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Ação do Vento em

Estruturas
Sérgio Stolovas

I SEMINÁRIO NACIONAL DE OBRAS CIVIS


Introdução
1) Nada na Engenharia Estrutural é complexo demais.
2) Nada na Engenharia Estrutural é trivial.

3) Quando algum conceito de Engenharia Estrutural nos parece


trivial é porque possivelmente não começamos a compreender a
essência do mesmo.

4) Para sermos eficientes devemos simplificar e usar a nossa intuição.

5) Para simplificar, transformamos a realidade em alegorias cujo


âmbito de validade é limitado . P.E.: Alegoria Estática

6) É comum construir a nossa intuição a partir de alegorias. Isso dificulta a


compreensão de assuntos que fogem do âmbito de validade da alegoria.

7) Vento Estático?
Vento Estático?
ISSO “NO” EXISTE !
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Todas as normas adotam a Teoria da camada limite atmosférica para deduzir o
perfil de velocidades do vento
𝒛 𝒑 ഥ 𝒛𝑮 é resultado do estudo
𝑽
ഥ 𝒛 =𝑽
𝑽 ഥ 𝒛𝑮 ( )
𝒛𝑮 climático da região

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ÉPICA da Teoria da camada limite atmosférica

Velocidade instantânea
(flutua entorno à velocidade
media)

ഥ 𝒛
Velocidade média 𝑽

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O encontro do vento com a estrutura muda a trajetória do fluxo.

Velocidade instantânea
(flutua entorno à velocidade
media)

ഥ 𝒛
Velocidade média 𝑽

Como resultado desse encontro “traumático”, o vento gerará HISTÓRIAS de forças


sobre a estrutura que são a reação dessas forças que alteraram o percurso do
escoamento do ar.

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Efeitos do vento na direção do vento

O vento exerce forças essencialmente


horizontais sobre os edifícios.

Essas Histórias de Forças são muito


complexas.

Para edifícios altos os efeitos do vento


na estrutura serão função não somente
da História de Forças, mas também dos
atributos dinâmicos (inerciais e modais)
da estrutura.

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6
1- Métodos simplificados da Normas

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Para casos de Edifícios de Altura Moderada o engenheiro recorre aos métodos simplificados da
Norma (NBR 6123) e determina as “forças de projeto” em função do perfil de velocidades e do
coeficiente de arrasto.

em N/m2

L2 (L1)

Edifício
h

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𝐹(𝑧)
L2 ; L1; h 𝐶𝑎 𝐶𝑎 𝑞 = = 𝐶𝑎 0,613 𝑉𝑘2 𝐹(𝑧)/𝐴 = 𝐶𝑎 0,613 𝑉𝑘2
𝐴
V0 → Vk(z)

S1
A partir do perfil de Velocidades e em função
S2 (z) do coeficiente de arrastro a norma fornece um
S3 diagrama de “pressão estática equivalente”

𝑉𝑘 (z)

Edifício
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Para edifícios de Altura moderada se assume que os efeitos induzidos pelo vento
são ESTÁTICOS, COLINEARES COM A DIREÇÃO DO VENTO e independentes dos
ATRIBUTOS MODAIS da estrutura.
De acordo à ALEGORIA
ESTÁTICA o vento é um
agente que EMPURRA o
edifício NA DIREÇÃO DO
VENTO.
Edifício

Edifício
25/02/2021

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2- Limitações das metodologias
simplificadas das normas

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Em geral as forças induzidas pelo vento NÃO SÃO COLINEARES À DIREÇÃO DO VENTO.

Edifício

Além da componente de força na direção do vento (drag),


haverá em geral componentes transversais (lift).

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As histórias de forças oriundas da ação do vento têm sempre componente transversal,
cujos efeitos são geralmente críticos para o desempenho Resistente e Funcional.

Y Efeito
X transversal

vento
Efeito
frontal

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O pior efeito transversal pode ser bem pior que qualquer efeito frontal
Tanto enquanto à resistência como a aspectos funcionais

Y Y
X X

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O que faz o vento com

Edifício
os edifícios altos ?
Efeitos transversais
Flutuações na direção do vento
(governados
(essencialmente governadas
pela liberação de vórtices)
pelas rajadas)

O vento não só EMPURRA Dá SOCOS E também TAPAS

Edifício
Edifício
Edifício

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O que faz o vento com

Edifício
os edifícios altos ?
Efeitos transversais
Flutuações na direção do vento
(governados
(essencialmente governadas
pela liberação de vórtices)
pelas rajadas)

O vento não só EMPURRA Dá SOCOS (soquinhos amplificados) e também TAPAS (tapinhas amplificadas)

Edifício
Edifício
Edifício

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Efeitos dinâmicos induzidos pelo vento na direção do vento

- principalmente (não somente) devidos à turbulência atmosférica

Edifício
da esteira incidente -
(efeitos de rajadas).

História da Força exercida pelo vento:

Incrementando a
Rigidez se diminui
a amplificação

Resposta de um edifício de altura moderada Resposta de um edifício alto

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3- Efeitos Transversais

Edifício
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Efeitos dinâmicos induzidos transversalmente pelo vento
Mesmo para baixas velocidades do vento se induzem
efeitos transversais oriundos da
LIBERAÇÃO CADENCIADA DE VORTICES (VORTEX
SHEDDING).

vento

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Créditos
Os efeitos são quase-harmônicos e caso
a frequência seja próxima à frequência
do modo de vibração da estrutura
acontecerão grandes amplificações

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L

𝒇𝑳 𝑳
𝑺𝒕 = 𝒏ú𝒎𝒆𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒕𝒓𝒐𝒖𝒉𝒂𝒍 = =
𝑽 𝑻𝑽
𝑳 = 𝒅𝒊𝒎𝒆𝒏𝒔ã𝒐 𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕𝒆𝒓í𝒔𝒕𝒊𝒄𝒂
𝑽 = 𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒎é𝒅𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑽𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒏𝒂 𝒄𝒐𝒕𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒊𝒅𝒆𝒓𝒂𝒅𝒂
𝒇 = 𝒇𝒓𝒆𝒒𝒖ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒍𝒊𝒃𝒆𝒓𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒗ó𝒓𝒕𝒊𝒄𝒆𝒔.
𝟏 Vincenc Strouhal
𝑻 = = 𝒑𝒆𝒓í𝒐𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒍𝒊𝒃𝒆𝒓𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒗ó𝒓𝒕𝒊𝒄𝒆𝒔
𝒇

O número de Strouhal é um número adimensional que descreve a cadência de um fluxo


oscilante.
Para seções isomorfas, assumindo que a mudança do número de Reynolds não altera o
regime de escoamento, o número de Strouhal se mantem invariante.
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Já na etapa preliminar do projeto devemos fazer
a avaliação de exposição a ressonância devido à
liberação de vórtices.

𝑳/𝑺𝒕
𝑻=
𝑽

Conhecendo o Número de Strouhal St


podemos deduzir o Período de liberação de
vórtices em função da Velocidade média do
vento na cota do topo do edifício.

Caso T seja bem maior que a frequência


natural do modo fundamental a amplificação
será muito moderada.

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Fonte: ESDU "Engineering Sciences Data Unit
𝑳/𝑺𝒕
Oráculo na base do período de liberação de vórtices : 𝑻
ഥ=
𝑽

ഥ = 𝑷𝒆𝒓í𝒐𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒍𝒊𝒃𝒂𝒓𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝑽ó𝒓𝒕𝒊𝒄𝒆𝒔


𝑻
𝑻𝒑 = 𝑷𝒆𝒓í𝒐𝒅𝒐 𝑵𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂𝒍 𝒅𝒂 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂

“Habemus” Norma

Exposição a Necessidade de
amplificação Análise a partir de
Ensaios de Túnel de
Vento

Quase com
Necessidade de
certeza
Análise a partir de
teremos
Ensaios de Túnel de
amplificação
Vento.
Quase com certeza
deveremos fazer
adequações

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4- Projetos de Edifícios Altos

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• 25
Características singulares dos Edifícios Altos exigem estabelecer

Estudos
Critérios
Estratégias

que garantam o
Desempenho Funcional e Resistente.

OS ASPECTOS CRÍTICOS DOS PROJETOS DE EDIFÍCIOS ALTOS


SÃO CONSEQUENCIA DA
NATUREZA DINÂMICA DAS AÇÕES INDUZIDAS PELO VENTO

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O vento induz HISTÓRIAS de FORÇAS :

Essencialmente HORIZONTAIS
O desempenho da estrutura
FLUTUANTES dependerá
da
que dependem HISTÓRIAS de FORÇAS

Edifício
DOS PARÂMETROS CLIMÁTICOS E

DA TOPOGRAFIA DOS ATRIBUTOS DINÂMICOS


E RESISTENTES DA
DA VIZINHANÇA ESTRUTURA

DA DIREÇÃO

DAS CARACTERÍSTICAS
AERODINÂMICAS DO EDIFÍCIO

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Desempenho Funcional e Resistente.

Túnel de Vento Garantir a Estabilidade perante as


ações extremas induzidas pelo vento,
𝑭 𝒕 𝑿 𝒕 𝑭𝒔𝒕𝒆𝒒 associadas aos estados tensionais
devidos à deformação da estrutura
Forças Instantâneas Deslocamentos Forças Estáticas
Equivalentes
Forças
Estáticas
Equivalentes

𝑴𝑿ሷ 𝑡 + 𝑪𝑿ሶ 𝑡 + 𝑲𝑿 𝑡 = 𝑭 𝒕

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Desempenho Funcional e Resistente.

Controlar os
Efeitos Inerciais induzidos pelos
deslocamentos associados à
deformação da estrutura

- Conforto de usuários
(limitação de acelerações)
- Limitação da Oscilação de
objetos (pêndulos)
- Controle de Sloshing de
piscinas.

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Desempenho Funcional e Resistente.

Controlar os
Efeitos Inerciais induzidos pelos
deslocamentos associados à
deformação da estrutura

- Conforto de usuários
(limitação de acelerações)
- Limitação da Oscilação de
objetos (pêndulos)
- Controle de Sloshing de
piscinas.

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Desempenho Funcional e Resistente.

Controlar os
Efeitos Inerciais induzidos pelos
deslocamentos associados à
deformação da estrutura

- Conforto de usuários
(limitação de acelerações)
- Limitação da Oscilação de
objetos (pêndulos)
- Controle de Sloshing de
piscinas.

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Desempenho Funcional e Resistente.

Controlar os
Efeitos Inerciais induzidos pelos
deslocamentos associados à
deformação da estrutura

- Conforto de usuários
(limitação de acelerações)
- Limitação da Oscilação de
objetos (pêndulos)
- Controle de Sloshing de
piscinas.

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Que tipo de estratégias podem ser adotadas para melhorar o desempenho dinâmico dos Edifícios altos?

𝑴𝑿ሷ 𝑡 + 𝑪𝑿ሶ 𝑡 + 𝑲𝑿 𝑡 = 𝑭 𝒕 O vento induz HISTÓRIAS de FORÇAS :


que dependem

DOS PARÂMETROS CLIMÁTICOS X

DA TOPOGRAFIA X

DA VIZINHANÇA X

Controle vibracional passivo ou ativo é DA DIREÇÃO


O arroz com
o recurso não convencional feijão!
Alterar a a levar em conta quando incrementar DAS CARACTERÍSTICAS
massa é A estratégia AERODINÂMICAS DO EDIFÍCIO
a rigidez não é possível- convencional
geralmente Inevitável para Edifícios Super-Altos.
ineficiente mais eficiente:
Atenção: (1) Manutenção; Acoplamentos e
(2) Modos não clássicos (desvio das Preferentemente na etapa de concepção:
Outriggers
hipóteses de Rayleigh)

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Modos de vibração no topo de um prédio de 190 m

Modo 1 T=6,59 s Modo 4 T=1,50 s Modo 7 T=0,76 s

Modo 2 T=4,59 s Modo 5 T=1,30 s Modo 8 T=0,58 s

Modo 3 T=3,03 s Modo 6 T=0,89 s Modo 9 T=0,51s

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Modo 1 T=6,59 s Modo 4para
E comum T=1,50 s alongados Modo
layouts 7 T=0,76
que a parte s da
principal
resposta flutuante de deslocamentos seja no 1º modo para
qualquer direção do vento

Modo 2 Modo 5 Modo 8

T=3,03 s T=0,89 s T=0,51s


Modo 3 Modo 6 Modo 9

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Exemplo H~ 190 m

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Exemplo H~ 190 m

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5- Dilemas e desafios

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Vento Sinótico vs Vento Não Sinótico

Vento Sinótico
Vento Não Sinótico

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Santos-SP-Brasil Asunción-Paraguay

Credito: Dr. David Hankin


Pode que no futuro tenhamos que falar das Ações dos Ventos nas Estruturas.

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OBRIGADO

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