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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

JOSÉ CAIO COUTO BEZERRA CARNEIRO

Dispositivo para proteção de pilares em prédios: absorção de


impactos contra colapso progressivo

SÃO CARLOS
2023
JOSÉ CAIO COUTO BEZERRA CARNEIRO

Dispositivo para proteção de pilares em prédios: absorção de


impactos contra colapso progressivo

Texto de qualificação apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil (Engenharia de Estruturas) da Escola
de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Ciências.
Área de Concentração: Estruturas
Orientador: Prof. Dr. André Teófilo Beck

SÃO CARLOS
2023
RESUMO

CARNEIRO, J. C. C. B. Dispositivo para proteção de pilares em prédios: absorção de


impactos contra colapso progressivo. 2023. 70 p. Texto de qualificação (Mestrado em
Ciências – Engenharia Civil (Engenharia de Estruturas)) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2023.

O colapso progressivo pode ser definido como um mecanismo de reação em cadeia


caracterizado por significativa desproporção entre a área acometida pela falha inicial e a área
total afetada. Este fenômeno pode ser catastrófico em estruturas menos compartimentalizadas
e submetidas a estados limites que envolvam rupturas frágeis, como as lajes lisas, tendo em
vista que uma falha localizada tende a se propagar em toda a extensão do pavimento, como
já visto em tragédias nestas estruturas. Nesse contexto, diversas metodologias de mitigação
da propensão ao colapso desproporcional são propostas na literatura, mas poucas visam
mitigar um colapso já iniciado. Além disso, estudos aplicados em lajes lisas, onde ocorre o
fenômeno da punção, também são raros, especialmente envolvendo uma análise integrada
com a flexão na laje. Neste contexto, esta pesquisa tem como objetivo a proposição de um
dispositivo de reforço estrutural com potencial aplicação em pilares de estruturas em concreto
armado, a fim de mitigar o colapso progressivo proveniente de ruína em lajes lisas, obtendo
a melhor área deste mitigador de energia, por pavimento, assumindo colapso tipo pilha de
panquecas (pancake). Para tanto, foi formulado um problema de otimização de custo-
benefício, que leva em consideração a capacidade de absorção de energia por parte do
dispositivo e falhas em estado limite de tensões em lajes lisas. Como etapas intermediárias a
este objetivo principal, foi implementado um modelo mecânico para simulação do pórtico
com lajes lisas baseado no Método dos Pórticos Equivalentes (MPE), bem como um modelo
analítico baseado em energia para simulação do edifício em situação de colapso, que também
auxilia no dimensionamento da área necessária do dispositivo EA (energy absorbing) por
pavimento do edifício. A outra etapa intermediária à otimização é a confiabilidade do
subsistema laje, bem como a confiabilidade do dispositivo que se pretende desenvolver neste
estudo, ambas via FORM (First Order Reliability Method).

Palavras-chave: Colapso progressivo. Dispositivo de reforço. Absorção de energia.


Confiabilidade. Otimização. Lajes lisas.
ABSTRACT

CARNEIRO, J. C. C. B. Device for column protection in buildings: impact absorption


against progressive collapse. 2023. 70 p. Qualification text (Master of Science – Civil
Engineering (Structural Engineering)) – School of Engineering of São Carlos, University of
São Paulo, São Carlos, 2023.

Progressive collapse can be defined as a chain reaction mechanism characterized by a


significant disproportion between the area affected by the initial failure and the total affected
area. This phenomenon can be catastrophic in less compartmentalized structures subjected to
limit states involving brittle failures, such as flat slabs, given that a localized failure tends to
propagate throughout the entire floor, as seen in tragedies involving such structures. In this
context, several methodologies for mitigating the propensity for disproportionate collapse
are proposed in the literature, but few aim to mitigate a collapse already initiated.
Furthermore, applied studies on flat slabs, where the punching phenomenon occurs, are also
rare, especially involving an integrated analysis with flexure in the slab. In this context, this
research aims to propose a structural reinforcement device with potential application in
reinforced concrete structure columns, in order to mitigate progressive collapse resulting
from failure in flat slabs, achieving the optimal area of this energy mitigator per floor,
assuming a pancake-type collapse. To this end, a cost-benefit optimization problem was
formulated, considering the energy absorption capacity of the device and limit state failures
in flat slabs. As intermediate steps towards this main objective, a mechanical model was
implemented to simulate the frame with flat slabs based on the Equivalent Frame Method
(EFM), as well as an energy-based analytical model to simulate the building in a collapse
situation, which also assists in sizing the required area of the energy-absorbing device (EA)
per building floor. Another intermediate step in the optimization is the reliability of the slab
subsystem, as well as the reliability of the device to be developed in this study, both assessed
via the First Order Reliability Method (FORM).

Keywords: Progressive collapse. Reinforcement device. Energy absorption. Reliability.


Optimization. Flat slabs.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

1.1 Considerações iniciais........................................................................................... 7

1.2 Objetivos ............................................................................................................... 8

1.3 Justificativa........................................................................................................... 8

1.4 Metodologia .......................................................................................................... 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 11

2.1 Colapso progressivo ........................................................................................... 11

2.1.1 Tipos de colapso ................................................................................... 12

2.1.2 Diretrizes de prevenção ....................................................................... 14

2.2 Métodos de prevenção do colapso progressivo .................................................. 14

2.2.1 Tipologias de mitigação ....................................................................... 14

2.2.2 Absorvedores de energia ..................................................................... 16

2.3 Sistema estrutural de lajes lisas ......................................................................... 17

2.4 Análise do desempenho de estruturas honeycomb submetidas a impacto ....... 19

3 FORMULAÇÃO ....................................................................................................... 22

3.1 Confiabilidade de sistemas sujeitos ao colapso progressivo .............................. 23

3.2 Estado limite último em lajes lisas ..................................................................... 25

3.2.1 Flexão ................................................................................................... 25

3.2.2 Punção .................................................................................................. 27

3.3 Armadura mínima de flexão e dispensa de armadura de cisalhamento........... 31

3.4 Custo esperado de falhas de sistemas devido à incerteza .................................. 32


3.5 Modelo energético analítico para simulação do colapso ................................... 34

4 IMPLEMENTAÇÕES .............................................................................................. 38

4.1 Modelo numérico mecânico para simulação do pórtico .................................... 38

4.1.1 Modelo em elementos finitos 2D para estimar esforços solicitantes .. 38

4.1.2 Método dos pórticos equivalentes ....................................................... 41

4.2 Programa computacional para integração do MEF com o MPE ..................... 46

4.3 Limites de confiabilidade ................................................................................... 46

4.4 Análise de confiabilidade via FORM ................................................................. 47

5 RESULTADOS PRELIMINARES ........................................................................... 50

5.1 Validação do modelo numérico mecânico ......................................................... 50

5.2 Determinação da confiabilidade das lajes do pórtico ........................................ 55

5.3 Dimensionamento da área necessária do dispositivo EA .................................. 60

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 64

6.1 Considerações finais ........................................................................................... 64

6.2 Desenvolvimentos futuros e cronograma de atividades .................................... 65

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 67
7

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais


Pode-se definir o colapso progressivo como um mecanismo de reação em cadeia
caracterizado por significativa desproporção entre a área acometida pela falha inicial e a área
total afetada. Por isso, o dano total, de significativa extensão na estrutura, é desproporcional
à causa original, que é localizada (GSA, 2016). Ademais, caso a falha estrutural em questão
seja inevitável, é preferível um colapso progressivo que permita tempo de evacuação em
relação a um instantâneo, pela maior possibilidade de preservação de vidas.
No caso das estruturas de concreto armado, embora os modelos de cálculo tenham
elevada acurácia, diversas falhas estruturais ocorreram ao longo da história, variando alcance
do dano e prejuízo associado. As causas de falhas estruturais, que podem ou não acarretar
em colapsos progressivos, podem estar associadas a erros de projeto, imperícia de execução,
como também a ações excepcionais na estrutura, como no caso do atentado terrorista que
colapsou o World Trade Center.
Nesse contexto, estudos sobre as causas e técnicas de mitigação de colapso
progressivo vem ganhando maior enfoque nas últimas décadas. A maioria é concentrada na
análise dos fenômenos, enquanto uma minoria propõe dispositivos de reforço estrutural que
possam vir a ter potencial mercadológico de aplição em estruturas. Dentre as causas de
colapso progressivo, as que são predominantemente alvo dos dispositivos propostos na
literatura são o impacto lateral em pilares e o incêndio.
No presente contexto de otimização de custos, um dos sistemas estruturais em
concreto armado que mais se destaca é o de lajes lisas protendidas, cujas vantagens incluem
maior velocidade de execução, redução de índices de consumo de concreto e aço, além de
vantagens arquitetônicas e de compatibilização de projetos. Entretanto, esta tipologia
estrutural, pelo fato de a laje apoiar diretamente no pilar, proporciona o fenômeno da punção,
cuja falha ocorre de maneira abrupta, sem aviso prévio. Além disso, é uma tipologia que se
adequa à estrutura objeto desta pesquisa, que é edifício do tipo garagem, tendo em vista que
tende a ter vãos regulares e pilares alinhados, além de mais área livre para aplicação do
dispositivo a desenvolver.
8

Diante disso, é notória uma lacuna na literatura sobre dispositivos que aliem a
mitigação de causas diversas de colapso progressivo, principalmente simuladas em sistemas
estruturais de amplo uso. Além disso, essas proposições de reforço estrutural precisam ter
suas propriedades físicas e geométricas otimizadas e baseadas em custo-benefício, para
justificar uma potencial aplicação mercadológica.

1.2 Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo geral a proposição de um dispositivo de reforço
estrutural com potencial aplicação em pilares de estruturas em concreto armado. Para tanto,
pretende-se obter a melhor área deste mitigador de energia EA (energy absorbing), por
pavimento, assumindo o colapso pancake em prédio com lajes lisas. Diante disso, os
objetivos específicos são:

a) Levantar e mensurar os modos de falha em lajes lisas presentes em pórticos;

b) Implementação de modelo mecânico para simular o edifício com lajes lisas;

c) Implementação de modelo mecânico que permita estimar a área necessária de


dispositivo de mitigação de energia;

d) Implementação de métodos para a análise de confiabilidade do edifício em situação


intacta e em situação de colapso;

e) Implementação de algoritmo de otimização para encontrar a área necessária ótima do


dispositivo EA a fim de minimizar o custo esperado total;

f) Acoplar os resultados desta pesquisa, que focam na capacidade de absorção de


energia por parte do dispositivo, com resultados a respeito de sua eficiência no
combate a modos de falha local no pilar, advindos de incêndio e impacto veicular,
desenvolvidos em paralelo em outra pesquisa.

1.3 Justificativa
Embora haja uma quantidade significativa de pesquisas sobre colapso progressivo em
estruturas de concreto armado, contemplando tipologias de colapso provenientes de danos
diversos, a literatura ainda carece de pesquisas que proponham soluções para mitigação
desses fenômenos indesejados (KIAKOJOURI et al., 2022).
9

Ademais, as estruturas com lajes lisas protendidas são uma solução cada vez mais
adotada, especialmente em estruturas de múltiplos pavimentos, em decorrência de vantagens
econômicas: menor consumo de concreto pela redução da espessura da laje em decorrência
da protensão, racionamento eficiente do sistema de formas pela ausência de vigas, além dos
benefícios arquitetônicos decorrentes da possibilidade de maiores vãos e layout mais flexível
no posicionamento das alvenarias.
Essas estruturas protendidas são comumente usadas em situações que demandam
vãos maiores, para as quais a ruína de uma laje pode ser ainda mais prejudicial do que
estruturas convencionais em concreto armado, principalmente por ser um elemento único em
toda a área do pavimento, diferente das convencionais, cujas lajes são “separadas” por vigas.
Além disso, pesquisas focadas no colapso progressivo deste tipo de estrutura ainda são
escassas (ADAM et al., 2018), o que justifica a tipologia estrutural a analisar nesta pesquisa.
Diante do exposto, a proposição de dispositivos de reforço estrutural em estruturas
sujeitas a colapso, principalmente naquelas cujas falhas de um pavimento tende a ser
generalizada para os demais e em toda a extensão do pavimento, é um campo vasto de
pesquisa a explorar.

1.4 Metodologia
A metodologia deste trabalho se inicia a partir da revisão bibliográfica dos seguintes
temas: colapso progressivo e técnicas de mitigação, otimização, modelos mecânicos para
simulação de estruturas com lajes lisas e modelos mecânicos para simulação de edifícios em
colapso. Para isso, bases de dados como o Portal de Periódicos da CAPES e Web of Science
foram utilizadas. Esta etapa é contínua ao longo da pesquisa.
A etapa subsequente consiste na implementação de um modelo numérico mecânico
para simular um pórtico com lajes lisas. Para tanto, um modelo elástico linear 2D, composto
por elementos de pórtico, baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF), foi
implementado para simular um edifício. A fim de simular com adequada aproximação as
rigidezes da ligação laje e pilar, adaptações foram realizadas na modelagem de acordo com
o que preconiza o Método dos Pórticos Equivalentes (MPE). As normas ACI 318, a NBR
6118, o Eurocode 2 e a norma inglesa (BS 8110/97) permitem essa metodologia de análise
para estruturas com vãos regulares e pilares alinhados, que se adequam ao edício garagem
que se pretende analisar nesta pesquisa. A linguagem de alto nível (MATLAB) foi utilizada
nesta implementação.
10

Para a simulação da situação de colapso, a metodologia proposta por Zhou e Yu


(2004) foi implementada. A formulação proposta por estes autores é analítica e baseada em
energia total do sistema, na qual é possível entender como ocorre a mitigação de energia em
um edifício em situação de colapso. Além disso, também é possível prever a massa e a área
do dispositivo EA (energy absorbing) necessária em cada pavimento.
O método de confiabilidade utilizado para a análise do subsistema laje foi o First
Order Reliability Method (FORM). Para tanto, o software UQLab, também desenvolvido em
MATLAB, foi acoplado aos modelos mecânicos desenvolvidos nesta pesquisa.
Em posse da definição dos modelos mecânicos, para o edifício intacto e para a
situação de colapso, tal como o método de confiabilidade, pretende-se implementar um
algoritmo de otimização adequado para o problema do custo esperado total.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção é apresentada a fundamentação teórica necessária a fim de compreender


os aspectos técnicos do tema, tal como o estado da arte sobre colapso progressivo e seus
dispositivos de mitigação, ou reforço, propostos pela literatura.

2.1 Colapso progressivo


Define-se colapso progressivo como um mecanismo de reação em cadeia
caracterizado por significativa desproporção entre a área acometida pela falha inicial e a área
total afetada. Por isso, o dano total, de significativa extensão na estrutura, é desproporcional
à causa original, que é localizada (GSA, 2016).
O primeiro foco especial neste fenômeno foi em 1968, com o colapso parcial do
Ronan Point Apartment Tower, localizado em Londres (Figura 2.1). Esta estrutura era
formada por painéis pré-fabricados de concreto armado e sua construção foi pelo sistema
Larsen-Nielsen, a fim de minimizar custos de insumos e de mão de obra. Contudo, por falhas
na distribuição de esforços advindas da descontinuidade entre os elementos, houve um
colapso parcial na estrutura. Uma situação em que a minimização de custos interferiu na
segurança da estrutura (PEARSON et al., 2005; RUSSELL et al., 2019).

Figura 2.1 – Colapso parcial do Ronan Point Apartment Tower.

Fonte: The Guardian (2018).


12

Após o episódio do Ronan Point, outros colapsos foram registrados e pesquisas foram
desenvolvidas para tratar o tema, geralmente em decorrência de algum novo colapso.
Entretanto, a comunidade científica passa a circundar o tema com maior constância após o
atentado ao World Trade Center, 2001, em Nova Iorque, devido à comoção mundial que o
evento causou. Neste caso, as duas superestruturas mostraram grande capacidade em
redistribuir esforços após a perda de pilares do perímetro externo da estrutura no impacto das
aeronaves. Contudo, a explosão causada pelo combustível dos aviões, e o incêndio
subsequente, foi suficiente para que a integridade da estrutura fosse comprometida e o
edifício entrasse em colapso progressivo (BAZANT et al., 2002).
A literatura sobre este tema e tópicos afins vem crescendo ao longo dos anos, como
ilustra a Figura 2.2, especialmente após 2001, consolidando uma base de estudos e pesquisas,
com a publicação de pelo menos quatro livros e uma quantidade significativa de artigos de
revisão (KIAKOJOURI et al., 2022), onde a China é o país que mais publica a respeito do
tema, seguida de Estados Unidos e Reino Unido (ADAM et al., 2018). Dentro desse contexto,
o tema convergiu em segmentações, os quais delimitam as tipologias de colapso, em suma,
variando ação (causa) e local (elemento estrutural).

Figura 2.2 – Evolução no número de publicações sobre colapso progressivo (1968-2017).

Fonte: Adam et al. (2018).

2.1.1 Tipos de colapso

Kozlova (2013) diferencia as tipologias de colapso progressivo em seis categorias:


pancake, zipper, domino, section, instability e mixed-type collapse. As variações estão nas
causas, mecanismos e características próprias. O colapso que se espera abordar nesta
13

pesquisa, em decorrência de o estudo se ater à análise de dispositivo acionado por falha


generalizada em laje lisa, é o tipo pancake.
Além disso, a metodologia de Zhou e Yu (2004) para a propagação do colapso, que é
a base do modelo de colapso nesta pesquisa, considera uma queda vertical e contínua das
lajes, assumida a falha de determinado pavimento, o que corrobora em considerar apenas o
modo de falha pancake nesta pesquisa. Contudo, ressalta-se que o modo de propagação do
colapso para este tipo de estrutura possa ter diferentes configurações, dependendo do
elemento e da dimensão da causa.
O colapso do tipo pancake é caracterizado pela separação dos elementos estruturais e
posterior queda vertical. Dessa forma, uma força de impacto significativa causada pelas lajes
que adquirem energia cinética é aplicada nas lajes inferiores, podendo levar estas também à
ruína. Colapso típico de estruturas delgadas (Figura 2.3).

Figura 2.3 – (a) Colapso em estrutura delgada; (b) Colapso em estrutura não delgada.

Fonte: Adaptado de Kiakojouri (2022).

Situações caracterizadas pela falha inicial de um elemento, seguido pelo surgimento


de forças horizontais excessivas, propagando-se verticalmente e horizontalmente, chama-se
domino, principalmente pela reação em cadeia gerada.
Por fim, os colapsos do tipo mixed são caracterizados quando duas ou mais tipologias
citadas são combinadas em uma ocorrência de colapso progressivo. O colapso represetando
pela Figura 2.3 (b) representa esta tipologia, pois combina os tipos pancake e domino, mais
suscetível em estruturas não esbeltas.
14

2.1.2 Diretrizes de prevenção

Em 1980, normas americanas passaram a incorporar parâmetros de projeto relativos


à mitigação de colapso progressivo (NISTIR, 2007), fenômeno até então pouco explorado
em normas técnicas. Atualmente, diversos códigos normativos já tratam do tema (GSA,
2016; ABNT NBR 6118:2014; ABNT NBR 9062:2006). Mesmo que alguns abordem de
forma superficial, o objetivo destas medidas, em suma, é prover continuidade, redundância e
ductibilidade às estruturas.
A redundância refere-se à existência de possibilidades alternativas para que os
esforços possam se redistribuir em determinado sistema estrutural inicialmente danificado.
Enquanto que a continuidade é o atributo que garante a interconexão adequada à
redistribuição de cargas entre vigas, lajes e pilares, para o caso de um colapso inicial em
algum destes elementos.
Por fim, a ductibilidade é a capacidade de plastificação da estrutura, que lhe permite
a sustentação de cargas, mesmo em situações de grandes deformações. Assim, uma estrutura
dúctil, precisa suportar as transferências de cargas, resultantes da perda de algum elemento
estrutural (LARANJEIRAS, 2011).

2.2 Métodos de prevenção do colapso progressivo


2.2.1 Tipologias de mitigação

As técnicas de reforço estrutural possuem diversas tipologias, segmentadas em função


do tipo de prevenção do dano inicial, tal como dos tipos de controle de propagação do
colapso. Antes de convergir esta revisão para os tipos a explorar nesta pesquisa, é importante
visualizar o que a literatura já abordou em termos de técnicas de prevenção ao colapso.
Kiakojouri et al. (2022) subdividiu as linhas de pesquisa sobre técnicas de reforço para
mitigação de colapso progressivo de acordo com o fluxograma da Figura 2.4.
15

Figura 2.4 – Linhas de pesquisa sobre técnicas de reforço estrutural para mitigar colapso
progressivo.

Fonte: Adaptado de Kiakojouri (2022).

Segundo Kiakojouri et al. (2022), o foco no colapso progressivo induzido pelo fogo
só surgiu após grandes desastres de colapso induzidos por este fenômeno. Das pesquisas que
propõem dispositivos de mitigação, resultantes deste foco, a maioria é mais voltada para
estruturas metálicas, como o dispositivo proposto por Randaxhe et al. (2021), Figura 2.5,
devido à maior fragilidade quando comparada com estruturas de concreto armado, embora
colapsos severos devido ao fogo também possam ser ocasionados nestas estruturas.

Figura 2.5 – Dispositivo de proteção contra incêndio para pilares metálicos.

Fonte: Randaxhe et al. (2021).


16

2.2.2 Absorvedores de energia

Saindo do campo da prevenção do dano inicial, adentrando no controle do tamanho


final do colapso, pesquisas recentes vem propondo dispositivos de absorção de impacto,
também focadas no elemento pilar, não no viés da proteção ao dano local, mas no controle
do dano final. Dentre estes dispositivos (Figura 2.6): square honeycomb configuration,
telescoping tube configuration e heavy floor sandwich panel (STAROSSEK, 2017; ZHOU
E YU, 2004)

Figura 2.6 – Dispositivos de absorção de impacto: (a) square honeycomb configuration, (b)
telescoping tube configuration e (c) heavy floor sandwich panel.

Fonte: Kiakojouri (2022).

Dispositivos absorverdores de energia são sistemas capazes de dissipar energia


cinética por deformações permanentes. A estrutura externa de um carro, por exemplo, é capaz
de, em caso de colisão, sofrer este tipo de deformação como um sacrifício em prol da parte
interna, evitando que vidas sejam perdidas ou diminuindo a gravidade das consequências
para os passageiros (KIAKOJOURI et al., 2020).
Os materiais que compõem dispositivos para esta funcionalidade, também chamados
de sólidos celulares, são bons absorvedores de energia devido à natureza porosa. Quando
sujeitos a forças compressivas, as paredes celulares de material celular podem girar, dobrar
e esticar, o que é possível pelos vazios no interior (GIBSON E ASHBY, 1997).
Dentre essas soluções, Zhou e Yu (2004) propuseram o que denominaram como
heavy-duty metal-based honeycomb energy absorbing structure, que demonstrou uma
capacidade significativa de absorção de impacto para edifício em situação de colapso. O
estudo de caso foi inclusive com dados do colapso do World Trade Center. Nesta pesquisa,
17

evidenciou-se que a energia potencial liberada no colapso de cada andar é maior que a energia
dissipada na deformação do pórtico, resultado que corrobora com a importância de um
dispositivo agindo como absorsor de energia na mitigação de colapso progressivo.
Como dito antes, as pesquisas sobre colapso progressivo são escassas no tocante à
proposição de soluções, como os dispositivos citados, na literatura. Por essa razão a
motivação desta pesquisa em, para um mesmo dispositivo, mesclar uma solução de
prevenção do dano inicial, inspirada no dispositivo de Randaxhe et al. (2021), com uma
solução de controle do tamanho final de colapso, proposta por Zhou e Yu (2004).

2.3 Sistema estrutural de lajes lisas


A partir de meados dos anos 1990, o Brasil, por meio da Companhia Siderúrgica
Belgo-Mineira, passou a ter oferta de cordoalha engraxada para estruturas protendidas
(MELGES, 2001). Ao longo dos anos, este recurso estrutural que era mais comum em obras
de infraestrutura, passou a ser utilizado também em edifícios de grande porte e residências
de alto padrão. Isso se deve porque estruturas de concreto, comprimidas pelo efeito da
protensão, adquirem maior rigidez pela redução significativa de fissuras, possibilitando
deslocamentos menores em vãos maiores que os usuais de estruturas não protendidas.
Além disso, a presença da protensão na estrutura de concreto, cuja tipologia de
cordoalha não-aderente é a mais popular no mercado brasileiro, principalmente pela maior
facilidade de execução, contribui de forma significativa no combate às tensões de tração,
permitindo reduções significativas de armadura passiva, possibilitando inclusive,
dependendo do nível de protensão, que o projetista detalhe apenas armadura passiva mínima
no seu projeto, para atender às prerrogativas de estado limite de serviço da NBR 6118:2014.
Embora o insumo cordoalha para protensão seja historicamente mais caro que a
armadura passiva, as vantagens estruturais de estruturas protendidas em termos de redução
de armadura passiva, estão motivando cada vez mais construtores a adotar esta tecnologia
em suas obras, inclusive pelas vantagens em termos de maior liberdade arquitetônica, com a
possibilidade de vãos maiores, como também pela facilidade de execução e compatibilização
de projetos. Dentre as tipologias de lajes protendidas, uma das que mais se destaca nas
contruções atuais, é a de lajes lisas protendidas (Figura 2.7.b).
18

Figura 2.7 – (a) Laje cogumelo; (b) Laje lisa.

Fonte: Melges (2001).

Neste tipo de laje, não há vigas e nem engrossamento na laje ao redor do pilar, como
é necessário em lajes cogumelo (Figura 2.7.a), o que envidencia as vantagens citadas
anteriormente. Contudo, do ponto de vista estrutural, isso só é viável economicamente pelo
uso da protensão nestas estruturas, que permite o combate ao fenômeno da punção, que pode
gerar uma ruptura frágil na ligação laje pilar e consequente colapso progressivo, sem a
necessidade de engrossamentos ao redor do pilar ou de aumento expressivo na espessura da
laje.
Ressalta-se que as lajes cogumelo eram mais utilizadas antes da popularização do uso
da protensão, quando, pelas demandas de projeto, solicitava-se ao projetista que não
houvesse vigas na estruturas. Para possibilitar isso sem o uso da protensão e sem aumentar a
espessura da laje significativamente, a melhor solução era o engrossamento da ligação laje
pilar (Figura 2.8), localizado apenas na região de puncionamento, para viabilizar o combate
a este efeito. Após a oferta de protensão no país, este tipo de solução caiu em desuso.

Figura 2.8 – Tipos de laje cogumelo.

Fonte: Melges (2001).

Estruturas protendidas são comumente usadas em estruturas que demandam vãos


maiores, as quais a ruína da laje pode ser ainda mais prejudicial do que estruturas
convencionais em concreto armado. Pesquisas focadas no colapso progressivo deste tipo de
estrutura ainda são escassas (ADAM et al., 2018).
19

Além da escassez de estudos focados nesta tipologia, outra razão para a análise do
dispositivo absorsor de energia ser em pórticos com laje lisa é a sua notável aplicação em
edifícios garagem, cujos pilares tendem a ter uma área próxima livre de painéis de vedação,
o que facilitaria o encamisamento do dipositivo, como ilustrado na Figura 2.9.

Figura 2.9 – (a) edificações convencionais; (b) edifícios garagem.

Fonte: Autor (2023).

2.4 Análise do desempenho de estruturas honeycomb submetidas


a impacto
A eficiência de um dispositivo absorvedor está em dissipar a maior quantidade de
energia com a menor massa possível. Esta dissipação é realizada por meio da deformação do
dispositivo ao absorver energia. Dentre as configurações geométricas já comercializadas,
destaca-se aquelas do tipo honeycomb, como a que está presente na solução proposta por
Zhou e Yu (2004), já disseminadas em diversos setores, como o da aviação, o automotivo e
o espacial, devido a excelente relação do material entre resistência mecânica e peso
(BITZER, 1997).
Dessa forma, avaliar o rendimento de um dispositivo, como os derivados da tipologia
honeycomb, para esta função significa determinar a sua Specific Energy Absorption (SEA),
cujo significado físico consiste no quanto de energia este material consegue dissipar, por
exemplo, de um sistema estrutural em colapso, por unidade de massa do dispositivo acoplado
à estrutura.
20

Na equação (2.1), 𝐸𝑎 representa a energia absorvida durante o impacto e 𝑚𝐸𝐴 a massa


do dispositivo. A equação (2.2) representa a definição matemática de 𝐸𝑎 , que é função da
força instantânea 𝐹(𝛿 ) para um certo deslocamento 𝛿.

𝐸𝑎 (𝛿)
𝑆𝐸𝐴 = (2.1)
𝑚𝐸𝐴

𝛿𝑚á𝑥
𝐸𝑎 (𝛿) = ∫ 𝐹(𝛿 )𝑑𝛿
0 (2.2)

Além do parâmetro SEA, é importante que durante o impacto, a força máxima, 𝐹𝑚á𝑥 ,
não seja muito elevada e que a estrutura possua alto valor de Crush force efficiency (CFE),
cuja definição é dada pela equação (2.3).

𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝐶𝐹𝐸 = (2.3)
𝐹𝑚á𝑥

Na equação (2.4), 𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 é a força média durante o impacto, enquanto que 𝛿𝑚á𝑥
corresponde ao deslocamento relativo à 𝐹𝑚á𝑥 .

𝐸𝑎
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 = (2.4)
𝛿𝑚á𝑥

Dentre os parâmetros apresentados, destaca-se SEA e 𝐹𝑚á𝑥 como os mais adotados


nos estudos recentes a fim de avaliar o desempenho de estruturas honeycomb submetidas ao
impacto (BAROUTAJI; SAJJIA; OLABI, 2017).
Possíveis variáveis de projeto, a fim de maximizar a eficiência energética do
dispositivo, são o comprimento da aresta da célula do honeycomb (𝑙) e a espessura da parede
da célula que forma o honeycomb (𝑡), cujas representações geométricas estão ilustradas na
Figura 2.10. Ademais, diferentes formatos da matriz podem ser utilizados, como
representado na Figura 2.11. As demais variáveis presentes no cálculo de SEA e 𝐹𝑚á𝑥 são
dependentes de características físicas do material que compõe a matriz do honeycomb.
21

Figura 2.10 – Exemplos de variáveis de projeto para otimização de estruturas honeycomb ao


impacto.

Fonte: adaptado de Rodrigues (2020).

Figura 2.11 – Exemplos de formatos regulares da célula da matriz: (a) triangular, (b)
retangular e (c) hexagonal.

Fonte: adaptado de Rodrigues (2020).

Variáveis como estas apresentadas serão otimizadas em uma pesquisa em paralelo a


esta, que realizará uma otimização multiobjetivo, conciliando a resistência ao fogo e a
capacidade de dissipação energética em impacto ortogonal e perpendicular à direção do
plano, de um corpo de prova honeycomb.
Em paralelo, esta pesquisa se limita a minimizar o custo esperado total sobre o ciclo
de vida de uma estrutura com o dispositivo aplicado. As variáveis de projeto serão a área do
dispositivo 𝐴𝐸𝐴 e características geométricas da estrutura, como será detalhado na sessão de
formulações a seguir.
22

3 FORMULAÇÃO

O principal objetivo desta pesquisa é encontrar a área ótima do dispositivo absorvedor


de energia, 𝐴𝐸𝐴 , para pórticos diversos em lajes lisas, assumindo a situação de colapso das
lajes (modo pancake). Para tanto, é necessário simular um modelo mecânico computacional
de edifício em concreto armado, com lajes lisas, em função das variáveis aleatórias 𝐗 𝐸𝑑 =
(𝑓𝑐 , 𝑓𝑦 , 𝑔, 𝑞, 𝐸𝑐 ) e encontrar as probabilidades de falha individuais de cada elemento portante,
como também do subsistema laje, para cada pavimento. A variável aleatória 𝑓𝑐 é a resistência
à compressão do concreto, 𝑓𝑦 a tensão de escoamento do aço, 𝑔 a ação permanente, 𝑞 a ação
de ocupação e, por fim, 𝐸𝑐 é o módulo de elasticidade do concreto.
Os estados limites para falhas locais na estrutura consistem no cisalhamento presente
no fenômeno da punção na interação laje e pilar, como também as flexões no vão e nos apoios
da laje.
Por meio da metodologia de Zhou e Yo (2004), para dimensionamento e simulação
de dispositivo EA, para edifício em colapso, será feita uma consideração de aleatoriedade
por parte de algumas variáveis consideradas pelo autor como determinísticas, cujo vetor pode
ser definido por 𝐗 𝐸𝐴 = (𝑔, 𝑞, 𝐸𝐸𝐴 ). A variável aleatória 𝐸𝐸𝐴 é o módulo de elasticidade da
matriz de confecção do honeycomb.
Dito isto, pode-se descrever o problema de otimização a resolver como sendo:

Determinar: 𝐝∗
que minimize:
𝐶𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) = 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝐴 (𝐝) + 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝑑 (𝐝) +
𝑛𝑙𝑎𝑗𝑒
𝑝𝑓𝐸𝐴 (𝐝, 𝐗)𝑐𝑓𝐸𝐴 (𝐝)Ʃ𝑗=1 𝑝𝑓𝐿𝐴𝐽𝐸,𝑗 (𝐝, 𝐗) (3.1)

Nesta equação, 𝐶𝑒𝑡 representa o custo esperado total, 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝐴 representa o custo de
construção do dispositivo, enquanto que 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝐸𝑑 representa o custo de construção do
edifício. O somatório que vai de 𝑗 até o número total de lajes do edifício, 𝑛𝑙𝑎𝑗𝑒, busca
capturar o rendimento do dispositivo dependendo da laje onde ocorreu a falha.
Semelhante à diferenciação entre o vetor de variáveis aleatórias utilizado para a
análise mecânica do edifício intacto 𝐗 𝐸𝑑 , e do edifício em colapso 𝐗 𝐸𝐴 , pretende-se também
diferenciar o vetor de projeto 𝐝𝐸𝐴 = (A𝐸𝐴 ), que é composto apenas pela área necessária do
dispositivo no prédio, do vetor de projeto utilizado para variações no edifício 𝐝𝐸𝑑 =
23

(𝑙𝑝, 𝑣, ℎ). Pretende-se variar, na simulação do edifício, a medida do lado do pilar quadrado,
𝑙𝑝, tal como o vão, 𝑣, e a espessura da laje, ℎ.
Uma vez finalizada esta formulação, equação (3.1), ressalta-se que ela é inspirada na
função objetivo apresentada em Beck (2022). Neste trabalho citado, a formulação de risco
foi baseada em pórticos submetidos ao cenário de perda de pilares, cuja probabilidade desta
ocorrência foi adotada como um parâmetro independente. Os autores sugeriram que os
coeficientes normativos no dimensionamento dos elementos estruturais podem ser
diferenciados segundo a probabilidade de perda de pilares, tendo em vista sua relevância na
otimização de riscos.
Em contrapartida, a presente pesquisa propõe um modelo mecânico adequado apenas
para pequenas deformações, não sendo adequado para uma análise que envolva redistribuição
de esforços. Dito isto, a situação de colapso, que ativa o dispositivo EA, é condicionada à
falha do elemento laje dado a ocorrência de carregamentos excepcionais. Esta simplificação
visa adequar o problema de otimização do custo esperado de falha ao modelo mecânico do
pórtico em lajes lisas aqui apresentado. Modelos com redistribuição que permitam capturar
o efeito da protensão e o da armadura de punção podem comprometer o custo computacional
na geração dos resultados.
Além disso, para o caso de pórtico com lajes lisas, Olmati et al. (2017) concluíram
que o cenário de uma laje desplacar sobre outra é mais prejudicial que o cenário de remoção
de pilar em termos de colapso progressivo. Dito isto, embora a análise do colapso seja
baseada em modelo analítico simplificado de Zhou e Yo (2004), esta situação será
condicionada à probabilidade de falha mais danosa, que é a de desplacamento de laje.

3.1 Confiabilidade de sistemas sujeitos ao colapso progressivo


Segundo Beck (2019), os sistemas de engenharia são, de forma idealizada,
concebidos, projetados e construídos para não apresentarem falhas. Contudo, devido às
incertezas, os sistemas podem não apresentar o comportamento idealizado. A possibilidade
de respostas não desejadas pode ser mensurada em termos de probabilidade de falha (𝑝𝑓 ).
Diante disso, entendendo esses sistemas como as estruturas, seu i-ésimo modo de
falha pode ser escrito por meio da função de estado limite 𝑔𝑖 (𝐗), em que X corresponde ao
vetor de variáveis aleatórias.
O domínio de falha 𝛺𝑓 pode ser descrito para o i-ésimo modo de falha como:
24

𝛺𝑓𝑖 = {X |𝑔𝑖 (𝐗) ≤ 0} (3.2)

Naturalmente, a definição do domínio de sobrevivência corresponde a valores


positivos para 𝑔𝑖 (𝐗).

𝛺𝑠𝑖 = {X |𝑔𝑖 (𝐗) > 0} (3.3)

Por conseguinte, a probabilidade associada ao modo de falha i (𝑝𝑓𝑖 ) pode ser obtida
como:

𝑝𝑓𝑖 = 𝑃[𝐗 ∈ 𝛺𝑓𝑖 ] = ∫ 𝑓𝐗 (𝐗)𝑑𝐱 (3.4)


𝛺𝑓𝑖

Nesta equação (3.4), 𝑓𝑿 representa a função densidade de probabilidades de 𝐗.


Tratando-se da definição de domínio de falhas de sistemas, é importante ressaltar que se trata
de um domínio composto, podendo ser genericamente descrito como (3.5):

𝛺𝑓𝑆𝑌𝑆 = {𝐗 | ∪𝑘 [∩𝑖∈𝐶𝑘 (𝑔𝑖 (𝐗) ≤ 0)]} (3.5)

Feitas estas considerações, enfim, define-se a probabilidade de falha de um sistema


genérico (série, paralelo ou misto) como:

(3.6)
𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝑥 = ∫ 𝑓𝑿 (𝐗)𝑑𝐱
𝛺𝑓𝑆𝑌𝑆 ∪𝑘 [∩𝑖∈𝐶 (𝑔𝑖 (𝐗)≤0)]
𝑘

Antes de definir a equação da probabilidade de colapso, faz-se necessário definir o


conceito de probabilidade condicional, que consiste na probabilidade de ocorrência de um
evento 𝐴, condicional à ocorrência de um evento 𝐵, considerando que este último evento não
tenha probabilidade nula, ou seja, 𝑃[𝐵] > 0. A definição matemática consta na equação
(3.7).
𝑃[𝐴 ∩ 𝐵]
𝑃[𝐴|𝐵] =
𝑃 [𝐵 ] (3.7)
25

Uma vez definido o conceito de probabilidade de falha de sistemas, em sua forma


genérica, e de probabilidade condicional, define-se a probabilidade de colapso 𝑃𝐶 de uma
estrutura sujeita a múltiplas ameaças como (ELLINGWOOD, 2006):

𝑃𝐶 = 𝑃[𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜] = ∑𝐻 ∑𝐸 ∑𝐷 𝑃[𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜ǀ𝐷, 𝐸, 𝐻]𝑃[𝐷ǀ𝐸, 𝐻]𝑃[𝐸ǀ𝐻]𝑃[𝐻] (3.8)

Nesta expressão, 𝑃 [𝐻] representa a probabilidade de ocorrência de uma ameaça à


estrutura, como explosão, acidente, sismos e atendados. 𝑃 [𝐸ǀ𝐻] representa a probabilidade
do carregamento 𝐸, dada a ocorrência de 𝐻, como combinações de carga e distância ao alvo
(E) na ocorrência de explosões (H), outro exemplo seria combinações de velocidade e massa
de um veículo (E), para a ocorrência de acidentes (H). 𝑃[𝐷ǀ𝐸, 𝐻] é a probabilidade de dano
localizado 𝐷, condicionado à 𝐸 e 𝐻. Por fim, 𝑃 [𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜ǀ𝐷, 𝐸, 𝐻] é a probabilidade de
colapso, condicional à ocorrência de D, E e H.
A mitigação do risco de colapso progressivo pode ser alcançada ao combater três
possíveis frentes: controlando a ameaça ou reduzindo a sua taxa de ocorrência (𝑃[𝐻]), outra
alternativa é controlar ou limitar os danos locais dada a ocorrência de uma ameaça 𝑃[𝐸ǀ𝐻],
a terceira e última possibilidade é controlando a propagação de danos 𝑃[𝐷ǀ𝐸, 𝐻]. Esta última
é a abordagem objeto desta pesquisa.

3.2 Estado limite último em lajes lisas


3.2.1 Flexão

Ao tratar de seções transversais de concreto armado submetidas à flexão simples ou


composta, é necessário definir quais as hipóteses básicas simplificadoras. Nesta formulação,
segundo Araújo (2014), admite-se que uma seção transversal ao eixo do elemento estrutural
indeformado permaneça nessa condição após as deformações do elemento. Esta é
considerada a hipótese fundamental da teoria de flexão de barras esbeltas.
Além disso, também admite-se a existência de uma aderência perfeita entre o concreto
e o aço, que significa que nenhum escorregamento da armadura é considerado. Dessa forma,
as armaduras serão consideradas sujeitas às mesmas deformações do concreto que as
envolve.
Por fim, a última hipótese pertinente consiste no desprezo à resistência à tração do
concreto, considerando apenas a armadura como elemento resistente ao esforço de tração.
26

A fim de determinar o momento limite em seções retangulares com armadura simples,


ou seja, cujas barras de aço são colocadas apenas no banzo tracionado, é necessário introduzir
os seguintes parâmetros para caracterizar a seção transversal: 𝑏𝑤 (largura da seção resistente),
ℎ (altura da seção), 𝑑 (altura útil da seção) e 𝐴𝑠 (área da seção da armadura tracionada). A
Figura 3.1 ilustra estes parâmetros, tal como o vetor do momento solicitante 𝑀𝑑 atuante na
seção.

Figura 3.1 – Seção transversal de concreto armado sujeita à flexão.

Fonte: autor (2023).

Ressalta-se que a conversão de tensões características para tensões de cálculo consiste


na aplicação de coeficientes parciais. Para este problema, são 𝛾𝑓 , 𝛾𝑐 e 𝛾𝑠 . O primeiro majora
o momento de cálculo, enquanto que os dois últimos reduzem a tensão características do
concreto e do aço, respectivamente.
O 𝐴𝑠 de dimensionamento pode ser calculado de acordo com a equação (3.9):

𝜎𝑐𝑑
𝐴𝑠 = 𝜆𝜉𝑏𝑑 (3.9)
𝑓𝑦𝑑

𝜉 = 𝑥/𝑑 (3.10)

𝜎𝑐𝑑 = 𝛼𝑐 𝑓𝑐𝑑 (3.11)


Em que:
𝜆 – Fator adimensional que multiplica a linha neutra 𝑥 no equilíbrio de tensões da
seção transversal, a fim de tornar o diagrama de tensão retangular e simplificar as equações
de dimensionamento;
𝜉 – Parâmetro adimensional que é função de 𝑑 e 𝑥;
𝜎𝑐𝑑 – Tensão de compressão de cálculo do concreto;
27

𝛼𝑐 – Coeficiente de adequação do diagrama de tensão, usualmente 0,85;


𝑓𝑐𝑑 – Resistência à compressão de cálculo do concreto.
Uma vez dimensionada a seção, que é uma parte do processo pretérita à análise de
confiabilidade e de otimização, é necessário, antes de deduzir a equação de estado limite à
flexão, definir o momento resistente de uma seção já dimensionada.
O momento de ruína pode ser encontrado de acordo com a equação (3.12):

𝑀𝑟𝑑 = 𝜆𝑏𝑥(𝑑 − 0,5𝜆𝑥)𝜎𝑐𝑑 (3.12)

𝐴𝑠 𝑓𝑦𝑑
𝑥= (3.13)
𝜆𝑏𝜎𝑐

A equação (3.13), para cálculo da linha neutra, é utilizado em decorrência de a


armadura ser dimensionada sempre como simples, então há a previsibilidade da altura no
cálculo do momento resistente. Caso houvesse dúvida a respeito do domínio em que ocorre
a ruptura, poderia ser necessário alterar esta equação (3.13) para uma adequada a seções
superarmadas.
Por fim, define-se a equação de estado limite último à flexão, tanto positiva, como
negativa em seções transversais, como:

𝑔𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 (𝐗) = 𝑀𝑟𝑑 (𝑓𝑐 , 𝑓𝑦 ) − 𝑀𝑠𝑑 (𝑔, 𝑞) (3.14)

Os termos 𝑔 e 𝑞 representam as ações permanentes e de ocupação, respectivamente,


que consistem nas variáveis aleatórias necessárias para o cálculo de 𝑀𝑠𝑑 , este advindo do
modelo mecânico numérico em elemento finitos, adaptado para o Método dos Pórticos
Equivalentes.

3.2.2 Punção

De acordo com Pinto (1993), o fenômeno da punção, que, dentre outras situações,
ocorre em estruturas onde a laje se apoia diretamente nos pilares, tem sua ruína caracterizada
pela ausência de escoamento generalizado da armadura, sendo basicamente ocasionada pela
destruição local do concreto da zona comprimida no entorno do pilar, como ilustrado na
Figura 3.2. Esta ruptura é frágil, ao contrário daquelas caracterizadas por serem dúcteis,
ocorre de forma súbita, sem aviso prévio.
28

Figura 3.2: Ruína de laje por punção.

Fonte: Melges (2001).

Os parâmetros de entrada, em termos de solicitações, que um projetista estrutural deve


ter em posse para realizar as devidas prerrogativas normativas de dimensionamento estão
resumidos na Figura 3.3:

Figura 3.3: Esforços solicitantes necessários para dimensionamento à punção.

Fonte: Santos (2018).

Uma vez definidas as características geométricas e físicas dos elementos estruturais,


que representam os parâmetros portantes da estrutura, tal como os esforços solicitantes
citados, é possível realizar as prerrogativas normativas em termos de punção. A Figura 3.4
ilustra de forma resumida as verificações de acordo com a NBR 6118:2014:
29

Figura 3.4: Procedimento resumido de verificações sobre punção segundo a NBR 6118/14.

Fonte: Autor (2022).

𝐶 - Contorno da área de aplicação da carga, coincide com a superfície do pilar;


𝐶′ - Contorno crítico externo e distante 2𝑑 do contorno 𝐶;
𝐶′′- Contorno distante 2𝑑 do contorno 𝐶′ ;
𝜏𝑅𝑑1 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite para que uma laje possa
prescindir de armadura transversal;
𝜏𝑅𝑑2 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite para verificação da
compressão diagonal do concreto na ligação laje-pilar;
𝜏𝑅𝑑3 - Tensão de cisalhamento resistente de cálculo;
𝜏𝑆𝑑 - Tensão de cisalhamento solicitante de cálculo;
𝑑 - Altura útil da laje;
𝐴𝑠𝑤 - Armadura de punção em um contorno completo paralelo à 𝐶′.

O modelo de cálculo da NBR 6118:2014, baseado no EUROCODE 2:2004,


corresponde à verificação do cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas definidas no
entorno de forças concentradas. Na primeira superfície crítica (contorno C), do pilar ou da
carga concentrada, deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do
concreto, através da tensão de cisalhamento. Na segunda superfície crítica (contorno C')
afastada 2d do pilar ou carga concentrada, deve ser verificada a capacidade da ligação à
punção, associada à resistência à tração diagonal. Essa verificação também é feita através de
uma tensão de cisalhamento, no contorno C'. Caso haja necessidade, a ligação deve ser
reforçada por armadura transversal. A terceira superfície crítica (contorno C'') apenas deve
ser verificada quando for necessário colocar armadura transversal.
30

O ACI 318:2019 estabelece que deve ser feita a comparação entre a força atuante 𝑉𝑢
e a força nominal resistente 𝑉𝑛 , de forma semelhante ao processo de cálculo da NBR
6118:2014. Além disso, seu equacionamento considera o size effect, que consiste em
correlacionar modelos experimentais, em tamanhos reduzidos, com os elementos estruturais
em escala natural. Pode também ser entendido como a redução da tensão nominal ao
cisalhamento com o aumento da espessura do elemento estrutural.
Por fim, a última atualização do fib MODEL CODE: 2010, está baseada na Teoria da
Fissura Crítica de Cisalhamento, proposta por Muttoni (2008), adaptada para aplicações em
projeto por meio de coeficientes de segurança, como o 𝑘𝛹 , que é um coeficiente redutor da
resistência à punção, dependente da rotação da laje ao redor da área apoiada.
Para esta pesquisa, o procedimento adotado foi o ilustrado na Figura 3.4, em que
apenas a situação de dispensa de armadura de punção foi adotada. Com isso, a equação de
estado limite expandida, semelhante à de Rabello (2016), pode ser descrita como:

1
20 𝑢
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 (1 + 𝑘𝑒 𝑊1 ) (3.15)
1

𝑀𝑠𝑑
𝑒= (3.16)
𝐹𝑠𝑑
Em que:
ξ - Valor implícito de segurança no cálculo da punção pela NBR 6118/14;
𝑑 - Altura útil da laje;
𝜌 - Taxa de armadura negativa de flexão;
𝑓𝑐 - Resistência à compressão do concreto;
𝐹𝑠𝑑 - Força de puncionamento;
𝑢1 - Perímetro de controle na distância 2𝑑 do pilar;
𝑘 - Coeficiente de proporção dos lados do pilar;
𝑒 - Excentricidade da reação de esforço normal do pilar;
𝑊1 - Módulo de resistência plástica do perímetro crítico.

Com o objetivo de simplificar a equação de estado limite, o termo que multiplica 𝐹𝑠𝑑
será substituído por um 𝛽’(EUROCODE 2/10; BELLUZZI, 1971; ), que, ao retirar o termo
de excentricidade 𝑒 da reação, oculta a necessidade de consideração do momento fletor no
31

cálculo da punção. Este 𝛽’ é função da posição do pilar na laje: borda (𝛽’ = 1,40), interno
(𝛽’ = 1,15) ou canto (𝛽’ = 1,50).
A simplificação é pertinente tendo em vista a dificuldade de estimar o momento fletor
cuja direção coincide com o plano do pórtico 2D, objeto desta pesquisa. Desta forma, uma
equação reduzida para o estado limite último à punção pode ser descrita como:

1
20
𝑔𝑝𝑢𝑛çã𝑜 (𝐗) = τ𝑅𝑑 − τ𝑆𝑑 = ξ (1 + √ 𝑑 ) (100𝜌𝑓𝑐 )3 − 𝐹𝑠𝑑 𝛽’ (3.17)

3.3 Armadura mínima de flexão e dispensa de armadura de


cisalhamento
Além do cálculo da capacidade resistente necessária de uma laje para os estados
limites de flexão e de punção, é necessário respeitar as armaduras mínimas de serviço, a fim
de melhorar o desempenho e a dutilidade à flexão, como também para controlar a fissuração.
Para o dimensionamento da estrutura a verificar a probabilidade do sistema, adotou-
se para a armadura positiva e para a negativa a equação (3.18). O valor de 𝜌𝑚í𝑛 pode ser
encontrado pela Tabela 19.1 da NBR 6118:2014 em função do 𝑓𝑐𝑘 .

𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 𝑏ℎ (3.18)

Para o caso de armaduras positivas, esse 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 pode ser multiplicado por 0,67,
redução que será adotada neste dimensionamento.
Outra verificação necessária é se a laje dispensa a armadura de cisalhamento, uma
vez que adicionar estribos a uma laje é um processo contraprodutivo em termos de execução.
Para que essa armadura transversal possa ser dispensada, é necessário que a tensão
convencional de cisalhamento τ𝑤𝑑 seja menor que um determinado valor limite, equação
(3.19). A tensão limite, τ𝑤𝑢1 , depende da resistência do concreto, da taxa de armadura
longitudinal do banzo tracionado e da espessura da laje.

τ𝑤𝑑 ≤ τ𝑤𝑢1 (3.19)

Em que:

τ𝑤𝑑 = 𝑉𝑑 /(𝑏𝑤 𝑑) (3.20)


32

Para o caso de lajes submetidas à flexão simples e considerando 𝜌1 como a taxa de


armadura longitudinal de tração, tem-se:

τ𝑤𝑢1 = 𝑘(1,2 + 40𝜌1 ) τ𝑟𝑑 (3.21)


τ𝑟𝑑 = 0,25 𝑓𝑐𝑡𝑑 (3.22)

Onde 𝑓𝑐𝑡𝑑 representa a resistência à tração de cálculo do concreto, obtida por:

𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 /𝛾𝑐 (3.23)

Neste caso, adota-se a resistência à tração característica inferior:

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7𝑓𝑐𝑡𝑚 (3.24)

Por fim, o valor de τ𝑟𝑑 , considerando concretos com 𝑓𝑐𝑘 menor que 50 MPa, resulta:

τ𝑟𝑑 = 0,0375(𝑓𝑐𝑘 )2/3 (3.25)

Dito isto, encerra-se a etapa de revisão do dimensionamento da estrutura, tanto para


respeitar as tensões oriundas do esforço de flexão, como aquelas oriundas da punção. Além
disso, como retratado neste tópico, armaduras mínimas e dispensa de armadura de
cisalhamento também foram consideradas no processo de dimensionamento, a fim de que a
estrutura possua elementos portantes compatíveis com estruturas reais.

3.4 Custo esperado de falhas de sistemas devido à incerteza


Antes de adentrar na teoria sobre o custo esperado de falha em sistemas, é necessário
uma introdução a respeito do que é o problema de otimização na sua forma mais generalista.
Segundo Rao (2009), um problema de otimização pode ser definido por:
33

𝑑1
𝑑2

Encontrar 𝐝 = 𝑑3 que minimize 𝑓(𝐝)

{𝑑𝑛 }
Sujeito às seguintes restrições:
𝑔𝑗 (𝐝) ≤ 0, 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑞
ℎ𝑖 (𝐝) = 0, 𝑖 = 1, 2, . . . , 𝑝 (3.26)

Nesta equação, 𝐝 é um vetor de dimensão n chamado de vetor de projeto, enquanto


que 𝑓(𝐝) representa a função objetivo, 𝑔𝑗 (𝐝) e ℎ𝑖 (𝐝) são, respectivamente, as restrições de
desigualdade e de igualdade. O número de variáveis n e o número de restrições q e/ou p
precisam estar relacionadas de alguma forma. O problema apresentado da equação (3.26) é
conhecido como problema de otimização com restrição. Caso não haja restrições, o problema
será conhecido como problema de otimização sem restrições, cuja única diferença, quando
comparada com a equação (3.26), está na ausência das restrições 𝑔𝑗 (𝐝) e ℎ𝑖 (𝐝).
Uma vez definido o problema de otimização em engenharia na sua forma mais
generalista, pode-se aplicar esse conceito no problema do custo esperado de falhas em
sistemas devido à incerteza.
Algumas consequências de falhas podem ser medidas em termos financeiros, por
meio de uma função custo de falha (𝑐𝑓 ). Enquanto que o risco associado à falha é dado pela
equação (3.27), expressão que pode ser interpretada como custo esperado de falha (𝑐𝑒𝑓 ):

𝑐𝑒𝑓 = 𝑝𝑓 𝑥 𝑐𝑓 (3.27)

Diversos custos, na realização de um empreendimento, são levados em consideração,


como por exemplo: aquisição de terreno e custos de projeto. Os custos esperados de falha são
custos ditos indiretos, a serem pagos apenas na ocorrência de eventos de falha. Estas podem
ter magnitude variada, desde falhas que provoquem interrupção breve da produção, até mesmo
falhas catastróficas, como explosões ou incêndios. Diante disso, são necessárias
quantificações de custo-benefício para medidas, especialmente preventivas, para que os
investimentos em segurança, seja na fase de projeto ou na fase de execução, tenham
justificativa financeira para o empreendedor.
34

Uma das maneiras de quantificar este custo-benefício, é por meio de um problema de


otimização matemática, cuja formulação genérica já foi apresentada, particularizando agora
em aplicação que busca o ponto de mínimo custo esperado total:

Determinar ∶ 𝐝∗
Que minimize : 𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗)
Sujeito a restrições de
projeto: d ∈ D (3.28)

Nesta equação, 𝐝 é um vetor que reúne as variáveis de projeto: dimensões de


elementos estruturais, taxas de armadura, propriedades do reforço utilizado etc, D é o espaço
de projeto, 𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) é o chamado custo esperado total, sobre o ciclo de vida de um
empreendimento de engenharia, obtido de acordo com (3.29).

𝑐𝑒𝑡 (𝐝, 𝐗) = 𝑐𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 (𝐝)


+𝑐𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑟𝑢çã𝑜 (𝐝)
+𝑐𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝐝)
+𝑐𝑖𝑛𝑠𝑝.&𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡. (𝐝)
+𝑐𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒 (𝐝)
+∑𝑖 𝑐𝑓𝑖 (𝐝) 𝑝𝑓𝑖 (𝐝, 𝐗).
(3.29)

Sendo 𝑐𝑓𝑖 (𝐝) o custo associado ao evento de falha 𝑖.

3.5 Modelo energético analítico para simulação do colapso

Para o módulo de análise do colapso, esta pesquisa adota a formulação proposta por
Zhou e Yu (2004), que propõe uma estimativa simples do comportamento dinâmico de um
edifício em colapso.
Supondo que haja uma situação de desabamento progressivo de lajes, em cada andar
que desplaca, mais energia potencial é convertida em cinética, contribuindo para a energia
total do sistema. Neste processo, há uma resistência apresentada pelo pavimento abaixo ao
que está em colapso, porém a sua capacidade de dissipação energética, que é o que poderia
mitigar o processo, é mínima. Isto ocorre porque os pilares sobrecarregados deformam
minimamente antes de falhar e desabar com o restante dos elementos estruturais do
35

pavimento. Essa é a justificativa apresentada por Zhou e Yu (2004) para assumir a não
consideração da capacidade dissipativa dos pilares antes da falha, no modelo proposto,
deixando apenas o dispositivo mitigador, ou energy absorbing device (EA), como
responsável por este objetivo.
Além disso, também é assumido que o dispositivo de mitigação é instalado em cada
pavimento do edifício, este deve ser instalado na área livre disponível, e outra simplificação
assumida é que todos os dispositivos instalados são comprimidos de forma uniforme durante
o colapso de um pavimento.
Assume-se que a massa de cada pavimento do edifício é uma função linear, de acordo
com a equação (3.30).

m(i) = φ(n+1-i), i = 1, . . . , n (3.30)

A massa em cada pavimento é m(i), onde i representa o i-ésimo pavimento, n é o


número total de andares e φ é o coeficiente a determinar a partir da massa total do edifício,
que é equivalente à massa do último andar. Considerando um andar 𝑗 qualquer nesta
estrutura, a massa total deste pavimento, juntamente com o que está acima, pode ser
representado como:
𝑛 𝑛
1
𝑀(𝑗) = ∑ m(i) = ∑ φ(n+i-1) = φ(n-j+1)(n-j+2)
2 (3.31)
𝑖=𝑗 𝑖=𝑗

Pode-se definir que a força máxima admissível 𝐹𝑐 do piso é:

𝐹𝑐 = 𝜂(𝑀 + 𝑚)𝑔′
(3.32)

Nesta equação, 𝜂(> 1), é o fator de segurança e 𝑔′ representa a aceleração da


gravidade. A variação da energia cinética do sistema após colapso de um novo pavimento
pode ser dada por:
𝛥𝐸 = (𝑀 + 𝑚)𝑔ℎ − 𝑊𝑐
(3.33)

Nesta equação (3.33), 𝑊𝑐 representa o trabalho realizado. A equação (3.33) também


pode ser escrita de outra forma, mais abrangente:
36

𝜂
𝛥𝐸 = (𝑀 + 𝑚)𝑔ℎ′ (1 − ) = (𝑀 + 𝑚)𝑔ℎ(1 − Ѱ)
𝜔 (3.34)

O termo Ѱ equivale à relação entre 𝜂/ 𝜔, sendo 𝜔(> 1) um parâmetro que relaciona


𝐹𝑐 , ℎ’(altura máxima de queda de um pavimento) e o trabalho realizado, 𝑊𝑐 , como representa
a equação (3.35).
𝐹𝑐 ℎ
𝜔=
𝑊𝑐 (3.35)

A importância de Ѱ está em definir se a energia cinética do sistema diminui ou


aumenta à medida que ocorre o colapso. Quando Ѱ < 1, significa que a energia cinética
aumentará após o colapso de cada andar adicional, ou seja, o colapso não será interrompido
tendo que vista que a energia cinética continua aumentando, fazendo deste exemplo um
sistema inerentemente instável. Em contrapartida, se Ѱ > 1, então parte da energia cinética
já acumulada no colapso será dissipada, quando a velocidade de colapso se tornar pequena o
suficiente, este será interrompido, fazendo com que esse sistema seja considerado
inerentemente estável.
Quando ocorrer a solicitação compressiva no dispositivo de absorção, ele deve prover
uma força, para um andar j qualquer, de acordo com (3.36), que é uma releitura da equação
(3.32).

𝐹𝑐 (𝑗) = η𝑀(𝑗)𝑔 (3.36)

Nesta equação, o fator de segurança η é considerado o mesmo para todos os


pavimentos. Como este fator é maior que 1, então o trabalho plástico realizado pelo EA é
maior do que a energia potencial recém liberada. Dessa forma:

𝑊𝐸𝐴 = 𝐹𝑐 (𝑗)ℎ = η𝑀(𝑗)𝑔ℎ > 𝑀(𝑗)𝑔ℎ (3.37)

Caso o EA de determinado pavimento utilize todo o seu comprimento útil, durante o


processo de dissipação energética, se ainda houver energia cinética restante no sistema, a
força de esmagamento aumentará acentuadamente, fazendo com que o próximo andar
desmorone, acionando o disposito do pavimento atual. Neste processo, há uma contínua
dissipação de energia do sistema.
37

Para atingir a força de esmagamento necessária por parte do EA, deve-se conhecer a
sua tensão última de compressão, onde 𝐹𝐸𝐴 é a força de esmagamento e 𝐴𝐶𝑃 é a área do corpo
de prova.

𝐹
𝜎𝐸𝐴 = 𝐴𝐸𝐴 (3.38)
𝐶𝑃

Em posse desse conceito e das propriedades físicas da matriz que compõe o EA, como
uma matriz derivada de alumínio para uma configuração honeycomb, deve-se conhecer a
densidade (𝑑𝐸𝐴 ), o módulo de elasticidade deste alumínio (𝐸𝐸𝐴 ), a sua tensão de escoamento
𝑓𝐸𝐴 , como também o coeficiente de Poisson λ. Além dessas propriedades físicas do material
base, deve-se conhecer o índice de vazios (𝛼𝐸𝐴 ) do corpo de prova, que é uma propriedade
dependente da sua geometria.
Finalmente, determina-se a capacidade de dissipação do EA, em energia por volume,
como:
𝐸𝐴𝑉 = 𝜎𝐸𝐴 𝜏𝐸𝐴 (3.39)

Nesta equação, 𝜏𝐸𝐴 representa a densidade levando em consideração o índice de


vazios, como representado em (3.40).

𝜏𝐸𝐴 = 𝛼𝐸𝐴 𝑑𝐸𝐴 (3.40)

A equação (3.41) também pode ser escrita em função da dissipação por massa do
dispositivo EA:

𝐸𝐴𝑀 = 𝐸𝐴𝑉 /𝜏𝐸𝐴 (3.41)

Dessa forma, é possível definir a massa e a área necessária de um dispositivo


absorvedor EA, desde que sejam conhecidas suas características físicas e geométricas, tal
como a massa total do edifício a mitigar num possível colapso. Esta formulação será utilizada
como base no problema da otimização de risco de um edifício em lajes lisas e seus modos de
falha, considerando a área necessária do dispositivo EA como a variável de projeto.
38

4 IMPLEMENTAÇÕES

4.1 Modelo numérico mecânico para simulação do pórtico


4.1.1 Modelo em elementos finitos 2D para estimar esforços solicitantes

O Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste na fragmentação de um meio


contínuo em vários elementos. Estes elementos são descritos por equações diferenciais e,
dependendo da magnitude do problema, devem ser solucionados por meio de recursos
computacionais.
Levando em consideração que o Método dos Pórticos Equivalentes, que é um método
de estimativa de esforços em lajes lisas, permite análises com a hipótese de material linear
elástico, simulando a laje como elemento de barra, a formulação em elementos finitos para
esta pesquisa se limita ao elemento de pórtico. Além da consideração do material como linear
elástico, a formulação do MEF para análise linear de estruturas também assume pequenos
deslocamentos e condições de contorno constantes, ou seja, não variam durante a aplicação
das cargas (BATHE, 2016).
A partir dessas condições, pode-se descrever o vetor de deslocamentos nodais da
estrutura 𝒖, que é relacionado linearmente com o vetor de cargas externas 𝐅𝒆𝒙𝒕 , de acordo
com a equação (4.1):
𝐊𝐮 = 𝐅𝒆𝒙𝒕 (4.1)

Nesta equação, 𝐊 representa a matriz de rigidez global da estrutura. Disso isso, caso
um coeficiente 𝜓 multiplique o vetor de forças, como 𝜓𝐅𝒆𝒙𝒕 , os deslocamentos também
aumentam de tal forma 𝜓𝐮. Esta é uma leitura da Lei de Hooke, que preconiza que a tensão
é proporcional ao produto da deformação pelo módulo de elasticidade do material.
Além disso, também é considerado o princípio de Saint-Venant, que indica que a
distribuição de tensões pode ser considerada equivalente em uma seção suficientemente
distante do ponto de aplicação dos carregamentos.
Retomando o elemento de pórtico, considera-se que cada elemento de pórtico possui
dois nós e três graus de liberdade para cada nó respectivo. A Figura 4.1 representa estes
elementos e as forças nodais em cada nó, tanto para o sistema global, como para o sistema
local.
39

Figura 4.1 – Representação das forças generalizadas de uma barra em sistema global e em
sistema local.

Fonte: MARTHA (2017).

É possível identificar também as forças do vetor 𝐅𝒆𝒙𝒕 , equação (4.2), nas coordenadas
globais.

𝑓1
𝑓2
𝑓
𝐅𝒆𝒙𝒕 = 3
𝑓4
𝑓5
(4.2)
[𝑓6 ]

No sistema global de coordenadas, o vetor de deslocamento nodais 𝐮, para elementos


de pórtico planos, consiste em:
𝑢1
𝑣1
𝜃1
𝐮= 𝑢
2
𝑣2
[𝜃2 ] (4.3)

Na equação (4.3), 𝑢𝑖 , 𝑣𝑖 e 𝜃𝑖 representam os deslocamentos horizontal, vertical e a


rotação, respectivamente, sendo 𝑖 = 1, 2, representando o nó inicial 1 e o nó final 2 do
elemento.
A relação entre os deslocamentos nos sistemas global e local de coordenadas é dada
por:
40

𝑢1 𝑢𝐿1
𝑣1 𝑣𝐿1
𝜃1 𝜃𝐿1
𝑢2 = 𝐑 𝑢𝐿2 (4.4)
𝑣2 𝑣𝐿2
[𝜃2 ] [ 𝜃𝐿2 ]

Em (4.4), 𝐑 representa a matriz de rotação, descrita como (4.5):

𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 0 0 0 0
−𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑐𝑜𝑠𝛼 0 0 0 0
0 0 1 0 0 0
𝐑= (4.5)
0 0 0 𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 0
0 0 0 −𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑐𝑜𝑠𝛼 0
[ 0 0 0 0 0 1]

Esta formulação desenvolvida é válida para um único elemento de pórtico, mas para
o caso que se pretende simular nesta pesquisa, como o da Figura 4.2, há uma integração entre
vários elementos de pórtico, de tal forma que as matrizes de rigidez locais e os vetores de
forças locais para cada elemento devem ser devidamente rotacionados e superpostos a fim de
gerar uma equação de equilíbrio global da estrutura, análoga à equação (4.1), mas agora com
a estrutura sendo composta por diversos elementos de pórtico.

Figura 4.2 – Pórtico a simular.

Fonte: Autor (2023).

Ressalta-se que este modelo mecânico se limita ao comportamento elástico linear dos
materiais, não considerando não linearidade física e geométrica, como também não considera
efeitos dinâmicos. Tratando-se de uma análise de colapso progressivo, esta abordagem é
considerada conservadora e simplificada, mas se justifica pela adequação à simulação de
lajes lisas com vãos e pilares regulares. Além disso, é adequada às simplificações do modelo
41

de colapso progressivo proposto por Zhou e Yu (2004), que é a metodologia base para
simulação do dispositivo proposto.

4.1.2 Método dos pórticos equivalentes

Uma vez definido o modelo estrutural para simulação numérica de uma estrutura,
adaptações precisam ser feitas para que o comportamento da ligação direta laje/pilar em
estrutura de concreto seja expressa pelo modelo numérico. Uma alternativa de simples
adaptação para um modelo em elementos finitos de pórtico, a fim de estimar a rigidez
aproximada dos elementos que compõem um pórtico em laje lisa é o Método dos Pórticos
Equivalentes (MPE).
Este método é baseado no teorema estático para determinar esforços atuantes em lajes
de concreto. A representação da estrutura é discretizada em uma série de pórticos em cada
uma das direções (Figura 4.3), 𝑙𝑦 representa o comprimento entre os pilares. Alguns códigos
que abordam seu uso para estimativa de esforços solicitantes a fim de dimensionar estruturas
em lajes lisas são o ACI 318, a NBR 6118, o Eurocode 2 e a norma inglesa (BS 8110/97).

Figura 4.3 – Definição dos pórticos de acordo com a norma brasileira.

Fonte: adaptado de Emerick (2005).

A norma brasileira prescreve que as lajes apoiadas diretamente sobre os pilares devem
ser calculadas em regime rígido plástico, ou elástico, sendo este último o caso desta pesquisa.
Para que este método possa ser adotado, os pilares devem estar alinhados em ambas as
42

direções, possibilidade que corrobora com a ideia inicial de aplicação do dispositivo em


edifícios garagem, cujos pilares tendem a obedecer esta condição do método.
Além disso, a distribuição de momentos fletores, ao dividir os painéis das lajes, deve
ser feita da seguinte forma: 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas, 27,5%
dos momentos positivos para cada uma das faixas externas, 25% dos momentos negativos
para as duas faixas internas e 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas
externas. A determinação geométrica dessas faixas entre os apoios está descrita na Figura
4.4.
Figura 4.4 – Determinação geométrica das faixas interna e externa.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).

A definição da largura das faixas é igual na norma brasileira e na americana, contudo,


em termos de definição das faixas para a distribuição dos momentos, o ACI considera a
largura das faixas definidas por 25% do menor vão da laje, assim como preconizam as normas
européia e inglesa.
O ACI permite que seja realizado um aumento da rigidez na região dos pilares em
decorrência da presença de capitéis, engrossamentos ou até mesmo a existência do próprio
pilar, como é o caso das lajes lisas tratadas nesta pesquisa. Neste caso, o momento de inércia
da “laje-viga”, 𝐼𝑒𝑞 , no eixo do pilar até a face externa é tomado como o valor do momento
de inércia na face do pilar (havendo ou não engrossamento), dividido por:

𝑐𝐴
(1 − ) (4.6)
𝑙2

O termo 𝑐𝐴 é a dimensão do apoio na direção transversal ao pórtico e 𝑙2 é o vão na


direção transversal ao pórtico. O ACI leva em consideração o fato de existir uma diferença
43

significativa entre a laje do pórtico e o pilar no cálculo do pórtico equivalente. Esta


consideração é feita pela atribuição de uma rigidez à torção no encontro do pilar com a laje
do pórtico. A partir da combinação da rigidez do elemento de torção com a do pilar, calcula-
se uma rigidez equivalente 𝑘𝑒𝑐 , dada por:

1 1 1
= + (4.7)
𝑘𝑒𝑐 ∑𝑘𝑐 𝑘 𝑇

Nesta equação, 1/𝑘𝑒𝑐 é a flexibilidade do pilar equivalente, ∑𝑘𝑐 é a soma da rigidez


dos pilares acima e abaixo do pórtico, enquanto que 𝑘 𝑇 é a rigidez do elemento torcional.
Por conseguinte, a rigidez de uma barra bi-engastada pode ser calculada pela equação
(4.8):
4𝐸𝑐 𝐼𝑐
𝑘𝑐 = (4.8)
𝑙𝑐

Onde 𝐸𝑐 representa o módulo de elasticidade do pilar, 𝐼𝑐 é o momento de inércia do


pilar e 𝐿𝑐 é o comprimento do mesmo.
Além disso, o ACI define a rigidez do elemento torcional como:

9𝐸𝑐 𝐶𝑒𝑞 (4.9)


𝑘𝑇 = ∑
𝑙2 (1 − 𝐶𝐴 /𝑙2 )³

Sendo:

𝑥 𝑥³𝑦
𝐶𝑒𝑞 = ∑ [(1 − 0,63 ) ] (4.10)
𝑦 3

Os elementos geométricos x e y representam o menor e o maior lado do retângulo que


compõe a seção transversal da laje-pilar, como ilustra a Figura 4.5:
44

Figura 4.5 – Elementos geométricos e inércias das barras para o MPE.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).

Outra possibilidade para considerar a rigidez equivalente, que inclusive foi a adotada
para o desenvolvimento do modelo mecênico desta pesquisa, é por meio do cálculo do
comprimento equivalente para o pilar, de tal forma que a rigidez do pilar passe a ser a rigidez
equivalente do conjunto, como representado pela Figura 4.6.

Figura 4.6 – Pilar equivalente.

Fonte: adaptado de EMERICK (2005).

Por fim, ressalta-se que, embora o método capture os esforços solicitantes para lajes,
a fim de dimensionar e calcular os estados limites últimos em diferentes situações, não foi
encontrado na literatura aplicações do método para estimar esforços nos pilares. Esta possível
lacuna no método não deve afetar o estudo do colapso para estruturas em laje lisa, pois estes
45

se caracterizam pela particularidade de preservar os pilares após ocorrência de colapso,


tendendo a falhar apenas as lajes, como ilustrado nas Figuras 4.7 e 4.8.

Figura 4.7 – Pilares quase intactos após colapso do Cassino Tropicana.

Fonte: CTL Group (2003).

Figura 4.8 – Pilares quase intactos após colapso de laje em condomínio residencial.

Fonte: Gazeta (2016).

Por esta razão, apenas os modos de falha da laje, tal como na ligação laje/pilar, serão
abordados no estudo de confiabilidade do sistema. Os estados limites da laje são descritos no
tópico a seguir.
46

4.2 Programa computacional para integração do MEF com o MPE


O código desenvolvido para o módulo mecânico integra o MEF com o MPE, ou seja,
os elementos de pórtico advindos da formulação em elementos finitos são adaptados de
acordo com sua função estrutural em uma hipotética estrutura em lajes lisas, podendo ser um
pilar, um trecho da laje ou um trecho da ligação laje/pilar. É necessário adaptar as rigidezes
dos trechos da ligação laje/pilar, tal como a altura equivalente das barras que compõem estes
trechos. Além disso, é necessário calcular o comprimento equivalente dos pilares a fim de
capturar no modelo a rigidez adequada. A linguagem utilizada para este desenvolvimento foi
MATLAB.
Um resumo do fluxo de processamento do código desenvolvido está descrito na
Figura 4.9.

Figura 4.9 – Fluxo de rotinas computacionais para processamento do módulo mecânico.

Fonte: Autor (2022).

Para validar o modelo numérico e aplicá-lo nas rotinas de confiabilidade e de


otimização, foi modelada uma laje lisa no software TQS, como forma de comparar os
esforços solicitantes gerados pelos dois programas. Para tal, foi disponibilizada, por parte da
empresa desenvolvedora, uma licença educacional plena que permite a modelagem e o
processamento desta tipologia estrutural, tendo em vista que as versões educacionais
gratuitas não permitem o apoio de lajes diretamente em pilares. Os resultados preliminares
desta implementação se encontram no tópico 5.1.

4.3 Limites de confiabilidade


O cálculo desta probabilidade de falha em sistemas envolve a avaliação de interseções
e uniões de eventos múltiplos, no caso de uma laje lisa, por exemplo, pode ser a ruína por
punção, as flexões positivas no vão ou as negativas nos apoios. Por não ser uma tarefa trivial
47

a avaliação da relação entre os eventos de falha, Cornell (1967) definiu uma abordagem que
permite a determinação da probabilidade de falha de sistemas, equação (3.9), por meio dos
limites de probabilidade. Quando considerados limites uni-modais, possibilidade mais
simplista para a determinação do intervalo de probabilidades de falha, os limites são
definidos como:

𝑛
𝑛
𝑚𝑎𝑥𝑖=1 [𝑃(𝐹𝑖 )] ≤ 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 ≤ ∑ 𝑃[𝐹𝑖 ] (4.11)
𝑖=1

A fim de determinar um intervalo mais preciso, pois desconta a interseção dois a dois
entre os diversos modos de falha, também pode-se aplicar os limites bi-modais
(DITLEVSEN, 1979), considerados mais precisos que os uni-modais, com um nível de
aproximação já satisfatório para diversos tipos de problemas:

𝑛𝑙𝑠 𝑖−1 𝑛𝑙𝑠 𝑛𝑙𝑠

𝑃[𝐹1 ] + ∑ max[0, 𝑃[𝐹𝑖 ] − ∑ 𝑃(𝐹𝑖 ∩ 𝐹𝑗 )] ≤ 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 ≤ ∑ 𝑃[𝐹𝑖 ] − ∑ 𝑚𝑎𝑥𝑖>𝑗 [𝑃(𝐹𝑖 ∩ 𝐹𝑗 )] (4.12)


𝑖=2 𝑗=1 𝑖=1 𝑖=2

4.4 Análise de confiabilidade via FORM


O método de confiabilidade utilizado para estimar as probabilidades de falha dos
modelos desenvolvidos nesta pesquisa é o FORM – First Order Reliability Method, baseado
na transformação de Hasofer e Lind (1974). Por ser um método de transformação, envolve a
solução de um problema de otimização para busca do ponto de projeto.
Neste método, é possível incorporar à análise, além da média e covariância das
variáveis aleatórias, informações a respeito de distribuição de probabilidades, como também
a correlação entre as variáveis aleatórias do problema.
O método consiste basicamente em mapear a função de probabilidade conjunta, 𝑓𝐗 ,
do espaço padrão de projeto 𝕏 para o espaço isoprobabilístico 𝕐. Para tanto, é necessário
aplicar o princípio da aproximação normal (DITLEVSEN, 1981; DER KIUREGHIAN E
LIU, 1986) e a tranformação de Nataf (1962).
O princípio da aproximação normal consiste em determinar, para um ponto 𝑥𝑖∗ , uma
distribuição normal equivalente que preserve o conteúdo de probabilidades da distribuição
cumulativa conjunta original, 𝐹𝑋 (𝑥𝑖∗ ), neste ponto. Por conseguinte, a trasformação de Nataf
48

elimina possíveis correlações entre as variáveis, por meio da decomposição ortogonal ou da


fatoração de Cholesky.
No espaço 𝕐, a equação de estado limite 𝑔𝑖 (𝐗) é aproximada por um hiper-plano
tangente a esta no ponto de projeto. Este ponto, 𝑦 ∗ , representa o de mais provável ocorrência
no domínio de falha. Este pode ser obtido a partir do seguinte problema de otimização:

Determinar: 𝑦 ∗
Que minimize : ‖𝑦‖ = √𝑦 𝑡 𝑦
Sujeito à restrição: 𝑔(𝑦) = 0
(4.13)

Nesta equação, 𝑦 representa o vetor de variável aleatória no espaço isoprobabilístico,


enquanto que ‖𝑦‖ é a distância do ponto e a origem. Essa solução fornece o índice de
confiabilidade Hasofer e Lind (1974), 𝛽.
A transformação de 𝕏 para 𝕐 é feita à medida que o algoritmo de otimização se move
em direção ao ponto de projeto. Para alcançar a convergência de forma mais rápida, adotou-
se o iHLRF (ZHANG E DER KIUREGHIAN, 1997; SUDRET E DER KIUREGHIAN,
2000), que é a versão melhorada do algoritmo de Hasofer e Lind (1974), HLRF, garantindo
a convergência incondicional do algoritmo. Isso ocorre porque nesta versão há uma busca
linear por um passo ótimo, ao invés de passos unitários.
Utilizando a propriedade de simetria da distribuição normal padrão, uma aproximação
de primeira ordem da probabilidade de falha, 𝑝𝑓 , pode ser dada por:

𝑝𝑓≅ Φ(−𝛽) (4.14)

Nesta equação, Φ(. ) representa o operador função de distribuição de probabilidade


cumulativa normal padrão. A contribuição de cada variável aleatória para as probabilidades
de falha calculadas pode ser encontrada por:

𝛻𝑔(𝑦 ∗)
𝛼(𝑦 ∗ )=‖𝛻𝑔(𝑦 ∗)‖
(4.15)

Nesta equação, 𝛻𝑔 representa o vetor gradiente que contém as derivadas parciais das
equações de estado limite em relação à cada variável aleatória, no espaço isoprobabilístico.
49

O termo 𝛼𝑖2 fornece uma aproximação linear da sensibilidade de cada variável aleatória em
relação à probabilidade de falha, o que fornece uma significância destas variáveis no
problema de confiabilidade estrutural analisado.
50

5 RESULTADOS PRELIMINARES

5.1 Validação do modelo numérico mecânico


O software TQS discretiza a estrutura como um pórtico espacial cujas lajes são
formadas por grelhas (Figura 5.1), enquanto que o programa desenvolvido nesta pesquisa
visa, por meio apenas de elementos reticulados, alcançar resultados satisfatórios com a
implementação das devidas adequações de rigidez aos elementos portantes. Esta
simplificação visa otimizar o tempo de processamento quando aplicadas as rotinas de
confiabilidade e de otimização.

Figura 5.1 – Modelos de análise do TQS à esquerda e o do autor, à direita, que concilia MEF
com MPE em um modelo 2D.

Fonte: Autor (2022).

A planta baixa da laje simulada para o desenvolvimento desta etapa de validação está
representada na Figura 5.2. O pé direito é de 300 cm e só há uma laje.
51

Figura 5.2 – Faixa interna cujos esforços foram comparados entre o programa desenvolvido e
o TQS.

Fonte: Autor (2022).

A Figura 5.3 representa uma ilustração do modelo mecânico simulado no programa


desenvolvido pelo autor, a fim de identificar a numeração dos elementos e as barras inseridas
nos trechos de ligação laje/pilar, com altura útil e rigidez diferente do restante de barras da
laje.

Figura 5.3 – Representação dos elementos modelados na rotina desenvolvida pelo autor.

Fonte: Autor (2023).

A mesma modelagem foi realizada no software TQS, em ambos os casos apenas a


ação do peso próprio foi considerada para a estimativa dos esforços, tendo em vista que a
52

ordem de grandeza da carga não interfere no comparativo entre os resultados, desde que não
atinja os estados limites da estrutura. A Figura 5.4 ilustra uma perspectiva da modelagem
resultante.

Figura 5.4 – Visualização 3D da estrutura modelada no software TQS.

Fonte: Autor (2023).

A tabela 5.1 resume os valores absolutos dos esforços estimados pelo modelo
desenvolvido e pelo TQS. Ressalta-se que estes são os esforços solicitantes necessários para
o cálculo das equações de estado limite de laje lisa. 𝑀𝑐 é o momento característico e 𝑁𝑐 o
esforço normal característico. Na Figura 5.5 é possível identificar onde se encontra cada
trecho no pórtico. “A” significa apoio, “V” é para se referir a vão, enquanto que “L”
corresponde à ligação laje/pilar.
53

Tabela 5.1 -Resumo dos esforços absolutos em exemplo para validação do modelo numérico
mecânico.

MEF integrado
TRECHO TQS
com MPE
𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf) 𝑀𝑐 (tfm) 𝑁𝑐 (tf)
L1 2,98 23,25 3,22 22,42
L2 0,81 35,65 0,86 33,59
L3 0,81 35,38 0,86 33,59
L4 2,98 23,77 3,23 22,42
V1 14,3 - 14,74 -
V2 9,49 - 8,95 -
V3 15 - 14,74 -
A1 10,99 - 11,23 -
A2 21,57 - 23,91 -
A3 21,96 - 23,91 -
A4 10,8 - 11,23 -

Fonte: Autor (2023).

Figura 5.5 – Identificação dos trechos da laje para leitura dos dados da tabela 4.1.

Fonte: Autor (2023).


54

As Figuras 5.6 e 5.7 ilustram a diferença entre os modelos por meio de gráficos de
colunas, onde também é possível identificar o erro para cada esforço. Destaca-se que o erro
médio dos esforços foi de 5,75%.

Figura 5.6 – Comparativo entre os momentos fletores solicitantes característicos.

Fonte: Autor (2023).

Figura 5.7 – Comparativo entre os esforços normais solicitantes característicos.

Fonte: Autor (2023).


55

5.2 Determinação da confiabilidade das lajes do pórtico


O método adotado para estimar os índices de confiabilidade, tal como as
probabilidades de falha, foi o método de transformação FORM. O vetor de variáveis
aleatórias deste problema preliminar é 𝐗 𝐸𝑑 = (𝑓𝑐 , 𝑓𝑦 , 𝑔, 𝑞50 ). As distribuições destas variáveis
constam na Tabela 5.2. A variável 𝑞50 corresponde à ação de ocupação máxima de 50 anos.

Tabela 5.2 – Variáveis aleatórias consideradas no problema preliminar.

Variáveis Desvio
Distribuição Média Fonte
Aleatórias Padrão

𝑓𝑐 Normal 1,2200𝑓𝑐𝑘 0,1830𝑓𝑐𝑘 (SANTIAGO, 2019)

𝑓𝑦 Normal 1,2200𝑓𝑦𝑘 0,0488𝑓𝑦𝑘 (SANTIAGO, 2019)


𝑔 Normal 1,0600𝑔 0,1272𝑔 (SANTIAGO, 2019)
(COSTA e BECK.,
𝑞50 Gumbel 0,9890𝑞 0,0278𝑞
2024)

Fonte: Autor (2022).

O procedimento consiste no pré-dimensionamento dos elementos do pórtico, de tal


forma que foi adotada a menor seção múltipla de 1 cm para a espessura da laje, respeitando
um mínimo de 16 cm pela Norma brasileira, tal como a menor seção para os pilares,
quadrados, em números múltiplos de 5 cm para o lado da seção. Esta etapa é importante para
que a estrutura respeite os limites de tensões sem que alcance resultados de dimensionamento
muito conservadores.
Em decorrência de a aplicação inicial ser em edifícios garagem, utilizou-se para o
dimensionamento a menor carga distribuída para o valor característico da ação acidental 𝑞
neste tipo de ocupação, que é de 3 kN/m², de acordo com a NBR 6120:2019. Para as ações
permanentes, foi considerado apenas o peso próprio do concreto armado, que é de 25 kN/m³.
As informações geométricas e físicas do pórtico são inseridas no software
desenvolvido pelo autor. Em seguida, os esforços vão para outra rotina de verificações e
dimensionamentos da seção de concreto e das armaduras de flexão positivas e negativas.
A combinação utilizada no dimensionamento foi realizada de acordo com
recomendações da NBR 8681:2003 (Ações e segurança nas estruturas - Procedimento). O
coeficiente de 1,4 foi utilizado para majorar o valor de ação permanente e o de ação de
56

ocupação. Os coeficientes de redução de parâmetros de resistência foram de 1,4 para o 𝑓𝑐𝑘 e


de 1,15 para o 𝑓𝑦𝑘 .
No software de dimensionamento é possível aprovar a seção pré-dimensionada ou
avaliar a necessidade de aumento de espessura e de armadura. Além disso, é verificada a
dispensa de armadura de cisalhamento na laje, tal como as armaduras mínimas definidas pela
NBR 6118:2014 são comparadas com as dimensionadas. Ao fim dessa etapa são definidas a
seção, armadura de flexão para cada estado limite de deste tipo atuante nos apoios e nos vãos.
Ressalta-se que o dimensionamento à punção, nesta etapa da pesquisa, considera apenas
situações que dispensa a armadura para este fenômeno. Futuramente será implementada a
possibilidade de uso de armadura de punção, tal como a consideração do efeito da protensão.
Tanto pórticos com pilares internos, como também de borda e de canto serão
contemplados nas futuras análises, a fim de comparar o efeito desta tipologia de posição na
confiabilidade do elemento portante da ligação laje/pilar e na confiabilidade do subsistema
laje.
A confiabilidade via método FORM foi realizada acoplando o modelo numérico
mecânico ao software UQLab, que é também desenvolvido em MATLAB. Foi necessário
inserir os parâmetros das variáveis aleatórias, as equações de estado limite para a flexão e
para a punção de cada trecho em análise como uma função externa. O programa fornece o
valor da probabilidade de falha e do índice de confiabilidade de Hasofer-Lind, cujo método
iHLRF, a versão melhorada do HLRF, é o método de transformação default do UQLab para
a busca do ponto de projeto.
Uma vez encontradas as probabilidades de falha para cada elemento portante, tanto
para punção, como para flexão, é determinado o valor da 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 . Nas próximas etapas desta
pesquisa, pretende-se encontrar estas probabilidades de falha também considerando o efeito
da protensão e da armadura de punção. Estas situações serão avaliadas para o pórtico interno,
implementado nesta etapa, e para o pórtico de extremidade.
Ademais, a probabilidade do sistema foi encontrada pela média dos limites-
unimodais, de acordo com a equação (4.11), devido à maior simplicidade na geração do
resultado. Futuramente se pretende estimar esse resultado por limites bi-modais, para obter
melhor precisão na determinação dos limites da probabilidade de falha do sistema.
Na etapa de dimensionamento, a laje resultou em h = 30 cm. As armaduras de flexão
positiva e negativa constam na Tabela 5.3. O 𝑓𝑐𝑘 foi considerado como de 40 MPa e o 𝑓𝑦𝑘
57

como de 500 MPa. O pórtico avaliado nesta etapa, diferente do utilizado no tópico 5.1, possui
agora múltiplos pavimentos, de acordo com a Figura 5.8.

Tabela 5.3 – 𝐴𝑠 dimensionado para cada elemento portante de flexão.

Elemento Laje 𝑨𝒔 (cm²)


A1 LA1 41
A2 LA1 68
A3 LA1 65
A4 LA1 41
A1 LA2 36
A2 LA2 66
A3 LA2 64
A4 LA2 44
A1 LA3 36
A2 LA3 65
A3 LA3 63
A4 LA3 46
A1 LA4 36
A2 LA4 67
A3 LA4 65
A4 LA4 36
V1=V3 LA1 37
V2 LA1 27
V1=V3 LA2 36
V2 LA2 28
V1=V3 LA3 36
V2 LA3 28
V1=V3 LA4 39
V2 LA4 27
Fonte: Autor (2023).

Nesta tabela, é possível perceber que os apoios internos exigiram mais armadura
negativa, enquanto que no caso de momentos positivos, os vãos das extremidades exigiram
mais armadura. Este resultado é esperado em decorrência da distribuição de momentos no
pórtico. Ressalta-se que as armaduras mínimas estão sendo respeitadas neste
dimensionamento.
58

Figura 5.8 – Pórtico utilizado para a etapa de confiabilidade.

Fonte: Autor (2023).

A Tabela 5.4 compila o resultado da confiabilidade individual para cada elemento


portante. A probabilidade de falha do sistema 𝑝𝑓𝑆𝑌𝑆 foi definida como a média dos limites
uni-modais. Ressalta-se que é possível encontrar uma confiabilidade para cada laje, que
tendem a ser diferentes em decorrência da variação dos momentos fletores e das armaduras
de flexão dimensionadas. A título de demonstração preliminar dos resultados, apenas a
confiabilidade da Laje 4 foi apresentada.
59

Tabela 5.4 -Resumo da probabilidade de falha e dos índices de confiabilidade para cada
elemento portante que compõe o subsistema Laje 4.

TRECHO 𝒑𝒇 𝛽
L1 6,35E-06 4,3653
L2 1,86E-06 4,6261
L3 1,86E-06 4,6261
L4 6,35E-06 4,3653
V1 1,54E-05 4,1676
V2 1,18E-07 5,1687
V3 1,54E-05 4,1676
A1 1,67E-07 5,1034
A2 4,95E-05 3,8929
A3 4,95E-05 3,8929
A4 1,67E-07 5,1034
𝒑𝒇𝑺𝒀𝑺 9,81E-05
𝜷𝑺𝒀𝑺 3,7239

Fonte: Autor (2023).

Nesta tabela, é possível perceber que a ligação laje/pilar nas extremidades possui
maior probabilidade de falha, embora não tenha uma diferença significativa em relação aos
pilares centrais. Em termos de análise dos elementos sujeitos a momento positivo, percebe-
se que o vão central possui menor probabilidade de falha, tendo uma diferença significativa
em relação aos vãos de extremidade. Por fim, os apoios que resistem aos momentos negativos
apresentaram maior probabilidade de falha nos vãos internos.
Para o exemplo em questão, também é possível perceber que os índices de
confiabilidade dos elementos que resistem à punção estão maiores que o recomendado pelo
EUROCODE 2:2010, que indica que este índice esteja próximo de 3,8 para análises com
período de referência de 50 anos, que é o caso da ação de ocupação considerada.
A Figura 5.9 ilustra o processo de convergência do índice de confiabilidade para cada
modo de falha. Ressalta-se que as equações de estado limite para apoios e vãos são de flexão,
enquanto que a das ligações é o estado limite de punção.
60

Figura 5.9 - Convergência de 𝛽 para cada equação de estado limite da Laje 4.

6
Convergência de b

A1=A4
3
A2=A3
V1=V3
2
V2
L1=L4
1
L2=L3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Iteração

Fonte: Autor (2023).

Na Figura 5.9, percebe-se que a convergência foi mais custosa na análise do estado
limite à punção nas ligações internas, seguida da análise do estado limite à flexão dos vãos
de extremidade e dos apoios internos.

5.3 Dimensionamento da área necessária do dispositivo EA


A título de ilustrar um problema prático de dimensionamento do dispositivo EA, de acordo
com a formulação de Zhou e Yu (2004), realizou-se a determinação da massa e área de
dispositivo necessárias em cada pavimento do pórtico estudado no tópico 5.2. Para isto, são
necessários dados de entrada sobre as propriedades físicas e geométricas do dispositivo EA,
tal como informações do edifício em questão, de acordo com as Tabelas 5.5 e 5.6. Para os
dados do dispositivo, replicou-se as propriedades adotadas por Zhou e Yu (2004), ressalta-
se que essas propriedades serão otimizadas em pesquisa em paralelo a esta e comparadas com
propriedades de outros honeycomb presentes na literatura.
61

Tabela 5.5 – Propriedades do dispositivo honeycomb utilizadas no estudo de Zhou e Yu


(2004).

Propriedades do EA Valor
𝑑𝐸𝐴 (densidade) 2700 kg/m³
𝐸𝐸𝐴 (módulo de elasticidade) 69 GPa
𝑓𝐸𝐴 (tensão de escoamento) 134 MPa
λ (coeficiente de poisson) 0,33
Fonte: Autor (2023).

Tabela 5.6 – Propriedades do edifício estudado no tópico 4.2.

Propriedades do edifício Valor


Número de pavimentos 4
Altura do edifício 12 m
Altura de um pavimento 3m
Massa do edifício 24288 kN
Área total de um pavimento 728 m²
Área ocupada de um pavimento 2,56 m²
Área disponível para o dispositivo 725,44 m²
Fonte: Autor (2023).

De acordo com a metodologia apresentada em 3.5, foi encontrada a seguinte relação


percentual de massa e área necessária do EA por pavimento do edifício (Figura 5.10). Este
dimensionamento permite encontrar o quanto de massa e área do dispositivo EA será
necessário para que a estrutura consiga mitigar um colapso progressivo iniciado, assumindo
o formato de pancake. Observa-se que os primeiros pavimentos necessitam de mais área do
EA, enquanto que os do topo necessitam de menos, tendo em vista a que energia a mitigar
tende a ser maior nos primeiros pavimentos e menor quanto mais próximo do topo do
edifício.
62

Figura 5.10 – Relação de área e massa do dispositivo EA para cada pavimento do pórtico em
análise, considerando uma distribuição uniforme de massa.

Percentual de ocupação do EA no pavimento (%)


Percentual de área e massa do EA
Percentual da massa do EA pela massa do pavimento (%)
0,3
no pavimento (%)

0,2

0,1

0,0
1 2 3 4

Pavimento

Fonte: Autor (2023).

A massa necessária por pavimeno em números absolutos seria o que consta na Figura
5.11.

Figura 5.11 – Área absoluta do dispositivo EA para cada pavimento.

Fonte: Autor (2023).

Em posse desta metodologia para dimensionar a área necessária do dispositivo


absorvedor, pretende-se realizar uma análise de confiabilidade via FORM considerando
63

como vetor de variáveis aleatórias 𝐗 𝑬𝑨 = (𝑔, 𝑞, 𝐸𝐸𝐴 ). Zhou e Yu (2004) utilizaram apenas a
massa do edifício para simular a situação de colapso, pretende-se adicionar as ações
permanentes, 𝑔, e de ocupação, 𝑞, além do peso próprio da estrutura, e, juntamente com a
consideração de incerteza da variável 𝐸𝐸𝐴 , gerar um domínio de falha e de sobrevivência, a
fim de calcular um índice de confiabilidade dos dispositivos condicionados à probabilidade
de falha para cada laje da estrutura. Desta forma, compondo a equação (3.1), será possível
determinar a otimização de custos sobre o ciclo de vida.
64

6 CONCLUSÕES

6.1 Considerações finais


Conforme discutido ao longo do texto, esta pesquisa tem como principal objetivo a
otimização de custos sobre o ciclo de vida de uma estrutura em concreto armado com o
dispositivo EA aplicado. Para a obtenção deste resultado, etapas intermediárias foram
discutidas, como o desenvolvimento de um modelo numérico mecânico em elementos finitos,
a fim de simular o comportamento de um pórtico em lajes lisas. Por conseguinte, foi realizada
uma análise de confiabilidade via FORM, com o objetivo de estimar a probabilidade de falha
do subsistema laje, para edifício dimensionado de acordo com as prerrogativas da NBR
6118:2014. Além disso, determinou-se a metodologia para dimensionamento do dispositivo
EA (ZHOU E YU, 2004).
As pendências consistem em avaliar pórtico de extremidade, além do interno já
avaliado, adicionar o efeito da protensão e armadura de punção, como também implementar
algoritmo de otimização para obtenção dos custos sobre o ciclo de vida. Pretende-se discutir
também o efeito da posição do pilar na confiabilidade do subsistema pórtico, já que apenas
pilares centrais foram avaliados nos resultados preliminares.
A respeito dos resultados, o tópico 5.1 discutiu a validação do modelo numérico
mecânico para simulação de pórtico em laje lisa. O modelo de pórticos foi em elementos
finitos elástico linear, e na etapa de modelagem, adaptações nas ligações laje/pilar foram
realizadas para adequar o modelo ao Método dos Pórticos Equivalentes, ideal para análise de
lajes lisas com pilares alinhados e vãos regulares, simplificações que se adequam ao que se
pretende avaliar nesta pesquisa, edifícios garagem. Como resultado mais confiável,
considerou-se o software TQS, cuja mesma estrutura foi dimensionada e os esforços
comparados, gerando um erro médio de esforços na ordem de 5,75%.
O tópico 5.2 discutiu a determinação da confiabilidade das lajes do pórtico. Para tanto,
foi utilizado o algoritmo FORM, com busca por pontos via iHLRF, foram obtidas as
confiabilidades dos elementos portantes da laje, que são a ligação laje/pilar (punção), apoio
(momento fletor negativo) e vão (momento fletor positivo). Em posse desses resultados,
estimou-se uma confiabilidade do subsistema laje por meio da média dos limites uni-modais.
65

O tópico 5.3 discutiu a aplicação da metodogia de Zhou e Yu (2004) no pórtico


avaliado em 5.2. Foi possível obter a área necessária do dispositivo EA honeycomb em cada
pavimento do edifício. Pretende-se converter algumas das variáveis determinísticas usadas
pelo autor desta pesquisa em variáveis aleatórias, para então realizar uma simulação de
confiabilidade, que deverá compor o problema de otimização, como formulado na equação
(3.1). Diante disso, novas etapas precisam ser implementadas e validadas para a obtenção dos
objetivos finais. As etapas subsequentes constam no tópico 6.2

6.2 Desenvolvimentos futuros e cronograma de atividades


a) Implementação do módulo de otimização do custo esperado total a fim de definir o
melhor balanço entre custo de produção do dispositivo EA e custos esperados de
falha;
b) Adicionar armadura de punção e o efeito da protensão no pórtico;
c) Estimar os parâmetros da variável aleatória erro de modelo ao modelo numérico
mecânico a fim de representar a incerteza do modelo;
d) Estimar a confiabilidade das lajes por limites bi-modais;
e) Replicar as metodologias desenvolvidas para pórtico de extremidade, avaliando
pilares de canto e borda, tal como suas contribuições na confiabilidade do subsistema
laje e na formulação de otimização do custo esperado total;
f) Simular propriedades de dispositivos honeycomb levantados na literatura e aplicar no
problema de otimização, incluindo as propriedades ótimas encontradas na pesquisa
desenvolvida em paralelo a esta;
g) Análise dos demais resultados, redação da dissertação e de artigos científicos.

A Tabela 6.1 ilustra a cronologia esperada para as próximas etapas da pesquisa, tal
como o que foi realizado em etapas pretéritas.
66

Tabela 6.1 – Cronograma da pesquisa.


Ano
Atividade 2022 2023 2024
2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º
Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim.
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(10)
(11)

Fonte: Autor (2023).

Legenda:
(1) Dedicação às disciplinas;
(2) Revisão bibliográfica;
(3) Implementação e validação dos modelos mecânicos;
(4) Implementação e validação do módulo de confiabilidade;
(5) Implementação e validação do módulo de otimização;
(6) Redação do texto da qualificação;
(7) Qualificação ao mestrado;
(8) Aplicação da protensão e armadura de punção ao modelo mecânico;
(9) Análise dos resultados;
(10) Redação da dissertação e de artigos científicos;
(11) Defesa.
67

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