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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

JOSÉ CAIO COUTO BEZERRA CARNEIRO

Dispositivo para proteção de pilares em prédios: absorção de


impactos contra colapso progressivo

SÃO CARLOS
2023
JOSÉ CAIO COUTO BEZERRA CARNEIRO

Dispositivo para proteção de pilares em prédios: absorção de


impactos contra colapso progressivo

Texto de qualificação apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil (Engenharia de Estruturas) da Escola
de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Ciências.
Área de Concentração: Estruturas
Orientador: Prof. Dr. André Teófilo Beck

SÃO CARLOS
2023
RESUMO

Este projeto de pesquisa tem como objeto a proposição de um dispostivo de reforço estrutural
com potencial aplicação em pilares de estruturas em concreto armado, a fim de mitigar o
colapso progressivo proveniente de ruína de pilar em edifício com lajes lisas. A otimização é uma
das ferramentas utilizadas para racionalizar o uso de determinado dispositivo. Neste caso, o objetivo
principal é obter o melhor material conciliando tipologias de colapso progressivo, cuja simulação consistirá
na análise da ruína, total ou parcial, de pilar e a eficiência do dispostivo no combate à propagação deste
fenômeno. A formulação desta otimização deve levar em consideração os aspectos que contribuem para
a capacidade de absorção de energia por parte do dispositivo a falhas de estado limite decorrentes de ruína
do pilar, que podem levar à instabilidade global da estrutura. Além disso, estudos de custo-benefício,
a fim de encontrar o ponto de mínimo custo esperado total, são necessários para justificar o
potencial mercadológico do dispositivo. Ainda no contexto de justificar a aplicação do produto,
a vinculação do pilar a simular no modelo mecânico será em laje lisa protendida, tendo em vista
ser um sistema estrutural de ampla utilização nos últimos anos, pelas vantagens construtivas e
arquitetônicas. A escassez de estudos focados em propor dispositivos para combate a colapso
progressivo é o principal motivador desta pesquisa.

Palavras-chave: Otimização. Colapso progressivo. Absorção de energia. Laje lisa. Pilar.


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 6

1.1 Considerações iniciais .............................................................................................. 6

1.2 Objetivos.................................................................................................................... 7

1.3 Justificativa ............................................................................................................... 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 9

2.1 Colapso Progressivo ................................................................................................. 9

2.1.1 Tipos de Colapso ....................................................................................... 10

2.1.2 Diretrizes de Prevenção ............................................................................ 11

2.1.3 Formulação da probabilidade de Colapso Progressivo ............................. 12

2.2 Estratégias para Estimar a Probabilidade de Colapso Progressivo .................. 13

2.2.1 Confiabilidade de sistemas........................................................................ 13

2.2.2 Análise de confiabilidade via FORM........................................................ 14

2.3 Métodos de Prevenção do Colapso Progressivo................................................... 15

2.3.1 Tipologias de mitigação ............................................................................ 15

2.3.2 Absorvedores de energia ........................................................................... 17

2.3.3 Análise do desempenho de estruturas honeycomb submetidas a impacto 19

2.4 Modelo Numérico Mecânico .................................................................................. 21

2.4.1 Sistema estrutural de lajes lisas ................................................................. 21

2.4.2 Modelo em elementos finitos 2D para estimar esforços solicitantes ........ 24

2.4.3 Método dos pórticos equivalentes ............................................................. 24

2.5 Estado limite último em lajes lisas ........................................................................ 30

2.5.1 Flexão ........................................................................................................ 30

2.5.2 Punção ....................................................................................................... 31


2.5.3 Armadura mínima de flexão e dispensa de armadura de cisalhamento .... 35

2.6 Otimização aplicada à engenharia ........................................................................ 36

2.7 Custo Esperado de Falhas de Sistemas Devido a Incerteza ............................... 37

3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 39

3.1 Resumo das atividades ........................................................................................... 39

3.2 Formulação do Problema ...................................................................................... 40

3.3 Programa Computacional para Integração do MEF com o MPE ..................... 42

3.4 Estimativa da Confiabilidade do Sistema Pórtico com Lajes Lisas ................... 48

4 RESULTADOS PRELIMINARES .............................................................................. 50

4.1 Validação do Modelo Numérico Mecânico .......................................................... 50

4.2 Determinação da Confiabilidade de Sistema ....................................................... 53

5 ATIVIDADES A DESENVOLVER E CRONOGRAMA ......................................... 57

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 58
6

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais


Dentre os parâmetros que regem o projeto de uma estrutura, independente de sua
tipologia, a segurança é o aspecto primordial. Contudo, se este fosse o único fator, as
estruturas tenderiam, como no passado, a ter propriedades físicas e geométricas exarcebadas.
Mas além da segurança, a economia também é um fator relevante que rege a elaboração de
projetos, tendo em vista que o que determina a decisão do contratante por determinado
projeto, costuma ser a capacidade de racionalização de recursos por parte do projetista. Cabe
a este profissional otimizar e adequar as propriedades do seu projeto a fim de obter índices
de consumo competitivos para os contrutores, mas sem pôr em risco os aspectos de segurança
essenciais à elaboração de um projeto estrutural.

No caso das estruturas de concreto armado, embora os modelos de cálculo tenham


elevada acurácia, diversas falhas estruturais ocorreram ao longo da história, variando alcance
do dano e prejuízo associado. As causas de falhas estruturais, que podem ou não acarretar
em colapsos progressivos, podem estar associadas a erros de projeto, imperícia de execução,
como também à ações excepcionais na estrutura, como no caso do atentado terrorista que
colapsou o World Trade Center.

Pode-se definir o colapso progressivo como um mecanismo de reação em cadeia


caracterizado por significativa desproporção entre a área acometida pela falha inicial e a área
total afetada. Por isso, o dano total, de significativa extensão na estrutura, é desproporcional
à causa original, que é localizada (GSA, 2016). Ademais, caso a falha estrutural em questão
seja inevitável, é preferível um colapso progressivo que permita tempo de evacuação em
relação a um instantâneo, pela maior possibilidade de preservação de vidas.

Embora a probabilidade de falha de uma estrutura civil seja baixa ao contrapor dados
de estruturas úteis e falhas, desde que dimensionadas e executadas em prerrogativas
normativas, sabe-se que nos excepcionais casos de ruína, vidas podem ser perdidas, que é um
custo imensurável e que deve demandar estudos que mitiguem cada vez mais esses
fenômenos indesejados.
7

Nesse contexto, estudos sobre as causas e técnicas de mitigação de colapso


progressivo vem ganhando maior enfoque nas últimas décadas. A maioria é concentrada na
análise dos fenômenos, enquanto uma minoria propõe dispositivos de reforço estrutural que
possam vir a ter potencial mercadológico de aplição em estruturas. Dentre as causas de
colapso progressivo, as que são predominantemente alvo dos dispositivos propostos na
literatura são o impacto lateral e o incêndio.

No presente contexto de otimização de custos, a fim de maximizar o lucro e diminuir


prejuízos ambientais, um dos sistemas estruturais em concreto armado que mais se destaca é
o de lajes lisas protendidas, cujas vantagens incluem maior velocidade de execução, redução
de índices de consumo de concreto e aço, além de vantagens arquitetônicas e de
compatibilização de projetos. Entretanto, esta tipologia estrutural, pelo fato de a laje apoiar
diretamente no pilar, proporciona o fenômeno da punção, cuja falha ocorre de maneira
abrupta, sem aviso prévio.

Diante disso, é notória uma lacuna na literatura sobre dispositivos que aliem a
mitigação de causas diversas de colapso progressivo, principalmente simuladas em sistemas
estruturais de amplo uso. Além disso, essas proposições de reforço estrutural precisam ter
suas propriedades físicas e geométricas otimizadas e baseadas em custo-benefício, para
justificar uma potencial aplicação mercadológica.

1.2 Objetivos
O objetivo principal desta pesquisa é otimizar a capacidade do dispositivo a fim de
contribuir como um absorsor de energia em eventual colapso progressivo da estrutura
advindo de ruína de pilar pelas causas de impacto lateral e incêndio. Ressalta-se que este
dispositivo também deve ter mínima interferência arquitetônica. Diante disso, os objetivos
específicos são:

a) Levantar e mensurar os modos de falha locais e globais decorrentes de ruína de pilar


por meio dos modelos mecânicos analíticos ou numéricos selecionados;

b) Atestar a eficiência do dispositivo comparando resultados de colapso da estrutura no


modelo, com e sem o dispositivo de reforço;

c) Acoplar um algoritmo de otimização ao modelo estrutural a fim de minimizar o custo


esperado total, levando em consideração custo de construção, além de custo para
modos de falha locais e globais em situação de colapso da estrutura;
8

d) Acoplar os resultados desta pesquisa, que focam na capacidade de absorção de


energia por parte do dispositivo, com resultados a respeito de sua eficiência no
combate a modos de falha local no pilar, advindos de incêndio e impacto veicular,
desenvolvidos em paralelo em outra pesquisa.

1.3 Justificativa
Embora haja uma quantidade significativa de pesquisas sobre colapso progressivo em
estruturas de concreto armado, contemplando tipologias de colapso provenientes de danos
diversos, a literatura ainda carece de pesquisas que proponham soluções para mitigação
desses fenômenos indesejados (KIAKOJOURI et al., 2022).

Sabe-se que os custos de falha advindos de ruína em pilares são mais significativos
que os custos advindos de ruína nos demais elementos (BECK et al., 2022). Além disso, a
literatura, apesar de ser escassa no tema, concentra dispositivo de mitigação de colapso
estrutural no elemento pilar (RANDAXHE et al., 2021; STAROSSEK, 2017; ZHOU e YU,
2004), o que justifica a escolha deste elemento estrutural como o enfoque desta pesquisa, em
termos de análise de ruína e aplicação do dispositivo. Ressalta-se que as causas de ruína no
pilar a analisar serão advindas de incêndio e impacto lateral em decorrência de os dispositivos
já propostos na literatura terem como enfoque essas ações.

Ademais, as estruturas com lajes lisas protendidas são uma solução cada vez mais
adotada, especialmente em estruturas de múltiplos pavimentos, em decorrência de vantagens
econômicas: menor consumo de concreto pela redução da espessura da laje em decorrência
da protensão, racionamento eficiente do sistema de formas pela ausência de vigas, além dos
benefícios arquitetônicos decorrentes da possibilidade de maiores vãos e layout mais flexível
no posicionamento das alvenarias. Essas estruturas protendidas são comumente usadas em
situações que demandam vãos maiores, para as quais a ruína de um pilar pode ser ainda mais
prejudicial do que estruturas convencionais em concreto armado. Pesquisas focadas no
colapso progressivo deste tipo de estrutura ainda são escassaz (ADAM et al., 2018), o que
justifica a tipologia estrural a analisar nesta pesquisa.

Diante do exposto, a proposição de dispositivos de reforço estrutural em estruturas


sujeitas a colapso, principalmente nos elementos que geram maior custo de falha se ruírem,
é um campo vasto de pesquisa a explorar.
9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção é apresentada a fundamentação teórica necessária a fim de compreender


os aspectos técnicos do tema, tal como o estado da arte sobre colapso progressivo e seus
dispositivos de mitigação, ou reforço, propostos pela literatura.

2.1 Colapso Progressivo


Define-se colapso progressivo como um mecanismo de reação em cadeia
caracterizado por significativa desproporção entre a área acometida pela falha inicial e a área
total afetada. Por isso, o dano total, de significativa extensão na estrutura, é desproporcional
à causa original, que é localizada (GSA, 2016).

O primeiro foco especial neste fenômeno foi em 1968, com o colapso parcial do
Ronan Point Apartment Tower, localizado em Londres (Figura 1). Esta estrutura era formada
por painéis pré-fabricados de concreto armado e sua construção foi pelo sistema Larsen-
Nielsen, a fim de minimizar custos de insumos e de mão de obra. Contudo, por falhas na
distribuição de esforços advindas da descontinuidade entre os elementos, houve um colapso
parcial na estrutura. Uma situação em que a minimização de custos interferiu na segurança
da estrutura (PEARSON et al., 2005; RUSSELL et al., 2019).

Figura 1 – Colapso parcial do Ronan Point Apartment Tower.

Fonte: The Guardian (2018).


10

Após o episódio do Ronan Point, outros colapsos foram registrados e pesquisas foram
desenvolvidas para tratar o tema, geralmente em decorrência de algum novo colapso.
Entretanto, a comunidade científica passa a circundar o tema com maior constância após o
atentado ao World Trade Center, 2001, em Nova Iorque, devido à comoção mundial que o
evento causou. Neste caso, as duas superestruturas mostraram grande capacidade em
redistribuir esforços após a perda de pilares do perímetro externo da estrutura no impacto das
aeronaves. Contudo, a explosão causada pelo combustível dos aviões, e o incêndio
subsequente, foi suficiente para que a integridade da estrutura fosse comprometida e o
edifício entrasse em colapso progressivo (BAZANT et al., 2002).

A literatura sobre colapso progressivo e tópicos afins vem crescendo ao longo dos
anos, consolidando uma base de estudos e pesquisas, com a publicação de pelo menos quatro
livros e uma quantidade significativa de artigos de revisão (KIAKOJOURI et al., 2022).
Dentro desse contexto, o tema convergiu em segmentações, os quais delimitam as tipologias
de colapso, em suma, variando ação (causa) e local (elemento estrutural).

2.1.1 Tipos de Colapso

Kozlova (2013) diferencia as tipologias de colapso progressivo em seis categorias:


pancake, zipper, domino, section, instability e mixed-type collapse. As variações estão nas
causas, mecanismos e características próprias. Os colapsos que se espera abordar nesta
pesquisa, em decorrência de o estudo se ater à análise de falha local de pilar central e sua
propagação, são os tipos pancake, domino e o colapso que as combinam, mixed.
11

Figura 2 – (a) Colapso em estrutura delgada; (b) Colapso em estrutura não delgada.

(a) (b)

Fonte: Adaptado de Kiakojouri (2022).

O colapso do tipo pancake é caracterizado pela separação dos elementos estruturais e


posterior queda vertical. Dessa forma, uma força de impacto significativa causada pelas lajes
que adquirem energia cinética é aplicada nas lajes inferiores, levando estas também à ruína.
Colapso típico de estruturas delgadas (Figura 2.a).

Situações caracterizadas pela falha inicial de um elemento, seguido pelo surgimento


de forças horizontais excessivas, propagando-se verticalmente e horizontalmente, chama-se
domino, principalmente pela reação em cadeia gerada.

Por fim, os colapsos do tipo mixed são caracterizados quando duas ou mais tipologias
citadas são combinadas em uma ocorrência de colapso progressivo. O colapso represetando
pela figura 2.b representa esta tipologia, pois combina os tipos pancake e domino, mais
suscetível em estruturas não esbeltas.

2.1.2 Diretrizes de Prevenção

Em 1980, normas americanas passaram a incorporar parâmetros de projeto relativos


à mitigação de colapso progressivo (NISTIR, 2007), fenômeno até então pouco explorado
em normas técnicas. Atualmente, diversos códigos normativos já tratam do tema (GSA,
2016; ABNT NBR 6118:2014; ABNT NBR 9062:2006). Mesmo que alguns abordem de
forma superficial, o objetivo destas medidas, em suma, é prover continuidade, redundância e
ductibilidade às estruturas.
12

A redundância refere-se à existência de possibilidades alternativas para que os


esforços possam se redistribuir em determinado sistema estrutural inicialmente danificado.
Enquanto que a continuidade é o atributo que garante a interconexão adequada à
redistribuição de cargas entre vigas, lajes e pilares, para o caso de um colapso inicial em
algum destes elementos.

Por fim, a ductibilidade é a capacidade de plastificação da estrutura, que lhe permite


a sustentação de cargas, mesmo em situações de grandes deformações. Assim, uma estrutura
dúctil, precisa suportar as transferências de cargas, resultantes da perda de algum elemento
estrutural (LARANJEIRAS, 2011).

2.1.3 Formulação da probabilidade de Colapso Progressivo

Segundo Beck (2019), os sistemas de engenharia são, de forma idealizada,


concebidos, projetados e construídos para não apresentarem falhas. Contudo, devido às
incertezas, os sistemas podem não apresentar o comportamento idealizado. A possibilidade
de respostas não desejadas pode ser mensurada em termos de probabilidade de falha (𝑝𝑓 ).

Diante disso, entendendo esses sistemas como as estruturas, seus modos de falha
podem ser escritos por meio de equações de estados limites 𝑔𝑖 (𝐗), sendo 𝑖 o 𝑖-ésimo modo
de falha, em termos de um vetor de variáveis aleatórias X, cujos domínios de falha
elementares são dados por:

𝛺𝑓𝑖 = {X |𝑔𝑖 (𝐗) ≤ 0} (1)

Por conseguinte, a probabilidade associada ao modo de falha i (𝑝𝑓𝑖 ) é indicada por:

𝑝𝑓𝑖 = 𝑃[𝐗 ∈ 𝛺𝑓𝑖 ] = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝑥 (2)


𝛺𝑓𝑖

O domínio de falhas composto do sistema é definido como:

𝐿𝑆𝑛
𝛺𝑓𝑆𝑌𝑆 =∪𝑖=1 𝛺𝑓𝑖 (3)
13

A probabilidade de falha do sistema é definida por:

𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝑥 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝑥 (4)


𝛺𝑓𝑆𝑌𝑆 ∪𝑘 [∩𝑖∈𝐶𝑘 (𝑔𝑖 (𝑥)≤0)]

Em posse do conceito de probabilidade de falha, pode-se definir a probabilidade de


colapso 𝑃𝐶 de uma estrutura sujeita a múltiplas ações acidentais como (ELLINGWOOD,
2006):

𝑃𝐶 = 𝑃[𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜] = ∑𝐻 ∑𝐸 ∑𝐷 𝑃[𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜ǀ𝐷, 𝐸, 𝐻]𝑃[𝐷ǀ𝐸, 𝐻]𝑃[𝐸ǀ𝐻]𝑃[𝐻] (5)

Nesta expressão, 𝑃[𝐻] representa a probabilidade de ocorrência de uma ameaça à


estrutura, como explosão, acidente, sismos e atendados. 𝑃[𝐸ǀ𝐻] representa a probabilidade
do carregamento 𝐸, dada a ocorrência de 𝐻, como combinações de carga e distância ao alvo
(E) na ocorrência de explosões (H), outro exemplo seria combinações de velocidade e massa
de um veículo (E), para a ocorrência de acidentes (H). 𝑃[𝐷ǀ𝐸, 𝐻] é a probabilidade de dano
localizado 𝐷, condicionado à 𝐸 e 𝐻. Por fim, 𝑃[𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜ǀ𝐷, 𝐸, 𝐻] é a probabilidade de
colapso, condicional à ocorrência de D, E e H.

2.2 Estratégias para Estimar a Probabilidade de Colapso


Progressivo
2.2.1 Confiabilidade de sistemas

Um pórtico em concreto armado, que corresponde a um sistema hiperestático, não


possui apenas um modo de falha. Além de possuir diferentes elementos portantes, seus
modos de falha também variam, tendo em vista que um mesmo elemento pode ter que resistir
a diferentes esforços.

Diante disso, é necessário definir a forma mais adequada para mensurar a


probabilidade de falha do sistema. Dentre os tipos de sistemas estruturais, um pórtico em
concreto armado é um sistema definido como “em paralelo” , ou seja, o colapso global do
sistema só ocorre se um número suficiente de elementos falha, em contrapartida às estruturas
isostáticas, onde a falha de um único elemento já caracteriza a falha do sistema.
14

O cálculo desta probabilidade de falha envolve a avaliação de interseções e uniões de


eventos múltiplos, no caso de uma laje lisa, por exemplo, pode ser a ruína por punção, as
flexões positivas no vão e as negativas nos apoios. Por não ser uma tarefa trivial a avaliação
da relação entre os eventos de falha, Cornell (1967) definiu uma abordagem que permite a
determinação da probabilidade de falha de sistemas, equação 4, por meio dos limites de
probabilidade. Quando considerados limites uni-modais, possibilidade mais simplista para a
determinação do intervalo de probabilidades de falha, os limites são definidos como:
𝑛
𝑛
𝑚𝑎𝑥𝑖=1 [𝑃(𝐹𝑖 )] ≤ 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 ≤ ∑ 𝑃[𝐹𝑖 ] (6)
𝑖=1

A fim de determinar um intervalo mais preciso, pois desconta a interseção dois a dois
entre os diversos modos de falha, também pode-se aplicar os limites bi-modais, considerados
mais precisos que os uni-modais, com um nível de aproximação já satisfatório para diversos
tipos de problemas:
𝑛𝑙𝑠 𝑖−1 𝑛𝑙𝑠 𝑛𝑙𝑠

𝑃[𝐹1 ] + ∑ max[0, 𝑃[𝐹𝑖 ] − ∑ 𝑃(𝐹𝑖 ∩ 𝐹𝑗 )] +≤ 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 ≤ ∑ 𝑃[𝐹𝑖 ] − ∑ 𝑚𝑎𝑥𝑖>𝑗 [𝑃(𝐹𝑖 ∩ 𝐹𝑗 )] (7)


𝑖=2 𝑗=1 𝑖=1 𝑖=2

2.2.2 Análise de confiabilidade via FORM

A confiabilidade estrutural é uma medida do grau de confiança em que uma estrutura


ou sistema estrutural atenda aos requisitos técnicos de projeto, dentro de uma vida de projeto
especificada, respeitadas as condições de operação e de projeto (BECK, 2019). Como dito
anteriormente, a probabilidade de falha (𝑝𝑓 ), cuja representação matemática consta na
equação 2, é uma forma de mensurar respostas não desejadas da estrutura.

Dentre os métodos para obtenção das probabilidades de falha, no algoritmo FOSM -


Método de Confiabilidade de Segundo Momento, a informação estatística a respeito das
variáveis aleatórias do problema se limita aos momentos de primeira e segunda ordem, que
consistem na média e na variância, ou seja, todas as variáveis aleatórias do problema estão
sendo consideradas com distribuição normal.

Em contrapartida, o algoritmo a ser utilizado nesta pesquisa, FORM – Método de


Confiabilidade de Primeira Ordem, permite incorporar à análise as funções de distribuição
15

de probabilidades, tal como a dependência linear, correlação, entre as variáveis aleatórias do


problema (BECK, 2019).

Além dos índices de confiabilidade e suas respectivas probabilidades de falha, o


método também permite encontrar a contribuição de cada variável aleatória para cada
probabilidade de falha calculada:

𝛻𝑔(𝑦 ∗ )
𝛼(𝑦 ∗ )=‖𝛻𝑔(𝑦 ∗)‖ (8)

Nesta equação, 𝛻𝑔 representa o gradiente do vetor que contém as derivadas parciais


da equação de estado limite em função de cada variável aleatória. A operação 𝛼𝑖2 permite
encontrar, enfim, uma aproximação linear da sensibilidade de cada variável aleatória para
cada i-ésima probabilidade de falha calculada.

2.3 Métodos de Prevenção do Colapso Progressivo


2.3.1 Tipologias de mitigação

As técnicas de reforço estrutural possuem diversas tipologias, segmentadas em função


do tipo de prevenção do dano inicial, tal como dos tipos de controle de propagação do
colapso. Antes de convergir esta revisão para os tipos a explorar nesta pesquisa, é importante
visualizar o que a literatura já abordou em termos de técnicas de prevenção ao colapso.
Kiakojouri et al. (2022) subdividiu as linhas de pesquisa sobre técnicas de reforço para
mitigação de colapso progressivo de acordo com o fluxograma da Figura 3.
16

Figura 3 – Linhas de pesquisa sobre técnicas de reforço estrutural para mitigar


colapso progressivo.

Fonte: Autor (2022).

Segundo Kiakojouri et al. (2022), o foco no colapso progressivo induzido pelo fogo
só surgiu após grandes desastres de colapso induzidos por este fenômeno. Das pesquisas que
propõem dispositivos de mitigação, resultantes deste foco, a maioria é mais voltada para
estruturas metálicas, como o dispositivo proposto por Randaxhe et al. (2021), Figura 4,
devido à maior fragilidade quando comparada com estruturas de concreto armado, embora
colapsos severos devido ao fogo também possam ser ocasionados nestas estruturas.
17

Figura 4 – Dispositivo de proteção contra incêndio para pilares metálicos.

Fonte: Randaxhe et al. (2021).

2.3.2 Absorvedores de energia

Saindo do campo da prevenção do dano inicial, adentrando no controle do tamanho


final do colapso, pesquisas recentes vem propondo dispositivos de absorção de impacto,
também focadas no elemento pilar, não no viés da proteção ao dano local, mas no controle
do dano final. Dentre estes dispositivos (Figura 5): square honeycomb configuration,
telescoping tube configuration e heavy floor sandwich panel (STAROSSEK, 2017; ZHOU
E YU, 2004).
18

Figura 5 – Dispositivos de absorção de impacto: (a) square honeycomb


configuration, (b) telescoping tube configuration e (c) heavy floor sandwich panel.

(a) (b) (c)

Fonte: Kiakojouri (2022).

Dispositivos absorverdores de energia são sistemas capazes de dissipar energia


cinética por deformações permanentes. A estrutura externa de um carro, por exemplo, é capaz
de, em caso de colisão, sofrer este tipo de deformação como um sacrifício em prol da parte
interna, evitando que vidas sejam perdidas ou diminuindo a gravidade das consequências
para os passageiros (KIAKOJOURI et al., 2020).

Os materiais que compõem dispositivos para esta funcionalidade, também chamados


de sólidos celulares, são bons absorventes de energia devido à natureza porosa. Quando
sujeitos a forças compressivas, as paredes celulares de material celular podem girar, dobrar
e esticar, o que é possível pelos vazios no interior (GIBSON E ASHBY, 1997).

Dentre essas soluções, Zhou e Yu (2004) propuseram o que denominaram como


heavy-duty metal-based honeycomb energy absorbing structure, que demonstrou, por meio
de uma análise por elementos finitos, uma capacidade significativa de absorção de impacto
em edifício alto. O estudo de caso foi inclusive com dados do colapso do World Trade Center.
Nesta pesquisa, evidenciou-se que a energia potencial liberada no colapso de cada andar é
maior que a energia dissipada na deformação do pórtico, resultado que corrobora com a
importância de um dispositivo agindo como absorsor de energia na mitigação de colapso
progressivo em situações de ruína de pilar.

Como dito antes, as pesquisas sobre colapso progressivo são escassas no tocante à
proposição de soluções, como os dispositivos citados, na literatura. Além disso, percebe-se
19

um enfoque em aplicar estes dispositivos no pilar, principalmente pela maior importância


deste elemento em situação de colapso. Por essa razão a motivação desta pesquisa em, para
um mesmo dispositivo, mesclar uma solução de prevenção do dano inicial, inspirada no
dispositivo de Randaxhe et al. (2021), com uma solução de controle do tamanho final de
colapso, proposta por Zhou e Yu (2004).

2.3.3 Análise do desempenho de estruturas honeycomb submetidas a


impacto

A eficiência de um dispositivo absorvedor está em dissipar a maior quantidade de


energia com a menor massa possível. Esta dissipação é realizada por meio da deformação do
dispositivo ao absorver energia. Dentre as configurações geométricas já comercializadas,
destaca-se aquelas do tipo honeycomb, como a que está presente na solução proposta por
Zhou e Yu (2004), já disseminadas em diversos setores, como o da aviação, o automotivo e
o espacial, devido a excelente relação do material entre resistência mecânica e peso
(BITZER, 1997).

Dessa forma, avaliar o rendimento de um dispositivo, como os derivados da tipologia


honeycomb, para esta função significa determinar a sua Specific Energy Absorption (SEA),
cujo significado físico consiste no quanto de energia este material consegue dissipar, por
exemplo, de um sistema estrutural em colapso, por unidade de massa do dispositivo acoplado
à estrutura.

𝐸𝑎 (𝛿)
𝑆𝐸𝐴 = (9)
𝑚
𝛿𝑚á𝑥
𝐸𝑎 (𝛿) = ∫ 𝐹(𝛿)𝑑𝛿
0 (10)

Na equação 9, 𝐸𝑎 representa a energia absorvida durante o impacto e 𝑚 a massa do


dispositivo. A equação 10 representa a definição matemática de 𝐸𝑎 , que é função da força
instantânea 𝐹(𝛿) para um certo deslocamento 𝛿.

Além do parâmetro SEA, é importante que durante o impacto, a força máxima, 𝐹𝑚á𝑥 ,
não seja muito elevada e que a estrutura possua alto valor de Crush force efficiency (CFE),
cuja definição é dada pela equação 11.
20

𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝐶𝐹𝐸 = (11)
𝐹𝑚á𝑥

𝐸𝑎
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 = (12)
𝛿𝑚á𝑥

𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 , equação 12, é a força média durante o impacto, enquanto que 𝛿𝑚á𝑥
corresponde ao deslocamento relativo à 𝐹𝑚á𝑥 .

Dentre os parâmetros apresentados, destaca-se SEA e 𝐹𝑚á𝑥 como os mais adotados


nos estudos recentes a fim de avaliar o desempenho de estruturas honeycomb submetidas ao
impacto (BAROUTAJI; SAJJIA; OLABI, 2017).

As variáveis de projeto mapeadas por Rodrigues (2019) a fim de maximizar a


eficiência energética do dispositivo são o comprimento da aresta da célula do honeycomb (l),
a espessura da parede da célula que forma o honeycomb (t) e o parâmetro de forma da energia
da célula (CS), cujas representações geométricas estão ilustradas pelas Figuras 6 e 7. As
demais variáveis presentes no cálculo de SEA e 𝐹𝑚á𝑥 são dependentes de características
físicas do material que compõe a matriz do honeycomb.

Figura 6 – Variáveis de projeto para otimização de estrutura honeycomb ao impacto.

Fonte: adaptado de Rodrigues (2019).


21

Figura 7 – Influência do parâmetro CS no formato da célula da estrutura honeycomb.

Fonte: adaptado de Rodrigues (2019).

Estas variáveis de projeto serão otimizadas em uma pesquisa em paralelo a esta, que
realizará uma otimização multiobjetivo, conciliando a resistência ao fogo e a capacidade de
dissipação energética em impacto ortogonal e perpendicular à direção do plano, de um corpo
de prova honeycomb.

Em paralelo, esta pesquisa se limita a avaliar o desempenho do dispositivo para um


edifício em situação de colapso e o custo benefício de aplicação, a fim de encontrar a massa
necessária ótima do dispositivo honeycomb por pavimento, dadas restrições a detalhar na
metodologia.

2.4 Modelo Numérico Mecânico


2.4.1 Sistema estrutural de lajes lisas

A partir de meados dos anos 1990, o Brasil, por meio da Companhia Siderúrgica
Belgo-Mineira, passou a ter oferta de cordoalha engraxada para estruturas protendidas
(MELGES, 2001). Ao longo dos anos, este recurso estrutural que era mais comum em obras
de infraestrutura, passou a ser utilizado também em edifícios de grande porte e residências
de alto padrão. Isso se deve porque estruturas de concreto, comprimidas pelo efeito da
protensão, adquirem maior rigidez pela redução significativa de fissuras, possibilitando
deslocamentos menores em vãos maiores que os usuais de estruturas não protendidas.
22

Além disso, a presença da protensão na estrutura de concreto, cuja tipologia de


cordoalha não-aderente é a mais popular no mercado brasileiro, principalmente pela maior
facilidade de execução, contribui de forma significativa no combate às tensões, permitindo
reduções significativas de armadura passiva, possibilitando inclusive, dependendo do nível
de protensão, que o projetista detalhe apenas armadura passiva mínima no seu projeto, para
atender as prerrogativas de estado limite de serviço da NBR 6118:2014.

Embora o insumo cordoalha para protensão seja historicamente mais caro que a
armadura passiva, as vantagens estruturais de estruturas protendidas em termos de redução
de armadura passiva, estão motivando cada vez mais construtores a adotar esta tecnologia
em suas obras, inclusive pelas vantagens em termos de maior liberdade arquitetônica, com a
possibilidade de vãos maiores, como também pela facilidade de execução e compatibilização
de projetos. Dentre as tipologias de lajes protendidas, uma das que mais se destaca nas
contruções atuais, é a de lajes lisas protendidas (Figura 8.b).

Figura 8 – (a) Laje cogumelo; (b) Laje lisa.

(a) (b)

Fonte: Melges (2001).

Neste tipo de laje, não há vigas e nem engrossamento na laje ao redor do pilar, como
é necessário em lajes cogumelo (Figura 8.a), o que envidencia as vantagens citadas
anteriormente. Contudo, do ponto de vista estrutural, isso só é viável economicamente pelo
uso da protensão nestas estruturas, que permite o combate ao fenômeno da punção, que pode
gerar uma ruptura frágil na ligação laje pilar e consequente colapso progressivo, sem a
necessidade de engrossamentos ao redor do pilar ou de aumento expressivo na espessura da
laje.

Ressalta-se que as lajes cogumelo eram mais utilizadas antes da popularização do uso
da protensão, quando, pelas demandas de projeto, solicitava-se ao projetista que não
houvesse vigas na estruturas. Para possibilitar isso sem o uso da protensão e sem aumentar a
espessura da laje significativamente, a melhor solução era o engrossamento da ligação laje
23

pilar (Figura 9), localizado apenas na região de puncionamento, para viabilizar o combate a
este efeito. Após a oferta de protensão no país, este tipo de solução caiu em desuso.

Figura 9 – Tipos de laje cogumelo.

Fonte: Melges (2001).

Estruturas protendidas são comumente usadas em estruturas que demandam vãos


maiores, as quais a ruína de um pilar pode ser ainda mais prejudicial do que estruturas
convencionais em concreto armado. Pesquisas focadas no colapso progressivo deste tipo de
estrutura ainda são escassas (ADAM et al., 2018).

Além da escassez de estudos focados nesta tipologia, outra razão para a análise do
dispositivo absorsor de energia ser em pórticos com laje lisa é a sua notável aplicação em
edifícios garagem, cujos pilares tendem a ter uma área próxima livre de painéis de vedação,
o que facilitaria o encamisamento do dipositivo, como ilustrado na Figura 10.

Figura 10 – (a) edificações convencionais; (b) edifícios garagem.

Fonte: Autor (2023).


24

2.4.2 Modelo em elementos finitos 2D para estimar esforços solicitantes

A fim de estimar os esforços advindos de ações na estrutura, foi desenvolvido um


modelo numérico mecânico baseado no método dos elementos finitos (MEF), cujo
comportamento do material é considerado elástico e as barras que compõem a estrutura são
elementos de pórtico 2D.

Cada elemento de pórtico possui dois nós e três graus de liberdade para cada nó
respectivo. A Figura 11 representa estes elementos e as forças nodais em cada nó, tanto para
o sistema global, como para o sistema local.

Figura 11 – Representação das forças generalizadas de uma barra em sistema global e em


sistema local.

Fonte: MARTHA (2017).

O vetor de deslocamentos 𝐮 pode ser obtido a partir de um sistema que contém a


matriz de rigidez global 𝐊 e do vetor de forças nodais 𝐟, representados pela equação 10:

𝐊. 𝐮 = 𝐟 (10)

Este modelo mecânico se limita ao comportamento elástico linear dos materiais,


não considerando não linearidade física e geométrica, como também não considera
efeitos dinâmicos. Tratando-se de uma análise de colapso progressivo, esta abordagem
é considerada conservadora e simplificada, mas se justifica pela maior facilidade de
processamento, tanto na geração de deslocamentos e esforços, como na análise de
confiabilidade.

2.4.3 Método dos pórticos equivalentes

Uma vez definido o modelo estrutural reticulado para simulação numérica de uma
estrutura, adaptações precisam ser feitas para que o comportamento da ligação direta
25

laje/pilar em estrutura de concreto seja expressa pelo modelo numérico. Uma alternativa de
simples adaptação para um modelo em elementos finitos de pórtico, a fim de estimar a rigidez
aproximada dos elementos que compõem um pórtico em laje lisa é o Método dos Pórticos
Equivalentes (MPE).

Este método é baseado no teorema estático para determinar esforços atuantes em lajes
de concreto. A representação da estrutura é discretizada em uma série de pórticos em cada
uma das direções (Figura 12), 𝑙𝑦 representa o comprimento entre os pilares. Alguns códigos
que abordam seu uso para estimativa de esforços solicitantes a fim de dimensionar estruturas
em lajes lisas são o ACI 318, a NBR 6118, o Eurocode 2 e a norma inglesa (BS 8110/97).

Figura 12 – Definição dos pórticos de acordo com a norma brasileira.

Fonte: adaptado de Emerick (2005).

A norma brasileira prescreve que as lajes apoiadas diretamente sobre os pilares devem
ser calculadas em regime rígido plástico, ou elástico, sendo este último o caso desta pesquisa.
Para que este método possa ser adotado, os pilares devem estar alinhados em ambas as
direções, possibilidade que corrobora com a ideia inicial de aplicação do dispositivo em
edifícios garagem, cujos pilares tendem a obedecer esta condição do método.

Além disso, a distribuição de momentos fletores, ao dividir os painéis das lajes, deve
ser feita da seguinte forma: 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas, 27,5%
dos momentos positivos para cada uma das faixas externas, 25% dos momentos negativos
26

para as duas faixas internas e 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas
externas. determinação geométrica dessas faixas entre os apoios está descrita na Figura 13.

Figura 13 – Determinação geométrica das faixas interna e externa.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).

A definição da largura das faixas é igual na norma brasileira e na americana, contudo,


em termos de definição das faixas para a distribuição dos momentos, o ACI considera a
largura das faixas definidas por 25% do menor vão da laje, assim como preconizam as normas
européia e inglesa.

O ACI permite que seja realizado um aumento da rigidez na região dos pilares em
decorrência da presença de capitéis, engrossamentos ou até mesmo a existência do próprio
pilar, como é o caso das lajes lisas tratadas nesta pesquisa. Neste caso, o momento de inércia
da “laje-viga”, 𝐼𝑒𝑞 , representado na Figura 14, no eixo do pilar até a face externa é tomado
como o valor do momento de inércia na face do pilar (havendo ou não engrossamento),
dividido por:

𝑐𝐴
(1 − ) (11)
𝑙2

𝑐𝐴 é a dimensão do apoio na direção transversal ao pórtico e 𝑙2 é o vão na direção


transversal ao pórtico. O ACI leva em consideração o fato de existir uma diferença
significativa entre a laje do pórtico e o pilar no cálculo do pórtico equivalente. Esta
consideração é feita pela atribuição de uma rigidez à torção no encontro do pilar com a laje
do pórtico. A partir da combinação da rigidez do elemento de torção com a do pilar, calcula-
se uma rigidez equivalente 𝑘𝑒𝑐 , dada por:
27

1 1 1
= + (12)
𝑘𝑒𝑐 ∑𝑘𝑐 𝑘𝑇

Nesta equação 12, 1/𝑘𝑒𝑐 é a flexibilidade do pilar equivalente, ∑𝑘𝑐 é a soma da


rigidez dos pilares acima e abaixo do pórtico, enquanto que 𝑘𝑇 é a rigidez do elemento
torcional.

Por conseguinte, a rigidez de uma barra bi-engastada pode ser calculada pela equação
13:

4𝐸𝑐 𝐼𝑐
𝑘𝑐 = (13)
𝑙𝑐

Onde 𝐸𝑐 representa o módulo de elasticidade do pilar, 𝐼𝑐 é o momento de inércia do


pilar e 𝐿𝑐 é o comprimento do mesmo.

Além disso, o ACI define a rigidez do elemento torcional como:

9𝐸𝑐 𝐶𝑒𝑞 (14)


𝑘𝑇 = ∑
𝑙2 (1 − 𝐶𝐴 /𝑙2 )³

Sendo:

𝑥 𝑥³𝑦 (15)
𝐶𝑒𝑞 = ∑ [(1 − 0,63 ) ]
𝑦 3

Os elementos geométricos x e y representam o menor e o maior lado do retângulo que


compõe a seção transversal da laje-pilar, como ilustra a Figura 14:
28

Figura 14 – Elementos geométricos e inércias das barras para o MPE.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).

Outra possibilidade para considerar a rigidez equivalente, que inclusive foi a adotada
para o desenvolvimento do modelo mecênico desta pesquisa, é por meio do cálculo do
comprimento equivalente para o pilar, de tal forma que a rigidez do pilar passe a ser a rigidez
equivalente do conjunto, como representado pela Figura 15.

Figura 15 – Pilar equivalente.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).


29

Por fim, ressalta-se que, embora o método capture os esforços solicitantes para lajes,
a fim de dimensionar e calcular os estados limites últimos em diferentes situações, não foi
encontrado na literatura aplicações do método para estimar esforços nos pilares. Esta possível
lacuna no método não deve afetar o estudo do colapso para estruturas em laje lisa, pois estes
se caracterizam pela particularidade de preservar os pilares após ocorrência de colapso,
tendendo a falhar apenas as lajes, como ilustrado nas Figuras 16 e 17.

Figura 16 – Pilares intactos após colapso do Cassino Tropicana.

Fonte: CTL Group (2003).

Figura 17 – Pilares intactos após colapso de laje em condomínio residencial.

Fonte: Gazeta (2016).


30

Por esta razão, apenas os modos de falha da laje, tal como na ligação laje/pilar, serão
abordados no estudo de confiabilidade do sistema. Os estados limites da laje são descritos no
tópico a seguir.

2.5 Estado limite último em lajes lisas


2.5.1 Flexão

A equação de estado limite para o momento fletor de uma seção retangular de


concreto, de acordo com equações clássicas e recomendações da NBR 6118/2014, pode ser
dada por:

𝑔𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝐗) = M𝑅𝑑 − 𝑀𝑆𝑑 = 𝐴𝑠 𝑓𝑦 (𝑑 − 𝑥) + 0,408𝑥 2 𝑓𝑐 𝑏𝑤 − 𝑀𝑆𝑑 (16)

𝐴𝑠 𝑓𝑦
𝑥 = 1,25(0.85𝑓 𝑏 ) (17)
𝑐 𝑤

onde:

M𝑅𝑑 - Momento resistente de cálculo;

𝑀𝑆𝑑 - Momento solicitante de cálculo;

𝐴𝑠 - Área de aço da armadura de flexão;

𝑓𝑐 - Resistência à compressão do concreto;

𝑓𝑦 - Tensão de escoamento do aço;

𝑥- Profundidade da linha neutra.

Esta equação 17 é válida apenas para concretos com menos de 50 MPa de 𝑓𝑐 e a seção
transversal precisa ser armada com armadura simples, a fim de garantir adequada ductilidade
à seção transversal. A Figura 18 representa as propriedades atuantes no processo de
dimensionamento da seção, tal como a direção do momento fletor solicitante.
31

Figura 18 – Seção transversal de concreto armado sujeita à flexão.

Fonte: autor (2023).

2.5.2 Punção

De acordo com Pinto (1993), o fenômeno da punção, que, dentre outras situações,
ocorre em estruturas onde a laje se apoia diretamente nos pilares, tem sua ruína caracterizada
pela ausência de escoamento generalizado da armadura, sendo basicamente ocasionada pela
destruição local do concreto da zona comprimida no entorno do pilar, como ilustrado na
Figura 19. Esta ruptura é frágil, ao contrário daquelas caracterizadas por serem dúcteis,
ocorre de forma súbita, sem aviso prévio.

Figura 19: Ruína de laje por punção.

Fonte: Melges (2001).

Os parâmetros de entrada, em termos de solicitações, que um projetista estrutural deve


ter em posse para realizar as devidas prerrogativas normativas de dimensionamento estão
resumidos na Figura 20:
32

Figura 20: Esforços solicitantes necessários para dimensionamento à punção.

Fonte: Santos (2018).

Uma vez definidas as características geométricas e físicas dos elementos estruturais,


que representam os parâmetros portantes da estrutura, tal como os esforços solicitantes
citados, é possível realizar as prerrogativas normativas em termos de punção. A Figura 21
ilustra de forma resumida as verificações de acordo com a NBR 6118:2014:

Figura 21: Procedimento resumido de verificações sobre punção segundo a NBR 6118/14.

Fonte: Autor (2022).

𝐶 - Contorno da área de aplicação da carga, coincide com a superfície do pilar;


𝐶′ - Contorno crítico externo e distante 2𝑑 do contorno 𝐶;
𝐶′′- Contorno distante 2𝑑 do contorno 𝐶′ ;
33

𝜏𝑅𝑑1 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite para que uma laje possa
prescindir de armadura transversal;
𝜏𝑅𝑑2 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite para verificação da
compressão diagonal do concreto na ligação laje-pilar;
𝜏𝑅𝑑3 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo;
𝜏𝑆𝑑 - Tensão de cisalhamento solicitante de cálculo;
𝑑 - Altura útil da laje;
𝐴𝑠𝑤 - Armadura de punção em um contorno completo paralelo à 𝐶′.

O modelo de cálculo da NBR 6118:2014, baseado no EUROCODE 2:2004,


corresponde à verificação do cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas definidas no
entorno de forças concentradas. Na primeira superfície crítica (contorno C), do pilar ou da
carga concentrada, deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do
concreto, através da tensão de cisalhamento. Na segunda superfície crítica (contorno C')
afastada 2d do pilar ou carga concentrada, deve ser verificada a capacidade da ligação à
punção, associada à resistência à tração diagonal. Essa verificação também é feita através de
uma tensão de cisalhamento, no contorno C'. Caso haja necessidade, a ligação deve ser
reforçada por armadura transversal. A terceira superfície crítica (contorno C'') apenas deve
ser verificada quando for necessário colocar armadura transversal.

O ACI 318:2019 estabelece que deve ser feita a comparação entre a força atuante 𝑉𝑢
e a força nominal resistente 𝑉𝑛 , de forma semelhante ao processo de cálculo da NBR
6118:2014. Além disso, seu equacionamento considera o size effect, que consiste em
correlacionar modelos experimentais, em tamanhos reduzidos, com os elementos estruturais
em escala natural. Pode também ser entendido como a redução da tensão nominal ao
cisalhamento com o aumento da espessura do elemento estrutural.

Por fim, a última atualização do fib MODEL CODE: 2010, está baseada na Teoria da
Fissura Crítica de Cisalhamento, proposta por Muttoni (2008), adaptada para aplicações em
projeto por meio de coeficientes de segurança, como o 𝑘𝛹 , que é um coeficiente redutor da
resistência à punção, dependente da rotação da laje ao redor da área apoiada.

Para esta pesquisa, o procedimento adotado foi o ilustrado na Figura 21, em que
apenas a situação de dispensa de armadura de punção foi adotada. Com isso, a equação de
estado limite expandida pode ser descrita como:
34

1
20 𝑢
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 (1 + 𝑘𝑒 𝑊1 ) (18)
1

𝑀𝑠𝑑
𝑒= (19)
𝐹𝑠𝑑

onde:
ξ - Valor implícito de segurança no cálculo da punção pela NBR 6118/14;
𝑑 - Altura útil da laje;
𝜌 - Taxa de armadura negativa de flexão;
𝑓𝑐 - Resistência à compressão do concreto;
𝐹𝑠𝑑 - Força de puncionamento;
𝑢1 - Perímetro de controle na distância 2𝑑 do pilar;
𝑘 - Coeficiente de proporção dos lados do pilar;
𝑒 - Excentricidade da reação de esforço normal do pilar;
𝑊1 - Módulo de resistência plástica do perímetro crítico.

Com o objetivo de simplificar a equação de estado limite, o termo que multiplica 𝐹𝑠𝑑
será substituído por um 𝛽’(EUROCODE 2/10; BELLUZZI, 1971; ), que, ao retirar o termo
de excentricidade 𝑒 da reação, oculta a necessidade de consideração do momento fletor no
cálculo da punção. Este 𝛽’ é função da posição do pilar na laje: borda (𝛽’ = 1,40), interno
(𝛽’ = 1,15) ou canto (𝛽’ = 1,50).

A simplificação é pertinente tendo em vista a dificuldade de estimar o momento fletor


cuja direção coincide com o plano do pórtico 2D, objeto desta pesquisa. Desta forma, uma
equação reduzida para o estado limite último à punção pode ser descrita como:

1
20
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 𝛽’ (20)
35

2.5.3 Armadura mínima de flexão e dispensa de armadura de cisalhamento

Além do cálculo da capacidade resistente necessária de uma laje para os estados


limites de flexão e de punção, é necessário respeitar as armaduras mínimas de serviço, a fim
de melhorar o desempenho e a dutilidade à flexão, como também para controlar a fissuração.

Para o dimensionamento da estrutura a verificar a probabilidade do sistema, adotou-


se para a armadura positiva e para a negativa as seguintes equações. O valor de 𝜌𝑚í𝑛 pode
ser encontrado pela Tabela 19.1 da NBR 6118:2014 em função do 𝑓𝑐𝑘 :

𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 𝑏ℎ (21)

Para o caso de armaduras positivas, esse 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 pode ser multiplicado por 0,67,
redução que será adotada neste dimensionamento.

Outra verificação necessária é se a laje dispensa a armadura de cisalhamento, uma


vez que adicionar estribos a uma laje é um processo contraprodutivo em termos de execução.
Para que essa armadura transversal possa ser dispensada, é necessário que a tensão
convencional de cisalhamento τ𝑤𝑑 seja menor que um determinado valor limite (equação 22).
A tensão limite, τ𝑤𝑢1 , depende da resistência do concreto, da taxa de armadura longitudinal
do banzo tracionado e da espessura da laje.

τ𝑤𝑑 ≤ τ𝑤𝑢1 (22)

Onde:

τ𝑤𝑑 = 𝑉𝑑 /(𝑏𝑤 𝑑) (23)

Para o caso de lajes submetidas à flexão simples e considerando 𝜌1 como a taxa de


armadura longitudinal de tração, tem-se:

τ𝑤𝑢1 = 𝑘(1,2 + 40𝜌1 ) τ𝑟𝑑 (24)

τ𝑟𝑑 = 0,25 𝑓𝑐𝑡𝑑 (25)

Onde 𝑓𝑐𝑡𝑑 representa a resistência à tração de cálculo do concreto, obtida por:

𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 /𝛾𝑐 (26)

Neste caso, adota-se a resistência à tração característica inferior 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7𝑓𝑐𝑡𝑚 .


36

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7𝑓𝑐𝑡𝑚 (27)

Por fim, o valor de τ𝑟𝑑 , considerando concretos com 𝑓𝑐𝑘 menor que 50 Mpa, resulta:

τ𝑟𝑑 = 0,0375(𝑓𝑐𝑘 )2/3 (28)

2.6 Otimização aplicada à engenharia


Segundo Rao (2009), um problema de otimização pode ser definido por:

𝑑1
𝑑2
Encontrar 𝐝∗ = 𝑑3 que minimize 𝑓(𝐝)

{𝑑𝑛 }

Sujeito às seguintes restrições:

𝑔𝑗 (𝐝) ≤ 0, 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑞

ℎ𝑖 (𝐝) = 0, 𝑖 = 1, 2, . . . , 𝑝
(29)

Nesta equação, 𝐝 é um vetor de dimensão n chamado de vetor de projeto, enquanto


que 𝑓(𝐝) representa a função objetivo, 𝑔𝑗 (𝐝) e ℎ𝑖 (𝐝) são, respectivamente, as restrições de
desigualdade e de igualdade. O número de variáveis n e o número de restrições q e/ou p
precisam estar relacionadas de alguma forma. O problema da equação 6 é conhecido como
problema de otimização com restrição. Caso não haja restrições, o problema será conhecido
como problema de otimização sem restrições, cuja única diferença na equação, quando
comparada com a equação 6, está na ausência das restrições 𝑔𝑗 (𝐝) e ℎ𝑖 (𝐝).

Dentre as classificações de problemas de otimização, existe uma que é baseada no


número de funções. Dependendo da quantidade deste tipo de função a minimizar, o problema
de otimização pode ser classificado como problema monobjetivo ou multiobjetivo.

O problema multiobjetivo pode ser definido como:


37

Encontrar 𝐝 que minimize 𝑓1 (𝐝), 𝑓2 (𝐝), . . . , 𝑓𝑘 (𝐝)

Sujeito às seguintes restrições:


(30)
𝑔𝑗 (𝐝) ≤ 0, 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑞

Em que 𝑓1 , 𝑓2 , . . . , 𝑓𝑘 denotam as funções objetivo a minimizar simultaneamente.

Em problemas práticos, geralmente não existe uma solução para o vetor 𝐝 que
minimize todas as k funções objetivo simultaneamente. Diante disso, o conceito de solução
ótima de Pareto (Pareto optimum solution) é utilizado em problemas de otimização
multiobjetivo.

Uma solução viável para o vetor 𝐝 será denominada de ótimo de Pareto (Pareto
optimal) caso não exista nenhuma solução viável Y tal que 𝑓𝑖 (𝒀) ≤ 𝑓𝑖 (𝐝) para 𝑖 = 1, 2, . . . , 𝑘
com 𝑓𝑗 (𝐝) < 𝑓𝑖 (𝐝) para pelo menos um dos 𝑗. Em outras palavras, uma solução viável para
𝐝 será chamada de ótimo de Pareto apenas se não existir nenhuma outra solução viável Y que
reduza alguma função objetivo sem causar um aumento simultâneo em pelo uma das outras
funções objetivo.

2.7 Custo Esperado de Falhas de Sistemas Devido a Incerteza


Algumas consequências de falhas podem ser medidas em termos financeiros, por
meio de uma função custo de falha (𝑐𝑓 ). Enquanto que o risco associado à falha é dado pela
equação 8, expressão que pode ser interpretada como custo esperado de falha (𝑐𝑒𝑓 ):

𝑐𝑒𝑓 = 𝑝𝑓 𝑥 𝑐𝑓 (31)

Diversos custos, na realização de um empreendimento, são levados em consideração,


como por exemplo: aquisição de terreno e custos de projeto. Os custos esperados de falha são
custos ditos indiretos, a serem pagos apenas na ocorrência de eventos de falha. Estas podem
ter magnitude variada, desde falhas que provoquem interrupção breve da produção, até mesmo
falhas catastróficas, como explosões ou incêndios. Diante disso, são necessárias
quantificações de custo-benefício para medidas, especialmente preventivas, para que os
investimentos em segurança, seja na fase de projeto ou na fase de execução, tenham
justificativa financeira para o empreendedor.
38

Uma das maneiras de quantificar este custo-benefício, é por meio de um problema de


otimização matemática, cuja formulação genérica já foi apresentada na seção 2.6,
particularizando agora em aplicação que busca o ponto de mínimo custo esperado total:

Determinar ∶ 𝐝∗

Que minimize : 𝑐𝑒𝑡 (𝐝)

Sujeito a restrições de (32)


projeto: d ∈ D

Nesta equação, 𝐝 é um vetor que reúne as variáveis de projeto: dimensões de


elementos estruturais, taxas de armadura, propriedades do reforço utilizado etc, D é o espaço
de projeto, 𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) é o chamado custo esperado total, sobre o ciclo de vida de um
empreendimento de engenharia, obtido como:

𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) = 𝑐𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 (𝐝)

+𝑐𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑟𝑢çã𝑜 (𝐝)

+𝑐𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝐝)

+𝑐𝑖𝑛𝑠𝑝.&𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡. (𝐝)

+𝑐𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒 (𝐝)
(33)
+∑𝑖 𝑐𝑓𝑖 (𝐝) 𝑝𝑓𝑖 (𝐝, 𝑿).

Sendo 𝑐𝑓𝑖 (𝐝) o custo associado ao evento de falha 𝑖. Ressalta-se que X é o vetor de
variáveis aleatórias apresentado na definição de probabilidade de falha.
39

3 METODOLOGIA

Nesta seção são apresentadas as etapas da metodologia de forma detalhada, tal como
uma formulação base do problema mecânico, da confiabilidade aplicada a este modelo e do
problema de otimização do custo esperado total.

3.1 Resumo das atividades


A metodologia consiste nas seguintes atividades:

a) Revisão bibliográfica que contemple de forma abrangente os seguintes temas: colapso


progressivo, técnicas de mitigação de colapso progressivo, otimização, modelos
mecânicos para simulação de estruturas de concreto;

b) Implementação de um modelo numérico mecânico baseado no MPE, o qual


possibilitará a análise dos estados limites de estruturas de concreto armado em lajes
lisas;

c) Implementação do modelo analítico mecânico de Zhou e Yu (2004), para estimativa


da massa necessária de dispositivo de mitigação de energia e do pavimento onde o
colapso tende a ser interrompido;

d) Implementação do método FORM para análise de confiabilidade do modelo numérico


mecânico e do modelo analítico mecânico;

e) Implementação de um módulo de otimização do custo esperado total a fim de


minimizar o custo de produção do dispositivo de proteção dos pilares. Os termos que
compõem este problema de otimização são o custo de construção, o custo do
dipositivo de proteção e o custo para modos de falha locais e globais na estrutura,
para fundamentar potencial mercadológico do dispositivo. A variável de projeto será
a massa do dispositivo a implementar por pavimento;

f) Validação das rotinas desenvolvidas por meio de resultados presentes na literatura;

g) Análise dos resultados e redação da dissertação e de artigos científicos;


40

3.2 Formulação do Problema


Inicialmente será simulado um modelo mecânico computacional de edifício em
concreto armado, com lajes lisas, em função das variáveis aleatórias e das variáveis
determinísticas presentes na Figura 22.

Figura 22 – Variáveis determinísticas e aleatórias.

Fonte: Autor (2022).

𝐴 e 𝐵 representam a seção dos pilares, 𝐿 representa o comprimento do vão, ℎ a


espessura da laje, 𝑃𝐷 o pé direito, 𝑔 a carga permanente e 𝑞 a carga acidental considerada.
Além do que foi representado na Figura 22, ainda há o 𝑓𝑐𝑘 , 𝑓𝑦𝑘 e o 𝐸𝑐 como variáveis
aleatórias do problema.

Serão analisadas as consequências em uma laje lisa decorrentes da ruína total de um


pilar na estrutura e a potencial ocorrência de colapso progressivo advinda desta falha
estrutural, além da estrutura em situação intacta. Os estados limites para falhas locais na
estrutura consistem no cisalhamento presente no fenômeno da punção na interação laje e
pilar, como também as flexões no vão e nos apoios da laje. Estas falhas podem gerar
consequências globais no sistema estrutural, como perda de estabilidade. Um esboço de
modos de colapso da estrutura, provenientes da ruína de pilar, estão represetados na Figura
23.
41

Figura 23 – Modos de propagação da falha do pilar.

Fonte: Autor (2022).

Considerando X como o vetor de variáveis aleatórias, que são as ações permanentes


g e acidentais q atuantes na estrutura, propriedades dos materiais (𝑓𝑐𝑘 , 𝑓𝑦𝑘 , 𝐸𝑐 ) e dimensões
dos elementos (𝐵, 𝐴, h), enquanto d representa o vetor de variáveis de projeto do problema
de otimização, cujos valores ótimos deverão ser obtidas a fim de atingir os seguinte objetivos:
maximização do desempenho do dispositivo e minimização de custos. Como comentado na
seção 2.3.3, a massa do dispositivo por pavimento será a variável de projeto.

Dessa forma, pode-se descrever o problema de otimização a resolver como sendo:


42

Dado: Falha total ou parcial do pilar

Determinar: 𝐝∗

que minimize:

𝑛𝐿
𝐿𝑆 𝐿𝑆𝑛𝐺
𝐶𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) = 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (𝐝) + ∑𝑖=1 𝑝𝑓𝑖 (𝐝, 𝐗)𝑐𝑓𝑖 + ∑𝑗=1 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆,𝑗 (𝐝, 𝐗)𝑐𝑓𝑆𝑌𝑆,𝑗 (34)

Nesta equação, 𝐶𝑒𝑡 representa o custo esperado total, 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 representa o custo de
𝑛𝐿
𝐿𝑆 𝑛𝐺
𝐿𝑆
construção, enquanto que ∑𝑖=1 𝑝𝑓𝑖 𝑐𝑓𝑖 e ∑𝑗=1 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆,𝑗 𝑐𝑓𝑆𝑌𝑆,𝑗 representam, respectivamente, o
custo para modos de falha locais e para modos de falha globais.

3.3 Programa Computacional para Integração do MEF com o


MPE
O código desenvolvido para o módulo mecânico integra o MEF com o MPE, ou seja,
os elementos de pórtico advindos da formulação em elementos finitos são adaptados de
acordo com sua função estrutural em uma hipotética estrutura em lajes lisas, podendo ser um
pilar, um trecho da laje ou um trecho da ligação laje/pilar. É necessário adaptar as rigidezes
dos trechos da ligação laje/pilar, tal como a altura equivalente das barras que compõem estes
trechos. Além disso, é necessário calcular o comprimento equivalente dos pilares a fim de
capturar no modelo a rigidez adequada. A linguagem utilizada para este desenvolvimento foi
o MATLAB.
43

Um resumo do fluxo de processamento do código desenvolvido está descrito na


Figura 24.

Figura 24 – Fluxo de rotinas computacionais para processamento do módulo mecânico.

Fonte: Autor (2022).

Para validar o modelo numérico e aplicá-lo nas rotinas de confiabilidade e de


otimização, foi modelada uma laje lisa no software TQS, como forma de comparar os
esforços solicitantes gerados pelos dois programas. Para tal, foi disponibilizada, por parte da
empresa desenvolvedora, uma licença educacional plena que permite a modelagem e o
processamento desta tipologia estrutural, tendo em vista que as versões educacionais
gratuitas não permitem o apoio de lajes diretamente em pilares.

O software TQS discretiza a estrutura como um pórtico espacial cujas lajes são
formadas por grelhas (Figura 25), enquanto que o programa desenvolvido nesta pesquisa
visa, por meio apenas de elementos reticulados, alcançar resultados satisfatórios com a
implementação das devidas adequações de rigidez aos elementos portantes. Esta
simplificação visa otimizar o tempo de processamento quando aplicadas as rotinas de
confiabilidade e de otimização.
44

Figura 25 – Modelos de análise do TQS à esquerda e o do autor, à direita, que concilia MEF
com MPE em um modelo 2D.

Fonte: Autor (2022).

A planta baixa da laje simulada para o desenvolvimento desta etapa de validação está
representada na Figura 26. O pé direito é de 300 cm e só há uma laje.
45

Figura 26 – Faixa interna cujos esforços foram comparados entre o programa desenvolvido e
o TQS.

Fonte: Autor (2022).

Para o programa desenvolvido nesta pesquisa (MEF PÓRTICO), os dados de entrada


constam nas Figuras 27 e 28.
46

Figura 27 – Descrição geométrica dos nós e condições de contorno.

Fonte: Autor (2022).

Figura 28– Descrição dos elementos, propriedades físicas e geométricas, cargas atuantes e
tipologia do elemento, laje ou pilar.

Fonte: Autor (2022).

A Figura 29 representa uma ilustração do modelo mecânico simulado no programa


MEF PÓRTICO, a fim de identificar a numeração dos elementos e as barras inseridas nos
trechos de ligação laje/pilar, com altura útil e rigidez diferente do restante de barras da laje.
47

Figura 29 – Representação dos elementos modelados na rotina MEF PÓRTICO.

Fonte: Autor (2022).

A mesma modelagem foi realizada no software TQS, em ambos os casos apenas a


ação do peso próprio foi considerada para a estimativa dos esforços, tendo em vista que a
ordem de grandeza da carga não interfere no comparativo entre os resultados, desde que não
atinja os estados limites da estrutura. A Figura 30 a seguir ilustra uma perspectiva da
modelagem resultante. Os resultados da comparação entre os esforços se encontra na seção
4.1.

Figura 30 – Visualização 3D da estrutura modelada no software TQS.

Fonte: Autor (2023).


48

3.4 Estimativa da Confiabilidade do Sistema Pórtico com Lajes


Lisas
Uma vez validado o modelo numérico mecânico para obtenção dos esforços em
pórtico com lajes lisas, a próxima etapa é determinar a confiabilidade do sistema para, por
fim, simular o algoritmo de custo esperado total, discutido na próxima seção.

Como discutido no tópico 2.2.2, o método adotado para estimar os índices de


confiabilidade, tal como as probabilidades de falha, foi o método de transformação FORM.
O vetor de variáveis aleatórias deste problema preliminar é X = {𝑓𝑐𝑘 , 𝑓𝑦𝑘 , 𝑔, 𝑞}. As
distribuições destas variáveis constam na Tabela 1.

Tabela 1 – Variáveis aleatórias consideradas no problema preliminar.

Variáveis Desvio
Descrição Distribuição Média Fonte
Aleatórias Padrão
Resistência
à
compressão Normal 1,22𝑓𝑐𝑘 0,183𝑓𝑐𝑘 (SANTIAGO, 2019)
𝑓𝑐 do concreto
(MPa)
Tensão de
escoamento
da armadura Normal 1,22𝑓𝑦𝑘 0,0488𝑓𝑦𝑘 (SANTIAGO, 2019)
𝑓𝑦 de flexão
(MPa)
Ação
𝑔 permanente Normal 1,06𝑔 0,1272𝑔 (SANTIAGO, 2019)
(KN/m²)
Ação
variável
para
𝑞50 estrutura Gumbel 𝑞𝑛 0,40𝑞𝑛 (LOPES et al., 2023)
intacta
(KN/m²)
Fonte: Autor (2022).

Deve-se estimar a confiabilidade para a estrutura na forma intacta e dado a remoção


do pilar. Para este resultado preliminar, apenas a confiabilidade da estrutura intacta foi
mensurada.
49

O procedimento consiste no pré-dimensionamento dos elementos do pórtico, de tal


forma que foi adotada a menor seção múltipla de 1 cm para a espessura da laje, respeitando
um mínimo de 16 cm pela Norma brasileira, tal como a menor seção para os pilares,
quadrados, em números múltiplos de 5 cm para o lado da seção. Esta etapa é importante para
que a estrutura respeite os limites de tensões sem que alcance resultados de dimensionamento
muito convervadores.

Em decorrência de a aplicação inicial ser em edifícios garagem, utilizou-se para o


dimensionamento a menor carga distribuída para o valor característico da ação acidental 𝑞
neste tipo de ocupação, que é de 3 kN/m², de acordo com a NBR 6120:2019. Para as ações
permanentes, foi considerado apenas o peso próprio do concreto armado, que é de 25 kN/m³.

As informações geométricas e físicas do pórtico são inseridas no software MEF


PÓRTICO, como já apresentado nas Figuras 27 e 28. Em seguida, os esforços vão para outra
rotina de verificações e dimensionamentos da seção de concreto e das armaduras de flexão
positivas e negativas.

A combinação utilizada no dimensionamento foi realizada de acordo com


recomendações da NBR 8681:2003 (Ações e segurança nas estruturas - Procedimento). O
coeficiente de 1,4 foi utilizado para majorar o valor de ação permanente e o de ação acidental.
Os coeficientes de redução de parâmetros de resistência foram de 1,4 para o 𝑓𝑐𝑘 e de 1,15
para o 𝑓𝑦𝑘 .

No software de dimensionamento é possível aprovar a seção pré-dimensionada ou


avaliar a necessidade de aumento de espessura e de armadura. Além disso, é verificada a
dispensa de armadura de cisalhamento na laje, tal como as armaduras mínimas definidas pela
NBR 6118:2014 são comparadas com as dimensionadas. Ao fim dessa etapa são definidas a
seção, armadura de flexão para cada estao limite de flexão atuante nos apoios e nos vãos.
Ressalta-se que o dimensionamento à punção, nesta etapa da pesquisa, considera apenas
situações que dispensa a armadura. Futuramente será implementada a possibilidade de uso
de armadura de punção, tal como a consideração do efeito da protensão.

Tanto pórticos com pilares internos, como também de borda e de canto serão
contemplados nas futuras análises, a fim de comparar o efeito desta tipologia de posição na
confiabilidade do elemento portante da ligação laje/pilar e na confiabilidade do sistema.
50

A confiabilidade via método FORM foi realizada acoplando o modelo numérico


mecânico ao software UQLab, que é também desenvolvido em MATLAB. Foi necessário
inserir os parâmetros das variáveis aleatórias, as equações de estado limite para a flexão e
para a punção de cada trecho em análise como uma função externa. O programa fornece o
valor da probabilidade de falha e do índice de confiabilidade de Hasofer-Lind, cujo método
iHLRF, a versão melhorada do HLRF (Hasofer & Lind, 1974; Rackwitz & Fiessler, 1978), é
o método de transformação default do UQLab para a busca do ponto de projeto.

Uma vez encontradas as probabilidade de falha para cada elemento portante, tanto
para punção, como para flexão, é determinar o valor da 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 . Ressalta-se que neste resultado
preliminar só foi obtida a probabilidade para a estrutura intacta, mas a versão final também
irá conter o valor de 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 para a estrutura com remoção de pilar interno e externo, como
também com lajes protendidas, com armadura de punção e com armadura contra o colapso
progressivo. Todas essas situações serão avaliadas para o pórtico interno e para o pórtico de
extremidade.

Ademais, a probabilidade do sistema foi encontrada por limites-unimodais, de acordo


com a equação 6, devido a maior simplicidade na geração do resultado. Futuramente se
pretende encontrar esse resultado por limites bi-modais, para obter melhor precisão na
determinação dos limites da probabilidade de falha do sistema. Os resultados preliminares
desta seção estão no tópico 4.2.

4 RESULTADOS PRELIMINARES

4.1 Validação do Modelo Numérico Mecânico


A tabela 1 a seguir resume os valores absolutos dos esforços estimados pelo modelo
desenvolvido e pelo TQS. Ressalta-se que estes são os esforços solicitantes necessários para
o cálculo das equações de estado limite de laje lisa. 𝑀𝑐 é o momento característico e 𝑁𝑐 o
esforço normal característico. Na Figura 31 é possível identificar onde se encontra cada
trecho no pórtico. “A” significa apoio, “V” é para se referir a vão, enquanto que “L”
corresponde à ligação laje/pilar.
51

Figura 31 – Identificação dos trechos da laje para leitura dos dados da tabela 2, Figura 32,
Figura 33, Tabela 4 e Figura 34.

Fonte: Autor (2023).

Tabela 2 -Resumo dos esforços absolutos em exemplo para validação do modelo numérico
mecânico.

PÓRTICO
MEF integrado
ESPACIAL COM
com MPE –
LAJE
TRECHO programa MEF
DISCRETIZADA
PÓRTICO
EM GRELHA - TQS
𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf) 𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf)
L1 2,98 23,25 3,22 22,42
L2 0,81 35,65 0,86 33,59
L3 0,81 35,38 0,86 33,59
L4 2,98 23,77 3,23 22,42
V1 14,3 - 14,74 -
V2 9,49 - 8,95 -
V3 15 - 14,74 -
A1 10,99 - 11,23 -
A2 21,57 - 23,91 -
A3 21,96 - 23,91 -
A4 10,8 - 11,23 -
Fonte: Autor (2023).
52

As Figuras 32 e 33 ilustram a diferença entre os modelos por meio de gráficos de


colunas, onde também é possível identificar o erro para cada esforço. Destaca-se que o erro
médio dos esforços foi de 5,75%.

Figura 32 – Comparativo entre os momentos fletores solicitantes característicos.

Fonte: Autor (2023).


53

Figura 33 – Comparativo entre os esforços normais solicitantes característicos.

Fonte: Autor (2023).

4.2 Determinação da Confiabilidade de Sistema


Na etapa de dimensionamento, a laje resultou em h=30 cm. As armaduras de flexão
positiva e negativa constam na Tabela 3. O 𝑓𝑐𝑘 foi considerado como de 40 MPa e o 𝑓𝑦𝑘
como de 500 MPa.
54

Tabela 3 – 𝐴𝑠 dimensionado para cada elemento portante de flexão.

𝑨𝒔 (cm²) 𝑨𝒔 (cm²)
Elemento
negativo positivo
1 0,00 0,00
2 21,63 0,00
3 25,11 0,00
4 0,00 0,00
5 70,60 0,00
6 69,50 0,00
7 0,00 0,00
8 69,50 0,00
9 70,60 0,00
10 0,00 0,00
11 25,11 0,00
12 21,63 0,00
13 0,00 8,82
14 0,00 43,65
15 0,00 23,15
16 0,00 43,65
17 0,00 8,82
Fonte: Autor (2023).

A Tabela 4 compila o resultado da confiabilidade individual para cada elemento


portante na simulação descrita no tópico 3.4. A probabilidade de falha do sistema 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 foi
definida como a média dos limites uni-modais.
55

Tabela 4 -Resumo da probabilidade de falha e dos índices de confiabilidade para cada


elemento portante e para o sistema.

𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆= 4,04E-05
TRECHO 𝛽𝑆𝑌𝑆= 3,942

𝑝𝑓 𝛽
L1 2,84E-06 4,5377
L2 2,15E-07 5,0556
L3 2,15E-07 5,0556
L4 2,84E-06 4,5377
V1 2,81E-06 4,5403
V2 1,67E-06 4,6487
V3 2,81E-06 4,5403
A1 1,95E-05 4,1138
A2 4,48E-06 4,4411
A3 4,48E-06 4,4411
A4 1,95E-05 4,1138

Fonte: Autor (2023).

A Figura 34 ilustra o processo de convergência do índice de confiabilidade para cada


modo de falha. Ressalta-se que as equações de estado limite para apoios e vãos são de flexão,
enquanto que a das ligações é o estado limite de punção. Para entender a localização de cada
elemento portante é necessário olhar também a Figura 31.
56

Figura 34- Convergência de 𝛽 para cada equação de estado limite.

6
Convergência de b

A1=A4
3
A2=A3
V1=V3
2
V2
L1=L4
1
L2=L3
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Iteração

Fonte: Autor (2023).


57

5 ATIVIDADES A DESENVOLVER E CRONOGRAMA


58

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