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ANHANGUERA EDUCACIONAL

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO EM


EDIFICAÇÕES

Nome do aluno

TUCURUÍ
2021
LUCAS TOMAZ LEITE

PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO EM EDIFICAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia


Civil da Universidade Anhanguera Educacional,
como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Área de concentração: Patologia das Estruturas de
Concreto.

Orientador: Prof.Esp. Carlos Alberto Goncalves da


Silva Maistro Machado

Tucuruí
2021
2
LEITE, L, T. Patologia em estruturas de concreto armado em edificações. 2021. 29 f.
Trabalho de Graduação (Graduação em Engenharia Civil) – UNIVERSIDADE
ANHANGUERA ENDUCACIONAL, Tucuruí 2021.

RESUMO.

O presente trabalho trata das principais manifestações patológicas encontradas em estruturas de


concreto armado em edifícios tendo como objetivo analisá-las, diagnosticando as causas,
fornecendo soluções e a partir do conhecimento adquirido, entre as quais se destacam as fissuras,
manchas, intempéries, corrosão do aço e deterioração de estruturas de concreto armado, e visa
analisar as possíveis causas e propor possíveis medidas preventivas. As estruturas de concreto
armado estão em contato direto com o ambiente a que estão inseridas e podem sofrer de
propriedade e desempenho, o que resulta na diminuição de sua vida útil para o qual foram
concebidas. Entretanto Medidas que podem prevenir ou reduzir as manifestações patológicas.
Essas manifestações patológicas podem ocorrer mais cedo do que o previsto na obra, resultando
na diminuição da durabilidade da estrutura e afetando os parâmetros de segurança da edificação
O estudo tem como objetivo principal expor as principais causas do aparecimento de
manifestações patologias em estruturas de concreto em edifícios residenciais e propor soluções
para as manifestações detectadas s. O trabalho trás a necessidade de ter um programa eficiente
de inspeção e manutenção previa e constante, onde nelas verifique a durabilidade das
edificações, permitindo determinar prioridades para as ações necessárias ao cumprimento da
vida útil prevista.

Palavras-chave: Patologia, Estrutura, Concreto Armado, Manifestações Patológicas.

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LEITE, L, T. Pathology in reinforced concrete structures in buildings. 2021. 29 f. Trabalho
de Graduação (Graduação em Engenharia Civil) – UNIVERSIDADE ANHANGUERA
ENDUCACIONAL, Tucuruí, 2021.

ABSTRACT

The present work deals with the main pathological manifestations found in reinforced concrete
structures in buildings aiming to analyze them, diagnosing the causes, providing solutions and
from the acquired knowledge, among which the cracks, stains, weathering, corrosion of the steel
and deterioration of reinforced concrete structures, and aims to analyze the possible causes and
propose possible preventive measures. Reinforced concrete structures are in direct contact with
the environment in which they are inserted and may suffer from property and performance,
which results in a reduction in their useful life for which they were designed. However Measures
that can prevent or reduce pathological manifestations. These pathological manifestations may
occur earlier than expected in the work, resulting in a decrease in the durability of the structure
and affecting the building's safety parameters. residential and propose solutions for the detected
manifestations s. The work brings the need to have an efficient program of previous and constant
inspection and maintenance, where the durability of the buildings is verified, allowing to
determine priorities for the actions necessary to fulfill the expected useful life..

Key-words: Pathology, Structure, Reinforced Concrete, Pathological Manifestations.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - viga de concreto simples (a) e armado (b). fonte: pfeil (1989) durabilidade. ......... 15
Figura 2 - Zonas de tração e compressão. ................................................................................ 18
Figura 3 - Zonas de tração, compressão e linha neutra da estrutura. ........................................ 18
Figura 4 - Causas intrínsecas das manifestações patológicas. .................................................. 23
Figura 5 - Vazios de concretagem em pé de pilar. ................................................................... 25
Figura 6 - Junta de concretagem ............................................................................................... 26
Figura 7 - Acidente com laje devido ao escoramento insuficiente. .......................................... 28
Figura 8 - Desenvolvimento da reação álcalis-agregado no concreto. ..................................... 32
Figura 9 - Causas extrínsecas das manifestações patológicas. ................................................. 35
Figura 10 - Estrutura inadequada ao ambiente. ........................................................................ 37
Figura 11 - Bulbo de tensões. ................................................................................................... 38
Figura 12 - Falha em junta de dilatação. .................................................................................. 39
Figura 13 - Bulbos sobrepostos. ............................................................................................... 40
Figura 14 - Recalques gerados pelo rebaixamento do lençol freático. ..................................... 41
Figura 15 - Pilar sujeito á choques de veículos. ....................................................................... 42
Figura 16 - Guarda-rodas sujeito á choques de veículos. ......................................................... 42
Figura 17 - Variação da resistência do aço com a elevação da temperatura. ........................... 44
Figura 18 - Fases do calor em incêndios. ................................................................................. 45
Figura 19- Lascamento do concreto por ataque de sulfatos. .................................................... 46
Figura 20 - Reação da carbonatação. ........................................................................................ 48

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LISTA DE GRÁFICOS

Quadro 1 Gastos em países desenvolvidos com manutenção. .................................. 16


Quadro 2 Vida útil das estruturas de concreto armado. ............................................. 17
Quadro 3 Vida útil x Desempenho. ............................................................................. 18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................... 9


2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 10
3. OBJETIVOS..................................................................................................................... 10
3.1 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................. 10
Após pesquisa bibliográfica a respeito, este estudo, para mostrar as principais causas da
patologia nas estruturas de concreto armado, e apresentar algumas de suas causas principais e
remediações possíveis. ......................................................................................................... 10
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 10
 Analisar quais são as origens das manifestações patológicas do concreto armado; .... 10
 Apontar as principais e mais comuns manifestações patológicas em estruturas de
concreto armado encontradas, mostrando quais são as características de cada uma para que
possam ser reconhecidas, reforçadas e recuperadas; ............................................................ 10
 Indicar técnicas de inspeção e diagnóstico; .................................................................. 10
4. PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO ............................... 11
Durabilidade de estruturas de concreto armado ................................................................... 12
Origem dos problemas patológicos ...................................................................................... 16
Infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência ......................................................... 20
Concreto segregado .............................................................................................................. 21
Concreto desagregado .......................................................................................................... 22
Fissuras ................................................................................................................................. 23
Trincas .................................................................................................................................. 26
Corrosão da armadura .......................................................................................................... 28
Corrosão no concreto ........................................................................................................... 29
Técnicas de limpeza, reparo e reforço .................................................................................. 30
Intervenções superficiais .................................................................................................. 31
Polimento ......................................................................................................................... 31
Apicoamento .................................................................................................................... 31
Lavagem com soluções ácidas ......................................................................................... 32
Lavagem com soluções alcalinas ..................................................................................... 32
Lavagem com jato de areia e de água............................................................................... 32
Reparo de fissuras ............................................................................................................ 33
Injeção de fissuras ............................................................................................................ 33
Costura de fissuras ........................................................................................................... 34
Reforço em estruturas de concreto armado ...................................................................... 35
Reforço mediante chapas de aço coladas ......................................................................... 35
Reforço mediante fibras de carbono................................................................................. 36
Reforço mediante aumento da seção transversal.............................................................. 41
Reforço mediante uso de perfis metálicos........................................................................ 43
Reforço mediante Protensão Externa ............................................................................... 45
Recuperação de estruturas corroídas ................................................................................ 46
5. METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 48
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 49
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 51
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1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO

Desde os primórdios da civilização, o homem tem se preocupado com a construção de


estruturas adaptadas às suas necessidades, sejam elas habitacionais (casas e edifícios), laborais
(escritórios, indústrias, silos, galpões, etc.), ou de infra-estrutura (pontes, cais, barragens, metrôs,
aquedutos, etc.). Com isto, a humanidade acumulou um grande acervo cientifico ao longo dos
séculos, o que permitiu o desenvolvimento da tecnologia da construção, abrangendo a
concepção, o cálculo, a análise e o detalhamento das estruturas, a tecnologia de materiais e as
respectivas técnicas construtivas. (SOUZA E RIPPER, 1998).
Diante destes avanços, é notável que a busca técnicas que possibilite ter estruturas com
arquiteturas cada vez mais emblemáticas ou ate mesmo mais seguras, seja alvo do ser humano,
seja ela para inovar ou buscar o domínio sobre novas técnicas.
Com o surgimento do concreto armado, suas técnicas de cálculo de projetos foram sendo
aprimorada cada vez mais, buscando novos materiais para agregar e dar mais resistência a
estrutura.
Porem à má execução do projeto, materiais insuficientes e / ou erros no projeto, acarreta
uma serie de problemas, ocasionando as patologias nas estruturas de concreto. E a analise das
patologias das estruturas vem se tornando um ramo de pesquisa na engenharia que vem auxiliar
e sanar a origem e as suas formas de manifestações bem como as conseqüências, seja ela estética
(defeito na pintura) ou até estrutural (fissuras, carbonatação, desagregação, disgregação,
segregação, corrosão etc.) que possa chegar ao colapso.
De acordo com Souza e Ripper (1998) “As estruturas de concreto não são eternas, pois se
deterioram com o passar do tempo e não alcançam sua vida útil se não são bem projetadas,
executadas com esmero, utilizadas com critério e, finalmente, submetidas a uma manutenção
preventiva”.
O objetivo do trabalho foi um estudo através de revisão teórica baseando-se nas etapas
de projeto, processo executivo, mão de obra qualificada e materiais de qualidade, a fim de se

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evitar processos patológicos, que acabam por diminuir a vida útil e desempenho da estrutura,
além de gerar um acréscimo de custos para recuperar e reforçar uma estrutura afetada em sua
totalidade.

2. JUSTIFICATIVA

Este tema foi escolhido devido à necessidade de evitar manifestações patológicas no concreto
armado, o que acabará por reduzir a vida útil e o desempenho da edificação, além de incorrer em
custos adicionais para restauração e reforço da estrutura afetada.

3. OBJETIVOS

1.2 OBJETIVOS GERAIS

Após pesquisa bibliográfica a respeito, este estudo, para mostrar as principais causas da
patologia nas estruturas de concreto armado, e apresentar algumas de suas causas
principais e remediações possíveis.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar quais são as origens das manifestações patológicas do concreto armado;

 Apontar as principais e mais comuns manifestações patológicas em estruturas de concreto


armado encontradas, mostrando quais são as características de cada uma para que possam
ser reconhecidas, reforçadas e recuperadas;

 Indicar técnicas de inspeção e diagnóstico;

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4. PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

O concreto (uma mistura feita de agregados miúdos e graúdos, cimento, areia e água) por si
só, é um material que resiste às tensões de compressão de uma estrutura. Possui uma baixa
resistência à tração. Para solucionar este problema, são adicionadas ao sistema as barras de aço,
que compõem a armadura da estrutura, fazendo com que o conjunto concreto mais armadura
suportem as duas tensões: compressão e tração. O termo “concreto armado” é, portanto, o
somatório destes dois materiais (concreto e barras de aço) que, trabalhando juntos, conseguem
dar estabilidade às estruturas.
Com o surgimento do concreto armado e com as vantagens que o mesmo trazia sobre as
demais técnicas e materiais empregados na época, logo foi vista uma brusca “aceleração” no
uso deste material. Com este panorama ,vieram também as manifestações patológicas que o
mesmo pode causar devido ao desleixo, má utilização, mão de obra desqualificada ou até
mesmo falta de conhecimento de como empregá-lo corretamente.
Países com economia crescente causaram uma aceleração em diversas áreas da engenharia,
em especial da construção civil no qual habitações são construídas cada vez como dimensões
maiores e de maneira mais rápida.
Tal conjectura na construção civil gera uma alta demanda de funcionários da área, levando
a muitas contratações de mão de obra desqualificada devido a necessidade e falta em
determinado setor. Isso pode trazer um grande prejuízo quando se trata da questão de qualidade
em uma obra, podendo ser fator que leve ao surgimento de manifestações patológicas.
(THOMAZ, 1989).
Bastos (2006) define concreto armado como sendo “a união do concreto simples e de um
material resistente à tração (envolvido pelo concreto) de tal modo que ambos resistam
solidariamente aos esforços solicitantes”, ou seja:

Concreto armado = concreto simples + armadura + aderência.

O trabalho em conjunto do concreto com armadura fica bem ilustrado na figura 1.

No caso (a) tem-se uma viga de concreto simples, que rompe assim que a primeira fissura
surge, em decorrência de carregamentos externos. Isso se dá ao fato de a tensão de tração
atuante seja maior que a tensão suportada pelo concreto.

No caso (b), com a adição de armação ao concreto simples, na região onde se concentram
as tensões de tração, constata- se que a resistência à tração do conjunto aumenta
significativamente, fazendo com que a viga suporte esse carregamento e não rompa.

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Figura 1 - viga de concreto simples (a) e armado (b). fonte: pfeil (1989) durabilidade

Durabilidade de estruturas de concreto armado

A durabilidade é um fator importante quando se trata de patologia no concreto; ela é o


resultado da interação entre a estrutura de concreto, o ambiente e as condições de uso, de
operação e de manutenção. Portanto não é uma propriedade inerente ou intrínseca à estrutura,
à armadura ou ao concreto. Uma mesma estrutura pode ter diferentes comportamentos, ou
seja, diferentes funções de durabilidade no tempo, segundo suas diversas partes, até
dependente da forma de utilizá-la.
Para a NBR 6118:2003 da ABNT, item 5.1.2.3, durabilidade “consiste na capacidade
da estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do
projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto”.
No item
prescreve que “as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as
condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em
projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período
correspondente à sua vida útil”.

Sabe-se que nenhum material é intrinsecamente durável, pois suas propriedades


variam em decorrência da interação da sua estrutura, mais especificamente, da sua
microestrutura com o meio ambiente. As variações decorrem ao longo do tempo e a vida útil
de um determinado material é finalizada quando suas propriedades tornam seu uso inseguro
ou antieconômico. Discorrendo sobre o tema, atribui-se o problema atual da pouca
durabilidade das construções à carência de conhecimento quanto aos materiais e componentes
das estruturas de concreto. No caso de materiais e componentes “tradicionais”, o
conhecimento do seu uso constitui uma fonte preciosa de dados para a estimativa de vida útil
destes produtos, no entanto, quando se trata de materiais e componentes de características
novas é necessário recorrer a métodos de ensaio que simulem o seu uso em obra.

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A durabilidade não é simplesmente uma característica dos materiais, mas um resultado
da interação de um material ou componente com o meio ambiente. Esta interação provoca
alterações na capacidade de atendimento das demais necessidades dos usuários, ou seja, pode
provocar uma degradação.
Entende-se por patologia do concreto armado a ciência que estuda os sintomas,
mecanismos, causas e origens dos problemas patológicos encontrados nas estruturas de
concreto armado. Lembrando que para um dano qualquer, existe a possiblidade de vários
fatores serem responsáveis. Estes danos podem vir apenas a causar incômodos para aqueles
que irão utilizar a obra segundo o fim para que foi feita, tais como pequenas infiltrações até
grandes problemas que podem levar a estrutura ao colapso (HELENE, 1988).
Geralmente em casos de acidentes catastróficos, como por exemplo, prédios que vão a
ruina, não obedecem apenas uma origem agindo sozinha, mas sim várias que juntamente
acabam levando a estrutura ao colapso. Não é difícil encontrar estruturas nas quais foi
cometido um grande erro em qualquer uma das etapas e mesmo assim não apresentam grandes
danos. Do contrário, pode-se encontrar estruturas que apresentem grandes danos que reduzem a
durabilidade e resistência mecânica, mas que sua causa vem de erros ou falhas menores, mas
quando atuam de maneira conjunta, superpõem seus efeitos e trazem graves consequências
(CÁNOVAS, 1988).
De acordo com Sokolovicz (2013), a durabilidade do concreto é a capacidade que esse
material/componente da construção possui frente à desagregação e deterioração,
desempenhando as funções ao qual o mesmo foi projetado. Dizer que um concreto é durável,
não significa dizer somente que o mesmo possui elevada resistência, mas sim que o concreto
deve possuir uma microestrutura compacta, de tal maneira que a entrada de agentes agressivos
externos através do mesmo seja impedida ou retardada até o cumprimento da sua vida útil.
Para Medeiros, Andrade e Helene (2011), alguns trabalhos apresentam o impacto econômico da
consideração da durabilidade. Em função destes trabalhos, algumas pesquisas apresentam os
significativos gastos com manutenção e reparo de estruturas em países desenvolvidos (UEDA;
TAKEWAKA, 2007), conforme ilustrado no Quadro 1.

Quadros 1 – Gastos em países desenvolvidos com manutenção


Gastos com construções Gastos com Gastos totais com
País
novas manutenção/reparo construções
165,6 Bilhões de
França 85,6 Bilhões de Euros(52%) 89,6 Bilhões de Euros(48%)
Euros(100%)
198,7 Bilhões de
Alemanha 99,7 Bilhões de Euros(50%) 99,0 Bilhões de Euros(50%)
Euros(100%)

13
135,4 Bilhões de
Itália 58,6 Bilhões de Euros(43%) 76,8 Bilhões de Euros(57%)
Euros(100%)
121,9 Bilhões de
Reino Unido 60,7 Bilhões de Euros(50%) 61,2 Bilhões de Euros(50%)
Euros(100%)
Nota: todos os dados se referem ao ano de 2004, exceto no caso da Itália que se refere ao ano de 2002.
Fonte: Adaptado de Medeiros, Andrade e Helene (2011).

De acordo com Helene (1997), pode-se classificar a vida útil de uma estrutura conforme os
tópicos abaixo:

a) Vida útil de projeto: Período de tempo até o término do processo de


despassivação da armadura, não significando que necessariamente haverá corrosão
importante;
b) Vida útil de serviço: Período onde se começam a manifestar os efeitos dos
agentes agressivos, desde o aparecimento de manchas na superfície do concreto até o
destacamento do cobrimento;

c) Vida útil última ou total: Período de tempo em que a estrutura entra em colapso
parcial ou total.
d) Vida útil residual: Período em que, a partir de uma vistoria, a estrutura ainda será
capaz de desempenhar as funções para a qual foi projetada.

A Figura 2 apresenta as classificações de vida útil graficamente.

Figura 2: Vida útil das estruturas de concreto armado

Fonte: Helene, 1997

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De acordo com a NBR 15575:2013, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é
uma exigência econômica do usuário, pois está diretamente associada ao custo global do bem
imóvel. A durabilidade de um produto se extingue quando ele deixa de cumprir as funções
que lhe forem atribuídas, quer seja pela degradação que o conduz a um estado insatisfatório
de desempenho, quer seja por obsolescência funcional. O período de tempo compreendido
entre o início de operação ou uso de um produto e o momento em que o seu desempenho
deixa de atender às exigências do usuário pré-estabelecidas é denominado vida útil.

A mesma norma ressalta que normalmente a vida útil da estrutura pode ser prolongada através
de ações de manutenção, como mostra a Figura 3.

Figura 3: Vida útil x Desempenho

Fonte: NBR 15575:2013

Segundo Amorim (2010), a falta de manutenção e de conhecimento por parte dos


usuários sobre elementos agressivos e sobre a estrutura de concreto como a exposição
prolongada a umidades, aplicação de produtos agressivos ao concreto e às armaduras, podem
gerar graves problemas para a estrutura, vindo a comprometer todo o trabalho até então
realizado nas etapas anteriores.
Um bom programa de manutenção reduz muito os custos com reparação, mas na
maioria dos casos não se tem cuidado com a manutenção da edificação.
Segundo Ferreira (2000), apesar do concreto ser o material de construção mais consumido no
planeta, o conhecimento e divulgação das práticas construtivas adequadas não acompanharam o
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crescimento da atividade de construção, ocasionando seguidos descuidos nas obras, e
reduzindo a capacidade do concreto em proteger as armaduras contra a corrosão. Com o tempo,
a tecnologia de fabricação do concreto foi avançando, com a melhoria das propriedades dos
aditivos, adições e ligantes, possibilitando uma redução significativa nas seções das peças de
concreto armado em função do aumento das resistências mecânicas.

Origem dos problemas patológicos

Conhecer a origem de uma manifestação patológica permite atribuição de culpa, no


âmbito judicial, aos responsáveis. Por exemplo, quando o erro se encontra na fase de
execução, muito provavelmente houve falha na mão de obra, ou na supervisão do serviço
pela construtora responsável; erros na fase de projeto indicam falhas do projetista; quando
a qualidade do material é inferior ao especificado, o fabricante deve assumir a
responsabilidade (HELENE, 1992).

O processo construtivo pode ser dividido em cinco fases: planejamento, projeto,


fabricação de materiais, execução, e uso. Em qualquer uma das fases citadas podem
ocorrer patologias, e das mais variadas formas possíveis (HELENE, 1992).

A análise do Gráfico 1 permite identificar que as manifestações patológicas


originárias na fase de projeto (40%) e execução (28%) correspondem a grande maioria.

Gráfico 1: Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e uso das
obras civis.

Fonte: Grunau1 (1988) apud Helene (1992).

Fase de concepção (planejamento, projeto, e materiais)

Nessa fase são realizadas todas as definições, toda a base para as fases subsequentes..
Logo, todo processo mal realizado durante essa fase pode comprometer a qualidade de
todo o restante.
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Durante a fase de concepção são definidos todas as funções da construção, desempenho,
materiais, métodos, projetos, e gerenciamento.

A compatibilização de projetos de estrutura, arquitetura, e instalações terão grande


influência na qualidade final do serviço, sendo de extrema importância que seus detalhes
não sejam prorrogados ou ignorados, para que não seja necessária a adoção de medidas
paliativas ao longo da construção (OLIVEIRA, 2013).

É fundamental também que todos os projetos possuam certo nível de detalhamento,


de forma que seja possível a fácil interpretação dos mesmos, não deixando margens para
leituras e interpretações equivocadas. A especificação dos materiais que serão
utilizados permite avaliar se o desempenho, durabilidade, e custos irão satisfazer o que foi
previamente planejado pelo projetista (OLIVEIRA, 2013).

Erros cometidos durante a fase de concepção costumam ser mais graves do que os
cometido em outras fases. Desta forma, é mais seguro e preferível que se invista mais
tempo e recursos nessa fase (que consome de 3% a 10% de todo o orçamento previsto),
como forma de evitar a ocorrência decisões e ações equivocadas (HELENE, 1992).
Durante a execução (construção)

Os problemas ocasionados nessa fase são gerados no processo de produção, e na


grande maioria relacionado à mão de obra. A baixa qualificação profissional, condições de
trabalho insalubres, desmotivação, e ausência de um gerenciamento eficiente, vão gerar
falhas que podem refletir até no pós-obra (OLIVEIRA, 2013).

Além da baixa qualificação profissional, o não cumprimento das especificações do


projeto devido a erros de interpretação, a utilização de materiais de baixa qualidade, e
falhas na utilização dos mesmos, podem gerar problemas patológicos nessa fase como, por
exemplo: problemas de caimento, formação de flechas excessivas, desnivelamento de pisos
e paredes, infiltrações, qualidade do concreto, montagem de fôrmas, entre outros (PINA,
2013).

Controlar e normatizar as atividades durante a fase de execução é importante para


que problemas não sejam desencadeados no futuro. É responsabilidade de profissionais
tecnicamente qualificados gerenciar, controlar, e fiscalizar os materiais e serviços em todas
as etapas dessa fase, para que os mesmos sigam o mais próximo possível do planejado
(considerando uma fase de concepção bem estruturada).
Fase de utilização da construção (manutenção)

É recorrente que os problemas patológicos desencadeados nessa fase sejam de


responsabilidade do usuário, devido à má utilização ou falta de manutenção da construção.
Algumas ações são bastante recorrentes: uso de produtos químicos, ou reagentes bastante

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agressivos; alterações estruturais em reformas; sobrecargas não previstas durante a fase de
concepção; impactos; não realização de manutenções periódicas (PINA, 2013).

Em contrapartida, também é bastante comum que as empresas responsáveis pela


concepção e construção não disponibilizem ao usuário manuais que os orientem com
relação ao uso e manutenção das construções. A concepção de um manual do
proprietário/usuário bem estruturado, que obedeçam a modelos internacionais de
normatização, é uma ferramenta que vai auxiliar nos cuidados durante a utilização e na
realização de manutenções, e que vai afetar diretamente na durabilidade e vida útil da
construção (CIBIC, 2013).

O manual deve ser estruturado de tal forma que seja de fácil entendimento (pelos
projetistas, e pelo usuário final), e que abranja as exigências relativas à segurança
(desempenho mecânico, segurança contra incêndio, segurança no uso e operação),
habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico e acústico, desempenho lumínico,
saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil) e
sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental) (CIBIC, 2013).

Diagnóstico e Prognóstico

O diagnóstico das patologias pode ser caracterizado como a identificação e descrição do


mecanismo, das causas, origem e natureza dos defeitos. Descobrir as principais causas dos
problemas não é simples, tendo em vista o número de processos apresentados pelas diversas
etapas construtivas (CREMONINI, 1988).
De acordo com Tutikian e Pacheco (2013), o diagnóstico de uma patologia não pode ser
realizado de maneira imediata, mas deve ser fruto da consideração de todo o processo evolutivo
do caso, visto que uma manifestação pode se apresentar de maneira diferente durante cada fase
do mesmo.
Para se obter um diagnóstico completo e adequado é necessário que cada aspecto do
problema patológico seja esclarecido, a saber, dos sintomas, mecanismo, das causas, origem e
consequência do evento.
A observação local acompanhada de um relatório fotográfico pode fornecer dados
significativos à solução do problema, no levantamento de campo é importante à utilização de
instrumentos que possam medir a amplitude dos defeitos, como nível, fio de prumo, higrômetro,
termômetro de contato, pacômetro, lupa graduada, dentre outros. As informações escritas
obtidas através do estudo das plantas, cadernos de encargos e memoriais descritivos devem ser
analisadas. Sempre que possível devem ser feitos ensaios no local e de laboratório, entre esses
ensaios podem ser destacados a esclerometria, a verificação da carbonatação e do teor de cloreto
no concreto, a determinação do potencial de corrosão, amostras de armadura retiradas da

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estrutura, ultrassonografia e a prova de carga (SANTUCCI, 2015).
O diagnóstico da manifestação patológica nos permite estabelecer parâmetros quanto ao
estado de conservação da edificação, auxiliando na tomada de decisão quanto ao tipo de
intervenção adequada. Quando não for possível estabelecer a causa do problema de maneira
exata, as decisões do responsável técnico deverão ser explícitas, levando em consideração o
dever ético do profissional para com a engenharia (Zuchetti apud HELENE, 2003).
Tutikian e Pacheco (2013) conceituam prognósticos como um levantamento das
hipóteses de evolução do problema, indicando o que pode vir a acontecer, necessário para a
definição da conduta que deve ser seguida após o estabelecimento do diagnóstico em questão.
A definição da terapêutica a ser adotada é precedida pela coleta de dados e adequação do
diagnóstico. As definições de conduta, à exemplo da escolha do tipo de material a ser usado,
mão de obra e equipamentos, abrangem decisões especificadas pelo responsável técnico. As
alternativas de intervenção são ponderadas com o objetivo de identificar o melhor
custo/benefício, levando a consideração da hipótese de reincidência do problema, dessa forma, o
prognóstico da situação é feito a fim de julgar a mais adequada e menos onerosa solução (DO
CARMO, 2003).
Segundo Oliveira (2013), são levantadas hipóteses de evolução do problema a partir do
diagnóstico para decidir sobre a intervenção diante da manifestação patológica, baseando-se em
dados fornecidos pela tipologia do problema, seu estágio de desenvolvimento, as características
gerais da edificação e as condições de exposição a que está submetida.
Cabe ao responsável técnico apresentar um prognóstico que venha a elucidar as
consequências que podem surgir, caso não sejam efetuadas as medidas corretivas propostas para
a eliminação do problema. Desta forma, é fundamental a indicação de quais são estas medidas,
contemplando a terapia adequada a ser implantada (TUTIKIAN; PACHECO, 2013). Segundo
Helene (2002), é importante salientar que uma análise correta dos problemas, é aquela que nos
permite definir claramente a origem, causas, consequências, a intervenção mais adequada e o
método de intervir. Mais adiante, alguns problemas serão apresentados e tratados
individualmente.
Helene e Pereira (2007) destacam que os problemas comuns, de maior efeito no
concreto, são as eflorescências, as fissuras, as flechas excessivas, a corrosão da armadura, as
manchas no concreto aparente, os defeitos de aterro e compactação e problemas devido à
segregação dos componentes do concreto. Geralmente, as manifestações patológicas
aparecem de forma bastante característica e com ocorrência bem estabelecida
estatisticamente.
Quando se tem a analise das patologias, é possível identificar a origem e natureza dos
problemas, bem como suas consequências. Na Tabela 1 a seguir, (MACHADO, 2002)
relaciona as principais manifestações patológicas, em ordem crescente de ocorrência

19
estatística:

Tabela 1: Incidência de Manifestações Patológicas

Fonte: Machado, 2002

Infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência

De acordo com Miotto (2010), as formas patológicas encontradas com maior frequência são:
infiltração, manchas, bolor ou mofo e eflorescência.

Quadro 2: Infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência


Infiltrações Infiltração ocorre quando a quantidade de água é maior ela pode
pingar, ou até fluir resultando numa infiltração.
Manchas A água ao atravessar uma barreira fica aderente, resultando daí uma
mancha.

Bolor ou mofo O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas
populações de fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-
se inclusive as argamassas inorgânicas. O termo emboloramento, de
acordo com Allucci (1988) constitui-se numa “alteração observável
macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma
conseqüência do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao
grupo dos fungos”. O desenvolvimento de fungos em revestimentos
internos ou de fachadas causa alteração estética de tetos e paredes,
formando manchas escuras indesejáveis em tonalidades preta, marrom e
verde, ou ocasionalmente,
manchas claras esbranquiçadas ou amareladas.

20
Quadro 2: Continuação
Eflorescência Formações salinas nas superfícies das paredes, trazidas de seu interior
pela umidade. Apresenta-se com aspecto esbranquiçado à superfície da
pintura ou reboco; Criptoflorescência: Formação de cristais no interior da
parede ou estrutura pela ação de sais. Causam rachaduras e até a queda
da parede; Gelividade: Ação da água depositada nos poros e canais
capilares dos materiais que ao se congelar podem causar a
desagregação dos mesmos devido ao seu aumento de volume.
Fonte: Shirakawa, 1995

Concreto segregado

Como o concreto é um elemento composto por areia, pedras (brita), água e cimento,
quando preparado e lançado corretamente, transforma-se em uma mistura homogênea, onde
todas as pedras estão completamente envoltas pela pasta de cimento, areia e agua. Se ocorrer
um erro de lançamento ou de vibração, as pedras se separam do resto da pasta, formando um
concreto cheio de vazios, permeável, que permite a passagem de agua facilmente.
Piancastelli (1997) traz que esse processo de separação pode ser provocado, entre outras
causas, por:

 Lançamento livre de grande altura;


 Concentração de armadura que impede a passagem da brita;
 Vazamento da pasta pela fôrma;
 Má dosagem do concreto;
 Uso inadequado de vibradores.

De acordo com Ambrosio (2004), o concreto segregado pode ser avaliado através do
estado que se encontra a superfície:

 Superficial: com falhas apenas na argamassa superficial do concreto, sem


aparecimento de agregados graúdos;
 Média: com grandes falhas na superfície do concreto, com aparecimento dos
agregados graúdos;

 Profunda: com profundas imperfeições na superfície do concreto, com


desprendimento do agregado graúdo; ou sem falhas na superfície, com argamassa de
cobrimento dando conformação a peça, porem contendo vazios interiores.

Ainda pela mesma autora, as anomalias do concreto segregado são geralmente constatadas
com mais frequência nas seguintes regiões dos elementos estruturais:

21
 Junto à base (de pilares, paredes e elementos estruturais verticais);
 Junto à face inferior (de vigas, lajes e elementos estruturais horizontais);
 Em junta de concretagem (elementos estruturais em geral);
 Em junta de dilatação (elementos estruturais em geral);
 Em junção de elementos;
 Concreto segregado geral.

Figura 4: Segregação da estrutura de concreto armado

Fonte: Block System, 2013

Concreto desagregado

A desagregação do concreto é um fato no qual o cimento vai sendo retirado pela ação
externa da agua ficando, consequentemente, os agregados livres da união que lhes
proporciona a pasta (AMBROSIO, 2004).
Segundo Piancastelli (1997) a desagregação inicia-se, geralmente, com a alteração da
coloração do concreto. A seguir surgem fissuras cruzadas em todas as direções, que
aumentam rapidamente de abertura, devido à expansão da pasta de cimento. Um abaulamento
da superfície do concreto pode também ser observado.
A desagregação do concreto pode ser provocada por:

 Ataques químicos, como o de sulfatos;


22
 Reação álcali-agregado;
 Águas puras (águas que evaporam e depois condensam) e as águas com pouco teor de
sais (águas de chuva), que arrancam-lhe sais pelos quais são ávidas;
 Águas servidas (esgotos e resíduos industriais) em dutos e canais, em função da
formação, dentre outros, do gás sulfídrico (H2S ⇒ bactérias ⇒ H2SO4);
 Micro-organismos, fungos, e outros, através de sua ação direta e suas excreções ácidas;
 Substâncias orgânicas como: gorduras animais, óleos e vinho;
 Produtos altamente alcalinos (mais raramente).

Figura 5: Desagregação da estrutura de concreto armado

Fonte: Pini Web, 2008

Fissuras

Fissuras, trincas e rachaduras se diferem através de suas aberturas, que são referentes à
ordem de gravidade de cada uma. São classificadas formalmente em função de fenômenos
físicos entre diferentes elementos da construção. Para cada uma delas existem soluções
diferentes e tratamentos diferentes.
Segundo Oliveira (2012), fissuras, trincas e rachaduras são manifestações patológicas
das edificações observadas em alvenarias, vigas, pilares, lajes, pisos entre outros elementos,
geralmente causadas por tensões dos materiais. Se os materiais forem solicitados com um
esforço maior que sua resistência acontece a falha provocando uma abertura, e conforme sua
espessura será classificada como fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha.
As fissuras apresentam-se geralmente como estreitas e alongadas aberturas na
superfície de um material. Usualmente são de gravidade menor e superficial, como, por
exemplo, fissuras na pintura, na massa corrida ou no cimento queimado, não implicando
problemas estruturais. Porém, toda rachadura começa como uma fissura.
De acordo com a NBR 9575:2003, fissura é a abertura ocasionada por ruptura de um material
ou componente, com abertura inferior ou igual a 0,5mm.
23
A NBR 15.575:2013 apresenta a fissura de componente estrutural como:
seccionamento na superfície ou em toda seção transversal de um componente, com abertura
capilar, provocado por tensões normais ou tangenciais.
Segundo Piancastelli (1997) a sua posição em relação à peça estrutural, a abertura, a
direção, e sua forma de evolução (com relação à direção e à abertura), dão indicações das
causas prováveis. Há que se destacar que fissuras são também ocorrências inerentes ao
concreto armado, visto que as seções são dimensionadas nos Estádios II (seção fissurada) ou
Estádios III (ruptura), não sendo, portanto, sempre, manifestação patológica.
As fissuras podem ser classificadas como ativas (variação da abertura em função de
movimentações hidrotérmicas ou outras) ou passivas (abertura constante), ou seja, para a
especificação de um correto tratamento, é de vital importância que se verifique se a fissura
analisada é ativa (viva ou instável) ou inativa (morta ou estável). São chamadas de ativas, as
fissuras que apresentam variação de abertura, e de inativas aquelas em que tal variação não
ocorre. Tal verificação é feita, geralmente, através da utilização de “selos” rígidos, que são
gesso ou plaquetas de vidro coladas, que se rompem caso a fissura apresente variação de
abertura, ou através da medição direta (fissurômetro) dessa variação (PIANCASTELLI,
1997).

Ambrosio (2004) traz algumas origens de fissuras em estruturas:

Quadro 2: Origens de fissuras em estruturas

TIPO DE PEÇAS MAIS CONFIGURAÇÃO


EXEMPLO
FISSURA SUJEITAS TÍPICA

→ Inclinada, se afastamento
Recalque
da região que menos
Diferencial da Paredes / Vigas
recalcou;
fundação
→ Abertura variável.

→ Mais inclinadas junto ao


apoio, verticalizando-se em
direção ao meio do vão;
Cisalhamento Qualquer elemento
→ Abertura variável,
desaparecendo ao atingir a
região comprimida da peça.

→ Mais concentradas junto


às regiões de máximo
momento fletor e aumento
Qualquer elemento; gradativamente o
espaçamento, ao se
afastarem dessa região;
Flexão

24
Lajes, junto aos → Abertura variável,
cantos. desaparecendo ao atingirem
a região comprimida;
→ Diagonal, formando um
triângulo aproximadamente
isósceles com os cantos.
Peças lineares, com
cargas não
→ Em forma de hélice ao
Torção coincidentes com
longo do eixo longitudinal
seu eixo
longitudinal.
→ Perpendiculares à direção
da carga de tração,
Qualquer elemento
seccionando a seção
Tração tracionado
transversal;
longitudinalmente
→ Mais fechadas junto as
armaduras.

→ Perpendiculares à direção
da reação de apoio das
Tração Peças de suporte
peças apoiadas
indiretamente.
Continua...

TIPO DE PEÇAS MAIS CONFIGURAÇÃO


EXEMPLO
FISSURA SUJEITAS TÍPICA

Lajes / Sapatas /
→ Tronco-crônicas,
Paredes, com
contornando a carga
Punção cargas
concentrada, em forma de
perpendiculares a
"teia de aranha", em planta
seu plano
Qualquer peça
→ Paralelas à direção de
protendida junto as
aplicação da carga;
ancoragens /
→ Abertura variável, mais
Pilares / Paredes
Fendilhamento abertas aproximadamente à
com cargas
metade da maior dimensão
concentradas
da seção transversal da peça,
aplicadas segundo
a partir da face carregada.
seu plano
Fonte: Ambrosio, 2004

25
Figura 5: Fissuras

Fonte: Fórum da Construção, 2013

Trincas

As trincas são aberturas mais profundas e acentuadas. O fator determinante para se


configurar uma trinca é a "separação entre as partes", ou seja, o material em que a trinca se
encontra está separado em dois. Uma parede, por exemplo, estaria dividida em duas partes. As
trincas podem ser muito difíceis de visualizar e categorizar, exigindo equipamentos
especializados. Por isso, sempre desconfie se o que parece uma fissura não é, na verdade, uma
trinca.
As trincas são muito mais perigosas do que as fissuras, pois apresentam ruptura dos
elementos, como no caso mencionado da parede, e assim podem afetar a segurança dos
componentes da estrutura de sua casa ou prédio.
Muitos profissionais do meio técnico segundo Junior (1997) utilizam os termos fissura e trinca
indiscriminadamente, não fazendo qualquer distinção entre eles, o que pode gerar dúvida na
descrição deste problema patológico.
De acordo com a NBR 9575:2003, as trincas são aberturas ocasionadas por ruptura de
um material ou componente com abertura superior a 0,5 mm e inferior a 1,0 mm.
A NBR 15.575:2013 apresenta as trincas como: expressão coloquial qualitativa aplicável a
fissuras com abertura maior ou igual a 0,6mm.

26
Figura 6: Trincas

Fonte: Zap Imóveis, 2009

Rachaduras

As rachaduras têm as mesmas características das trincas em relação à "separação entre


partes", mas são aberturas grandes, profundas e acentuadas. São bastante pronunciadas e
facilmente observáveis devido à amplitude da separação das partes.
Para serem caracterizadas como rachaduras, essas aberturas são de tal magnitude que vento,
água e até luz passam através dos ambientes. Portanto, apresentam aberturas mais
pronunciadas, da ordem acima de 5,0 mm.
Por terem as mesmas características das trincas, mas em um estágio mais acentuado,
as rachaduras requerem imediata atenção, buscando o fechamento da mesma. Porem antes do
fechamento, deve-se solucionar o problema que esta a originando.

27
Figura 7: Rachaduras

Fonte: Clickindiscreto, 2011

Corrosão da armadura

Helene (2002) define a corrosão das armaduras de concreto como um fenômeno de


natureza eletroquímica que pode ser acelerado pela presença de agentes químicos externos ou
internos ao concreto. No concreto armado, o aço encontra-se no interior de um meio
altamente alcalino no qual estaria protegido do processo de corrosão devido à presença de
uma película protetora de caráter passivo (CASCUDO, 1997).
A corrosão do aço é a mais importante, costuma se apresentar inicialmente em
pequenos trechos localizados, logo se generalizando. Essa armadura atua na sua forma
passiva, visto que está mergulhada em meio alcalino (básico no concreto), e somente irá
sofrer alterações quando houver contato com cloretos, sulfatos e sulfetos, que podem estar na
própria massa do concreto ou proveniente do meio ambiente.
Segundo Miotto (2010) os danos causados pela corrosão de armadura geralmente são
manifestados por fissuras no concreto paralelas à direção da armadura, delimitando e ou
desprendendo o recobrimento. Em componentes estruturais que apresentam uma elevada
quantidade de umidade, os primeiros sintomas de corrosão evidenciam-se por meio de
manchas de óxido nas superfícies do concreto. Ao produzir-se por efeito da corrosão óxido
expansivo, com aumento de volume de aproximadamente oito a dez vezes do volume original,
criam-se fortes tensões no concreto, que levam a que este se rompa por tração, apresentando
fissuras que seguem as linhas das armaduras principais e, inclusive, dos estribos, se a corrosão
foi muito intensa (CÁNOVAS, 1988).
De acordo com Pólito (2006), o processo físico-químico gerador dos óxidos e
28
hidróxidos de ferro é devido à formação de uma célula de corrosão, com eletrólito e diferença
de potencial entre pontos da superfície. A partir do momento que os óxidos e hidróxidos
formados no processo de corrosão ocupam um volume maior que as barras de aço originais há
a ocorrência de um fenômeno expansivo no interior do concreto, o que pode levar a tensões
elevadas, ocasionando, até, uma desagregação (desplacamento) do cobrimento de concreto.
De acordo com Tuutti (1982), Figura 14, observam-se dois períodos de corrosão. O
primeiro é período de iniciação, que compreende desde a entrada do agente agressivo até o
processo de despassivação da armadura. O segundo período corresponde à propagação, onde
o processo de corrosão uma vez consolidado aumenta gradualmente, em escala exponencial,
ocasionando danos severos às armaduras.

Figura 8 – Modelo de vida útil / Processo

Fonte: Tuutti, 1982

Corrosão no concreto

O concreto armado, além de suas características mecânicas que o tornam resistente a


ações estruturais externas, deve ser dosado e moldado de modo a poder resistir a ações de
caráter físico e químico, internas e externas (LAPA, 2008).
Miotto (2010) diz que a corrosão e a deterioração observadas em concreto podem estar
associadas a fatores mecânicos, físicos, biológicos ou químicos. O Quadro 4 descreve os
fatores determinantes da corrosão de concreto.

Quadro 3 – Fatores determinantes da corrosão em concreto

29
Fonte: Gentil, 2003

Para Cascudo (1997), os principais agentes agressivos que desencadeiam a corrosão


das armaduras são a ação dos íons cloretos (corrosão localizada por pite) e redução de PH do
aço (corrosão generalizada → carbonatação) e corrosão localizada sobre tensão fraturante.

Figura 9 – Tipos de corrosão e fatores que as provocam

Fonte: Cascudo, 1997

Técnicas de limpeza, reparo e reforço

Este capítulo apresenta os procedimentos de preparo e limpeza que uma estrutura de


concreto armado deve receber antes de ser reparada ou reforçada. Apresenta também, as
técnicas mais usuais para reparo e reforço de um elemento estrutural afetado por alguma
patologia e por fim apresenta técnicas de recuperação para estruturas que sofreram corrosão.
30
Intervenções superficiais

Consistem nas técnicas que visam o preparo do substrato para uma futura recuperação
da patologia, ou ainda um desgaste superficial para que o concreto recupere seu aspecto
anterior. Neste item serão abordados os seguintes procedimentos: polimento, apicoamento,
lavagem com soluções ácidas, lavagem com soluções alcalinas e lavagem com jato de areia e
de água.

Polimento

O Polimento do concreto armado é uma técnica utilizada quando a superfície da


estrutura estiver demasiadamente áspera. Aspereza que pode prover de execução com baixa
qualidade de formas muito desgastadas, de erro em dosagens do concreto, vibração ineficiente
e também do desgaste natural que a estrutura sofre pelo seu uso natural.
Este procedimento busca diminuir a aspereza da superfície, deixando a textura da
mesma o mais lisa possível, evitando que partículas se desagreguem da estrutura com o passar
do tempo.
A adequada execução do polimento em pequenas superfícies pode ser realizada com o
uso de pedras de polir ou de modo mecânico com lixadeiras portáteis. No caso de grandes
superfícies deve-se optar pelo uso de máquinas de polir pesadas.
Para o uso destes equipamentos, em especial das máquinas de polir pesadas, a mão de
obra deve possuir conhecimento sobre a tecnologia usada para preservar a segurança do
usuário e também a manutenção do equipamento. Além disto, soma-se a poluição que ocorre
devido à formação de pó, que se inalado pode trazer danos nocivos á saúde de quem está
executando o procedimento e demais pessoas que estiverem próximas (SOUZA E RIPPER,
1998).
Apicoamento

Apesar de não ser uma técnica em si de recuperação de estruturas, o apicoamento deve


ser estudado por se tratar de um processo que antecede grande parte dos métodos empregados
para recuperar elementos estruturais. Consiste no processo da retirada de uma fina camada de
concreto da superfície da estrutura, deixando a mesma rugosa, com objetivo de proporcionar
boa aderência para uma futura camada colocada sobre esta que viria para aumentar a espessura
do cobrimento.
O apicoamento pode ser realizado de forma manual com talhadeira e marreta leve, ou
mecanicamente com o uso de martelos pneumáticos ou elétricos e ponteiros com a extremidade
em forma de picador. Para escolha do equipamento a ser usado deve-se levar em conta a
31
profundidade da camada a ser retirada e o tamanho da área, optando pela processo mecânico se
as duas medidas forem grandes.

Lavagem com soluções ácidas

Segundo Helene (1988), consiste na lavagem de superfícies de estruturas de concreto,


que visa remover tintas, graxas, ferrugens e outros resíduos que porventura venham a
promover manchas. Geralmente a solução aplicada é a de ácido muriático, conhecido como
ácido clorídrico comercialmente, sendo misturado com água em proporção de 1:6.
Para a adequada utilização deste procedimento, deve-se certificar sque o cobrimento do
concreto está conforme a especificação em projeto da estrutura ou se foi desgastado por algum
motivo. No caso da espessura do cobrimento estar reduzida, a lavagem deverá ser feita com
outro tipo de material devido à solução ácida ser perigosa para a superfície do concreto. Outro
caso que também não convém o uso deste tipo de solução é em juntas de dilatação ou ao redor
das mesmas, pois seria mais dificultosa a posterior remoção do produto aplicado.
Vencidas estas exigências, o local que será lavado deverá ser molhado para prevenir
que o ácido penetre no concreto. É recomendável que a aplicação seja feita em pequenas áreas
com o uso de broxa. Após o fim do borbulhamento causado pela descontaminação, recomenda-
se que seja feita uma lavagem de forma rigorosa garantindo a total remoção dos resíduos da
solução e do material atacado. Esta lavagem deve ser realizada com o uso de amônia em água
na proporção de 1:4 e posteriormente com jatos d’água (SOUZA E RIPPER, 1998).

Lavagem com soluções alcalinas

A execução desta técnica se dá de maneira praticamente análoga à realizada com


soluções ácidas, podendo ser feita em regiões mais próximas das armaduras. A presença de
agregados reativos no concreto pode acabar gerando uma reação álcalis-agregado,
extremamente nociva á estrutura que possui caráter expansivo e acaba por gerar fissuração, por
isso antes de ser aplicada qualquer solução alcalina, deve-se dar atenção para este ponto. O
cuidado com a aplicação e com a limpeza é semelhante (HELENE, 1988).

Lavagem com jato de areia e de água

Esta técnica consiste em remover as camadas superficiais que apresentem uma maior
deterioração, a partir de jatos de areia ou de água, ou ainda uma mistura dos dois. O
equipamento utilizado consiste em máquinas de jato ligada á um compressor. Quando a areia é
usada, esta não deve apresentar matéria orgânica ou qualquer outro tipo de material. Deve
também apresentar uma granulometria adequada para que não ocorra o entupimento na

32
mangueira. Quando a água é utilizada, encontra-se normalmente em temperatura ambiente e
com objetivo de remoção de camadas deterioradas para que futuramente sejam aplicados os
materiais para a recuperação do elemento estrutural. Em caso de superfícies muito gordurosas,
a água pode ser aquecida com adição de materiais removedores que sejam biodegradáveis.
Tanto jatos de areia como de água podem ser usados simultaneamente ou um após o outro para
garantir uma maior eficiência do processo (SOUZA E RIPPER, 1998).

Reparo de fissuras

Este item aborda as técnicas usadas para tratar as fissuras. É importante o prévio
conhecimento de cada fissura, para que seja adotada a técnica correta.
A seguir serão abordadas, a injeção e costura de fissuras.

Injeção de fissuras

Conforme Cánovas (1988), a injeção consiste em um método reparador de fissuras, que


objetiva o preenchimento da mesma com material adequado de modo a reparar ao máximo a
patologia. Deve-se atentar para o tipo de fissura á ser curada. As fissuras mortas são aquelas
que não aumentam ou tem um aumento insignificante com o passar do tempo, não apresentam
restrições quanto ao uso desta técnica. As fissuras vivas consistem naquelas em que suas
dimensões variam durante o passar do tempo ou até mesmo diante de variações da temperatura,
sendo assim para estas não é indicado que seja adotada a técnica de injeção, pois o concreto irá
se romper de qualquer maneira em outro ponto ou no mesmo lugar. Na maioria das vezes que
este método é aplicado, usam-se resinas epóxi, material no qual apresenta boa aderência, baixa
viscosidade, boa resistência e que não sofre retração.
Segundo Figueiredo (1989), deve ser realizada com o auxílio de uma furadeira, a
abertura de furos com diâmetro entre 8mm e 10mm, espaçados de 20 à 50 centímetros um do
outro sem que passe 1,5 vezes o valor da profundidade da fissura, e nestes furos devem ser
colocados bicos metálicos ou de plástico de diâmetros um pouco menores que os mesmos.
Pelos tubos o produto será injetado.
Posteriormente é realizada uma limpeza dos tubos que foram abertos, assim como de
toda a fissura e suas bifurcações, objetivando a remoção das partículas soltas, poeira e
eventualmente outros materiais presentes. Esta limpeza pode ser executada com escova de aço,
juntamente com jatos de ar comprimido e aspiração de resíduos soltos ainda permanentes.
Após isso deve ser realizado o selamento da fissura por toda sua extensão com massa
ou cola epóxi, sendo espalhada com colher de pedreiro, espátula ou artefato semelhante. Este
processo selante promove uma separação entre o meio externo e a abertura da fissura. Para dar

33
continuidade à técnica deve se transcorrer no mínimo doze horas até que o selante esteja seco.
Antes da injeção ocorrer deve ser feito um teste com ar comprimido entre os tubos de modo a
averiguar a qualidade da selagem e se está havendo ligação entre ambos. Não havendo, devem
ser abertos novos furos e o teste se repetir até que a passagem do ar esteja desobstruída, ou até
mesmo selar novamente caso este seja o problema.
O sistema estando pronto e apto a ser injetado, deve receber a resina no ponto de cota
mais baixa aplicando-se uma pressão até que a mesma saia no segundo ponto de cota mais
baixa. Assim deve ser repetido em todos os demais tubos. A Figura 10 ilustra toda a sequência
de execução relatada.

Figura 10 - Procedimento de injeção de figuras.

Fonte: FIGUEIREDO, 1989.

Costura de fissuras

É um processo que se constitui na colocação de armaduras de aço chamadas grampos


em fissuras que tem como finalidade agirem como pontes entre as duas partes do concreto
separadas pela fissuração. A Figura 11 mostra uma estrutura grampeada.
A execução se dá primeiramente pela introdução dos grampos em furos previamente
feitos, enchendo os espaços que sobram com epóxi ou argamassa. Os grampos devem ser
dispostos com inclinações diferentes, de forma a não ficarem em linha, para que o esforço que
for transmitido não seja exercido em um plano somente.
A costura é de discutível aplicação quando a fissura não ocorre em linha isolada, pois
desse modo estaria aumentando a rigidez da peça naquela região e se o esforço que causa a
fenda tiver continuidade, ocorrerá uma nova fissura em uma região próxima.
34
Ao utilizar-se esta técnica de reparo, a partir da utilização de grampos, deve-se estar atento ao
caso de repararmos fissura e trincas, e esta se deslocar para outra parte da estrutura com o
aparecimento de outras fissuras ou prolongamento das mesmas. Isto sendo diagnosticado, é
aconselhado que seja realizada uma análise criteriosa se é ou não vantajoso usar o método
(CÁNOVAS, 1988).

Figura 11 - Reparo de uma fissura por costura.

Fonte: SOUZA; RIPPER, 1998.

Reforço em estruturas de concreto armado

Neste item serão abordados, os reforços em estruturas de concreto armado, que objetivam
aumentar a capacidade portante de determinada estrutura, ou regenerar a mesma em caso de
diminuição devido à incidência de alguma manifestação patológica. A seguir serão
apresentados os seguintes métodos: reforço mediante chapas de aço coladas, reforço mediante
fibras de carbono, reforço mediante aumento da seção transversal, reforço mediante uso de
perfis metálicos e reforço mediante protensão externa.
Reforço mediante chapas de aço coladas

Segundo Reis (2001), esse é um método que consiste na colagem de chapas de aço
coladas através de resinas epóxi e uso de parafusos auto fixantes que conferem solidariedade
ao elemento estrutural reforçado, além disso, não traz grandes mudanças nas dimensões e
aspecto arquitetônico do mesmo. A colagem não pode ser feita em superfícies que estejam
úmidas.
Pode-se citar como vantagem deste método, a praticidade que acaba por tornar a
execução rápida e também a leveza do material. Como desvantagem, estas chapas apresentam

35
baixa resistência em caso de altas temperaturas e acabam por esconder fissuras na seção em
que estão fixadas.

Para Cánovas (1988), a simplicidade da execução do método, muitas vezes acaba por
causar uma negligência em alguns detalhes simples, que podem comprometer a eficiência do
reforço. A união da chapa com o concreto deve ser realizada de tal modo que ao fim do
processo, o conjunto trabalhe com as tensões previstas sem descolar em nenhuma região. Outro
detalhe importante consiste na formulação epóxi a ser utilizada. Uma formulação que possua
rigidez muito elevada poderá encontrar problemas diante dos esforços cortantes nas
extremidades das chapas, fazendo com que as mesmas não mais trabalhem da forma desejada.
Beber (2003) cita como desvantagem das chapas de aço coladas como reforço estrutural à
suscetibilidade à corrosão que as mesmas apresentam após um longo período de exposição,
principalmente na região da interface adesivo/chapa, comprometendo a aderência do conjunto.

Souza e Ripper (1998) destacam a importância de uma resina que possua alta
capacidade de aderência e resistência mecânica, assim como a placa de aço que deverá passar
por um processo de decapagem a jato abrasivo para potencializar a sua capacidade aderente.
Outro ponto fundamental para obter o resultado esperado, é dar atenção ao cobrimento da
estrutura. Se este possuir espessura muito pequena ou mesmo se estiver lascando, irá
praticamente inutilizar a placa de aço que estará colada sobre si. Esta técnica é mais
comumente usada para reforço de pilares e vigas.

A Figura 12 ilustra uma estrutura reforçada com chapas de caço coladas.

Figura 12 - Reforço estrutural com chapas de aço coladas.


Fonte: REIS, 2001(modificado).

Reforço mediante fibras de carbono

As fibras de carbono são obtidas a partir do tratamento térmico (carbonização) de fibras


de polímeros orgânicos em elevadas temperaturas.
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Segundo Beber (2003), as fibras de carbono são uma das soluções mais indicadas
atualmente para reforço de estruturas de concreto armado devido ao alto desempenho diante do
esforço mecânico e devido á uma considerável redução das dimensões dos elementos usados
para recuperar a patologia.
Algumas das vantagens que este método traz são:
• Boa resistência e rigidez mesmo em altas temperaturas.
• Apresenta boa resistência diante do ataque de ácidos, base, solventes e diante da
presença de umidade.
• Ótima relação custo benefício diante de outros materiais utilizados como reforço.
• Apresenta as maiores relações entre resistência e rigidez com seu peso próprio.
• Leveza do material, sendo que é a técnica que menos necessita de esforço humano
para ser executada. É mais prática inclusive que as chapas de aço coladas.
Reis (2001) destaca como um grande diferencial de outros materiais, o antimagnetismo
que acaba por aumentar o campo de aplicação deste reforço em hospitais e clínicas médicas
devido estes usarem equipamentos com raio-X.
Arquez (2010) cita que há uma desvantagem quanto ao uso deste método em estruturas
com manifestações patológicas, pois o concreto devido à sua baixa resistência à tração e ao
cisalhamento acaba por provocar o desprendimento da folha de carbono antes que esta consiga
alcançar o máximo de sua eficiência. Esse desprendimento é chamado de “peeling” por ser
superficial e pode ocorrer entre o material de reforço e a resina, entre a resina e o concreto ou
ainda devido a um cobrimento muito pequeno do concreto que leva este a sofrer lascamento do
restante da estrutura. Por isso é importante que haja um conhecimento prévio da estrutura e se
esta obedece aos valores de cobrimento exigidos por norma.
As fibras de carbono consistem em uma técnica extremamente versátil de reforço
estrutural. Podem ser usadas em diversas estruturas e fabricadas nas mais variadas formas. A
Figura 13 ilustra o reforço com lâminas de carbono em um pilar, chaminé, vigas e um túnel.

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Figura 13 - Estruturas reforçadas com lâminas de concreto.

Fonte: REIS, 2001(modificado).

Segundo Souza e Ripper (1998), a qualidade da execução do reforço influenciará


diretamente no desempenho que o elemento estrutural reforçado irá apresentar, sendo dividida
em duas etapas; a primeira diz respeito a uma preparação adequada da superfície para que esta
esteja apta a receber o reforço e a segunda, a aplicação do material em si.

A Figura 36 mostra a sequência completa que deve ser executada ao usar este tipo de
método de recuperação de estruturas de concreto armado.

Primeiramente, a superfície deve ser deixada de forma rugosa, sendo usado para isto o
equipamento esmeril, após isso, a Figura 36 mostra a aplicação de dois produtos com intervalo
de uma hora aproximadamente entre um e outro. O primeiro consiste no primer, que terá como
função preparar a superfície e garantir uma maior adesão do próximo produto. O segundo
consiste na resina de colagem, responsável pela colagem da folha de carbono que é aplicada na
sequência. Após coladas as folhas sobre ao estrutura tratada e na forma especificada em
projeto, é aplicada uma última camada que consiste na resina de revestimento.

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Figura 14 - Sistema de aplicação das folhas de carbono.

Fonte: SOUZA; RIPPER, 1998.

Higuero (2010) apresenta os principais campos de atuação no qual as folhas de carbono


são usadas:
a) Reforço à Flexão:
Para reforçar vigas e lajes submetidas à flexão, o recomendável a ser usado são os laminados
retos e em alguns casos o tecido. Para uma boa eficiência é preciso que a resina que une os
laminados a superfície de concreto seja bem aplicada, para que o reforço haja na zona de tração
sem descolar. Esta resina irá transmitir o esforço cortante de um material para o outro.
b) Reforço por confinamento:
Para reforçar elementos submetidos à compressão simples ou composta, como em pilares por
exemplo, a simples colagem das lâminas não é indicada, pois são muito esbeltas e poderiam
acabar sofrendo flambagem. Devido a isto, o indicado é usar os tecidos de fibra de carbono
devido à sua facilidade de se moldarem a diferentes formas geométricas. Com estes tecidos
pode-se colocar várias camadas de modo a confinar o elemento estrutural, para que a partir do
momento em que a estrutura começar a se comprimir, pela Lei de Poison a mesma tende a se
dilatar transversalmente. Neste momento o reforço começa a trabalhar para impedir esta
dilatação transversal. A Figura 37 mostra um pilar confinado.

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Figura 15 - Pilar confinado por lâminas de fibra de carbono.

Fonte: HIGUERO, 2010.

c) Reforço ao cortante
O reforço ao cortante consiste na colagem de laminas de carbono na região transversal
do elemento estrutural. A Figura 38 mostra duas vigas reforçadas com laminas de carbono ao
esforço cortante cada uma com uma disposição.

Figura 16 - Viga reforçada ao cortante, por lâminas de fibra de carbono.

Fonte: HIGUERO, 2010.

d) Reforço de muros
O reforço de muros com materiais de fibra de carbono é o mais difícil de ser
encontrado, porém são estruturas que são submetidos a esforços longitudinais como a do vento
e também a esforços verticais como a gravitacional. Para este caso o indicado é o sistema com
tecido de fibra de carbono.

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Reforço mediante aumento da seção transversal

O aumento da seção transversal da estrutura consiste em um método mais simples do


que aqueles que necessitam da adição de outro material como, por exemplo, o reforço com
perfis metálicos, chapas de carbono, tirantes, etc. Aqui o elemento estrutural será reforçado
com o próprio concreto e armaduras. Deste modo o processo em si acaba sendo vantajoso do
ponto de vista econômico.
Conforme Takeuti (1999), esta técnica quando aplicada de maneira adequada
principalmente em pilares e vigas, traz uma boa eficiência, porém possui o inconveniente de
aumentar as dimensões da estrutura de modo a interferir muitas vezes no aspecto arquitetônico
do projeto. Outra desvantagem também é o tempo que se deve esperar para que o concreto
atinja a resistência esperada, de modo a não utilizar o reforço até que esse tempo seja
cumprido.
Cánovas (1988) indica que para pilares a espessura adicional de concreto não seja
menor do que 10 centímetros, podendo ser de mais ou menos 6 centímetros quando se dispõe
de superplastificantes e se limita o tamanho do agregado em 20 milímetros.
A execução deste método deve ser feita inicialmente apicoando a superfície da
estrutura, limpando os restos e o pó que sobrar de maneira á deixar o mais limpo possível. A
seguir é adicionada uma resina epóxi com função de gerar uma boa união entre a camada
antiga e a camada nova de concreto. Outra boa maneira de aumentar a aderência seria eliminar
alguns trechos de concreto com profundidade entre 3 a 4 centímetros de modo a produzir assim
reentrâncias no mesmo, o que facilitaria a ligação entre o pilar e o reforço.
Quando a manifestação patológica no pilar fizer com que o mesmo atinja no máximo
45% de sua capacidade resistente, deve-se escorar as estruturas que se apoiam no pilar e
posteriormente remover a parte do concreto que esteja porventura deteriorada e adicionar
estribos de bitola mínima 8 milímetros com um espaçamento mínimo de 10 centímetros da área
afetada. Em casos de sismos, onde a capacidade resistente do pilar pode chegar a ser reduzida
para até 10%, o escoramento é executado e o concreto deteriorado retirado. Novas barras de
aço de mais ou menos 10 milímetros são adicionadas à estrutura, mas separadas das antigas por
meio de barras que terão objetivo de ligar e transmitir esforços entre ambas. São colocados
estribos de 8 milímetros de diâmetro, afastados 5 centímetros da parte danificada e 10
centímetros do restante. O aumento que o pilar terá de espessura será em torno de 7 a 10
centímetros no caso de ser adicionada apenas uma camada. No caso de duas camadas, o
aumento será de 10 a 15 centímetros.

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Segundo Araldi (2013), uma maneira de aumentar a aderência entre a camada antiga e a
camada á ser adicionada de concreto, seria usar adesivos epóxis. Além disso, o uso de pinos
que interliguem as duas camadas confere uma maior união por resistirem aos esforços
cisalhantes.
A Figura 17 (a) mostra um pilar e a Figura 39 (b) uma viga, em processo de execução
de aumento da seção resistente, já com os estribos adicionais fixados nas estruturas.

Figura 17 - Aumento da seção em pilar (a); Aumento da seção em viga (b).

Fonte: ARALDI, 2013.

O aumento da seção transversal de uma viga ocorre da mesma maneira que foi explicado para
o pilar. O concreto antigo deve ser apicoado para garantir uma maior aderência do concreto á
ser adicionado.
Almeida (2001) lista duas maneiras de aumentar a seção quando o reforço ocorre devido ao
momento fletor:
• Apicoar o concreto na face inferior até encontrar os estribos e soldar as novas barras
a ele, posteriormente as formas são montadas e o novo concreto adicionado.
• Abrir sulcos na viga na região tracionada e inseri-los ao lado dos originais. Os
espaços devem ser preenchidos com argamassa epóxi.
Para aumentar a resistência ao esforço cortante, sulcos devem ser abertos e estribos
adicionados, sendo posteriormente preenchidos por argamassa epóxi.
Souza e Ripper (1998) apresentam outra maneira de aumentar a seção de uma viga para
reforça-la. Se dá pelo aumento da altura da viga na sua face superior Figura 18, o que causa um
aumento no braço de alavanca do momento resistente, assim como a capacidade portante.

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Figura 18 - Aumento da viga na face superior.

Fonte: SOUZA; RIPPER, 1998.

Reforço mediante uso de perfis metálicos

Segundo Souza e Ripper (1998), o método de reforço com perfis metálicos consiste em
um sistema de encamisamento, onde a capacidade resistente é transferida do elemento
estrutural de concreto armado para o aço. Tendo seu uso principalmente em pilares e vigas.
Conforme Takeuti (1999), este método deve ser usado apenas caso todos os outros já
tenham sido esgotados, devido à dificuldade e detalhes que o mesmo exige no momento da
execução.
A técnica de reforço de pilares de concreto armado mediante o emprego de perfis
metálicos se dá pela fixação de cantoneiras nos quatro cantos do mesmo e sendo estas unidas
por barras metálicas que serão soldadas e dispostas na horizontal. As partes superiores e
inferiores tem seu limite em um capitel e base metálica respectivamente, sendo fixadas por
epóxi sob a superfície previamente lixada Figura 19. Na execução, deve-se tomar cuidado para
que todas as peças tenham uma perfeita união, evitando ou minimizando ao máximo que haja
folga entre as mesmas. Caso contrário, as cargas do pilar apenas serão transferidas para os
perfis metálicos quando o mesmo já estiver em ruptura.

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Figura 19 - Reforço com perfil metálico em pilar.

Fonte: CÁNOVAS, 1988.

É indicado que o reforço metálico tenha continuidade até chegar à fundação da


estrutura.
Cánovas (1988) cita que em vigas continuas, esta continuidade poderá ser alcançada com o uso
de laminados de aço soldados, de modo a se localizarem em duas faces do pilar e estas sendo
opostas uma a outra como mostra a Figura 42 (a) Em caso de as vigas cortarem o pilar
perpendicularmente, a junção se dará pelo uso de cantoneiras localizadas nos quatro cantos
como mostrado na Figura 42 (b). Quando não houver continuidade do reforço metálico, deve
ser realizada uma análise do puncionamento e cortante sobre a laje que podem vir a gerar
fissuração da mesma.

Figura 19 - Continuidade com chapas (a); Continuidade com perfis (b).

Fonte: CÁNOVAS, 1988.

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No caso de vigas, usa-se perfis metálicos para reforçá-las tanto à flexão como ao
cortante a partir do uso de cantoneiras que são unidas por presilhas. A execução ocorre de
forma análoga ao processo explicado no uso desta técnica em pilares.

Reforço mediante Protensão Externa

Consiste em um tipo de reforço no qual forças externas serão adicionadas a estrutura a


partir do uso de cabos e tirantes com finalidade de contribuir na capacidade resistente do
elemento estrutural que necessita ser reabilitado devido a falhas no projeto ou na execução, e
ainda pelo uso inadequado.
Segundo Cánovas (1988), este técnica de reforço traz como grande vantagem sobre as
demais, a não necessidade de deformação do elemento estrutural para que a protensão em si
haja para manter o equilíbrio desejado. Ou seja, deformações maiores não terão que ocorrer
para que o reforço trabalhe. Caso contrário em muitos casos a estrutura afetada irá deformar até
que a solução adotada entre em trabalho, podendo até mesmo inutilizar a mesma em relação
aos seus fins funcionais.
Beber (2003) cita outras vantagens que o método traz:
• Em caso de erro ou ainda por mudança da condição inicial, a aplicação deste método
nos possibilita futuramente alterar alguma característica.
• Possibilita que a estrutura trabalhe conjuntamente com o concreto armado e com o
elemento protendido adotado.
• Simplicidade de execução.
• Possibilidade de reposição dos tirantes utilizados.
• Ausência de preocupação com cobrimento para os cabos.
Como desvantagens cita-se, a vulnerabilidade diante da ação do fogo, a corrosão
eletroquímica dos cabos, e o vandalismo.
Segundo Souza e Ripper (1998) lista e ilustra alguns casos de patologias em que o uso de
protensão externa é usada como reforço para curar a estrutura.
• Na Figura 20 (a), o tirante age como uma costura, aplicando a deformação de modo
que esta seja contrária à deformação que esta causando a fissura.
• Na Figura 20 (b), a protensão age redistribuindo a carga. Alivia uma estrutura que
esteja com problema, descarregando em outras.
• Na Figura 20 (c), a protensão age de modo á aumentar a capacidade de carga de um
elemento estrutural.

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Figura 20 - protensão para costura (a); protensão para alivio de carga (b); protensão para
aumento da capacidade de carga (c)

Fonte: SOUZA E RIPPER, 1998 (modificada)

Recuperação de estruturas corroídas

São apresentados a seguir alguns métodos de reparo de uma estrutura de concreto


armado que sofreu corrosão, sendo eles: remoção eletroquímica dos cloretos, controle do
processo catódico e proteção catódica (CASCUDO, 1994).
Andrade (1992) cita que, para recuperar uma estrutura nesta situação, deve ser feita
uma escolha entre reparar inteira ou apenas na região afetada. De modo que há duas
desvantagens na escolha de reparar apenas as regiões afetadas:
• O aspecto estético será modificado, já que a região reparada, dificilmente atingirá o
mesmo tom de cor da região sã.
• Mesmo não demonstrando sinais de corrosão, alguns trechos podem estar sendo
corroídos. No momento em que as frações atingidas são recuperadas, estas podem começar
aagir como cátodo diante daquelas regiões que não foram reparadas, assim fazendo com que
estas tenham uma corrosão ainda mais rápida. Com isto trazem um grande prejuízo ao usuário
da estrutura, que precisará aplicar o método novamente a fim de reparar a nova parte com
problemas de corrosão.
Segundo Cascudo (1994), quando o processo de corrosão é ocasionado por cloretos,
deve ser aplicada a técnica de remoção eletroquímica de cloretos, a partir do uso de um ânodo
de metal nobre, resinas de troca iônica e uma fonte de corrente contínua. O material que
contem resinas de troca iônica, é colocado sobre o concreto e sobre o mesmo, é colocado o
metal nobre. A fonte conecta-se ao metal e também à armadura, de modo a ocorrer uma
diferença de potencial entre os dois, sendo o metal nobre, o ânodo, e a armadura, o cátodo. Por
fim, o que temos como resultado deste processo é uma atração dos íons Cl- negativos para o
ânodo, que apresenta carga positiva, e um aprisionamento dos mesmos pela resina. Este é

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um método que traz alguns problemas devido ao alto custo e por não conseguir a remoção dos
cloretos com 100 % de eficiência.
Outro método de reparo é o controle do processo catódico, cujo objetivo consiste no
impedimento do acesso de elementos nocivos e desencadeadores da corrosão, às armaduras,
por meio da vedação com o uso de revestimentos especiais com ação seladora. Como
principais elementos nocivos, pode-se citar o oxigênio, cloretos e gás carbônico.
Andrade (1992) aponta como uma desvantagem deste método, no caso em que a
remoção dos agentes nocivos, não tenha sido realizada de maneira satisfatória, pode acabar
apenas retardando o processo de corrosão , que continuará ocorrendo.
A eliminação do eletrólito consiste na tentativa de minimizar ao máximo a presença da
água presente nos poros do concreto, sendo um método extremamente difícil de atingir o
sucesso.
Por fim o último método de reparo, a proteção catódica, objetiva a diminuição dos
potenciais das armaduras para valores negativos, a partir de um processo eletroquímico, em
que a armadura é o cátodo e assim permanece protegida da ação da corrosão. O método pode
ser realizado de duas maneiras, método galvânico e método por corrente impressa.
Independente do método escolhido, deve-se retirar pelo menos a região afetada pela corrosão,
realizar uma limpeza nas armaduras com jato de areia e preparar a superfície do concreto que
irá receber a nova camada, umedecendo a mesma e procurando criar uma aderência por meio
do apicoamento e uso de resinas, ou até mesmo utilizar chumbadores ancorados, servindo de
união entre o concreto velho e novo (ANDRADE, 1992).

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5. METODOLOGIA DA PESQUISA
Esse trabalho foi realizado por meio de pesquisa qualitativa, buscando livros e artigos que
tratam do assunto de patologias em estruturas de concreto armado, a fim de apresentar à
importância de destrinchar os tipos existentes, analisar como as manifestações patológicas de
uma edificação funcionam e depois identificar e esclarecer os fatores que contribuíram com a
ocorrência desses fenômenos.

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6. CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou um estudo sobre patologia do concreto armado, ou
seja, realizou um levantamento das principais manifestações patológicas que agem
prejudicando estruturas, bem como apontou os sintomas, origens, causas e danos que as
mesmas irão sofrer no futuro.
Como foi visto, são inúmeras as causas e origens que levam uma estrutura a problemas
patológicos. Podendo estas se originar nas fases de projeto, execução e utilização de um
elemento qualquer. As causas foram divididas em três grandes grupos: causas intrínsecas,
extrínsecas e processos físicos de deterioração, para que assim possa haver um melhor
entendimento de que uma manifestação patológica pode se originar devido a fatores externos,
internos ou ainda da combinação de ambos. Ficou claro que as causas são inúmeras, passando
por problemas na constituição química dos materiais, fenômenos da natureza como a
sazonalidade, erros humanos tanto no projeto como execução devido à negligência ou falta de
qualidade, até ataques biológicos e de agentes agressivos às armaduras e ao concreto.
Foram apresentadas diversas manifestações patológicas com configurações próprias de
cada uma, atentando para a importância do conhecimento técnico, para um correto
diagnóstico.
Outro ponto importante levantado foi uma série de terapias para reparar e reforçar as
estruturas de concreto armado afetadas por algum problema patológico. Ficou nítido que
apesar de novas tecnologias surgirem para facilitar a recuperação, todas sem exceção
apresentam desvantagens e alguns problemas que a ciência ainda terá que solucionar para
chegar a um resultado satisfatório.
O estudo de caso neste trabalho foi realizado em uma obra localizada dentro da
UFSM, com o objetivo de diagnosticar manifestações patológicas, a partir dos conhecimentos
adquiridos em toda pesquisa feita. Sem dúvidas foi um dos momentos da graduação em que
mais adquiri conhecimento prático, devido à procura que realizei em diversas edificações já
construídas e algumas que estão em andamento.
Conclui-se que há uma grande necessidade pela busca de qualidade na construção
civil, assim como em qualquer outra área da engenharia civil. É preciso entender que para
uma estrutura de concreto armado alcançar um bom nível, com a ausência de manifestações
patológicas, todas as áreas envolvidas, desde a mão de obra de execução e os projetistas, os
materiais utilizados, o conhecimento sobre o solo e o ambiente no qual se deseja construir,

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devem estar em harmonia de excelência. Pois de nada adianta haver um bom quadro
humano na área da execução, se os materiais utilizados são de baixa qualidade e
procedência desconhecida. Para evitar a ocorrência de problemas patológicos, todos os
aspectos devem andar juntos e possuírem um padrão mínimo de aceitação.
O estudo das terapias juntamente com o estudo de caso, corroborou ainda mais a
necessidade de se evitar as manifestações patológicas, pois demonstrou a dificuldade que
se tem em executar alguns reforços e recuperações, que dependem de uma mão de obra
especializada, dos materiais empregados, e muitas vezes das condições climáticas, como
por exemplo a umidade.
Esse quadro acaba também, por obrigar os técnicos da área a estar em constante
pesquisa, estudo e aprendizado, sempre atento às evoluções e tendo em mente que é
“sempre melhor prevenir do que remediar”, o que abre um promissor mercado de trabalho,
com grande crescimento da demanda.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Edificações – Procedimento: NBR 5674/80. Rio de Janeiro, 1980. Disponível em:
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editado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco.
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