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Ações do vento nas estruturas

Roberto Borges França DrEng.


Objetivo do módulo

Despertar o interesse para o aprofundamento nos


temas relativos à análise do efeito do vento sobre as
edificações (estruturas).

• Apresentação de conceitos sobre a análise do efeito do vento

• Discussão sobre estes conceitos

• Análise de um tema específico ou estudo de caso

• Apresentação e debate sobre os casos abordados


VENTO = movimento de uma massa de ar devido às variações
de temperatura e pressão.
Principais fatores que influenciam a circulação atmosférica:
- Aquecimento desigual da superfície pela rotação da terra (dia e
noite)
- Influência direta da rotação da terra
- Aquecimento desigual pela diferença de latitude
- Aquecimento desigual pelas estações do ano
- Aquecimento desigual pelo tipo de cobertura da superfície

Massas de ar e frentes (Blessmann)


Conforme a velocidades dos ventos máximos tem-se:

Perturbação tropical = sistema já com uma certa organização, fruto da


convergência de diversas tormentas elétricas.

Depressão tropical = sistema de nuvens melhor organizado, maior


velocidade horizontal dos ventos. Observa-se a rotação do conjunto sem a
formação do olho.

Tormenta tropical = o processo de convecção da atmosfera vai se


concentrando na zona central, vão se formando nítidos anéis de chuva.

Furacão = a pressão junto à superfície continua a diminuir, o movimento


ciclônico e a forma do conjunto ficam bem definidos.
(Blessmann)
Escala de intensidade de furacões Saffir-Simpson

Categoria 1 – Sem danos estruturais em prédios. Sofrem danos veículos,


árvores, placas de sinalização, etc.
Categoria 2 – Danos em coberturas, portas e janelas, árvores arrancadas.
Categoria 3 – Danos estruturais em residências e prédios. Danos em
paredes de construções pequenas.
Categoria 4 – Danos maiores em paredes com destruição de alguns
telhados. Árvores e painéis arrancados.
Categoria 5 – Destruição completa de telhados. Falha graves em alguns
prédios. Danos importantes em edificações.
(Blessmann)
Escala de intensidade de furacões Fujita-Pearson

F-0 : 64 -116 km/h.


F-1 : 117 -181 km/h.
F-2 : 181 -253 km/h.
F-3 : 254 -332 km/h.
F-4 : 333 -419 km/h
F-5 : acima de 420 km/h
Fluxo do vento + anteparo (objeto) = mudança de trajetória
pela interação de forças entre a massa de ar e a superfície do
corpo.

Os principais efeitos que o vento pode causar a uma estrutura são as


solicitações laterais.

Esses efeitos são a combinação de pressão direta, pressão negativa ou sucção


e esforços de fricção.

A pressão direta ocorre quando a superfície está perpendicular à direção do


vento.

A sucção acontece quando a superfície é “puxada”, o que pode levar a danos


principalmente em coberturas e fachadas.

A fricção ocorre quando o ar em movimento não para quando atinge a


edificação, o fluxo se distribui em torno dela. As forças de fricção longitudinal
são provocadas pela força de atrito.

(Ching ,2014)
Estruturas sensíveis ao vento devem ser analisadas de três formas:

• Impacto no entorno: quando o vento passa por uma estrutura, sofre alteração
no seu movimento, e surgem componentes em diversas direções. Essas
componentes podem afetar objetos no entorno, podendo causar danos a
outras estruturas existentes, ou desconforto aos pedestres que passam
próximo ao edifício.

• Cargas de vento aplicadas às fachadas: muitas estruturas possuem formas


geométricas complexas, tornando-se difícil a definição da distribuição de
carga nas fachadas. Nesses casos, é aconselhável fazer o teste de túnel de
vento, de forma a definir com exatidão a distribuição das pressões. Esta
definição é importante na análise de efeitos locais, eliminando possíveis
danos nos elementos de fechamento, como painéis e vidros.

• Cargas de vento aplicadas à estrutura com um todo: são as cargas principais,


que definem o deslocamento da estrutura. Através desta análise é definido o
sistema estrutural responsável por impedir o deslocamento lateral do edifício.

• Mendis et al. (2007)


Para a engenharia estrutural é de interesse conhecer a
velocidade média dos ventos e as flutuações em torno dessa
média

A velocidade média é determinada para intervalos de tempo


entre 1 minuto e 1 hora.

Flutuações em torno da média, de curta duração (segundos),


são denominadas rajadas.

Essas flutuações têm sua origem tanto da agitação


(turbulência) do escoamento médio causada pelas
rugosidades naturais ou artificiais da superfície terrestre
como nos processos de convecção causados por gradientes
térmicos.
Velocidades do vento
A velocidade básica do vento (V0) é a máxima velocidade que
pode ser medida para um tempo de 3 s, com a possibilidade de
ser excedida ao menos uma vez em um período total de 50 anos
(tempo de recorrência), medida a uma altura de 10,0 m sobre
um terreno em lugar aberto e plano.
Isopletas ( Vo )

As 49 estações meteorológicas distribuídas pelo país permitiram a coleta de dados, que


serviram de base para a definição do mapa de isopletas da NBR 6123 (1988).
Análise estática para cargas de vento

Na análise estática dos ventos são adotados coeficientes


multiplicados à pressão principal. Estes coeficientes simulam
tanto o efeito de rajada quanto o efeito da superfície.

Análise dinâmica para cargas de vento

A carga resultante do vento consiste na soma da velocidade


média do vento com o efeito de rajada.
Resposta dinâmica da estrutura

VENTO x OBJETO = transferência de energia


Quantidade de energia transferida = fator de resposta de rajada.
Ação de uma rajada = deslocamento cíclico do objeto.
Movimento repetitivo = comportamento dinâmico.
O tempo que a estrutura leva para voltar à sua posição inicial = período de oscilação.
Frequência de resposta = o inverso do período.

Quanto mais flexível, menor é a frequência natural da estrutura, portanto, mais sensível
às cargas dinâmicas.

Estruturas com frequência natural menor que 1 Hz são consideradas flexíveis, segundo a
NBR 6123 (1988), e devem ser submetidas a uma análise dinâmica sob cargas de vento.

Quando a frequência da rajada se aproxima da frequência natural da estrutura, ocorre o


efeito de ressonância.
Análise estática para cargas de vento
Determinação das forças estáticas devidas ao vento

as características particulares da topografia,


a rugosidade do terreno,
a altura sobre o terreno,
as dimensões da edificação na parte considerada e
a estatística de uso da edificação

irão determinar qual é a velocidade característica do vento Vk,


𝑆1 Fator topográfico
𝑆2 Rugosidade, classe, altura
Velocidade característica 𝑽k = 𝑉0 . 𝑆1 . 𝑆2 . 𝑆3
𝑆3 Fator estatístico
𝑉0 Velocidade básica (isopletas)

A carga de vento resultante da velocidade característica :

Pressão do vento ( NBR 6123) 𝑞 = 0,613 𝑉k 2 𝑁/𝑚2


A força devido ao vento depende da diferença de pressão nas faces
opostas da parte da edificação em estudo (coeficientes aerodinâmicos).

A NBR6123 permite calcular as forças sobre elementos planos das


edificações a partir de coeficientes de pressão ou coeficientes de força.

F = (Cpe – Cpi) q A
Onde:

Cpe - coeficientes de pressão externo

Cpi - coeficientes de pressão interno

q - é a pressão dinâmica

A - área frontal ou perpendicular a atuação do vento.

Valores positivos dos coeficientes de forma ou pressão externo ou interno


correspondem a sobrepressões, e valores negativos correspondem a sucções.
Pressão externa

Coeficientes de pressão externa – coeficiente de forma – Ce


Coeficientes de pressão e de forma externos

Definidos nas tabelas 4 a 8 e também nos anexos E e F

Para simplificar o dimensionamento a NBR 6123 indica a


utilização dos coeficientes de forma (Ce) que são valores
médios do coeficiente de pressão para as superfícies da
edificação.
Coeficiente de forma Ce para telhados com duas águas, simétricos, em
edificações de planta retangular.
Coeficientes de pressão externa – coeficiente de forma – Ce

Paredes de edificações de planta retangular


Coeficientes de pressão externa – coeficiente de forma - Ce
Para a/b entre 3/2 e 2, interpolar linearmente.

Onde,

- fator de forma;

- fator de forma para a/b = 2;

- fator de forma para a/b = 3/2;

- maior distância em planta;

- menor distância em planta.

Para vento a 0°, nas partes A3 e B3, o coeficiente de forma (Ce) tem os seguintes valores:
- para a/b = 1: mesmo valor das partes A2 e B2;
- para a/b ≥ 2: Ce = - 0,2;
- para 1 < a/b < 2: interpolar linearmente.
- maior distância em planta;

- menor distância em planta.

Para vento a 0°, nas partes A3 e B3, o coeficiente de forma (Ce) tem os seguintes valores:
- para a/b = 1: mesmo valor das partes A2 e B2;
- para a/b ≥ 2: Ce = - 0,2;
- para 1 < a/b < 2: interpolar linearmente.

Onde:

- fator de forma;

- fator de forma em A2 ou B2 tal que a/b = 2;

- fator de forma em A2 ou B2 tal que a/b = 1;

- maior distância em planta;

- menor distância em planta.


Os coeficientes de pressão interna

É relacionado ao fato de que as paredes e/ou a cobertura de edificações em


condições normais de serviço ou como consequência de danos, poderem possuir
aberturas (portas, janelas, básculas, frestas, entre outros) por onde o ar pode
entrar ou sair, modificando-se as condições ideais supostas nos ensaios
(Blessmann, 1978).

O Cpi é obtido por meio da permeabilidade de cada face da edificação - função


das dimensões - e dos valores de sobrepressão e sucção externas que atuam na
parte interna da edificação - função da localização das aberturas e da direção do
vento. Por exemplo: aberturas a barlavento geram sobrepressão interna (+)
enquanto aberturas a sotavento geram sucção interna (-). Para superfícies
internas planas a pressão é considerada uniforme Cpi = Ci
Coeficiente de pressão interna - Cpi

Dependem da permeabilidade da edificação

São considerados impermeáveis os seguintes elementos construtivos e


vedações: lajes e cortinas de concreto armado ou protendido; paredes de
alvenaria, de pedra, de tijolos, de blocos de concreto e afins, sem portas,
janelas ou quaisquer outras aberturas.

Os demais elementos construtivos e vedações são considerados permeáveis.


A permeabilidade deve-se à presença de aberturas, tais como juntas entre
painéis de vedação e entre telhas, frestas em portas e janelas, ventilações em
telhas e telhados, vãos abertos de portas e janelas, chaminés, lanternins, etc.

O índice de permeabilidade de uma parte da edificação é definido pela


relação entre a área das aberturas e a área total desta parte.

Abertura dominante é uma abertura cuja área é igual ou superior à área total
das outras aberturas que constituem a permeabilidade considerada sobre
toda a superfície externa da edificação
Moliterno
Para edificações com paredes internas permeáveis, a pressão interna pode
ser considerada uniforme. Neste caso, devem ser adotados os seguintes
valores para o coeficiente de pressão interna cpi:

a) duas faces opostas igualmente permeáveis; as outras faces


impermeáveis:

- vento perpendicular a uma face permeável: cpi = + 0,2;


- vento perpendicular a uma face impermeável: cpi = - 0,3;

b) quatro faces igualmente permeáveis: cpi = - 0,3 ou 0 (considerar o valor


mais nocivo);

Edificações efetivamente estanques e com janelas fixas que tenham uma


probabilidade desprezável de serem rompidas por acidente, considerar o
mais nocivo dos seguintes valores:
cpi = - 0,2 ou 0
c) abertura dominante em uma face; as outras faces de igual permeabilidade:

- abertura dominante na face de barlavento.


Proporção entre a área de todas as aberturas na face de barlavento e a área total das aberturas
em todas as faces (paredes e cobertura, nas condições de 6.2.4) submetidas a sucções externas:
1 ........................................... cpi = + 0,1
1,5........................................ cpi = + 0,3
2 ........................................... cpi = + 0,5
3 ........................................... cpi = + 0,6
6 ou mais ............................. cpi = + 0,8

- abertura dominante na face de sotavento.


Adotar o valor do coeficiente de forma externo, Ce, correspondente a esta face (ver Tabela 4).

- abertura dominante em uma face paralela ao vento.


- abertura dominante não situada em zona de alta sucção externa.
Adotar o valor do coeficiente de forma externo, Ce, correspondente ao local da abertura nesta
face (ver Tabela 4).

- abertura dominante situada em zona de alta sucção externa.


Proporção entre a área da abertura dominante (ou área das aberturas situadas nesta zona) e a
área total das outras aberturas situadas em todas as faces submetidas a sucções externas:
0,25 ............................................... cpi = - 0,4
0,50 .................................................. cpi = - 0,5
0,75 ................................................ cpi = - 0,6
1,0................................................. cpi = - 0,7
1,5................................................. cpi = - 0,8
3 ou mais ......................................... cpi = - 0,9
A força global do vento sobre uma edificação

É a soma vetorial das forças que aí atuam

A componente da força global na direção do vento é definida


como Força de arrasto na direção do vento (Fa), é expressa por:

Fa= Ca . q . A e

Onde:
Ca = coeficiente de arrasto (coeficiente de força)
Ae = área frontal efetiva ( projeção sobre o plano ortogonal à direção do vento – área de
sombra)
A NBR 6123 recomenda diversos valores de coeficiente de arrasto (Ca) por meio de
gráficos e tabelas, devemos observar o tipo de estrutura que estamos projetando e
considerar principalmente as condições de turbulência ou não turbulência do vento que
incide sobre a edificação.

Na prática é comum aplicar a força de arrasto na determinação da ação do vento em


edifício de andares múltiplos, torres e estruturas isoladas
O coeficiente de arrasto pode ser regido pelo seguinte diagrama
levando em conta as dimensões da edificação:
Uma edificação pode ser considerada em vento de alta turbulência quando sua altura
não excede duas vezes a altura média das edificações nas vizinhanças, estendendo-se
estas, na direção e no sentido do vento incidente, a uma distância mínima de:

- 500 m, para uma edificação de até 40 m de altura;


- 1000 m, para uma edificação de até 55 m de altura;
- 2000 m, para uma edificação de até 70m de altura;
- 3000 m, para uma edificação de até 80 m de altura.
Diagrama para coeficiente de arrasto para vento turbulento:
MÉTODO ESTÁTICO

𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒓𝒂𝒄𝒕𝒆𝒓í𝒔𝒕𝒊𝒄𝒂

𝑽k = 𝑽𝟎 . 𝑺𝟏 . 𝑺𝟐 . 𝑺𝟑

𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒅𝒊𝒏â𝒎𝒊𝒄𝒂 𝒒 = 𝟎, 𝟔𝟏𝟑 𝑽k 𝟐

Forças a partir de coeficientes de pressão

F = (Cpe – Cpi) q A
Fator topográfico S1

Depende somente das características do relevo do terreno nos arredores da


edificação. As influências de morros e taludes, de uma altura “d”, sobre o perfil
vertical das velocidades médias do vento faz com que o fator seja considerado como
uma função “S1 (z)” da altura “z” acima do terreno no ponto em estudo.
(BLESSMANN, 1995).
Terreno plano: 𝑆1 = 1,0

Taludes e morros item 5.2 NBR-6123

Vales protegidos: 𝑆1 = 0,9


Esquema de dimensões para taludes - Norma NBR 6123
Esquema de dimensões para morros - Norma NBR 6123.
A obtenção desse coeficiente vai depender da localização da edificação em relação à topografia e a
inclinação existente no caminho do vento. A partir da posição onde o terreno plano começa a variar na altura,
o vento passa a ser regido por um comportamento em que sua velocidade aumenta numa taxa de variação
maior do que seria em terreno plano ao longo da cota.
Para edificações localizadas no ponto B, as formulas respeitam as seguintes condições:

Onde,

- ângulo de inclinação do talude ou do morro;

- altura da cota da edificação;

- altura total do morro ou do talude.


Para um ângulo de declividade entre 3° e 6° o fator topográfico é determinado por interpolação linear. Nesse
caso serão utilizadas as extremidades angulares e seus respectivos coeficientes topográficos na
interpolação:

Onde,

- ângulo de inclinação;
- fator topográfico na inclinação de 3°;
- fator topográfico na inclinação de 6°.

O mesmo acontece no caso de declividades entre 17° e 45°:

Onde,

- ângulo de inclinação;
- fator topográfico na inclinação de 17°;
- fator topográfico na inclinação de 45°.
Para o caso de vales profundos o fator S1 será diminuído supondo que a velocidade do vento nessas regiões
tem a uma tendência de decrescer.

Figura 8. Coeficiente topográfico para edificações localizadas em vales.


Coeficiente topográfico para Fonte: edificações
NBR 6123.localizadas
1988. em vales - NBR 6123.
S2 – Fator rugosidade do terreno

O fator S2 contempla a rugosidade do terreno e a classificação das dimensões da


edificação. Dependendo das dimensões escolhidas, as rajadas de vento poderão
ser mais ou menos violentas.

Para determinação do fator S2 são consideradas a rugosidade média geral do


terreno e a dimensão da edificação.

A NBR-6123 estabelece cinco categorias (I a V), em função da rugosidade do


terreno:
Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão,
medidas na direção e sentido do vento incidente. Exemplos:
- mar calmo;
- lagos e rios;
- pântanos sem vegetação.

Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos


obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas. Exemplos:
- zonas costeiras planas;
- pântanos com vegetação rala;
- campos de aviação;
- pradarias e charnecas;
- fazendas sem sebes ou muros.

A cota média do topo dos obstáculos deve ser considerada inferior ou igual a 1,0 m.
Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros,
poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas. Exemplos:
- granjas e casas de campo, com exceção das partes com matos;
- fazendas com sebes e/ou muros;
- subúrbios a considerável distância do centro, com
- casas baixas e esparsas.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m.

Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em


zonas florestais, industriais ou urbanizadas. Exemplos:
- zonas de parques e bosques com muitas árvores;
- cidades pequenas e seus arredores;
- subúrbios densamente construídos de grandes cidades;
- áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10 m.


Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados. Exemplos:
- florestas com árvores altas, de copas isoladas;
- centros de grandes cidades;
- complexos industriais bem desenvolvidos.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou superior a 25


m.
As dimensões da edificação denominam a classe a ser escolhida para o cálculo do
coeficiente S2. Dependendo do maior comprimento (vertical ou horizontal), maior
será o tempo de rajada considerado para o cálculo do coeficiente. Quanto menor for
o tempo de rajada, maior será a velocidade.

Classes de Edificação

Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais


de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20 m.
Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.
Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

A classe e a categoria são tabeladas para a obtenção dos fatores meteorológicos p e b.


Parâmetros meteorológicos p e b e fatores de rajada Fr. - NBR 6123.
Esses fatores são utilizados na equação que rege o comportamento do fator S2 em função das cotas da
edificação.

Onde,

- fatores meteorológicos;

- cota (altura);

- fator de rajada.

O fator de rajada (Fr) sempre será escolhido na tabela para terreno de categoria II. Isso é referente
à NBR 6123.
Um modo mais prático de encontrar o fator S2 a partir da classe, da categoria e da altura
(cota) da edificação. Dessa forma poderemos usar a tabela que fornece diretamente o
fator S2 em função desses dados – NBR 6123

Para o caso de vedações é recomendável que o fator S2 usado para o cálculo da


velocidade seja o mesmo daquele no topo da edificação.
S3 - fator estatístico.

A sua intensidade diz respeito às consequências que a ruína total da edificação


poderia causar a região. Por exemplo, a devastação de um hospital em uma
situação de catástrofe poderia gerar muitas fatalidades por falta de uma estrutura
de atendimento.

Grupos de edificações que são avaliados estatisticamente e apresentados em


tabela
Valores do fator S3 de acordo com o tipo de edificação- NBR 6123.
Cálculo da ação do vento

Local : Curitiba, subúrbio, região industrial, obstáculos


numerosos, terreno plano, indústria com alta ocupação.

5m

30 m

20 m
Velocidade básica (isopletas) 𝑉0 42m/s
Rugosidade categoria IV

Classe B

𝑆1 = 1,0

𝑆2 b = 0,85 ; p = 0,125 ; Fr = 0,98 𝑆2 = 0,81

𝑆3 = 1,0

Velocidade característica 𝑉𝑘 = 42 . 1 .0,81 . 1 = 34,02

𝑽k = 𝑉0 . 𝑆1 . 𝑆2 . 𝑆3

Pressão dinâmica 𝑞 = 0,613 𝑉k 2

q = 0,709 k𝑁/𝑚2

Força estática F = (Ce - Ci )q. A


Coeficientes de pressão Cpe e forma Ce externos
ℎ 5 1
altura relativa = <2
𝑏 20
Coeficientes de pressão
Ce e Cpe proporção em planta
𝑎
=
30 3
=2
𝑏 20
Coeficientes de pressão Ce

Vento a 0 o Vento a 90 o

𝑎 30 𝑏 20
= = 1,5 = = 6,67 2 h = 10
𝑏 20 3 3
𝑏 20
𝑎 30
= = 10
2 2
= = 7,5
Por interpolação Ce = 0,35 4 4

0,8
0,4
0,7

0,7 0,4
0,8 0,8

0,5 0,5

0,35 0,35

0,4
0,4 0,8
Coeficientes de pressão Ce para o telhado

𝒉 𝟓 𝟏
= ˂ 𝑏 20
𝒃 𝟐𝟎 𝟐 x= = = 6,67
3 3
x = 7,5
y = 0,15 b = 0,15 . 20 = 3 𝑎 30
y=3 x= = = 7,5
y=h=5 4 4

y
x

y
Coeficientes de pressão Ce para o telhado

Vento a 90 o Vento a 0 o

1,0 0,4 0,8 0,8


Coeficientes de pressão interna Cpi

Para edificações com paredes internas permeáveis, a pressão interna pode


ser considerada uniforme. Neste caso, devem ser adotados os seguintes
valores para o coeficiente de pressão interna Cpi :

a) duas faces opostas igualmente permeáveis; as outras faces impermeáveis:


- vento perpendicular a uma face permeável:
Cpi = + 0,2;

- vento perpendicular a uma face impermeável:


Cpi = - 0,3;

b) quatro faces igualmente permeáveis:


Cpi = - 0,3 ou 0 (considerar o valor mais nocivo);
Coeficientes resultantes

Vento a 90 o Vento a 0 o
1,0 + 0,2 =1,2 0,4 + 0,2 = 0,6 0,8 + 0,2 = 1,0 0,8 + 0,2 = 1,0

0,7 - 0,2 = 0,5 0,4 + 0,2 = 0,6 0,8 + 0,2 = 1,0 0,8 + 0,2 = 1,0

1,0 - 0,3 = 0,7 0,4 - 0,3 = 0,1 0,8 - 0,3 = 0,5 0,8 - 0,3 = 0,5

0,7 + 0,3 = 1,0 0,4 - 0,3 = 0,1 0,8 - 0,3 = 0,5 0,8 - 0,3 = 0,5
Carregamentos resultantes
A = espaço entre pórticos x 3,0 m
Cargas distribuídas por metro kN/m

Vento a 90 o Vento a 0 o

1,2 . 0,709. 3 = 2,55 0,6 . 0,709. 3 = 1,275


1 . 0,709. 3 = 2,127 1 . 0,709. 3 = 2,127

0,5 . 0,709 .3 = 1,065 0,6 . 0,709 .3 = 1,275


1 . 0,709 .3 = 2,127 1 . 0,709 .3 = 2,127

0,7 . 0,709. 3 = 1,49 0,1 . 0,709. 3 = 0,213 0,5 . 0,709 . 3 = 1,064


0,5 . 0,709 . 3 = 1,064

1 . 0,709 . 3 = 2,127 0,1 . 0,709 . 3 = 0,213 0,5 . 0,709 . 3 = 1,064 0,5 . 0,709 . 3 = 1,064
REFERÊNCIAS

ABNT NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações

BLESSMANN, J. Efeito do vento em edificações. Porto Alegre, Editora da


Universidade/UFRGS.

BLESSMANN, J. Vento na engenharia estrutural. Porto Alegre, Editora da


Universidade/UFRGS.

BLESSMANN, J. Ação do vento em telhados. Porto Alegre, Editora da


Universidade/UFRGS.

CHING, Francis D. K., ONOUYE, Barry S., ZUBERBULER, Douglas. Sistemas Estruturais
Ilustrados: Padrões, Sistemas e Projeto. 2ª Ed. 2014. Bookman. Porto Alegre - RS

MOLITERNO, Antonio, Caderno de projetos de telhados em estruturas de madeira, Editora


Blucher. São Paulo.

Software VisualVentos. Disponível em: http://www.etools.upf.br

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