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Tomaz Turcarelli
São Carlos
Dezembro de 2013
2
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Chust por ter aceitado ser orientador de um tema desafiador e por mostrar de
forma simples a beleza da engenharia de estruturas nas disciplinas de concreto armado e
protendido.
A Profa. Dra. Teresinha por ter apresentado de forma clara e fascinante a engenharia
geotécnica durante a graduação e pelas valorosas e longas conversas.
Ao Prof. Dr. Jasson, por ter aceitado participar da banca em um momento de necessidade e
de forma tão receptiva.
Ao Prof. Dr. Fernando Portelinha, pelas sugestões, conversas e bibliografia disponibilizada.
Aos meus pais, irmãos, amigos e colegas que direta e indiretamente tornaram possível a
conclusão da graduação em engenharia civil.
5
RESUMO
ABSTRACT
In this work the main aspects necessary for project execution and cable-stayed
contentions are developed. The Tied-back Walls are a special type of restraints that differs
from the common retaining because the anchor interacts directly with the soil, participating
as resistant element. Initially an overview is provided and is characterized anchors, so that in
the chapters forward can be treated in more detail about the executive method, the design
process and the study of the behavior of these structures.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
1.1 Apresentação do problema ................................................................................... 11
1.1.1 Importância do projeto no contexto atual ............................................................. 11
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 12
1.2.1 Detalhamento dos objetivos ................................................................................. 12
1.3 Justificativa ............................................................................................................. 12
1.4 Metodologia............................................................................................................. 13
2 ASPECTOS GERAIS SOBRE CORTINAS ATIRANTADAS ......................................... 15
2.1 Cortinas Atirantadas .............................................................................................. 18
2.2 Componentes do Tirante ....................................................................................... 18
2.3 Classificação dos Tirantes .................................................................................... 19
2.4 Comparação com outros tipos de contenção quanto ao comportamento ..... 22
3 PROCESSO EXECUTÍVO DOS TIRANTES ................................................................... 25
3.1 1ºEtapa - Montagem ............................................................................................... 26
3.2 2ºetapa – Perfuração .............................................................................................. 26
3.3 3ºetapa – Introdução do tirante e preenchimento da perfuração ..................... 28
3.4 4ºetapa – Injeção da nata de cimento do bulbo .................................................. 29
3.5 5ºetapa – Ensaios de Protensão. .......................................................................... 31
3.6 6ºetapa – Protensão e Incorporação. ................................................................... 32
3.7 7ºetapa – Preparo da cabeça................................................................................. 33
4 PROJETO DE CORTINAS ATIRANTADAS ................................................................... 34
4.1 Introdução ............................................................................................................... 34
4.2 Concepção e Pré-dimensionamento .................................................................... 36
4.3 Verificação da Estabilidade Global (ou Externa do maciço) ............................. 38
4.3.1 Método de Costa Nunes e Velloso (1963) ........................................................... 40
4.3.2 Método Brasileiro de Atirantamento (1957) ......................................................... 42
4.4 Verificação da Estabilidade Local (ou Interna do maciço) ................................ 44
4.4.1 Método De Kranz .................................................................................................. 44
4.5 Dimensionamento do Comprimento do trecho livre .......................................... 51
4.6 Determinação dos Carregamentos (na cortina) ................................................. 53
4.6.1 A Determinação do Empuxo ................................................................................ 53
4.6.2 Pricipais influências sobre a determinação do empuxo ...................................... 55
4.6.3 Processo de execução e sua influência no empuxo .......................................... 55
4.6.4 Número de níveis de escoramento/atirantamento e sua influência no empuxo . 58
4.6.5 Rigidez da estrutura e sua influência no empuxo ................................................ 63
4.6.6 protensão dos tirantes e sua influência no empuxo ............................................ 66
4.6.7 Cálculo Prático (empirico e simi-empirico)........................................................... 67
4.7 Determinação dos Esforços Solicitantes (na cortina e nos tirantes) .............. 73
4.7.1 Escolha do número de tirantes ............................................................................ 73
4.7.2 Cálculo Prático das solicitações – Área de influência ......................................... 74
8
ÍNDICE DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
As cortinas atirantadas são um tipo especial de contenção, contenções são
estruturas destinadas a suportar esforços horizontais, tais como empuxos de solo, assim
toda a base técnico-científica que norteia o projeto de uma cortina atirantada está
relacionada aos aspetos fundamentais da geotecnia e da engenharia de estruturas.
Cortinas atirantadas são também denominadas Cortinas Ancoradas e participam de
um conjunto particular de contenção, que são aquelas que além de resistirem ao empuxo
atuam também reforçando o maciço de solo ou de rocha. Dentre as principais estruturas
com esse princípio destacam-se três: o “solo armado”, o “solo grampeado” e a “cortina
atirantada”.
Nesse trabalho é abordado alguns aspectos importantes que devem ser levados em
conta na fase de projeto e de construção das cortinas atirantadas. Utilizando os
conhecimentos clássicos de mecânica dos solos, fundações, estruturas metálicas e
estruturas de concreto armado, pode-se a partir de algumas modificações ser elaborado um
projeto de uma cortina atirantada e proceder sua execução. O mais importante no que tange
a esse trabalho é o entendimento do comportamento desse tipo de estrutura e onde sua
aplicação é viável.
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 METODOLOGIA
Com o intuito de atingir os objetivos desse trabalho ele foi dividido em duas
categorias de atividades, a primeira foi a coleta de informações técnicas e acadêmicas que
envolvem o projeto, execução e o comportamento de Cortinas Atirantadas, a segunda
consiste na elaboração do corpo do trabalho dividido em quatro partes que sistematizam o
assunto, respectivamente os capítulos 2, 3, 4 e 5 desse trabalho que fazem a revisão
bibliográfica e mostram o estado da arte do assunto:
Capítulo 2: Aspectos gerais sobre Cortinas Atirantadas: trata dos aspectos
importantes que devem ser levados em consideração para a concepção da estrutura e é
feito comparações com outros tipos de contenção
Capítulo 3: Processo Executivo dos Tirantes: Nesse capítulo é explicada
detalhadamente a metodologia executiva dos tirantes.
Capítulo 4: Projeto de Cortinas Atirantadas: explica os processos de verificações
e dimensionamentos de projeto.
Capítulo 5: Assuntos Complementares: É feito considerações a respeito de
assuntos indispensáveis, mas que ficariam deslocados dentro dos temas principais, ou os
deixaria muito extensos. Questões como o uso do subsolo, ensaios, durabilidade,
comportamento da estrutura durante a escavação, execução das cortinas e patologias são
tratadas nesse capítulo.
Revisão bibliográfica realizada para organizar os conhecimentos existentes sobre o
tema e para fornecer embasamento teórico, esse trabalho consiste em um estudo de revisão
bibliográfica com o objetivo de reunir informações e sistematizar o assunto e está distribuída
ao longo dos quatro capítulos mencionados acima (2, 3, 4 e 5). O estudo da revisão
bibliográfica ocorreu ao mesmo tempo a todo desenvolvimento do corpo do trabalho.
B. Revisão Bibliográfica.
C. Desenvolvimento da metodologia
Cronograma de Atividades.
2013
Atividade
ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
E
15
a) Quanto a vida útil: obras definitivas (mais de dois anos) e obras provisórias
(menos de dois anos), as primeiras são projetadas com coeficiente de segurança de 1,75 e
as segundas com coeficiente de segurança igual a 1,5.
b) Quanto à forma de trabalho: tirante ativo (protendido) e tirante passivo, o
primeiro domina o mercado de tirantes, o segundo é mais usado na forma de chumbadores
em rochas, sua atuação ocorre a medida a mobilização dos esforços pelo deslocamento do
maciço.
c) Quanto à constituição:
Tirante monobarra (FIGURAS 6 e 7): uma única barra compõe o elemento principal
do tirante, após o tensionado é travado a partir do giro da porca na cabeça do tirante. Nos
anos 60 e 70 era comum o uso de aço CA-50A com diâmetro de ¾” e 1.1/4”, por ser difícil
fazer a rosca atualmente tem sido preferível o uso de barras prontas com rosca com
diâmetro de 19 á 32mm com fyk de 850 MPa. O principal fabricante no Brasil é “Protendidos
DYWIDAG LTDA”.
Tirante de múltiplas barras: como o próprio nome diz se diferencia do anterior pela
quantidade de barras, que é maior que uma, não é muito comum no Brasil.
Tirante de fios: constituído de uma quantidade fios que são protendidos, mas que
permitam a passagem de nata entre si. No mercado é encontrado fios de 8 e 9mm de aço
150RN, 150RB, 160RN e 160RB, onde os aços 150RB são os mais usados, os fios de 9mm
ainda não são normalizados pela ABNT. A quantidade usada normalmente esta entre 6 e 12
unidades devido ao diâmetro do furo que gira em tono de 10 a 15 cm, atingindo uma
resistência ao escoamento de 419 KN para o 12x8mm 150RM por tirante
Tirantes de cordoalhas (FIGURAS 8): da mesma forma que o anterior são as
mesmas cordoalhas usadas para concreto protendido, sendo predominante o uso de
diâmetro de 12,5mm com aço CP190RB. Pelas mesmas razões do fios o número máximo
de cordoalhas costuma ser de 12 unidades alcançando em torno de 1040 KN de resistência
ao escoamento para o aço citado acima por tirante.
Tirantes Autoinjetáveis (FIGURA 9): uma única barra compõe o elemento principal
do tirante, após tensionado é travado a partir do giro da porca na cabeça do tirante, a
diferença principal em relação ao monobarra é no processo executivo, a barra perfuratriz do
autoinjetável é o próprio tirante. O principal fabricante no Brasil é a “Incotep Sistemas de
Ancoragem”.
21
Fonte: http://www.dywidag.com.br/inicio.html
Fonte: http://www.incotep.com.br
Diversas são as técnicas que estabilizam taludes, entre elas estão as das
contenções. Um segmento especial de contenções são aquelas tem elementos que
envolvem o maciço, seja solo ou rocha, e que dessa forma interferem no comportamento do
mesmo.
Quatro técnicas serão destacadas aqui: Cortinas Atirantadas, Cortinas Ancoradas,
Solo Grampeado e Terra armada. Cada uma delas possui um comportamento específico
para estabilizar taludes como é mostrado a seguir baseado em Franco (2010):
Cortinas Atirantadas: o mecanismo básico de funcionamento consiste na
transmissão do carregamento oriundo do paramento para o solo através do atrito entre o
bulbo de argamassa e o solo em uma região do maciço distante do paramento. O maciço é
estabilizado pela própria ação do empuxo, a protensão tem como principal objetivo limitar os
deslocamentos do paramento da contenção aplicando um estado de tensão de compressão
no maciço que inicia a mobilização de esforços antes da ação do empuxo.
23
No esquema abaixo (FIGURA 11) é traçado um quadro comparativo entre a execução dos
quatro métodos expostos acima.
Nos tirantes de fios e cordoalhas é feito o corte dos fios ou cordoalhas, posicionado
os espaçadores e passada a proteção contra a corrosão (FIGURA 12). Nos tirantes
monobarra é organizado os trechos de barras e emendas para estarem prontos para a hora
do uso. Nos tirantes auto-injetáveis é feita a pintura anticorrosiva e instalação do tricone
(ponta de perfuração) na primeira barra a ser introduzida, as demais barras são introduzidas
a medida que evoluem a perfuração, para as barras do trecho livre é aconselhável que
sejam tratadas com graxa.
A NBR 5629:2006 permite o uso de qualquer sistema de furação, contanto que o furo
seja retilíneo, com diâmetro, comprimento e inclinação de projeto. O processo de perfuração
deve ainda garantir a estabilidade do furo até a injeção do material aglutinante, caso o solo
ofereça risco de desmoronamento do furo, fechando a seção, a perfuração pode ser feita
revestindo o furo (tubo metálico ou PVC) ou usando um fluído estabilizante. O fluido
estabilizante se for usado, deve ser tal que não agrida o tirante nem interfira no processo de
cura e endurecimento do material aglutinante.
Outro aspecto importante recomendado pela norma diz respeito ao recobrimento de
solo em torno do tirante aconselhado ser de pelo menos 5m, isso garante a distribuição de
27
tensão no maciço, e não diz respeito em relação a distância entre tirantes mas sim nas
regiões extremas das cortinas, como mostra a Figura 13 abaixo
Fonte: Autor
Figura 14 - Perfuração
No caso de tirantes com barras, fios ou cordoalhas, o tirante pode ser inserido antes
ou depois da injeção de preenchimento do furo (formando a denominada bainha).
O material aglutinante é de livre escolha do projetista ou executor, normalmente o
que tem sido usado é calda de cimento ou argamassa em qualquer um dos casos a relação
água/cimento deve estar entre 0,5 e 0,55 com resistência mínima de 25 MPa , a NBR
5629:2006 permite que seja alterada a dosagem desde que seja respeitada a resistência
mínima.
No primeiro caso instala-se o tirante e injeta-se a calda de cimento ou argamassa do
fundo do furo até que extravase pela boca do mesmo, nesse processo qualquer fluído
utilizado durante a perfuração é expulso durante a injeção da calda. (FIGURA 17)
29
No segundo caso, usado para solos instáveis, o material aglutinante pode servir
como material estabilizante do furo, com o furo aberto após a perfuração é injetada a calda
ou argamassa do fundo para a boca (expulsando qualquer eventual outro material
estabilizante que tenha sido usado na perfuração) e imediatamente em seguida é inserido o
tirante.
Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/caso8a.htm
Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/caso8a.htm
31
A calda de cimento ou a argamassa deve ter a relação água/cimento entre 0,5 e 0,7.
A calda normalmente é dosada com 0,5 a 1 saco de cimento por válvula manchete, não
estabelecendo a norma uma resistência mínima para esse material.
A Figura 20 abaixo segue um esquema da execução de um tirante resumindo os
itens anteriores:
Fonte: http://www.drilling.com.br
Os ensaios e a protensão, segundo a NBR 5629:2006 deve ser feito após o tempo
de cura da calda ou argamassa que pode ser adotado como 3 dias para o cimento Alta
Resistência Inicial (CP V) e 7 dias para os cimentos comum. Os ensaios podem ser feitos
utilizando o paramento (ainda não incorporado) ou o solo como estrutura de reação, se a
reação for ao solo deve-se garantir a distribuição de tensões por meio de chapas de aço ou
madeira. Todos os tirantes devem ser ensaiados, mais detalhes sobre os ensaios são
encontrados no item 9.1 desse trabalho.
32
Após a aceitação pelos ensaios o tirante é protendido (FIGURA 21) em estágios até
a carga de incorporação, quando então é realizado o encunhamento dos clavetes* e
incorporação do tirante na cortina, nesse momento há uma perda de tensão devido ao
deslocamento causado pelo encunhamento o valor dessa perda depende do sistema de
cada fornecedor que deve informar o valor da perda para ser acrescida a carga de
incorporação.
* Clavetes são as cunhas usadas para prender com pressão as placas de ancoragem
nos sistemas de protensão de fios ou cordoalhas. No caso de tirantes com barras ou auto-
injetáveis isso é feito com o uso de porcas e arruelas.
A carga de incorporação, de acordo com a NBR 6529:2006, deve estar dentro dos
seguintes limites:
Onde:
Ft – carga de trabalho
Fi – carga de incorporação
Esses limites estabelecidos por norma tem o objetivo de não permitir mobilização dos
deslocamentos do maciço por falta de compressão.
33
Segundo Joppert Jr. (2007) a cabeça do tirante é a parte mais sensível de toda a
contenção no que diz respeito à ação das intempéries, assim deve se garantir que haja uma
proteção para ela.
Após a incorporação deve ser feita a limpeza das partes metálicas e á aplicação de
tinta anticorrosiva, normalmente é usado tintas â base de resinas epóxicas, em seguida
prossegue-se com a execução da capa de argamassa (com traço forte de cimento e areia)
garantindo um recobrimento mínimo de 2 cm para todas as partes metálicas.
34
4 PROJETO DE CORTINAS
ATIRANTADAS
4.1 INTRODUÇÃO
Um projeto de cortina atirantada deve contemplar, sobretudo, dois aspectos a serem
considerados nas verificações e dimensionamentos, o primeiro é o da estabilidade do
terreno: verificação da estabilidade global externa por meio da avaliação do plano de ruptura
do talude, verificação da estabilidade global interna por meio da verificação da ruptura da
cunha solicitada pelo tirante e estabilidade do fundo da escavação quando for o caso. O
segundo aspecto importante é o dimensionamento das partes constituintes da cortina
atirantada: fundação, cortina, tirante e ancoragem.
Há ainda situações especiais como a deformação/ruptura da cortina na primeira fase
de escavação antes que o primeiro tirante tenha sido incorporado ao paramento caso a
estrutura não tenha uma ficha mínima insuficiente, a deformação/ruptura da cortina devido a
ficha insuficiente causando pouco empuxo passivo e permitindo grande deslocamento na
base e deformação/ruptura da cortina devido a protensão insuficiente do tirante. Esses
principais modos de ruptura são apresentados na Figura 22.
Fonte: adaptado de More (2003) e de Strom e Ebeling (2002) citados em Mendes (2010).
35
Para qualquer que seja o caso se faz necessário uma investigação do maciço, com
objetivo de conhecer o terreno em questão (tipos de solo, número e espessura de camadas,
plano de ruptura pré-existente, nível d’água) e de se obter parâmetros geotécnicos (ângulo
de atrito e coesão) que são necessários nos cálculos e concepção do projeto.
Diversos autores clássicos da mecânica dos solos (BUENO E VILAR, 2007;
CAPUTO, 1983; VARGAS, 1978; CRAIG, 2007) tratam dos métodos de cálculo consagrados
de estabilidade de taludes, de forma geral esses métodos podem ser usados para avaliar o
problema em questão, de maneira mais específica podem ser encontrados de forma
aplicada às cortinas atirantadas, é o caso de Mendes (2010) que elaborou em estudo de
caso na cidade de Florianópolis aplicando o Método Brasileiro de Atirantamento proposto
por Nunes que de acordo com Fiamoncini, 2009 considera uma superfície de ruptura plana e
verifica a estabilidade interna de uma cunha de ruptura formada devido a protensão do
tirante, mesmo assim é preciso verificar a estabilidade global se todo o sistema, como
exemplo de aplicação de métodos de estabilidade em cortinas atirantadas é feito por More
(2003) que utiliza do método dos elementos finitos para tecer análises do comportamento da
contenção e utiliza o Método das Fatias como o de Bishop Simplificado cujo plano de
ruptura considerado é curvo.
Por outro lado a análise da estrutura da contenção propriamente dita é feita por
partes. As cortinas atirantadas são formadas de dois elementos principais: o paramento, que
é a cortina propriamente e o tirante. O paramento pode ser projetado como laje lisa ou com
vigas enrijecendo suportadas pelos tirantes impedindo o deslocamento translacional e
rotacional aliada a uma fundação na região inferior, que contribui no combate aos esforços
de empuxo, mas que tem como função principal transmitir o peso próprio da cortina ao solo,
a fundação pode ser por sapatas, mas é mais usual nesses casos o uso de estacas (estacas
justapostas, secantes, estacas prancha e parede diafragma) formado uma ficha que
contribui com a estabilidade, com a limitação dos deslocamentos (BUENO E VILAR, 2007;
CRAIG, 2007; HACHICH e outros, 1998, BOWLES, 1996, JOPPERT JR, 2007). Mendes
(2010) resolve em seu trabalho um exemplo completo onde é calculada a laje da cortina, no
caso o autor fez uso de uma cortina enrijecida com vigas, tornando o projeto da mesma no
dimensionamento da laje e das vigas, que é um procedimento usual em estruturas de
edificações e em estruturas de arrimo com contrafortes, a teoria de dimensionamento de
estruturas de lajes e vigas de concreto armado são encontradas em diversos autores tais
como Carvalho e Figueiredo Filho (2007) e Carvalho e Pinheiro (2011), e devem seguir as
recomendações da NBR6118:2003.
O tirante é dimensionado conforme o tipo escolhido, Yassuda e Dias (1998) traçaram
os principais aspectos a serem considerados em cada tipo, e evidencia que a capacidade de
carga do tirante é regulada pela capacidade resistente do elemento tirante (governada pela
36
tensão resistente do cabo, fio ou barra usado e pela área da seção) e pela capacidade de
transmissão de esforços do trecho de ancoragem (capacidade do sistema tirante-maciço)
para o maciço sem atingir o limite de resistência do solo ao cisalhamento na interface entre
o bulbo e o solo.
Várias são as propostas para o cálculo da ancoragem, Joppert Jr (2003) propôs um
método prático de cálculo da capacidade de cálculo para tirantes autoinjetáveis, em More
(2003) são apresentados alguns métodos de cálculo dos quais merecem destaque o Método
de Costa Nunes (1987), o Método da NBR 5629: 2006 e o Método de Ostermayer (1974).
Antes, porém de qualquer verificação ou cálculo, com exceção dos problemas de
estabilidade, é necessário que sejam determinados os esforços decorrentes do empuxo no
paramento e em seguida calcular os esforços solicitantes nos elementos da estrutura.
Assim, com o objetivo principal de sistematizar uma rotina para projeto de cortinas
atirantadas, seguem os tópicos abaixo que foram organizados de maneira que o dado obtido
de um tópico alimente o a entrada de dados do seguinte. Por fim, não há um único
procedimento de projeto, algumas verificações podem ser feitas antes ou depois de outras,
como é o caso da estabilidade global externa e interna, o que se pretende aqui é montar um
procedimento prático e didático para projeto.
Seguindo as orientações de Matos Fernandes (1990) citado em More (2003), More (2003),
Mendes (2010), Pinelo (1980) citado em Fiamoncini (2009) pode ser traçado as seguintes
considerações ilustradas na FIGURA 23:
Llivre>5m (o bulbo deve estar além da superficie de ruptura do talude, acoselhado ainda
que esteja 0,15h dessa superficie, alem disso quanto mais comprido melhor é a distribuição
do esforço de protenção)
Lancorado>5m (garantor que durante a verificação do comprimento ancorado seja a
resistência da ligação solo/nata esteja próxima do desejado
37
Distância entre tirantes >1,5m (A NBR 5629:2006 recomenda no mínimo 1,3 buscado
evitar diminuição de carga em um tirante devido a protensão do tirante vizinho)
Distancia de interferências:
Fonte: Autor
Espessura do paramento:
Diâmetro do furo:
sem a consideração dos tirantes, e uma segunda vez levando-se em conta a interferência
dos tirantes, para as duas situações o coeficiente de segurança mínimo deve ser maior do
que 1,5.
4.1
41
4.2
4.3
4.4
Onde:
FS – fator de segurança
c – coesão
L – comprimento das superfícies potêncais
N – força normal que haje sobre as superfícies potênciais
– ângulo de atrito
T – força tangêncial que atua sobre as superfícies potênciais
W –Peso da cunha formada acima das superfícies potenciais mais acrescimo devido a
carregamento distribuido (q) sobre o talude
– ângulo formado entre as superficies potenciais e a horizontal
i – ângulo formado entre o Tardoz e a horizontal
4.5
Onde
4.6
Nesse método a curva também é uma superfície plana que passa pelo pé do
4.7
4.8
4.9
4.10
4.11
Onde:
Tp – força de protensão necessária para estabilizar o talude, essa força corresponde
a soma das forças de todos os tirantes em uma linha vertical
W’ – peso da cunha formada acima do plano de ancoragem
Assim o talude estará estabilizado se a força de protensão for maior ou igual a Tp,
Alguns autores (RODRIGUES, 2011; TEIXEIRA, 2011) utilizam a força Tp resultante para
projetar os tirantes, de fato se a força Tp é a mínima necessária os tirantes devem ser
dimensionados para ela caso Tp seja maior que a solicitação transmitida pela cortina devido
ao empuxo.
44
Proposto por Kranz em 1953 para cortinas de estacas prancha ancoradas por placas
suportadas pelo empuxo passivo do solo, após o surgimento da técnica de tirantes com
bulbo de ancoragem (FIGURA 28) esse sistema caiu em desuso (More, 2003).
O método de Kranz, no entanto persistiu e é utilizado para verificação da estabilidade
local, o modo de ruptura é em cunha e a superfície é pré-definida passando pelo pé do
paramento, pelo centro de gravidade da ancoragem e posteriormente subindo verticalmente
até a superfície. Segundo More (2003) método foi a princípio concebido para uma única
linha de ancoragens e posteriormente adaptado por Jelinek e Ostermayer (1967) e Rank e
Ostermayer (1968) para múltiplas linhas de ancoragem protendidas.
45
>1,5 4.12
Assim a força de trabalho deve ser no máximo uma vez e meia menor que a força
máxima que o tirante pode ser submetido sem instabilizar o maciço.
Fonte: EC-03:1980
Para uma única linha de ancoragem podem ser usadas as equações da EC-03:1980
–
Tmax= 4.14
46
Onde:
Tmax - máxima força possível no tirante sem que haja ruptura da cunha
Q – reação sobre a superfície potencial de ruptura no trecho inclinado da cunha
G – Peso da cunha, quando , deve ser considerada qualquer eventual
sobrecarga sobre a cunha
Eah – Empuxo ativo atuante na cortina desde o topo até o centro de rotação da ficha
E1h – Empuxo ativo aplicado sobre o trecho vertical da cunha
Erh – Força horizontal resultante devido a resistência (ângulo de atrito) do solo
– ângulo de atrito solo-paramento
– ângulo de inclinação (embutimento) do tirante
– ângulo de atrito interno do solo
– ângulo entre a superfície inclinada da cunha e a horizontal
A maior parte das cortinas atirantadas possui mais de um nível de tirantes, o método
de Kranz generalizado trabalha com várias linhas de tirantes, nesse caso pode surgir
diversas cunhas de ruptura e cada uma deve ser analisada. Três situações são possíveis,
ilustrado nas figuras a seguir.
>1,5 4.15
47
>1,5 4.16
4.17
4.18
2º situação: Os tirantes inferiores são um pouco mais curtos que os superiores, uma
parte do bulbo dos tirantes superiores esta na cunha do tirante inferior:
A verificação é idêntica ao caso anterior.
>1,5 4.19
>1,5 4.20
4.21
4.22
>1,5 4.23
49
>1,5 4.24
>1,5 4.25
4.26
50
4.27
>1,5 4.28
>1,5 4.29
51
>1,5 4.30
4.31
4.32
Fonte: Autor
segundo caso (ruptura local): o CG do bulbo deve passar a uma distância tal
que a as tensões na superfície da cunha formada sejam menores do que a
tensão de cisalhamento máxima do solo.
Fonte: Autor
53
A determinação das solicitações oriundas do empuxo do solo está sem dúvida entre
os mais complexos assuntos da geotecnia, seu cálculo envolve características do maciço da
contenção e do processo executivo. Diante das dificuldades práticas surgiram
procedimentos simplificados para cálculo, Ferreira e outros (1996) seguindo as orientações
da NC-03: 1980 organiza esses procedimentos classificando em duas categorias:
Os métodos evolutivos são métodos analíticos enquanto dentro dos não evolutivos
se encontram métodos empíricos e semi-empiricos
1ºetapa 2ºetapa
3ºetapa 4ºetapa
Fonte: Yassuda e Diaz (1998)
Nota-se que para cortinas cujo paramento não possui ficha, a estabilização da base
do talude deve ser feita com bermas de equilíbrio enquanto a parte superior do paramento
vai sendo incorporada aos tirantes. (FIGURA 42)
57
Fonte: http://www.solotrat.com.br
Em tese, a cortina deve ser verificada para as fases de construção, cada etapa do
avanço na figura acima deve ser verificada a fim de trazer segurança para a escavação. Isso
é pouco prático quando se trata de cálculos manuais, mas a medida que vem sendo
desenvolvidos softwares de cálculo essas verificações tornam-se possíveis.
A Figura 43 adaptada de Bowles (1996) mostra a sequência de avanço, os
deslocamentos e o suposto diagrama de pressões de empuxo para um caso de cortina de
estaca atirantada, no primeiro estágio de escavação o maciço apresenta a deformação
devido ao alivio de tensões e uma superfície potencial de escorregamento no ponto “b” na
base do talude. Logo em seguida é executado o tirante, que desloca o ponto de giro para o
ponto “a” e diminui o deslocamento. É feito o segundo estágio de escavação, a cortina volta
a se deformar, a ficha torna-se menos representativa. Esse ciclo se repete até que se
completem todos os níveis de tirantes e escavações, no fim do processo é costume de
projeto deixar um trecho de ficha na estaca, que contribui para a contenção e principalmente
para a capacidade de carga vertical da estaca se esta estiver sendo solicitada para isso.
58
Fonte: Autor
Nas regiões próximas aos tirantes o diagrama de empuxo tem valor maior,
pois o coeficiente de empuxo esta mais próximo do repouso, o valor do
60
Nas regiões mais deformadas como nos vãos do paramento entre um tirante
e outro o diagrama apresenta valor menor, pois o coeficiente de empuxo ativo
esta sendo mobilizado, valor do empuxo varia a medida do avanço da
escavação e da mudança do ponto de rotação.
Acima foi explicado como ocorre a distribuição de tensões na cortina, nas regiões
próximas as escoras/tirantes ocorrem pontos de maior rigidez que se deslocam menos que
os vãos entre os tirantes, além disso, em função do processo executivo existe uma variação
do ponto de giro fazendo com que hora o trecho inferior se desloque mais que o superior e a
pressão na região superior é maior, e hora ocorre o inverso . Pois bem, isso corresponde ao
comportamento do paramento, no entanto esse fenômeno de distribuição mais uniforme de
tensões é devido, do ponto de vista do solo, ao arqueamento.
O arqueamento é o efeito causado pela engrenamento dos grãos de solo formando
um arco comprimido entorno de alguma região que tenha sofrido alívio de tensões.
(MENDES, 2010, CAPUTO, 1983; VARGAS, 1978). Esses atores elucidam o problema com
a situação de uma plataforma de areia, em um primeiro momento com a tampa fechada, um
segundo momento com essa tampa deslocada para baixo e um terceiro momento com a
tampa aberta (FIGURA 49).
Fonte: Autor
64
Quando a tampa esta fechada e na posição inicial ela sofre uma pressão de p=g.h,
quando é deslocada para baixo essa pressão diminui e o efeito do arqueamento aparece,
quando é aberta a tampa, uma pequena quantidade de areia cai, mas todo o conjunto
permanece estável. Isso se deve a resistência ao cisalhamento do solo que permite que
ocorra a redistribuição de esforços para regiões mais rígidas formando uma biela
comprimida que é o efeito arco, que ocorre em tuneis, galerias e contenções, ou seja, os
esforços tendem a se propagar em regiões de maior rigidez, como na região da laje ao lado
da porta.
Em uma contenção em balanço esse efeito se dá com o campo de tensões sendo
direcionado para a região da ficha ao invés do paramento, uma vez que na ficha a rigidez da
estrutura é maior, formando assim o diagrama triangular. Nas contenções ancoradas e
escoradas esse efeito aparece quando o paramento apresenta uma deformada ondulada, o
efeito arco causa maior concentração de tensões nas proximidades da cabeça do tirante,
onde o deslocamento é menor (e a rigidez maior), esse efeito é tridimensional e ocorre tanto
na horizontal como na vertical (FIGURA 50 e 51).
Fonte: Autor
Fonte: Autor
65
Como se pode ver nessas figuras e de acordo com tudo o que foi dito até aqui a
rigidez do paramento, o efeito arco e o comprimento da ficha influenciam no diagrama de
empuxo. Resta ainda tratar alguns detalhes sobre a rigidez da estrutura.
Uma vez que o paramento tenha flexibilidade suficiente para se formar e mobilizar o
empuxo ativo ocorre o arqueamento e a uniformização do diagrama. Isso é válido para
cortinas de um modo geral, no entanto para paredes de grande espessura, como as paredes
diafragma que podem chegar a uma espessura de 1,20m a rigidez é muito elevada e não há
um deslocamento tão apreciável do paramento em relação aos tirantes, a única região mais
deformável é na base da cortina pois a ficha é suportada pelo solo que é deformável.
Nesse caso a NC-03: 1980 recomenda que o empuxo seja considerado mais próximo
do repouso, pois o empuxo ativo não foi totalmente mobilizado, em diversos autores
(MENDES, 2010; MONTEIRO, 2009; MORE, 203; YASSUDA E DIAZ, 1996, TRONDI, 1993)
Yassuda e Diaz (1996)) é mencionado o fato de alguns projetistas utilizarem um diagrama
intermediário entre o de repouso e o ativo, além dessa consideração há o fato de que, se
todo o paramento é rígido o efeito arco não se forma e não há uniformização de diagrama
de pressões. Nas FIGURAS 52 e 53 abaixo se observa a união entre o diagrama de empuxo
em repouso e empuxo em ativo em um diagrama resultante, a 0,3H partindo-se da base da
escavação é permitido uma diminuição do empuxo em repouso devido a deformabilidade da
ficha, na região 0,7H na figura o empuxo em repouso é triangular devido a rigidez do
paramento.
Figura 52- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra
Fonte: NC-03:1980
66
Figura 53- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra
Fonte: NC-03:1980
Figura 54- diagrama de empuxo ara cortinas atirantadas – com consideração dos
efeitos de protensão
Aqui é finalmente apresentada uma rotina de cálculo dos empuxos. Nas figuras
abaixo estão organizados os principais diagramas do método empírico e do método semi-
empirico para determinação do empuxo
a) Método empírico (válido para paredes flexíveis, são a maioria dos casos)
I) Cortinas em Areia
I) Cortinas em Argila
Figura 66- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra
Fonte: NC-03:1980
Figura 67- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra
Fonte: NC-03:1980
c) Observações finais
O empuxo devido a água deve ser calculado sempre com diagrama triangular
Solos pouco resistentes como argila mole não devem ser retificados, pois não
há resistência ao cisalhamento suficiente para a formação do arqueamento.
73
A estimativa do número de tirantes definirá a malha da cortina, pode ser feita uma
vez que se obtenha o valor total do empuxo na cortina. O valor do empuxo corresponde a
solicitação por metro de face da cortina, assim a força total para uma cortina de face
retangular é o valor do empuxo multiplicado pelo comprimento da cortina, e o número de
tirantes é:
nt = 4.33
onde:
nt – número de tirantes
E – empuxo resultante
L – comprimento da cortina
– ângulo de embutimento do tirante
Fonte: Autor
a) Momento Fletor
Primeiro tirante:
Tirante intermediário:
M2 = ( + 4.35
Primeiro tirante:
Tirante Intermediário:
Último tirante:
c) Força Cortante:
Uma vez tendo as reações nos tirantes pode ser traçado o diagrama de força
cortante
Fonte: Czarnobai
76
A diferença entre os dois modelos consiste apenas no fato de que através dos
pórticos equivalentes pode-se alcançar um dimensionamento mais econômico devido ao
fato de se trabalhar com os esforços em faixas, as faixas externas absorvem mais esforços
negativos que as externas devido a maior rigidez na região dos apoios (tirantes), o contrário
ocorre com os momentos positivos. O processo de viga contínua ignora esse fato e os
esforços que resultam são médios na faixa, no entanto dado o pequeno espaçamento entre
tirantes a diferença não será muito significativa. Enfim da analise estrutural é obtido os
esforços solicitantes na cortina e nos tirantes.
A norma EC-03:1980 recomenda que seja feita uma correção nos valores resultantes
das forças cortantes e reações nas estroncas/tirantes.
No caso de cortinas com ficha deve-se lembrar que na realidade o apoio é elástico e
não indeslocavel por isso na FIGURA 75 uma redução no momento na região da ficha e
aumento na região do último vão entre o tirante e a ficha,
77
Onde:
O coeficiente 0,9 é devido ao fato de que o aço não deve trabalhar sob uma tensão
maior do que 90% da sua tensão e escoamento, a carga limite é: Tlim = 0,9.fyk. As.
A carga de trabalho do tirante é dado por:
Ft = adm. As 4.42
onde:
Ft – carga de trabalho
De acordo com a NBR 5629:2006 a área de aço de cada elemento individual (barra,
fio ou cordoalha) não deve ser inferior a 50mm²
Do ponto de vista de aplicação prática estes são os métodos mais citados entre os
autores. Os dois primeiros, brasileiros, são tratados a seguir. Para os demais sugere-se
consultar More (2003)
83
Solos arenosos:
4.43
Solos argilosos:
4.44
Onde:
T – Capacidade de carga da ancoragem
’ – tensão efetiva no ponto médio da ancoragem
U – perímetro médio da seção transversal de ancoragem
Lb – comprimento do bulbo de ancoragem
Kf – coeficiente de ancoragem
– coeficiente redutor da resistência ao cisalhamento
Su – resistência não drenada do solo argiloso
Compacidade
Solo
Fofa Compacta Muito Compacta
silte 0,1 0,4 1
areia fina 0,2 0,6 1,5
areia média 0,5 1,2 2
areia grossa e pedregulho 1 2 3
- Ancoragem em rocha:
A norma traz ainda uma estimativa de resistência para rochas devido ao atrito rocha-
argamassa. A capacidade de carga da ancoragem é o menor entre os seguintes valores:
4.45
Onde:
T – Capacidade de carga da ancoragem
– tensão de cisalhamento na interface bulbo-solo
de – diâmetro médio do bulbo
Lb – comprimento do bulbo de ancoragem
nb – coeficiente de aumento de diâmetro do bulbo devido a pressão de injeção
nL – coeficiente de redução de comprimento do bulo devido a pressão não uniforme
sobre o mesmo – para ancoragens de até 8m, considera-se nL=1.
A resistência ao cisalhamento é determinada pelo critério de Mohr-Coulomb
4.46
85
Onde:
c – coesão entre calda e solo (adotada igual a coesão do solo)
4.47
Onde:
Sendo:
h – profundidade da superfície ao centro do bulbo
– massa específica do terreno acima do bulbo
nh – coeficiente de redução da profundidade (quando h> 9m, n h=1)
Quando a cortina se tratar de uma laje apoiada diretamente nos tirantes, isto é, não
haver uma grelha ou vigas passando pelos tirantes deve ser verificado a punção na região
dos tirantes, seguindo novamente as prescrições da NBR 6118:2007, esse cálculo também
pode ser encontrado nos livros clássicos de concreto armado.
87
5 ASSUNTOS COMPLEMENTARES
5.1 ENSAIOS NOS TIRANTES
De importância fundamental quando se trata de tirantes são os ensaios de
protensão, todos os tirantes devem ser submetidos a algum tipo de ensaio, de acordo com a
NBR 5629:2006 estabelece quatro tipos de ensaios, a saber: ensaio básico, ensaio de
qualificação, ensaio de recebimento e ensaio de fluência, cujas características básicas
seguem abaixo:
Ensaio Básico:
Deve ser feito quando se utiliza um novo tipo de tirante, esse ensaio consiste na
execução do ensaio de qualificação e posterior escavação ao lado do tirante e na verificação
da conformação do bulbo, da qualidade de injeção e dos comprimentos livre e de
ancoragem.
Só é realizado para novos modelos de tirantes
Ensaio de Qualificação:
Ensaio de recebimento:
Trata-se do principal ensaio, deve ser realizado em todos os tirantes da obra para
garantira capacidade de carga e do comportamento do tirante.
Ensaio de fluência:
Onde:
Fo – carga inicial
Fyk – resistência característica a tração
S – área da menor seção do elemento tracionado*
* No caso de tirantes com rosca não se deve considerar as saliências da rosca
c) a partir de Fo deve-se prosseguir com os estágios de força abaixo
Para ambos os casos não se deve ultrapassar uma carga de estágio maior que 0,9.
Fyk . S.
d) Alcançado Fo aplicasse o primeiro estágio de 0,4 Ft, e medem-se os
deslocamentos até estabilização dos deslocamentos para essa carga, após estabilização
alivia-se a carga até Fo e mede-se o deslocamento plástico, finalizando assim o ciclo do
estágio 0,4Ft.
e) Para o próximo estágio (0,75Ft) segue-se o mesmo procedimento, medindo-se o
deslocamento na passagem pela carga 0,4Ft (após estabilização da pressão do manômetro)
e o deslocamento (após a estabilização do deslocamento) com carga de 0,75Ft, em seguida
alivia-se a carga até Fo e mede-se o deslocamento plástico fechando o segundo ciclo e
assim por diante para todos os estágios até ser alcançado o último estágio.
Cada estágio de carregamento ao ser atingido deverá ter o deslocamento da cabeça
do tirante medido com extensômetro de resolução 0,01mm. Será considerado o
deslocamento estabilizado em cada ciclo (antes de se aliviar a carga para Fo) se for
obedecido os seguintes critérios:
89
De acordo com a norma resultados do ensaio deve ser apresentada com o uso de
um gráfico “Carga x Deslocamento” (FIGURA 76-a) e de um gráfico “Carga x
Deslocamentos elásticos e permanentes” (F x de e F x dp) como mostra a FIGURA 76-b.
5.2
Onde:
5.3
Onde:
deb – deslocamento elástico do limite inferior
5.4
Onde:
dec – deslocamento elástico de referência
- curva real e comprimento livre efetivo: da curva real, obtida dos valores dos
deslocamentos elásticos do ensaio pode-se obter o comprimento livre efetivo (LLE) do tirante,
isso é feito pela equação abaixo onde Δd e e ΔF são retirados do trecho aproximadamente
reto dessa curva.
5.5
Onde:
LLE – comprimento livre efetivo
Δde – variação do deslocamento elástico entre pontos qualquer em um trecho
aproximadamente reto da curva
ΔF – variação do carregamento correspondente a Δd e.
- Perda de carga por atrito (Pa): é a perda de carga que ocorre no trecho livre do
tirante, pode ser obtida a partir do prolongamento da parte aproximadamente reta da curva
92
real até o eixo das abscissas (ou das forças), a diferença de força entre o ponto F0 e o
ponto de intersecção é a perda de carga Pa.
O fato de haver perda por atrito no trecho livre maior que 15% de Flim não
implica necessariamente que o tirante não tem a capacidade de carga
suficiente significa apenas que o bulbo não foi testado plenamente, caso isso
ocorra pode-se tentar o descolamento do trecho livre através de sucessivos
carregamentos ou descarregamentos. Para tirantes com trechos livres mais
longos (quanto mais longo maior o risco de haver atrito e perda de carga
nesse trecho) pode-se superdimensionar o aço para que a carga limite
aplicada seja maior, vencendo as perdas de carga de forma que a tensão
resultante no bulbo seja a Flim desejada.
Onde:
Fo – carga inicial
Fyk – resistência característica a tração
S – área da menor seção do elemento tracionado*
*no caso de tirantes com rosca não se deve considerar as saliências da rosca
c) a partir de Fo deve-se prosseguir com os estágios de força abaixo:
tirante tipo A 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,4Ft 1,6Ft 1,75Ft
permanente tipo B 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,4Ft
tirante tipo C 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,5Ft
provisório tipo D 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft
Para ambos os casos não se deve ultrapassar uma carga de estágio maior que 0,9.
Fyk . S.
d) Alcançado Fo aplica-se o primeiro estágio de 0,3 Ft, e medem-se os
deslocamentos (após estabilização do manômetro), após estabilização aplicasse o segundo
estágio de 0,6Ft e assim por diante. Ao atingir o último estágio (carga máxima) medem-se
os deslocamentos (após estabilização dos deslocamentos) e aliviasse até F 0 onde é medido
o deslocamento plástico. (No ensaio de recebimento antes de prosseguir para o próximo
estágio a protensão era aliviada, nesse caso não, parte-se de um estágio ao outro direto,
apenas esperando a estabilização da pressão do manômetro).
94
a) cuja curva real dos deslocamentos elásticos estiver entre a linha a e a linha b
b) cujo deslocamento tenha se estabilizado durante aplicação da carga máxima de
ensaio prevista (segundo os critérios de intervalos de tempo do item 9.2.2 desse trabalho)
O fato de haver perda por atrito no trecho livre maior que 15% de Flim não
implica necessariamente que o tirante não tem a capacidade de carga suficiente,
significa apenas que o bulbo não foi testado plenamente, caso isso ocorra pode-se
tentar o descolamento do trecho livre através de sucessivos carregamentos ou
descarregamentos. Para tirantes com trechos livres mais longos (quanto mais longo
maior o risco de haver atrito e perda de carga nesse trecho) pode-se
superdimensionar o aço para que a carga limite aplicada seja maior, vencendo as
perdas de carga de forma que a tensão resultante no bulbo seja a Flim desejada.
A medida dos deslocamentos na cabeça do tirante devem ser coletadas para cada
estágio de carregamento nos seguintes intervalos de tempo
5.7
Onde:
CF – coeficiente de fluência
d1 e d2 – deslocamentos em dois pontos quaisquer da reta
t1 e t2 – tempos correspondentes aos deslocamentos d 1 e d2
97
Quando se trata de um tipo de contenção com estacas que contenham uma ficha
enterrada no solo, como é o caso das paredes diafragma atirantadas não há necessidade de
se usar as bermas para dar estabilidade ao sistema uma vez que a ficha seja projetada ara
suportar os empuxos durante o processo construtivo (FIGURA 80).
Fonte: http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas
Na FIGURA 83 pode-se ver o processo executivo de cima para baixo denominado também
de método brasileiro.
100
Esse mesmo autor enfatiza também a necessidade de controle durante a vida útil
dos tirantes, a antiga NBR 5629:1977 preconizava, para o caso de tirantes definitivos a
verificação da carga por medida direta ou reprotensão em pelo menos 5% dos tirantes nos 6
meses iniciais e após cada 2 anos até os 5 primeiros anos da execução. Essa verificação
não era feita na prática e por isso a atual norma não exige esses ensaios. No entanto com a
finalidade de garantir a segurança, pelo menos em parte, durante a vida útil a atual norma
aumentou o nível de exigência no que diz respeito à proteção dos tirantes, estabelecendo
hoje três classes de proteção, como é mostrado na tabela seguir.
Tabela 9 – Tirantes a serem ensaiados – Ensaio de recebimento
Classe Aplicação Proteção
Trecho ancorado:
1º barreira física: tubo plástico corrugado ou metálico com espessura mínima de 4 mm
a)Tirantes permanentes em meio 2º barreira física: argamassa ou nata de cimento
muito agressivo ou medianamente trecho livre: opção 1
Classe 1 agressivo (graxa anticorrosiva + duto plástico) por barra, fio ou cordoalha +
b)Tirantes provisórios em meio (calda/argamassa de cimento entre os dutos individuais+ duto plástio)
muito agressivo trecho livre: opção 2
(graxa anticorrosiva + duto plástico) envolvendo todas as barras, fios ou cordoalhas +
(calda/argamassa de cimento entre os duto anterior e outro duto plástio)
Trecho ancorado:
a)Tirantes permanentes em meio
argamassa ou nata de cimento e uso de centralizadores garantindo um recobrimento
não agressivo
Classe 2 de no mínimo 2 cm
b)Tirantes provisórios em meio
trecho livre:
mediamente agressivo
uso das opções 1 ou 2 da classe 1
Trecho ancorado:
argamassa ou nata de cimento e uso de centralizadores garantindo um recobrimento
de no mínimo 2 cm
a)Tirantes provisórios em meio
Classe 3 trecho livre: opção 1
não agressivo
proteção por um duto plástico individual por barra, fio ou cordoalha
trecho livre: opção 1
proteção por um duto plástico envolvendo todas as barras, fios ou cordoalhas
Fonte: Autor
104
Fonte: Autor
Resta ainda uma questão a ser tratada sobre o tema, como determinar qual o grau
de agressividade do meio. Yassuda e Diaz fornece a seguinte tabela, que foi retirada da
NBR 5629:2006 com algumas adaptações, onde o grau de agressividade é função da
caracterização da água presente no solo:
uma boa solução para o problema em potencial, e naturalmente, existe mais de uma
alternativa para se solucionar o problema:
cimento na região do
bulbo
durante a injeção
ocorre o vazamento de ocorrência de vazios no solo
nata de cimento no ou quebra de tubulações injetar várias fazes ara consolidar o terreno
vizinho (piso, próximas ao tirante
tubulação, dreno, etc.)
não há aumento de ocorrência de vazios no solo injetar várias fases para consolidar o terreno
pressão na abertura
dos manchetes e de injetar várias fazes com controle de volume, e
injeção ocorrência de argila muito nos próximos tirantes perfurar novamente
independentemente da mole com diâmetros entre 15 e 30cm e aumentar o
quantidade de fases de comprimento de ancoragem
injeção
6 CONCLUSÕES E SUJESTÕES DE
PESQUISA
De fato as cortinas atirantadas são um tipo especial de contenção, seu processo de
cálculo exige do engenheiro conhecimentos apurados de geotecnia e de estruturas, o
método executivo é rico em particularidades que só ocorrem nesse tipo de contenção e o
seu comportamento pode se tornar extremamente complexo dependendo da situação.
No entanto, em meio a todos os fatores complicadores as cortinas atirantadas têm
seus fundamentos baseados nos mesmos conceitos clássicos de geotecnia e concreto
armado fazendo com que o desenvolvimento de um projeto consista em saber juntar os
conhecimentos das diversas áreas do conhecimento pertinentes a engenharia civil.
Contudo, como foi dito, restam muitos problemas com solução limitada ou com
restrições poderosas para uso, implicando necessariamente na necessidade de
desenvolvimento científico e tecnológico sobre alguns temas, principalmente os que
envolvem o projeto. Sendo assim segue abaixo algumas sugestões de pesquisa que sem
dúvida seriam de muita utilidade para o meio técnico, principalmente quando é enfocado o
aspecto prático do problema, permitindo que as soluções oferecidas sejam passíveis de uso
no dia á dia.
Sugestões de pesquisa:
Determinação do empuxo para múltiplos níveis de ancoragem
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5629: Execução de Tirantes
Ancorados no solo. Rio de Janeiro, 1996.
BUENO, B. S.; VILAR, O. M. Mecânica dos Solos. Publicação EESC/USP, 2007. Vol. 2.
CAPUTO H. P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 5ºed. , Rio de Janeiro: LTC, 1983.
CRAIG, R.F. Mecânica dos Solos. 7ºed, São Paulo: LTC. 2007.
SITES CONSULTADOS
http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes/tirantes.html#lightbox[tirantes]/5/
Acessado em novembro de 2013
http://www.dywidag.com.br/downloads/catalogos-protendidos-dywidag.html
Acessado em novembro de 2013
http://www.incotep.com.br/tirantes-autoinjetavel.php#metodologia
Acessado em novembro de 2013
http://www.drilling.com.br/?page_id=16
Acessado em novembro de 2013
http://www.ebanataw.com.br/talude/caso8a.htm
Acessado em novembro de 2013
http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas
Acessado em novembro de 2013
112
8 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5629: Estruturas ancoradas no
terreno – Ancoragens Injetadas. Rio de Janeiro, 1977.
ADIB, M. E. Internal Lateral Earth Pressure in Earth Walls. 1998. 752p., Dissertation
(Ph.D), University of California, Berkeley, California.
BARLEY, A. D. The Single Bore Multiple Anchor System. In: International Conference on
Ground Anchorages and Anchored Structures, 1, 1997. London. International Conference on
Ground Anchorages and Anchored Structures, London, 1997, p. 20-21.
9 APÊNDICE 1 – APRESENTAÇÃO DO
TCC À COMISSÃO JULGADORA
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