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REABILITAÇÃO ESTRUTURAL
DE PAREDES ANTIGAS DE ALVENARIA
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por
Setembro de 2002
UNIVERSIDADE DO MINHO
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REABILITAÇÃO ESTRUTURAL
DE PAREDES ANTIGAS DE ALVENARIA
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por
Setembro de 2002
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Aos
meus pais e irmãos
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À memória
dos meus avós
Agradecimentos
Ao professor Paulo Lourenço não só pela orientação, mas também pelo empenho
e profissionalismo que manifestou no decurso dos trabalhos.
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Nunes, pela disponibilização de uma habitação, no Centro Histórico de Bragança, para
realização dos ensaios experimentais.
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Ao Gabinete Técnico Local, do Centro Histórico de Bragança, pelas
informações prestadas e disponibilização de elementos.
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Aos meus pais e irmãos que sempre me apoiaram e encorajaram e, ainda, pelo
tempo que subtraí à sua companhia.
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experimentais, quer em casos reais. Particular destaque é dado às medidas a adoptar em
estruturas com paredes de alvenaria antiga inseridas em zonas de risco sísmico. A
apresentação destas técnicas é extensiva às fundações, entendidas aqui, como um
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prolongamento das paredes.
Para fomentar a implementação de medidas preventivas, na preservação das
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areas. Foundations are considered an extension of the load bearing walls, being also
addressed here.
To demonstrate the relevance of preventive measures associated with seismic
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damage, in this kind of structures, simplified methods are presented and applied to a
sample of fifty-eight Portuguese churches located in different seismic risk areas.
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Indice Geral
1. Introdução........................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento................................................................................... 1
1.2. Objectivos........................................................................................... 1
1.3. Estruturação do texto.......................................................................... 2
2. Caracterização das alvenarias antigas........................................................... 3
2.1. Introdução........................................................................................... 3
2.2. Paredes de alvenaria........................................................................... 8
2.2.1. Classificação tipológica....................................................... 9
2.2.2. Principais patologias............................................................ 17
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2.3. Fundações........................................................................................... 25
2.4. Propriedades mecânicas..................................................................... 30
2.5. Ensaios experimentais........................................................................ 41
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3. Técnicas de intervenção em reabilitação estrutural.................................... 45
3.1. Introdução.......................................................................................... 45
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3.2. Injecção.............................................................................................. 53
3.3. Pregagens........................................................................................... 64
3.3.1 Pregagens generalizadas...................................................... 65
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I
Indice
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4.3.3. Aplicação dos métodos simplificados a uma amostra........
5. Caso de estudo no Centro Histórico de Bragança ......................................... 189
176
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5.1. Enquadramento.................................................................................. 189
5.2. Trabalhos de inspecção...................................................................... 194
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II
Introdução
1. Introdução
1.1. Enquadramento
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conservação do património arquitectónico não-monumental. Para o efeito contribuem as
naturais dificuldades de reparação dos edifícios antigos, em parte inerentes ao reduzido
domínio que se possui sobre as técnicas e os materiais envolvidos. Em zonas urbanas,
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estas intervenções são, frequentemente, motivadas por rentáveis programas de
utilização, subjacentes à pressão das especulações imobiliárias, mais do que pelo estado
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1.2. Objectivos
1
Introdução
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A primeira parte, Capítulo 2, faz a caracterização das alvenarias antigas, com
particular destaque às suas diferentes tipologias em paredes e fundações, materiais,
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comportamentos e patologias mecânico-estruturais, e ainda aos ensaios de
caracterização mecânica.
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Caracterização das alvenarias antigas
2.1. Introdução
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igrejas, campanários, arcos, muros, fortes, muralhas, etc. O valor patrimonial, cultural e
arquitectónico, que representam fez com que a sua conservação e reabilitação seja, hoje
em dia, de grande interesse para quem os tutela.
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Recentemente, tem-se assistido à preservação das paredes exteriores dos
edifícios antigos, em profundas intervenções que podem considerar-se no limiar mínimo
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Caracterização das alvenarias antigas
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ou vazios interiores é uma característica destas alvenarias que aparecem, consoante os
casos, em maiores ou menores percentagens (Figura 2.1).
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Caracterização das alvenarias antigas
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num “imbrincado” que dificultasse a progressão das fendas, o que vulgarmente se
designa por “matar as juntas”.
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Como resultado temos um material compósito heterogéneo, intrinsecamente
descontínuo, com boa resistência à compressão, fraca resistência à tracção e, sob a
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Caracterização das alvenarias antigas
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vista como uma debilidade estrutural, ela é uma importante vantagem para a
conservação e evolução dos centros históricos. “..uma consequência deste defeito de
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funcionamento é a particular fragilidade das construções históricas à acção sísmica. O
impulso da componente horizontal da acelaração, perpendicular ao plano, empurra as
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paredes de contorno para fora e acima de determinados valores, pode provocar a sua
rotura” [Giuffrè, 1995].
A evolução dos centros históricos, em que a generalidade das estruturas é de
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alvenaria, fez-se pela justaposição das paredes das construções existentes com as das
construções novas contíguas (Figura 2.3 e Figura 2.4). De igual forma, o prolongamento
e elevação das construções existentes, que contava apenas com a capacidade coesiva do
peso próprio nas suas ligações estruturais, é também um sinal de debilidade estrutural
muito importante e especialmente preocupante em zonas sísmicas.
Quando, quer por erros de concepção, quer por razões imprevistas (por exemplo
assentamentos diferenciais ou abalos sísmicos), se instalavam tracções não previstas nas
estruturas de alvenaria, dava-se início a mecanismos de deterioração mecânica que,
nalguns casos, conduziam à fendilhação e acelaravam o processo de degradação e de
colapso. Alguns destes problemas e as suas consequências manifestam-se hoje, com
maior evidência, em construções altas e/ou pesadas porque estão sujeitas a elevadas
cargas permanentes de compressão.
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Caracterização das alvenarias antigas
A C A B
a)
A C
W B C
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b)
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Figura 2.3 - Evolução construtiva dos centros históricos [Giuffrè, 1993]: (a) processo evolutivo
de crescimento: A- célula existente, B- célula de acrescento, C- célula de ligação; (b) paredes
mais susceptíveis de acordo com a posição relativa das casas na textura urbana: A- casa de topo,
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Caracterização das alvenarias antigas
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i ) Avaliar o seu estado de segurança tendo em vista a eventual adopção de
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medidas correctivas e preventivas;
ii ) Reabilitação numa perspectiva de adaptação, considerando a evolução das
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Caracterização das alvenarias antigas
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Tabela 2.1 - Classificação das paredes dos edifícios antigos e dos muros antigos de acordo com
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a sua função [Pinho, 1997].
Paredes mestras:
- interiores; Nas construções correntes, as paredes
Paredes resistentes, interiores
- de fachada (frente e tardoz); com capacidades resistentes que
ou exteriores, geralmente de
- laterais (empena, quando se definem grandes divisões designam-se
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grande espessura.
prolongam até ao espigão do por frontais.
telhado).
Quando não suportam cargas e apenas
Paredes divisórias ou de Dividem o espaço limitado
delimitam pequenas divisões,
compartimentação pelas paredes mestras.
designam-se por tabiques.
Sustentam as terras de aterros
ou escavações e servem
Muros de suporte São muros de gravidade.
também de revestimento dos
seus taludes.
Limitam ou fecham um
Muros de vedação -
espaço.
Têm a inclinação natural dos taludes
Protegem os taludes dos
Muros de revestimento onde se aplicam e uma espessura
agentes atmosféricos.
reduzida.
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Caracterização das alvenarias antigas
Tabela 2.2- Designação das paredes dos edifícios antigos de acordo com a natureza, dimensão,
grau de aparelho e material ligante [Pinho, 1997].
Designação Natureza
Parede de adobe / Paredes de taipa Paredes construídas com terra moldada.
Parede de alvenaria de pedra seca / Pedras assentes por justaposição, apenas travadas entre si, sem
Empedrados qualquer tipo de argamassa.
1
Parede de alvenaria de betão (beton) Alvenaria de betão (beton)1.
Parede de alvenaria de tijolo Paredes construídas com tijolos, geralmente cerâmicos.
Parede de alvenaria ordinária (corrente) Pedras toscas, irregulares em forma e dimensões, geralmente
manejáveis por um homem, e ligadas por argamassa ordinária.
Parede de alvenaria de pedra Pedras irregulares aparelhadas numa das faces e assentes em
aparelhada argamassa ordinária.
Parede de cantaria (ou silharia) Pedras com as faces devidamente aparelhadas (cantaria),
geralmente de grandes dimensões e com formas geométricas
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definidas, assentes com argamassa ou apenas sobrepostas e
justapostas.
Parede de alvenaria refractária Pedras ligadas com argamassa refractária.
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Parede de alvenaria hidráulica Pedras ligadas com argamassa hidráulica.
Paredes mistas Paredes de alvenaria e cantaria; de pedra e tijolo; de alvenaria
com madeira, etc.
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Para as paredes mestras, paredes com funções estruturais, interessa ainda fazer
uma classificação tipológica quanto às características construtivas. Em paredes de
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(1) - aglomerado artificial resultado da mistura de saibro ou cascalho com argamassa hidráulica,
geralmente de cimento Portland.
(2) - pedras colocadas transversalmente, em toda a espessura da parede com um importante contributo
para a solidarização e estabilidade da secção.
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Caracterização das alvenarias antigas
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indirectamente, informação sobre a resistência da alvenaria e, mais em geral, sobre o
comportamento mecânico das suas paredes:
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- a forma das pedras influencia a técnica construtiva, bem como, o tipo de
acabamento ou aparelho (regularidade das fiadas ou camadas) (Figura 2.5), a
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Caracterização das alvenarias antigas
Figura 2.5 - Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo de aparelho [GNDT, s.d.]:
(a) juntas desalinhadas; (b) juntas irregulares alinhadas; (c) juntas regulares alinhadas.
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Figura 2.6 - Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo assentamento [GNDT, s.d.]:
(a) horizontal; (b) horizontal / vertical; (c) aleatório; (d) escalonado com fiadas de
regularização; (e) em “espinha de peixe”; (f) com calços ou cunhas.
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Caracterização das alvenarias antigas
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o paramentos sem ligação: paredes constituídas por dois paramentos
completamente separados por uma junta vertical ao longo do interface de
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contacto, seca ou preenchida por argamassa e cascalho (Figura 2.7b);
o paramentos ligados (Figura 2.7c):
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Caracterização das alvenarias antigas
Figura 2.7 - Classificação da secção das paredes em alvenaria de pedra segundo o número de
paramentos [GNDT, s.d.]: (a) paramento simples; (b) dois paramentos sem ligação; (c) dois
paramentos com ligação; (d) três paramentos com núcleo de fraca qualidade.
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Nas paredes compostas, isto é com mais que um paramento, a ligação transversal
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entre paramentos é em geral fraca e assegurada pela argamassa colocada entre as pedras,
ou nula no caso dos paramentos serem desligados (Figura 2.8).
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Figura 2.8 - Ligação transversal entre paramentos [Valluzzi, 2000]: (a) conglomerado
monolítico; (b) ligação reticulada; (c) ligação por sobreposição; (d) ligação plana.
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Caracterização das alvenarias antigas
Tabela 2.3 - Designação das paredes de tijolo em função da sua espessura [Leitão, 1896;
Segurado, 1908].
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Em igualdade de circunstâncias, as paredes de tijolo podiam ser menos espessas
que as de pedra, por dois motivos. Primeiro, porque a horizontalidade do assentamento
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e a maior regularidade de sobreposição lhes conferia maiores resistências e depois
porque têm uma condutibilidade térmica inferior [Pinho, 1997].
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económicas, era preenchido com restos de tijolos e pedras com juntas de argamassa
espessas.
Assim, à semelhança da classificação feita para as paredes de alvenaria de pedra,
também nas paredes de alvenaria de tijolo cerâmico, as tipologias de secção mais usuais
são:
- paredes de paramento simples;
- paredes de paramentos múltiplos.
A espessura das juntas era, geralmente, inferior à espessura dos tijolos, numa
relação de 1 para 2/5. Também a espessura das juntas, finas ou espessas, e a espessura
(1) - o tijolo é assente de forma a que a espessura da parede corresponda à largura do tijolo.
(2) - o tijolo é assente, como se de travadouros de pedra se tratasse, de forma a que a espessura da parede
corresponda ao comprimento do tijolo.
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