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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

APOSTILA:
SISTEMAS ESTRUTURAIS III
NOTAS DE AULA

Prof. Me. Diego Schneider

São Leopoldo, 2017/02


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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3
2 FABRICAÇÃO DO AÇO .................................................................................. 4
2.1 O ALTO-FORNO .................................................................................................. 5
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AÇÕES NAS ESTRUTURAS ....................... 6
3.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS (ELU) ........................................................................ 7
3.1.1 COMBINAÇÕES DE SERVIÇO (CÁLCULO DE FLECHAS) ................. 8
4 ESTRUTURAS TÍPICAS .................................................................................. 9
4.1 ESTRUTURAS DE PISO ...................................................................................... 9
4.1.1 LAJES PRÉ MOLDADAS ...................................................................... 9
4.1.2 PAINÉIS DE CHAPAS CIMENTÍCIAS ................................................... 9
4.1.3 LAJES STEEL DECK ........................................................................... 10
4.2 EDIFÍCIOS DE MULTIPLOS PAVIMENTOS ...................................................... 11
4.2.1 SOLUÇÃO ESTRUTURAL EM PÓRTICOS RÍGIDOS ........................ 12
4.2.2 ESTRUTURA CONTRAVENTADA ...................................................... 13
4.2.3 ESTRUTURA COM NÚCLEO DE CONCRETO .................................. 14
4.2.4 ESTRUTURA TUBULAR ..................................................................... 16
4.3 GALPÕES .......................................................................................................... 16
5 PERFIS ESTRUTURAIS ................................................................................ 20
5.1 PERFIS LAMINADOS......................................................................................... 20
5.2 SOLDADOS........................................................................................................ 21
5.3 PERFIL DE CHAPA DOBRADA ......................................................................... 21
6 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ........................................................................... 23
6.1 LAJES 23
6.2 VIGAS W ............................................................................................................ 23
6.3 PILARES ............................................................................................................ 24
6.4 TRELIÇAS PARA GALPÃO................................................................................ 27
7 LIGAÇÕES ENTRE ELEMENTOS ................................................................ 27
8 DIMENSIONAMENTO DE PERFIS A TRAÇÃO ............................................ 30
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1 INTRODUÇÃO

Como todo material de utilização em construção, o aço estrutural é possuidor


de características que trazem benefícios de toda ordem o que, certamente,
proporciona vantagens em sua utilização. Muito embora não seja causador de
malefícios quando utilizado em construções, é também necessário estabelecer
algumas desvantagens com relação à sua utilização. Pois bem, vamos a elas.
Vantagens:
a) Alta resistência do material nos diversos estados de solicitação –
tração, compressão, flexão, etc., o que permite aos elementos
estruturais suportarem grandes esforços apesar das dimensões
relativamente pequenas dos perfis que os compõem.
b) Apesar da alta massa específica do aço, na ordem de 78,50 KN/m3 ,
as estruturas metálicas são mais leves do que, por exemplo, as
estruturas de concreto armado, proporcionado, assim, fundações
menos onerosas.
c) As propriedades dos materiais oferecem grande margem de
segurança, em vista do seu processo de fabricação que proporciona
material único e homogêneo, com limites de escoamento, ruptura e
módulo de elasticidade bem definidos.
d) As dimensões dos elementos estruturais oferecem grande margem de
segurança, pois por terem sido fabricados em oficinas, são seriados e
sua montagem é mecanizada, permitindo prazos mais curtos de
execução de obras.
e) Apresenta possibilidade de desmontagem da estrutura e seu posterior
reaproveitamento em outro local.
f) Apresenta possibilidade de substituição de perfis componentes da
estrutura com facilidade, o que permite a realização de eventuais
reforços de ordem estrutural, caso se necessite estruturas com maior
capacidade de suporte de cargas.
g) Apresenta possibilidade de maior reaproveitamento de material em
estoque, ou mesmo, sobras de obra, permitindo emendas devidamente
dimensionadas, que diminuem as perdas de materiais, em geral
corrente em obras.
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Desvantagens:
a) Limitação de fabricação em função do transporte até o local da
montagem final, assim como custo desse mesmo transporte, em geral
bastante oneroso.
b) Necessidade de tratamento superficial das peças estruturais contra
oxidação devido ao contato com o ar, sendo que esse ponto tem sido
minorado através da utilização de perfis de alta resistência à corrosão
atmosférica, cuja capacidade está na ordem de quatro vezes superior
aos perfis de aço carbono convencionais.
c) Necessidade de mão-de-obra e equipamentos especializados para a
fabricação e montagem.
d) Limitação, em algumas ocasiões, na disponibilidade de perfis
estruturais, sendo sempre aconselhável antes do início de projetos
estruturais, verificar junto ao mercado fornecedor, os perfis que
possam estar em falta nesse mercado.

2 FABRICAÇÃO DO AÇO

O aço é uma liga de ferro e carbono, geralmente contendo manganês, silício e


fósforo, entre outros elementos, e que conferem ao aço certas propriedades.
A quantidade de carbono é que confere ao aço seus diferentes níveis de
resistência e dureza. Estes teores podem variar de 0,003 % em aços ultra-baixo
carbono até 2,0 % em aços alto carbono.
Podem ser classificados como:
 extra baixo carbono;
 baixo carbono;
 médio carbono e alto carbono.
Existem diferentes níveis de resistência para o aço, adequando-o às mais
variadas aplicações. As usinas siderúrgicas têm dedicado atenção especial ao
desenvolvimento de aços para a construção civil, pois este tem se mostrado um
mercado promissor e com grande potencial de crescimento.
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2.1 O ALTO-FORNO

Nos altos-fornos é gerada a principal matéria-prima para a produção do aço.


Nele são carregados o minério de ferro, o sínter e o coque, gerando o ferro-gusa.
A aciaria é a unidade que converte o ferro-gusa em aço. É nela que os teores
de Carbono existentes no gusa são reduzidos em conversores a oxigênio, gerando
então o aço.
A adição de outros elementos, como manganês, silício e cobre, alteram a
composição química e as características finais do produto.

Figura 1-Fabricação do aço


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3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AÇÕES NAS ESTRUTURAS

Dimensionar uma estrutura significa dotá-la de condições para que, sob a


ação de cargas normais ou sob a ação de combinações desfavoráveis de
carregamentos de uso ou excepcionais, ela possa responder, de maneira segura, às
questões de tensões e deformações. O estado máximo, tanto de tensão como
deformação, que uma peça estrutural pode atingir é denominado Estado Limite.
Assim pode-se ter o Estado Limite de Serviço (ELS), que é o limite máximo
que a estrutura pode atingir quando sujeita às ações normais de utilização.
O Estado Limite Último (ELU) é o limite máximo que se pode atingir quando
consideradas as combinações mais desfavoráveis das ações e, ainda, aquelas
excepcionais.
É importante que fique claro que o estado limite de serviço (ELS) nem
sempre é o estado limite máximo.
As ações que solicitam a estrutura podem ser permanentes, ações variáveis e
ações excepcionais:
 As ações permanentes diretas são aquelas que ocorrem durante toda a
vida útil da estrutura, como seu peso próprio, revestimentos, e
alvenarias;
 As ações variáveis são aquelas que ocorrem de vez em quando, tais
como cargas de pessoas, efeitos de ventos e temperatura, entre
outras. Os valores dessas ações são estipulados por normas
específicas (NBR 6120, NBR 6123, etc);
 As ações excepcionais são de curta duração e têm baixa probabilidade
de ocorrência, tais como incêndio e explosões, entre outras.

O valor característico significa o valor que realmente solicita a estrutura. Por


exemplo, imagine uma carga de 1 tf aplicada no centro de uma viga de 5 m de vão.
Todos sabemos calcular o momento máximo para essa situação (Mmax = P.l/4); seu
valor é de 1,25 tf.m. Esse valor é então denominado momento característico: Mk =
1,25 tf.m. Repare que os valores característicos são acompanhados da letra k.
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O valor de cálculo, aquele que de fato interessa, é obtido a partir do valor


representativo da ação, aplicando-se a esses coeficientes ponderação para ações
permanentes e variáveis, e para as combinações.
A NBR 8800:2008 apresenta em sua página 18, onde mostra os valores de γg

e γq, respectivamente para as ações permanentes e variáveis.

Tabela 1 – Coeficientes de segurança

Fonte: NBR 8800 - Tabela 1

3.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS (ELU)

São as combinações utilizadas para calcular a armadura nos elementos


estruturais:
Fd= γg * Fgk + γq * Fqk

Sendo:
Fd= valor de cálculo das ações permanentes;
γg= coeficientes de segurança para cargas permanentes (Tabela 1);
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Fgk= valor característico das ações permanentes;


γq= coeficientes de segurança para ações variáveis (Tabela 1);
Fqk= valor característico das ações variáveis (sobrecargas);

3.1.1 Combinações de serviço (cálculo de flechas)

São as combinações utilizadas para calcular a flecha nos elementos


estruturais. Neste caso utilizamos as combinações quase permanentes, que é
calculada da seguinte forma:
Fd, ser= Fgk + ψ2 * Fqk
Fd, ser = valor de cálculo das para determinação das flechas;
Fgk= valor característico das ações permanentes;
ψ2= fator de redução de combinação para o estado limite de serviço (Tabela 2);
Fqk= valor característico das ações variáveis (sobrecargas);

Tabela 2 – Coeficientes de minoração das ações


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4 ESTRUTURAS TÍPICAS

4.1 ESTRUTURAS DE PISO

A estrutura de piso pode ser dos mais diversos materiais:

 lajes pré moldadas de concreto;


 painéis leves mistos de chapas cimentícias;
 lajes steel deck.

4.1.1 Lajes pré moldadas

As lajes pré-moldadas são as de menor custo, porém são mais pesadas e


exige mais tempo de obra devido à necessidade de cura da capa de concreto
lançada “in-loco”.

4.1.2 Painéis de chapas cimentícias

No caso do uso deste tipo de painel é interessante que se estude seu melhor
aproveitamento já que suas dimensões são padronizadas e não permitem
adaptações a dimensões variadas, a não ser pelo corte dos painéis.
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4.1.3 Lajes steel deck

Nesse sistema, a chapa de aço, além de atuar como escoramento na fase


construtiva, funciona também como armadura inferior da laje. A aderência entre o
concreto e o aço é garantida pela existência de mossas na superfície da chapa. Em
função do trabalho em conjunto dos dois materiais, esse tipo de laje é denominado
laje mista aço-concreto.
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4.2 EDIFÍCIOS DE MULTIPLOS PAVIMENTOS

De maneira geral, as estruturas dos edifícios de andares múltiplos são


solicitadas por ações verticais e horizontais.
As ações verticais são devido à carga permanente e à sobrecarga.
As ações verticais são absorvidas pelas lajes que as transmitem às vigas em
aço, que inclusive podem trabalhar em conjunto com as lajes, no caso de vigas
mistas. As vigas transmitem as ações para outras vigas nas quais se apoiam ou
diretamente para as colunas.
As colunas transmitem as ações verticais diretamente para as fundações.
As ações horizontais são provenientes do vento agindo sobre as faces
expostas do edifício, provocando efeitos de pressão e sucção nas fachadas, de
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acordo com a sua forma externa e resultando numa força global de arrasto na
estrutura.
De qualquer forma, a magnitude de efeito de vento, agindo isoladamente ou
em conjunto com qualquer outra ação que também provoque efeito horizontal, tem
influência decisiva na solução estrutural a ser adotada.

A NBR 8800 na tabela 26 do Anexo C indica os valores máximos


recomendados para deformações horizontais em edifícios de andares múltiplos sob
a ação dos valores nominais da carga de vento.

4.2.1 Solução estrutural em Pórticos rígidos

Ao longo das filas e eixos da estrutura, as ligações de algumas vigas com


colunas, convenientemente escolhidas, são projetadas como rígidas, de forma a se
obter um conjunto de pórticos verticais rígidos com a mesma altura do edifício.
Os esforços horizontais atuantes no plano do piso são transferidos aos
pórticos através da rigidez da laje de piso dos andares, que funciona como um
diafragma rígido.
A principal vantagem desse sistema é deixar livres para a utilização todos os
vãos entre colunas, sem os inconvenientes dos contraventamentos ou paredes dos
demais sistemas.
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4.2.2 Estrutura Contraventada

A estabilidade estrutural é obtida através de contraventamentos verticais ao


invés de ligações vigas-colunas engastadas. Os contraventamentos geralmente, em
“X”ou “K” são colocados ao longo de toda a altura do edifício.
Também nesse sistema estrutural, os esforços são transferidos aos pórticos
através da rigidez das lajes dos pisos.
A principal desvantagem desse sistema é a interferência provocada pelos
vãos contraventados internamente com a circulação dentro do edifício e
externamente com a colocação de esquadrias nas fachadas.
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As principais vantagens são:


 resulta em um edifício mais leve, portanto mais econômico.
 as ligações das vigas com colunas são de execução mais fácil
 as colunas são mais leves porque são dimensionadas apenas ao efeito
de
 forças normais
 alta rigidez proporcionando baixos deslocamentos horizontais

4.2.3 Estrutura com Núcleo de Concreto

Esta solução tem a conveniência de conciliar a circulação vertical com um


núcleo rígido de concreto, que é usado para dar estabilidade horizontal à estrutura
do edifício.
As torres de escadas e o poço dos elevadores ficam localizados no interior
desse núcleo, estando assim isolados do corpo do edifício através das paredes
laterais do núcleo, ao longo de toda altura.
Como às vezes o núcleo está localizado fora do centro de gravidade do
edifício ele, além dos esforços horizontais e verticais, tem também que absorver
esforços de torção.
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Edifício San Paolo


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4.2.4 Estrutura Tubular

É o resultado recente da evolução estrutural dos edifícios de grande altura.


Os pórticos ou contraventamentos são trazidos para as faces externas do edifício, ao
longo de toda altura e todo perímetro, obtendo-se na forma final um grande tubo
reticulado altamente resistente aos efeitos de flexão e torção.

4.3 GALPÕES

A pergunta fundamental que ocorre ao projetista estrutural é como deve ser o


galpão em aço que está sendo projetado.
Para se responder a esta pergunta deve-se analisar os seguintes aspectos.
A - Finalidade ou Processo Industrial a que o galpão se destina:
 dimensões do pé direito;
 dimensões dos vãos longitudinais e transversais;
 locação e dimensões de aberturas;
 necessidade de lanternim;
 necessidade de ventilação lateral;
 necessidade de calha, etc.
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B – Ordem Econômica:
 base da coluna: rotulada ou engastada;
 perfis disponíveis: soldados ou laminados;
 tipo da estrutura: alma cheia ou treliçada.
C – Arquitetura do Galpão (que estão também ligados à finalidade ou
processo a que a estrutura se destina):
 disposição dos tapamentos laterais e frontais ao longo das filas e eixos;
 posição relativa dos tapamentos laterais e frontais e as colunas: mais
afastados ou menos afastados;
 tipos de revestimento dos tapamentos laterais e frontais e cobertura;
D – Ações Atuantes:
 magnitude das cargas permanentes;
 sobrecarga na cobertura;
 cargas de vento;
 deformações e deslocamentos permitidos;
 magnitude e tipo (estático ou dinâmico)
 das cargas de equipamentos.
Os galpões podem ser classificados em
três tipos básicos:
 de vãos simples;
 de vãos múltiplos;
 de tipo “shed”.
Devido à diversidade de alternativas de configurações que eles podem
apresentar, são indicados apenas os tipos considerados mais comuns:
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SHED
As partes principais de uma estrutura de galpão podem ser vistas na Figura
abaixo:
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5 PERFIS ESTRUTURAIS

Os perfis de aço podem ser obtidos pelos seguintes métodos:


 Laminação;
 solda ou eletrofusão;
 dobramento (chapas finas).

5.1 PERFIS LAMINADOS

Os perfis laminados a quente são produzidos através da laminação de blocos


de aço, em sistema de laminação contínua. As limitações de fabricação são devidas
às próprias cadeiras de laminação que impõem uma bitola de altura máxima e
mínima, variável de acordo com o equipamento. Podem ser aplicados nos mais
diversos segmentos da construção civil, indústria, construção naval e fundações.
Os perfis laminados podem ser fabricados em diversas formas ou seções:

Existe também o Perfil I de abas paralelas, mais conhecido como Perfil W, é


o mais utilizado para execução de prédios de múltiplos pavimentos e mezaninos.
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O Anexo 1 apresenta a planilha com os dados dos perfis W e cantoneiras.

5.2 SOLDADOS

Os perfis soldados geralmente são em forma de I com as designações VS,


CS e CVS.
O perfil VS é para vigas. O perfil CS é para colunas e o CVS onde há uma
ação de viga e coluna.
Podem ter outras formas, como caixas, tubos formados por chapas, entre
outros.
Os perfis guardam, aproximadamente, as seguintes relações de tamanho:

5.3 PERFIL DE CHAPA DOBRADA

Os perfis de aço formados a frio são cada vez mais viáveis para uso na
construção civil, em vista da rapidez e economia exigidas pelo mercado. Esse
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elemento estrutural pode ser eficientemente utilizado em galpões de pequeno e


médio porte, coberturas, mezaninos, em casas populares e edifícios de pequeno
porte. Tem sido crescente o uso em light steel framing que são painéis estruturados
por perfis formados a frio.
A maleabilidade das chapas finas de aço permite a fabricação de grande
variedade de seções transversais. As formas mais usuais são as seguintes:
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O Anexo 2 apresenta a planilha com os dados dos perfis U e Uenrijecido mais


usuais.

6 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

6.1 LAJES

O pré-dimensionamento de lajes pode ser feito utilizado a seguinte fórmula:


o Lajes armadas em cruz (maciça): h = Ly/40
o Lajes unidirecionais (pré-moldadas): h = Ly/25
o Lajes Steel Deck: h = Ly/25
Ly=menor vão

6.2 VIGAS W

O pré-dimensionamento de vigas pode ser feito de duas formas:


Antes de saber as cargas da estrutura:
H = L/20

L= vão do trecho analisado

Após conhecer as cargas da estrutura:

Para que não se utilize contra-flecha, atenderemos a seguinte condição:

Onde:
Q é a carga distribuída da peça (kN/cm), valor característico;
L é o comprimento do vão (cm);
E é o módulo de elasticidade do aço (geralmente 20000 kN/cm2);
I é o momento de inércia da seção em cm4;
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Sabendo-se o deslocamento limite ∆𝑙𝑖𝑚 isola-se a inércia da fórmula acima:


5 ∙ 𝑄 ∙ 𝐿4
𝐼=
384 ∙ 𝐸 ∙ ∆𝑙𝑖𝑚

Conhecendo a inércia, podemos escolher o perfil de acordo com sua inércia,


utilizando a tabela de perfis da Açominas.
Exemplo:

Pré-dimensionar uma viga metálica do tipo W, com vão de 7,50 metros e


carga distribuída de 35 kN/m.
750
∆𝑙𝑖𝑚 = = 2,14 𝑐𝑚
350
Agora que conhecemos o deslocamento limite necessitamos calcular a inércia
do perfil:

5 ∙ 𝑄 ∙ 𝐿4 5 ∙ 35 100 ∙ 7504
𝐼= → → 32086 𝑐𝑚4
384 ∙ 𝐸 ∙ ∆𝑙𝑖𝑚 384 ∙ 21000 ∙ 2,14
Conhecendo a inércia, podemos escolher nosso perfil na tabela da Açominas,
e podemos ter mais que uma opção:
W 460 x 74,0
W 530 x 66,0

6.3 PILARES

Durante o desenvolvimento e desenho da planta de fôrma é necessário definir


as dimensões dos pilares, antes mesmo que se conheçam os esforços solicitantes
atuantes. A Figura 2 mostra uma planta de fôrmas que utilizaremos de exemplo.
Alguns processos podem ser utilizados para a fixação das dimensões dos
pilares, entre eles a experiência do projetista. Um processo simples, que auxilia a
fixação das dimensões do pilar, é a estimativa da carga vertical no pilar pela sua
área de influência, ou seja, a carga que estiver na laje dentro da área de influência
do pilar “caminhará” até o pilar.
A cada pilar está associada uma área de influência (A i), conforme Figura
3Erro! Fonte de referência não encontrada..
No entanto, é necessário ter um valor que represente a carga total por metro
quadrado de laje, levando-se em conta todos os carregamentos permanentes e
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variáveis (g+q). Para edifícios de pequena altura, com fins residenciais e de


escritórios, pode-se estimar a carga total de 10 kN/m². Edifícios com outros fins de
utilização podem ter cargas superiores e edifícios onde a ação do vento é
significativa, a carga por metro quadrado deve ser majorada.
A estimativa da força normal no pilar é dada na Equação 1.
Nk=(g+q) * Ai * n Eq. 1
Sendo:
Nk = força normal característica;
g = carga permanente;
q = carga variável;
Ai = Área de influência;
n = número de pavimentos do pilar analisado.

Figura 2 – Planta de fôrmas de um pavimento


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Figura 3 – Áreas de influência

Após a obtenção de Nk, podemos encontrar a área de aço necessária do pilar:


2,5 ∗ 𝑁𝑘
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦
Sendo:
Nk = força normal característica;
fy = Resistência ao escoamento do aço;
Com a posse da área de aço é possível descrever o perfil conforme tabelas
no anexo 1.

Exemplo:

Você está elaborando um projeto arquitetônico de um prédio de 5 pavimentos e


necessita pré-dimensionar os pilares para conseguir posicionar as vagas de
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estacionamento da garagem. Digamos que você já posicionou os pilares, e definiu


suas áreas de influência conforme Figura 3. O pilar a ser pré-dimensionado é o P7.
Dados:
 Número de pavimentos (n): 5;
 Área de influência (Ai): 26,88 m²;
 Carga por metro quadrado (g+q): 10 kN/m²;

a) Estimar a força normal característica (Nk) do pilar conforme Equação 14:


Nk=(g+q) x Ai x n → Nk=5x 26,88 x 10=1344kN
2,5 ∗ 𝑁𝑘 2,5 ∗ 1344
𝐴𝑠 = → = 98 𝑐𝑚²
𝑓𝑦 34,5
Na tabela de Perfis H podemos escolher o perfil com esta área de aço, onde o
mais próximo é o Perfil W 250x80.

6.4 TRELIÇAS PARA GALPÃO

O pré-dimensionamento de treliças para galpões é feito da seguinte forma:


H = L/10
L= vão da treliça entre pilares

7 LIGAÇÕES ENTRE ELEMENTOS

O termo ligação é aplicado a todos os detalhes construtivos que promovam a


união de partes da estrutura entre si ou a sua união com elementos externos a ela,
como, por exemplo, as fundações. O conceito é amplo, admitindo diversidade de
situações em que é aplicado:
 ligação da alma com mesa em perfil I soldado;
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 ligação de coluna com viga de pórtico;

 placa de base;

 emenda de viga I ;
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 ligação flexível de viga I com coluna;

 ligação de peça tracionada;

 emenda de coluna;
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As ligações podem ser soldadas e/ou aparafusadas, sendo que, na maioria


das vezes, o cálculo da ligação implica na verificação de grupos de parafusos e de
linhas de solda.

8 DIMENSIONAMENTO DE PERFIS A TRAÇÃO

Denominam-se peças tracionadas as peças sujeitas a solicitações de tração


axial. As peças tracionadas são empregadas nas estruturas sob diversas formas, e
as mais comuns são:
 Tirantes ou pendurais;
 Contraventamentos de torres (estais);
 Travejamentos de vigas ou colunas, geralmente dois tirantes em forma
de X;
 Tirantes de vigas;
 Barras tracionadas de treliças.

As peças tracionadas podem ser constituídas por barras de seção simples ou


composta, como por exemplo:
 Barras redondas;
 Barras chatas;
 Perfis laminados (L, U, I);
 Perfis de chapa dobrada;
 Perfis compostos.
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(a) barra redonda; (b) barra chata; (c) perfil laminado simples (cantoneira); (d)
seções compostas com dupla cantoneira.
As ligações das extremidades das peças tracionadas com outras da estrutura
podem ser feitas por diversos meios, sendo:
 Soldagem;

 Parafusadas;
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 Rosca e porca (caso de barras redondas).

8.1 CÁLCULO

8.1.1 Limitação de Esbeltez das Peças Tracionadas

Denomina-se índice de esbeltez de uma haste a relação entre seu


comprimento l entre pontos de apoio lateral e o raio de giração mínimo imin da seção
transversal, conforme equação abaixo:
𝑙
𝜆=
𝑖
sendo:
λ = Índice de esbeltez;

i = Raio de giração (𝑖 = 𝐼
𝐴);
I = Momento de inércia;
A = Área da seção transversal;
O índice de esbeltez limite é de 300 para peças tracionadas, exceto tirantes
de barras redondas ( ou barras chatas) pré-tracionadas.
Exemplo
Verificar a esbeltez de um perfil W com comprimento de 350 cm com esforço
de tração:
A= 16,6 cm² (ver tabela de bitolas Açominas);
I= 82 cm4 (ver tabela de bitolas Açominas - utilizar o menor valor);

𝑖= 𝐼 82
𝐴= 16,6 = 2,22
33

𝑙 350
𝜆= = = 157,65
𝑖 2,22
157,65 < 300 – OK!

8.1.2 Peças em geral e peças com furos

Nas peças sem furos, o cálculo deve ser feito com a fórmula de escoamento
da seção bruta:
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦
𝑅𝑑𝑡 =
𝛾𝑎1
𝑅𝑑𝑡 = Resistência á tração (kN);
𝐴𝑔 = Área da seção bruta (cm²);
𝑓𝑦 = Tensão de escoamento do aço (kN/cm²) ver Anexo 3);
𝛾𝑎1 = Coeficiente de segurança (1,1).

Nas peças com furos, o cálculo deve ser feito com o menor dos seguintes
valores:
 escoamento da seção bruta:
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦
𝑅𝑑𝑡 =
𝛾𝑎1
𝑅𝑑𝑡 = Resistência á tração (kN);
𝐴𝑔 = Área da seção bruta (cm²);
𝑓𝑦 = Tensão de escoamento do aço (kN/cm²) (ver Anexo 3);
𝛾𝑎1 = Coeficiente de segurança (1,1).

 escoamento da seção líquida:


𝐴𝑒𝑓 ∙ 𝑓𝑢
𝑅𝑑𝑡 =
𝛾𝑎2
𝑅𝑑𝑡 = Resistência á tração (kN);
𝐴𝑒𝑓 = Área da líquida da seção, ou seja, descontando os furos (cm²);
𝑓𝑢 = Resistência à ruptura (kN/cm²) (ver Anexo 3);
𝛾𝑎2 = Coeficiente de segurança (1,35).
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Exemplo

Verificar se a barra chata suporta o esforço axial de tração de Nk=100 kN


(esforço proveniente de carga variável). A barra tem largura de 100 mm, espessura
de 6,35 mm e comprimento de 300 mm. O aço utilizado é o MR250. Caso a chapa
não atenda as solicitações, sugerir outra espessura:
Aço:
fy=250 MPa;
fu=400 MPa;

a) Cálculo da carga de cálculo:


Nd=Nk*1,5 = 100*1,5=150kN

b) Área da seção:
𝐴𝑠 = 10 ∙ 0,635 = 6,35 𝑐𝑚²
c) Verificação da Resistência:
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦 6,35 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 144,32𝑘𝑁 − 𝑵ã𝒐 𝒂𝒕𝒆𝒏𝒅𝒆!
𝛾𝑎1 1,10

d) Verificação da Resistência (aumentando a chapa para 8mm):


𝐴𝑠 = 10 ∙ 8,0 = 8,0 𝑐𝑚²
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦 8,00 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 181,81𝑘𝑁 − 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒅𝒆!
𝛾𝑎1 1,10
Portando a barra deverá ter 8 mm de espessura!

8.1.3 Peças com extremidade rosqueada

As barras redondas com extremidades rosqueadas geralmente utilizadas nas


estruturas metálicas têm diâmetro externo da rosca igual ao diâmetro da barra. O
dimensionamento destas barras é determinado pela ruptura da seção da rosca.
A relação entre a área efetiva à tração da rosca (Aef) e a área bruta da barra
(Ag) é de 0,75. Nestas condições, a resistência de projeto de barras rosqueadas é o
menor dos dois valores:
35

 escoamento da seção bruta:


𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦
𝑅𝑑𝑡 =
𝛾𝑎1
𝑅𝑑𝑡 = Resistência á tração (kN);
𝐴𝑔 = Área da seção bruta da barra (cm²);
𝑓𝑦 = Tensão de escoamento do aço (kN/cm²) (ver Anexo 3);
𝛾𝑎1 = Coeficiente de segurança (1,1).

 escoamento da seção líquida:


0,75 ∙ 𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑢
𝑅𝑑𝑡 =
𝛾𝑎2
𝑅𝑑𝑡 = Resistência á tração (kN);
𝐴𝑒𝑓 = Área da líquida da seção, ou seja, descontando os furos (cm²);
𝑓𝑢 = Resistência à ruptura (kN/cm²) (ver Anexo 3);
𝛾𝑎2 = Coeficiente de segurança (1,35).

Exemplo

Verificar se a barra redonda suporta o esforço axial de tração de Nk=30 kN


(esforço proveniente de carga variável). A barra tem diâmetro de 12mm. O aço
utilizado é o MR250. Caso a barra não atenda as solicitações, sugerir outro
diâmetro:
Aço:
fy=250 MPa;
fu=400 MPa;

a) Cálculo da carga de cálculo:


Nd=Nk*1,5 = 30*1,5=45kN

b) Área da seção líquida:


3,1415 ∙ 𝑑² 3,1415 ∙ 1,2²
𝐴𝑠 = = = 1,13 𝑐𝑚²
4 4
36

c) Verificação da Resistência:
 escoamento da seção bruta:
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦 1,13 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 25,68𝑘𝑁
𝛾𝑎1 1,10
 escoamento da seção líquida:
0,75 ∙ 𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑢 0,75 ∙ 1,13 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 15,69 𝑘𝑁
𝛾𝑎2 1,35

Utilizar o menor valor: 15,69 kN – Não atende!!! Aumentar diâmetro

AUMENTANDO O DIÂMETRO PARA 22 mm

d) Verificação da Resistência:
 Área da seção líquida:
3,1415 ∙ 𝑑² 3,1415 ∙ 2,2²
𝐴𝑠 = = = 3,80 𝑐𝑚²
4 4

 escoamento da seção bruta:


𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦 3,80 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 86,36𝑘𝑁
𝛾𝑎1 1,10
 escoamento da seção líquida:
0,75 ∙ 𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑢 0,75 ∙ 3,80 ∙ 25
𝑅𝑑𝑡 = = = 52,77 𝑘𝑁
𝛾𝑎2 1,35

Utilizar o menor valor: 52,77 kN – Atende!!!


37

9 DIMENSIONAMENTO DE PERFIS A COMPRESSÃO

A expressão apresentada pela NBR 8800 para o dimensionamento de


elementos comprimidos considera, em uma primeira análise, que as tensões estão
uniformemente distribuídas na seção transversal. Essa situação, porém, somente
ocorre em situações muito particulares, pois o colapso de barras comprimidas ocorre
por diversas formas de instabilidade, muito antes de serem ultrapassadas as tensões
limite do material na seção sob tensão uniforme.
Dessa maneira, embora a expressão básica de dimensionamento seja
inicialmente semelhante à utilizada no dimensionamento à tração, a NBR 8800
introduz coeficientes que consideram a instabilidade para o caso de peça
comprimida, de modo que, de fato, a esbeltez da peça é determinante no
dimensionamento de elementos comprimidos.
Quanto à instabilidade da barra, pode-se distinguir três situações a serem
consideradas:
a) Instabilidade por flexão, cujos conceitos básicos foram estudados na
resistência dos materiais, e que consiste na perda da condição de equilíbrio da barra
em sua configuração retilínea inicial;
b) Instabilidade por torção, onde o eixo da barra se mantém retilíneo da barra,
porém há rotação relativa entre as seções das extremidades da barra, sob ação da
força normal de compressão;
c) Instabilidade por flexo-torção, quando há uma combinação dos dois efeitos
simultaneamente.

9.1 EQUAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO

Para o dimensionamento de peças comprimidas, a condição de segurança


expressa abaixo deve ser atendida:
𝑁𝑐,𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑐,𝑅𝑑
NcSd é a força axial de compressão solicitante de cálculo;
Nc,Rd é a força axial de compressão, resistente de cálculo.
38

9.2 FORÇA AXIAL RESISTENTE DE CÁLCULO

Segue um resumo dos passos que devemos seguir para o cálculo das barras
comprimidas:

A força axial resistente de cálculo é dada pela seguinte expressão:


𝜒. 𝑄. 𝐴𝑔 . 𝑓𝑦𝑘
𝑁𝑐,𝑅𝑑 =
𝛾𝑎1
onde: a1 = 1,10 em situações normais (tabela 3 da NBR 8800);
Ag = área bruta da seção transversal da barra;
fyk = é a resistência característica ao escoamento do aço.

Os fatores  e Q são redutores que consideram os efeitos de instabilidade da


peça como um todo e de instabilidade localizada da sua seção transversal,
respectivamente.

9.3 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE REDUTOR Q

O cálculo do coeficiente Q está apresentado no anexo F da NBR 8800


utilizando a definição, já apresentada, de partes da seção que estão completamente
vinculadas ao restante da mesma, chamadas de AA, e partes que estão apenas
39

parcialmente vinculadas, chamadas de AL. Para a verificação da esbeltez desses


elementos constituintes da seção transversal (parcelas AA e AL da seção), a NBR
apresenta estes uma tabela (tabela F.1 da NBR 8800).

Valores de (b/t)lim

(b/t)lim
40

A primeira coluna indica o comportamento (AA ou AL) de elementos de


algumas seções bem como define as dimensões “b” e “t” para essas porções.
A coluna da direita da tabela estabelece relações de dimensões dos
elementos da seção transversal (b/t) limite, para os quais não há influência desse
parâmetro (chamado de parâmetro de esbeltez) sobre a resistência final da seção,
ou seja, Q = 1,00:
𝑏 𝑏
𝑆𝑒, ≤ → 𝑄 = 1,00
𝑡 𝑡 𝑙𝑖𝑚

Para as seções transversais onde à relação b/t ultrapassa o valor limite da


tabela, o coeficiente Q é dado por:
 Q = Qs.Qa, onde:
 Qs é o valor de Q para os elementos AL da seção;
 Qa é o valor de Q para os elementos AA.
Caso a seção possua apenas elementos AL, então: Q = Qs, e caso possua
apenas elementos AA, Q = Qa.

9.4 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE REDUTOR 

O cálculo do coeficiente redutor  está colocado no item 5.3.3 da NBR 8800,


complementado pelo anexo E da mesma norma. Como esse coeficiente refere-se à
esbeltez da barra comprimida, inicialmente será apresentado esse conceito
conforme estabelecido pela NBR 8800.

9.4.1 Índice de esbeltez de barras comprimidas

O índice de esbeltez de uma barra comprimida para cada um de seus eixos


principais é dado por:
𝑘. 𝐿
𝜆=
𝑟
Onde K é o coeficiente de flambagem, na direção considerada, definido no
anexo F da NBR 8800, item E.2.1;
L, comprimento destravado da barra, na direção considerada;
r é o raio de giração da seção transversal em torno do qual se está
considerando o cálculo da esbeltez (ver tabela de perfis)
41

A NBR 8800 limita a esbeltez de uma barra, para qualquer direção, a um valor
máximo de 200.

9.4.2 Coeficiente K

9.4.3 Cálculo do coeficiente de redução 

Para o cálculo do coeficiente propriamente dito, define-se inicialmente o


índice de esbeltez reduzido:

𝑄. 𝐴𝑔 . 𝑓𝑦
𝜆0 =
𝑁𝑒

Com essa definição,  é dado por:


2
 para λ0 ≤ 1,5  𝜒 = 0,658𝜆 0
0,877
 para λ0 > 1,5  𝜒 =
𝜆0 2

Os valores de Q, Ag e fy já foram definidos anteriormente e Ne é a força axial


de flambagem elástica, obtida conforme o anexo E da NBR 8800, como está
apresentado mais adiante neste capítulo.
42

9.4.4 Seções duplamente simétricas ou simétricas em relação a um ponto

A força axial de compressão elástica Ne de uma barra com seção transversal


duplamente simétrica ou simétrica em relação a um ponto é dada por:
a) Para flambagem por flexão ao eixo central de inércia x da seção transversal;
𝜋 2 . 𝐸. 𝐼𝑥
𝑁𝑒𝑥 =
𝐾𝑥 . 𝐿𝑥 2

b) Para flambagem por flexão ao eixo central de inércia y da seção transversal;


𝜋 2 . 𝐸. 𝐼𝑦
𝑁𝑒𝑦 = 2
𝐾𝑦 . 𝐿𝑦
onde:
KxLx é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo principal
de inércia x;
KyLy é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo principal
de inércia y.
Ix e Iy são os momentos de inércia em torno dos eixos X e Y respectivamente
(às vezes nomeados Jx e Jy).
E é o módulo de elasticidade do aço.
43

c) Para flambagem por torção em relação eixo longitudinal z


1 𝜋 2 . 𝐸. 𝐶𝑤
𝑁𝑒𝑧 = . +𝐺
𝑟0 2 𝐾𝑥 . 𝐿𝑥 2
onde:
KzLz é o comprimento de flambagem por torção, sendo Kz pode ser tomado
simplificadamente como:
i. 1,00 quando ambas as extremidades da barra possuírem rotação em
torno do eixo longitudinal impedida e empenamento livre, ou;
ii. ii. 2,00 quando uma das extremidades da barra possuir rotação em
torno do eixo longitudinal livre e, a outra extremidade, rotação e
empenamento impedidos.
Informações que são encontradas na tabela de perfis:
Cw é a constante de empenamento da seção transversal;
G é o módulo de elasticidade transversal do aço;
J é a constante de torção da seção transversal;
r0 (chamado de rt na tabela de perfis) é o raio de giração polar da seção bruta
em relação ao centro de cisalhamento.

IMPORTANTE: No caso específico de seções com dupla simetria (PERFIS I,


W ou H), de utilização bastante frequente, pode-se simplificar a análise com relação
à flambagem por flexão em torno dos eixos x e y, PORTANTO NÃO É
NECESSÁRIO CALCULAR O Nez.

EXEMPLO:

Verificar o pilar W 150 x 37,1 que recebe uma carga de compressão de


Nd=855 kN. O comprimento do pilar é de 3,00 metros. O tipo de aço é o ASTM A-
572-Gr50.
44

Perfil: W 150 x 37,1


Material: Aço (A-572 345MPa)
Nós Características mecânicas
Comprimento
(1) (1) (2)
Área Ix Iy It
Inicial Final (m)
(cm²) (cm4) (cm4) (cm4)

N1 N2 3.000 47.80 2244.00 707.00 20.58

Notas:
(1)
Inércia em relação ao eixo indicado
(2)
Momento de inércia à torção uniforme

Flambagem

Plano ZX Plano ZY

 1.00 1.00

LK 3.000 3.000

Cb -

Notação:
: Coeficiente de flambagem
LK: Comprimento de flambagem (m)
Cb: Fator de modificação para o momento crítico

Limitação do índice de esbeltez (ABNT NBR 8800:2008, Artigo 5.3.4)

O índice de esbeltez das barras comprimidas, tomado como o maior relação


entre o comprimento de flambagem e o raio de giração, não deve ser superior a
200.

  20
 : 78.0

Onde:

: Índice de esbeltez.

x : 43.8

y : 78.0

Sendo:

Kx·Lx: Comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo X. Kx·Lx : 3.000 m

Ky·Ly: Comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo Y. Ky·Ly : 3.000 m

rx,ry: Raios de giração em relação aos eixos principales X, Y, respectivamente. rx : 6.85 cm

ry : 3.85 cm
45
46
47

10 DIMENSIONAMENTO DE PERFIS A FLEXÃO

10.1 MOMENTO FLETOR

No dimensionamento a flexão devem ser considerados os estados limites


últimos de:
 Flambagem lateral com torção (FLT);
 Flambagem local da mesa comprimida (FLM);
 Flambagem local da alma (FLA).
O momento fletor resistente de cálculo deve ser determinado para o caso de
flambagem lateral com torção (FLT), de flambagem local da mesa (FLM) e de
flambagem local da alma (FLA), sendo seu valor o menor encontrado nesses casos.
Além disso, o momento fletor resistente de cálculo depende da esbeltez do perfil,
devendo ser calculado diferentemente em função de seu valor.
Vigas de alma não-esbelta são aquelas constituídas cujas almas, quando
perpendiculares ao eixo de flexão, têm parâmetro de esbeltez λ inferior ou igual a λr,
definidos na Tabela G.1 da NBR 8800:2008 para o estado-limite FLA.
Os cálculos apresentados a seguir valem para vigas de alma não-esbelta.
48

O momento fletor resistente de cálculo para seções do tipo I, H, U e C é


determinado pelo menor valor das equações que seguem:
49

Estado-limite último de flambagem local da mesa comprimida, FLM


(ABNT NBR 8800:2008, Anexo G):

𝑀𝑝𝑙
𝑀𝑅𝑑 = , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆 ≤ 𝜆𝑝
𝛾𝑎1
50

Estado-limite último de flambagem local da alma, FLA (ABNT NBR


8800:2008, Anexo G):

𝑀𝑝𝑙
𝑀𝑅𝑑 = , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆 ≤ 𝜆𝑝
𝛾𝑎1
51

Estado-limite último de flambagem lateral com torção, FLT (ABNT


NBR 8800:2008, Anexo G):

Quando há travamento com laje não é necessário fazer esta verificação.

𝐶𝑏 𝜆 − 𝜆𝑝 𝑀𝑝𝑙
𝑀𝑅𝑑 = ∙ 𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑟 ∙ ≤ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆 ≤ 𝜆𝑟
𝛾𝑎1 𝜆𝑟 − 𝜆𝑝 𝛾𝑎1
52

Cb consideraremos com valor de 1, que é a favor da segurança.


53

EXEMPLO:

Verificar a viga W 310 x 44,5 cujo momento fletor é Md=239 kN.m. A viga tem
6 metros de comprimento e tem um travamento no centro do vão. O tipo de aço é o
ASTM A-572-Gr50.
a) Verificar se a viga é de alma não esbelta:
𝑕 291
𝜆= = = 44,09
𝑡𝑤 6,6

𝐸 21000
𝜆𝑟 = 5,70 ∙ = 5,70 ∙ = 140,62
𝑓𝑦 34,5

𝜆 < 𝜆𝑟 − 𝑂𝐾!

b) Máximo momento fletor resistente de cálculo:


1,5 ∙ 𝑊 ∙ 𝑓𝑦 1,5 ∙ 638,8 ∙ 34,5
𝑀𝑅𝑑 = = = 30052,6 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 → 𝟑𝟎𝟎, 𝟓𝟑𝒌𝑵. 𝒎
𝛾𝑎1 1,1

c) Estado-limite último de flambagem lateral com torção, FLT:


𝐿𝑏 300
𝜆= = = 77,52
𝑟𝑦 3,87

𝐸 21000
𝜆𝑝 = 1,76 ∙ = 1,76 ∙ = 42,38
𝑓𝑦 34,5

1,38 ∙ 𝐼𝑦 ∙ 𝐽 27 ∙ 𝐶𝑤 ∙ 𝛽1 2
𝜆𝑟 = ∙ 1+ 1+
𝑟𝑦 ∙ 𝐽 ∙ 𝛽1 𝐼𝑦

𝑀𝑟 = 𝑊 ∙ 𝑓𝑦 − 𝜎𝑟 = 638,8 ∙ 34,5 − (0,3 ∙ 34,5) = 15427,02 𝑘𝑁. 𝑐𝑚


𝑀𝑟 15427,02
𝛽1 = = = 0,0369𝑐𝑚−1
𝐸 ∙ 𝐽 21000 ∙ 19,9

1,38 ∙ 855 ∙ 19,9 27 ∙ 194433 ∙ 0,03692


𝜆𝑟 = ∙ 1+ 1+ = 127,62
3,87 ∙ 19,9 ∙ 0,0369 855

𝜆𝑝 ≤ 𝜆 ≤ 𝜆𝑟 → 𝑂𝐾
𝐶𝑏 𝜆 − 𝜆𝑝 𝑀𝑝𝑙
𝑀𝑅𝑑 = ∙ 𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑟 ∙ ≤
𝛾𝑎1 𝜆𝑟 − 𝜆 𝑝 𝛾𝑎1
54

𝑀𝑃𝑙 = 𝑍 ∙ 𝑓𝑦 = 712,8 ∙ 34,5 = 24696𝑘𝑁. 𝑐𝑚


1 77,52 − 42,38
𝑀𝑅𝑑 = ∙ 24696 − 24696 − 15427,02 ∙ =
1,1 127,62 − 42,38
𝟏𝟖𝟗𝟕𝟕, 𝟐𝒌𝑵. 𝒄𝒎 → 𝟏𝟖𝟗, 𝟕𝟕𝒌𝑵. 𝒎
d) Estado-limite último de flambagem local da mesa comprimida, FLM:
𝑏𝑓
2 166
𝜆= = 2 = 7,41
𝑡𝑓 11,2

𝐸 21000
𝜆𝑝 = 0,38 ∙ = 0,38 ∙ = 9,38
𝑓𝑦 34,5

𝜆 ≤ 𝜆𝑝 → 𝑂𝐾
𝑀𝑃𝑙 = 𝑍 ∙ 𝑓𝑦 = 712,8 ∙ 34,5 = 24696𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝑀𝑃𝑙
𝑀𝑅𝑑 = = 22450,9𝑘𝑁. 𝑐𝑚 → 𝟐𝟐𝟒, 𝟓𝟎𝒌𝑵. 𝒎
1,1

e) Estado-limite último de flambagem local da alma, FLA:


𝑕 291
𝜆= = = 44,09
𝑡𝑤 6,6

𝐸 21000
𝜆𝑝 = 3,76 ∙ = 3,76 ∙ = 92,77
𝑓𝑦 34,5

𝜆 ≤ 𝜆𝑝 → 𝑂𝐾
𝑀𝑃𝑙 = 𝑍 ∙ 𝑓𝑦 = 712,8 ∙ 34,5 = 24696𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝑀𝑃𝑙
𝑀𝑅𝑑 = = 22450,9𝑘𝑁. 𝑐𝑚 → 𝟐𝟐𝟒, 𝟓𝟎𝒌𝑵. 𝒎
1,1
f) Verificação:
𝑀𝑆𝑑 = 239,00
𝑀𝑅𝑑 = 189,77

𝑴𝑺𝒅 𝟐𝟑𝟗
𝜼= = = 𝟏, 𝟐𝟔 → 𝑁ã𝑜 𝑂𝐾
𝑴𝑹𝒅 𝟏𝟖𝟗, 𝟕𝟕
55

ANEXO 1

PROPRIEDADES MECÂNICAS DE AÇOS

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