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SÃO CARLOS
2023
JOSÉ CAIO COUTO BEZERRA CARNEIRO
SÃO CARLOS
2023
RESUMO
1.3 Justificativa........................................................................................................... 8
3 FORMULAÇÃO ....................................................................................................... 22
4 IMPLEMENTAÇÕES .............................................................................................. 38
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 64
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 67
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1 INTRODUÇÃO
Diante disso, é notória uma lacuna na literatura sobre dispositivos que aliem a
mitigação de causas diversas de colapso progressivo, principalmente simuladas em sistemas
estruturais de amplo uso. Além disso, essas proposições de reforço estrutural precisam ter
suas propriedades físicas e geométricas otimizadas e baseadas em custo-benefício, para
justificar uma potencial aplicação mercadológica.
1.2 Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo geral a proposição de um dispositivo de reforço
estrutural com potencial aplicação em pilares de estruturas em concreto armado. Para tanto,
pretende-se obter a melhor área deste mitigador de energia EA (energy absorbing), por
pavimento, assumindo o colapso pancake em prédio com lajes lisas. Diante disso, os
objetivos específicos são:
1.3 Justificativa
Embora haja uma quantidade significativa de pesquisas sobre colapso progressivo em
estruturas de concreto armado, contemplando tipologias de colapso provenientes de danos
diversos, a literatura ainda carece de pesquisas que proponham soluções para mitigação
desses fenômenos indesejados (KIAKOJOURI et al., 2022).
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Ademais, as estruturas com lajes lisas protendidas são uma solução cada vez mais
adotada, especialmente em estruturas de múltiplos pavimentos, em decorrência de vantagens
econômicas: menor consumo de concreto pela redução da espessura da laje em decorrência
da protensão, racionamento eficiente do sistema de formas pela ausência de vigas, além dos
benefícios arquitetônicos decorrentes da possibilidade de maiores vãos e layout mais flexível
no posicionamento das alvenarias.
Essas estruturas protendidas são comumente usadas em situações que demandam
vãos maiores, para as quais a ruína de uma laje pode ser ainda mais prejudicial do que
estruturas convencionais em concreto armado, principalmente por ser um elemento único em
toda a área do pavimento, diferente das convencionais, cujas lajes são “separadas” por vigas.
Além disso, pesquisas focadas no colapso progressivo deste tipo de estrutura ainda são
escassas (ADAM et al., 2018), o que justifica a tipologia estrutural a analisar nesta pesquisa.
Diante do exposto, a proposição de dispositivos de reforço estrutural em estruturas
sujeitas a colapso, principalmente naquelas cujas falhas de um pavimento tende a ser
generalizada para os demais e em toda a extensão do pavimento, é um campo vasto de
pesquisa a explorar.
1.4 Metodologia
A metodologia deste trabalho se inicia a partir da revisão bibliográfica dos seguintes
temas: colapso progressivo e técnicas de mitigação, otimização, modelos mecânicos para
simulação de estruturas com lajes lisas e modelos mecânicos para simulação de edifícios em
colapso. Para isso, bases de dados como o Portal de Periódicos da CAPES e Web of Science
foram utilizadas. Esta etapa é contínua ao longo da pesquisa.
A etapa subsequente consiste na implementação de um modelo numérico mecânico
para simular um pórtico com lajes lisas. Para tanto, um modelo elástico linear 2D, composto
por elementos de pórtico, baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF), foi
implementado para simular um edifício. A fim de simular com adequada aproximação as
rigidezes da ligação laje e pilar, adaptações foram realizadas na modelagem de acordo com
o que preconiza o Método dos Pórticos Equivalentes (MPE). As normas ACI 318, a NBR
6118, o Eurocode 2 e a norma inglesa (BS 8110/97) permitem essa metodologia de análise
para estruturas com vãos regulares e pilares alinhados, que se adequam ao edício garagem
que se pretende analisar nesta pesquisa. A linguagem de alto nível (MATLAB) foi utilizada
nesta implementação.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Após o episódio do Ronan Point, outros colapsos foram registrados e pesquisas foram
desenvolvidas para tratar o tema, geralmente em decorrência de algum novo colapso.
Entretanto, a comunidade científica passa a circundar o tema com maior constância após o
atentado ao World Trade Center, 2001, em Nova Iorque, devido à comoção mundial que o
evento causou. Neste caso, as duas superestruturas mostraram grande capacidade em
redistribuir esforços após a perda de pilares do perímetro externo da estrutura no impacto das
aeronaves. Contudo, a explosão causada pelo combustível dos aviões, e o incêndio
subsequente, foi suficiente para que a integridade da estrutura fosse comprometida e o
edifício entrasse em colapso progressivo (BAZANT et al., 2002).
A literatura sobre este tema e tópicos afins vem crescendo ao longo dos anos, como
ilustra a Figura 2.2, especialmente após 2001, consolidando uma base de estudos e pesquisas,
com a publicação de pelo menos quatro livros e uma quantidade significativa de artigos de
revisão (KIAKOJOURI et al., 2022), onde a China é o país que mais publica a respeito do
tema, seguida de Estados Unidos e Reino Unido (ADAM et al., 2018). Dentro desse contexto,
o tema convergiu em segmentações, os quais delimitam as tipologias de colapso, em suma,
variando ação (causa) e local (elemento estrutural).
Figura 2.3 – (a) Colapso em estrutura delgada; (b) Colapso em estrutura não delgada.
Figura 2.4 – Linhas de pesquisa sobre técnicas de reforço estrutural para mitigar colapso
progressivo.
Segundo Kiakojouri et al. (2022), o foco no colapso progressivo induzido pelo fogo
só surgiu após grandes desastres de colapso induzidos por este fenômeno. Das pesquisas que
propõem dispositivos de mitigação, resultantes deste foco, a maioria é mais voltada para
estruturas metálicas, como o dispositivo proposto por Randaxhe et al. (2021), Figura 2.5,
devido à maior fragilidade quando comparada com estruturas de concreto armado, embora
colapsos severos devido ao fogo também possam ser ocasionados nestas estruturas.
Figura 2.6 – Dispositivos de absorção de impacto: (a) square honeycomb configuration, (b)
telescoping tube configuration e (c) heavy floor sandwich panel.
evidenciou-se que a energia potencial liberada no colapso de cada andar é maior que a energia
dissipada na deformação do pórtico, resultado que corrobora com a importância de um
dispositivo agindo como absorsor de energia na mitigação de colapso progressivo.
Como dito antes, as pesquisas sobre colapso progressivo são escassas no tocante à
proposição de soluções, como os dispositivos citados, na literatura. Por essa razão a
motivação desta pesquisa em, para um mesmo dispositivo, mesclar uma solução de
prevenção do dano inicial, inspirada no dispositivo de Randaxhe et al. (2021), com uma
solução de controle do tamanho final de colapso, proposta por Zhou e Yu (2004).
Neste tipo de laje, não há vigas e nem engrossamento na laje ao redor do pilar, como
é necessário em lajes cogumelo (Figura 2.7.a), o que envidencia as vantagens citadas
anteriormente. Contudo, do ponto de vista estrutural, isso só é viável economicamente pelo
uso da protensão nestas estruturas, que permite o combate ao fenômeno da punção, que pode
gerar uma ruptura frágil na ligação laje pilar e consequente colapso progressivo, sem a
necessidade de engrossamentos ao redor do pilar ou de aumento expressivo na espessura da
laje.
Ressalta-se que as lajes cogumelo eram mais utilizadas antes da popularização do uso
da protensão, quando, pelas demandas de projeto, solicitava-se ao projetista que não
houvesse vigas na estruturas. Para possibilitar isso sem o uso da protensão e sem aumentar a
espessura da laje significativamente, a melhor solução era o engrossamento da ligação laje
pilar (Figura 2.8), localizado apenas na região de puncionamento, para viabilizar o combate
a este efeito. Após a oferta de protensão no país, este tipo de solução caiu em desuso.
Além da escassez de estudos focados nesta tipologia, outra razão para a análise do
dispositivo absorsor de energia ser em pórticos com laje lisa é a sua notável aplicação em
edifícios garagem, cujos pilares tendem a ter uma área próxima livre de painéis de vedação,
o que facilitaria o encamisamento do dipositivo, como ilustrado na Figura 2.9.
𝐸𝑎 (𝛿)
𝑆𝐸𝐴 = (2.1)
𝑚𝐸𝐴
𝛿𝑚á𝑥
𝐸𝑎 (𝛿) = ∫ 𝐹(𝛿 )𝑑𝛿
0 (2.2)
Além do parâmetro SEA, é importante que durante o impacto, a força máxima, 𝐹𝑚á𝑥 ,
não seja muito elevada e que a estrutura possua alto valor de Crush force efficiency (CFE),
cuja definição é dada pela equação (2.3).
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝐶𝐹𝐸 = (2.3)
𝐹𝑚á𝑥
Na equação (2.4), 𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 é a força média durante o impacto, enquanto que 𝛿𝑚á𝑥
corresponde ao deslocamento relativo à 𝐹𝑚á𝑥 .
𝐸𝑎
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 = (2.4)
𝛿𝑚á𝑥
Figura 2.11 – Exemplos de formatos regulares da célula da matriz: (a) triangular, (b)
retangular e (c) hexagonal.
3 FORMULAÇÃO
Determinar: 𝐝∗
que minimize:
𝐶𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) = 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝐴 (𝐝) + 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝑑 (𝐝) +
𝑛𝑙𝑎𝑗𝑒
𝑝𝑓𝐸𝐴 (𝐝, 𝐗)𝑐𝑓𝐸𝐴 (𝐝)Ʃ𝑗=1 𝑝𝑓𝐿𝐴𝐽𝐸,𝑗 (𝐝, 𝐗) (3.1)
Nesta equação, 𝐶𝑒𝑡 representa o custo esperado total, 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝐴 representa o custo de
construção do dispositivo, enquanto que 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝑑 representa o custo de construção do
edifício. O somatório que vai de 𝑗 até o número total de lajes do edifício, 𝑛𝑙𝑎𝑗𝑒, busca
capturar o rendimento do dispositivo dependendo da laje onde ocorreu a falha.
Semelhante à diferenciação entre o vetor de variáveis aleatórias utilizado para a
análise mecânica do edifício intacto 𝐗 𝐸𝑑 , e do edifício em colapso 𝐗 𝐸𝐴 , pretende-se também
diferenciar o vetor de projeto 𝐝𝐸𝐴 = (A𝐸𝐴 ), que é composto apenas pela área necessária do
dispositivo no prédio, do vetor de projeto utilizado para variações no edifício 𝐝𝐸𝑑 =
23
(𝑙𝑝, 𝑣, ℎ). Pretende-se variar, na simulação do edifício, a medida do lado do pilar quadrado,
𝑙𝑝, tal como o vão, 𝑣, e a espessura da laje, ℎ.
Uma vez finalizada esta formulação, equação (3.1), ressalta-se que ela é inspirada na
função objetivo apresentada em Beck (2022). Neste trabalho citado, a formulação de risco
foi baseada em pórticos submetidos ao cenário de perda de pilares, cuja probabilidade desta
ocorrência foi adotada como um parâmetro independente. Os autores sugeriram que os
coeficientes normativos no dimensionamento dos elementos estruturais podem ser
diferenciados segundo a probabilidade de perda de pilares, tendo em vista sua relevância na
otimização de riscos.
Em contrapartida, a presente pesquisa propõe um modelo mecânico adequado apenas
para pequenas deformações, não sendo adequado para uma análise que envolva redistribuição
de esforços. Dito isto, a situação de colapso, que ativa o dispositivo EA, é condicionada à
falha do elemento laje dado a ocorrência de carregamentos excepcionais. Esta simplificação
visa adequar o problema de otimização do custo esperado de falha ao modelo mecânico do
pórtico em lajes lisas aqui apresentado. Modelos com redistribuição que permitam capturar
o efeito da protensão e o da armadura de punção podem comprometer o custo computacional
na geração dos resultados.
Além disso, para o caso de pórtico com lajes lisas, Olmati et al. (2017) concluíram
que o cenário de uma laje desplacar sobre outra é mais prejudicial que o cenário de remoção
de pilar em termos de colapso progressivo. Dito isto, embora a análise do colapso seja
baseada em modelo analítico simplificado de Zhou e Yo (2004), esta situação será
condicionada à probabilidade de falha mais danosa, que é a de desplacamento de laje.
Por conseguinte, a probabilidade associada ao modo de falha i (𝑝𝑓𝑖 ) pode ser obtida
como:
(3.6)
𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝑥 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝐱
𝛺𝑓𝑆𝑌𝑆 ∪𝑘 [∩𝑖∈𝐶 (𝑔𝑖 (𝐗)≤0)]
𝑘
𝜎𝑐𝑑
𝐴𝑠 = 𝜆𝜉𝑏𝑑 (3.9)
𝑓𝑦𝑑
𝜉 = 𝑥/𝑑 (3.10)
𝐴𝑠 𝑓𝑦𝑑
𝑥= (3.13)
𝜆𝑏𝜎𝑐
3.2.2 Punção
De acordo com Pinto (1993), o fenômeno da punção, que, dentre outras situações,
ocorre em estruturas onde a laje se apoia diretamente nos pilares, tem sua ruína caracterizada
pela ausência de escoamento generalizado da armadura, sendo basicamente ocasionada pela
destruição local do concreto da zona comprimida no entorno do pilar, como ilustrado na
Figura 3.2. Esta ruptura é frágil, ao contrário daquelas caracterizadas por serem dúcteis,
ocorre de forma súbita, sem aviso prévio.
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Figura 3.4: Procedimento resumido de verificações sobre punção segundo a NBR 6118/14.
O ACI 318:2019 estabelece que deve ser feita a comparação entre a força atuante 𝑉𝑢
e a força nominal resistente 𝑉𝑛 , de forma semelhante ao processo de cálculo da NBR
6118:2014. Além disso, seu equacionamento considera o size effect, que consiste em
correlacionar modelos experimentais, em tamanhos reduzidos, com os elementos estruturais
em escala natural. Pode também ser entendido como a redução da tensão nominal ao
cisalhamento com o aumento da espessura do elemento estrutural.
Por fim, a última atualização do fib MODEL CODE: 2010, está baseada na Teoria da
Fissura Crítica de Cisalhamento, proposta por Muttoni (2008), adaptada para aplicações em
projeto por meio de coeficientes de segurança, como o 𝑘𝛹 , que é um coeficiente redutor da
resistência à punção, dependente da rotação da laje ao redor da área apoiada.
Para esta pesquisa, o procedimento adotado foi o ilustrado na Figura 3.4, em que
apenas a situação de dispensa de armadura de punção foi adotada. Com isso, a equação de
estado limite expandida, semelhante à de Rabello (2016), pode ser descrita como:
1
20 𝑢
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 (1 + 𝑘𝑒 𝑊1 ) (3.15)
1
𝑀𝑠𝑑
𝑒= (3.16)
𝐹𝑠𝑑
Em que:
ξ - Valor implícito de segurança no cálculo da punção pela NBR 6118/14;
𝑑 - Altura útil da laje;
𝜌 - Taxa de armadura negativa de flexão;
𝑓𝑐 - Resistência à compressão do concreto;
𝐹𝑠𝑑 - Força de puncionamento;
𝑢1 - Perímetro de controle na distância 2𝑑 do pilar;
𝑘 - Coeficiente de proporção dos lados do pilar;
𝑒 - Excentricidade da reação de esforço normal do pilar;
𝑊1 - Módulo de resistência plástica do perímetro crítico.
Com o objetivo de simplificar a equação de estado limite, o termo que multiplica 𝐹𝑠𝑑
será substituído por um 𝛽’(EUROCODE 2/10; BELLUZZI, 1971; ), que, ao retirar o termo
de excentricidade 𝑒 da reação, oculta a necessidade de consideração do momento fletor no
31
cálculo da punção. Este 𝛽’ é função da posição do pilar na laje: borda (𝛽’ = 1,40), interno
(𝛽’ = 1,15) ou canto (𝛽’ = 1,50).
A simplificação é pertinente tendo em vista a dificuldade de estimar o momento fletor
cuja direção coincide com o plano do pórtico 2D, objeto desta pesquisa. Desta forma, uma
equação reduzida para o estado limite último à punção pode ser descrita como:
1
20
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 𝛽’ (3.17)
Para o caso de armaduras positivas, esse 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 pode ser multiplicado por 0,67,
redução que será adotada neste dimensionamento.
Outra verificação necessária é se a laje dispensa a armadura de cisalhamento, uma
vez que adicionar estribos a uma laje é um processo contraprodutivo em termos de execução.
Para que essa armadura transversal possa ser dispensada, é necessário que a tensão
convencional de cisalhamento τ𝑤𝑑 seja menor que um determinado valor limite, equação
(3.19). A tensão limite, τ𝑤𝑢1 , depende da resistência do concreto, da taxa de armadura
longitudinal do banzo tracionado e da espessura da laje.
Em que:
Por fim, o valor de τ𝑟𝑑 , considerando concretos com 𝑓𝑐𝑘 menor que 50 MPa, resulta:
𝑑1
𝑑2
∗
Encontrar 𝐝 = 𝑑3 que minimize 𝑓(𝐝)
⋮
{𝑑𝑛 }
Sujeito às seguintes restrições:
𝑔𝑗 (𝐝) ≤ 0, 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑞
ℎ𝑖 (𝐝) = 0, 𝑖 = 1, 2, . . . , 𝑝 (3.26)
𝑐𝑒𝑓 = 𝑝𝑓 𝑥 𝑐𝑓 (3.27)
Determinar ∶ 𝐝∗
Que minimize : 𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗)
Sujeito a restrições de
projeto: d ∈ D (3.28)
Para o módulo de análise do colapso, esta pesquisa adota a formulação proposta por
Zhou e Yu (2004), que propõe uma estimativa simples do comportamento dinâmico de um
edifício em colapso.
Supondo que haja uma situação de desabamento progressivo de lajes, em cada andar
que desplaca, mais energia potencial é convertida em cinética, contribuindo para a energia
total do sistema. Neste processo, há uma resistência apresentada pelo pavimento abaixo ao
que está em colapso, porém a sua capacidade de dissipação energética, que é o que poderia
mitigar o processo, é mínima. Isto ocorre porque os pilares sobrecarregados deformam
minimamente antes de falhar e desabar com o restante dos elementos estruturais do
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pavimento. Essa é a justificativa apresentada por Zhou e Yu (2004) para assumir a não
consideração da capacidade dissipativa dos pilares antes da falha, no modelo proposto,
deixando apenas o dispositivo mitigador, ou energy absorbing device (EA), como
responsável por este objetivo.
Além disso, também é assumido que o dispositivo de mitigação é instalado em cada
pavimento do edifício, este deve ser instalado na área livre disponível, e outra simplificação
assumida é que todos os dispositivos instalados são comprimidos de forma uniforme durante
o colapso de um pavimento.
Assume-se que a massa de cada pavimento do edifício é uma função linear, de acordo
com a equação (3.30).
𝐹𝑐 = 𝜂(𝑀 + 𝑚)𝑔′
(3.32)
𝜂
𝛥𝐸 = (𝑀 + 𝑚)𝑔ℎ′ (1 − ) = (𝑀 + 𝑚)𝑔ℎ(1 − Ѱ)
𝜔 (3.34)
Para atingir a força de esmagamento necessária por parte do EA, deve-se conhecer a
sua tensão última de compressão, onde 𝐹𝐸𝐴 é a força de esmagamento e 𝐴𝐶𝑃 é a área do corpo
de prova.
𝐹
𝜎𝐸𝐴 = 𝐴𝐸𝐴 (3.38)
𝐶𝑃
Em posse desse conceito e das propriedades físicas da matriz que compõe o EA, como
uma matriz derivada de alumínio para uma configuração honeycomb, deve-se conhecer a
densidade (𝑑𝐸𝐴 ), o módulo de elasticidade deste alumínio (𝐸𝐸𝐴 ), a sua tensão de escoamento
𝑓𝐸𝐴 , como também o coeficiente de Poisson λ. Além dessas propriedades físicas do material
base, deve-se conhecer o índice de vazios (𝛼𝐸𝐴 ) do corpo de prova, que é uma propriedade
dependente da sua geometria.
Finalmente, determina-se a capacidade de dissipação do EA, em energia por volume,
como:
𝐸𝐴𝑉 = 𝜎𝐸𝐴 𝜏𝐸𝐴 (3.39)
A equação (3.41) também pode ser escrita em função da dissipação por massa do
dispositivo EA:
4 IMPLEMENTAÇÕES
Nesta equação, 𝐊 representa a matriz de rigidez global da estrutura. Disso isso, caso
um coeficiente 𝜓 multiplique o vetor de forças, como 𝜓𝐅𝒆𝒙𝒕 , os deslocamentos também
aumentam de tal forma 𝜓𝐮. Esta é uma leitura da Lei de Hooke, que preconiza que a tensão
é proporcional ao produto da deformação pelo módulo de elasticidade do material.
Além disso, também é considerado o princípio de Saint-Venant, que indica que a
distribuição de tensões pode ser considerada equivalente em uma seção suficientemente
distante do ponto de aplicação dos carregamentos.
Retomando o elemento de pórtico, considera-se que cada elemento de pórtico possui
dois nós e três graus de liberdade para cada nó respectivo. A Figura 4.1 representa estes
elementos e as forças nodais em cada nó, tanto para o sistema global, como para o sistema
local.
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Figura 4.1 – Representação das forças generalizadas de uma barra em sistema global e em
sistema local.
É possível identificar também as forças do vetor 𝐅𝒆𝒙𝒕 , equação (4.2), nas coordenadas
globais.
𝑓1
𝑓2
𝑓
𝐅𝒆𝒙𝒕 = 3
𝑓4
𝑓5
(4.2)
[𝑓6 ]
𝑢1 𝑢𝐿1
𝑣1 𝑣𝐿1
𝜃1 𝜃𝐿1
𝑢2 = 𝐑 𝑢𝐿2 (4.4)
𝑣2 𝑣𝐿2
[𝜃2 ] [ 𝜃𝐿2 ]
𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 0 0 0 0
−𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑐𝑜𝑠𝛼 0 0 0 0
0 0 1 0 0 0
𝐑= (4.5)
0 0 0 𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 0
0 0 0 −𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑐𝑜𝑠𝛼 0
[ 0 0 0 0 0 1]
Esta formulação desenvolvida é válida para um único elemento de pórtico, mas para
o caso que se pretende simular nesta pesquisa, como o da Figura 4.2, há uma integração entre
vários elementos de pórtico, de tal forma que as matrizes de rigidez locais e os vetores de
forças locais para cada elemento devem ser devidamente rotacionados e superpostos a fim de
gerar uma equação de equilíbrio global da estrutura, análoga à equação (4.1), mas agora com
a estrutura sendo composta por diversos elementos de pórtico.
Ressalta-se que este modelo mecânico se limita ao comportamento elástico linear dos
materiais, não considerando não linearidade física e geométrica, como também não considera
efeitos dinâmicos. Tratando-se de uma análise de colapso progressivo, esta abordagem é
considerada conservadora e simplificada, mas se justifica pela adequação à simulação de
lajes lisas com vãos e pilares regulares. Além disso, é adequada às simplificações do modelo
41
de colapso progressivo proposto por Zhou e Yu (2004), que é a metodologia base para
simulação do dispositivo proposto.
Uma vez definido o modelo estrutural para simulação numérica de uma estrutura,
adaptações precisam ser feitas para que o comportamento da ligação direta laje/pilar em
estrutura de concreto seja expressa pelo modelo numérico. Uma alternativa de simples
adaptação para um modelo em elementos finitos de pórtico, a fim de estimar a rigidez
aproximada dos elementos que compõem um pórtico em laje lisa é o Método dos Pórticos
Equivalentes (MPE).
Este método é baseado no teorema estático para determinar esforços atuantes em lajes
de concreto. A representação da estrutura é discretizada em uma série de pórticos em cada
uma das direções (Figura 4.3), 𝑙𝑦 representa o comprimento entre os pilares. Alguns códigos
que abordam seu uso para estimativa de esforços solicitantes a fim de dimensionar estruturas
em lajes lisas são o ACI 318, a NBR 6118, o Eurocode 2 e a norma inglesa (BS 8110/97).
A norma brasileira prescreve que as lajes apoiadas diretamente sobre os pilares devem
ser calculadas em regime rígido plástico, ou elástico, sendo este último o caso desta pesquisa.
Para que este método possa ser adotado, os pilares devem estar alinhados em ambas as
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𝑐𝐴
(1 − ) (4.6)
𝑙2
1 1 1
= + (4.7)
𝑘𝑒𝑐 ∑𝑘𝑐 𝑘 𝑇
Sendo:
𝑥 𝑥³𝑦
𝐶𝑒𝑞 = ∑ [(1 − 0,63 ) ] (4.10)
𝑦 3
Outra possibilidade para considerar a rigidez equivalente, que inclusive foi a adotada
para o desenvolvimento do modelo mecênico desta pesquisa, é por meio do cálculo do
comprimento equivalente para o pilar, de tal forma que a rigidez do pilar passe a ser a rigidez
equivalente do conjunto, como representado pela Figura 4.6.
Por fim, ressalta-se que, embora o método capture os esforços solicitantes para lajes,
a fim de dimensionar e calcular os estados limites últimos em diferentes situações, não foi
encontrado na literatura aplicações do método para estimar esforços nos pilares. Esta possível
lacuna no método não deve afetar o estudo do colapso para estruturas em laje lisa, pois estes
45
Figura 4.8 – Pilares quase intactos após colapso de laje em condomínio residencial.
Por esta razão, apenas os modos de falha da laje, tal como na ligação laje/pilar, serão
abordados no estudo de confiabilidade do sistema. Os estados limites da laje são descritos no
tópico a seguir.
46
a avaliação da relação entre os eventos de falha, Cornell (1967) definiu uma abordagem que
permite a determinação da probabilidade de falha de sistemas, equação (3.9), por meio dos
limites de probabilidade. Quando considerados limites uni-modais, possibilidade mais
simplista para a determinação do intervalo de probabilidades de falha, os limites são
definidos como:
𝑛
𝑛
𝑚𝑎𝑥𝑖=1 [𝑃(𝐹𝑖 )] ≤ 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 ≤ ∑ 𝑃[𝐹𝑖 ] (4.11)
𝑖=1
A fim de determinar um intervalo mais preciso, pois desconta a interseção dois a dois
entre os diversos modos de falha, também pode-se aplicar os limites bi-modais
(DITLEVSEN, 1979), considerados mais precisos que os uni-modais, com um nível de
aproximação já satisfatório para diversos tipos de problemas:
Determinar: 𝑦 ∗
Que minimize : ‖𝑦‖ = √𝑦 𝑡 𝑦
Sujeito à restrição: 𝑔(𝑦) = 0
(4.13)
𝛻𝑔(𝑦 ∗)
𝛼(𝑦 ∗ )=‖𝛻𝑔(𝑦 ∗)‖
(4.15)
Nesta equação, 𝛻𝑔 representa o vetor gradiente que contém as derivadas parciais das
equações de estado limite em relação à cada variável aleatória, no espaço isoprobabilístico.
49
O termo 𝛼𝑖2 fornece uma aproximação linear da sensibilidade de cada variável aleatória em
relação à probabilidade de falha, o que fornece uma significância destas variáveis no
problema de confiabilidade estrutural analisado.
50
5 RESULTADOS PRELIMINARES
Figura 5.1 – Modelos de análise do TQS à esquerda e o do autor, à direita, que concilia MEF
com MPE em um modelo 2D.
A planta baixa da laje simulada para o desenvolvimento desta etapa de validação está
representada na Figura 5.2. O pé direito é de 300 cm e só há uma laje.
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Figura 5.2 – Faixa interna cujos esforços foram comparados entre o programa desenvolvido e
o TQS.
Figura 5.3 – Representação dos elementos modelados na rotina desenvolvida pelo autor.
ordem de grandeza da carga não interfere no comparativo entre os resultados, desde que não
atinja os estados limites da estrutura. A Figura 5.4 ilustra uma perspectiva da modelagem
resultante.
A tabela 5.1 resume os valores absolutos dos esforços estimados pelo modelo
desenvolvido e pelo TQS. Ressalta-se que estes são os esforços solicitantes necessários para
o cálculo das equações de estado limite de laje lisa. 𝑀𝑐 é o momento característico e 𝑁𝑐 o
esforço normal característico. Na Figura 5.5 é possível identificar onde se encontra cada
trecho no pórtico. “A” significa apoio, “V” é para se referir a vão, enquanto que “L”
corresponde à ligação laje/pilar.
53
Tabela 5.1 -Resumo dos esforços absolutos em exemplo para validação do modelo numérico
mecânico.
MEF integrado
TRECHO TQS
com MPE
𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf) 𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf)
L1 2,98 23,25 3,22 22,42
L2 0,81 35,65 0,86 33,59
L3 0,81 35,38 0,86 33,59
L4 2,98 23,77 3,23 22,42
V1 14,3 - 14,74 -
V2 9,49 - 8,95 -
V3 15 - 14,74 -
A1 10,99 - 11,23 -
A2 21,57 - 23,91 -
A3 21,96 - 23,91 -
A4 10,8 - 11,23 -
Figura 5.5 – Identificação dos trechos da laje para leitura dos dados da tabela 4.1.
As Figuras 5.6 e 5.7 ilustram a diferença entre os modelos por meio de gráficos de
colunas, onde também é possível identificar o erro para cada esforço. Destaca-se que o erro
médio dos esforços foi de 5,75%.
Variáveis Desvio
Distribuição Média Fonte
Aleatórias Padrão
como de 500 MPa. O pórtico avaliado nesta etapa, diferente do utilizado no tópico 5.1, possui
agora múltiplos pavimentos, de acordo com a Figura 5.8.
Nesta tabela, é possível perceber que os apoios internos exigiram mais armadura
negativa, enquanto que no caso de momentos positivos, os vãos das extremidades exigiram
mais armadura. Este resultado é esperado em decorrência da distribuição de momentos no
pórtico. Ressalta-se que as armaduras mínimas estão sendo respeitadas neste
dimensionamento.
58
Tabela 5.4 -Resumo da probabilidade de falha e dos índices de confiabilidade para cada
elemento portante que compõe o subsistema Laje 4.
TRECHO 𝒑𝒇 𝛽
L1 6,35E-06 4,3653
L2 1,86E-06 4,6261
L3 1,86E-06 4,6261
L4 6,35E-06 4,3653
V1 1,54E-05 4,1676
V2 1,18E-07 5,1687
V3 1,54E-05 4,1676
A1 1,67E-07 5,1034
A2 4,95E-05 3,8929
A3 4,95E-05 3,8929
A4 1,67E-07 5,1034
𝒑𝒇𝑺𝒀𝑺 9,81E-05
𝜷𝑺𝒀𝑺 3,7239
Nesta tabela, é possível perceber que a ligação laje/pilar nas extremidades possui
maior probabilidade de falha, embora não tenha uma diferença significativa em relação aos
pilares centrais. Em termos de análise dos elementos sujeitos a momento positivo, percebe-
se que o vão central possui menor probabilidade de falha, tendo uma diferença significativa
em relação aos vãos de extremidade. Por fim, os apoios que resistem aos momentos negativos
apresentaram maior probabilidade de falha nos vãos internos.
Para o exemplo em questão, também é possível perceber que os índices de
confiabilidade dos elementos que resistem à punção estão maiores que o recomendado pelo
EUROCODE 2:2010, que indica que este índice esteja próximo de 3,8 para análises com
período de referência de 50 anos, que é o caso da ação de ocupação considerada.
A Figura 5.9 ilustra o processo de convergência do índice de confiabilidade para cada
modo de falha. Ressalta-se que as equações de estado limite para apoios e vãos são de flexão,
enquanto que a das ligações é o estado limite de punção.
60
6
Convergência de b
A1=A4
3
A2=A3
V1=V3
2
V2
L1=L4
1
L2=L3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Iteração
Na Figura 5.9, percebe-se que a convergência foi mais custosa na análise do estado
limite à punção nas ligações internas, seguida da análise do estado limite à flexão dos vãos
de extremidade e dos apoios internos.
Propriedades do EA Valor
𝑑𝐸𝐴 (densidade) 2700 kg/m³
𝐸𝐸𝐴 (módulo de elasticidade) 69 GPa
𝑓𝐸𝐴 (tensão de escoamento) 134 MPa
λ (coeficiente de poisson) 0,33
Fonte: Autor (2023).
Figura 5.10 – Relação de área e massa do dispositivo EA para cada pavimento do pórtico em
análise, considerando uma distribuição uniforme de massa.
0,2
0,1
0,0
1 2 3 4
Pavimento
A massa necessária por pavimeno em números absolutos seria o que consta na Figura
5.11.
como vetor de variáveis aleatórias 𝐗 𝑬𝑨 = (𝑔, 𝑞, 𝐸𝐸𝐴 ). Zhou e Yu (2004) utilizaram apenas a
massa do edifício para simular a situação de colapso, pretende-se adicionar as ações
permanentes, 𝑔, e de ocupação, 𝑞, além do peso próprio da estrutura, e, juntamente com a
consideração de incerteza da variável 𝐸𝐸𝐴 , gerar um domínio de falha e de sobrevivência, a
fim de calcular um índice de confiabilidade dos dispositivos condicionados à probabilidade
de falha para cada laje da estrutura. Desta forma, compondo a equação (3.1), será possível
determinar a otimização de custos sobre o ciclo de vida.
64
6 CONCLUSÕES
A Tabela 6.1 ilustra a cronologia esperada para as próximas etapas da pesquisa, tal
como o que foi realizado em etapas pretéritas.
66
Legenda:
(1) Dedicação às disciplinas;
(2) Revisão bibliográfica;
(3) Implementação e validação dos modelos mecânicos;
(4) Implementação e validação do módulo de confiabilidade;
(5) Implementação e validação do módulo de otimização;
(6) Redação do texto da qualificação;
(7) Qualificação ao mestrado;
(8) Aplicação da protensão e armadura de punção ao modelo mecânico;
(9) Análise dos resultados;
(10) Redação da dissertação e de artigos científicos;
(11) Defesa.
67
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