, Parte 1.1: Regras gerais e regras
para edifícios. Instituto Português da Qualidade.
[17] NP EN 1993-1-8 2010, Eurocódigo 3- Projeto de estruturas de aço, Parte 1.8: Projeto de ligações.
Instituto Português da Qualidade.
[18] Lúcio V. (2018): Estruturas de Betão Armado I, 10- Estados Limites de Deformação. FCT-UNL. Lis-
boa, 2018.
[19] Cardoso S. (2017): Comparação dos valores da resistência do betão à compressão obtidos através
de ensaios em provetes cúbicos e cilíndricos, Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Enge-
nharia Civil, FCT-UNL. Lisboa, 2017.
[20] NP EN 1990 2009, Eurocódigo 0 – Bases para o projeto de estruturas. Instituto Português da
Qualidade.
89
2023 TOMÁS LUZ Reforço de vigas de betão armado com pós-esforço aplicado com recuso a vigas metálicas
a.