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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia de Estruturas

CONCRETO ARMADO II

Ney Amorim Silva


(Prof. Titular)

Versão Junho 2018


CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 8

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

TORÇÂO
__________________________________________________________________________

8.1 – Introdução

O estudo da torção em vigas é um tema bastante explorado e se baseia nos


conceitos fundamentais da Resistência dos Materiais e da Teoria da Elasticidade. Em
situações raras, quando o momento de torção (T) é a única solicitação atuante, ocorre
a torção simples ou pura. Normalmente a torção atua simultaneamente com a força
cortante (V), o momento fletor (M) ou força normal (N).

Admite-se que o empenamento (fenômeno associado a diferentes alongamen-


tos longitudinais das fibras) da seção transversal não é impedido. Na prática os apoios,
pilares ou outras vigas, impedem de certa forma o livre empenamento. Como conse-
quência surgem novas tensões longitudinais, de coação, produzindo uma redução das
tensões de cisalhamento. Esse efeito pode ser desprezado no dimensionamento das
seções usuais de concreto armado, devido à grande redução destas tensões de coa-
ção, em função da fissuração da peça. Nessas seções o impedimento remanescente,
na maioria dos casos, é absorvido por uma armadura apenas construtiva, ou seja, a
armadura mínima.

Esse tipo de torção, sem efeitos de coação e com empenamento não impedido
(livre) é denominado torção de Saint-Venant, cujos princípios básicos de dimensiona-
mento propostos continuam adequados, com certa aproximação, para várias situa-
ções práticas e usuais de peças de concreto armado (seções maciças e vazadas fe-
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chadas), incluindo também as solicitações compostas. No caso de seções delga-


das, entretanto, a influência do empenamento pode ser considerável, e devem ser
utilizadas as hipóteses da flexo-torção, conforme método simplificado apresentado no
item 17.5.2 da NBR 6118:2014.

Frequentemente os momentos de torção resultam de um impedimento à defor-


mação, isto é, coação. Esse esforço, denominado torção de compatibilidade, não é
fundamental para o equilíbrio da peça e ocorre, por exemplo, em vigas de borda e nos
apoios indiretos de vigas (viga apoiando em viga). No primeiro caso o momento de
engastamento da laje tende a girar a viga; a rigidez à flexão dos pilares impede essa
rotação. No segundo, conforme mostrado na figura 8.1, o momento de engastamento
(flexão) da viga apoiada é transmitido à viga principal como um momento de torção
concentrado; a rigidez dessa viga à torção restringe sua rotação. Como a rigidez à
torção de vigas fissuradas de concreto armado é bem menor que a rigidez à flexão,
nesses dois casos essa torção de compatibilidade é normalmente desprezada.

Figura 8.1 – Torção de Compatibilidade (Viga apoiando em viga)

Na figura 8.1 a viga BD apoia na viga AC no ponto B de cruzamento das duas.


Devido a rigidez à torção da viga AC surge o momento de engastamento XBD da viga
BD. Este momento de flexão (negativo) da viga BD é aplicado à viga AC como um

8.2
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momento de torção concentrado TB = XBD no ponto B. Como consequência as reações


(momentos fletores) dos pilares em A e C serão respectivamente, TBA e TBC, cuja
soma é igual ao momento de torção concentrado TB.

Conforme mostra essa figura o momento XBD é dispensável ao equilíbrio da


viga BD, que pode ser calculada como viga biapoiada, modelo normalmente usado na
prática, que se justifica pela baixa rigidez à torção (seção fissurada) da viga AC.

A laje em balanço mostrada na figura 8.2 tem um momento de engastamento


por unidade de comprimento igual a m, que é aplicado à viga AB que transmite aos
pilares os momentos TA = TB = m  / 2, valores máximos da torção para a viga. Para
os pilares em A e B estes momentos representam os momentos fletores MA = TA e
MB = TB, conforme ilustrado no diagrama de momentos (torção - viga AB e flexão -
pilares em A e B) da figura 8.2. Este tipo de situação em que a resistência à torção da
viga AB é fundamental ao equilíbrio define a torção de equilíbrio.

Figura 8.2 – Torção de Equilíbrio (Marquise - Laje engastada em viga)

8.3
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8.2 – Tensões principais na torção simples (Estádio I)

Vale relembrar da Resistência dos Materiais que o momento de torção é aferido


ao centro de cisalhamento CC, que coincide com o centro geométrico CG, para se-
ções transversais com dupla simetria. A torção simples com empenamento livre pro-
duz tensões tangenciais, t, na seção transversal dadas por:

T T
τt   y (8.1)
WT JT

Onde: T é o momento de torção


WT é o módulo de resistência à torção igual a (JT / y)
JT é o momento de inércia à torção da seção transversal

Da equação (8.1) nota-se que a tensão de cisalhamento é nula no centro de


cisalhamento (igual ao centro geométrico no caso de dupla simetria) e chega ao valor
máximo nas faces externas da seção transversal (onde y é máximo). Considerando
um sistema de eixos coordenados (x,y), com x paralelo e y perpendicular ao eixo
longitudinal da barra, com tensões σx = σy = 0 (para torção simples com empenamento
livre aplicada em torno do eixo x), as tensões principais são dadas por:

2
x  y  x  y 
1,2       2xy  1    2   xy   T (8.2)
2  2 

As tensões principais dadas em (8.2) ocorrem em um sistema de eixos inclina-


dos de 45o e 135o em relação ao eixo x. A figura (8.3) mostra este sistema principal
de tensões para uma barra prismática cilíndrica.

Na figura 8.4 indicam-se as tensões máximas de cisalhamento devidas à tor-


ção, t,max, e o momento de inércia à torção, JT, para algumas seções transversais.

8.4
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Figura 8.3 – Tensões principais de torção na superfície de um cilindro

Figura 8.4 – Tensões de torção t,max e momento de inércia à torção JT


(adaptada de Leonhardt e Mönnig - 1979).

8.5
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Para seções vazadas quaisquer, conforme mostrado na figura 8.5, a tensão de


cisalhamento é considerada constante na espessura da parede e o seu valor máximo
ocorre no ponto de espessura mínima.

T
τ t,max  (8.3)
2A e h e,min

A equação (8.3) é a conhecida fórmula de Bredt, da Resistência dos Materiais,


onde:
Ae é a área definida pelo perímetro médio da seção vazada;
he,min é a espessura mínima da parede fictícia da seção vazada equivalente.
.

Figura 8.5 – Tensões de torção em seções vazadas

8.6
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8.3 – Tensões principais na torção simples (Estádio II)

Segundo Leonhardt (1979) os ensaios realizados por Lampert (1970) e por ele
próprio demonstraram que, após o aparecimento das fissuras de torção (que se de-
senvolvem em forma de hélice com inclinação de 135o com o eixo da barra, conforme
figura 8.3), para armaduras usuais (estribos e barras longitudinais), dispostas próximo
à face externa da seção, somente uma casca delgada próxima a essa face externa
contribui na resistência. Isso se demonstra também no ensaio de uma seção cheia
quadrada submetida à torção, no Estádio II, apresentar o mesmo diagrama de defor-
mações e as mesmas tensões nas armaduras, do que uma seção quadrada vazada
com mesmas dimensões externas e armadura (ver figura 8.6).

Figura 8.6 – Rotações de vigas com seção cheia e vazada


(adaptada de Leonhardt e Mönnig - 1979).

8.7
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Outro ensaio importante na compreensão da rigidez e da capacidade resistente


à torção, no Estádio II, em peças retangulares com a mesma área da seção transver-
sal (bxh = constante), mas com a relação h/b variando de 1 a 6, é que todas elas
apresentam os mesmos valores depois de fissuradas, conforme mostrado na figura
8.7. No Estádio I (figura 8.4), esses resultados são completamente diferentes depen-
dendo da relação (h/b). Na figura 8.7 nota-se, após o aparecimento das fissuras nas
peças, uma queda brusca da rigidez à torção, em todas as relações (h/b), e a partir
do ponto em que as mesmas estão inteiramente fissuradas, o comportamento de to-
das é o mesmo.

Figura 8.7 – Rigidez à torção de diversos retângulos de mesma área nos Está-
dios I e II (adaptada de Leonhardt e Mönnig - 1979).

8.8
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8.4 – Elementos lineares sujeitos à Torção – Estado Limite Último

O dimensionamento à torção, assim como para as demais solicitações, deve


ser feito no estado limite último, ou seja, só a armadura absorve os esforços de tração
ficando o concreto restrito apenas a resistir às tensões de compressão (resistência
nula à tração). A NBR 6118:2014 no item 17.5.1, para a torção uniforme, pressupõe
“um modelo resistente constituído por uma treliça espacial, definida a partir de um
elemento estrutural de seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensio-
nar. As diagonais de compressão dessa treliça, formada por elementos de concreto,
têm a inclinação que pode ser arbitrada pelo projeto no intervalo 30o ≤ ɵ ≤ 45o.”

Figura 8.8 – Modelo de Treliça - Torção Simples (seção vazada equivalente)


8.9
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Na figura 8.8 a seção cheia é substituída por uma seção equivalente vazada de
espessura he, com:
 diagonais comprimidas de concreto, inclinadas de um ângulo , cuja resultante
de cálculo vale Rcc;

 barras longitudinais tracionadas nos quatro cantos com resultante total Rs;

 barras tracionadas transversais, estribos, com resultante Rs90, em um trecho


de viga de comprimento (a cotg).

Segundo Leonhardt (1979), as tensões reais nas barras são obtidas quando a
linha média da seção vazada passar pelos centros das barras longitudinais dispostas
nos cantos. Para o valor dessa tensão no aço e para o dimensionamento da armadura
de torção a espessura he da parede não tem a menor influência. Ela é fundamental
na verificação da diagonal (biela) comprimida do concreto e na determinação da ten-
são tangencial devido à torção. O valor de he será determinado adiante.

Na figura 8.9 mostra-se apenas o modelo espacial da treliça de torção com as


resultantes de compressão no concreto e de tração nas armaduras longitudinais e
transversais. Em destaque ampliado, mostra-se o equilíbrio do nó de canto A, com as
resultantes citadas acima. Fazendo-se o equilíbrio de forças na direção longitudinal e
transversal obtém-se respectivamente:

Rs,2 = Rcc cos (8.4)

Rs90 = Rcc sen (8.5)

Nessa figura fazendo-se o equilíbrio de momentos no centro geométrico da se-


ção transversal BCDE, obtém-se:

a TSd
4 R cc senθ  TSd  TSd  R cc 2asenθ  R cc  (8.6)
2 2 a senθ

Levando-se esse valor de Rcc nas equações (8.4) e (8.5) resulta:

8.10
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TSd cotgθ
R s,2   TSd  R s,2 2 a tgθ (8.7)
2a
TSd
Rs90   TSd  Rs90 2 a (8.8)
2a

Para  = 45o (Rs,2 = Rs,i) = Rs90

Figura 8.9 – Resultantes de compressão e de tração no Modelo de Treliça


Equilíbrio do nó de canto A e da seção transversal BCDE

Com base nas equações (8.7) e (8.8) a NBR 6118:2014 admite satisfeita a re-
sistência à torção do elemento estrutural, em uma dada seção, quando se verificam
simultaneamente as três condições seguintes:

TSd ≤ TRd,2 (8.9)

8.11
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TSd ≤ TRd,3 (8.10)

TSd ≤ TRd,4 (8.11)


Onde:
TRd,2 representa o limite dado pela resistência das diagonais comprimi-
das de concreto;

TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos estribos


normais ao eixo do elemento estrutural;

TRd,4 representa o limite definido pelas barras longitudinais, paralelas


ao eixo do elemento estrutural.

8.4.1 – Verificação da compressão diagonal do concreto - TSd ≤ TRd,2


(item 17.5.1.5 da NBR6118:2014)

Para verificar se a diagonal (biela) comprimida do concreto não romperá, deve-


se determinar a tensão provocada pela resultante Rcc do concreto, em uma área re-
tangular que tem como base a dimensão (a cos), normal à direção da biela, como
mostrado na figura 8.9, e como altura a espessura equivalente, he, da parede da seção
vazada. Assim, de (8.6) com tensão máxima no concreto igual a σcc,max, obtém-se:

R cc  σ cc, max acosθ h e  


TSd TSd
 σ cc, max  (8.12a)
2asenθ  
2 a 2 senθ cosθ 

Fazendo-se (Ae = a2) e (2sencos = sen2), onde Ae é a área limitada pela


linha média da parede (com espessura he) da seção vazada, a equação acima se
transforma em:

TSd
σ cc,max  (8.12b)
A e h e sen2θ

8.12
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Nota-se que o valor da tensão em (8.12b) é mínima quando sen2 é máximo,


ou seja, para  = 45o. Portanto, para diagonais comprimidas inclinadas de  = 45o
obtém-se a menor tensão de compressão nas bielas. Dessa forma para estribos ver-
ticais e  = 45o a tensão σcc,max vale o dobro da tensão de cisalhamento para seções
vazadas com espessura constante he, conforme equação (8.3):

TSd TSd
σ cc, max   2τ td com τ td  (8.13)
A ehe 2Ae h e

Da equação (8.9) e conforme item 17.5.1.5 da NBR 6118:2014, que define o


valor de TRd,2, tem-se:

TSd ≤ TRd,2 = 0,50 v2 fcd Ae he sen2 (8.14)

Para  = 45o

TSd T
 td    td2  Rd,2  0,25  v2 fcd (8.15)
2Aehe 2Aehe

com a resistência fck do concreto em Megapascal (MPa). A diagonal comprimida de


concreto está verificada quando a equação (8.15) é atendida, isto é, td ≤ td2. Nesse
caso não haverá o esmagamento da biela de compressão.

f ck
α v2  ( 1  ) (5.15) = (8.16)
250

Os valores limites das tensões de cisalhamento devido à torção (td2), abaixo


das quais se verificam indiretamente as tensões de compressão na biela comprimida
de concreto, estão indicadas na tabela 8.1.

8.13
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Tabela 8.1 – Valores limites das tensões de cisalhamento devido à torção - td2

Valores de td2 para concretos do grupo I - (fck ≤ 50 MPa)


(kN / cm2)

C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50

0,329 0,402 0,471 0,538 0,600 0,659 0,714

Valores de td2 para concretos do grupo II - (50 MPa < fck ≤ 90 MPa)
kN / cm2

C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90

0,766 0,814 0,859 0,900 0,938 0,971 1,002 1,029

8.4.2 – Cálculo das armaduras - (item 17.5.1.6 da NBR 6118:2014)

As armaduras efetivamente consideradas devem estar contidas na área corres-


pondente à parede equivalente, sendo constituídas por estribos, normais ao eixo do
elemento estrutural, espaçados de s com área individual A90, e por armaduras longi-

tudinais de área total As.

8.4.2.1 – Estribos normais ao eixo do elemento estrutural – (TSd ≤ TRd3)

Segundo a NBR 6118:2014 a resistência decorrente dos estribos normais ao


eixo do elemento estrutural é dada pela expressão:

A 90
TRd3  f ywd 2A e cotgθ (8.17)
s

Onde:
A90 é a área de um estribo no trecho de comprimento acotg;

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s é o espaçamento entre os estribos;

fywd é a resistência de cálculo ao escoamento do aço da armadura


transversal, limitada a 435 MPa.

A resultante Rs90, conforme já mencionado anteriormente, atua em um


trecho do elemento estrutural de comprimento (acotg), ver figura (8.8). A quantidade
de estribos nesse trecho, com área individual A90 e espaçamento s entre eles, é dada
por: [(acotg) / s]. A resultante RS90 é obtida multiplicando-se o número de estribos
nesse trecho pela tensão fywd. A partir da equação (8.8) obtém-se:

 acotgθ  A
TSd  R S90 2 a   A 90 f ywd 2 a  90 f ywd 2Ae cotgθ (8.18)
 s  s

Mesma expressão de TRd3 dada em (8.17). De (8.10), para atender a NBR


6118:2014 em relação ao limite definido pela parcela resistida pelos estribos (TSd ≤
TRd3), a armadura transversal por unidade de comprimento longitudinal (A90 / s) é dada
por:

A 90 TSd
 tgθ (8.19)
s 2Ae f ywd

8.4.2.2 – Armadura longitudinal – (TSd ≤ TRd4)

Segundo a NBR 6118:2014 a resistência decorrente das armaduras longitudi-


nais é dada pela expressão:

As
TRd4  fywd 2Aetgθ (8.20)
ue
Onde:

As é a soma das áreas das armaduras longitudinais;

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ue é o perímetro de Ae, igual a (4a) no modelo da figura 8.8;

Conforme a NBR 6118:2014 “A armadura longitudinal de torção, de área total

As, pode ter arranjo distribuído ou concentrado, mantendo-se obrigatoriamente cons-

tante a relação ( As / u), onde u é o trecho de perímetro, da seção efetiva, cor-

respondente a cada barra ou feixe de barras de área ( As)”. Isto significa que as
barras longitudinais poderão ser distribuídas uniformemente no perímetro ue, obser-
vando-se no entanto, uma barra em cada canto ou vértice dos estribos de torção, para
seções poligonais. Estas barras de canto, segundo Leonhardt (1979), são necessárias
para evitar o deslocamento das diagonais comprimidas, mesmo quando se usa arma-
dura (estribos) a 45o.

A resultante Rs é obtida multiplicando-se a área longitudinal total As pela ten-

são fywd, ou seja, Rs = (As fywd) = 4 Rs,i, ver figura (8.8). As resultantes parciais Rs,i

= (Rs / 4) nos quatro cantos “ i ”, são iguais ao valor dado na equação (8.7). Portanto
reescrevendo-se a equação (8.7) com os valores acima, obtém-se:

A 
TSd   s f ywd  2 a tgθ (8.21)
 4 

Dividindo-se e multiplicando a equação (8.21) por a e lembrando-se que Ae =


a2 e ue = 4a resulta:

A 
TSd   s  2 A e f ywd tgθ (8.22)
 ue 

Mesma expressão de TRd4 dada em (8.20). De (8.11), para atender a NBR


6118:2014 em relação ao limite definido da parcela resistida pela armadura longitudi-
nal (TSd ≤ TRd4), a armadura longitudinal por unidade de comprimento do perímetro

equivalente (As / ue) é dada por:

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A s TSd
 cotgθ (8.23)
ue 2Ae f ywd

Analisando-se as duas armaduras por unidade de comprimento (transversal e


longitudinal), respectivamente, equações (8.19) e (8.23), nota-se que quando o ângulo
, das diagonais comprimidas, for igual a 45o, as duas assumem o mesmo valor. Assim
para  = 45o:

A 90 A TSd
 s  (cm 2 /cm) (8.24)
s ue 2Ae f ywd

Conforme já visto anteriormente, o ângulo  = 45o conduz à menor tensão de


compressão na diagonal de concreto. Analisa-se agora qual ângulo conduz ao menor
consumo de armadura, transversal e longitudinal simultaneamente. Com esta finali-
dade determina-se o volume de armadura total, transversal mais longitudinal, em um
trecho de viga de comprimento igual a s (espaçamento dos estribos verticais).

Na equação (8.19) a área de aço da seção transversal de um estribo por uni-


dade de comprimento longitudinal vale (A90 / s), que multiplicada pelo perímetro do
estribo, ue, dá o volume de um estribo por unidade de comprimento longitudinal. Mul-
tiplicando esse volume unitário pelo espaçamento dos estribos, comprimento s, re-
sulta no volume de aço transversal. Da mesma forma, na equação (8.23), a área total
longitudinal por unidade de comprimento do perímetro médio da seção vazada equi-

valente ue, (As / ue), multiplicada pelo perímetro do estribo, ue, e pelo comprimento s,
dá o volume de aço longitudinal, ambos no comprimento s. Assim a função volume
total de armadura no comprimento de viga s, Vs,total (), é dado por:

Vs, total θ   tgθ  cotgθ


TSd u e s
(8.25)
2Ae f ywd

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Derivando-se essa função em relação a  e igualando-se a zero, chega-se a


uma condição de mínimo para a função volume total das armaduras:

sen2  = cos2    = 45o (8.26)

Dessa forma, o ângulo  = 45o conduz simultaneamente à tensão mínima de


compressão nas diagonais (bielas) de concreto e ao consumo mínimo de aço.

8.4.3 – Armadura mínima de torção - (item 17.5.1.2 da NBR 6118:2014)

Segundo a NBR 6118:2014 “Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio


do elemento estrutural, deve existir armadura destinada a resistir aos esforços de tra-
ção oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por estribos verticais nor-
mais ao eixo do elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo do
perímetro da seção resistente, calculada de acordo com as prescrições desta seção
e com taxa geométrica mínima dada pela expressão:”

1 A s
ρ s  (8.27a)
he ue
f ctm
 0,2 , com f ywk  500 MPa
f ywk

1 A sw
ρ sw  (8.27b)
bw s

Onde:
“Asw – é área da seção transversal dos estribos de força cortante.”

“Quando a torção não for necessária ao equilíbrio, caso da torção de compati-


bilidade, é possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a adequada
capacidade de adaptação plástica e que todos os outros esforços sejam calculados
sem considerar os efeitos por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do
elemento sujeito a torção seja menor ou igual a 2 h, para garantir um nível razoável

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de capacidade de adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção


e limitar a força cortante, tal que: VSd ≤ 0,7 VRd2.”

Para barras longitudinais em aço CA 50 ou CA 60, segundo a NBR 6118:2014,


deve-se trabalhar com a tensão característica fywk ≤ 500 MPa. Conforme equações
(1.12), que definem o valor de fctm, a armadura longitudinal mínima de torção é dada
por:

A s ,min f ctm
 0,2  1,2x104 3 2
f ck Para fck ≤ 50 MPa (8.28)
ueh e f ywk

A s , min
 8,48x10 4 ln 1  0,11fck 
f ctm
 0,2 Para fck > 50 MPa (8.29)
uehe f ywk

Os valores mínimos da armadura longitudinal total (As,min), são dados abaixo:

Para fck ≤ 50 MPa

As,min  1,2x104 3 fck


2
uehe   ,min (uehe ) cm2 (8.30)

ρw, min
,min  1,2x104 3 fck
2
 (8.31)
100

Para fck > 50 MPa

As ,min  8,48x104 ln 1  0,11fck uehe    ,min (uehe ) cm2 (8.32)

ρw, min
,min  8,48x104 ln1  0,11fck   (8.33)
100

8.19
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Os valores de w,min em (8.31) e (8.33), obtidos com a equação (8.27b), são os


mesmos já listados na tabela 5.1, calculados para a força cortante.

Sempre que atuar momento de torção, só ou acompanhado de força cortante,


as equações (8.30) a (8.33) derivadas de (8.27a), são utilizadas para calcular a arma-

dura longitudinal mínima de torção, As,min. As duas primeiras para o grupo I (fck ≤ 50
MPa) e as duas últimas para o grupo II (fck > 50 MPa).

Para a armadura transversal mínima de torção, A90,min, analogamente ao cal-

culado pela equação (8.27a) para As,min, e observado (8.24), obtém-se:

A s ,min 1 A 90,min 1
  1,2x104 3 2
f ck Para fck ≤ 50 MPa (8.34a)
ue he s he

Para s = 100 cm = 1m, A90,min, fica:

A90,min  1,2x102 3 fck


2
he  ρw, minhe Para fck ≤ 50 MPa (8.34b)

Essa armadura mínima deve também atender a equação (8.27b), que é a


mesma já usada para a força cortante, também para s = 1 m, que resulta em Asw,min
= w,min bw, uma vez que bw é sempre maior que he. Para efeito da força cortante o
mesmo estribo simples (com dois ramos verticais), cuja área da seção transversal vale
A90, tem uma área resistente Asw = 2A90. Portanto, a armadura transversal mínima de
torção é dada por:

Asw, min bw
A90,min  w, minhe   w, min (8.35)
2 2

Os valores de w,min embora já listados na tabela 5.1, são novamente transcri-


tos na tabela 8.2, abaixo.

8.20
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___________________________________________________________________________

Tabela 8.2 – Armaduras mínima de torção

Armaduras mínima transversal e longitudinal para a Torção


Concretos do Grupo I (fck ≤ 50 MPa)

LONGITUDINAL TRANSVERSAL
,min = (1,2x10-4) fck(2/3)  90,min = (0,012) fck(2/3)

fck ,min =  w,min / 100  90,min =  w,min (tab. 5.1)

As,min = ,min (uehe) A90,min =  w,min (he)

,min  w,min
20 0,088 / 100 0,088
25 0,103 / 100 0,103
30 0,116 / 100 0,116
35 0,128 / 100 0,128
40 0,140 / 100 0,140
45 0,152 / 100 0,152
50 0,163 / 100 0,163

De (8.24), (8.30), (8.31) e (8.34b), para s = 100 cm, e fck ≤ 50 MPa, obtém-se
o valor do momento de torção mínimo de cálculo, dado por:

A 90,min As ,min TSd, min


 
s ue 2Aefywd

As ,min 1 ρ w, min ρ


TSd, min  2Aef ywd  2Aefywd uehe   2Aefywd w, min he (8.36a)
ue ue 100 100

A90,min ρw, min


TSd, min  2Aefywd  2Aefywd he (8.36b)
s 100

8.21
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8.4.4 – Geometria da seção resistente - (item 17.5.1.4 da NBR 6118:2014)

8.4.4.1 – Seções poligonais convexas cheias

Segundo a NBR 6118:2014 “A seção vazada equivalente se define a partir da


seção cheia com espessura da parede equivalente he dada por:”

Ae,Ret.  b w  he h  he 
A
2c1  he  , (8.37a)
u
Onde:
A - é a área da seção cheia
Ae,Ret. - é a área definida pelo perímetro médio da seção vazada, para
seção retangular);
u - é o perímetro da seção cheia;
c1 - é a distância entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face
lateral do elemento estrutural.

“Caso (A / u) resulte menor que 2c1, pode-se adotar he = (A / u) ≤ (bw - 2c1) e


a superfície média da seção celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras
do canto (respeitando o cobrimento exigido nos estribos).”

 b w  2c1  Ae,Ret.  b w  2c1 h  2c1 


A A
 2c1 he  (8.37b)
u u

8.4.4.2 – Seções vazadas

“Deve ser considerada a menor espessura de parede entre:

- a espessura real da parede;


- a espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo
contorno externo da seção vazada.”

8.22
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8.4.5 – Solicitações combinadas - (item 17.7 da NBR 6118:2014)

8.4.5.1 - Flexão e torção

“Nos elementos estruturais submetidos a torção e a flexão simples ou composta,


as verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicita-
ções normais, devendo ser atendidas complementarmente as prescrições” abaixo
(itens 17.7.1.2 a 17.7.1.4 da NBR 6118:2014).

a) Armadura longitudinal

“Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção deve ser acrescentada à
armadura necessária para solicitações normais, considerando-se em cada seção os
esforços que agem concomitantemente.”

b) Armadura longitudinal no banzo comprimido por flexão

“No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser re-
duzida em função dos esforços de compressão que atuam na espessura efetiva he no
trecho de comprimento Δu correspondente à barra ou feixe de barras consideradas.”

c) Resistência do banzo comprimido

“Nas seções em que a torção atua simultaneamente com solicitações normais in-
tensas, que reduzem excessivamente a profundidade da linha neutra, particularmente
em vigas de seção celular, o valor de cálculo da tensão principal de compressão não
pode superar os valores estabelecidos na seção 22.

Essa tensão principal deve ser calculada como em um estado plano de tensões, a
partir da tensão normal média que age no banzo comprimido de flexão e da tensão
tangencial de torção calculada”, td dada pela equação (8.13).

8.23
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8.4.5.2 - Torção e força cortante

“Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos
de inclinação das bielas de concreto θ coincidentes para os dois esforços.

Quando for utilizado o modelo I (ver 17.4.2.2) para a força cortante, que su-
bentende θ = 45º, esse deve ser o valor considerado também para a torção.”

Quando uma viga usual de concreto armado está submetida à torção, normal-
mente essa solicitação vem acompanhada de força cortante, momento fletor, e even-
tualmente de força normal. Nas faces superior e inferior da viga, as tensões na diago-
nal comprimida de concreto devidas à torção devem ser superpostas com as tensões
devidas à flexão, conforme já visto anteriormente na solicitação combinada flexão e
torção. Dependendo da natureza da flexão (positiva ou negativa) essas tensões de
compressão podem ser ampliadas.

Nas faces laterais as tensões de compressão devidas à torção normalmente


são acrescidas pelas tensões devidas à força cortante. Nesse caso a resistência à
compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão, con-
forme a NBR 6118:2014:

VSd T  wd τ
 Sd  1   td  1 (8.38)
VRd2 TRd2  wd2 τ td2

Onde:

VSd = wd (bw d) e TSd = td (2 Ae he) são os esforços de cálculo que agem
concomitantemente na seção. Os valores limites de wd2 e td2 estão listados respec-
tivamente nas tabelas (5.2) e (8.1).

A armadura transversal total (torção mais cortante) pode ser calculada pela
soma das armaduras calculadas separadamente para VSd e TSd. O valor mínimo dessa

8.24
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___________________________________________________________________________

armadura transversal total, para fck ≤ 50 MPa, deve atender ao mínimo devido à tor-
ção, equação (8.35) e também ao mínimo já estabelecido para força cortante no ca-
pítulo 5. Assim a soma dos valores calculados para A90 e (Asw/2) deve atender:

Asw
A90   Asw,min  ρw,minb w com ρw,min dado na tabela 5.1 ou 8.2 (8.39)
2

Como A90 foi calculado considerando um ramo do estribo, o valor de Asw deve
ser dividido por 2, quando se considera estribo simples. Caso o estribo seja múltiplo,
serão considerados apenas os ramos efetivamente dispostos na espessura equiva-
lente he da parede da seção vazada.

8.5 – Detalhamento da armadura para torção - (item 18.3.4 da NBR 6118:2014)

 “A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção


deve ser constituída por estribos normais ao eixo da viga, combinados com
barras longitudinais paralelas ao mesmo eixo, e deve ser projetada de acordo
com as prescrições de 17.5.”

 “Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras


longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente
(ver 17.5.1.4).”

 “Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno, envol-
vendo as barras das armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades
adequadamente ancoradas por meio de ganchos em ângulo de 45°.”

 “Devem ser obedecidas as prescrições de 18.3.3.2, relativas ao diâmetro das


barras que formam o estribo e ao espaçamento longitudinal dos mesmos.”

Essas prescrições referem-se ao detalhamento dos estribos para força cor-


tante:

8.25
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___________________________________________________________________________

 “O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5 mm,
sem exceder 1/10 da largura da alma da viga. Quando a barra for lisa, seu
diâmetro não pode ser superior a 12 mm.”
 “O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do
elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador,
garantindo um bom adensamento da massa.”
 “O espaçamento máximo deve atender às seguintes condições:”

TSd ≤ 0,67 TRd2  td ≤ 0,67td  Smáx = 0,6 d ≤ 300 mm


(8.40)
TSd > 0,67 TRd2  td > 0,67td  Smáx = 0,3 d ≤ 200 mm

Eventualmente quando a largura b for maior que h, os espaçamentos máximos


acima serão obtidos em função do valor maior, neste caso (b).

 “As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído


ou concentrado ao longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no má-
ximo em 350 mm.”

 “Deve-se respeitar a relação (As / u), onde u é o trecho de perímetro da

seção efetiva correspondente a cada barra ou feixe de barras de área As ,


exigida pelo dimensionamento.”
 “As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de tor-
ção, pelo menos uma barra.”

8.6 – Exemplos

8.6.1 – Exemplo 1

Calcular as armaduras de torção para uma viga de seção retangular (cheia)


30x50 cm2, fck = 25 MPa, aço CA 50 ou CA 60, cobrimento c = 2,5 cm, submetida a
um momento de torção T = 43 kNm.

8.26
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___________________________________________________________________________

 Determinação da parede equivalente he

c1 = c + 90 + / 2 = 4 cm (para 90 = 5 mm e ≤ 20 mm)

A = 30x50 = 1500 cm2, u = 2 (30 + 50) = 160 cm, (A / u) = (1500 / 160) = 9,4 cm

2 c1 = 8 ≤ he ≤ (A / u) = 9,4  para he = 8 cm  Ae = 22x42 = 924 cm2

 Verificação da diagonal comprimida ( = 45o)

TSd 4300 x 1,4


td    0,407  td2  0,402 kN / cm2 (tabela 8.1)
2Aehe 2 x 924 x 8

Concreto não verificado. Haverá ruptura da biela comprimida de concreto.

Como a compressão diagonal do concreto não foi verificada, deve-se aumentar

a seção ou no caso, adotar outro valor possível para he, por exemplo he = 9 cm. O

novo valor da área da seção média equivalente será Ae = (21x41) = 861 cm2.

4300 x 1,4
td   0,388  td2  0,402 kN / cm2 concreto OK!
2 x 861x 9

 Cálculo das armaduras

A 90 A s TSd 4300 x 1,4


    0,0804 cm2/cm
s ue 2Aefywd 2 x 861 x 43,5

 Armadura transversal
A90 = 100x0,0804 = 8,04 cm2/m  10 c/ 9, ou 12,5 c/ 15
td = 0,388 > 0,67x0,402 = 0,269 Smáx = 0,3x46 = 13,8 cm ≤ 20 cm

8.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

A90=8,04 cm2/m>A90,min=0,103x9=0,93 cm2/m > 0,103x30/2=1,55 cm2/m, eq. (9.35) e


(tab. 8.2).

As opções para estribo podem ser: (10 mm c/ 9 cm)* ou (12,5 mm c/ 14 cm).

Segundo a NBR 6118:2014 o estribo de torção deve ser fechado, envolver as


barras longitudinais e ter gancho com ângulo de 45 o. Nesse tipo de gancho a ponta
reta deve ter um comprimento de 5t, não menor que 5 cm. O comprimento total do
estribo (com t = 10 mm = 1,0 cm) resulta:

Comp. = 2 x [(30 - 2x2,5 - 1,0) + (50 - 2x2,5 - 1,0)] + 2x5 = 2 (24 + 44) + 10 = 146 cm

 Armadura longitudinal

As= 2x(21 + 41)x0,0804 = 124x0,084 = 9,97 cm2

 (9 12,5 mm) ou (13 10 mm)

As= 9,97 cm2 > As,min = ρ,min (uehe) = (0,103/100)x(124x9) = 1,15 cm2

 Detalhamento da armadura longitudinal

o com  = 12,5 mm

Além da necessidade de se ter uma barra em cada canto, a relação (As/u)


deve ser constante. Nas faces superior e inferior a parcela da área longitudinal total

deve ser As,b = 21x0,0804 = 1,69 cm2 (2 12,5 mm). Nas faces laterais As,h=

41x0,0804 = 3,30 cm2 (3 12,5 mm). Considerando que as barras de canto têm metade
de sua área em cada face (b e h), o detalhamento exige mais uma barra de 12,5mm
nas faces com largura b e mais duas, nas laterais com altura h. Assim o detalhamento
final terá 10 12,5 mm, conforme figura 8.10.

8.28
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

o Com  = 10 mm

De maneira análoga para  = 10 mm o detalhamento final terá 14 10mm, con-


forme figura 8.10.

Figura 8.10 – Detalhamentos da seção transversal do exemplo 1

 Cálculo à torção adotando-se c1 = 5 cm

Nesse caso (A/u) = 9,4 cm < 2c1 = 10 cm, devendo-se considerar he = (A/u) =
9,4 cm < (bw - 2c1) = 20 cm e Ae = (b - 2c1)x(h - 2c1).

Ae = (30 - 10)x(50 - 10) = 800 cm2


4300 x 1,4
td   0,400  td2  0,402 kN / cm2
2 x 800 x 9,4
A 90 A s 4300 x 1,4
   0,0865 cm2/cm
s ue 2 x 800 x 43,5

A90 = 100x0,0865 = 8,65 cm2/m  (10 c/ 9), ou (12,5 c/ 14)

8.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

As= 2x(20 + 40)x0,0865 = 10,38 cm2  (9 12,5mm) ou (14 10mm)

Portanto, resulta no mesmo detalhamento obtido anteriormente (figura 8.10).


Nessa figura os valores reais de c1 = 4,125 cm, para  =12,5 mm, e c1 = 4 cm, para 
=10 mm, atendem ao detalhamento proposto.

8.6.2 – Exemplo 2

Figura 8.11 – Viga submetida à flexão (V e M) e torção (T)

Calcular e detalhar (flexão, cisalhamento e torção) a viga contínua com 2 vãos


mostrada na figura 8.11. Essa viga suporta além da marquise (carga vertical R = 4,85
kN/m e momento de engaste por unidade de comprimento t = 3,22 kNm/m), o seu
peso próprio e outras cargas verticais resultando a carga vertical distribuída p = 17,10
kN/m. Os diagramas de força cortante e momento fletor são obtidos com a carga (real)
8.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

vertical. O diagrama de momento de torção é obtido carregando ficticiamente a viga


com a carga “t”, resultando no diagrama de cortante fictício igual ao de momento de
torção real. Todos os apoios têm a mesma largura, igual a 20 cm, no sentido longitu-
dinal da viga.

 Dimensionamento à flexão

 Viga
X = 59,85 kNm As,cal = 4,50 cm2 (4 12,5 mm) As,e = 4,91 cm2

b = 37,67 / 0,7 = 53,81x1,25 ≈ 68 cm b,nec = 68 (4,50 / 4,91) = 63 cm


M = 10,82 kNm As,cal = 0,77 cm2 < As,min = 1,50 cm2 (2 10 mm) As,e = 1,57 cm2

b = 37,67 = 37,67x1,00 ≈ 38 cm b,nec = 38 (0,77 / 1,57) = 19 cm


M = 49,93 kNm As,cal = 3,71 cm2 (3 12,5 mm) As,e = 3,68 cm2

(5 10 mm)* As,e = 3,93 cm2

b = 37,67 = 37,67x1,00 ≈ 38 cm b,nec = 38 (3,71 / 3,93) = 36 cm

 Marquise
M = 322 kNcm Md = γn γf M γn = 1,95 - 0,05 h = 1,95 - 0,05x10 = 1,45

Md = 1,45x1,4x322 = 654 kNcm As,cal = 2,97 cm2/m (CA 50, d = 7,5 cm)

 Dimensionamento à força cortante


(modelo I,  = 45o, wd2 = 0,434 kN/cm2, tabela 5.2)

Vmax,face = 61,28 - 17,10x(0,20 / 2) = 59,57 kN


 Verificação do concreto

VSd,max 59,57x1,4
 wd,max    0,091kN/cm2  wd,min  0,117 kN/cm2
bw d 20x46

8.31
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
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Concreto (OK!) e Asw = Asw,min = ρw,min bw = 0,103x20 = 2,06 cm2/m


(Asw,min)/2 = 1,03 cm2/m
0,091 0,0769
w  100  0,036
39,15
(Asw,cal / 2) = 0,036x20/2 = 0,36 cm2/m

Como V = 61,28 kN é o maior valor da força cortante na viga, a armadura trans-


versal para todos os outros valores será igual a Asw,min.

Para V = 49,17 kN, segundo maior valor do cortante na viga, o valor de wd =
0,0748 kN/cm2 < c0 = 0,0769 kN/cm2, que implica em w < 0. Portanto para esse
cortante e todos os outros valores menores, deve-se ter Asw,cal = 0.

Nessa viga todos os valores de V são menores que Vmin = wd,min bw d /1,4 =
0,117x20x46/1,4 = 76,89 kN (ver tabela 5.4), implicando armadura transversal mínima,
Asw, min, em toda a extensão da viga.

 Dimensionamento à torção

 Determinação da parede equivalente he

c1 = (c = 2,5) + (90 = 0,5) + (= 1,25)/ 2 = 3,625 cm  adotar c1 = 4 cm


A = 20x50 = 1000 cm2, u = 2x(20 + 50) = 140 cm, (A / u) ≈ 7,1 cm < 2c1 = 8 cm

he = (A/u) = 7,1 cm < (bw - 2c1) = 12 cm, Ae = (bw - 2c1) (h - 2c1)


Ae = (20 - 8)x(50 - 8) = 504 cm2, ue = 2x(12 + 42) = 108 cm

 Verificação da diagonal comprimida ( = 45o)

TSd,max 1153x1,4
td,max    0,226  td2  0,402 kN / cm2 Concreto OK!
2Aehe 2 x 504 x7,1

8.32
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

Analogamente ao caso do cortante, pode-se aqui também calcular, o valor do


momento de torção na face do apoio, ou seja: Tmax,face = 11,53 - 3,22x0,10 = 11,21
kNm, resultando td,max = 0,219 kN/cm2.

 Cálculo das armaduras

 TS = 1153 kNcm

A 90 A s TSd 1153 x 1,4


    0,0368 cm2 /cm
s ue 2A e f ywd 2 x 504 x 43,5

A90 = 100x0,0368 = 3,68 cm2/m > A90,min = 0,103x 20/2 =1,03 cm2/m (> 0,103x7,1=0,73)

td = 0,226 kN/cm2 < 0,67x0,402 = 0,269 kN/cm2 Smáx = 0,6x46 = 27,6 cm ≤ 30 cm

As= 108x0,0368 = 3,97 cm2 ≥ As,min= (w,min / 100) (ue he)

As,min = 0,00103x108x7,1 = 0,79 cm2

 TS = 925 kNcm

925x1,4
td   0,181 kN / cm2  0,67td2  0,269 kN / cm2
2 x 504 x7,1
(Obs.: Se td < 0,67td2, concreto OK e o espaçamento Smáx = 0,6x46=27,6 cm ≤ 30
cm)

A 90 A s 925 x 1,4
   0,0295 cm2 /cm
s ue 2 x504 x 43,5

A90 = 100x0,0295 = 2,95 cm2/m > A90,min = 0,103x 20/2 =1,03 cm2/m (> 0,103x7,1=0,73)

8.33
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

As= 108x0,0295 = 3,19 cm2 > As,min = 0,79 cm2

 TS = 778 kNcm

778x1,4
td   0,152 kN / cm2  0,67td2  0,269 kN / cm2
2 x 504 x7,1

A 90 A s 778 x 1,4
   0,0248 cm2 /cm
s ue 2 x504 x 43,5

A90 = 100x0,0248 = 2,48 cm2/m > A90,min = 0,103x 20/2 =1,03 cm2/m (> 0,103x7,1=0,73)

Smáx = 0,6x46 = 27,6 cm ≤ 30 cm

As= 108x0,0295 = 2,28 cm2 > As,min = 0,79 cm2

 TS = 362 kNcm

A 90 A s 362 x 1,4
   0,0116 cm2 /cm
s ue 2 x 504 x 43,5

A90 = 100x0,0116 = 1,16 cm2/m > A90,min = 0,103x 20/2 =1,03 cm2/m (> 0,103x7,1=0,73)

Smáx = 0,6x46 = 27,6 cm ≤ 30 cm

As= 108x0,0116 = 1,25 cm2 > As,min = 0,79 cm2

De (8.36) determina-se o valor de TSd,min , dado por:

ρ w,min 0,103
TSd,min  2A e fywd he  2 x 504 x 43,5 7,1  321kNcm
100 100

8.34
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

TS,min = TSd,min / f = 321 / 1,4 = 229 kNcm < TS = 362 kNcm

 Ações combinadas

 Força cortante e momento de torção

A verificação conjunta (cortante e torção) da biela comprimida de concreto se faz


para a seção onde ocorre, simultaneamente, os maiores valores de V e T, conforme
a NBR 6118:2014, usando a seguinte equação:

wd,max td,max 0,091 0,226


    0,77  1 concreto OK !
wd2 td2 0,434 0,402

 V = 61,28 kN, Asw,cal / 2 = 0,36 cm2/m


T = 1153 kNcm, A90 = 3,68 cm2/m (TDireito segundo apoio)
M = - 5985 kNcm, As,cal = 4,50 cm2

o armadura transversal (ver figura 8.12)

(Asw,cal / 2) + A90 = 0,36 + 3,68 = 4,04 cm2/m > (Asw,min / 2) = 0,103x10 = 1,03 cm2/m
Adotando 8 s = [100 / (4,04 / 0,503)] = (100x0,503 / 4,04) = 12 cm 8 c/12 cm

Para valores de força cortante menores ou iguais a V ck = Vc0 / 1,4 = c0 bwd /
1,4 = 0,0769x20x46 / 1,4 = 50,5 kN a armadura transversal calculada para resistir ao
cortante deve ser igual a zero (Asw,cal= 0). Apenas um pequeno trecho de 63 cm do
segundo vão, conforme mostrado na figura 8.11, necessita de armadura teoricamente
calculadaa (maior que zero) para o cortante, lembrando que em toda a viga deve-se
ter armadura mínima, inclusive nesse trecho em questão, como foi visto anterior-
mente.

A armadura transversal mínima de torção A90,min = 0,103x7,1 = 0,73 cm2/m =


0,0073 cm2/cm, tem de ser maior que (Asw,min / 2) = 0,103x20 / 2 = 1,03 cm2/m = 0,0103

8.35
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cm2/cm, equação (8.35). O valor do momento de torção correspondente à essa arma-


dura 0,0103 cm2/cm, conforme A90/s = TSd / (2Aefywd), vale:
TSd
 0,0103  TSd  2 x 504 x 43,5x0,0103  452 kNcm
2 x 504 x 43,5

TS = TAsw,min = 452 / 1,4 = 323 kNcm (ver diagrama de T na figura 8.11)

Esse valor está a 258 cm a partir do apoio central (no trecho onde Asw,cal = 0,
bem distante dos 63 cm, onde se tem Asw,cal > 0), no segundo vão, bem próximo do
ponto de momento de torção mínimo, que está a 287 cm do mesmo apoio.

o armadura longitudinal (ver figura 8.12)

As,sup = As,inf = 0,0368x12 = 0,44 cm2 As,at = 0,0368x42 = 1,55 cm2

As,sup = As,sup + As,flexão = 0,44 + 4,50 = 4,94 cm2 ≈ Ase = 4,91 cm2 (4 12,5)

As,inf = As,inf + As,flexão = 0,44 + 0,00 = 0,44 cm2 < Ase = 1,57 cm2 (2 10)

Segundo o item 17.7.1.3 da NBR 6118:2014, no banzo comprimido pela flexão


a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em função dos esforços de com-
pressão, que atuam na espessura efetiva he da seção. No caso acima, isso ocorre na

parte inferior da seção (momento negativo), onde As,inf = 0,44 cm2 já é menor que as
duas bitolas de 10mm, que no mínimo devem ser levadas até o apoio central (arma-
dura mínima de flexão levada até os apoios, não menos que duas barras).

 V = 49,17 kN, Asw,cal / 2 = 0,00 cm2/m


T = 925 kNcm, A90 = 2,95 cm2/m (TEsquerdo segundo apoio)
M = - 5985 kNcm, As,cal = 4,50 cm2

o armadura transversal (ver figura 8.12)

(Asw,cal / 2) + A90 = 0,00 + 2,95 = 2,95 cm2/m > (Asw,min / 2) = 0,103x10 = 1,03 cm2/m

8.36
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Adotando 8 s = (100x0,503 / 2,95) = 17 cm 8 c/17 cm

O valor do momento de torção correspondente a (Asw,min / 2) = 0,0103 cm2/cm,


TS = 323 kNcm, está a 187 cm à esquerda do apoio central.

o armadura longitudinal (ver figura 8.12)

As,sup = As,inf = 0,0295x12 = 0,35 cm2 As,at = 0,0295x42 = 1,24 cm2

As,sup = As,sup + As,flexão = 0,35 + 4,50 = 4,85 cm2 < Ase = 4,91 cm2 (4 12,5)

As,inf = As,inf + As,flexão = 0,35 + 0 = 0,35 cm2 < Ase = 1,57 cm2 (2 10)

 V = 41,33 kN, Asw,cal / 2 = 0,00 cm2/m


T = 778 kNcm, A90 = 2,48 cm2/m
M = 0 kNcm, As,cal = 0,00 cm2

o armadura transversal (ver figura 8.12)

(Asw,cal / 2) + A90 = 0,00 + 2,48 = 2,48 cm2/m > (Asw,min / 2) = 0,103x10 = 1,03 cm2/m
Adotando 8 s = (100x0,503 / 2,48) = 20 cm 8 c/20 cm

O valor do momento de torção correspondente a (Asw,min / 2) = 0,0103 cm2/cm,


TS = 323 kNcm, está a 141 cm à esquerda do terceiro apoio.

o armadura longitudinal (ver figura 8.12)

As,sup = As,inf = 0,0248x12 = 0,30 cm2 As,at = 0,0248x42 = 1,04 cm2

As,sup = As,sup + As,flexão = 0,30 + 0,00 = 0,30 cm2 < Ase = 0,62 cm2 (2 6,3)

As,inf = As,inf + (As,flexão)* = 0,30 + 0,67* = 0,97 cm2 < Ase = 1,57 cm2 (2 10)

8.37
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(* ) - A armadura de flexão positiva, As,flexão, deve ser calculada no apoio da


direita, onde o momento fletor do diagrama vale zero, teoricamente não necessitando
de armadura. Considerando, conforme a NBR 6118:2014, o diagrama de momento

fletor deslocado de a, resulta:

As,flexão ≥ 0,5 Vd / fyd = 0,5 (41,33x1,4) / 43,5 = 0,67 cm2

 V = 19,24 kN, Asw,cal / 2 = 0,00 cm2/m


T = 362 kNcm, A90 = 1,16 cm2/m
M = 0 kNcm, As,cal = 0,00 cm2

o armadura transversal (ver figura 8.12)

(Asw,cal / 2) + A90 = 0,00 + 1,16 = 1,16 cm2/m > (Asw,min / 2) = 0,103x10 = 1,03 cm2/m
Adotando 5 mm s = (100x0,196 / 1,03) = 19 cm 5 c/ 19 cm

O valor do momento de torção correspondente a (Asw,min / 2) = 0,0103 cm2/cm,


TS = 323 kNcm, está a 12 cm à direita do primeiro apoio.

o armadura longitudinal (ver figura 8.12)

As,sup = As,inf = 0,0116x12 = 0,14 cm2 As,at = 0,0116x42 = 0,49 cm2

As,sup = As,sup + As,flexão = 0,14 + 0 = 0,14 cm2 < Ase = 0,62 cm2 (2 6,3)

As,inf = As,inf + (As,flexão)* = 0,14 + 0,31* = 0,45 cm2 < Ase = 1,57 cm2 (2 10)

As,flexão ≥ 0,5 Vd / fyd = 0,5 (19,24x1,4) / 43,5 = 0,31 cm2

 Detalhamento da viga

Para V = 61,28 kN (e para todos os outros valores menores), como wd,max =


0,093 kN/cm2 < 2c0 = 2x0,0769 = 0,154 kN/cm2, a relação (a / d) = 1, ver eq. (5.34b).
8.38
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 Armadura de flexão negativa e longitudinal superior de torção

Para as barras da armadura negativa de flexão (N2 e N3) da figura 8.12 foram

adotadas as seguintes premissas: b,nec = 63 cm e a = d = 46 cm. Adotou-se 412,5


mm (Ase = 4,91 cm2) ≈ (As,sup = 4,94 cm2), resultado da soma das armaduras de flexão
e de torção. Com isso a posições N2 e N3 ficam com os seguintes comprimentos:

N2 = (175 + 117) + 2(a + b) = 292 + 2(46 + 63) = 510 cm


(começando a 175 + 46 + 63 ≈ 285 cm à esquerda do eixo do apoio central)

N3 = (175 + 117) / 2 + 2(a + b) = 292 / 2 + 2(46 + 63) = 365 cm


(começando a 175/2 + 46 + 63 ≈ 195 cm à esquerda do eixo do apoio central)

Barras N1 e N4

N1,reto = 400 + (10 - 2,5) - 285 + 53,81 = 400 + 7,5 - 285 + 34 = 157 cm
N1 = 157 + 15 = 172 cm
N4,reto = 600 + (10 - 2,5) - 225 + 53,81 = 600 + 7,5 - 225 + 34 = 417 cm
N2 = 417 + 15 = 432 cm

 Armadura de flexão positiva e longitudinal inferior de torção

Nos pontos onde ocorrem os máximos momentos fletores positivos, os valores


das forças cortantes e dos momentos de torção são nulos, o que implica também, em
armaduras transversal e longitudinal, para esses esforços, teoricamente nulas. Deve-

se usar nesse caso, ver equação (8.30), A ssup inf


,min  A s,min = 0,00103x7,1x12 =

0,00731x12 = 0,09 cm2. Assim as armaduras totais positivas nos dois vãos ficam:

Vão 1 As,inf = 0,09 + As,cal = 0,09 + 0,77 = 0,86 cm2 < Ase,min = 1,57 cm2 (2 10)
Vão 2 As,inf = 0,09 + As,cal = 0,09 + 3,71 = 3,80 cm2 < Ase = 3,93 cm2 (5 10)

8.39
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
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As parcelas superior e inferior de As já foram adicionadas às armaduras de


flexão positiva e negativa, calculadas acima. Para o valor de T = 778 kNcm do vão 2

(posição N4) a parcela As,sup = 0,30 cm2, pode ser absorvida apenas por 1 6,3mm =
Ase = 0,31 cm2, metade da área de cada barra colocada nos vértices do estribo. Esse
mesmo procedimento será adotado no vão 1 (posição N1), onde o momento de torção
é ainda menor. A ancoragem das posições N1 e N4, como das barras negativas, é

dada por b = 53,81 = 53,81x0,63 = 34 cm (17,5+15 ≈ 33 cm, a partir da face do pilar).

 Armadura longitudinal lateral de torção, As,lat

Para as barras longitudinais de torção colocadas nas faces laterais da viga,

será considerado o maior momento de torção T = 1153 kNcm, que resulta em As,lat =

0,0368x42 = 1,55 cm2 < (3 8 mm + 1 6,3 mm = Ase,lat = 1,51 + 0,31 = 1,82 cm2).
Essas barras, representadas pela posição N7, estão dispostas em toda a extensão
lateral da viga e são ancoradas nos apoios. O valor 0,31 cm 2 (1 6,3 mm), metade em
cada canto do estribo, são os mesmos das situações extremas do início da vão 1 e do
final do vão 2, respectivamente as posições N1 e N4.

 Distribuição da armadura transversal devido ao cortante e à torção

Conforme o diagrama de torção da figura 8.11 os dois vãos da viga serão divi-
didos em três trechos, sendo dois trechos de estribos máximos, próximos aos apoios,
e um trecho de estribo mínimo na região central.
Vão 1

Trecho 1 – 41 cm do eixo do apoio esquerdo (Asw,cal / 2) + A90 = 1,16 cm2/m


5 c/ 17 (41 - 10) / 19 = 1,6 2 N9 c/ 19 cm
Trecho 2 – (400 – 41 - 216) = 143 cm (Asw,cal / 2) + A90 = 1,03 cm2/m
5 c/ 19 143 / 19 = 7,5 8 N9 c/ 19 cm
Trecho 3 – 216 cm do eixo do apoio direito (Asw,cal / 2) + A90 = 2,95 cm2/m

8.40
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8 c/ 17 (216 - 10) / 17 = 12,1 13 N8 c/ 17 cm

O trecho 1, com 31 cm, comporta 2 estribos tanto com espaçamento de 17 cm


quanto de 19 cm. Dessa forma pode-se ajuntar com o trecho 2, resultando um trecho
único com (31 + 143) = 174 cm espaçamento de 19 cm. Resulta então, (174 / 19 =
9,2) = 10 N9 c/19.

Vão 2
Trecho 1 – 287 cm do eixo do apoio esquerdo (Asw,cal / 2) + A90 = 4,04 cm2/m
8 c/ 12 (287 - 10) / 12 = 23,1 24 N8 c/ 12 cm
Trecho 2 – (600 – 287 - 171) = 142 cm (Asw,cal / 2) + A90 = 1,03 cm2/m
5 c/ 19 142 / 19 = 7,5 8 N9 c/ 19 cm
Trecho 3 – 171 cm do eixo do apoio direito (Asw,cal / 2) + A90 = 2,48 cm2/m
8 c/ 20 (171 - 10) / 20 = 8,1 9 N8 c/ 20 cm

Deve-se observar que, conforme a NBR 6118:2014, os estribos de torção de-


vem ser fechados com ganchos dobrados a 45o, conforme detalhado na figura 8.12.

 Armadura de flexão da marquise

A armadura de flexão da marquise, As,cal = 2,97 cm2/m (8 c/16), representada


pela posição N10, foi considerada separadamente das armaduras transversais devi-
das ao cortante e à torção (N8 e N9). O número de barras N10 é dada por: (1020 / 16)
= 63,8 ≈ 64 N10 c/16. Para resistir aos esforços de cisalhamento, devido à força cor-
tante e à torção, juntamente com a flexão da marquise deve-se usar simultaneamente
as posições N8 e N9 (estribos) e a posição N10 (flexão da marquise).

Esses dois estribos (N8 e N9) e a armadura de flexão N10 podem ser substitu-
ídos pela posição N11, que pela forma como foi detalhada na figura 8.12, tem tanto a
função dos estribos como das barras de flexão da marquise. A distribuição da posição
N11 segue a mesma distribuição já feita para os estribos, três trechos distintos em
cada vão.
8.41
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
___________________________________________________________________________

Vão 1
Trecho 1 – 31 cm desde a face do apoio (Asw,cal / 2) + A90 = 1,16 cm2/m
As,total = 1,16 + 2,97 = 4,13 cm2/m (8 c/ 12) 31 / 12 = 2,6 3 N11 c/ 12 cm

Trecho 2 – 143 cm na parte central (Asw,cal / 2) + A90 = 1,03 cm2/m


As,total = 1,03 + 2,97 = 4,00 cm2/m (8 c/ 12) 143 / 12 = 11,9 12 N11 c/ 12 cm

Trecho 3 – 216 cm antes face apoio (Asw,cal / 2) + A90 = 2,95 cm2/m


As,total = 2,95 + 2,97 = 5,92 cm2/m (8 c/ 8) 216 / 8 = 27,0 27 N11 c/ 8 cm

O trecho 1 e 2 como tem a mesma distribuição de estribos, se transforma em


um trecho único com (31 + 143) = 174 cm a partir da face do apoio esquerdo, resul-
tando 15 N8 c/12 (174 / 12 = 14,5).

Vão 2
Trecho 1 – 287 cm desde a face apoio (Asw,cal / 2) + A90 = 4,04 cm2/m
As,total = 4,04 + 2,97 = 7,01 cm2/m (8 c/ 7) 287 / 7 = 41,0 41 N11 c/ 7 cm

Trecho 2 – 142 cm na parte central (Asw,cal / 2) + A90 = 1,03 cm2/m


As,total = 1,03 + 2,97 = 4,00 cm2/m (8 c/ 12) 142 / 12 = 11,8 12 N11 c/ 12 cm

Trecho 3 – 171 cm antes da face apoio (Asw,cal / 2) + A90 = 2,48 cm2/m


As,total = 2,48 + 2,97 = 5,45 cm2/m ( 8 c/ 9) 171 / 9 = 19,0 19 N11 c/ 9 cm

8.42
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Torção
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Figura 8.12 – Detalhamento da viga do exemplo 2

8.43
CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 9

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

DEFORMAÇÕES POR FLEXÃO


____________________________________________________________________________

9.1 – Introdução

De acordo a teoria das estruturas o cálculo dos deslocamentos (rotações e fle-


chas) em barras devido à flexão se baseia na solução da equação diferencial clássica
da linha elástica para vigas, escrita em termos dos esforços, dada por:

d2y M
2
- (9.1)
dx EI

Onde
y - é a equação da linha elástica, função da variável x, eixo da viga;
M - equação de momento fletor, função de x;
E - módulo de elasticidade longitudinal do concreto (secante);
I - momento de inércia da seção transversal de concreto, que é função da
sua geometria e do detalhamento das armaduras;
EI - rigidez à flexão

De uma maneira geral tanto o momento fletor quanto a rigidez à flexão são fun-
ções da posição da seção, definida pela abscissa x. A equação do momento normal-
mente é uma função contínua em x, a não ser quando se aplica momento concentrado,
situação pouco comum em vigas. Embora o valor de E seja constante, o momento de
inércia I, que é uma propriedade geométrica da seção transversal considerada, de-
pende do detalhamento dessa seção de concreto (número e disposição das barras).
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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Como o detalhamento da viga é função do diagrama de momentos fletores, o momento


de inércia da viga também é função (indireta) da abscissa x.

O detalhamento de uma viga de concreto armado pode sofrer variações bruscas


da quantidade de barras, que podem ser interrompidas a partir do ponto em que co-
brem, além do diagrama de momentos fletores, a sua decalagem (a) e o comprimento
necessário de ancoragem (b,nec). Dessa forma o momento de inércia, ou mais preci-
samente a rigidez à flexão EI, tem trechos distintos com valores constantes cujas des-
continuidades ocorrem nas seções com mudança da quantidade de barras. Além disso,
mesmo em trechos onde não ocorra a interrupção das barras, pode haver descontinui-
dade do valor de I, quando o momento fletor mudar de sinal. As armaduras superior e
inferior são normalmente diferentes e a inversão do sinal do momento fletor transforma
uma armadura inicialmente tracionada (As), em armadura comprimida (A’s).

A linha elástica é obtida integrando-se analiticamente duas vezes a equação


(9.1) no comprimento da viga, desde que além de M a rigidez EI também seja contínua
em x. Como isso não ocorre normalmente, pode-se, de forma simples e bastante pre-
cisa integrar numericamente duas vezes a equação (9.1). A precisão desse processo
simples vem dos pequenos deslocamentos observados na viga deformada, podendo
sem prejuízo substituir a tangente do ângulo de rotação da seção (a primeira derivada
dy/dx) pelo próprio ângulo (ver figura 9.1).

9.2 – Fundamento teórico

Mesmo para vigas prismáticas (seção transversal constante), caso mais sim-
ples de aplicação da equação (9.1), pode-se ainda ter o momento de inércia I variável,
portanto o algoritmo desenvolvido a seguir envolve duas integrações numéricas inde-
finidas (sem limites de integração). Para tanto a viga será dividida em trechos (ele-
mentos) iguais (não necessariamente) de comprimento (x =  / n), onde  é o com-
primento da viga e n é número de elementos, conforme figura 9.1.

9.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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Figura 9.1 – Viga dividida em 10 elementos

A relação (m = M / EI) assume valores distintos nas seções discretizadas da


viga ficando a primeira integração numérica da equação (9.1) dada por:

dy
θ    mdx  C   mx  C (9.2)
dx

Na equação (9.2) a integral analítica mdx foi substituída pelo somatório mx,

transformando o comprimento infinitesimal dx em comprimento finito x =  =  / n,

9.3
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

no caso de elementos de comprimentos iguais. Nessa equação a constante de integra-


ção C é obtida fazendo-se x = 0, resultando C = 0.

θ  θ0   mx  θ0    m (9.3)

A rotação do elemento 1, segundo (9.3), é obtida da rotação da seção 0 (zero),


0, menos a parcela afetada pelo o momento m0 no comprimento  / 2 (metade do
comprimento do elemento 1). Assim:


θ1  θ0  m0
2


θ 2  θ0  m 0  m1
2

 m0 j1 
θ j  θ0     mk   θ0  θi, j (9.4a)
 2 
 k 1 

m j1 
θi, j  Δ 0   mk  (9.4b)
 2 
 k 1 

A rotação sempre será calculada em radianos no centro do elemento “j”, que


vai da seção “j-1” até a seção “j”.

Integrando-se numericamente a equação (9.3) obtém-se a equação da linha


elástica y, dada por:

y   θdx  D   θx  D (9.5a)

 
j j
y j  y 0  Δ  θi  y 0  Δ θ0  θi, j (9.5b)
i 1 i 1

9.4
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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Na equação (9.5b) y0 é a constante de integração D obtida para x= 0 e yj é a


flecha da seção “j”. Conhecendo-se as flechas nas seções “0” e k (qualquer) pode-se
obter de (9.5b) o valor de 0, com o qual se calculam todas as rotações dos elementos
e as flechas das seções.

 
yk  y 0  Δ θi y 0  Δ θ0  θi,k   y 0  Δ kθ0   θi,k 
k k k
(9.6)
 
i 1 i 1  i 1 

1  y k y 0 k 
θ0    θi,k  (9.7)
k  Δ i 1

Normalmente as seções com flechas prescritas são as seções “0” e n e os seus


valores são nulos, resultando para a rotação na seção “0” a expressão:

1  n 
θ0   θ i, j  (9.8)
n  j1 
 

9.3 – Algoritmo de cálculo

A tabela 9.1 abaixo mostra de forma sistemática a construção do algoritmo de


cálculo para o processo de integrações numéricas da equação diferencial da linha
elástica (9.1). A viga foi dividida esquematicamente em dez elementos (1 a 10) com
11 seções (“0” a 10). Na primeira coluna estão listadas as seções e na segunda as
relações mj = Mj / EIj.

Na construção da terceira coluna o valor de i,k, da linha k analisada, é obtido


com o valor da linha anterior, i,k-1, acrescido da parcela (mk-1 ), excetuando-se a
primeira linha onde se multiplica m0 por  / 2. Somando-se todos os valores dessa
coluna obtém-se a partir da equação (9.7) ou (9.8) o valor de 0.

A quarta coluna se constrói a partir do valor de 0 encontrado, diminuindo-se o

9.5
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

valor de i,k correspondente. De forma análoga se constrói a quinta coluna a partir da


flecha da seção “0”, y0, somando-se em cada linha k a flecha da seção anterior, yk-1,
com o produto do comprimento  pela rotação do elemento k, k.

Para averiguar a precisão desse algoritmo considera-se uma viga biapoiada de


vão , carga uniformemente distribuída p, dividida em dez elementos iguais, de com-
primento =  / 10. O momento fletor para uma seção genérica a uma distância x do
apoio é dado por M = px (-x) / 2. As seções que interessam no algoritmo dividem os
elementos e estão separadas de  entre si. Considerando-se uma seção “j”, a uma
distancia x = ( j ) e o vão  = (n ) = 10 , ficando o momento nessa seção ex-
presso por Mj = j (n - j) (p2/200). Para a seção central, onde x =  / 2 e j = 5, M5 =
5(10 - 5) (p2/200) = 25 (p2/200) = (p2/8) (ver tabela 9.2).

Tabela 9.1 – Algoritmo de cálculo para n = 10


Seção m=M/EI i,j=(m0/2+mk) j=0-i,j yj=y0+i

0 m0 y0
i,1= m0(/2) 1=0-i,1
1 m1 y1=y0+1
i,2=i,1+m1 2=0-i,2
2 m2 y2=y1+2
. . i,3=i,2+m2 3=0-i,3
. . .
. . .
. . i,k=i,k-1+mk-1 k=0-i,k
K mk yk=yk-1+k
. .
. .
. .
. . i,9=i,8+m8 9=0-i,9
9 m9 y9=y8+9
i,10=i,9+m9 10=0-i,10
10 m10 y10=y9+10

i,j

9.6
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Nessa viga os valores da grandeza i,j são dados por:

pl 3 j1
θ i, j   k n  k 
2000EI k 1
(9.9)

Tabela 9.2 – Algoritmo para viga biapoiada com n = 10


Mj i,j=k(n-k) j=0-i,j yj=y0+i
Seção
(p2/200EI) (p3 / 2000 EI) (p3 / 2000 EI) (p4 / 20000 EI)
0 0 0
0 82,5

1 9 82,5
9 73,5

2 16 156
25 57,5
3 21 213,5
46 36,5

4 24 250
70 12,5

5 25 262,5
95 -12,5
6 24 250
119 -36,5

7 21 213,5
140 -57,5

8 16 156
156 -73,5
9 9 82,5
165 -82,5

10 0 0
i,j=825

9.7
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Com a equação (9.8) determinam-se os valores da terceira coluna da tabela 9.2,


cujo somatório dividido por n = 10 resulta na rotação da seção “0”, 0,INT. NUM. = 82,5 p3
/ (2000 EI) = p3 / 24,24 EI. O valor de 0 obtido da integração analítica, para EI cons-
tante, é dado por 0,INT. ANAL. = p3 / 24 EI, praticamente igual ao valor encontrado pelo
algoritmo com integração numérica.

A partir do valor de 0 obtém-se as colunas 4 e 5, das rotações dos elementos


e das flechas das seções, respectivamente. Nota-se que a rotação do elemento 10 é
a mesma do elemento 1, com sinal contrário, indicando sentido contrário de rotação.
A flecha máxima, observada na seção 5, vale ymax,INT. NUM. = 262,5 p4 / ( 20000 EI) =
5,04 p4 / ( 384 EI). A flecha máxima obtida da integração analítica vale ymax,INT. ANAL.
= 5 p4 / (384 EI), valor praticamente coincidente. Nota-se, pela pequena diferença
entre os resultados, que a substituição do comprimento infinitesimal dx pelo valor finito
 = 50 cm, produz praticamente os mesmos resultados, comprovando a eficiência do
algoritmo.

Na tabela 9.1 calcula-se a rotação do elemento 1 com 1 = 0 - i,1 = 0 - m0


/2. Quando m0 = 0, como no caso dessa viga biapoiada, as rotações na seção “0” e
no elemento 1 são as mesmas. A rotação 10 representa a rotação do elemento 10,
portanto medida a uma distância /2 da seção extrema à direita da viga, seção 10. A
rotação nessa seção externa é obtida com a rotação do elemento 10, afetada pelo
momento da seção 10 no trecho de comprimento /2, resultando “11” = 0 - i,11 =
0 - (i,10 + m10 /2). Da mesma forma, quando o momento m10 = 0, a rotação do
elemento 10 confunde-se com a rotação da seção extrema, “11”.

9.4 – Momento de inércia da seção fissurada (Estádio II)

9.4.1 – Seção T ou L (Caso Geral)

O caso geral para uma viga genérica de seção T está apresentado na figura
9.2, com todas as características geométricas definidas no capítulo 2, submetida à
9.8
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

flexão normal composta (N e M). Segundo a NBR 6118:2014, adota-se como hipótese
básica, o diagrama linear de deformação, como mostrado na figura 9.2. Na verificação
do estado limite de utilização correspondente à deformação plástica excessiva (ELS-
W), em função das cargas de serviço, o diagrama de tensão no concreto é linear na
compressão e nulo na tração (linha tracejada na figura 9.2), ou seja, solicitação no
Estádio II.

Conforme mostrado a seguir, a determinação da profundidade da linha neutra


no estádio II (XII), quando N é diferente de “zero”, é um processo iterativo. Na flexão
simples, onde N = 0, o problema tem solução única e pode ser determinado igualando-
se, na seção homogeneizada, o momento estático das áreas comprimidas (concreto
e armadura A’s) com a área tracionada, apenas a armadura As. Esse foi o procedi-
mento usado no capítulo 3, na determinação do momento de inércia da seção fissu-
rada, para o cálculo de flechas em lajes.

Figura 9.2 – Seção T com diagramas de “” e “σ” no estádio II

Para homogeneizar a seção transversal do material composto concreto armado


(aço e concreto), em um único material (normalmente o de menor módulo de elastici-

9.9
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

dade), transformam-se as áreas de aço em áreas equivalentes de concreto multipli-


cando-as pela relação n = (Es / Ec), entre os módulos de elasticidade do aço e con-
creto.

Pela perfeita aderência aço-concreto observam-se as mesmas deformações no


aço e no concreto para um mesmo ponto. Como o diagrama de tensões é linear no
estádio II, tem-se:

σc σ Es 1
εc   εs  s  σs  σc  nσc  σc  σs (9.10)
Ec Es Ec n

Conforme equação (9.10) pode-se adaptar o mesmo diagrama de tensões do


concreto para o aço, desde que a tensão no aço esteja em uma escala (1/n) menor.

Com as áreas homogeneizadas obtém-se o centro geométrico, CG, da seção


genérica T, localizada a uma distância dG da borda mais comprimida (topo da mesa).
Nesse ponto os esforços solicitantes de serviço, força normal N e o momento fletor M
são aplicados.

A partir do diagrama de tensões da figura 9.2 obtém-se as seguintes relações:

σc σh σ'c σ /n σ's /n
   s  (9.11)
x II x II  h f x II  d' d  x II x II  d'

Escrevendo-se as equações de equilíbrio de forças e de momentos em relação


a linha neutra, Mn = M – N(dG – XII), obtém-se:

σcbf XII σh bf  bw XII  hf 


N   Asσs  A's σ's σ'c  (9.12)
2 2
2
σcbf XII σ b  bw XII  hf 2
M  NdG  XII    h f  Asσs d  XII   A's σ's σ'c XII  d'
3 3
(9.13)

9.10
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Reescrevendo-se a equação (9.12) apenas em função da tensão σc do concreto,


a partir de (9.11), obtém-se:

σcbf XII σc XII  hf  bf  bw XII  hf  σ nd  XII 


N   As c 
2 XII 2 xII

 σ nXII  d'  σ c XII  d' 


 A's  c   (9.14)
 XII XII 

Colocando-se σc (XII´d’) / XII em evidência no último termo de (9.14) resulta:

 σ X  d'   σc XII  d' 


A's  c II  n  1  A's   n'  n'  n  1 (9.15)
 X II   X II 

Na resultante resistente da armadura comprimida A’s, último termo de (9.12),


diminui-se da tensão σ’s a tensão σ’c do concreto comprimido, na mesma fibra a uma
distancia d’ da borda superior. Isso se justifica por já ter sido considerado no segundo
termo de (9.12) o termo A’s σ’c. Dessa forma a equação (9.14), a partir da equação
(9.15), resulta:

σcbf XII σc XII  hf  bf  bw XII  hf  σ nd  XII  σ n' XII  d'
N   As c  A's c
2 XII 2 XII XII
(9.16)
A equação do segundo grau em XII (9.16), depois das simplificações fica:

2    h2 
 nAs  n' A's   bf  bw hf  XII  dnA s  d' n' A's bf  bw  f   0
bw XII N
2  σc   2 

(9.17)
Resolvendo-se a equação (9.17) chega-se ao valor de XII:

XII   A  A 2  B (9.18)

9.11
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Onde
 
 b f  b w h f 
1 N
A nA s  n' A' s  (9.19)
bw  σc 

2  bf  b w 2 
B dnA s  d' n' A' s  hf  (9.20)
bw  2 

Reescrevendo-se a equação de equilíbrio (9.13) em função de σc obtém-se:

1

Mn   bf XII
3
3
  σ
 bf  b w XII  hf 3  nA s d  XII 2  n' A's XII  d' 2  c
 XII
(9.21)

A equação (9.21) pode ser escrita na forma:

Mn
σc  x II (9.22)
In

Onde Mn é o momento em relação a linha neutra e In = III é o momento de inércia


da seção fissurada, dado por:

In  I II 
1
3
 3
bf XII 
 bf  bw XII  hf 3  nA s d  XII 2  n' A's XII  d'2 (9.23)

Para determinação de XII, conforme equações (9.18) e (9.19), é preciso conhe-


cer σc, que por sua vez depende de XII, conforme equação (9.22). Portanto, o pro-
blema da obtenção da linha neutra no Estádio II para FNC (flexão normal composta)
é indeterminado, necessitando de processo iterativo para sua solução.

9.4.2 – Seção retangular submetida à flexão simples

Esse é um caso particular da seção T, com bf = bw, submetida à flexão simples,


ou seja, N =0. Substituindo-se esses valores nas equações (9.18) a (9.22) obtém-se:

9.12
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

XII   A  A 2  B (9.18)*
Com

A
1
nA s  n' A's  (9.24)
bw

B
2
dnA s  d' n' A's  (9.25)
bw
3
 nA s d  XII 2  n' A's XII  d'2
bf XII
In  III  (9.26)
3

9.5 – Prescrições da NBR 6118:2014

Segundo o item 17.3.1 da NBR 6118:2014, no estado limite de serviço a estru-


tura trabalha parcialmente no estádio I e parcialmente no estádio II. A comparação do
valor de cálculo do momento para combinações de serviço, Md,serv, com o momento
de fissuração Mr, define o comportamento do elemento estrutural. Se Md,serv ≤ Mr tem-
se estádio I, caso contrário, estádio II. Os momentos de serviço e de fissuração (de
forma aproximada, segundo a NBR 6118:2014) estão representados abaixo:

Md, ser = Mgk + 2 Mqi,k (9.27)

Onde:
Md, ser - é o valor de cálculo do momento para combinações de serviço;
Mgk - é o somatório dos momentos produzidos pelas ações permanentes di-
retas (peso próprio, reações permanentes das lajes, alvenarias, etc);
2 - é o fator de redução de combinação quase permanente para o estado
limite de serviço (ver tabela 9.4 adiante);

Mqi,k - é o valor característico do momento produzido pela ação variável direta


(i).

αfct I c
Mr  (9.28)
yt

9.13
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Com:
 = 1,2 para seções T ou duplo T;
 = 1,3 para seções I ou T invertido;
 = 1,5 para seções retangulares;
Onde:
 α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na
flexão com a resistência à tração direta;
 yt é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
 fct é a resistência à tração direta do concreto, conforme 8.2.5 da NBR 6118:
2014, com o quantil apropriado a cada verificação particular.

Quando se verifica o estado limite de formação de fissuras, ELS-W, o momento


de fissuração Mr deve ser calculado usando-se fct = fctk,inf (equação 1.13). Para o es-
tado limite de deformação excessiva, ELS-DEF, o momento de fissuração Mr deve ser
calculado usando-se fct = fctm (equação 1.12).

Considerando-se seção retangular na situação limite do final do Estádio I (se-


ção não fissurada e diagrama x linear a tração e compressão no concreto) e início
do Estádio II, cuja relação (Ic / yt) = Wt = b h2 /6, a verificação da flecha (ELS-DEF)
deve ser feita com fct = fctm, ficando o momento de fissuração Mr dado por:

1,5x0,3fck 2/3 bh 2
Mr   0,0075bh2 fck 2/3 (kNcm) fck ≤ 50 MPa (9.29)
6x10

1,5x2,12ln1  0,11fck bh 2


Mr   0,0053bh2ln1  0,11fck  (kNcm) fck > 55 MPa (9.30)
6x10

Nas equações (9.29) e (9.30) deve-se usar MPa como unidade para a resistên-
cia fck, obtendo-se o momento de fissuração Mr em kNcm.

9.14
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Segundo o item 17.3.2 da NBR 6118:2014, a verificação dos valores limites


estabelecidos na tabela 13.2 dessa norma, para os deslocamentos em elementos es-
truturais lineares, analisados isoladamente e submetidos à combinação de ações con-
forme seção 11 deve ser realizada através de modelos que considerem a rigidez efe-
tiva (EIII) das seções do elemento estrutural, ou seja, levem em consideração a pre-
sença da armadura, a existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura
(estádio II) e as deformações diferidas no tempo.

A deformação real da estrutura depende também do processo construtivo, as-


sim como das propriedades dos materiais (principalmente do módulo de elasticidade
e da resistência à tração) no momento de sua efetiva solicitação. Em face da dificul-
dade de quantificação, da complexidade e da grande variabilidade dos parâmetros
envolvidos, as deformações reais são de difícil determinação. Não se pode esperar,
portanto, grande precisão nas previsões de deslocamentos dadas pelos processos
analíticos a seguir prescritos.

A flecha máxima admissível em vigas quando atuarem todos os carregamentos,


segundo a tabela 13.3 da NBR 6118:2014, é fadm =  /250.

9.6 – Avaliação aproximada da flecha em vigas (item 17.3.2.1 da NBR 6118:2014)

Quando os esforços não superam aqueles que dão início à fissuração (Md,serv
≤ Mr), o modelo de comportamento da estrutura pode admitir o concreto e o aço como
materiais de comportamento elástico e linear, de modo que as seções ao longo do
elemento estrutural possam ter as deformações específicas determinadas no Estádio
I (seção não fissurada). Em caso contrário, deve-se considerar o Estádio II (seção
fissurada).

Deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de elasticidade secante Ecs


definido na equação (1.6), sendo obrigatória a consideração do efeito da fluência.

9.15
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Para uma avaliação aproximada da flecha imediata nas vigas, pode-se usar a
expressão da rigidez equivalente, já definida anteriormente nas equações (3.18), ob-
tidas pela formulação de Branson (1966):

Estádio I - EI eq,t0  E cs I c (9.31)

 M 
3  M 
3 
  I II   E cs I c
Estádio II - EIeq,t0  E cs  r  I c  1   r  (9.32)
 M a    Ma   
  
Onde:
 Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto;
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
 I II é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no está-
dio II, calculada com a relação entre os módulos (n = Es / Ecs);
 Ma é o momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento
máximo no vão para vigas biapoiadas ou contínuas e momento no apoio
para balanços, para a combinação de ações considerada nessa avalia-
ção (Ma = Md,serv para ELS-W);
 Mr é o momento de fissuração do elemento estrutural;
 t0 é a idade em meses relativa à data de aplicação da carga de longa
duração.

Para uma relação (Mr / Ma) = 0,5 e supondo que III = (0,4 a 0,6)Ic (situação
comum em vigas de concreto armado), nota-se pela equação (9.32), que o momento
de inércia Ieq (termo entre chaves) dá praticamente o valor do momento de inércia da
seção fissurada, III. Dessa forma para relações (Mr / Ma) < 0,5, adota-se EIeq = EIII.

Segundo o item 17.3.2.1.2 da NBR-6118:2014, a flecha adicional diferida, de-


corrente das cargas de longa duração em função da fluência, pode ser calculada de
maneira aproximada pelo produto da flecha imediata fi pelo fator f, resultando fdif =
f fi, com f dado pela expressão:

9.16
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Δξ
αf  (9.33)
1  50ρ '
Onde:

A 's
ρ'  (9.34)
bd

 é um coeficiente função do tempo, que pode ser obtido direta-


mente na tabela 9.3, ou ser calculado pelas expressões seguintes:

Δξ  ξ(t)  ξ(t 0 ) (9.35)

ξ(t)  0,680,996t t 0,32 para t ≤ 70 meses (9.36)

ξ(t)  2 para t > 70 meses (9.37)


Onde:
t é o tempo em meses em que se deseja o valor da flecha diferida;
t0 é a idade em meses, relativa à data de aplicação da carga de
longa duração.

No caso das parcelas das cargas de longa duração serem aplicadas em idades
diferentes, pode-se tomar para t0 o valor ponderado a seguir:

 Pi t 0i
t0  (9.38)
 Pi

Onde Pi representa a parcela de carga “i” e t0i é a idade em que se aplicou essa
parcela, em meses.

9.17
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Tabela 9.3 – Valores do coeficiente  em função do tempo

Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40  70
- meses-
Coefici-
ente 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
(t)

O valor da flecha total no tempo t é a soma da flecha imediata fi mais a parcela


adicional diferida (fdif = f fi) resultando ftot = fi + αf fi = (1 + αf) fi. Assim para situações
normais em que se deseja a flecha no tempo infinito, para cargas aplicadas a partir
dos 14 dias, aproximadamente t0 = 0,5 mês, obtém-se para f o seguinte valor:

ξ( )  ξ(0,5) 2  0,54 1,46


αf    (9.39)
1  50ρ '
1  50ρ '
1  50ρ'

Portanto, a flecha total no tempo infinito será dada por:

ftotal = f = (1 + f) fi (9.40)

Na expressão (9.40) a flecha imediata fi é obtida para a combinação quase


permanente de serviço com a carga imediata pi = g + 2 q. Na carga imediata pi (ou
de serviço) a parcela permanente do carregamento (g) participa integralmente e a
parcela q, correspondente a ação variável, participa com seu valor reduzido pelo co-
eficiente 2 (fator de redução da combinação quase permanente para o estado limite
de serviço, ver tabela 9.4). As duas parcelas que contribuem para a carga pi são
afetadas pela fluência do concreto. Portanto, pode-se obter a flecha total no tempo
infinito, f, substituindo-se o valor da carga pi por p (tem apenas significado matemá-
tico) na expressão usada para o cálculo da flecha imediata. Assim:

p = (1 + f) pi = (1 + αf) (g + 2 q) (9.41)

9.18
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Tabela 9.4 - Fator de redução da combinação quase permanente

Destinação da área de atuação da ação variável 2


Cargas acidentais de edifícios residenciais 0,3
Cargas acidentais de edifícios comerciais, de escritórios, esta-
0,4
ções e edifícios públicos
Cargas acidentais de biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,6

9.7 – Exemplos

9.7.1 – Exemplo 1

Calcular a flecha máxima (no tempo infinito) em uma viga biapoiada com os
seguintes dados:

Vão  = 8m Seção 20/80 (cm) d = 76 cm Concreto fck = 20 MPa (gneisse)


Aço CA 50, g = 20 kN/m, q = 10 kN/m, p = g + q = 30 kN/m, obra residencial

a) Cálculo à flexão
M = Mg + Mq = (g 2 / 8) + (q 2 / 8) = 160 + 80 = 240 kNm = 24000 kNcm,
fc = 1,214 kN/cm2 K = 24000x1,4 / (1,214x20x762) = 0,240 < KL = 0,295

As = As1 = (1,214x20x76 / 43,5)x[1 - (1 - 2x0,240)1/2] = 11,81 cm2

Adotar 6 16mm (4 na 1a e 2 na 2a camada) Ase = 12,06 cm2

A’s = 0 adotar 2 5mm como “porta estribo” A’se = 0,39 cm2

b) Verificação da fissuração (combinação frequente de serviço 1 = 0,4)

f = Md / Md,serv = 1,4x240 / (160 + 0,4x80) = 336 / 192 = 1,75


aw = 7,361x10-5x / (γf x wk) = 7,361x10-5x16 / (1,75x0,3) = 2,243x10-3

9.19
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

fctm = 0,3x(20)2/3 = 2,21 MPa = 0,221 kN/cm2

As 3aw fyd 3x0,002243x43,5


   0,87  A s  A s,cal  11,81cm2
A s,cal γ f fctm 1,75x0,221

c) Cálculo da flecha (combinação quase permanente de serviço ψ2 = 0,3)

Ma = Mg + 2 Mq = 160 + 0,3x80 = 184 kNm = 18400 kNcm


Mr = 0,0075 bh2 (fck)2/3 = 0,0075x20x802x(20)2/3 = 7073 kNcm
Ma > Mr  Estádio II, seção fissurada  EIeq
(Mr / Ma) = 7073 / 18400 = 0,384
Ecs = i Eci = i [e 5600(20)1/2] = (0,8+0,2x20/80)x[1,0x25044]
Ecs = 21287 MPa ≈ 2129 kN/cm2
n = Es / Ecs = 21000 / 2129 = 9,86 n’ = 9,86 - 1 = 8,86
A = (9,86x12,06 + 8,86x0,39) / 20 = 6,12
B = (9,86x76x12,06 + 8,86x4x0,29)x2 / 20 = 905,11
XII = -6,12 + [(6,12)2 + 905,11] = 24,58 cm
III = 20x24,583 / 3 + 9,86x12,06x(76 - 24,58)2 + 8,86x0,39x(24,58 - 4)2 = 414872 cm4
Ic = 20x803 / 12 = 853333 cm4 III = 0,49 Ic
EIeq = 2129 [0,3843x853333 + (1 - 0,3843)x414872] = 2129x439699 ≈ EcsIII
EIeq = 9,36x108 kNcm2
’ = 0,39 / (20x76) = 2,57x10-4 f = 1,46 / (1 + 50x2,57x10-4) = 1,44
p = (1 + f) pi = (1 + f)(g + 2 q) = (1 + 1,44)(20 + 0,3x10) = 56,12 kN/m
p = 0,56 kN/cm

A flecha máxima para uma viga biapoiada com carga uniformemente distribuída
p é dada por fmax = 5p4 / 384EI. Portanto a flecha máxima no tempo infinito fica:

f = 5x0,56x8004 / (384x9,36x108) = 3,19 cm < fadm = 800 / 250 = 3,20 cm  OK!

9.20
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Supondo armadura constante em toda a viga, As = 12,06 cm2 e A’s = 0,39 cm2,
a rigidez efetiva da viga será constante e igual a EIII = 2129x414872 = 8,83x108 kNcm2.
Nesse caso a flecha no tempo infinito será:

f = 5x0,56x8004 / (384x8,83x108) = 3,38 cm ≈ fadm = 800 / 250 = 3,20 cm  OK!

Para efeito da avaliação da flecha, tendo em vista a variabilidade dos parâme-


tros envolvidos, os dois valores são equivalentes e aceitáveis (flecha praticamente
igual à admissível). Entretanto, o valor da flecha calculada com a rigidez da seção
fissurada para a armadura constante e igual à máxima no centro do vão, deu maior
que a flecha quando se considerou a rigidez equivalente de Branson, valor que leva
em conta tanto a rigidez da seção bruta, quanto da seção fissurada de concreto.

Isso se deve porque a relação entre os momentos de fissuração e de serviço


foi pequena (Mr / Ma) = 0,384, resultando certa prevalência da rigidez da seção bruta
de concreto em relação a rigidez da seção fissurada. Dessa forma, adota-se para efei-
tos práticos, a rigidez da seção fissurada, EIII, quando (Mr / Ma) ≤ 0,50.

Calculando-se essa viga pelo processo aproximado (algoritmo), como feito na


seção 9.3 (tabela 9.2), chegou-se a uma flecha máxima igual a fmax = 5,04 p4 / 384EI,
mostrando a eficiência e precisão da integração numérica em substituição à integra-
ção analítica.

9.7.2 – Exemplo 2

Calcular a flecha máxima na extremidade do balanço da viga abaixo (fig. 9.3).

DADOS: Concreto fck = 25 MPa (brita calcaria) Aço CA 50

Seção: 20/60 cm2 (vão) 20/60 a 20/40 (balanço)

Mostra-se na figura 9.3 uma viga sobre dois apoios com um balanço à direita
do apoio B. O vão AB tem seção transversal constante de 20/60 cm 2 e foi dividido,

9.21
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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para efeito da integração numérica (algoritmo), em 8 elementos de comprimento  =


70 cm. O balanço tem altura variável desde 60 cm em B, até 50 cm na sua extremidade
e foi dividido em dois elementos, também de comprimento  = 70 cm. Como o foco
do exemplo é a cálculo da flecha, a viga será apenas calculada e detalhada à flexão.

Figura 9.3 – Viga do exemplo 2

a) Dimensionamento à flexão
fc = 1,518 kN/cm2 d = 56 cm

X = 15960 kNcm K = 0,235 < KL = 0,295 As = As1 = 10,61 cm2


Adotar 6 16mm (2 na 2a camada) Ase = 12,06 cm2
M = 1890 kNcm K = 0,028 < KL = 0,295 As = As1 = 1,10 cm2
As,min = 0,15%x20x60 = 1,80 cm2 Ase = 2,36 cm2 (3 10mm)

9.22
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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b) Ancoragem
b = 37,67 (boa aderência) b = 37,67 / 0,7 = 53,81 (má aderência)

Apoio (momento negativo - má aderência)


b,nec = 53,81x1,6x(10,61 / 12,06) = 76 cm
[(a/d) = VSd,max/2(VSd,max - Vc) = 84,5x1,4/2(84,5x1,4 - 0,0769x20x56) = 1,84 > 1]
a = d = 56 cm*

Vão (momento positivo - boa aderência)


b,nec = 37,67x1,0x(1,10 / 2,36) = 18 cm > b,min = 0,3 b = 16 cm
a = d = 56 cm*
c) Detalhamento
De acordo a figura 9.4 as seções 0, 1, 2 e 3 estão na região de momentos
positivos (tração na parte inferior da viga) e as demais na de momentos negativos
(tração na parte superior da viga). Nas primeiras a armadura As = 2,36 cm2 (3 10mm)
e A’s = 4,02 cm2 (2 16mm), conforme figura 9.4. A armadura A’s não foi necessária
no cálculo à flexão, mas pelo detalhamento, a posição N1 foi prolongada até o apoio
da esquerda.

A seção 4 já se encontra no trecho de momentos negativos e pelo detalhamento, a


armadura As = 8,04 cm2 (4 16mm) e a armadura A’s = 2,36 cm2 (3 10mm). As seções
5 a 8 ainda têm seção transversal 20/60 cm 2, mas a armdura As = 12,06 cm2 (6
16mm) e a armadura A’s = 2,36 cm2 (3 10mm).

A seção transversal 9 tem as dimensões 20/50 cm 2, armadura As = 12,06 cm2


(616mm) e armadura A’s = 1,57 cm2 (2 10mm). A seção transversal 10 tem as di-
mensões 20/40 cm2, armadura As = 8,04 cm2 (4 16mm) e armadura A’s = 1,57 cm2
(2 10mm). Como a posição N3 foi interrompida na seção 10, sem a dobra vertical,
não foi considerada sua contribuição para a armadura As dessa seção.

9.23
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Figura 9.4 – Detalhamento à flexão da viga do exemplo 1

d) Cálculo da rigidez EIII das seções


Ecs = 0,9x[0,8 + 0,2x(25/80)]x5600x(25)1/2 = 21735 MPa = 2174 kN/cm2
n = 21000 / 2174 = 9,66 n’ = 8,66

Seções 1* a 3 (As = 2,36 cm2 A’s = 4,02 cm2)


A = (9,66x2,36 + 8,66x4,02) / 20 = 2,88
B = (56x9,66x2,36 + 4x8,66x4,02)x2 / 20 = 141,59
xII = - 2,88 + (2,882 + 141,59)1/2 = 9,36 cm
III = 20x9,363 / 3 + 9,66x2,36x(56 - 9,36)2 + 8,66x4,02x(9,36 - 4)2 = 56058 cm4
Ic = 20x603 / 12 = 360000 cm4 (III = 0,16 Ic)
EIII = 2174x56058 = 1,218x108 kNcm2

(*) A rigor, deveria ser calculada a rigidez efetiva da seção “0” onde As = 2,36 cm2
e A’s = 0. Como M0 = 0 e portanto, m0 = M0/EI = 0, o valor dessa rigidez não
altera os resultados, uma vez que o produto (m0/2) = 0 (ver tabela 9.5).

9.24
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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Seção 4 (As = 8,04 cm2 A’s = 2,36 cm2)


A = (9,66x8,04 + 8,66x2,36) / 20 = 4,91
B = (56x9,66x8,04 + 4x8,66x2,36)x2 / 20 = 443,11
xII = - 4,91 + (4,912 + 443,11)1/2 = 16,71 cm
III = 20x16,713 / 3+9,66x8,04x(56 - 16,71)2+8,66x2,36x(16,71 - 4)2 = 154301 cm4
Ic = 20x603 / 12 = 360000 cm4 (III = 0,43 Ic)
EIII = 2174x154301 = 3,354x108 kNcm2

Seções 5 a 8 (As = 12,06 cm2 A’s = 2,36 cm2)


A = (9,66x12,06 + 8,66x2,36) / 20 = 6,85
B = (56x9,66x12,06 + 4x8,66x2,36)x2 / 20 = 660,57
xII = - 6,85 + (6,852 + 660,57)1/2 = 19,75 cm
III = 20x19,753/3+9,66x12,06x(56 - 19,75)2+8,66x2,36x(19,75 - 4)2 = 209516 cm4
Ic = 20x603 / 12 = 360000 cm4 (III = 0,58 Ic)
EIII = 2174x209516 = 4,454x108 kNcm2

Seção 9 (20/50) (As = 12,06 cm2 A’s = 1,57 cm2)


A = (9,66x12,06 + 8,66x1,57) / 20 = 6,50
B = (46x9,66x12,06 + 4x8,66x1,57)x2 / 20 = 541,34
xII = - 6,50 + (6,502 + 541,34)1/2 = 17,65 cm
III = 20x17,653/3+9,66x12,06x(46 - 17,65)2+8,66x1,57x(17,65 - 4)2 = 132822 cm4
Ic = 20x503 / 12 = 208333 cm4 (III = 0,64 Ic)
EIII = 2174x132822 = 2,887x108 kNcm2

Seção 10 (20/40) (As = 8,04 cm2 A’s = 1,57 cm2)


A = (9,66x8,04 + 8,66x1,57) / 20 = 4,56
B = (36x9,66x8,04 + 4x8,66x1,57)x2 / 20 = 285,04
xII = - 4,56 + (4,562 + 285,04)1/2 = 12,93 cm
III = 20x12,933/3+9,66x8,04x(36 - 12,93)2+8,66x1,57x(12,93 - 4)2 = 56832 cm4
Ic = 20x403 / 12 = 106667 cm4 (III = 0,53 Ic)
EIII = 2174x56832 = 1,235x108 kNcm2

9.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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e) Algoritmo
Analisando a tabela abaixo encontra-se a flecha na extremidade do balanço,
y10 = 0,735 cm, calculada com a rigidez da seção fissurada e com a carga nominal,
sem considerar a situação de serviço em que se usa a combinação quase perma-
nente, para avaliação no ELS-W.

Tabela 9.5 - Algoritmo do exemplo 2

M EI(x108) m=M/EI y
I,j i
Seção cm
kNcm kNcm2 (x10-5cm-1) (x10-3) (x10-3) rd

0 0 - 0 0
0 1,411
1 1435 1,218 1,178 0,099
0,825 0,586
2 1890 1,218 1,552 0,140
1,911 -0,500
3 1365 1,218 1,121 0,105
2,696 -1,285
4 -140 3,354 -0,042 0,015
2,666 -1,255
5 -2625 4,454 -0,589 -0,073
2,254 -0,843
6 -6090 4,454 -1,367 -0,132
1,297 0,144
7 -10535 4,454 -2,365 -0,122
-0,358 1,769
8 -15960 4,454 -3,583 0,002
-2,867 4,278
9 -7890 2,887 -2,733 0,301
-4,780 6,191
10 0 1,235 0 0,735

9.26
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Como não foram fornecidas as parcelas permanente e variável do carrega-


mento, pode-se arbitrar 70% das cargas para a parcela permanente e 30% para a
parcela variável. Assim a flecha nominal y10 fica dividida em yg,10 = 0,7x0,735 = 0,515
cm e yq,10 = 0,3x0,735 = 0,220 cm. A flecha imediata para a combinação quase per-
manente é dada por:

yi,10=yg,10+0,3yq,10=0,515+0,3x0,220=0,581 cm, f=1,46/[1+50x(1,57/20x56)]=1,36


y,10 = (1 + 1,36) yi,10 = 2,36x0,581 = 1,37 cm > yadm = 140 / 125 = 1,12 cm

Considerando uma contra-flecha de 0,3 cm, menor que a admissível ( / 350) =


0,4 cm, a flecha final no tempo infinito na seção 10 resulta no valor aceitável igual a
1,07 cm.

f) Avaliação aproximada da flecha

Nesse caso de verificação da flecha no balanço a rigidez equivalente de Branson,


deve ser calculada para o valor do momento de serviço Mserv = Ma do apoio, para a
combinação quase permanente de serviço. Assim:

Mserv = Ma = 0,7x15960 + 0,3x(0,3x15960) = 12608 kNcm

Mr = 0,0075 b h2 (fck)2/3 = 0,0075x20x602x252/3 = 4619 kNcm < Mr

(Mr / Ma) = 4619 / 12608 = 0,366

EIeq = 2174 [0,3663x360000 + (1 - 0,3663)x209516] = 2174x216915


EIeq = 4,715x108 kNcm2 = 4,715x104 kNm2

A flecha imediata na extremidade do balanço, considerando a inércia constante


e integrando-se analiticamente vale y10 = 313,3 / EI (cm). Considerando a rigidez equi-
valente resulta y10 = 313,3 / 4,715x104 = 6,6x10-3 m = 0,66 cm. A flecha no tempo
infinito será:

y,10=(1+1,36)yi,10=2,36x[(0,7x0,66)+0,3x(0,3x0,66)]=1,23 cm > yadm=140/125=1,12 cm

9.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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Considerando a rigidez equivalente ponderada, levando-se em conta EIc =


2174x360000 = 7,285x108 kNcm2 no trecho do vão (5,6 - 2,85) = 2,75 m e EIeq =
4,715x108 kNcm2 no restante do vão e no balanço:

EIeq,pond = [7,285x108x2,75 + 4,715x108x(2,85 + 1,40)] / 7 = 5,725x108 kNcm2

y10 = 313,3 / 5,725x104 = 5,5x10-3 m = 0,55 cm

y,10=(1+1,36)yi,10=2,36x[(0,7x0,55)+0,3x(0,3x0,55)]=1,03 cm < yadm=140/125=1,12 cm

9.7.3 – Exemplo 3

Calcular a flecha máxima no tempo infinito na seção (nó) 6 das barras superio-
res 14 e 15, do pórtico abaixo.

Figura 9.5 – Pórtico do exemplo 3

9.28
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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DADOS:

Concreto fck = 20 MPa (brita gnaisse) Aço CA 50

Barras 1 a 5 seção (20/20 cm2) Barras 6 a 9 seção (15/40 cm2)

Barras 10 a 13 seção (12/50 cm2) Barras 14,15 seção (12/60 cm2)

Laje forro h = 8 cm Espaçamento entre pórticos = 3,20 m

Figura 9.6 – Diagramas de V e M

9.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
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A flecha no nó 6, calculada com a rigidez da seção bruta e com o módulo de


elasticidade do concreto, (E = 1600 kN/cm2), valor adotado e fornecido para análise
no programa PPLANO (pórtico plano) do DEEs (Departamento de Engenharia de Es-
truturas), foi de y6 = 4,22 cm. Essa flecha obtida com o carregamento nominal, sem
levar em conta a combinação quase permanente de serviço, é maior que a flecha
admissível ( /250) = 1000 / 250 = 4 cm.
Essa flecha deverá ser corrigida para levar em conta a carga de serviço, a inér-
cia da seção fissurada (seção T, mesa de 8 cm comprimida) e parcela diferida decor-
rente do efeito da fluência do concreto.

a) Dimensionamento à flexão das barras 14 e 15

De acordo a figura 9.5, o nó 6 está a 500 cm do nó 3 e pela figura 9.6a o dia-


grama de força cortante passa por um ponto nulo a 0,2 cm do nó 6, portanto na barra
15. Portanto o valor do momento máximo, que ocorre nesse ponto, vale:

Mmax,barra 15 = [(V6)2 / 2 p - (-145,34)] = [(V13)2 / 2 p - 45,35]

Mmax,barra 15 = [0,112 / (2x15,30) +145,34] = [76,392 / (2x15,30) - 45,35]

Mmax,13 = 145,35 kNcm

Como a mesa está comprimida a viga formada pelas barras 14 e 15 pode ser
dimensionada como viga T. A distância entre eixos dos pórticos é de 3,20 m. Portanto,
a distância livre entre duas vigas superiores vale b2 = 320 - 12 = 308 cm. A distância
entre pontos de momentos nulos vale a = 1000 - 65 -63 = 872 cm (retirado do diagrama
de M), portanto o valor da largura colaborante bf deve ser calculada com bf = bw + 2
b1, onde b1 é o menor dos dois valores:

b1 ≤ 0,10 a = 0,10x872 = 87 cm
b1 = 87 cm  bf = 12 + 2x87 = 186 cm
b1 ≤ 0,5 b2 = 0,5x308 = 154 cm

MRef = 1,214x186x8x(56 - 8/2) = 93934 kNcm > Md = 1,4x14535 = 20349 kNcm

9.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Deformações
___________________________________________________________________________

Portanto o dimensionamento deve ser feito com seção retangular 186/60 cm2.

K = 20349 / (1,214x186x562) = 0,029 < KL = 0,295

As = As1 = 1,214x186x56x[1 - (1 - 2x0,029)1/2] / 43,5 = 8,48 cm2

Adotando 5 16mm  Ase = 10,06 cm2

A’s = 0 Adotar 2 5mm  A’se = 0,39 cm2

b) Momento de inércia da seção fissurada

Ecs = 1,0x[0,8 + 0,2x(20/80)]x5600x(20)1/2 = 21287 MPa = 2129 kN/cm2


n = 21000 / 2129 = 9,87 n’ = 8,87
A = (1/12)x[9,87x10,06 + 8,87x0,39 + (186 - 12)x8] = 124,56
B = (2/12)x[56x9,87x10,06 + 4x8,87x0,39 + 0,5x (186 -12)x82] = 1871,53
XII = -124,56 + (124,562 + 1871,53)1/2 = 7,30 cm

III = [186x7,303-(186-12)(7,30-8)3] / 3 + 9,87x10,06x(56-7,30)2 + 8,87x0,39x(7,30-4)2

III = 259666 cm4 Ic = 12x603/12 = 216000 cm4

c) Valor corrigido da flecha no nó 6

p14 = p15 = 15,30 = 13,44 (g) + 1,86 (q) (valores fornecidos)


pi,14 = pi,15 = 13,44 + 0,3x1,86 = 14,00 kN/m
f = 1,46 / [1 + (50x0,39) / (12x56)] = 1,42
p,12 = p,13 = (1 + 1,42)x14,00 = 33,88 kN/m

y6,corr = y6 (p / p) (Eadotado / Ecs) (Ic / III)

y6,corr = 4,22x(33,88/15,30)x(1600/2129)x(216000/259666) = 5,81 cm > yadm = 4 cm

Adotando-se uma contra-flecha de 2 cm < cfmax =  / 350 = 2,86 cm

y6,final = 5,81 – 2 = 3,81 cm < yadm = 4 cm OK!

9.31
CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 10

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

LAJES NERVURADAS
____________________________________________________________________________

10.1 – Lajes especiais

No capítulo 3 foram estudadas as lajes maciças retangulares apoiadas continu-


amente em vigas no contorno. Essas lajes, que são as mais comuns, são consideradas
armadas em uma ou duas direções, dependendo da relação entre os seus lados. As
armadas em uma direção são calculadas como vigas de largura unitária e as outras
como placas, usando a teoria da elasticidade (regime elástico) ou a teoria das linhas
de ruptura ou das charneiras plásticas (regime rígido-plástico). Para as armadas em
duas direções, o cálculo dos esforços (reações e momentos) e da flecha é feito com o
auxílio das tabelas 3.8 a 3.11.

Nesse capítulo serão avaliadas lajes especiais, como as formadas por nervuras
e mesa, não mais maciças, apoiadas em vigas no contorno e denominadas lajes ner-
vuradas. Quando as lajes apoiam diretamente sobre os pilares, dispensando-se as vi-
gas, são denominadas lajes lisas. Nessas lajes sem vigas, devido às reações concen-
tradas nas pequenas áreas dos pilares, pode ocorrer um tipo de ruína, a punção, que
causa a perfuração das mesmas. A punção em boa parte dessas lajes pode ser o es-
forço determinante da espessura. Nesses casos, para segurança contra esse tipo de
ruína, pode-se engrossar a laje em uma região próxima aos pilares, chamada capitel,
e essas lajes passam a se chamar lajes cogumelo. As lajes lisas e as lajes cogumelos
podem ser maciças ou nervuradas.
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10.2 – Lajes nervuradas

Alguns fatores tornaram as lajes maciças desfavoráveis economicamente. Den-


tre eles destacam-se o alto custo das formas de madeira e o aumento dos vãos, pro-
porcionado pela crescente melhoria do desempenho do material concreto e pela evo-
lução dos projetos arquitetônicos. Como uma alternativa mais econômica, prática e
rápida surgem as lajes nervuradas pré-moldadas (figura 10.1a, b, c) ou moldadas no
local (figura 10.1d, e, f, g).

a-Laje pré-fabricada com vigotas de concreto armado (www.classiwebgratis.com.br)

b - Laje treliçada unidirecional c - Laje treliçada bidirecional


(lajota cerâmica) (lajota EPS)
(www.tijololaje.com.br) (www.lajesfortaleza.com.br)

10.2
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d - Laje nervurada com blocos EPS e - Laje nervurada com blocos EPS
vista inferior montagem
(www.construindodecor.com.br) (www.jasmindosacores.blogpot.com)

Laje nervurada com caixotes modulados reaproveitáveis de polipropileno


f – vista inferior g – montagem
(www.br.pinterest.com) (www.habitissimo.com.br)

Figura 10.1 - Tipos de lajes nervuradas

Uma laje nervurada é constituída por um conjunto de vigas (nervuras) que se


cruzam (bidirecional) ou não (unidirecional) e são solidarizadas entre si pela mesa
(laje normalmente sobreposta à estrutura de grelha, formada pelas vigas). Esse novo
elemento estrutural tem, portanto, comportamento estrutural intermediário entre o de
uma laje maciça e o de uma grelha. Normalmente a rigidez à torção das nervuras é
desprezada, devido à queda acentuada dessa rigidez após a fissuração do concreto,
ficando a compatibilização apenas restrita aos deslocamentos verticais no cruzamento
das nervuras. Salienta-se que a mesa será sempre considerada solidária às nervuras.

10.3
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Uma das principais características das lajes nervuradas é a redução do con-


sumo do concreto na região tracionada, podendo ser usado para substituí-lo, material
inerte como enchimento. Esse material deve ser o mais leve possível e ter resistência
necessária que garanta com segurança as atividades da fase de construção, embora
essa resistência seja desprezada no projeto. Como consequência haverá uma redu-
ção do peso próprio da laje.

Entre os materiais de enchimento mais utilizados destacam-se:


 Bloco cerâmico
mais leve e barato que o de concreto, porém mais quebradiço.
 Bloco de concreto
mais pesado e caro que o cerâmico, porém menos quebradiço.
 Bloco de concreto celular autoclavado
bastante leve, fácil manuseio, liberdade de dimensões, mais caro que
os dois primeiros.
 Bloco de EPS (poliestireno expandido, mais conhecido como isopor)
levíssimo, fácil manuseio, liberdade de dimensões.
 Vazio
caixotes modulados reaproveitáveis de polipropileno (ATEX, FORM-
PLAST) ou de metal.

10.3 - Prescrições regulamentares

10.3.1 – Definição

Segundo a NBR 6118:2014, item 14.7.7:


“Lajes nervuradas são as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-molda-
das, cuja zona de tração para momentos positivos esteja localizada nas nervu-
ras entre as quais pode ser colocado material inerte.”

Nas lajes nervuradas moldadas no local todas as etapas de execução são rea-
lizadas "in loco". Portanto, é necessário além do uso de fôrmas e de escoramentos, o

10.4
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material de enchimento. O material inerte de enchimento pode ser substituído por fô-
rmas perdidas (caixotes perdidos de madeira em lajes com mesa dupla, laje superior
e inferior) ou removíveis (moldes tronco-piramidal em polipropileno ou em metal), com
dimensões moduladas, sendo necessário utilizar desmoldantes iguais aos emprega-
dos nas lajes maciças.

Nas lajes nervuradas pré-moldadas as nervuras são compostas de vigotas pré-


moldadas, que dispensam o uso do tabuleiro da fôrma tradicional. Como essas vigotas
são capazes de suportar seu peso próprio e as ações provenientes de sua montagem,
necessitam apenas de cimbramentos (apoios) intermediários. Além das vigotas, essas
lajes são constituídas de elementos de enchimento, que são colocados sobre os ele-
mentos pré-moldados, e também de concreto moldado no local para preenchimento
das laterais das vigotas e também do capeamento (mesa). As vigotas podem ser de
três tipos: concreto armado (VC), concreto protendido (VP) e treliçada (VT).

As lajes com nervuras pré-moldadas devem atender adicionalmente às prescri-


ções da NBR 14859-1, “Laje pré-fabricada - Requisitos, Parte 1: Lajes unidirecionais”
e da NBR 14859-2 “Laje pré-fabricada - Requisitos, Parte 2: Lajes bidirecionais”.

10.3.2 - Dimensões limites

Todas as prescrições já vistas anteriormente relativas às lajes podem ser conside-


radas válidas, desde que sejam obedecidas as condições do item 13.2.4.2 da NBR
6118:2014, que fixam as dimensões limites e as condições para o projeto de lajes
nervuradas, transcritas abaixo:

“A espessura da mesa, quando não existirem tubulações horizontais embutidas,


deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre as faces das nervuras (0) e
não menor que 4 cm.”

“O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5 cm, quando existi-
rem tubulações embutidas de diâmetro menor ou igual a 10 mm. Para tubulações

10.5
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___________________________________________________________________________

com diâmetro  maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura mínima de (4 cm
+ ), ou (4 cm + 2) no caso de haver cruzamento destas tubulações.”

“A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm.”

“Nervuras com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de com-
pressão.”

A figura 10.2 a seguir mostra a seção transversal de uma laje nervurada onde
são identificados os seus elementos (nervura, mesa ou capeamento, material inerte
de enchimento) com as respectivas dimensões limites, definidas nas prescrições su-
pracitadas.

Figura 10.2 - Seção transversal de uma laje nervurada

10.3.3 - Condições para o projeto

As condições para o projeto das lajes nervuradas são também estabelecidas


no item 13.2.4.2 da NBR 6118:

10.6
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“Para o projeto das lajes nervuradas, devem ser obedecidas as seguintes con-
dições:
a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65
cm, pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verifi-
cação do cisalhamento da região das nervuras, permite-se a considera-
ção dos critérios de laje;
b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110
cm, exige-se a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser
verificadas ao cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação
como lajes se o espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a
largura média das nervuras for maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos maior que 110 cm, a
mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.”

Continuando as prescrições da NBR 6118, seguem as do item 14.7.7:

“Quando essas hipóteses não forem verificadas, deve-se analisar a laje nervu-
rada considerando a capa ou mesa como laje maciça apoiada em uma grelha
formada pelas vigas.”

“As lajes nervuradas unidirecionais devem ser calculadas segundo a direção


das nervuras, desprezadas a rigidez transversal e a rigidez à torção.”

“As lajes nervuradas bidirecionais (conforme ABNT NBR 14859-2) podem ser
calculadas, para efeito de esforços solicitantes, como lajes maciças.”

Segundo o item 4.2.1 da NBR 14859-2 as lajes bidirecionais, construídas com


vigotas treliçadas, podem ser calculadas como lajes armadas em cruz (duas direções),
desde que a distância entre eixos (intereixo) das nervuras, tanto longitudinais quanto
transversais, não supere 105 cm. Quando apenas o intereixo das nervuras transver-
sais superar 105 cm, a laje deve ser calculada como unidirecional apoiada, portanto,

10.7
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em dois lados. Caso os dois intereixos, longitudinal e transversal, superem 105 cm a


laje deve ser calculada como grelha ou como um conjunto de vigotas isoladas. Esse
item, que vale para lajes pré-moldadas (treliçadas) bidirecionais, por mais forte razão
valerá para lajes nervuradas moldadas in loco.

A norma NBR 14859-2 (lajes bidirecionais) no seu item 4, dos requisitos gerais,
preconiza que em lajes pré-fabricadas executadas com vigotas de concreto armado
(VC) ou de concreto protendido (VP) não se admite a execução de nervuras transver-
sais. As nervuras transversais às vigotas somente podem ser executadas quando se
empregam vigotas treliçadas (VT).

O dimensionamento e a verificação das lajes nervuradas bidirecionais devem


atender às prescrições da NBR 6118, considerando-se naturalmente a redução do
braço de alavanca, relativa à armadura complementar (quando necessária), tanto no
sentido longitudinal quanto no transversal. Isso se justifica porque as armaduras com-
plementares são colocadas acima da base de concreto das vigotas pré-moldadas tre-
liçadas.

Ainda segundo esse item 4.2.1 da NBR 14859-2, “para a obtenção dos esforços
e dimensionamento das lajes bidirecionais, maciças ou nervuradas, aplicam-se todas
as prescrições da NBR 6118 relativas às lajes maciças ou nervuradas excetuando-se
a correspondente ao cobrimento da armadura, que deve obedecer ao prescrito na
NBR 9062” (Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado).

As vinculações das lajes nervuradas são as mesmas das lajes maciças lem-
brando-se que nessas primeiras o engaste ou o balanço produz tensões de compres-
são na face inferior das nervuras, região com área de concreto reduzida. Quando o
valor do momento negativo superar a resistência à compressão das nervuras pode-se
além de aumentar a espessura das mesmas, usar uma mesa inferior (situação conhe-
cida como laje dupla), ou executar um trecho de laje maciça na região dos apoios.

10.8
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10.4 - Análise estrutural

10.4.1 - Cálculo das reações e momentos fletores

Conforme as prescrições da NBR 6118 as lajes nervuradas unidirecionais de-


vem ser calculadas como vigas de um vão, considerado no sentido das nervuras. De-
pendendo das condições de contorno essas vigas podem ser biapoiadas, apoiada-
engastada ou biengastadas. Já as lajes nervuradas bidirecionais podem ser calcula-
das, para efeito de esforços solicitantes, como lajes maciças. Portanto, para o cálculo
das reações e momentos nas bidirecionais podem ser usadas respectivamente as ta-
belas 3.8 e 3.11, ou quaisquer outras que usam a teoria da elasticidade no cálculo dos
momentos. As tabelas que usam a teoria das linhas de ruptura (regime rígido-plástico),
no cálculo dos momentos, não devem ser usadas nesse caso.

As lajes nervuradas bidirecionais com inércias iguais (espessura e espaça-


mento das nervuras iguais) nas duas direções serão calculadas com o auxílio das
tabelas 3.8 (reações de apoio) e 3.11 (momentos fletores, regime elástico). As com
inércias diferentes (espessura e/ou espaçamento das nervuras diferentes), embora
possam ser calculadas com as mesmas tabelas, serão aqui calculadas, usando-se a
teoria das grelhas (ver capítulo 3 - Lajes). Essa teoria tem como princípio básico, a
compatibilização das flechas das nervuras nas duas direções. Dessa forma são de-
terminados os “quinhões de carga” (pa, pb), considerando-se faixas unitárias nas dire-
ções a e b, da laje analisada.

pa = Ka p pb = Kb p, com p = pa + p b (10.1)

Onde Ka e Kb são coeficientes que dependem da vinculação da laje nas dire-


ções a e b. Para sua determinação basta igualar as flechas nas duas direções, fa = fb,
conforme equação (3.17):

p α 4
f α  C ,  = a ou b (10.2)
384EI α

10.9
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Com 5 (para a direção da laje apoiada-apoiada)


C = 2,08 (para a direção da laje apoiada-engastada)
1 (para a direção da laje engastada-engastada)
(EI) rigidez à flexão da laje na direção 

A partir das equações (10.1) e (10.2) e fazendo-se Ea = Eb determinam-se os


quinhões de carga pa, pb:

p 1
pa   Ka p ,  Ka 
C  I b  a  4
C  I b  a  4
1   a    1   a   
 Cb  I a  b   Cb  I a  b 
(10.3)
pb = Kb p com Kb = 1 - Ka (10.4)

Em (10.3) I é o momento de inércia de uma faixa unitária da laje nervurada,


na direção .

10.4.2 - Flecha em lajes nervuradas

Para a determinação das flechas em lajes nervuradas bidirecionais com inér-


cias iguais deve ser usada a equação (3.20) ou (10.5) abaixo. Para as unidirecionais
e as bidirecionais com inércias diferentes (em cada direção isolada a ou b), a equação
(3.17) ou (10.2). Dessa forma para as bidirecionais:

p i  p serv  a 4
f i  f serv  f1 (10.5)
E cs h 3

Sendo pi = pserv a “carga imediata” ou de serviço, dada na equação (10.6)


abaixo, e os valores de f1 dados na tabela 3.9.

A flecha é calculada com o carregamento correspondente à combinação quase


permanente de serviço, equação (10.6) abaixo, levando-se em conta modelos que

10.10
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___________________________________________________________________________

consideram a rigidez efetiva das seções dos elementos estruturais além das deforma-
ções diferidas no tempo. A rigidez efetiva é obtida considerando-se a presença das
armaduras e a existência das fissuras no concreto tracionado.

pi = pserv = g + 2 q (10.6)

Conforme a tabela 1.7, para cargas acidentais de edifícios:


2 = 0,3 para edifícios residenciais;
2 = 0,4 para edifícios comerciais, de escritório, estações e edifícios
públicos;
2 = 0,6 para bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens.

Segundo o item 19.3.1 da NBR 6118, para o estado-limite de deformação em


lajes devem ser usados os mesmos critérios estabelecidos para as vigas, item 17.3.2
da NBR 6118, considerando a possibilidade de fissuração (Estádio II).

Ainda segundo o item 17.3.2 da NBR 6118, “A deformação real da estrutura


depende também do processo construtivo, assim como das propriedades dos materi-
ais (principalmente do módulo de elasticidade e da resistência à tração) no momento
de sua efetiva solicitação. Em face da grande variabilidade dos parâmetros citados,
existe uma grande variabilidade das deformações reais. Não se pode esperar, por-
tanto, grande precisão nas previsões de deslocamentos dadas pelos processos ana-
líticos prescritos”.

A norma NBR 6118 considera a possibilidade de avaliação aproximada da fle-


cha, usando um modelo de comportamento da estrutura que admita o concreto e o
aço como materiais de comportamento elástico e linear, de modo que as seções ao
longo do elemento estrutural possam ter as deformações específicas determinadas
no Estádio I, desde que os esforços não superem aqueles que dão início à fissuração,
e no Estádio II, em caso contrário. Deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de
elasticidade secante Ecs definido na equação (1.6), sendo obrigatória a consideração
do efeito da fluência.

10.11
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Para avaliação aproximada da flecha imediata em vigas e lajes, conforme já


visto no capítulo 3, quando Mserv > Mr, deve-se usar a rigidez equivalente dada na
equação (3.18):

 M 3   M 3  
EIe q  Ecs   Ic  1   r   I II   EcsIc
 r
(3.18)*
  M a   
 a 
 M

A rigidez equivalente leva em conta, de forma ponderada, trechos da laje que


estão no Estádio I (inércia da seção bruta de concreto - Ic) e trechos no Estádio II
(inércia da seção fissurada de concreto - III). Para o cálculo da profundidade da linha
neutra no Estádio II (xII) e da inércia fissurada (III) devem ser usadas as equações
(9.18) a (9.23), uma vez que nas lajes nervuradas o dimensionamento é feito consi-
derando-se viga de seção T.

x II   A  A 2  B (9.18)*
Onde

A
1
n A s  b f  b w  h f  (10.7)
bw

2   bf  b w  2 
B d n A s    hf  (10.8)
bw   2  

I II 
1
3
 3
bf xII 
 bf  b w xII  hf 3  n As d  xII 2 (10.9)

As equações (10.7), (10.8) e (10.9) foram adaptadas das equações (9.19),


(9.20) e (9.23) para A’s = 0 e N = 0.

Segundo o item 17.3.2.1.2 da NBR-6118, a flecha adicional diferida, decorrente


das cargas de longa duração em função da fluência do concreto, pode ser calculada
de maneira aproximada pelo produto da flecha imediata fi pelo fator f,definido nas
equação (3.22) e (3.28). Assim a flecha final, no tempo infinito, é dada por:

f = fi + f fi = (1 + f)fi (10.10)

10.12
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Conforme visto na capítulo 3, para situações normais em que se deseja a flecha


no tempo infinito, para cargas aplicadas a partir dos 14 dias após a concretagem,
aproximadamente t0 = 0,5 mês, com ’ = 0 (não admitindo armadura dupla em lajes),
obtém-se para f o seguinte valor:

f = () - (0,5) = 2 – 0,54 = 1,46 (3.28)*

Portanto, a flecha total no tempo infinito será dada por:

f = (1 + f) fi = 2,46 fi (10.11)

Assim, reescrevendo a equação (10.5) para o tempo infinito e conforme (10.11)


e (10.6) obtém-se:

f   f1
p   a 4 (10.12)
E cs h 3
Onde:
p = = 2,46 pi = 2,46 g + 2,46 2 q (10.13)

Em (10.12) a carga p é apenas um artifício matemático.

10.4.3 - Dimensionamento das lajes nervuradas

 Momento fletor positivo


Para esses momentos, que comprimem a mesa (parte superior) e tracionam as
nervuras (parte inferior), o dimensionamento deve ser feito como viga de seção T (ver
capítulo 2 - Flexão). Dessa forma serão observadas as prescrições da NBR 6118 re-
lativas a esse tipo de seção. A determinação da largura efetiva da mesa bf = bw + b1
+ b3, ver figura 2.14 e equações (2.48), no caso das lajes nervuradas resulta, conforme
figura 10.2:

bf = bw + 0,50 + 0,50 = bw + 0 =    (10.7)

10.13
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Em que bw é a largura da nervura, 0 é a distância livre entre nervuras e  é a


distância entre eixos das nervuras. Os valores de b1 e b3 na equação (2.48) devem
ser menores que (0,10 a), onde a é a distância entre pontos de momentos nulos, no
vão analisado, da viga T (nervura) em questão. Também devem ser menores que a

metade da distância livre entre as faces das nervuras (0,50 0). Normalmente nas lajes

nervuradas b1 = b3 = (0,50 0). Caso contrário, a largura efetiva bf da mesa deve ser
calculada conforme as equações (2.48).

 Momento fletor negativo


Nesse caso o dimensionamento deve ser feito como viga de seção retangular
de largura bw. Conforme já mencionado, pode ser que o momento negativo supere a
capacidade resistente à compressão das nervuras, nesse caso, o dimensionamento
com armadura dupla só será possível se a largura da nervura for maior ou igual a 8
cm. Essa armadura dupla pode ser evitada engrossando-se as nervuras somente pró-
ximo aos apoios, ou usando-se mesa dupla, ou finalmente executando-se um trecho
de laje maciça, com comprimento a ser definido, nessa mesma região dos apoios.

10.5 – Exemplos numéricos

10.5.1 - Exemplo 1

10.5.1.1 - Laje nervurada com h = 25 cm, malha (50x50) cm2


Calcular os esforços, a flecha e detalhar a laje nervurada abaixo. Trata-se de
um edifício residencial com os seguintes dados:
fck = 20 MPa Aço CA 50 / 60 Revestimento 1 kN/m2
Sobrecarga 2 kN/m2
Enchimento 5 kN/m3 (blocos de concreto celular 40x40x20)

10.14
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Figura 10.3 - Laje nervurada do exemplo 1

A espessura da laje foi inicialmente obtida a partir de uma avaliação prática que

define a altura total de uma laje qualquer em função do seu menor vão .

 lajes maciças em concreto armado (/40) ≤ h ≤ (/36)

 lajes nervuradas em concreto armado h ≥ (/30)

 lajes de piso em concreto protendido h ≥ (/42)

 lajes de forro em concreto protendido h ≥ (/48)

Para a laje nervurada desse exemplo a altura h ≥ (/30) = (740/30) ≈ 25 cm.

 Cálculo das cargas


o Peso próprio
Volume da unidade 0,50x0,50x0,25 = 0,0625 m3
Volume do bloco 0,40x0,40x0,20 = 0,0320 m3
Volume de concreto 0,0625-0,0320 = 0,0305 m3

10.15
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Peso da unidade 0,0305x25 (concreto) + 0,0320x5 (bloco) = 0,9225 kN/unid.


Peso da laje por m2 0,9225 / (0,50x0,50) = 3,69 kN / m2 ≈ 3,70 kN/m2
Carga permanente g = pp + rev = 3,70 + 1,00 = 4,70 kN/m2
Carga acidental q = 2,00 kN/m2
Carga total p = g + q = 4,70 + 2,00 = 6,70 kN/m2

Obs.: Pelo volume de concreto por unidade (0,0305 m3) obtém-se o volume de con-
creto por m2 de laje dado por [0,0305 / (0,50x0,50)] = 0,122 m3/m2. Isso é equivalente
ao consumo de concreto de uma laje maciça de 12,2 cm de altura.

 Cálculo dos esforços


Por se tratar de uma laje nervurada com relação de lados menor que dois e
com inércias iguais nas duas direções, o cálculo das reações e momentos será feito
com o auxílio das tabelas 3.8 e 3.11, respectivamente. Trata-se de uma laje simples-
mente apoiada nos quatro lados (laje tipo A) com os vãos de 9,60 m na direção hori-
zontal e 7,40 m na direção vertical. Para a obtenção dos coeficientes nas tabelas de-
finem-se os vãos a = 7,40 m e b = 9,60 m, cuja relação (b/a) ≈ 1,30 < 2. Os valores
dos coeficientes tabelados são:

Tabela 3.8 ra = 0,250 rb = 0,308 pa = 6,7x7,4 = 49,58


Ra = 0,250x(pa) = 0,250x49,58 = 12,40 kN / m (em 7,40 m)
Rb = 0,308x(pa) = 0,308x49,58 = 15,27 kN / m (em 9,60 m)
Ra/nerv = 12,40x0,50 = 6,20 kN Rb/nerv = 15,27x0,50 = 7,64 kN

Tabela 3.11 ma = 15,5 mb = 24,2 pa2 = 6,7x7,42 = 366,89


Ma = (pa2) / ma = 366,89 / 15,5 = 23,67 kNm
(armadura distribuída na direção vertical para 1 m de largura de laje)
Mb = (pa2) / mb = 366,89 / 24,2 = 15,16 kNm
(armadura distribuída na direção horizontal para 1 m de largura de laje)
Ma/nerv = 23,67x0,50 = 11,84 kNm Mb/nerv = 15,16x0,50 = 7,58 kNm

10.16
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 Dimensionamento à flexão
o determinação de bf
0,10 a = 74 cm (vão a)
bf = bw + b1 + b3, b1 = b 3 ≤ 96 cm (vão b)

0,5b2 = 0,50 = 0,5x40 = 20 cm(*)


bw = 10

bf = 10 + 20* + 20* = 50 cm = bw + 0 =  (valor normal em lajes nervuradas)

o dimensionamento para Ma/nerv = 11,84 kNm


Para fc = 0,85x2/1,4 = 1,214 kN/cm2 hf = 5 cm d = 25 - 3 = 22 cm
 h   5
Momento de referência Md,Ref  fdbf  d  f   1,214x50x5x 22    5918 kNcm
 d  2

Como Md,Ref = 59,18 kNm > Md,(a/nerv) = 11,84x1,4 = 16,58 kNm, o dimensiona-
mento deve ser feito como uma seção retangular de dimensões (bf / h) = (50 / 25) cm2.

Md 1184x1,4
K 50x25  2
  0,0564  K L  0,295  K'  K  0,0564
fcbf d 1,214x50x222

A s  A s1  
fc bd
f yd

1  1  2K' 
1,214x50x22
43,48
 
1  1  2x0,0564  1,78 cm2

A’s = As2 = 0

Para As = 1,78 cm2 será adotado por nervura (2 12,5 mm), que resulta na
armadura efetiva ou existente Ase = 2,45 cm2. A nervura com bw = 10 cm só comporta
duas barras por camada, para atender ao critério de espaçamento mínimo entre bar-
ras da armadura longitudinal (com ou sem armadura transversal – estribo).

A armadura As tem que ser maior ou igual à armadura mínima As,min. Como os
valores das tabelas 2.6 e 2.7 só valem para seções retangulares, o valor mínimo da
armadura em viga de seção T deve ser calculado como a necessária para combater

10.17
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___________________________________________________________________________

ao momento mínimo dado na equação (2.49), com o valor de fctk,sup dado na equação
(2.50).

Esses valores e a ordenada yCG do centro geométrico (CG) da seção T de con-


creto, em relação ao eixo horizontal que passa na face inferior da nervura, além do
momento de inércia dessa seção em relação ao eixo passando pelo CG, estão calcu-
lados abaixo.

50x5x22,5 + 10x20x10
y CG  = 16,94 cm
50x5 + 10x20
50x53 10x203
 50x5x22,5  16,94   10x20x16,94  10  24549cm4
2 2
ICG =
12 12
ICG
fctk,sup  0,393 202  2,87MPa  0,29 kN/cm 2 , Md,min  0,8W0 fctk,sup, W0 
ymax, tração
24549 336
Md,min  0,8x x0,29  336 kNcm  Md,Ref  Mmin   240 kNcm
16,94 1,4

Kmin,50x25 = 0,0114 < K = 0,295, As,min = 0,35 cm2 < As,cal = 1,78 cm2 OK!

o dimensionamento para Mb/nerv = 7,58 kNm


Md,Ref = 59,18 kNm > Md,(b/nerv) = 7,58x1,4 = 10,61 kNm (Seção retang. 50 / 25 cm2)
758x1,4
K 50x25   0,0361 K L  0,295  K'  K  0,0361
1,214x50x22 2

A s  A s1 
1,214x50x22
43,48
 
1  1  2x0,0361  1,13 cm2  A s,min  0,35cm2

A’s = As2 = 0

Para As = 1,13 cm2 será adotado por nervura (210 mm), que resulta na ar-
madura efetiva ou existente Ase = 1,57 cm2.

 Verificação da flecha
Para o cálculo da flecha será usada a tabela 3.10, laje tipo A, com relação (b/a)
= 1,30, cujo valor tabelado é f1 = 0,073. Inicialmente deve-se comparar o momento de

10.18
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serviço Mserv, com o momento de fissuração Mr. Só então, pode-se definir se a flecha
da laje será verificada no Estádio I ou no Estádio II.

Carga de serviço (2 = 0,3 para edifício residencial)


pi = pserv = g + 2q = 4,70 + 0,3x2,00 = 5,30 kN/m2

Momento de serviço (o maior entre os dois, Ma,serv)


Ma,serv = (pia2)/ma=(5,3x7,402)/15,5 =23,67x(5,3/6,7) = 18,72 kNm
Ma,serv/nerv = 1872x0,50 = 936 kNcm
Momento de fissuração
Ic 24549
Mr /nerv  αfct  1,2x0,22x  383 kNcm
yt 16,94

Com  = 1,2 (seção T)


fct = fctm = 0,3 (fck)2/3 = 0,3x(20)2/3 = 2,21 MPa = 0,22 kN/cm2
Ic/nerv = 24549 cm4 Ic/m = 24549x2 = 49098 cm4
yt = ycg = 16,94 cm

Como Ma,serv/nerv = 936 kNcm > Mr/nerv = 383 kNcm  Estádio II

Ecs  αiEci  0,85x2504  2129 kN/cm 2

Com E ci  αE 5600 fck  1,0x5600 20  25044 MPa  2504 kN/cm 2

e = 1,0 (adotou-se concreto com brita de gnaisse)


fck 20
αi  0,8  0,2  0,8  0,2  0,85  1,0
80 80

Profundidade da LN no Estádio II
As = 2,45 cm2, bf = 50 cm, bw = 10 cm, hf = 5 cm
n = (Es/Ecs) = (21000/2129) = 9,86

10.19
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1
A n A s  bf  bw  hf   1 9,86x2,45  50  10 5  22,42
bw 10

2   bf  b w  2  2   50  10  2 
B d n A s   2  hf   10 22x9,86x2,45   2  5   206,29
bw        

xII   A  A 2  B  22,42  22,422  206,29  4,21cm

Momento de inércia da seção fissurada III

III /nerv 
1
3
 
b f xII3  b f  b w xII  h f 3  n A s d  xII 2

III /nerv 
1
3
 
50x4,213  50  104,21 53  9,86x2,45(22 - 4,21)2

III/nerv  8896 cm4 III, m  8896x2  17792 cm4

Rigidez equivalente
 3   M 3  
 Mr  
EI eq/nerv  E cs   Ic  1   r   III   E cs Ic
M   Ma   
 a 
   

 3   383 3  
EI eq/nerv  2129 383  24549  1  

 8896
936    936  

 

EI eq/nerv  2129x9968 2,122x107 kNcm2


EI eq/m  2x2,122x107  4,244x107 kNcm2

Flecha imediata – Rigidez bruta


Considerando-se laje maciça com altura h = 25 cm e rigidez da seção bruta,
conforme equação (10.5), a flecha seria:

pia 4 (5,3x104 )(7404 )


fi  f1  0,073  0,35 cm
E cs .h 3 2129x253

Para a laje nervurada em questão, com inércia bruta por metro já calculada e
igual a Ic/m = 49098 cm4, a flecha imediata será obtida com uma altura correspondente
hcorr dada por:

10.20
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___________________________________________________________________________

bh3corr 12 Ic/m 3 12x49048


Ic/m   hcorr  3   18,06 cm
12 b 100

Com os valores hcorr e fi,h=25 conhecidos determina-se a flecha para a rigidez


bruta da seção T da laje nervurada:
3 3
 25   25 
fi  fi,h  25    0,35   0,93 cm
 hcorr   18,06 
Ou simplesmente:

100x252
fi  fi,h25 12  0,35x2,65  0,93 cm
49098

Flecha imediata - Rigidez equivalente de Branson


De forma análoga a altura heq/m é dada por:

12 Ieq/m 12x(2x9968)
heq/m  3 3  13,37 cm
b 100
3 3
 25 
fi  fi,h 25    0,35 25   2,29 cm
 heq,m   13,37 
 
Ou

100x252
fi  fi,h25 12  0,35x6,53  2,29 cm
2x9968

Flecha total (imediata + diferida), no tempo infinito


 740
f  1  α f fi  2,46fi  2,46x2,29  5,63 cm  fadm    2,96 cm
250 250

Como a flecha total supera a flecha admissível, a laje não atende ao estado
limite de deformação excessiva ELS-DEF, mesmo aplicando-se uma contra flecha
máxima cfmax = ( / 350) = (740 / 350) = 2,11 cm. A flecha final resultante vale:

ffinal = f - cfmax = 5,63 - 2,11 = 3,52 cm > fadm = 2,96 cm

10.21
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Como o ELS-DEF não foi atendido, faz-se necessário alterar a geometria da


laje para que a flecha não supere o valor admissível. Dentre as alternativas possíveis,
como aumentar a resistência do concreto ou aumentar a inércia no menor vão (dimi-
nuindo, por exemplo, o espaçamento das nervuras), a mais efetiva é aumentar a altura
da laje. Isso pode ser feito mantendo-se o capeamento inalterado e aumentando-se a
altura dos blocos do enchimento (alternativa mais recomendada), ou ao contrário, au-
mentando-se a espessura do capeamento e mantendo-se as mesmas dimensões dos
blocos.

Será tentada uma nova altura da laje igual a 30 cm, mesa com 5 cm e os blocos
de 40x40x25 cm3, por ser a opção que leva à menor economia no consumo de con-
creto, aliado ao menor peso da laje.

10.5.1.2 - Laje nervurada com altura total h = 30 cm (malha 50x50) cm2

Volume da unidade 0,50x0,50x0,30 = 0,075 m3


Volume do bloco 0,40x0,40x0,25 = 0,040 m3
Volume de concreto 0,075 - 0,040 = 0,035 m3
Peso da unidade 0,035x25 + 0,040x5 = 1,075 kN
Peso da laje por m2 1,075 / (0,50x0,50) = 4,3 kN / m2
Carga permanente g = pp + rev = 4,3 + 1,0 = 5,3 kN / m2
Carga acidental q = 2,0 kN / m2
Carga total p = g + q = 5,3 + 2,0 = 7,3 kN / m2

Tabela 3.8 ra = 0,250 rb = 0,308 pa = 7,3x7,4 = 54,02


Ra = 0,250x(pa) = 0,250x54,02 = 13,51 kN / m (em 7,40 m)
Rb = 0,308x(pa) = 0,308x54,02 = 16,64 kN / m (em 9,60 m)
Ra/nerv = 13,51x0,50 = 6,76 kN Rb/nerv = 16,64x0,50 = 8,32 kN

Tabela 3.11 ma = 15,5 mb = 24,2 pa2 = 7,3x7,42 = 399,75


Ma = (pa2) / ma = 399,75 / 15,5 = 25,79 kNm
(armadura distribuída na direção vertical para 1 m de largura de laje)

10.22
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Mb = (pa2) / mb = 399,75 / 24,2 = 16,52 kNm


(armadura distribuída na direção horizontal para 1 m de largura de laje)
Ma/nerv = 25,79x0,50 = 12,90 kNm Mb/nerv = 16,52x0,50 = 8,26 kNm

Md,(a/nerv) = 1290x1,4 = 1806 kNcm


bf = 50 cm bw = 10 cm h = 30 cm hf = 5 cm
 5
Md,Ref  1,214x50x5x 27    7438 kNcm  Md,(a/nerv)  1806kNm
 2
1806
K 50x30   0,0408  K L  0,295  K'  K  0,0408
1,214x50x27 2

A s  A s1 
1,214x50x27
43,48
 
1  1  2x0,0408  1,57 cm2 A' s = A s2 = 0

Para As = 1,57 cm2 será adotado por nervura (210 mm), que resulta na ar-
madura efetiva ou existente Ase = 1,57 cm2.

Armadura mínima
ycg = (50x5x27,5 + 10x25x12,5) / (50x5 + 10x25) = 20 cm
Icg = [(50x53)/12+50x5x(27,5-20)2]+[(10x253)/12+10x25x(20-12,5)2] = 41667 cm4
Md,min = 0,8 x [(41667) / 20] x 0,29 = 483 kNcm Mmin = 345 kNcm

K50/25 = 0,0109 < KL = 0,295, As,min = 0,41 cm2 < As,cal = 1,77 cm2 OK!

Md,(b/nerv) = 826x1,4 = 1156 kNcm < Md,Ref = 7438 kNcm


1156
K 50x30   0,0261 K L  0,295  K'  K  0,0261
1,214x50x27 2

A s  A s1 
1,214x50x27
43,48
 
1  1  2x0,0261  1,00 cm2  A s,min  0,41cm2

A’s = As2 = 0

Para As = 1,00 cm2 será adotado por nervura (28 mm), que resulta na arma-
dura efetiva ou existente Ase = 1,01 cm2.

10.23
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Verificação da flecha
pi = pserv = g + 2q = 5,3 + 0,3x2,0 = 5,9 kN/m2

Ma,serv = (5,9x7,402) / 15,5 = 20,84 kNm


Ma,serv/nerv = 2084x0,50 = 1042 kNcm
Ic/nerv = 41667 cm4 Ic/m = 41667x2 = 83333 cm4 yt = 20 cm
Ic 41667
Mr ,nerv  αfct  1,2x0,22x  550 kNcm
yt 20

Como Ma,serv/nerv = 1042 kNcm > Mr,nerv = 550 kNcm  Estádio II


As = Ase = 1,57 cm2, bf = 50 cm, bw = 10 cm, hf = 5 cm
1
A 9,86x1,57  50  10 5  21,55
10
2   50  10  2 
B  27x9,86x1,57    5   183,59
10   2  

x II  21,55  21,552  183,59  3,91cm

III /nerv 
1
3
 
50x3,91 3  50  103,91 5 3  9,86x1,57 (27 - 3,91)2

III/nerv  9267 cm4 III/m  9267x2 18534 cm4

 550  3   550  3  


EI eq/nerv  2129  41667  1    9267
 1042    1042   

EI eq/nerv  2129x14032 2,987x107 kNcm 2


EI eq/m  2x2,987x107  5,975x107 kNcm 2

Flecha imediata - Rigidez da seção bruta (Ic = 100x303/12 = 225000 cm4)


(5,9x104 )(740 4 )
fi  0,073  0,22 cm (laje maciça h  30cm)
2129x303

Para a laje nervurada com Ic/m = 83333 cm4, a flecha imediata será obtida com
uma altura correspondente [b(hcorr)3/12] = Ic/m. Portanto, hcorr será dado por:

10.24
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12x83333
hcorr  3  21,54 cm
100
fi = 0,22x(30 / 21,54)3 = 0,22x(225000 / 83333) = 0,59 cm

Flecha imediata - Rigidez equivalente de Branson

12x(2x14032)
heq/m  3  14,99 cm
100

fi = 0,22x(30 / 14,99)3 = 0,22x(225000 / 28064) = 1,76 cm

Flecha total (imediata + diferida), no tempo infinito

f = (1 + f) fi = 2,46 fi = 2,46x1,76 = 4,33 cm > fadm = 2,96 cm

A flecha total supera a flecha admissível, mas aplicando-se uma contra-flecha


cf = 1,5 cm < cfmax = 2,11 cm, a flecha final fica:

ffinal = f - cf = 4,33 – 1,50 = 2,83 cm < fadm = 2,96 cm  OK!

 Dimensionamento ao cisalhamento (h = 30 cm)

Como essa laje nervurada tem o espaçamento entre os eixos das nervuras
igual a 50 cm, menor que 65 cm, para a verificação do cisalhamento da região das
nervuras, permite-se considerar os critérios de laje. Conforme capítulo 5, item 5.3,
dispensa-se armadura transversal para resistir às forças de tração oriundas da força
cortante em lajes maciças ou nervuradas, quando a força cortante de cálculo a uma
distância d da face do apoio, obedecer à expressão:

VSd ≤ VRd1

Com VSd = (Rb)x1,4 = 16,64x1,4 = 23,30 kN/m (valor no apoio)

10.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

VRd1 = [Rd k (1,2 + 40 ρ1)] bw d = [wd1] bw d


Rd = 0,25fctd=0,25(fctk,inf/γc)=0,0375(fck)2/3=0,28 MPa=0,03 kN/cm2
(As1/nerv = 1,57 cm2 As1/m = 2x1,57 = 3,14 cm2 armadura de tração seção 100/30)
ρ1 = As1 / (bw d) = (3,14) / (100x27) = 0,0012 < 0,02
k = (1,6 – d) = (1,6 - 0,27) = 1,33 > 1
bw = 2x10 = 20 cm (seção real de concreto bw = 20)

VRd1 = [0,03x1,33 (1,2 + 40x0,0012)]x20x27 = 26,89 kN

Como VSd = 23,30 kN) < VRd1 = 26,89 kN dispensa-se armadura transversal
para resistir ao cisalhamento, considerando a direção “a”. Na direção “b” os valores
diferentes dos já calculados são:
ρ1 = As1 / (bw d) = (2x1,01) / (100x27) = 0,00075 < 0,02
VSd = 13,51x1,4 = 18,91 kN

VRd1 = [0,03x1,33 (1,2 + 40x0,00075)]x20x27 = 26,50 kN > VSd = 18,91 kN

Portanto, dispensa-se armadura transversal nas duas direções dessa laje.

 Detalhamento

Apresenta-se na figura 10.4 as armações na direção “a” (2 10 mm) por ner-
vura e na direção “b” (2 8 mm) por nervura.

10.26
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Figura 10.4 - Laje do exemplo 1 - Armação

10.5.1.3 - Laje nervurada com altura total h = 25 cm, malha (50x30) cm2

 Inércias diferentes, tratada como laje maciça

Laje com as mesmas dimensões do exemplo anterior, mantendo-se a altura


inicial de 25 cm e alterando o espaçamento entre os eixos das nervuras, na direção
do vão “a”, para 30 cm. Essa laje está representada na figura 10.5.

Volume da unidade 0,30x0,50x0,25 = 0,0375 m3


Volume do bloco 0,20x0,40x0,20 = 0,0160 m3
Volume de concreto 0,0375-0,0160 = 0,0215 m3
Peso da unidade 0,0215x25 (concreto) + 0,0160x5 (bloco) = 0,618 kN
Peso da laje por m2 0,618 / (0,30x0,50) = 4,12 kN / m2

10.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
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Carga permanente g = pp + rev = 4,12+ 1,0 = 5,12 kN / m2


Carga acidental q = 2,00 kN / m2
Carga total p = g + q = 5,12 + 2,0 = 7,12 kN / m2

Figura 10.5 - Laje do exemplo 1, com inércias diferentes nas duas direções

Embora a laje tenha inércias diferentes nas duas direções, conforme item
14.7.7 da NBR 6118 pode ser calculada, como laje maciça armada em duas direções,
uma vez que a relação de lados é menor que 2. Dessa forma:

Tabela 3.8 ra = 0,250 rb = 0,308 pa = 7,12x7,4 = 52,69


Ra = 0,250x(pa) = 0,250x52,69 = 13,17 kN / m (em 7,40 m)
Rb = 0,308x(pa) = 0,308x52,69 = 16,23 kN / m (em 9,60 m)
Ra/nerv = 13,17x0,30 = 3,95 kN Rb/nerv = 16,23x0,50 = 8,12 kN
Tabela 3.11 ma = 15,5 mb = 24,2 pa2 = 7,12x7,42 = 389,89
Ma = (pa2) / ma = 389,89 / 15,5 = 25,15 kNm
(armadura distribuída na direção vertical para 1 m de largura de laje)
Mb = (pa2) / mb = 389,89 / 24,2 = 16,11 kNm
(armadura distribuída na direção horizontal para 1 m de largura de laje)

10.28
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Ma/nerv = 25,15x0,30 = 7,55 kNm Mb/nerv = 16,11x0,50 = 8,06 kNm

bf,a = 10 + 10 + 10 = 30 cm
Md,Ref,a = 1,214x30x5(22-5/2) = 2551 kNcm > 755x1,4 = 1057 kNm (seção ret. 30x25)

bf,b = 10 + 20 + 20 = 50 cm
Md,Ref,b = 1,214x50x5(22-5/2) = 5918 kNcm > 806x1,4 = 1128 kNm (seção ret. 50x25)

Md,a/nerv = 755x1,4 = 1057 kNcm


1057
K a,30x25   0,06  KL  0,295  K'  K  0,06
1,214x30x222

A s  A s1 
1,214x30x22
43,48
 
1  1  2x0,06  1,14 cm2

A’s = As2 = 0

Para As = 1,14 cm2 será adotado por nervura (28 mm + 1 6,3 mm), que re-
sulta na armadura efetiva ou existente Ase = 2x0,503 + 0,312 = 1,32 cm2.

Armadura mínima
ya,cg = (30x5x22,5 + 10x20x10) / (30x5 + 10x20) = 15,36 cm
Ia,cg = [(30x53)/12+30x5x(22,5-15,36)2]+[(10x203)/12+10x20x(15,36-10)2] = 20372 cm4
Md,(min,a) = 0,8 x [(20372) / 15,36] x 0,29 = 308 kNcm Mmin,a = 220 kNcm

Kmin,30x25 = 0,0109 < KL = 0,295, As,min = 0,41 cm2 < As,cal = 1,14 cm2 OK!

Md,b/nerv = 806x1,4 = 1128 kNm


1128
K b,50x30   0,0384  K L  0,295  K'  K  0,0384
1,214x50x22 2

A s  A s1 
1,214x50x22
43,48
 
1  1  2x0,0384  1,20 cm2  A s,min  0,35 cm2

A’s = As2 = 0

10.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Para As = 1,20 cm2 será adotado por nervura (28 mm + 1 6,3 mm), que re-
sulta na armadura efetiva ou existente Ase = 2x0,503 + 0,312 = 1,32 cm2.

Verificação da flecha
pi = pserv = g + 2q = 5,12 + 0,3x2,0 = 5,72 kN/m2

Ma,serv = (5,72x7,402) / 15,5 = 20,21 kNm


Ma,serv/nerv = 2021x0,30 = 606 kNcm

20372
Mr ,nerv  1,2x0,22x  350 kNcm
15,36
Ic/nerv = 20372 cm4 Ic/m = 20372x3,33 = 67907 cm4
yt = 15,36 cm

Como Ma,serv/nerv = 606 kNcm > Mr,nerv = 350 kNcm  Estádio II

As = Ase = 1,32 cm2, bf = 30 cm, bw = 10 cm, hf = 5 cm


1
A 9,86x1,32  30  10 5  11,30
10
2   30  10  2 
B  22x9,86x1,32    5   107,27
10   2  

x II  11,3  11,302  107,27  4,03 cm

III /nerv 
1
3
 
30x4,03 3  30  104,03 - 5 3  9,86x1,32(22 - 4,03)2

III/nerv  4863 cm4 III/m  4863x3,33 16210 cm4


 350 
3   350  3  

EI eq/nerv  2129  20372  1     4863
606    606  

 

EI eq/nerv  2129x7851 1,671x107 kNcm 2


EIeq/m  3,33x1,671x107  5,57x107 kNcm2

10.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Flecha imediata - Rigidez da seção bruta (maciça com h=25 cm)


(5,72x104 )(740 4 )
fi  0,073  0,38 cm (laje maciça h  25cm)
2129x253

Para a laje nervurada com Ic/m = 67907 cm4, a flecha imediata será obtida com
uma altura correspondente hcorr dada por:

12x67907
hcorr  3  20,12 cm
100

fi = 0,38x(25 / 20,12)3 = 0,38x(130208/67907) = 0,73 cm

Flecha imediata - Rigidez da seção fissurada (rigidez equivalente de Branson)

12x(3,33x7851)
h eq/m  3  14,64 cm
100

fi = 0,38x(25 / 14,64)3 = 0,38x(130208/26170) = 1,89 cm

Flecha total (imediata + diferida), no tempo infinito

f = (1 + f) fi = 2,46 fi = 2,46x1,89 = 4,65 cm

fadmissível =  / 250 = 740 / 250 = 2,96 cm

A flecha total supera a flecha admissível, mas aplicando-se uma contra-flecha


de:

cf = (f - fadm) = (4,65 - 2,96) = 1,69 cm < cfmax = (740 / 350) = 2,11 cm

a flecha final atende ao estado limite de deformação excessiva ELS-DEF.

10.31
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Isso significa que ao manter a altura em 25 cm e aumentar a rigidez na direção


do menor vão (a), a flecha final atende ao ELS-DEF, desde que se aplique, por exem-
plo, uma contra-flecha de 2 cm.

 Inércias diferentes, tratada como teoria das grelhas (malha 50x30)

Mesmo exemplo anterior calculando esforços pela teoria das grelhas, conforme
recomendado no item 10.2.2. Nesse caso devem ser calculados os quinhões de carga,
pa e pb, carregamentos que atuam isoladamente em faixas unitárias nas direções dos
vãos a e b, respectivamente.

1 1
Ka  4
 4
 0,797  0,8
C  Ib  a   5  2x24549  7,40 
1   a    1     
 Cb  Ia  b   5  3,33x20372 9,60 

Kb = 1 - Ka = 1 - 0,8 = 0,2

p = 7,12 kN/m2 pserv = 5,72 kN/m2

pa = 0,8x7,12 = 5,70 kN/m2 pb = 7,12 - 5,70 = 1,42 kN/m2

Rb/m = paa / 2 = 5,70x7,4 / 2 = 21,09 kN/m Ra/m = 1,42x9,6 / 2 = 6,82 kN/m


Ma/m = 5,70x7,42 / 8 = 39,02 kNm Ma/nerv = 3902x0,3 = 1170 kNcm
Mb/m = 1,42x9,62 / 8 = 16,36 kNm Mb/nerv = 1636x0,5 = 818 kNcm

Ka,30x25 = 0,093 < KL = 0,295 As,a/nerv = 1,80 cm2 (112,5+110 = 2,01 cm2)
Kb,50x25 = 0,039 < KL = 0,295 As,b/nerv = 1,22 cm2 (2 10 = 1,57 cm2)

pa,serv/m = 0,8xpserv = 0,8x5,72 = 4,58 kN/m2


pa,serv/nerv = 0,3x4,58 = 1,37 kN/m (carga por metro de viga, na direção a,
correspondente a largura de 30 cm da nervura)

10.32
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Ma,serv/nerv = 1,37x7,42 / 8 = 9,38 kNm > Mr,nerv = 350 kNcm Estádio II

A flecha imediata para uma viga biapoiada de vão 7,40 m, com carga de serviço
pserv = 1,37 kN/m, para a seção fissurada é dada por:

Para As = Ase = 2,01 cm2, bf = 30 cm, bw = 10 cm, hf = 5 cm


A = 11,98 B = 137,20 xII = 4,77 cm
III = 6969 cm4 Ic = 20372 cm4
 3   350  3  
EI eq/nerv  2129 350  20372  1     6369 
 938    938   

EI eq/nerv  2129x7665 1,632x107 kNcm 2

5 p serv a 4 5 1,37x102 x7404


fi    3,28 cm
384 EIeq 384 1,632x107

f = 2,46x3,28 = 8,07 cm > fadm + cfMax = 2,96 + 2,11 ≈ 5,07 cm

Portanto, a mesma laje com malha de 50x30 não atende ao ELS-W, quando se
considera a teoria das grelhas. Comparando-se os valores da flecha máxima nos dois
casos, nota-se que para a teoria das grelhas, f,grelha = 8,07 cm, é quase duas vezes
maior que a correspondente ao cálculo elástico (como laje maciça), f,maciça = 4,65 cm
(a teoria de grelha não considera a rigidez à torção).

Essa discrepância incentiva a verificação da flecha por um método mais refi-


nado, baseado na teoria da elasticidade, usando a técnica numérica do Método dos
Elementos Finitos (MEF), associando elementos de placa (capeamento) com elemen-
tos de barras (nervuras).

10.33
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

10.5.1.4 - Laje do exemplo 1 analisada pelo programa PLENOR (malha 50x50)

Essa mesma laje foi analisada pelo programa PLENOR, desenvolvido no Depar-
tamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) da Escola de Engenharia da UFMG,
usando o MEF (método dos elementos finitos). A figura 10.6 mostra a discretização
dos nós, elementos de placa e elementos de barra desse exemplo. Em função da
dupla simetria desse exemplo, discretizou-se apenas um quarto da laje, considerando
rotação nula em relação ao eixo X nos nós 89 a 99 (de um em um) e rotação nula em
Y nos nós 12 a 99 (de onze em onze).

A laje da figura 10.6 foi discretizada com elementos retangulares de placa com
dimensões 50x50 cm2 (distância entre eixos das nervuras) e elementos menores no
contorno, para atender ao tamanho total da laje (480x370 cm2, dupla simetria). A es-
pessura da mesa é de 5 cm e da nervura é de 10 cm. A quarta parte discretizada da
laje tem 99 nós, 80 elementos de placa e 160 elementos de barra. As propriedades
mecânicas do concreto são: Ecs = 2129 kN/cm2 (módulo de “elasticidade”) e  = 0,2
(coeficiente de Poisson).

 Altura total de 25 cm

Essa laje com altura total de 25 cm apresenta uma distância de 12,5 cm entre
o plano médio da placa e o eixo das nervuras, o “offset”, mostrado à direita da figura
10.6. A laje foi analisada com uma carga total p = 6,7 kN/m 2.

As propriedades geométricas dos elementos de barra, área da seção transver-


sal, momentos de inércia em relação aos eixos y e z, assim como o momento de
inércia à torção JT (eixo x), estão calculados a seguir. O momento de torção JT, foi
calculado conforme o capítulo 8 sobre torção, com o auxílio da tabela 8.3.

Área da seção transversal Ax = 10x20 = 200 cm2 (seção só da nervura)


Momento de inércia em relação ao eixo y Iy = 10x203 / 12 = 6667 cm4
Momento de inércia em relação ao eixo z Iz = 20x103 / 12 = 1667 cm4

10.34
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
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Momento de inércia à torção Ix= JT = b3h (ver tabela 8.3)


Para a relação (h/b) = 20/10 = 2, o valor de  = 0,229
Ix,100% = (0,229x103x20) = 4580 cm4
Ix,0% = 0, Ix,30% = 0,3x4580 = 1374 cm4

Com relação à rigidez a torção GIx, foram analisadas três situações distintas. A
primeira desprezando-se essa rigidez à torção, a segunda considerando-se 30% e a
terceira, 100% dessa rigidez. Normalmente nos cálculos essa rigidez é desprezada
ou parcialmente considerada com percentuais que variam entre 10% e 30%.

Figura 10.6 - Laje do exemplo 1 discretizada em elementos finitos (50x50)

Os resultados para essa laje são mostrados a seguir:

fmax,0% = 2,080 cm, fmax,30% = 2,040 cm, fmax,100% = 1,954 cm (variação quase linear)

10.35
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Os valores das flechas acima consideram a carga nominal aplicada p = 6,7


kN/m2. Para a carga de serviço pi = 5,3 kN/m2 os valores acima deverão ser afetados
pela relação (5,3 / 6,7) = 0,79 resultando as seguintes flechas máximas em serviço:

fmax,0% = 1,645 cm fmax,30% = 1,613 cm fmax,100% = 1,546 cm


fmax,(tab. 3.10) = 0,93 cm

O valor dessa flecha em serviço, já calculada usando-se a tabela 3.10, para a


rigidez bruta da seção transversal de concreto da laje nervurada, está mostrado
acima. Esses resultados mostram uma discrepância grande entre os valores calcula-
dos como laje retangular, com auxílio de tabelas, e os obtidos pelo PLENOR.

Os valores dos momentos obtidos no programa PLENOR são os seguintes:

Ma/nerv,0% = 1986 kNcm, Ma/nerv,30% = 1947 kNcm, Ma/nerv,100% = 1863 kNcm


Mb/nerv,0% = 1299 kNcm, Mb/nerv,30% = 1273 kNcm, Mb/nerv,100% = 1218 kNcm

Os valores desses momentos calculados anteriormente, com o uso das tabelas


para lajes maciças, foram:

Ma/nerv = 1184 kNcm Mb/nerv = 758 kNcm

Ma/nerv = 1986 kNcm As = 3,06 cm2 (2 16) Ase = 4,02 cm2
Mr = 383 kNcm < Mserv = (5,3 / 6,7)x1986 = 1571 kNcm Estádio II
A = 23,96 B = 274,40 xII = 5,17 cm III = 13530 cm4,
Ic = 24549 cm4 (Mr/Ma)3 = 0,0145 Ieq = 13690 cm4

A flecha no tempo infinito, levando-se em conta a fluência do concreto e a rigi-


dez equivalente resulta:
7,25 cm (Ix = 0)
f = 2,46(Ic / Ieq)fi = 2,46(24549 / 13690)fi = 7,12 cm (Ix = 30%JT = 1374 cm4)
6,82 cm (Ix = JT = 4580 cm4)

10.36
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Todos os valores acima superam a flecha máxima admissível fadm = (/250) =

2,96 cm, mesmo aplicando-se a contra-flecha máxima cfmax = (/350) = 2,11 cm.

 Altura total de 30 cm

p = 7,3 kN/m2 pserv = 5,9 kN/m2 (“offset” = 15 cm):


Ax = 10x25 = 250 cm2
Iy = 10x253 / 12 = 13021 cm4 Iz = 25x103 / 12 = 2083 cm4
Para a relação (h/b) = 25/10 = 2,5 o valor de  = (0,229 + 0,263) / 2 = 0,246
Ix,100% = (0,246x103x25) = 6150 cm4
Ix,0% = 0, Ix,30% = 0,3x6150 = 1845 cm4

Flechas para carga nominal p = 7,3 kN/m2

fmax,0% = 1,218 cm, fmax,30% = 1,199 cm, fmax,100% = 1,159 cm (variação quase linear)

Flechas para carga de serviço pi = pserv = 5,9 kN/m2

fmax,0% = 0,984 cm fmax,30% = 0,969 cm fmax,100% = 0,936 cm


fmax,(tab. 3.10) = 0,59 cm

Os valores dos momentos obtidos no programa PLENOR são os seguintes:

Ma/nerv,0% = 2011 kNcm, Ma/nerv,30% = 1980 kNcm, Ma/nerv,100% = 1912 kNcm


Mb/nerv,0% = 1335 kNcm, Mb/nerv,30% = 1314 kNcm, Mb/nerv,100% = 1267 kNcm

Os valores desses momentos calculados anteriormente, com o uso das tabelas


para lajes maciças, foram:

Ma/nerv = 1290 kNcm Mb/nerv = 826 kNcm

10.37
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Ma/nerv = 2011 kNcm As = 2,02 cm2 (2 12,5) Ase = 2,45 cm2
Mr = 550 kNcm < Mserv = (5,9 / 7,3)x2011 = 1625 kNcm Estádio II
A = 22,42 B = 230,66 xII = 4,66 cm III = 13763 cm4,
Ic = 41667 cm4 (Mr/Ma)3 = 0,0388 Ieq = 14845 cm4

A flecha no tempo infinito, levando-se em conta a fluência do concreto e a rigi-


dez equivalente resulta:
6,79 cm (Ix = 0)
f = 2,46(Ic / Ieq)fi = 2,46(41667 / 14845)fi = 6,69 cm (Ix = 30%JT = 1845 cm4)
6,46 cm (Ix = JT = 6150 cm4)

Todos os valores acima superam a flecha máxima admissível fadm = (/250) =

2,96 cm, mesmo aplicando-se a contra-flecha máxima cfmax = (/350) = 2,11 cm.

10.5.1.5 - Laje do exemplo 1 analisada pelo programa PLENOR (malha 50x30)

Na figura 10.7 apresenta-se a laje discretizada com malha 50x30 (quarta parte),
com 153 nós, 128 elementos retangulares de placa e 256 elementos de barra. A carga
total p = 7,12 kN/m2 e a de serviço pserv = 5,72 kN/m2. A altura total é de 25 cm.

Os resultados para essa laje são mostrados a seguir:

Flechas para carga nominal p = 7,12 kN/m2

fmax,0% = 1,612 cm fmax,30% = 1,588 cm fmax,100% = 1,538 cm

Flechas para carga de serviço pi = pserv = 5,72 kN/m2

fmax,0% = 1,295 cm fmax,30% = 1,276 cm fmax,100% = 1,236 cm


fmax,(tab. 3.10) = 0,73 cm

10.38
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Figura 10.7 - Laje do exemplo 1 discretizada em elementos finitos (50x30)

Momentos fletores

Ma/nerv,0% = 1042 kNcm, Ma/nerv,30% = 1027 kNcm, Ma/nerv,100% = 994 kNcm


Mb/nerv,0% = 766 kNcm, Mb/nerv,30% = 754 kNcm, Mb/nerv,100% = 726 kNcm

Os valores desses momentos calculados anteriormente, com o uso das tabelas


para lajes maciças, são dados por:

Ma/nerv = 755 kNcm Mb/nerv = 806 kNcm

Ma/nerv = 1042 kNcm As = 1,59 cm2 (2 10) Ase = 1,57 cm2
Mr = 350 kNcm < Mserv = (5,72 / 7,12)x1042 = 1262 kNcm Estádio II
A = 11,55 B = 143,11 xII = 5,09 cm III = 5743 cm4,
Ic = 20372 cm4 (Mr/Ma)3 = 0,0213 Ieq = 6055 cm4

10.39
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

A flecha no tempo infinito, levando-se em conta a fluência do concreto e a rigi-


dez equivalente resulta:

7,51 cm (Ix = 0)
f = 2,46x(Ic / Ieq)xfi = 2,46x(20372 / 6055)xfi = 7,40cm (Ix = 30%JT = 1374 cm4)
7,17 cm (Ix = JT = 4580)

10.5.1.6 - Resultados para o exemplo 1

Os resultados para os sete tipos de lajes analisadas no exemplo 1, estão lista-


dos na tabela 10.1.

10.40
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes nervuradas
___________________________________________________________________________

Tabela 10.1 - Resultados do exemplo 1


(LM) - laje maciça, (TG) - teoria das grelhas, (PL) - programa PLENOR

Laje (50x50) (50x50) (50x30) (50x30) (50x50) (50x50) (50x30)


h=25(LM) h=30(LM) h=25(LM) h=25(TG) h=25(PL) h=30(PL) h=25(PL)
Dados
p
6,70 7,30 7,12 7,12 6,70 7,30 7,12
kN/m2
pi
5,30 5,90 5,72 5,72 5,30 5,90 5,72
kN/m2
Ma/nerv 755 1171 1986** 2011** 1042**
1184 1290 1947*** 1980***
kNcm (1258*) (1952*) 1863**** 1912**** (1737*)
Mb/nerv 1299** 1335**
758 826 806 818 1273*** 1314*** 766**
kNcm 1218**** 1267****
Ase,a 2 8 + 1 12,5
2 12,5 2 10 2 16 2 12,5 2 12,5
1 6,3 + 1 10
Ase,b 2 8 + Não cal- Não cal- Não cal-
2 10 2 8 2 10
1 6,3 culado culado culado

Mr,a/nerv
383 550 350 350 383 550 350
kNcm
Ic,a/nerv
24549 41667 20372 20372 24549 41667 20372
cm4
III,a/nerv
8896 9267 4863 6969 13530 13763 5743
cm4
Ieq,a/nerv
9968 14032 7851 7665 13690 14845 6055
cm4
fi,c (cm) 0,93 0,59 0,73 - 1,645** 0,984** 1,295**
fi,II
2.29 1,76 1,89 3,28 - - -
(cm)
f (cm) 5,63 4,33 4,65 8,07 7,25** 6,79** 7,66**
(*) - Valores representam o momento correspondente por nervura, caso a malha fosse 50x50. São ob-
tidos a partir dos valores calculados para a malha de 50x30. Assim, Ma(50x50) = (50 / 30)xMa(50x30)
(**) - Ix = 0 (***) - Ix = 30%JT (****) - Ix = JT

10.41
CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 11

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

LAJES COGUMELO
____________________________________________________________________________

11.1 – Definição e fundamentos

Coforme o item 14.7.8 da NBR 6118:

“Lajes-cogumelo são lajes apoiadas diretamente em pilares com capitéis,


enquanto lajes lisas são apoiadas nos pilares sem capitéis”.

Embora essa seja a definição da norma, normalmente tanto uma quanto outra
são denominadas genericamente por lajes cogumelo, com ou sem capitel.

Conforme definido acima, quando as lajes apoiam diretamente sobre os pilares,


dispensando-se as vigas, são denominadas lajes lisas. Nessas lajes as cargas dos pa-
vimentos são transmitidas diretamente aos pilares, e depois até a fundação. Como con-
sequência, há uma reação concentrada em uma área reduzida de contato pilar-laje,
que pode resultar em um tipo de ruptura, a punção, produzida pelas altas tensões de
cisalhamento na ligação da laje com o pilar. Essa ruptura é frágil e repentina e mesmo
quando ocorre de forma localizada, pode provocar uma reação em cadeia, fenômeno
denominado colapso progressivo, capaz de produzir a ruptura parcial ou total da estru-
tura.

Para amenizar os efeitos da punção costuma-se aumentar a seção dos pilares


próxima da laje, formando o capitel (ver figura 11.1 c) ou aumentando-se a espessura
da laje na região dos apoios, formando o que se denomina pastilha, ábaco ou “drop
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___________________________________________________________________________

panel” (ver figura 11.1 d). Normalmente tanto um quanto o outro são simplesmente co-
nhecidos como capitel. Essas soluções dificultam e oneram a execução da laje, que
não mais mantém o seu teto liso. Conforme se verá mais adiante é possível, em muitos
casos, substituir os capitéis e prevenir o colapso progressivo com o cálculo e detalha-
mento adequado de armaduras projetadas para a laje, adicionais às de flexão.

a)laje com vigas b)laje lisa c)laje cogumelo - capitel

d)laje cogumelo - “drop panel” e)laje lisa nervurada

Figura 11.1 - Tipos de lajes (fonte: www.cielo.br)

Conforme mostrado na figura acima essas lajes podem ser maciças ou nervura-
das com ou sem elementos inertes, em concreto armado ou protendido. As nervuradas
normalmente apresentam regiões maciças nos apoios, para atender aos esforços loca-
lizados devidos a punção.

11.2 – Vantagens e desvantagens das lajes cogumelo

Os últimos anos experimentou um aumento na utilização de estruturas de con-


creto armado com lajes cogumelo e mais recentemente em concreto protendido. Os
avanços tecnológicos, nas áreas de computação e de métodos numéricos, propiciam

11.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

soluções estruturais cada vez mais complexas para atender a uma demanda cres-
cente por projetos arquitetônicos mais arrojadas, aliando estética e aproveitamento
máximo dos espaços construídos. Nesse contexto sobressaem as lajes cogumelos
que dentre as suas possíveis vantagens, pode-se citar:

 Simplicidade nas formas.


Como não possui vigas as formas são executadas com poucos recortes. Isso
agiliza o processo construtivo economizando tempo e custos, devido ao maior
reaproveitamento das formas.

 Facilidades na concretagem e na montagem das armaduras.


O lançamento, adensamento e desforma do concreto são mais simples, possi-
bilitando concretos com menor relação água/cimento e estruturas com acaba-
mento final muito bom. As armaduras de flexão são retas e de fácil montagem,
o que favorece a substituição por telas soldadas.

 Redução na altura total do edifício.


O teto liso propicia uma redução natural no pé-direito do pavimento, ocasio-
nando uma redução na altura final do prédio. Caso a altura do prédio seja man-
tida e dependendo do número de pavimentos, essa redução por pavimento,
pode gerar a construção de um ou mais pavimentos.

 Projetos arquitetônicos mais flexíveis.


O teto liso permite que as paredes divisórias não fiquem restritas ao posiciona-
mento abaixo da projeção das vigas, possibilitando mais flexibilidade ao projeto
arquitetônico.

 Facilidade na instalação de equipamentos dos projetos complementares.


A inexistência de vigas facilita a instalação de dutos de ar condicionado e ban-
dejas para os cabeamentos elétrico, telefônico e outros.

11.3
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___________________________________________________________________________

Embora as vantagens acima sejam suficientes para adoção dessa solução es-
trutural, é necessário tomar alguns cuidados na definição final do sistema a ser ado-
tado. Os cuidados estão relacionados às duas grandes desvantagens observadas em
edifícios construídos com lajes cogumelo:

 Sistema estrutural mais flexível que o convencional de lajes com vigas.


Isso acarreta flechas maiores, quando comparada às obtidas no sistema con-
vencional, para o mesmo vão. Combate-se essa tendência aumentando-se a
espessura da laje ou usando-se a protensão. As alvenarias, quando existem,
podem “descolar” do teto e apresentar fissuras nessa ligação.

 Diminuição da estabilidade global da estrutura.


O conjunto lajes-vigas-pilares forma um pórtico espacial que confere maior ri-
gidez global (vertical e horizontal) ao edifício. As lajes lisas têm menor rigidez
à flexão que o sistema convencional, não materializando perfeitamente o pór-
tico espacial, diminuindo assim a rigidez horizontal do prédio. Pode ser neces-
sário contraventar as lajes a núcleos rígidos (caixa de elevador/escada) ou a
pilares parede.

11.3 – Análise estrutural

Conforme o item 14.7.8 da NBR 6118:

“A análise estrutural de lajes lisas e cogumelo deve ser realizada mediante em-
prego de procedimento numérico adequado, por exemplo, diferenças finitas,
elementos finitos ou elementos de contorno.”

“Nos casos das lajes em concreto armado, em que os pilares estiverem dispos-
tos em filas ortogonais, de maneira regular e com vãos pouco diferentes, o cál-
culo dos esforços pode ser realizado pelo processo elástico aproximado, com
redistribuição, que consiste em adotar, em cada direção, pórticos múltiplos,
para obtenção dos esforços solicitantes.”

11.4
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___________________________________________________________________________

“Para cada pórtico deve ser considerada a carga total. A distribuição dos mo-
mentos, obtida em cada direção, segundo as faixas indicadas na Figura 11.2
(abaixo), deve ser feita da seguinte maneira:

a) 45 % dos momentos positivos para as duas faixas internas;


(22,5% para cada faixa interna – mais central – ver figura 11.2)
b) 27,5 % dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
c) 25 % dos momentos negativos para as duas faixas internas;
(12,5% para cada faixa interna – mais central – ver figura 11.2)
d) 37,5 % dos momentos negativos para cada uma das faixas externas.”

Figura 11.2 - Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múlti-
plos (adaptado da figura 14.9 da NBR 6118)
11.5
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___________________________________________________________________________

“Devem ser cuidadosamente estudadas as ligações das lajes com os pilares,


com especial atenção aos casos em que não haja simetria de forma ou de carre-
gamento da laje em relação ao apoio.”

“Obrigatoriamente, devem ser considerados os momentos de ligação entre laje


e pilares extremos.”

Conforme recomendado acima pela NBR 6118, quando os pilares estiverem


dispostos regularmente em filas ortogonais com vãos de comprimentos parecidos nas
duas direções, os esforços podem ser calculados, de forma aproximada, analisando-
se pórticos isolados nas duas direções, com a carga total da laje atuando em cada
pórtico. Naturalmente essa consideração de carga total nas duas direções não se
aplica ao cálculo das reações de apoio. Considera-se ainda válido esse procedimento
quando a relação dos vãos (x / y ) = (b / a) se situar no intervalo entre 0,75 e 1,33 e
o desvio máximo do eixo do pilar em relação à fila, não ultrapassar 10% do vão entre
apoios, em cada direção.

11.4 – Dimensões mínimas

De acordo o item 13.2.4.1 da NBR 6118, que trata das dimensões limites para
lajes maciças, a espessura mínima para lajes lisas é de 16 cm e para lajes cogumelo
é de 14 cm, fora do capitel.

Na versão da NBR 6118 de 1980, existia uma recomendação específica para


dimensões mínimas dos pilares que suportam lajes cogumelo:
 30 cm;
 (1 / 20) da distância entre eixos dos pilares em cada direção;
 (1 / 15) da altura livre do pilar.

Embora não persista essa recomendação na versão atual da NBR 6118, esses
valores mínimos para os pilares continuam sendo praticados de maneira comum. Da
mesma forma, conforme visto no capítulo 10, existe uma recomendação prática para

11.6
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___________________________________________________________________________

definição preliminar da espessura h de lajes lisa ou cogumelo, em função do seu

menor vão .

 lajes maciças em concreto armado (/40) ≤ h ≤ (/36)

 lajes nervuradas em concreto armado h ≥ (/30)

 lajes de piso em concreto protendido h ≥ (/42)

 lajes de forro em concreto protendido h ≥ (/48)

11.5 – Exemplos

11.5.1 – Exemplo 1 (Laje calculada como pórticos múltiplos)

Calcular e detalhar a laje cogumelo da figura 11.3, usando-se concreto fck = 30


MPa e aço CA 50. A laje destina-se a um piso residencial de um edifício de andares
múltiplos com desnível entre pavimentos de 3,05 m. Considerar alvenaria de vedação,
alv = 13 kN/m3, com 25 cm de espessura em todo o contorno da laje além de uma
carga uniformemente distribuída na laje (galv = 1 kN/m2) correspondente ao peso “dis-
tribuído” de paredes internas.

 Dimensões

 Espessura da laje

Trata-se de uma laje cogumelo maciça em concreto armado, com vãos iguais
a 6 m nas duas direções, portanto a espessura da laje pode ser:

(/40) = (600/40) = 15,0 cm ≤ h ≤ (/36) = (600/36) = 16,7 cm Adotar h = 16 cm

11.7
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___________________________________________________________________________

Figura 11.3 - Laje do exemplo1

 Dimensões dos pilares

Nas duas direções os vãos são iguais a 6m, a altura livre do pilar vale (305 -
16) = 289 cm, portanto os pilares podem ser quadrados com a seguinte dimensão
mínima:
30 cm
b=h≥ 600 / 20 = 30 cm Adotar seção (30 / 30) cm2
289 / 15 = 19,3 cm

 Carregamentos

Peso próprio 1x1x0,16x25 = 4,00 kN/m2


Revestimento = 0,80 kN/m2

11.8
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___________________________________________________________________________

Alvenaria distribuída na laje = 1,00 kN/m2


Carga permanente g = 5,80 kN/m2
Sobrecarga q = 1,50 kN/m2

Carga total p = g + q = 7,30 kN/m2

Carga de alvenaria no contorno da laje


P = 1,00x0,25x2,89x13 = 9,39 kN/m

 Cálculo dos esforços

 Momentos fletores

O cálculo simplificado dos momentos fletores dessa laje é feito com pórticos
nas direções X e Y, considerando-se apenas os lances dos pilares imediatamente
acima e abaixo do pavimento analisado. São três pórticos na direção X e quatro na
direção Y. Na direção X os pórticos dos eixos A e C tem largura de (1 + 6/2) = 4 m e
do eixo B, (6/2 + 6/2) = 6 m. Analogamente na direção Y os pórticos 1 e 4 tem largura
de 4 m e os dos eixos 2 e 3, largura de 6 m. Esses pórticos com os seus carregamen-
tos estão apresentados na figura 11.4.

As cargas dos pórticos nessa figura são consideradas para faixas de laje com
um metro de largura, nas direções X e Y. As vigas que formam os pórticos centrais,
como dos eixos B na direção X e 2,3 em Y, têm largura equivalente correspondente à
soma das metades das distâncias entre os eixos dos pilares em cada direção. Para
os pórticos laterais, eixos A,C em X e eixos 1,4 em Y, a largura equivalente é obtida
com a soma da metade da distância entre os eixos dos pilares e da distância dispo-
nível até o contorno da laje em cada direção. A altura das vigas é a mesma, 16 cm,
nas duas direções. Dessa forma as larguras das vigas são:

bX,B = (6/2 + 6/2) = 6 m bX,A,C = (6/2 + 1) = 4 m


bY,2,3 = (6/2 + 6/2) = 6 m bY,1,4 = (6/2 + 1) = 4 m

11.9
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___________________________________________________________________________

Portanto os momentos de inércia das vigas que formam os pórticos são obtidos da
seguinte forma:

Direção X Eixos A e C Inércia - 4x0,163/12 = 1,365x10-3 m4


Eixo B Inércia - 6x0,163/12 = 2,048x10-3 m4

Direção Y Eixos 1 e 4 Inércia - 4x0,163/12 = 1,365x10-3 m4


Eixos 2 e 3 Inércia - 6x0,163/12 = 2,048x10-3 m4

Para os pilares a inércia é a mesma nas duas direções:


Inércia - 0,3x0,33/12 = 6,750x10-4 m4

Figura 11.4 - Pórticos múltiplos para o exemplo1


11.10
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___________________________________________________________________________

Para os dois pórticos acima, com mesmo carregamento e com duas inércias
diferentes cada um, os diagramas de momentos fletores das suas vigas estão apre-
sentados na figura 11.5. Devido a simetria, apenas a primeira metade dos diagramas
foi desenhada.

Figura 11.5 - Diagramas de momentos fletores para as vigas dos pórticos

Observando os diagramas da figura 11.5 percebe-se que os valores dos mo-


mentos negativos das vigas sobre os apoios centrais são praticamente os mesmos,
indicando que os pilares absorvem uma parcela pequena desses valores. Isso se deve
aos vãos iguais e ao alinhamento dos pilares nas duas direções, associado às peque-
nas inércias dos pilares comparadas com as das vigas (faixas da laje).

11.11
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___________________________________________________________________________

 Reações de apoio

O processo aproximado dos pórticos múltiplos usado para determinação dos


momentos fletores, não deve ser aplicado ao cálculo das reações de apoio, que nesse
caso serão obtidas por áreas de influência.

Pilares P1, P4, P9 e P12 R = (4x4)x7,3 + 2x4x9,39 = 191,92 kN


Pilares P2, P3, P5, P8, P10 e P11 R = (6x4)x7,3 + 6x9,39 = 231,54 kN
Pilares P6 e P7 R = (6x6)x7,3 = 262,80 kN

As flechas devem ser avaliadas de forma mais confiável por métodos numéri-
cos, como o Método das Diferenças Finitas (MDF), o Método dos Elementos Finitos
(MEF) ou o Método dos Elementos de Contorno (MEC).

 Dimensionamento à flexão

Com objetivo de uniformizar o detalhamento das armaduras, o dimensiona-


mento será feito apenas para o máximo momento entre os dois diagramas obtidos
para cada direção, conforme mostrado na figura 11.5. Essa simplificação pode ser
adotada nesse caso, devido à pequena diferença entre os valores dos momentos en-
contrados em cada eixo, para a mesma direção. Os valores máximos dos momentos
em cada situação, negativo ou positivo, estão destacados (número maior) na figura
11.5.

A altura útil em cada direção é função da sequência do dimensionamento, ou


seja, dx será menor que dy se a armadura para o momento na direção “X” for calculada
após já ter sido calculada para a direção “Y” (dx = dy – y/2 – x/2). Dessa forma,
haverá em um mesmo ponto, valores distintos da altura útil em cada direção de atua-
ção dos momentos. Em geral os momentos negativos são maiores que os positivos,
exigindo bitolas maiores. Isso implica alturas úteis menores que as observadas para
os segundos. No intuito de uniformizar o dimensionamento à flexão pode-se usar um

11.12
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___________________________________________________________________________

valor médio único para todos os momentos. Considerando cobrimento c = 2,00 cm e


bitolas  = 12,5 mm nas duas direções, o valor dessa altura média fica:

dx = 16,00 - 2,00 - 1,25/2 = 13,375 cm dy = 13,375 – 2x1,25/2 = 12,125 cm


dmédio = (dx + dy) / 2 = 16,00 - 2,00 - 1,25 = 12,75 cm

Os valores dos momentos da figura 11.5 foram obtidos para 1 m de largura da


laje. Como as vigas dos pórticos centrais nas duas direções têm 6m de largura, as
faixas de distribuição dos momentos terão larguras iguais de (6 / 4) = 1,5 m. O per-
centual para cada faixa depende se a mesma é externa ou interna e se o momento é
positivo ou negativo. As faixas de 1,5 m de largura serão dimensionadas para os mo-
mentos da figura 11.5 (obtidos para 1m) multiplicados por 6 (largura da viga) e pelos
percentuais definidos para cada caso.

Direção X - Faixas externas (37,5% para Mnegativo - 27,5% para Mpositivo)


(Seção 150x16, d = 12,75 cm, fck = 30 MPa, Aço CA 50)

Tabela 11.1 - Armação das faixas externas


Momento na faixa - (kNcm) As (total) As (metro) Bitola
Mf = M(1m) x 6 x (%faixa) (cm2/1,5 m) (cm2 / m) ( c/)
1766x6x(0,375) = 3974
10,76 7,17 10 c/ 10 cm
(Mneg sobre o primeiro apoio)
2336x6x(0,375) = 5256
14,60 9,74 12,5 c/ 12,5 cm
(Mneg sobre o segundo apoio)
1286x6x(0,275 ) = 2122
5,55 3,70 8 c/ 13 cm
(Mpos no primeiro vão)
1047x6x(0,275) = 1728
4,49 2,99 8 c/ 16 cm
(Mpos no segundo vão)

A taxa de armadura mínima para (d/h) = (12,75 / 16) ≈ 0,8 e fck = 30 MPa é dada
na tabela 2.7, ρmin = 0,15%, portanto As,min = 0,15%x100x16 = 2,4 cm2/m.

11.13
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___________________________________________________________________________

Direção X - Faixas internas (12,5% para Mnegativo - 22,5% para Mpositivo)


(Seção 150x16, d = 12,75 cm, fck = 30 MPa, Aço CA 50)

Tabela 11.2 - Armação das faixas internas


Momento na faixa - (kNcm) As (total) As (metro) Bitola
Mf = M(1m) x 6 x (%faixa) (cm2/1,5 m) (cm2 / m)  c/
1766x6x(0,125) = 1325
3,42 2,40* 8 c/ 20 cm
(Mneg sobre o primeiro apoio)
2336x6x(0,125) = 1752
4,55 3,04 8 c/ 16 cm
(Mneg sobre o segundo apoio)
1286x6x(0,225) = 1736
4,51 3,01 8 c/ 16 cm
(Mpos no primeiro vão)
1047x6x(0,225) = 1413
3,65 2,43 8 c/ 20 cm
(Mpos no segundo vão)

Direção Y - Faixas externas (37,5% para Mnegativo - 27,5% para Mpositivo)


(Seção 150x16, d = 12,75 cm, fck = 30 MPa, Aço CA 50)

Tabela 11.3 - Armação das faixas externas


Momento na faixa - (kNcm) As (total) As (metro) Bitola
Mf = M(1m) x 6 x (%faixa) (cm2/1,5 m) (cm2 / m)  c/
1747x6x(0,375) = 3931
10,63 7,09 10 c/ 11 cm
(Mneg sobre o primeiro apoio)
2456x6x(0,375) = 5226
15,44 10,30 12,5 c/ 11 cm
(Mneg sobre o segundo apoio)
1128x6x(0,275) = 1862
4,85 3,23 8 c/ 15 cm
(Mpos no primeiro vão)

11.14
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

Direção Y - Faixas internas (12,5% para Mnegativo - 22,5% para Mpositivo)


(Seção 150x16, d = 12,75 cm, fck = 30 MPa, Aço CA 50)
Tabela 11.4 - Armação das faixas internas
Momento na faixa - (kNcm) As (total) As (metro) Bitola
Mf = M(1m) x 6 x (%faixa) (cm2/1,5 m) (cm2 / m)  c/
1747x6x(0,125) = 1310
3,38 2,40* 8 c/ 20 cm
(Mneg sobre o primeiro apoio)
2456x6x(0,125) = 1842
4,80 3,20 8 c/ 15 cm
(Mneg sobre o segundo apoio)
1128x6x(0,225) = 1523
3,94 2,63 8 c/ 19 cm
(Mpos no primeiro vão)

Obs.: Os momentos máximos negativos, tanto na direção X quanto na Y, ocorrem


nos centros dos pilares P6 e P7 (simétrico), com Mx = 2336 kNcm e My = 2456 kNcm.
As armaduras para esses dois momentos, calculadas acima com dmédio = 12,75 cm,
foram respectivamente 9,74 cm2/m (12,5 c/ 12,5) e 10,30 cm2/m (12,5 c/ 11).
Usando-se a mesma bitola, 12,5 mm, e começando o dimensionamento na direção
do maior momento (My), a altura útil nessa direção deve ser: dy = 16 - 2 - 1,25 / 2 =
13,375 cm. Consequentemente na direção X a altura útil deve ser: d x = 16 - 2 - 1,25 -
1,25 / 2 = 12,125 cm. Para esses dois valores diferentes do dmédio, as novas armaduras
calculadas serão:

MX = 2336 kNcm dx = 12,125 cm As = 10,36 cm2/m 12,5 c/ 11 cm


dmed = 12,75 cm As = 9,74 cm2/m 12,5 c/ 12,5 cm
MX = 2456 kNcm dy = 13,375 cm As = 9,71 cm2/m 12,5 c/ 12,5 cm
dmed = 12,75 cm As = 10,30 cm2/m 12,5 c/ 11 cm

 Detalhamento das armaduras

O detalhamento das armaduras da laje foi desmembrado em duas partes, a


primeira com as armaduras positivas e a segunda com as armaduras negativas, res-
pectivamente figuras 11.6 e 11.7.

11.15
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

Figura 11.6 - Armadura positiva

11.16
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

Figura 11.7 - Armadura negativa

11.17
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

Tabela 11.5 - Lista de ferros e resumo

LISTA DE FERROS
COMPRIMENTO
N  QUANTIDADE RESUMO
(cm)
COMPRIMENTO PESO
1 8 452 715 
(cm) (kg)
2 8 83 630 8 4541 1793
3 10 104 275
10 424 262
4 12,5 232 325
12,5 754 727
5 8 60 275
TOTAL (kg) 2782
6 8 76 325
7 10 2 CORR
8 8 340 110

Obs.: O consumo de aço por m3 de concreto nesse exemplo vale:

Caço/m3 = 2782 / (20x14x0,16) = 62 kg/m3

11.5.2 – Exemplo 2 (Mesmo exemplo 1, calculado com o programa PLENOR)

A mesma laje do exemplo 1 será calculada com o programa PLENOR, desen-


volvido no DEEs (Departamento de Engenharia de Estruturas da EE-UFMG), utili-
zando o MEF (Método dos Elementos Finitos). Função da dupla simetria, será anali-
sada apenas a quarta parte da laje, com 315 nós e 280 elementos quadrados de placa.
Os apoios pontuais (pilares) correspondem aos nós 45 (P9), 57 (P10), 297 (P5) e 309
(P6), conforme figura 11.8.

Os deslocamentos foram calculados para o módulo de elasticidade secante Ecs


= 0,85x5600x(30)1/2 = 26072 Mpa = 2607 kN/cm2, coeficiente de Poisson ν = 0,2 e
cargas nominais, apresentando flecha máxima positiva (para baixo) ymax,pos = 1,01 cm
no nó 155 e flecha máxima negativa no nó 1, ymax,neg = - 0,49 cm. Esses resultados
estão apresentados nas figuras 11.9 a 11.13.
11.18
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___________________________________________________________________________

Figura 11.8 - Discretização da placa (PLENOR)

Figura 11.9 - Placas deformada e indeformada superpostas (fator de ampliação


100X)

11.19
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Figura 11.10 - Deslocamento máximo positivo, direção X

Figura 11.11 - Deslocamento máximo positivo, direção Y

11.20
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Figura 11.12 - Deslocamento máximo negativo - Borda inferior - Direção X

Figura 11.13 - Deslocamento máximo negativo - Borda esquerda - Direção Y

11.21
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Figura 11.14 - Curvas de iso-momentos Mx e My

11.22
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___________________________________________________________________________

Figura 11.15 - Níveis de solicitação para momentos Mx e My

11.23
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___________________________________________________________________________

Nota-se que a placa se levanta nos cantos em balanço e tem flechas acentua-
das nas suas laterais conforme figuras 11.9, 11.12 e 11.13. As flechas imediatas (car-
gas nominais) nas laterais inferior e esquerda, atingem seus valores máximos positi-
vos, respectivamente nos nós 9 (0,73 cm) e 169 (0,59 cm). A flecha final levará em
conta cargas de serviço, seção fissurada e deformação lenta ampliando seus valores
imediatos a patamares que podem superar as flechas limites do ELS-DEF (verificado
mais adiante).

Essas flechas acontecem nas laterais visíveis da laje podendo gerar certo des-
conforto estético da obra. As mesmas poderiam ser aliviadas com vigas de borda,
resultando um misto de laje lisa e laje com vigas.

As reações encontradas estão listadas abaixo:

Rnó,45 = RP9 = 165,7 kN Rnó,57 = RP10 = 231,0 kN

Rnó,297 = RP5 = 248,1 kN Rnó,309 = RP6 = 303,7 kN

Comparando com os valores encontrados anteriormente, por área de influên-


cia, obtém-se:

RP9,Plenor = 165,7 kN < RP9,área = 191,9 kN (13,7%)

RP10,Plenor = 231,0 kN < RP10,área = 231,5 kN (0,2%)

RP5,Plenor = 248,1 kN > RP5,área = 231,5 kN (6,7%)

RP6,Plenor = 303,7 kN > RP6,área = 268,8 kN (13,5%)

A diferença máxima entre os resultados obtidos para as reações considerando-


se área de influência e os do programa PLENOR ficou abaixo dos 14%, tanto para
mais quanto para menos.

11.24
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___________________________________________________________________________

No programa PLENOR, o momento fletor Mx é obtido pela integração das ten-


sões normais, σxx (direção X), na espessura da laje tendo, pois o sentido vetorial pa-
ralelo ao eixo Y. Dessa forma a armadura necessária para combater esse momento
terá a direção do eixo X. Analogamente para combater o momento My, a armadura
deve ser disposta na direção do eixo Y. As curvas para valores iguais de momentos
(curvas de “iso-momentos”) nas direções x, Mx, e y, My, estão indicadas na figura
11.14.

Os valores máximos absolutos dos momentos nas duas direções ocorrem no


mesmo nó 309, ou seja, no pilar P6. Embora fisicamente esse apoio se realize em
uma área de 30/30 = 900 cm2, para efeito do programa ele foi considerado como pon-
tual, assim como nos outros apoios. Isso implica em valores teóricos dos momentos,
nas duas direções, que tendem para o infinito. Já para pequenas distâncias no entorno
desses nós os valores desses esforços assumem patamares mais reais, como visto
na figura 11.14. Esse problema de singularidade pode ser amenizado com uma dis-
cretização mais refinada, com elementos menores, no entorno do apoio.

Usa-se normalmente uma visualização dos resultados, que leva em conta gru-
pos de elementos com mesmo nível de solicitação, aferidos aos centroides dos ele-
mentos e situados dentro de uma faixa de valores. É o que se indica na figura 11.15
para os dois momentos fletores. Essa forma de analisar os esforços é mais fácil e
apresenta um ganho adicional na definição dos trechos de momentos negativos e po-
sitivos, auxiliando o detalhamento das armaduras de flexão.

A partir dos limites das faixas de solicitações da figura 11.15, pode-se dimensi-
onar para os seus valores médios (faixa de 1,5 m - 3 elementos) resultando no nó 309,
momento Mx = [(4504+3316)/2 + (3316+2128)/2 + (2128+940)/2] = 2722 kNcm e My =
[(4625+3442)/2 + (3442+2258)/2 + (2258+1074)/2] = 2850 kNcm. Pode-se detalhar
também para cada faixa de 0,5 m, correspondente ao tamanho do elemento, opção
pouco recomendada por dificuldades práticas no detalhamento das armaduras e na
execução.

11.25
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___________________________________________________________________________

Conforme visto anteriormente a flecha máxima positiva ocorre no nó 155, ymax


= 1,01 cm, interseção de 4 elementos de placa (127, 128, 147, 148) com valores dis-
tintos de momentos em X e Y. A média desses 4 valores resulta M x,155 = 1374 kNcm
e My,155 = 1222 kNcm. Esses valores, obtidos para cargas nominais, serão reduzidos
para a combinação quase permanente de serviço correspondente ao estado limite de
deformação ELS-DEF cujo carregamento é dado por:

pserv = g + (2) q = 5,80 + 0,3x1,50 = 6,25 kN/m2

Portanto a flecha imediata máxima, de serviço, será dada por:

ymax,serv = 1,01x(6,25) / (7,3) = 0,86 cm

Mx,serv,155 = 1374x(6,25) / (7,3) = 1176 kNcm

O momento de fissuração para lajes com concreto do Grupo I, fck ≤ 50 MPa, é


dado na equação (3.16a):

Mr = 0,75h2(fck)2/3 = 0,75x162x(30)2/3 = 1416 kNcm

Como Mr > Mserv Estádio I EIeq = EIc

A flecha imediata não será ampliada devido à fissuração do concreto. A flecha


total no tempo infinito, levando-se em conta a fluência do concreto e assumindo apli-
cação da carga aos 14 dias, aproximadamente 0,5 mês, fica:

ymax, = 2,46xymax,serv = 2,46x0,86 = 2,12 cm < yadm = 600/250 = 2,4 cm OK!

A flecha máxima negativa ocorre no nó 1, ymax,1 = 0,49 cm, onde os valores


médios dos momentos são: Mx,1 = 1534 kNcm e My,1 = 1666 kNcm.

y1,serv = - 0,49x(6,25) / (7,3) = - 0,42 cm

11.26
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My,serv,1 = 1666x(6,25) / (7,3) = 1426 kNcm > Mr = 1416 kNcm Estádio II

(Mr / Mserv) = (1416) / (1426) = 0,99 (Mr / Mserv)3 = 0,98

n = Es / Ecs = 21000 / 2607 = 8,06 n’ = 7,06 d = 12,75 d’ = 3,25


Ase = 7,14 cm2 ( 10 c/11) armadura de tração calculada
A’se = 3,35 cm2 ( 8 c/15) armadura de compressão existente (positiva)

A = (8,06x7,14 + 7,06x3,35) / 100 = 0,81


B = 2x(8,06x12,75x7,14 + 7,06x3,35x3,25) / 100 = 16,22
XII = - 0,81+ (0,812 + 16,22)1/2 = 3,30 cm
III = 100x3,303/3+8,06x7,14x(12,75-3,30)2+7,06x3,35x(3,30-3,25)2 = 1914 cm4
Ic = 100x163 / 12 = 34133 cm4

EIeq = 2607x [0,98x34133 + (1 - 0,98)x1914] = 2607x33489 kNcm2


Ieq = 33489 cm4

ymax,neg, = 2,46x0,42x(34133 / 33849) = 1,05 cm > yadm = 100 / 125 = 0,8 cm

Essa flecha é para cima e tem valor que excede a flecha admissível, para ba-
lanço, em pouco mais de 20%, podendo ainda ser considerada aceitável.

11.27
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11.6 – Punção em lajes cogumelo

O dimensionamento das armaduras já visto anteriormente combate a ruína cau-


sada pela flexão da laje cogumelo. Outra forma possível de ruína é devida à punção,
que quando combinada com a primeira resulta numa terceira forma, ou seja, a ruína
por flexão associada à punção.

Na flexão a forma de ruína é dúctil, porque mesmo que haja primeiro o esmaga-
mento do concreto à compressão, a armadura é, normalmente, projetada para defor-
mação maior ou igual àquela correspondente ao início do escoamento do aço. Dessa
forma a ruína é antecipada por uma grande deformação.

A punção é um tipo de ruptura provocada por elevadas tensões de cisalhamento


no entorno dos apoios, principalmente em lajes lisas e cogumelos, devido a reações
concentradas em áreas reduzidas, nos contatos laje-pilares. A predominância da força
cortante nesse caso provoca uma ruptura frágil, antes que se atinja a capacidade re-
sistente da laje à flexão. É uma ruptura brusca, sem avisos e, portanto extremamente
grave.

Na situação em que tanto a flexão quanto a punção contribuam com parcelas


significativas na ruína da ligação laje-pilar, a influência do momento fletor proporciona
uma maior capacidade de deformação, tornando a ruína mais dúctil.

A forma de ruína produzida pela punção, em lajes cogumelo simétricas, se ca-


racteriza pelo deslocamento vertical da laje ao longo de uma superfície tronco-cônica
ou tronco-piramidal, conforme ilustrado na figura 11.16.

A inclinação da superfície de ruptura, quando a laje não possui armadura de


cisalhamento, assume valores próximos a 30o em relação ao seu plano médio, con-
forme mostram os resultados experimentais e as indicações de várias normas (figura
11.16). Essa inclinação pode sofrer modificações influenciadas, por exemplo, pela co-
locação de armaduras de combate ao cisalhamento, conforme ilustrado na figura
11.17 (nessa figura não foram representadas as armaduras de flexão).

11.28
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___________________________________________________________________________

Figura 11.16 - Superfície de ruptura da laje sem armadura de cisalhamento

Figura 11.17 - Superfícies possíveis de ruptura da laje cogumelo com armadura


de cisalhamento

11.29
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___________________________________________________________________________

Na figura 11.17 estão mostradas as três possibilidades básicas de ruptura à


punção. A superfície de ruptura S1 ocorre entre a face do pilar e a linha mais interna
da armadura de cisalhamento.

A superfície de ruptura S2 atravessa a região com armadura de cisalhamento,


partindo da face do pilar com inclinação menor ou igual a que se obteria em uma laje
sem armadura de cisalhamento. É possível que essa superfície possa ter inclinações
maiores e também se iniciar a partir de um ponto afastado da face do pilar, ainda
atravessando a região armada ao cisalhamento.

A superfície de ruptura S3 ocorre além da última linha da armadura de cisalha-


mento.

Os três tipos de ruína (figura 11.17) deverão ser evitados e o modelo sugerido
pela NBR 6118 no item 19.5.1 contempla a verificação da resistência do concreto e o
dimensionamento da armadura de punção, quando necessária, em superfícies críticas
ou seções de controle, para os tipos de ruína supracitados.

“O modelo de cálculo corresponde à verificação do cisalhamento em duas ou


mais superfícies críticas definidas no entorno de forças concentradas.”

“Na primeira superfície crítica (contorno C), do pilar ou da carga concentrada,


deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do concreto,
através da tensão de cisalhamento.” (superfície crítica S1)

“Na segunda superfície crítica (contorno C’) afastada 2d do pilar ou carga con-
centrada, deve ser verificada a capacidade da ligação à punção, associada à
resistência à tração diagonal. Essa verificação também é feita através de uma
tensão de cisalhamento, no contorno C’.” (superfície crítica S2)

“Caso haja necessidade, a ligação deve ser reforçada por armadura transver-
sal.”

11.30
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___________________________________________________________________________

“A terceira superfície crítica (contorno C’’) apenas deve ser verificada quando
for necessário colocar armadura transversal.” (superfície crítica S3)

“Pode-se adotar nesta verificação a força cortante solicitante, nos diferentes


contornos, obtida no modelo utilizado na análise estrutural.”

Primeiramente verifica-se a tensão diagonal à compressão do concreto, de


forma indireta, calculando-se a tensão de cisalhamento na superfície crítica C (super-
fície de ruptura S1 da figura 11.17), correspondente ao contorno do pilar ou da carga
concentrada. A tensão de cálculo encontrada “(Sd) - tensão de cisalhamento soli-

citante de cálculo” deve ser menor ou igual à “(Rd2) - tensão de cisalhamento re-
sistente de cálculo-limite para verificação da compressão diagonal do concreto
na ligação laje - pilar”.

Não havendo a ruptura do concreto à compressão, ou seja, Sd ≤ Rd2, verifica-


se a capacidade da ligação à punção, associada à resistência à tração diagonal, rea-
lizada em um novo contorno C’, afastado 2d do contorno do pilar C (d é altura útil
média da laje). Essa verificação também é feita comprando-se a tensão de cisalha-
mento na superfície crítica C’ (superfície de ruptura S2), (Sd), com a tensão “(Rd1) -
tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite, para que uma laje possa
prescindir de armadura transversal para resistir à força cortante”.

Caso Sd > Rd1, haverá necessidade de armadura de cisalhamento para refor-
çar e garantir a segurança da ligação laje-pilar. Essa armadura deverá ser distribuída
em pelo menos três contornos paralelos a C’. A uma distância 2d além do contorno
mais externo dessa armadura, deverá ser verificada uma terceira superfície crítica C’’
(superfície de ruptura S3), onde a nova tensão (Sd) deverá ser menor que “(Rd3) -
tensão de cisalhamento resistente de cálculo”. Salienta-se que a verificação na
superfície C’’ só será realizada se houver necessidade da armadura transversal para
combate ao cisalhamento.

11.31
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11.6.1 - Definição da tensão solicitante nas superfícies críticas C e C’

Conforme o item 19.5.2 da NBR 6118 a definição das tensões solicitantes de


cisalhamento que ocorrem nessas superfícies críticas ou de controle depende da lo-
calização do pilar e do tipo de carregamento atuante.

11.6.1.1 - Pilar interno, com carregamento simétrico

“No caso em que o efeito do carregamento pode ser considerado simé-


trico:”

FSd
τ Sd  Contorno C
u0 d
(11.1)
F
τ Sd  Sd Contorno C'
ud

dx  dy
d (11.2)
2

Onde:
d - é a altura útil da laje ao longo do contorno crítico C (da área de
aplicação da força) ou C' (externo ao contorno C e deste distante 2d no
plano da laje);

dx e dy - são as alturas úteis da laje nas duas direções ortogonais;

u0 e u - são os perímetros dos contornos críticos C e C’, respectiva-


mente;

(u0 d) e (u d) - são as áreas das superfícies críticas C e C’, respectiva-


mente;

FSd - é a força ou a reação concentrada de cálculo.

11.32
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___________________________________________________________________________

“A força de punção FSd pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face
oposta da laje, dentro do contorno considerado na verificação, C ou C’.”

Figura 11.18 - Perímetros críticos em pilares internos (Fig. 19.2 da NBR 6118)

11.6.1.2 - Pilar interno, com efeito de momento

“No caso em que, além da força vertical, existe transferência de momento da


laje para o pilar, o efeito de assimetria deve ser considerado, de acordo com a
expressão:”

FSd K M Sd
τ Sd   (11.3)
ud Wp d

Onde:
K - é o coeficiente que fornece a parcela de MSd transmitida ao pilar por
cisalhamento, que depende da relação (C1 / C2);

C1 - é a dimensão do pilar paralela à excentricidade da força;

C2 - é a dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força;

Wp - é o módulo de resistência plástica do perímetro crítico u.

11.33
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___________________________________________________________________________

Para pilares retangulares internos os valores de K estão indicados na tabela


11.1, adaptada da tabela 19.2 da NBR 6118. Para pilares circulares internos, deve ser
adotado o valor K = 0,6.

Tabela 11.1 - Valores de K


(C1 / C2) 0,5 1,0 2,0 3,0
K 0,45 0,60 0,70 0,80

Figura 11.19 - Associação dos momentos aplicados com os lados C1 e C2 da


seção transversal

11.34
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___________________________________________________________________________

Conforme a NBR 6118, Wp pode ser calculado desprezando a curvatura dos


cantos do perímetro crítico, através da expressão (ver item 11.6.4):

u
Wp   e d (11.4)
0

Onde:

d - é o comprimento infinitesimal no perímetro crítico u;

e - é a distância de d ao eixo que passa pelo centro do pilar e sobre o


qual atua o momento fletor MSd·

11.6.1.3 - Pilares de borda

 Quando não agir momento no plano paralelo à borda livre:

FSd K 1 M Sd1
τ Sd  *
 (11.5)
u d Wp1 d

Sendo:
MSd1 = (MSd - MSd*) ≥ 0 11.6)

Onde:
FSd - é a reação de apoio de cálculo;

u* - é o perímetro crítico reduzido;

MSd - é o momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre;

Msd* - é o momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro


crítico reduzido u* em relação ao centro do pilar;

Wp1 - é o módulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, cal-


culado para o perímetro u.

11.35
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___________________________________________________________________________

O coeficiente K1 assume os valores estabelecidos para K na Tabela 11.1, com


C1 e C2 de acordo com as figuras 11.19 e 11.20.

O momento MSd* é o momento de cálculo resultante da excentricidade que


surge quando a força FSd é aplicada linearmente distribuída no perímetro reduzido u*,
em relação ao centro do pilar. O valor dessa excentricidade e* será apresentado no
item 11.6.4, para pilares de borda e canto.

MSd* = (FSd) e* (11.7)

 Quando agir momento no plano paralelo à borda livre:

FSd K 1 M Sd1 K 2 M Sd2


τ Sd    (11.8)
u* d Wp1 d Wp2 d

Onde:
MSd2 - é o momento de cálculo no plano paralelo à borda livre;
Wp2 - é o módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre,
calculado para o perímetro u.

O coeficiente K2 assume os valores estabelecidos para K na Tabela 11.1, subs-


tituindo-se (C1 / C2) por (C2 / 2C1), (sendo C1 e C2 estabelecidos na figura 11.20).

11.36
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___________________________________________________________________________

Figura 11.20 - Perímetros críticos em pilares de borda (Fig. 19.3 da NBR 6118)

11.6.1.4 - Pilares de canto

Conforme o item 19.5.2.4 da NBR 6118:

“Aplica-se o disposto para o pilar de borda quando não age momento no plano
paralelo à borda.”

“Como o pilar de canto apresenta duas bordas livres, deve ser feita a verificação
separadamente para cada uma delas, considerando o momento fletor, cujo
plano é perpendicular à borda livre adotada.”

“Nesse caso, K deve ser calculado em função da proporção C1/C2, sendo C1 e


C2, respectivamente, os lados do pilar perpendicular e paralelo à borda livre ado-
tada, conforme Tabela 19.2 (ver Figura 19.4).” (tabela 11.1 e figura 11.21 dessa
apostila)

11.37
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___________________________________________________________________________

Figura 11.21 - Perímetro crítico em pilares de canto (Fig. 19.4 da NBR 6118)

11.6.1.5 - Capitel

Conforme o item 19.5.2.5 da NBR 6118:

“Quando existir capitel, devem ser feitas duas verificações nos contornos críti-
cos C1’ e C2’ como indica a Figura 19.5.” (figura 11.22 dessa apostila)

Figura 11.22 - Definição da altura útil no caso de capitel (Fig. 19.5 da NBR 6118)

11.38
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___________________________________________________________________________

Onde:
d - é a altura útil da laje no contorno C2’;
dc - é a altura útil da laje na face do pilar;
da - é a altura útil da laje no contorno C1’;

c - é a distância entre a borda do capitel e a face do pilar.


Quando:

c ≤ 2(dc - d)  basta verificar o contorno C2’

2(dc - d) < c ≤ 2dc  basta verificar o contorno C1’;

c > 2 dc  é necessário verificar os contornos C1’ e C2’.

11.6.1.6 - Casos especiais de definição do contorno crítico

Conforme o item 19.5.2.6 da NBR 6118:

“Se o contorno C apresentar reentrâncias, o contorno crítico C’ deve ser para-


lelo ao polígono circunscrito ao contorno C (ver Figura 19.6).” (figura 11.23a
dessa apostila)
“Se na laje existir abertura situada a menos de 8d do contorno C, não pode ser
considerado o trecho do contorno crítico C’ entre as duas retas que passam
pelo centro de gravidade da área de aplicação da força e que tangenciam o con-
torno da abertura (ver Figura 19.7). (figura 11.23b dessa apostila)

a) b)
Figura 11.23 - Perímetro crítico a) contorno com reentrância
b) com abertura (Figs. 19.6 e 19.7 da NBR 6118)
11.39
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11.6.2 - Definição da tensão resistente nas superfícies críticas C, C’e C’’

11.6.2.1 - Verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto


na superfície crítica C

Conforme o item 19.5.3.1 da NBR 6118:

“Essa verificação deve ser feita no contorno C, em lajes submetidas a punção,


com ou sem armadura.”

Nesta seção deve-se ter:

FSd
τ Sd   τ Rd2  0,27 α v f cd (11.9)
u0 d
Onde u0 é o perímetro da superfície crítica C.

A tensão Rd2 (tensão de cisalhamento resistente de cálculo-limite para verifi-


cação da compressão diagonal do concreto na ligação laje - pilar) é a mesma tensão
wd2 definida na equação (5.16) para o cisalhamento em vigas, cujos valores estão
listados na tabela 5.2, e reapresentados na tabela 11.2.

Na expressão (11.9) o valor de v é o mesmo v2 da equação (5.15):

fck
αv  1 (fck em MPa) (11.10)
250

“O valor de Rd2 pode ser ampliado de 20 % por efeito de estado múltiplo de


tensões junto a um pilar interno, quando os vãos que chegam a esse pilar não
diferem mais de 50 % e não existem aberturas junto ao pilar.”

τ Rd2  1,2x0,27α v fcd  0,324α v fcd (11.11)

11.40
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TABELA 11.2 – Valores de Rd2 ( = wd2)

Grupo I – fck ≤ 50 MPa Grupo II – fck > 50 MPa

fck (MPa) Rd2 (kN/cm2) fck (MPa) Rd2 (kN/cm2)


20 0,355 (0,426) 55 0,827 (0,993)

25 0,434 (0,521) 60 0,879 (1,055)

30 0,509 (0,611) 65 0,928 (1,113)

35 0,581 (0,697) 70 0,972 (1,166)

40 0,648 (0,778) 75 1,013 (1,215)

45 0,712 (0,854) 80 1,049 (1,259)

50 0,771 (0,926) 85 1,082 (1,298)

- - 90 1,111 (1,333)

Os valores entre parênteses representam a equação (11.11)

11.6.2.2 - Tensão resistente na superfície crítica C’ em elementos estruturais


ou trechos sem armadura de punção

Conforme o item 19.5.3.2 da NBR 6118 a verificação de tensões na superfície


crítica C’, em lajes cogumelo em concreto armado sem armadura de cisalhamento,
deve ser efetuada como a seguir:

 20 
 100 ρ fck 1/3
FSd
τ Sd   τ Rd1  0,13  1   (11.12)
ud  d 

ρ  ρx ρy (11.13)

Onde:
d - é a altura útil da laje, conforme equação (11.2), ao longo do contorno
crítico C’ da área de aplicação da força, em centímetros;

11.41
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___________________________________________________________________________

ρ - é a taxa geométrica de armadura de flexão;

ρx, ρy - são as taxas de armadura nas duas direções ortogonais assim


calculadas:
o na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar
acrescida de 3d para cada um dos lados;
o no caso de proximidade da borda, prevalece a distância até
a borda, quando menor que 3d.

Essa verificação deve ser feita no contorno crítico C’ ou em C1’ e C2’, no caso
de existir capitel.

11.6.2.3 - Tensão resistente na superfície crítica C’ em elementos estruturais


ou trechos com armadura de punção

Conforme o item 19.5.3.3 da NBR 6118 a verificação de tensões na superfície


crítica C’, em lajes cogumelo em concreto armado com armadura de cisalhamento,
deve ser efetuada como a seguir:

 20  Aswf ywd senα


 100 ρ fck 1/3  1,5 d
FSd
τ Sd   τ Rd3  0,10  1   (11.14)
ud  d  sr ud

Onde:
sr - é o espaçamento radial entre linhas de armadura de punção, não
maior do que 0,75d;

Asw - é a área da armadura de punção em um contorno completo paralelo


a C’;

 - é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o


plano da laje;

11.42
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___________________________________________________________________________

u - é o perímetro crítico de u (superfície C’) ou perímetro crítico reduzido


de u* (superfície reduzida C’) no caso de pilares de borda ou canto;

fywd - é a resistência de cálculo da armadura de punção, não maior do


que 300 MPa para conectares ou 250 MPa para estribos (de aço CA-50
ou CA-60). Para lajes com espessura maior que 15 em, esses valores
podem ser aumentados conforme estabelece o item 19.4.2 da NBR
6118:

f ywd  250 MPa para h ≤ 15 cm

f ywd  435 MPa para h > 35 cm (11.15)

h  15
f ywd  250  185 MPa para 15 < h ≤ 35 cm
20

Na equação (11.14) o primeiro termo de Rd3 pode ser calculado em função

do valor de Rd1, expresso em (11.12), ficando a expressão (11.16) reescrita como:

 0,10  d A swf ywd senα


τ Sd   τ Rd3  τ Rd1   1,5 (11.16)
 0,13  sr ud

Finalmente a armadura Asw pode ser dada por:

0,10
τ Sd  τ Rd1
0,13
A sw  ud (11.17)
d
1,5 f ywd senα
sr

Para o cálculo da armadura Asw, equação (11.17), embora o produto (1,5d / sr)
seja maior ou igual a 2, será adotado o valor mínimo 2, a favor da segurança.

11.43
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___________________________________________________________________________

“Essa armadura deve ser preferencialmente constituída por três ou mais linhas
de conectares tipo pino com extremidades alargadas, dispostas radialmente a
partir do perímetro do pilar. Cada uma dessas extremidades deve estar ancorada
fora do plano da armadura de flexão correspondente.”

11.6.2.4 - Definição da superfície crítica C’’

Conforme o item 19.5.3.4 da NBR 6118 quando for necessário utilizar armadura
transversal, ou seja, Sd > Rd1 no contorno C’, essa armadura deve ser estendida em
contornos paralelos a C’ até que, em um contorno C" afastado 2d do último contorno
dessa armadura, não seja mais necessária armadura, isto é, Sd ≤ Rd1 no contorno
C’’. A disposição dessa armadura em planta está ilustrada na figura 11.24, assim
como o contorno u* da superfície crítica C’’.

Figura 11.24 - Disposição da armadura de punção em planta e contorno da su-


perfície crítica C’’ (Fig. 19.8 da NBR 6118)

O corte esquemático mostrando a disposição dessa armadura está apresen-


tado na figura 11.25.

11.44
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___________________________________________________________________________

Figura 11.25 - Disposição da armadura de punção em corte


(Fig. 19.9 da NBR 6118)

Conforme NBR 6118, quando for necessária a armadura de punção, devem


ser feitas três verificações:

 tensão resistente de compressão do concreto na superfície crítica C


(contorno da carga, cujo perímetro vale u0), conforme o item 11.6.2.1
dessa apostila (Sd = FSd / u0d ≤ Rd2);
 tensão resistente à punção na superfície crítica C’ (paralela a C e dis-
tante 2d, cujo perímetro vale u), considerando a armadura de punção,
conforme item 11.6.2.3 dessa apostila (Sd = FSd / ud > Rd1);
 tensão resistente à punção na superfície crítica C’’ (distante 2d da última
linha de conectores ou estribos, cujo perímetro vale u’) sem armadura
de punção, conforme 11.6.2.2, dessa apostila (Sd = FSd / u’d ≤ Rd1).

11.6.2.5 - Armadura de punção obrigatória

Conforme o item 19.5.3.5 da NBR 6118:

11.45
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___________________________________________________________________________

“No caso de a estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje à


punção, deve ser prevista armadura de punção, mesmo que Sd seja menor que
Rd1· Essa armadura deve equilibrar um mínimo de 50 % de FSd·”

11.6.3 - Colapso progressivo (Conforme o item 19.5.4 da NBR 6118)

“Para garantir a dutilidade local e a consequente proteção contra o colapso pro-


gressivo, a armadura de flexão inferior que atravessa o contorno C deve estar
suficientemente ancorada além do contorno C’ ou C’’, conforme Figura 19.10
(figura 11.26 dessa apostila), e deve ser tal que:”

FSd
A s,ccp  1,5 (11.18)
f yd

Onde: As,ccp - é o somatório de todas as áreas das barras inferiores que


cruzam todas as faces do pilar;
FSd - pode ser calculado com f igual a 1,2;
fyd - é a tensão de cálculo correspondente ao escoamento da ar-
madura inferior.

Figura 11.26 - Armadura contra colapso progressivo


(Adaptada da fig. 19.10 da NBR 6118)
11.46
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___________________________________________________________________________

11.6.4 - Expressões práticas para os perímetros e os módulos de resistência


plástica das superfícies críticas

11.6.4.1 - Pilar circular (interno) de diâmetro D

Figura 11.27 - Pilar circular interno

Na figura 11.27 (p) é a distância da face do pilar até a última linha de conectores
ou ramo dos estribos da armadura de cisalhamento. Se essa armadura for composta
pelo mínimo de três linhas, espaçadas entre si de (sr = 0,75 d), p assume o mesmo
valor (2 d), da distância da face do pilar ao contorno crítico u’.

11.47
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___________________________________________________________________________

 Contorno C
u0 = p D (11.19)
Wp = D2
 Contorno C’
u = p (D + 4d) (11.20)
Wp = (D + 4d)2
 Contorno C’’
u’ = p (D + 2p + 4d) (11.21)
Wp = (D + 2p + 4d)2

11.6.4.2 - Pilar retangular

 Pilares internos

Figura 11.28 - Pilar retangular interno


11.48
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___________________________________________________________________________

 Contorno C
u0  2C1  C2 

C12
Wp1   C1C 2 (11.22)
2

C22
Wp2   C2C1
2
 Contorno C’
u  2C1  C2   4 π d

C12
Wp1   C1C 2  4C2d  16d2  2 π d C1 (11.23)
2

C22
Wp2   C2C1  4C1d  16d2  2 π d C2
2
 Contorno C’’
u'  2C1  C2   4 π d  2π p

C12
Wp1   C1C2  4C2d  16d2  2 π d C1  2C2p  16dp  4p2  π C1p (11.24)
2
C 22
Wp2   C 2C1  4C1d  16d2  2 π d C 2  2C1p  16dp  4p 2  π C 2p
2

 Pilares de borda

 Contorno C

u*0  2a  C2

C12 C1C2
Wp1   (11.25)
2 2

C22
Wp2   C2C1
4
u*
C1  C 2
 e d C1a  a 2 
e*  0
 2 (11.26)
u* 2a  C 2
 d
0

11.49
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___________________________________________________________________________

Figura 11.29 - Pilar retangular de borda

 Contorno C’

u*  2a  C 2  2 π d

C12 C1C 2
Wp1    2C2d  8d 2  π d C1
2 2

C 22
Wp2   C 2 C1  4C1d  8d 2  π d C 2 (11.27)
4
C1  C 2
C1 a  a 2   2C2 d  8d 2  π dC1
e*  2
2a  C 2  2 π d

11.50
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___________________________________________________________________________

 Contorno C’’

u *  2a  C 2  2 π d  π p

C12 C1C 2 π p C1
Wp1    2C2 d  8d 2  π d C1  C 2 p  8dp   2p 2
2 2 2

C 22 π p C2
Wp2   C 2 C1  4C1d  8d 2  π d C 2  2C1p  8dp   2p 2 (11.28)
4 2
C1  C2 π p C1
C1a  a 2   2C2d  8d2  π dC1  C2p  8dp   2p2
e*  2 2
2a  C2  2 π d  π p

 Pilares de canto

Figura 11.30 - Pilar retangular de canto


11.51
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___________________________________________________________________________

a) MSd1 aplicado isoladamente b) MSd2 aplicado isoladamente

Figura 11.31 - Pilar de canto analisado como dois pilares de borda

 Contorno C

u*0  a1  a 2
 MSd1

C12 C1C 2
Wp1  
4 2

C1a 1  a 12  a 2 C1
e*1  (11.29)
2a 1  a 2 
 MSd2

C 22 C 2 C1
Wp2  
4 2

C 2 a 2  a 22  a 1C 2
e*2 
2a 2  a 1 

11.52
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___________________________________________________________________________

 Contorno C’

u*  a1  a 2  π d
 MSd1

C12 C1C 2 π d C1
Wp1    2C2 d  4d 2 
4 2 2

C1a 1  a 12  a 2 C1  4a 2 d  8d 2  π d C1
e *1  (11.30)
2a 1  a 2  π d 
 MSd2

C 22 C 2 C1 π d C2
Wp2    2C1d  4d 2 
4 2 2

C 2 a 2  a 22  a 1C 2  4a1d  8d 2  π d C 2
e*2 
2a 2  a 1  π d 

 Contorno C’’
πp
u*  a1  a 2  π d 
2
 MSd1

C12 C1C 2 π d C1 π p C1
Wp1    2C2 d  4d 2   C 2 p  4dp   p2
4 2 2 4
π p C1
C1a1  a12  a 2 C1  4a 2 d  8d 2  π d C1  2a 2 p  8dp   2p 2
e*1  2 (11.31)
 πp
2 a1  a 2  π d  
 2 
 MSd2

C 22 C 2 C1 π d C2 π p C2
Wp2    2C1d  4d 2   C1p  4dp   p2
4 2 2 4
π p C2
C 2 a 2  a 22  a1C 2  4a1d  8d 2  π d C 2  2a1p  8dp   2p 2
e*2  2
 πp
2 a 2  a1  π d  
 2 

As expressões (11.19) a (11.31) foram obtidas da apostila do Prof. Ronaldo


Azevedo Chaves, do curso de Especialização do DEEs.
11.53
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___________________________________________________________________________

11.6.5 - Disposições construtivas

A disposição das armaduras de combate à punção em pilares internos foi mos-


trada nas figuras 11.24 (planta) e 11.25 (corte). Nessas armaduras, visando uma me-
lhor eficiência da ligação laje-pilar, devem ser observadas distâncias mínimas, esta-
belecidas na NBR 6118, entre as fileiras de conectores ou estribos verticais:

s0 = 0,5 d  distância da face do pilar e a primeira fila de conectores ou


estribos;
sr ≤ 0,75 d  espaçamento radial entre duas linhas de conectores ou estri-
bos;
se ≤ 2 d  distância máxima medida na última linha, entre dois conectores
ou estribos.

Dependendo da disposição da armadura na última linha pode ocorrer que o


limite se não seja atendido. Nesse caso parte do contorno C’’ deve ser desprezado na
verificação da tensão de cisalhamento, conforme mostrado na figura 11.24, à direita.

Conforme o item 20.3 da NBR 6118 em lajes sem vigas, maciças ou nervura-
das, calculadas pelo processo aproximado (pórticos múltiplos), devem ser respeitadas
as disposições contidas na figura 11.32.

11.54
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___________________________________________________________________________

Figura 11.32 - Disposições construtivas das armaduras para lajes sem vigas
(Fig. 20.2 da NBR 6118)

De acordo o item 20.4 da NBR 6118:

“Quando necessárias, as armaduras para resistir à punção devem ser constitu-


ídas por estribos verticais ou conectares (studs), com preferência pela utilização
destes últimos.”

“O diâmetro da armadura de estribos não pode superar h/20 da laje e deve haver
contato mecânico das barras longitudinais com os cantos dos estribos.”

“As regiões mínimas em que devem ser dispostas as armaduras de punção, bem
como as distâncias regulamentares a serem obedecidas, estão mostradas na
Figura 20.3.”( figura 11.33 dessa apostila)

11.55
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___________________________________________________________________________

Figura 11.33 - Armaduras de punção (Fig. 20.3 da NBR 6118)

11.6.6 - Exemplos de punção

11.6.6.1 - Exemplo 1

Dimensionar a laje cogumelo do exemplo 1 à punção (item 11.5.1), com as


reações nos pilares conforme já calculadas por área de influência:

Dados: fck = 30 MPa Aço CA 50


seção dos pilares 30/30 cm2 h = 16 cm dmed = 13 cm.
Reações: Pilares P1, P4, P9 e P12 R = 191,92 kN
Pilares P2, P3, P5, P8, P10 e P11 R = 231,54 kN
Pilares P6 e P7 R = 262,80 kN

11.56
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___________________________________________________________________________

 Dimensionamento para os pilares P6 = P8

FSd = 262,8x1,4 = 367,92 kN

 Verificação da superfície crítica C (compressão diagonal do concreto)

C1 = C2 = 30 cm u0 = 2(C1 + C2) = 2(30 + 30) = 120 cm


FSd 367,92
τ Sd    0,236 kN/cm 2  τRd2  0,509 kN/cm 2  (tabela 11.2)
u0 d 120x13

Não haverá o esmagamento do concreto. A seguir deve ser verificado a superfície


crítica C’.

 Verificação da superfície crítica C’ (tração diagonal do concreto)

u = 2(C1 + C2) + 4d = 2(30 + 30) + 4x13 = 283,4 cm

Conforme o detalhamento da figura 11.7, as armaduras negativas de flexão nos pila-


res P6 e P7 são: (12,5 c/12,5) na direção x e (12,5 c/11) na direção y. Dessa forma
resultam as seguintes taxas mecânicas de armadura:

100
x1,227
12,5 1,227 1,227
ρx    6,135x10 3 , ρy   6,972x10 3
100x16 12,5x16 11x16

ρ  ρ x ρ y  6,135x103 x6,972x103  6,540x103  0,654%

FSd 367,92
τ Sd    0,100 kN/cm 2
ud 283,4x13


τRd1  0,13 1 
20 
d
 100 ρ fck


1/3  0,131 20 

 100x6,540x10-3 x30
13 
 1/3

  

τRd1  0,786 MPa  0,0786 kN/cm 2

11.57
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___________________________________________________________________________

Como Sd = 0,100 > Rd1 = 0,0786 kN/cm2 haverá necessidade de armadura de pun-

ção. É possível reduzir a tensão Sd retirando da reação total FS, a parcela de carga
atuante na área envolvida pelo contorno C’, que vale:

AC’ = 0,30x0,30 + 4(2x0,13)x0,30 + x(2x0,13)2 = 0,614 m2


FScorr = FS - pxAC’ = 262,8 - 7,3x0,614 = 258,3 kN

Sd,corr = 258,3x1,4 / (283,4x13) = 0,098 kN/cm2 > Rd1 = 0,0786 kN/cm2  ARMAR !

Usando a equação (11.17) para a relação (1,5d / sr) = 2,  = 900, o valor de Sd,corr e
fywd, para h = 16 cm, dado por:

h  15 16  15
f ywd  250  185  250  185  259 MPa  25,9 kN/cm 2
20 20

0,10 0,10
τ Sd  τ Rd1 0,098  0,0786
0,13 0,13
A sw  ud 283,4x13  2,67 cm2 /cont. paral. a C'
d 2x25,9x1
1,5 f ywd senα
sr

 Verificação do contorno C’’

Considerando o mínimo de três linhas de conectores ou estribos, conforme figura


11.33, o perímetro u’ de C’’ é dado por:

p = 0,5d + 2(0,75d) = 2d = 26 cm

u’ = 2(C1 + C2) + 4d +2p = 2(30 + 30) + 4x13 + 2x26 = 446,7 cm eq. (11.24)

FSd 367,92
Sd    0,063 kN/cm2  Rd1  0,0786 kN/cm2  OK!
u' d 446,7x13

11.58
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___________________________________________________________________________

 Colapso progressivo

FSd 367,92
A s,ccp  1,5  1,5  12,69 cm2 < (2x2  16 mm  8x2,01=16,1 cm2)
f yd 43,5

Obs.: O valor de FSd, nesse caso para cálculo da armadura de colapso progressivo
pode ser: FSd = 1,2x262,8 = 315,36 kN

 As,ccp = 1,5x315,36 / 43,5 = 10,87 cm2 (2x2  16 mm)

b = 33,36  = 33,36x1,6 = 53 ≈ 55 cm (tabela 6.3)

 Detalhamento

No detalhamento mostrado na figura 11.34 observou-se as distancias mínimas s0, sr


e se, além de considerar 3 linhas com 16 conectores. Nesse detalhamento com 16 ,
não será necessário desprezar nenhuma parte da superfície C’’, isto porque a maior
distância entre conectores smax = 24,6 é menor que se = 2d = 32cm.

Asw / 16 = 2,67 /16 = 0,17 cm2   5 mm (0,196 cm2)

Como a bitola dos estribos não pode superar (h/20 = 16 / 20 = 0,8 cm) 8 mm, a arma-
dura pode ser constituída de (16 5mm / contorno paralelo a C’), conforme estribo
mostrado na figura 11.34.

11.59
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___________________________________________________________________________

Figura 11.34 - Detalhamento da armadura de punção dos pilares P6=P7

 Dimensionamento para os pilares P2, P3, P5, P8, P10 e P11

FSd = 231,54x1,4 = 324,16 kN

 Verificação da superfície crítica C (compressão diagonal do concreto)

C1 = C2 = 30 cm u0 = 2(C1 + C2) = 2(30 + 30) = 120 cm


324,16
τ Sd   0,208 kN/cm 2  τRd2  0,509 kN/cm 2  (tabela 11.2) OK!
120x13

11.60
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 Verificação da superfície crítica C’ (tração diagonal do concreto)

u = 2(C1 + C2) + 4d = 2(30 + 30) + 4x13 = 283,4 cm

Conforme o detalhamento da figura 11.7, as armaduras negativas de flexão nos pila-


res P2,P3,... são, (12,5 c/12,5) na direção x e (10 c/11) na direção y. Dessa forma
resultam as seguintes taxas mecânicas de armadura:

1,227 0,785
ρx   6,135x10 3 , ρy   4,460x10 3
12,5x16 11x16

ρ  6,135x103 x4,460x103  5,231x103  0,523%


324,16
τ Sd   0,088 kN/cm 2
283,4x13


τRd1  0,131 
20 

 100x5,231x10- 3 x30
13 
1/3
 0,729 MPa  0,0729 kN/cm 2

Sd = 0,088 > Rd1 = 0,0729 kN/cm2 (sem diminuir a carga da área de C’)

FScorr = 231,54 - 7,3x0,614 = 227,06 kN

Sd,corr = 227,06x1,4 / (283,4x13) = 0,086 kN/cm2 > Rd1 = 0,0729 kN/cm2  ARMAR !

0,10
0,086  0,0729
0,13
A sw  283,4x13  2,13 cm2 /contorno paralelo a C'
2x25,9x1

 Verificação do contorno C’’

u = 2(30 + 30) + 4x13 + 2x26 = 446,7 cm eq. (11.24)

324,16
τ Sd   0,056 kN/cm 2  τRd1  0,0729 kN/cm 2  OK!
446,7x13

11.61
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___________________________________________________________________________

 Colapso progressivo

324,16
A s,ccp  1,5  11,18 cm2 < (2x2  16 mm  16,1 cm2)
43,5

Obs.: O valor de FSd, nesse caso para cálculo da armadura de colapso progressivo
pode ser: FSd = 1,2x231,54 = 277,85 kN

 As,ccp = 1,5x277,85 / 43,5 = 9,58 cm2 (2x2  12,5 mm)

b = 33,36  = 33,36x1,25 = 42 ≈ 45 cm (tabela 6.3)

 Dimensionamento para os pilares P1, P4, P9 e P12

FSd = 191,92x1,4 = 268,69 kN

 Verificação da superfície crítica C (compressão diagonal do concreto)

u0 = 120 cm
268,69
τ Sd   0,172 kN/cm 2  τRd2  0,509 kN/cm 2  (tabela 11.2) OK!
120x13

 Verificação da superfície crítica C’ (tração diagonal do concreto)

u = 283,4 cm

Conforme o detalhamento da figura 11.7, as armaduras negativas de flexão nos pila-


res P1,P4, P8 e P12 são, (10 c/10) na direção x e (10 c/11) na direção y. Dessa
forma resultam as seguintes taxas mecânicas de armadura:

0,785 0,785
ρx   4,906x103 , ρy   4,460x103
10x16 11x16

11.62
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___________________________________________________________________________

ρ  4,906x103 x4,460x103  4,468x103


268,69
τ Sd   0,0729 kN/cm 2
283,4x13


τRd1  0,131 
20 
13

 100x4,468x10-3 x30
 
1/3
 0,692 MPa  0,0692 kN/cm 2
 

Sd = 0,0729 > Rd1 = 0,0692 kN/cm2 sem diminuir a carga na área de C’

FScorr = 191,92 - 7,3x0,614 = 187,44 kN

Sd,corr=187,44x1,4 / (283,4x13) = 0,0712 kN/cm2 > Rd1 = 0,0692 kN/cm2  ARMAR !

0,10
0,0712  0,0692
0,13
A sw  283,4x13  1,28 cm2 /contorno paralelo a C'
2x25,9x1

 Verificação do contorno C’’

u’ = 446,7 cm eq. (11.24)

268,69
τ Sd   0,046 kN/cm 2  τRd1  0,0692 kN/cm 2  OK!
446,7x13

 Colapso progressivo

268,69
A s,ccp  1,5  9,27 cm2 < (2x2  12,5 mm  9,8 cm2)
43,5

Obs.: O valor de FSd, nesse caso para cálculo da armadura de colapso progressivo
pode ser: FSd = 1,2x191,92 = 230,30 kN
 As,ccp = (1,5x230,30 / 43,5) = 7,94 cm2 (2x2  12,5 mm)

b = 33,36  = 33,36x1,25 = 42 ≈ 45 cm (tabela 6.3)

11.63
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___________________________________________________________________________

11.6.6.2 - Exemplo 2

Para a fôrma a seguir, verificar e detalhar quando necessário, as armaduras de


punção para os pilares P2 (interno), P5 (de borda) e P1 (de canto). Usar concreto fck
= 30 MPa, aço CA 50, altura h = 20 cm, altura útil d = 16,8 cm e taxa mecânica x = y
= 0,5%, para todos os pilares.

Figura 11.35 - Laje do exemplo 2 de punção – Planta

O quadro (mapa) de cargas está apresentado na tabela 11.3 usando a conven-


ção de sinais, para eixos e esforços, conforme a figura 11.35.

11.64
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___________________________________________________________________________

Tabela 11.3 - Mapa de cargas para o exemplo 2


REAÇÕES DE APOIO
DIMENSÕES SOLICITAÇÕES (kN - m)
PILAR
b(x)/h(y) FZ MX MY
P1=P14 25/25 -5,21 0,54 0,90
P2=P10 32/30 -166,45 -20,29 -30,23
P3=P11 - -205,45 17,96 5,99
P4=P12 - -157,72 -17,48 35,83
P5=P13 30/25 -45,95 -13,20 35,83
P6 - -192,72 -0,14 -18,87
P7 - -264,57 2,95 -2,92
P8 - -174,52 0,09 27,99
P9 - -67,01 0,01 14,87

 Pilar P2 - 32/30 cm2

Conforme as figuras 11.35 e 11.36:

C1 = 32 cm, C2 = 30 cm
C1 / C2 = 1,07  K1 = 0,6+(1,07-1,0)[(0,7-0,6)/(2-1)] = 0,607
C2 / C1 = 0,94  K2 = 0,45+(0,94-0,50)[(0,6-0,45)/(1-0,5)] = 0,582

FS = 166,45 kN FSd = 233,0 kN


MS1 = My = 30,23 kNm MSd1 = 4232,2 kNcm
MS2 = Mx = 20,29 kNm MSd2 = 2840,6 kNcm

 Suprfície C

u0  2C1  C2  = 2(32 + 30) = 124 cm

C12
Wp1   C1C2 = 322/2 +32x30 = 1472 cm2
2
11.65
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___________________________________________________________________________

C22
Wp2   C2C1 = 302/2 +30x32 = 1410 cm2
2

FSd K 1 MSd1 K 2 MSd2 233,0 0,607x4232,2 0,582x2840,6


τ Sd      
u0 d Wp1d Wp2 d 124x16,8 1472x16,8 1410x16,8

Sd  0,1119  0,1039  0,0698  0,286 kN/cm 2  Rd2  0,509 kN/cm2 OK!

 Superfície C’

u  2C1  C2   4  d = 2(32 + 30) + 4x16,8 = 335 cm

C12
Wp1   C1C2  4C2d  16d2  2  d C1
2
Wp1 = 322/2 +32x30 + 4x30x16,8 +16x16,82 + 2x16,8x32 = 11382 cm2

C22
Wp2   C2C1  4C1d  16d2  2  d C2
2
Wp2 = 302/2 +30x32 + 4x32x16,8 +16x16,82 + 2x16,8x30 = 11243 cm2

233,0 0,607x4232,2 0,582x2840,6


Sd   
335x16,8 11382x16,8 11243x16,8

Sd  0,0414  0,0134  0,0088  0,0636 kN/cm 2

 20 
Rd1  0,131  100x0,005x301/3  0,670 MPa  0,0670 kN/cm 2

 16,8 

Sd = 0,0636 < Rd1 = 0,0670 kN/cm2 Não é preciso armar !

Como a estabilidade global da estrutura depende das ligações laje-pilar, deve-se dis-
por uma armadura obrigatória de punção capaz de equilibrar 50% da força FSd.
fywd = 250 + 185(20 -15) / 20 = 296,3 MPa = 29,6 kN/cm2

11.66
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___________________________________________________________________________

FSd 233 233


A sw  0,5  0,5  3,93 cm2 A s,ccp  1,5  8,03 cm2 (2x2  12,5 mm)
fywd 29,6 43,5

A armadura Asw será distribuída igualmente nos três contornos paralelos a C’.

Asw/3 = 3,93/3 = 1,31 cm2 / contorno paralelo a C’

Para atender a bitola mínima de 5 mm e observando-se as distâncias s0 = 0,5d ≈ 8


cm, sr = 0,75d ≈ 12 cm e se = 2d ≈ 32 cm, o detalhamento resulta em 16 5mm /
contorno, conforme figura 11.36. Com esse detalhamento nota-se que a distância má-
xima entre dois conectores (ou ramos de estribos) do contorno mais externo vale 24,5
cm, menor que o valor máximo recomendado se = 2d = 32 cm.

Figura 11.36 - Detalhamento da armadura de punção (cisalhamento) do pilar P2

11.67
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

A superfície C’’ não precisa ser verificada porque a tensão Sd < Rd1. Caso
fosse necessário verificá-la e apenas fosse usado 12  5mm por contorno paralelo a
C’, eliminando-se os conectores (estribos) colocados na diagonal, a distância máxima
entre os conectores mais externos seria de 45,3 cm > se = 32 cm. Nesse caso parte
do contorno da superfície C’’ deveria ser desprezada na verificação da tensão de ci-
salhamento, ficando o contorno u’reduzido de C’’ com 453 cm.

 Pilar P5 - 30/25 cm2

Conforme as figuras 11.35 e 11.37:

C1 = 30 cm, C2 = 25 cm
C1 / C2 = 30/25 = 1,2  K1 = 0,6+(1,2-1,0)[(0,7-0,6)/(2-1)] = 0,620
C2 / 2C1 = 25 / 2x30 = 0,42  K2 = 0,45+(0,42-0,50)[(0,6-0,45)/(1-0,5)] = 0,426

FS = 45,95 kN FSd = 64,3 kN


MS1 = My = 9,06 kNm MSd1 = 1268,4 kNcm
MS2 = Mx = 13,20 kNm MSd2 = 1848,0 kNcm

1,5d = 25,2 cm
a≤ (a = 15 cm)
0,5C1 = 15 cm

 Contorno C

u0* = 2a + C2 = 2x15 + 25 = 55 cm
Wp1 = C12 / 2 + C1C 2 / 2 = 302 / 2 + 30x25 / 2 = 825 cm2
Wp2 = C22 / 4 + C1C2 = 252 / 4 + 30x25 = 906 cm2
C1C 2 30x25
C1a - a 2  30x15  152 
e*  2  2  10,9 cm
2a  C 2 2x15  25
MSd1 = MSd - MSd* = 1268,4 - 64,33x10,9 = 567,2 kNcm > 0

11.68
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

64,33 0,620x567,2 0,426x1848,0


Sd     0,147 kN/cm 2  Rd2  0,509 kN/cm 2
55x16,8 825x16,8 906x16,8

 Contorno C’

u = 2a + C2 + 2  d = 2x15 + 25 + 2x16,8 = 160,6 cm

C12 C1C2
w p1    2C2d  8d2  dC1
2 2
302 30x25
w p1    2x25x16,8  8x16,82  x16,8x30  5506,3 cm2
2 2

C22
w p2   C1C2  4C1d  8d2  dC2
4
252
w p2   30x25  4x30x16,8  8x16,82   x 16,8x25  3577,4 cm2
4
C1  C2
C1a - a2   2C2d  8d2  dC1
e*  2
2a  C2  2d

25  30
30x15 - 152   2x25x16,8  8x16,82   x 16,8x30
e*  2  11,7cm
2x15  25  2  x16,8

MSd1 = MSd - MSd* = 1268,4 - 64,33x11,7 = 517,7 kNcm > 0

64,33 0,620x517,7 0,426x1848,0


Sd     0,0404 kN/cm 2
160,6x16,8 5506,3x16,8 3577,4x16,8

Mantendo-se os mesmos parâmetros do pilar P2 (ρ = 0,5%) o valor de Rd1 será o

mesmo, portanto:

Sd  0,0404 kN/cm 2  Rd1  0,067 kN/cm2 Não precisa armar à punção

Armadura obrigatória de punção e contra o colapso progressivo

11.69
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

64,3 64,3
A sw  0,5  1,09 cm2 A s,ccp  1,5  2,22 cm2 (2x2  10 mm)
29,6 43,5

Nesse pilar a armadura obrigatória de punção será distribuída em três contornos pa-
ralelos a C’, observando a distância máxima 2d = 32 cm entre dois conectores ou
estribos mais afastados da última linha. Da mesma forma que foi detalhado no pilar
P2, serão colocados mais três conectores, no sentido radial, em cada canto interno
do contorno C, objetivando obter uma distância máxima de 29 cm entre conectores
mais afastados, menor que se = 2d = 32 cm.

Figura 11.37 - Detalhamento da armadura de punção (cisalhamento) do pilar P5

Como a bitola mínima para estribo é 5 mm, o detalhamento observado na figura 11.37
dispõe 8  5mm por contorno paralelo a superfície C’. Essa armadura contempla a
área Asw obrigatória calculada. Comumente são colocadas barras adicionais, fora do

11.70
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

contorno da superfície C’, conforme as três barras colocadas de cada lado do contorno
de C, paralelas à borda. Essas barras devem ter a mesma bitola e distribuição da
armadura Asw calculada (ver figura 11.37).

Como não houve necessidade de armar ao cisalhamento (punção), pois wd < Rd1 no
contorno de C’, não há necessidade de verificação da superfície C’’.

 Pilar P1 - 25/25 cm2

C1 = C2 = 25 cm C1 / C2 = C2 / C1 = 25 / 25 = 1  K1 = K2 = 0,6

Conforme as figuras 11.35 e 11.38:

FS = 5,21 kN FSd = 7,3 kN


MS1 = My = 0,90 kNm MSd1 = 126 kNcm
MS2 = Mx = 0,54 kNm MSd2 = 76 kNcm

1,5d = 25,2 cm 1,5d = 25,2 cm


a1 ≤ (a1 = 12,5 cm) a2 ≤ (a2 = 12,5 cm)
0,5C1 = 12,5 cm 0,5C2 = 12,5 cm

 Contorno C

u0* = a1 + a2 = 12,5 + 12,5 = 25 cm

o Atuando MSd1 isoladamente

C12 C1C2 252 25x25


Wp1      312,5 cm2
4 2 4 2

C1a1  a12  a 2 C1 25x12,5  12,52  12,5x25


e1*    9,375 cm
2a1  a 2  212,5  12,5)
MSd1 = MSd - MSd* = 126 - 7,29x9,375 = 57,7 kNcm > 0

11.71
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

7,29 0,6x57,7
Sd1    0,0240 kN/cm 2  Rd2  0,509 k/cm2 OK!
25x16,8 312,5x16,8

o Atuando MSd2 isoladamente

Wp2 = W p1 = 312,5 cm2 e2* = e1* = 9,375 cm


MSd2 = MSd - MSd* = 76 - 7,29x9,375 = 7,7 kNcm > 0

7,29 0,6x7,7
Sd2    0,0182 kN/cm2  Rd2  0,509 k/cm2 OK!
25x16,8 312,5x16,8

 Contorno C’

u* = a1 + a2 + d = 12,5 + 12,5 + x16,8 = 77,8 cm

o Atuando MSd1 isoladamente

C12 C1C2  d C1
Wp1    2C2d  4d2 
4 2 2

252 25x25  x16,8x25


Wp1    2x25x16,8  4x16,82   3097 cm2
4 2 2

C1a1  a12  a2C1  4a2d  8d2   d C1


e1* 
2a1  a2   d

25x12,5  12,52  12,5x25  4x12,52 x16,8  8x16,82   x 16,8 x25


e1*   31,41cm
212,5  12,5   x 16,8)
MSd1 = MSd - MSd* = 126 - 7,29x31,41 = -103 kNcm, MSd1 ≥ 0,  MSd1 = 0

7,29 0,6 x 0
Sd1    0,0056 kN/cm2  Rd1  0,067 kN/cm2 Não armar
77,8x16,8 3097x16,8

11.72
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes cogumelo
___________________________________________________________________________

o Atuando MSd2 isoladamente

Wp2 = W p1 = 3097 cm2 e2* = e1* = 31,41 cm


MSd2 = MSd - MSd* = 76 - 7,29x31,41 = -153 kNcm, MSd2 ≥ 0,  MSd2 = 0

7,29 0,6 x 0
Sd2    0,0056 kN/cm2  Sd2  0,067 kN/cm2 Não armar
77,8x16,8 3097x16,8

Armadura obrigatória de punção e contra o colapso progressivo

7,29 7,29
A sw  0,5  0,12 cm2 A s,ccp  1,5  0,25 cm2 (2x2  10 mm)
29,6 43,5

O detalhamento da armadura de punção está indicado na figura 11.38, com os conec-


tores (estribos) distribuídos, com 5  5mm por contorno paralelo a superfície C’, de
forma a atender as distâncias mínimas e máximas além das barras adicionais, comu-
mente usadas no detalhamento.

Figura 11.38 - Detalhamento da armadura de punção (cisalhamento) do pilar P1

11.73
CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 12

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

PILARES
____________________________________________________________________________

12.1 – Definição e prescrições regulamentares

Segundo o item 14.4.1.2 da NBR 6118 pilares são elementos lineares de eixo
reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são
preponderantes. A sua função principal é transmitir as ações atuantes (verticais e ho-
rizontais) da estrutura até o nível das fundações.

Os pilares e as vigas formam uma estrutura (pórtico plano ou espacial) reticu-


lada (formada por barras) que garante, em boa parte das estruturas, uma estabilidade
global capaz de resistir tanto aos carregamentos verticais quanto aos horizontais.
Nesse caso a estrutura porticada é a própria estrutura de contraventamento, ou seja,
a estrutura global tem rigidez suficiente para resistir aos esforços horizontais. Em ou-
tros casos, de acordo com a conveniência, é possível definir subestruturas, que devido
a sua grande rigidez às ações horizontais, absorve quase a totalidade dessas ações.
Essa é uma subestrutura denominada de contraventamento e todos os outros elemen-
tos que não pertencem a ela, são denominados elementos contraventados. As subes-
truturas de contraventamento podem ser de nós fixos ou de nós móveis, de acordo
com as definições do item 12.3.1.

De acordo o item 18.4 da NBR 6118 as prescrições que se seguem referem-se


aos pilares, cuja maior dimensão da seção transversal não excede cinco vezes a me-
nor dimensão (h ≤ 5b). Quando essa condição não for satisfeita, o pilar deve ser tra-
tado como pilar-parede, aplicando-se o disposto no item em 18.5 da NBR 6118.
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

12.1.1 – Dimensões-limites

Conforme item 13.2.2 a seção transversal de pilares (e pilares-parede) maci-


ços, qualquer que seja a sua forma, não pode apresentar dimensão menor que 19 cm.

No capítulo 11 da NBR 6118, item 11.7.1, os coeficientes de ponderação das


ações no estado-limite último (ELU), para elementos estruturais esbeltos críticos para
a segurança da estrutura, como pilares e pilares-paredes com espessura inferior a 19
cm, devem ser multiplicados pelo coeficiente adicional de ajustamento γn, de acordo
com o indicado na tabela 12.1

Tabela 12.1 – Valores do coeficiente adicional γn para pilares e pilares-parede


Tabela 13.1 da NBR 6118:2014
b
≥19 18 17 16 15 14
(cm)

γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25


onde
γn = 1,95 – 0,05 b;
b é a menor dimensão da seção transversal, expressa em centímetros (cm).
NOTA O coeficiente γn deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo nos
pilares quando de seu dimensionamento.

Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior
a 360 cm2. Dessa forma, considerando-se pilar de seção transversal retangular, a
seção mínima é dada por b = 14 cm e h = (360 / 14) ≈ 26 cm, resultando (14 / 26)
cm2.

Na análise de elementos comprimidos é imprescindível determinar o compri-


mento de flambagem do pilar. Segundo a NBR 6118 no item 15.6, esse valor é obtido

com o comprimento equivalente e do elemento comprimido (pilar), suposto vinculado


em ambas as extremidades, que deve ser o menor dos seguintes valores:

12.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

0 + h
e ≤  (12.1a)

2 (para pilares em balanço de vão )


Onde:

0 - é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos


 horizontais, que vinculam o pilar;
h - é a altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em
estudo;

 - é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar es-
tá vinculado.

Ainda sobre a flambagem, outras propriedades geométricas são necessárias:

I
Raio de giração i (12.1b)
A

e
Índice de esbeltez λ (12.1c)
i

Onde I e A são respectivamente o momento de inércia e a área da seção


transversal do pilar.

Conforme se verá mais adiante, o valor do índice de esbeltez do pilar definirá


se o mesmo deve ser calculado em teoria de primeira ordem (equilíbrio na posição
indeformada) ou em teoria de segunda ordem (equilíbrio na posição deformada).

12.3
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12.1.2 – Armaduras

12.1.2.1 – Armaduras longitudinais (item 18.4.2 da NBR 6118)

 Diâmetro mínimo e taxa de armadura

“O diâmetro das barras longitudinais não pode ser inferior a 10 mm nem supe-
rior a 1/8 da menor dimensão transversal.”

 ≥ 10 mm ≤(b / 8) - (para pilares retangulares)

“A taxa geométrica de armadura deve respeitar os valores máximos e mínimos


especificados em 17.3.5.3.”

O item 17.3.5.3 estabelece valores-limites para armaduras longitudinais de pi-


lares. A armadura longitudinal mínima deve ser:

Nd
A s,min  0,15  0,004 Ac  0,4%Ac (12.2a)
f yd

A armadura longitudinal máxima deve ser:

As,max  0,08 Ac  8% Ac (12.2b)

As taxas expressas em (12.2a) e (12.2b) referem-se à área real ou bruta de


concreto da seção transversal, Ac. A armadura máxima vale inclusive na região das
emendas das armaduras por trespasse (transpasse ou traspasse). Quando todas as
barras estiverem emendadas numa mesma seção (região do trespasse) a armadura
máxima do pilar deve ser (4% Ac).

12.4
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 Distribuição transversal

“As armaduras longitudinais devem ser dispostas na seção transversal, de


forma a garantir a resistência adequada do elemento estrutural. Em seções po-
ligonais, deve existir pelo menos uma barra em cada vértice; em seções circu-
lares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do perímetro.”

“O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido


no plano da seção transversal, fora da região de emendas, deve ser igual ou
superior ao maior dos seguintes valores:

20 mm = 2 cm;
ea ≥ diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo.

Para feixes com n barras de diâmetro , deve-se considerar o diâmetro equi-

valente do feixe, dado por: n   n

“Esses valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das


barras.”

“Quando estiver previsto no plano de concretagem o adensamento através de


abertura lateral na face da forma, o espaçamento das armaduras deve ser sufi-
ciente para permitir a passagem do vibrador.”

“O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de bar-


ras, deve ser menor ou igual a duas vezes a menor dimensão da seção no trecho
considerado, sem exceder 400 mm.”

Os valores acima estão mostrados na figura 12.1.

12.5
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12.1.2.2 – Armaduras transversais (item 18.4.3 da NBR 6118)

“A armadura transversal de pilares, constituída por estribos e, quando for o


caso, por grampos suplementares, deve ser colocada em toda a altura do pilar,
sendo obrigatória sua colocação na região de cruzamento com vigas e lajes.”

“O diâmetro dos estribos em pilares não pode ser inferior a 5 mm nem a 1/4 do
diâmetro da barra isolada ou do diâmetro equivalente do feixe que constitui a
armadura longitudinal.”

5 mm

t ≥  / 4

n / 4

“O espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do pilar,


para garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais
e garantir a costura das emendas de barras longitudinais nos pilares usuais,
deve ser igual ou inferior ao menor dos seguintes valores:”

200 mm = 20 cm;
smax ≤ menor dimensão da seção;

24 para CA-25, 12 para CA-50.

“Pode ser adotado o valor t < ( / 4), desde que as armaduras sejam constituí-
das do mesmo tipo de aço e o espaçamento respeite também a limitação:”

 2  1
smax  90000  t  em (mm) para f yk em MPa (12.3)
    f yk
 

12.6
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“Quando houver necessidade de armaduras transversais para forças cortantes


e torção, esses valores devem ser comparados com os mínimos especificados
em 18.3 para vigas, adotando-se o menor dos limites especificados.”

“NOTA: Com vistas a garantir a dutilidade dos pilares, recomenda-se que os


espaçamentos máximos entre os estribos sejam reduzidos em 50% para concre-
tos de classe C55 a C90, com inclinação dos ganchos de pelo menos 135o.”

Os espaçamentos prescritos para a armadura transversal estão também indi-


cados na figura 12.1.

Figura 12.1 - Prescrições da NBR 6118 para pilares

Segundo o item 18.2.4 da NBR 6118 devem ser tomadas medidas que protejam
as barras longitudinais contra a flambagem:

12.7
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___________________________________________________________________________

“Sempre que houver possibilidade de flambagem das barras da armadura, situ-


adas junto à superfície do elemento estrutural, devem ser tomadas precauções
para evitá-la.”
“Os estribos poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais
situadas em seus cantos e as por eles abrangidas, situadas no máximo à dis-
tância de 20t do canto, se nesse trecho de comprimento 20t não houver mais
de duas barras, não contando a de canto. Quando houver mais de duas barras
nesse trecho ou barra fora dele, deve haver estribos suplementares.”
“Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em gan-
chos (90o a 180o), ele deve atravessar a seção do elemento estrutural, e os seus
ganchos devem envolver a barra longitudinal” (ver Figura 12.2).

Versão NBR 6118:2014 Versão NBR 6118:2007

a) Estribo simples e suplementares b) Apenas estribo duplo

Figura 12.2 - Proteção contra a flambagem das barras

A seção transversal do pilar, mostrada na parte inferior da figura 12.2, foi adap-
tada da figura 18.2 da NBR 6118:2014, que traz apenas o canto inferior esquerdo

12.8
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___________________________________________________________________________

dessa seção (ver a figura da versão NBR 6118:2014 na parte superior esquerda da
figura 12.2). Conforme essa versão atual, se tiver mais de duas barras no trecho a
20t do canto ou fora dele, devem-se dispor estribos suplementares cujos ganchos
devem apenas envolver as barras longitudinais. Dessa forma, caso se optasse pelo
detalhamento da figura 12.2-a, com estribo principal simples, seriam necessários os
seis estribos suplementares para proteger contra a flambagem, as barras longitudinais
fora dos dois trechos protegidos dos cantos. Alternativamente o detalhamento con-
forme a figura 12,2-b, usa estribo principal duplo, de tal forma que as barras longitudi-
nais fiquem todas dentro de trechos protegidos contra a flambagem.

Na versão anterior da norma (NBR 6118:2007), conforme mostrado na parte


superior direita da figura 12.2, o estribo suplementar colocado fora do trecho a 20t do
canto, desde que envolvesse tanto um estribo principal quanto uma barra longitudinal
(ver detalhe), poderia também proteger contra a flambagem, duas outras barras lon-
gitudinais (“Se houver mais de uma barra longitudinal a ser protegida junto à mesma
extremidade do estribo suplementar, seu gancho deve envolver um estribo principal
em um ponto junto a uma das barras, o que deve ser indicado no projeto de modo
bem destacado.” - Texto da versão 2007 suprimido na NBR 6118:2014). Assim

“No caso de estribos curvilíneos cuja concavidade esteja voltada para o interior
do concreto, não há necessidade de estribos suplementares. Se as seções das
barras longitudinais se situarem em uma curva de concavidade voltada para fora
do concreto, cada barra longitudinal deve ser ancorada pelo gancho de um es-
tribo reto ou pelo canto de um estribo poligonal.”

12.2 – Imperfeições geométricas (item 11.3.3.4 da NBR 6118)

Nas estruturas reticuladas (formadas por barras) uma das ações permanentes
a ser considerada se deve às imperfeições geométricas do eixo dos elementos estru-
turais da estrutura descarregada. Essas imperfeições geram esforços adicionais e po-
dem ser classificadas em dois grupos, globais e locais.

12.9
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___________________________________________________________________________

12.2.1 – Imperfeições globais

Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas (com


grande rigidez a ações horizontais) ou não, deve ser considerado um desaprumo dos
elementos verticais, conforme mostra a Figura 12 .3.

Figura 12.3 - Imperfeições geométricas globais


(Adaptada da figura 11.1 da NBR 6118)

“Para edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo, considerar a =


1.”

“Para pilares isolados em balanço, deve-se adotar 1 = 1/200.”

“A consideração das ações de vento e desaprumo deve ser realizada de


acordo com as seguintes possibilidades:

a) Quando 30% da ação do vento for maior que a ação do desaprumo, con-
sidera-se somente a ação do vento.

12.10
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b) Quando a ação do vento for inferior a 30% da ação do desaprumo, consi-


dera-se somente o desaprumo respeitando a consideração de 1,min, con-
forme definido acima.
c) Nos demais casos, combina-se a ação do vento e desaprumo, sem neces-
sidade da consideração do 1,min· Nessa combinação, admite-se conside-
rar ambas as ações atuando na mesma direção e sentido como equiva-
lentes a uma ação do vento, portanto como carga variável, artificialmente
amplificada para cobrir a superposição.”

“A comparação pode ser feita com os momentos totais na base da construção


e em cada direção e sentido da aplicação da ação do vento, com desaprumo
calculado com a, sem a consideração do 1,min·”

“NOTA O desaprumo não precisa ser considerado para os Estados Limites de


Serviço.”

12.2.2 – Imperfeições locais

Figura 12.4 - Imperfeições geométricas locais


(Adaptada da figura 11.2 da NBR 6118)

12.11
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Em uma análise estrutural, os elementos que ligam pilares contraventados a


pilares de contraventamento, usualmente vigas e lajes, devem ser verificados à tração
decorrente do desaprumo do pilar contraventado (ver figura 12.4a).

No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, deve ser


considerado o efeito da falta de retilineidade ou do desaprumo do eixo do pilar (ver
figuras 12.4b e 12.4c respectivamente).

Admite-se que, nos casos usuais de estruturas reticuladas, a consideração ape-


nas da falta de retilineidade ao longo do lance de pilar seja suficiente.

12.2.3 – Momento mínimo

O efeito das imperfeições locais nos pilares e pilares-parede pode ser substitu-
ído, em estruturas reticuladas, pela consideração do momento mínimo de primeira
ordem dado a seguir:

M1d,min = Nd (0,015 + 0,03h) (12.4)

Onde
h - é a altura total da seção transversal na direção considerada, expressa em
metros (m).

O momento M1d,min é o momento total de cálculo mínimo de 1a ordem, que


possibilita o atendimento da verificação das imperfeições locais de um lance de pilar.
Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições locais es-
teja atendido se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este momento
devem ser acrescidos os momentos de 2a ordem definidos adiante.

Para pilares de seção retangular, pode-se definir uma envoltória mínima de pri-
meira ordem, tomada a favor da segurança, de acordo com a Figura 12.5.

12.12
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Figura 12.5 - Envoltória mínima de 1a ordem


(adaptada da figura 11.3 da NBR 6118)

Usando-se a envoltória definida na figura 12.5 a verificação do momento mí-


nimo pode ser considerada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtém-
se uma envoltória resistente que englobe a envoltória mínima de 1 a ordem.

Quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2 a ordem em


alguma das direções do pilar, a verificação do momento mínimo deve considerar ainda
a envoltória mínima com 2a ordem, conforme o item 12.3 a seguir (ver figura 12.6).

12.3 – Instabilidade e efeitos de 2a ordem (capítulo 15 da NBR 6118)

Este capítulo da NBR 6118 se aplica principalmente a estruturas constituídas


por barras submetidas à flexão composta, onde a contribuição da torção, nos efeitos
de segunda ordem, possa ser desprezada.

12.13
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“Nas estruturas de concreto armado, o estado-limite último de instabili-


dade é atingido sempre que, ao crescer a intensidade do carregamento e, por-
tanto, das deformações, há elementos submetidos à flexo-compressão em que
o aumento da capacidade resistente passa a ser inferior ao aumento da solicita-
ção. “

A instabilidade na flexão normal composta será vista no capítulo 13 dessa apos-


tila. Basicamente existem três tipos de instabilidade:

a) “nas estruturas sem imperfeições geométricas iniciais, pode haver (para


casos especiais de carregamento) perda de estabilidade por bifurcação
do equilíbrio (flambagem);

b) em situações particulares (estruturas abatidas), pode haver perda de es-


tabilidade sem bifurcação do equilíbrio por passagem brusca de uma con-
figuração para outra reversa da anterior (ponto - limite com reversão);

c) em estruturas de material de comportamento não linear, com imperfei-


ções geométricas iniciais, não há perda de estabilidade por bifurcação do
equilíbrio, podendo, no entanto, haver perda de estabilidade quando, ao
crescer a intensidade do carregamento, o aumento da capacidade resis-
tente da estrutura passa a ser menor do que o aumento da solicitação
(ponto-limite sem reversão).

Os casos a) e b) podem ocorrer para estruturas de material de comportamento


linear ou não linear.”

No caso c acima não haverá o fenômeno da instabilidade porque as curvas


momento-curvatura (M, 1/r) solicitante e resistente são divergentes, não se cruzam,
mas a partir de uma determinada solicitação as tensões provocadas serão superiores
às resistidas pelo material. O princípio básico para uma análise estrutural com efeitos
de 2a ordem é que não ocorra perda de estabilidade nem esgotamento da capacidade
resistente de cálculo, considerando as combinações mais desfavoráveis das ações de

12.14
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___________________________________________________________________________

cálculo. Nessa análise a não linearidade física, presente nas estruturas de concreto
armado, deve ser obrigatoriamente considerada.

Os efeitos de segunda ordem são obtidos quando o equilíbrio do elemento ou


da estrutura é realizado considerando a sua configuração deformada. Eles devem ser
somados aos efeitos de primeira ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado
na configuração geométrica inicial) obtendo-se os efeitos totais ou finais (1a + 2a or-
dem). Segundo a NBR 6118 os efeitos de segunda ordem podem ser desprezados
sempre que não representarem acréscimo superior a 10% nas reações e nas solicita-
ções relevantes na estrutura.

“Para pilares de seção retangular, quando houver a necessidade de calcular os


efeitos locais de 2a ordem, a verificação do momento mínimo pode ser conside-
rada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtém-se uma envoltória
resistente que englobe a envoltória mínima com 2a ordem, cujos momentos to-
tais são calculados a partir dos momentos mínimos de 1a ordem e de acordo
com 15.8.3.

A consideração desta envoltória mínima pode ser realizada através de duas aná-
lises à flexão composta normal, calculadas de forma isolada e com momentos
fletores mínimos de 1a ordem atuantes nos extremos do pilar, nas suas direções
principais.” (ver figura 12.¨).

12.15
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Figura 12.6 - Envoltória mínima com 2a ordem


(adaptada da figura 15.2 da NBR 6118)

12.3.1 – Classificação das estruturas

Toda estrutura sob a ação do carregamento se deforma. Mesmo sob o efeito


apenas de cargas verticais as estruturas não simétricas (geometria e ou carrega-
mento) deslocam-se horizontalmente. Atuando simultaneamente cargas verticais e
horizontais, os nós de qualquer estrutura apresentam deslocamentos horizontais. Os
esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos glo-
bais de 2a ordem. Nas barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos
eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2a ordem que, em prin-
cípio, afetam preferencialmente os esforços solicitantes ao longo dessas barras.

12.16
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___________________________________________________________________________

Quando ocorre uma flambagem localizada em pilares-parede (simples ou com-


postos por retângulos) surgem efeitos de 2a ordem maiores que os produzidos pela
não-linearidade do eixo do pilar, chamados de efeitos de 2a ordem localizados. O
efeito de 2a ordem localizado além de aumentar nessa região a flexão longitudinal
aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade de aumentar a arma-
dura transversal nessas regiões.

12.3.1.1 – Estruturas de nós fixos e estruturas de nós móveis

“As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, de nós fixos,


quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrên-
cia, os efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos res-
pectivos esforços de 1a ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos
locais e localizados de 2a ordem.”

Sob a ação de forças horizontais, a estrutura é sempre calculada como deslo-


cável. O fato de a estrutura ser classificada como sendo de nós fixos dispensa apenas
a consideração dos esforços globais de 2a ordem.

“As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos hori-


zontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são
importantes (superiores a 10% dos respectivos esforços de 1 a ordem). Nessas
estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2a ordem globais como
os locais e localizados. ”

12.3.1.2 – Elementos isolados

Segundo a NBR 6118:2014 são considerados elementos isolados:

a) “os elementos estruturais isostáticos;


b) os elementos contraventados;
c) os elementos das estruturas de contraventamento de nós fixos;

12.17
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___________________________________________________________________________

d) os elementos das subestruturas de contraventamento de nós mó-


veis, desde que, aos esforços nas extremidades, obtidos em uma
análise de 1 1 ordem, sejam acrescentados os determinados por
análise global de 21 ordem.”

12.3.2 – Dispensa da consideração dos esforços GLOBAIS de 2a ordem

Existem dois processos aproximados definidos na NBR 6118 que indicam ou


não a necessidade da consideração dos efeitos globais de 2 a ordem, ou seja, se a
estrutura pode ser classificada como de nós fixos, dispensando o cálculo rigoroso.
Nk
O primeiro é o parâmetro de instabilidade dadopor: α  Htot , onde:
Ecs I c

Htot - é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível


pouco deslocável do subsolo;
Nk - é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
Ecslc - representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada. No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pilares
de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão EcsIc
de um pilar equivalente de seção constante.

Esse parâmetro depende da altura do edifício, da resultante das cargas verti-


cais e do somatório das rigidezes à flexão de todos os pilares na direção conside-
rada.A estrutura será considerada de nós fixos se esse parâmetro não superar um
valor limite 1 ≤ 0,2 + 0,1n, se n ≤ 3 ou 1 = 0,6 para n ≥ 4, onde n é o número de
níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível pouco des-
locável do subsolo. Esse parâmetro é apenas um indicativo para classificação da es-
trutura, não serve para determinação dos esforços totais (já incluídos os de 2 a ordem)
da estrutura.

12.18
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___________________________________________________________________________

Diferentemente desse primeiro parâmetro o coeficiente z, dado por:


1
γz  , válido para estruturas simétricas com n ≥ 4, além de indicar se a
 Mtot,d
1
M1,tot,d

estrutura pode ser considerada de nós fixos, z ≤ 1,10, fornece também uma solução
aproximada para a determinação dos esforços globais de 2a ordem. Os esforços finais
(1a + 2a ordem) são avaliados a partir da majoração das ações horizontais da combi-
nação de carregamento considerada por (0,95 z). Esse processo aproximado só se
aplica para valores de z ≤ 1,30.

Portanto para valores de 1,10 < z ≤ 1,30, as estruturas simétricas com mais de
4 pavimentos, podem ser consideradas de nós móveis com os esforços finais obtidos
de forma aproximada, referida acima. Caso z supere esse limite, o cálculo deve ser
rigoroso levando-se em conta a não linearidade geométrica (da estrutura) e a não
linearidade física (dos materiais). Naturalmente para z > 1,30, quando não mais se
aplica o processo simplificado do coeficiente z, toda estrutura deve ser analisada ri-
gorosamente.

Na equação para o cálculo de z o valor M1,tot,d é o momento de tombamento,


ou seja, a soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação consi-
derada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura e Mtot,d é a
soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus
respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1a ordem.

Considerando uma primeira situação limite onde a estrutura seja extremamente


flexível, ou seja, Mtot,d = M1,tot,d, o valor desse coeficiente tende para infinito (z ∞).
Para uma situação limite oposta à primeira, estrutura infinitamente rígida, ou seja,
deslocamentos horizontais nulos, onde Mtot,d = 0, o que implica em z = 1, não é
necessário majorar as ações horizontais.

12.19
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12.3.3 – Análise de estruturas de nós fixos e nós móveis

“Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando


cada elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremida-
des aos demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam os
esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de 1a or-
dem.”

A análise dos efeitos locais de 2a ordem deve ser realizada de acordo com o
estabelecido em 12.3.4, dessa apostila.

“Na análise estrutural de estruturas de nós móveis, devem ser obrigatoriamente


considerados os efeitos da não linearidade geométrica e da não linearidade fí-
sica, e no dimensionamento devem ser obrigatoriamente considerados os efei-
tos globais e locais de 2a ordem.”

Conforme visto em 12.3.2 a determinação dos esforços de 2a ordem pode ser


feita, para estruturas simétricas e dentro de certos limites, por um processo aproxi-
mado.

“A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das


barras, devendo ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2 a ordem ao
longo dos eixos das barras comprimidas, de acordo com o prescrito em 15.8.

Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser formados pelas

barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento e, de acordo com


o estabelecido em 15.6 (12.3.3 dessa apostila), porém aplicando-se às suas ex-
tremidades os esforços obtidos através da análise global de 2ª ordem.”

12.20
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12.3.4 – Análise dos efeitos LOCAIS de 2ª ordem

Os efeitos locais de 2a ordem estão relacionados com a possibilidade de flam-


bagem da barra isolada comprimida, medida por meio do índice de esbeltez , ver

equação (12.1c) com e expresso em (12.1a). Segundo a norma NBR 6118 não se

admite índice de esbeltez maior que 200, ou seja,  ≤ 200. Apenas no caso de ele-
mentos pouco comprimidos com força normal menor que (0,10 fcd Ac) o índice de
esbeltez pode ser maior que 200 (caso de postes e pilares de galpões).

Para pilares com índice de esbeltez superior a 140, na análise dos efeitos locais
de 2a ordem, devem-se multiplicar os esforços solicitantes finais de cálculo por um
coeficiente adicional:

 140   
 n1  1  0,01   (12.5)
 1,4 

12.3.5 – Dispensa da análise dos efeitos LOCAIS de 2ª ordem

Os esforços locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser desprezados


quando o índice de esbeltez for menor que o valor limite 1 estabelecido a seguir. É
aplicável apenas a elementos isolados de seção e armadura constantes ao longo de
seu eixo, submetidos à flexo-compressão.

O valor de 1 depende de diversos fatores, mas os preponderantes são:

 a excentricidade relativa de 1a ordem (e1 / h) na extremidade do pilar onde


ocorre o momento de 1a ordem de maior valor absoluto;

 a vinculação dos extremos da coluna isolada;

 a forma do diagrama de momentos de 1a ordem.

12.21
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___________________________________________________________________________

O valor de 1 pode ser calculado pela expressão:

e 
25  12,5 1 
1  h (12.6)
αb
Onde:
35 ≤ 1 ≤ 90
Com:
b obtido conforme abaixo:

a) - para pilares biapoiados sem cargas transversais:

M 
1,0   b  0,60  0,40 B   0,40 (12.7a)
 MA 
Onde:
MA e MB são os momentos de 1a ordem nos extremos do pilar, obtidos
na análise de 1a ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momen-
tos totais (1a ordem + 2a ordem global) no caso de estruturas de nós
móveis. Deve ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do
pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que
MA, e negativo, em caso contrário.

b) - para pilares biapoiados com cargas transversais significativas:

b = 1,0 (12.7b)

c) - para pilares em balanço:

M 
1,0   b  0,80  0,20 C   0,85 (12.7c)
 MB 
Onde:

12.22
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___________________________________________________________________________

MA é o momento de 1a ordem no engaste e MC é o momento de 1a ordem


no meio do pilar em balanço.

d) - para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o


momento mínimo estabelecido na equação (12.4):

b = 1,0 (12.7d)

12.3.6 - Determinação dos efeitos LOCAIS de 2a ordem

O cálculo para barras submetidas à flexo-compressão normal pode ser feito


pelo método geral ou por métodos aproximados.

12.3.6.1 - Método geral

Consiste na análise não linear de 2a ordem efetuada com discretização ade-


quada da barra, consideração da relação momento-curvatura real em cada seção e
consideração da não linearidade geométrica de maneira não aproximada. É aplicável
a pilares com qualquer tipo de seção transversal, inclusive nos casos em que a seção,
a armadura ou a força aplicada são variáveis ao longo do seu comprimento.

Por considerar a não linearidade geométrica de maneira bastante precisa, esse


método é o mais recomendado para análise dos efeitos locais de 2a ordem em barras.
No entanto, como a sua utilização é bastante trabalhosa são empregados métodos
aproximados, que valem apenas para certas condições de geometria e carregamento.

Sob a ação do carregamento, força normal (compressão) Nd e momento fletor


Md, o pilar se deforma. Nesse caso a excentricidade inicial da carga é (ei = Md / Nd).
Os deslocamentos “y” de cada seção produzirão momentos adicionais (de 2a ordem)
(M2d = Nd y) que somados aos iniciais de 1a ordem, (M1d = Nd ei), acarretarão deslo-
camentos maiores, com os consequentes acréscimos de momentos, resultando o mo-
mento total solicitante (externo) MSd,tot = Nd (ei + y).

12.23
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Se a cada novo acréscimo de flecha o momento resistente interno MRd crescer


na mesma proporção que o momento solicitante externo MSd, a forma fletida de equi-
líbrio será estável (as curvas momento externo e momento interno se cruzarão), desde
que não se ultrapasse as tensões ou deformações últimas de compressão no concreto
e de tração no aço (ELU).

Tanto o momento externo quanto o momento interno são funções da curvatura


na seção considerada. O método geral utiliza a equação exata da curvatura, equação
(13.19) (ver no próximo capítulo), que não é linear mesmo quando se assume defor-
mada senoidal para a barra. Os métodos aproximados utilizam a equação aproximada
da curvatura, equação (13.16), além de assumirem uma deformada senoidal para a
barra.

O método geral além de iterativo deve ser realizado com a contribuição de to-
das as seções do pilar, que por simplicidade pode ser discretizado convenientemente.
Os métodos aproximados levam em conta apenas a curvatura ou a rigidez aproximada
da seção crítica da barra.

O método geral é obrigatório para ( > 140).

12.3.6.2 - Métodos aproximados

A determinação dos esforços locais de 2a ordem pode ser feita por métodos
aproximados, como o do pilar-padrão e o do pilar-padrão melhorado.

 Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

Por definição, pilar padrão é um pilar em balanço com uma distribuição de cur-
vaturas que provoque na sua extremidade livre uma flecha “a”, igual a que se obteria

na extremidade de uma viga em balanço de comprimento , cuja linha elástica assu-


misse variação senoidal do tipo (ver capítulo 13):

12.24
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

π
y  a sen x (12.8)
2

Onde y é a flecha do eixo do pilar numa posição qualquer x.

Assumindo a curvatura aproximada, equação (13.16), resulta:

2 2 2
1 d 2y     2   1  4 2  1 
 2   a   sen x     y  y        2   (12.9)
r dx  2    2     r  r

A menos do sinal e fazendo-se ≈10, o valor de y, na equação (12.9), é o

mesmo valor a = 0,4 2 (1/r), da definição do pilar padrão.


Esse método aproximado pode ser empregado apenas no cálculo de pilares
com ( ≤ 90), com seção constante (retangular ou não) e armadura simétrica e cons-
tante ao longo de seu eixo.

A não linearidade geométrica (NLG) é considerada de forma aproximada, su-


pondo-se que a deformação da barra seja senoidal, conforme equação (12.8).

A não linearidade física (NLF) é considerada através de uma expressão apro-


ximada da curvatura na seção crítica (mesmo ponto da flecha máxima).

O momento total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão:

 2   1 
Md, tot  b M1d, A  Nde 2  b M1d, A  Nd  e    (12.10)
 10   r 
 

Onde:
e2 - é a excentricidade de 2ª ordem (flecha máxima da deformada senoi-
dal) dada pela equação:

12.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 2   1 
e2   e    (12.11)
 10   r 
 

(1 / r) - é a curvatura na seção crítica, que pode ser avaliada pela ex-


pressão aproximada (segundo NBR 6118:2014):

1 0,005 0,005
  (12.12)
r h  0,5 h

 - é a força normal adimensional (reduzida) dada por:

Nd
 (12.13)
A cfcd

h - é a altura do pilar na direção considerada

O momento M1d,A e o coeficiente b têm as mesmas definições vistas em


12.3.4, sendo M1d,A o valor de cálculo de 1a ordem do momento MA.

O valor de e2, equação (12.11), é o mesmo valor “a” do pilar padrão, lem-

brando-se que em pilares em balanço e = 2.

O método do pilar-padrão com curvatura aproximada está representado na fi-


gura 12.7, onde os momentos de cálculo nas extremidades A e B tracionam, nesse
caso, o mesmo lado do pilar (ambos considerados positivos). O momento na seção
do meio do pilar, conforme equação (12.7a) vale (bM1d,A = 0,6M1dA + 0,4M1d,B ≥
0,4M1d,A).

12.26
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___________________________________________________________________________

Figura 12.7 - Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

 Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada

Pode ser empregado apenas no cálculo de pilares com ( ≤ 90), com seção retan-
gular constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo.

A não linearidade geométrica (NLG) deve ser considerada de forma aproximada,


supondo-se que a deformação da barra seja senoidal, conforme equação (12.8).

A não linearidade física (NLF) deve ser considerada através de uma expressão
aproximada da rigidez.

O momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da majoração do mo-
mento de 1a ordem pela expressão:

12.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 b M1d, A
M Sd, tot   M1d, A (12.15)
2
1
120/ 

Para o valor da rigidez adimensional  pode ser utilizada a expressão aproxi-


mada:

 M 
 aprox  32  1  5 Rd, tot   (12.16a)
 hN d 

Em um processo de dimensionamento, toma-se MRd,tot = MSd,tot. Em um pro-


cesso de verificação, onde a armadura é conhecida, MRd,tot é o momento resistente
calculado com essa armadura e com Nd = NSd = NRd·

As variáveis h, , M1d,A e b são as mesmas definidas anteriormente. Usual-


mente, duas ou três iterações são suficientes para determinar MSd,tot, quando se opta
por um cálculo iterativo.

O processo aproximado acima pode ser resolvido analiticamente explicitando a


relação ()em (12.16a), com MRd,tot = MSd,tot, e substituindo na equação (12.15).
Assim:

  M   M 
   32  1  5 Sd, tot    32  160 Sd, tot  (12.16b)
  hN d   hN d 

 b M1d, A
M Sd, tot  (12.17)
2
1

120 32  160 M Sd, tot hN d  

A equação do segundo grau (12.17), cuja incógnita, é MSd,tot pode ser resolvida
com a expressão:

12.28
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___________________________________________________________________________

 b  b 2  4ac
M Sd, tot  (12.18a)
2a
Onde:
a  5h

N d  2e
b  h 2Nd   5h b M 1d, A (12.18b)
320

c   N d h 2  b M 1d, A

As equações (12.18) foram obtidas para a seção retangular, ou seja, a seção


válida nesse método aproximado, substituindo o valor do coeficiente de flambagem ,
que conforme equação (12.1c), é dado por:

e  e e 
  e   12  3,46 e (12.19)
i I bh 123
 h h
A bh

 Método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, (1/r)

A determinação dos esforços locais de 2a ordem em pilares com ( ≤ 140) pode


ser feita pelo método do pilar-padrão ou pilar-padrão melhorado, utilizando-se para a
curvatura da seção crítica os valores obtidos de diagramas M, N, (1/r) específicos para
o caso.

Se  > 90, é obrigatória a consideração dos efeitos da fluência, que pode ser
efetuada de maneira aproximada, considerando a excentricidade adicional ecc dada
por:

 M sg
ecc  
  N
 ea  2,718 sg
N e  N sg   1 (12.20)

 Nsg  
 

Onde:

12.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Msg e Nsg - são os esforços solicitantes devidos à combinação quase


permanente;
ea - é excentricidade devida a imperfeições locais, conforme figura
12.4;
 - é o coeficiente de fluência;

 2Eci I c 10Eci I c
Ne  2
 é a carga crítica de Euler, ver eq. (13.33);
 e  e2

Eci - é o módulo de elasticidade do concreto na origem;


Ic - é o momento de inércia da seção de concreto;
e - é o comprimento de flambagem do pilar.

A consideração do efeito de 2a ordem deve ser feita conforme 12.3.6, como se


fosse um efeito imediato, que se soma à excentricidade e1.

 Método do pilar-padrão para pilares de seção retangular submetidos à fle-


xão oblíqua composta

Quando a esbeltez de um pilar de seção retangular submetido à flexão oblíqua


composta for menor ou igual a 90 (≤ 90) nas duas direções principais, podem ser
aplicados os três processos aproximados descritos anteriormente, simultaneamente,
em cada uma das duas direções.

A obtenção dos momentos de 2a ordem em cada direção é diferente, pois de-


pende de valores distintos de rigidez e esbeltez.

Uma vez obtida a distribuição de momentos totais (1 a e 2a ordens), em cada


direção, deve ser verificada, para cada seção ao longo do eixo, se a composição des-
ses momentos solicitantes fica dentro da envoltória de momentos resistentes para a
armadura escolhida. Essa verificação pode ser realizada em apenas três seções: nas

12.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

extremidades A e B e em um ponto intermediário onde se admite atuar concomitan-


temente os momentos Md,tot nas duas direções (x e y), conforme figura 12.7.

12.4 - Classificação dos pilares

Os pilares podem ser classificados conforme o seu índice de esbeltez e a sua


posição na estrutura. A posição relativa, em planta (interno, de borda ou de canto),
ocupada pelo pilar define as excentricidades e, portanto, os momentos iniciais a que
o mesmo está solicitado. O índice de esbeltez define se localmente os pilares serão
dimensionados considerando ou não os efeitos de 2a ordem.

12.4.1 - Classificação dos pilares quanto ao seu índice de esbeltez 

De acordo com o índice de esbeltez (), os pilares podem ser classificados em:

  ≤   pilares robustos (curtos) ou pouco esbeltos,


(dispensam-se os efeitos locais de 2a ordem);
 < ≤ 90  pilares de esbeltez média,

(os efeitos de 2a ordem podem ser calculados de forma


aproximada, pilar-padrão);
 < ≤ 140  pilares esbeltos ou muito esbeltos,
(os efeitos de 2a ordem podem ser calculados de forma
aproximada, pilar-padrão melhorado);
 < ≤ 200  pilares excessivamente esbeltos,
(os efeitos de 2 ordem devem ser calculados com o
método geral)

Não se admite índice de esbeltez maior que 200, ou seja, ( ≤ 200). Apenas
em situações especiais, descritas em 12.3.4, pode-se admitir ( > 200).

12.31
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

12.4.2 - Classificação dos pilares quanto à sua posição em planta



As posições possíveis para os pilares estão indicadas esquematicamente na
figura 12.8.

Figura 12.8 - Posição dos pilares para efeito de dimensionamento

12.4.2.1 - Pilar interno

Para efeito de dimensionamento pilar interno é considerado aquele que serve


de apoio intermediário para duas ou mais vigas contínuas (V1 e V2 conforme figura
12.8) que nele cruzam. Nos pilares internos os momentos transmitidos pelas vigas,
devido às cargas verticais, podem ser desprezados. Com isso a situação de projeto
seria equivalente à de uma compressão centrada, no entanto, não mais permitida pela
NBR 6118. Caso haja vãos ou carregamentos muito diferentes, adjacentes ao pilar, é
recomendável considerar os momentos transmitidos pelas vigas. Também reco-
menda-se essa verificação, quando por motivos construtivos, há uma excentricidade
(de fôrma) entre os eixos do pilar e da viga, como a situação ilustrada pela viga V2 na
figura 12.8.

Como o momento inicial pode ser desprezado, os momentos nas extremidades


do pilar serão então os valores mínimos, dados pela equação (12.4), que normalmente

12.32
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

são maiores que os valores transmitidos ao pilar pelas vigas, caso não fossem des-
prezados. Portanto, a pior situação de cálculo se dará na seção intermediária do pilar
onde o momento total (final) é a soma do momento mínimo (1a ordem) com o momento
devido aos efeitos locais (2a ordem), se ( > 1). Conforme a NBR 6118 a considera-
ção do momento mínimo é suficiente para atender às imperfeições locais.

As situações possíveis de cálculo estão mostradas na figura 12.9, que repre-


senta dois dimensionamentos isolados à flexão normal composta nas direções princi-
pais x e y.

Na seção intermediária:

M dx, tot
ex  com M dx, tot  M 1dx, min  N Sd e 2x
N Sd
M dy,tot
ey  com M dy,tot  M 1dy, min  N Sd e 2y
N Sd

M1dx, min  NSd 0,015 0,03 h x  e 


M1dy, min  NSd 0,015 0,03 h y 

Onde hx e hy são as dimensões do pilar, em metro, nas direções consideradas


x e y, conforme indicado na figura 12.9.

Figura 12.9 - Situação de projeto para pilares internos

12.33
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

As excentricidades de 2a ordem e2x e e2y são iguais a “zero” quando x e y

forem menores que 1x e 1y, respectivamente. Caso contrário, são calculadas con-
forme a equação (12.11), para cada direção.

 As armaduras calculadas isoladamente para as duas direções não se


somam. Dimensiona-se e detalha-se à flexão normal composta para o
maior momento observando-se as barras colocadas nos cantos. Calcula-
se a flexão normal composta na outra direção e verifica se as barras já
colocadas nos cantos, para o dimensionamento anterior, são suficientes.
Caso necessário, acrescentam-se mais barras para atender ao segundo
dimensionamento.

12.4.2.2 - Pilar de borda

Para efeito de dimensionamento pilar de borda é considerado aquele que serve


de apoio intermediário para uma viga contínua de fachada (externa ou de borda), viga
V2 na figura 12.8, e de apoio extremo para outra viga, que nele cruza (viga V1). No
pilar de borda apenas o momento transmitido pela viga de borda, devido às cargas
verticais, pode ser desprezado. O momento transmitido pela outra viga deve ser obri-
gatoriamente considerado. Com isso a situação de projeto é uma flexão normal com-
posta com momento no plano normal à borda livre, caso o pilar seja retangular.

O momento que a viga V1 da figura 12.8 transmite ao pilar de borda deve ser
obtido de uma análise estrutural que leve em conta o cálculo exato da influência da
solidariedade dos pilares com a viga. Caso isso não ocorra, pode ser utilizado o mo-
delo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, para o estudo das
cargas verticais, considerando-se no apoio extremo, os momentos parciais de en-
gaste, conforme estabelecido no item 14.6.6.1 da NBR 6118.

As situações possíveis de cálculo estão mostradas na figura 12.10. Os momen-


tos iniciais aplicados nas extremidades do pilar provocam excentricidades, no caso,

12.34
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

eix(A) e eix(B), que resultam dois dimensionamentos à flexão normal composta na dire-
ção principal x (extremidades A e B). Na direção do momento inicial a excentricidade
final ex será calculada em três seções do pilar, nas duas extremidades A e B, com
(Mid,x(A) > Mid,x(B)), e em uma seção intermediária, porque a princípio não se sabe em
qual dessas seções a armadura será máxima. Na outra direção, onde não há momento
inicial, a excentricidade ey será calculada apenas na seção intermediária.

Figura 12.10 - Momentos iniciais e situação de projeto para pilares de borda

 Seções de extremidade A e B

Na direção da excentricidade inicial as seções de extremidade A e B do pilar


estão sujeitas aos momentos iniciais Mid,x(A) e Mid,x(B). Esses valores devem ser com-
parados com o momento mínimo na direção x.

12.35
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

M dx, tot
e x, A  com M dx, tot  M id, x(A)  M 1dx, min  N Sd (0,015  0,03hx )
N Sd

M dx, tot
e x,B  com M dx, tot  M id, x(B)  M 1dx, min  N Sd (0,015  0,03hx )
N Sd

Como não há momentos iniciais na direção y, não é preciso verificar as extre-


midades do pilar, bastando apenas a sua seção intermediária.

 Seção intermediária, direção x (excentricidade inicial)

ex 
M dx, tot
N Sd
com  
M dx, tot  N Sd e *  e imp  N Sd e 2x

MA M M Hi 1 1
e*  0,6  0,4 B  0,4 A , e imp  θ1 , com θ1  
N N N 2 100 H i 200

Hi é comprimento (altura) do pilar no pavimento i, em m. O primeiro termo do


momento total acima é o momento de primeira ordem que é a soma do momento
bMid,x(A), cuja excentricidade é e*, equação (12.14b), mais o momento devido às im-
perfeições locais, cuja excentricidade é eimp. Conforme a NBR 6118 admite-se que,
nos casos usuais de estruturas reticuladas, a consideração apenas da falta de retili-
neidade ao longo do lance de pilar seja suficiente para avaliar as imperfeições locais,
ver figura 12.4. Esse momento de 1a ordem deve ser maior ou igual ao momento mí-
nimo, ou seja:

 
NSd e * eimp  M1dx, min  NSd 0,015 0,03 h x 

A excentricidade de 2a ordem e2x é igual a “zero” quando x ≤ 1x. Caso con-


trário, é calculada conforme a equação (12.11).

12.36
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 Seção intermediária, direção y

M dy, tot
ey  com M dy, tot  M 1dy, min  N Sd e 2y
N Sd

O primeiro termo do momento total acima é o momento de primeira ordem,


neste caso devido apenas ao momento mínimo na direção y, que uma vez aplicado
ao pilar, pode substituir o efeito devido às imperfeições locais.


M1dy, min  NSd 0,015 0,03 h y 

A excentricidade de 2a ordem e2y é igual a “zero” quando y ≤ 1y. Caso contrá-


rio, é calculada conforme a equação (12.11).

 As armaduras calculadas para as duas direções não se somam. Calcula-


se primeiramente a flexão normal composta na direção da excentrici-
dade inicial e verifica-se posteriormente se essa armadura detalhada
atende ao dimensionamento na outra direção. Caso necessário, acres-
centam-se mais barras para atender ao segundo dimensionamento.

12.4.2.3 - Pilar de canto

Para efeito de dimensionamento pilar de canto é considerado aquele que serve


de apoio extremo para duas vigas de fachada (externa ou de borda), vigas V1 e V2
na figura 12.8. No pilar de canto os momentos transmitidos pelas vigas devem ser
obrigatoriamente considerados. Com isso a situação de projeto é uma flexão oblíqua
composta com momentos nos planos normais às bordas livres, caso o pilar seja re-
tangular.

São válidas as mesmas considerações para os momentos transmitidos pelas


vigas ao pilar, vistas anteriormente para os pilares de borda.

12.37
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

As situações possíveis de cálculo estão mostradas na figura 12.11. Os momen-


tos iniciais aplicados nas extremidades do pilar provocam excentricidades eix e eiy,
simultaneamente. Resulta dessa forma, dimensionamento à flexão oblíqua composta
em três seções do pilar, nas duas extremidades A e B, com (Mid,(A) > Mid,(B)), e na
seção intermediária.

Figura 12.11 - Momentos iniciais e situação de projeto para pilares de canto

Esquematicamente o dimensionamento à flexão oblíqua composta, nas seções


já citadas, devem sempre associar à força normal de cálculo NSd, dois momentos fle-
tores ortogonais, dados como a seguir:

12.38
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 Seção do topo

Mid,x(A) = 1,4 Mi,x(A) ≥ M1d,min,x = NSd (0,015 + 0,03hx) (hx em m)


Mid,y(A) = 1,4 Mi,y(A) ≥ M1d,min,y = NSd (0,015 + 0,03hy) (hy em m)

 Com NSd, Mid,x(A), Mid,y(A) calcula-se a flexão oblíqua composta para a


seção de topo. Como o cálculo manual é extremamente trabalhoso opta-
se por cálculo via programas para computador ou ábacos produzidos
para algumas geometrias (seção e arranjo das barras da armadura).

 Seção da base

Mid,x(B) = 1,4 Mi,x(B) ≥ M1d,min,x = NSd (0,015 + 0,03hx) (hx em m)


Mid,y(B) = 1,4 Mi,y(B) ≥ M1d,min,y = NSd (0,015 + 0,03hy) (hy em m)

 Com NSd, Mid,x(A), Mid,y(A) calcula-se a flexão oblíqua composta para a


seção de base, usando-se cálculo via computador ou ábacos.

 Seção intermediária

o Direção x

ex 
M dx, tot
N Sd
com  
M dx, tot  N Sd e * e imp  N Sd e 2x

MA M M Hi 1 1
e*  0,6  0,4 B  0,4 A , e imp  θ1 , com θ1  
N N N 2 100 H i 200

 
NSd e * eimp  M1dx, min  NSd 0,015 0,03 h x 

o Direção y

ey 
M dy , tot
N Sd
com  
M dy , tot  N Sd e * e imp  N Sd e 2 y

12.39
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

MA M M Hi 1 1
e*  0,6  0,4 B  0,4 A , e imp  θ1 , com θ1  
N N N 2 100 H i 200

  
NSd e * eimp  M1dy, min  NSd 0,015  0,03 hy 

As excentricidades de 2a ordem e2x e e2y são iguais a “zero” quando x ≤ 1x e

y ≤ 1y. Caso contrário, são calculadas conforme a equação (12.11).

 Com (NSd, Mdx,tot, Mdy,tot) calcula-se a flexão oblíqua composta para a


seção intermediária, usando-se cálculo via computador ou ábacos.

As armaduras são calculadas para as três seções, do topo, da base e interme-


diária, adotando-se a maior.

12.5 - Dimensionamento de pilares retangulares à Flexão Normal Composta

O dimensionamento à FNC (flexão normal composta) se faz como o dimensio-


namento à FNS (flexão normal simples), já estudada no capítulo 2, com NSd diferente
de “zero”. São consideradas as mesmas hipóteses simplificadoras, com destaque
para o diagrama retangular simplificado de tensões no concreto, com altura y = x (

= 0,8 para concretos do grupo 1) e tensão de pico fc = c fcd (c = 0,85 para concretos
do grupo 1).

A seção do pilar é retangular com dimensões b e h, com armaduras distintas


As e A’s, que têm a seguinte características:

 As é a armadura de tração ou a menos comprimida;


 A’s é a armadura de compressão ou a menos tracionada.

Dependendo das solicitações (N, M) essas armaduras podem assumir ambas


o valor nulo, ou ambas serem de compressão ou tração, ou uma comprimida e a outra
tracionada e finalmente só uma delas ser necessária.

12.40
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

12.5.1 - Caso 1 - (pelo menos uma armadura tracionada - As)

Figura 12.12 - Seção retangular submetida à FNC - Caso 1

Esse é o caso da figura 12.12 onde pelo menos existe uma armadura de
tração (As), podendo ou não existir a de compressão (A’s). Nessa figura as deforma-
ções s e ’s estão mostradas na figura. Como consequência as tensões nessas ar-
maduras são de tração em As e de compressão em A’s, se essa última existir. Por-
tanto, as resultantes internas nessas armaduras e no concreto são:

R’sd = A’s ’s (compressão) Rsd = As s (tração)

Rcc = fc b y = fc b x

As equações de equilíbrio, a partir da figura 12.12, são semelhantes às equa-


ções (2.2) e (2.3), acrescentando a contribuição da força normal, que deve ser consi-
derada positiva se for de compressão (o somatório de momentos é em relação ao
ponto de aplicação da armadura As). Assim:

 h  y

M Sd  NSd  d    fcby  d    A'sσ's d  d'
 2  2
 (12.21)

12.41
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___________________________________________________________________________

N Sd  f c by  A 's σ 's - A s f yd (12.22)

Da mesma forma que no capítulo 2, dividindo-se a primeira equação de equilí-


brio pelo produto (fcbd2), que tem a unidade de momento, transforma-se (12.21) numa
equação adimensional (ver capítulo 2), reescrita como:

A's  d' 
K  K'  1  φfyd (12.23)
fcbd  d

Onde:
 h
M Sd  N Sd  d  
K  2
(12.24)
f c bd 2

 y
f c by  d  
 2 y y   α
K'   1    α 1   (2.16)*
f c bd 2 d 2d   2

σ's
φ 1 (2.20)*
fyd

As equações com (*) são as mesmas da flexão simples (FNS) e para o caso 1,
os valores do nível de tensão  são os mesmos já apresentados na tabela 2.4. A
armadura A’s só existe quando K ≥ Kl, ou seja, x = xL = 0,45d (domínio 3, 0,259 ≤ x ≤
0,628, para aço CA 50). Nesse domínio (3,5 / x) = [’s / (x – d’)], que resulta para x =
0,45d, ’s = [3,5 – 7,778(d’/d)]‰. Para ’s = yd = 2,07‰ (CA 50) a relação (d’/d) =
0,184. Dessa forma para (d'/d) ≤ 0,184, ’s ≥ ’yd e, portanto,  = 1. Para (d'/d) >
0,184, ’s < ’yd, ’s = Es’s e  = ’s / fyd = 1,6905[1 – 2,222(d’/d)].

 f bd  K  K' 
A's   c   φ (2.19)*
 f yd  1  d' d 
 

12.42
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A s  A s1  A s2 , com (2.23)*

A s1  
 
f c bdα  N Sd f c bd 1  1  2K'  N Sd
(12.25)
f yd f yd

 f bd  K  K' 
A s2  A's φ   c   (2.25)*
 f yd  1  d' d 
 

Com o valor de As2, determina-se A’s:

A s2
A' s  (2.26)*
φ

Os valores de K, que são os mesmos da tabela 2.3 (por exemplo, K = 0,295
para concretos do grupo 1), definem se há ou não necessidade de armadura de com-
pressão, ou seja:

K ≤ K K’ = K A’s = 0

K > K K’ = K A’s ≠ 0

Em algumas circunstâncias o valor de As em (2.23)* pode ser negativo, con-


trariando a premissa básica do caso 1, que é de ter pelo menos uma armadura traci-
onada. Quando isso ocorrer, deve-se passar ao próximo caso.

12.5.2 - Caso 2 - (As = 0 e A’s ≠ 0)

Nesse caso, ilustrado na figura 12.13, o equilíbrio da seção pode ser alcançado
apenas com parte da seção de concreto comprimida e apenas uma armadura A’s
de compressão, ou seja, As = 0. Passa-se para esse caso quando, no caso anterior,
a armadura de tração As é negativa.

12.43
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___________________________________________________________________________

Escrevendo-se as equações de equilíbrio conforme a figura 12.13, de momen-


tos em relação ao ponto de aplicação de A’s, e de forças na direção horizontal, tem-
se:

Figura 12.13 - Seção retangular submetida à FNC - Caso 2

h  y 
M Sd  N Sd   d'   f c by   d'  (12.26)
2  2 

N Sd  f cby  A's σ 's (12.27)

Resolvendo a equação do segundo grau na variável y, equação (12.26), obtém-


se:

 N h 2  d'  M Sd 
y  d' d'2  2 Sd  h (12.28)
 fcb 

Na equação (12.28) o valor de y tem que ser menor ou igual a h, porque a


premissa básica desse caso é ter parte da área da seção de concreto comprimida.
Caso isso não ocorra, deve-se passar para o próximo caso.

Substituindo os valores de y, dado em (12.28), e de ’s = fyd, na equação


(12.27), obtém-se:

12.44
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NSd  fcby
A's  (12.29a)
fyd

Por premissa nesse segundo caso:

As  0 (12.29b)

A armadura de compressão A’s, calculada em (12.29a), eventualmente poder


ser negativa. Na prática isso significa que nenhuma armadura será necessária. Deve-
se adotar, no entanto a armadura mínima para pilares dada nas equações (12.2).

Nesse caso 2 a armadura A’s (que tem de ser comprimida, por premissa) só
existirá quando x > d’ (ou x/d =  > d’/d). Isso implica em (y = 0,8x) > 0,8 d’ (ou y/d’
> 0,8). Além disso, y também tem de ser menor que h (outra premissa desse caso).
O nível de tensão [ = (’sd / fyd) ≤ 1] em (12.29a) é obtido a partir da deformação ’s

e das premissas acima. Para ’s <yd, o valor de  < 1, caso contrário  = 1.

Quando a relação (d’/d) > 2 = (x2 / d) = 0,259, a linha neutra que soluciona o

problema, x/d > 2, pode estar situada nos domínios de deformações 3, 4 ou 4a.

Nesses domínios a deformação na armadura comprimida A’s vale ’s = [3,5‰(x - d’)

/ x]. Supondo ’s =yd e lembrando-se que x = 1,25 y (diagrama retangular, grupo I)

o valor de y nesse caso vale: y = [3,5‰ / 1,25(3,5‰ - yd)] d’. Para aço CA 50, usado
no dimensionamento à FNC, y = 1,959 d’. Isso significa que para relações (y/d’) >
1,959 o valor de  = 1. Para relações 0,8 < (y/d’) < 1,959 o valor de  é dado por:

1,25 y d'  1
  1,6905 (12.29c)
1,25 y d'

12.45
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Quando a relação (d’/d) < 2 = (x2 / d) = 0,259, a linha neutra que soluciona o
problema pode estar situada, tanto nos domínios 3, 4 e 4a, quanto também no domínio
2. No domínio 2 a deformação na armadura comprimida A’s vale ’s = 10‰[(x - d’) /

(d - x)]. Supondo ’s =yd e lembrando-se que x = 1,25 y (diagrama retangular, grupo

I) o valor de y nesse caso vale: y = [(d yd + 10‰ d’) / (12,5‰ + 1,25 yd)]. Para aço
CA 50, y = (0,137 d + 0,663 d’). Isso significa que para relações (y/d’) > [0,137(d/d’)
+ 0,663] o valor de  = 1. Para relações 0,8 < (y/d’) < [0,137(d/d’) + 0,663] o valor de
 é dado por:

1,25 y d'  1
  4,83 (12.29d)
d d'  1,25 y d'

12.5.3 - Caso 3 - (As e A’s comprimidas)

Nesse caso, ilustrado na figura 12.14, toda a seção de concreto e ambas as


armaduras estão comprimidas (Domínio 5). Chega-se nesse caso quando, no caso
anterior, a profundidade y, do diagrama retangular de tensões de compressão no con-
creto, é maior que h (y > h).

O diagrama de deformações da figura (12.14) mostra uma seção solicitada cujo


diagrama de deformações no ELU, se encontra no Domínio 5, onde a uma profundi-
dade (3 / 7) h da borda mais comprimida, para concretos do grupo1 (cu = 3,5‰ e c2
= 2‰), a deformação é constante e igual a 2‰. Dessa forma as deformações de en-
curtamento s e ’s são quaisquer e dependem da profundidade da LN, x > 1,25 h,
porque y > h é a premissa básica. Portanto, as tensões nas armaduras dependem da
profundidade x e também do cálculo dos seus valores nas equações de equilíbrio
(12.30) e (12.31) abaixo (duas equações e quatro incógnitas – As, A’s, s, ’s). O
problema é, portanto, indeterminado, existindo infinitas situações possíveis de equilí-
brio.

12.46
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Dentre todas, deve-se procurar aquela que minimiza a soma das duas armadu-
ras comprimidas (As + A’s). Segundo Tepedino, essa indeterminação pode ser levan-
tada, de forma simplificada, quando se assume para y > h, o diagrama de deforma-
ções do final do Domínio 5, ou seja, deformação constante igual a 2‰. Dessa forma,
s = ’s = 2‰ e as tensões nas armaduras s = ’s =  fyd. Para aço CA 50 por
exemplo, yd = 2,07‰ e o valor de  = ’s / fyd = (2100x2‰ = 42 / 43,48) = 0,966 < 1,

resultando s = ’s = 21000x2‰ = 42 kN/cm2. A diferença das armaduras calculadas

dessa forma simplificada, quando comparada com as calculadas com s ≠ ’s, é pe-
quena e a favor da segurança.

Figura 12.14 - Seção retangular submetida à FNC - Caso 3

As equações de equilíbrio devem levar em conta o diagrama constante de ten-


sões no concreto, cuja resultante (Rcc) não produz momento resistente. Assim:

h   h
M Sd  A's σ's   d'   A s σ s  d   (12.30)
2   2

N Sd  f c bh  A's σ's  A s σ s (12.31)

Resolvendo o sistema de equações (12.30) e (12.31), cujas incógnitas são As


e A’s, e fazendo-se s = ’s =  fyd, obtém-se:

12.47
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NSd  fcbh  h  d'   MSd


As  2  (12.32)
 f yd d  d'

NSd  fcbh  d  h   MSd


A's   2
(12.33)
 f yd d  d'

Do ponto de vista prático, existe uma variação desse caso, que consiste em

adotar uma parcela da armadura centrada As0 , não produzindo momento resistente,

e outra concentrada, As, na face mais comprimida, conforme indicado na figura


(12.15).

Figura 12.15 - Seção retangular submetida à FNC - Variação do Caso 3

As equações de equilíbrio nesse caso ficam:

h 
M Sd  ΔAsσ's   d'  (12.34)
2 

12.48
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NSd  fcbh  As0  ΔΑs σ's (12.35)

Resolvendo o sistema acima resulta:

 M Sd 
NSd  fcbh   
 h 2  d' 
As0  (12.36)
 fyd

 M Sd 
 
 h 2  d' 
ΔAs  (12.37)
 f yd

12.5.4 - Caso 4 - (As e A’s tracionadas)

Trata-se de um caso pouco comum, mas possível, da seção toda tracionada,


ou seja, flexo-tração normal. Chega-se a esse caso quando no caso 1 o valor de K
for negativo. Com a seção inteiramente tracionada só as armaduras resistirão às so-
licitações. Essa situação equivale a um tirante (barra inteiramente tracionada) carre-
gado excentricamente.

Da mesma forma que considerado no caso 3, para simplificar o cálculo e otimi-


zar a soma das armaduras tracionadas, assume-se que as deformações s e ’s sejam

maiores que yd e consequentemente as tensões nas armaduras ficam s = ’s = fyd.

As equações de equilíbrio, conforme figura (12.16), ficam:

 h h 
M Sd  A sf yd  d    A's f yd   d'  (12.38)
 2 2 

N Sd  A s  Α's  f yd (12.39)

12.49
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Figura 12.16 - Seção retangular submetida à FNC - Caso 4

Resolvendo:

h 
N Sd   d'   M Sd
As  2  (12.40)
f yd d  d'

 h
N Sd  d    M Sd
A's   2
(12.41)
f yd d  d' 

Nesse caso existe também uma variação, análoga ao do caso 3, em que é


conveniente usar uma parcela centrada da armadura tracionada e outra concentrada
na face mais tracionada, conforme mostrado na figura 12.17.

As equações de equilíbrio ficam:

 h
M Sd  ΔAsf yd  d   (12.42)
 2

 
N Sd  A s0  ΔΑ s f yd (12.43)

12.50
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Resolvendo o sistema acima resulta:

 M 
N Sd   Sd 
A s0  d h 2
(12.44)
f yd

 M Sd 
 
 d  h 2 
ΔAs  (12.45)
f yd

Figura 12.17 - Seção retangular submetida à FNC - Variação do Caso 4

Todo o dimensionamento de seções retangulares à FNC está resumido no qua-


dro abaixo.

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12.52
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12.6 - Dimensionamento de pilares retangulares à Flexão Oblíqua Composta

No dimensionamento de seções retangulares à flexão normal, simples ou com-


posta, a direção da LN é conhecida, perpendicular ao eixo de simetria da peça, bas-
tando apenas determinar a sua profundidade x (x = 0 na FNS). Na flexão oblíqua,
simples ou composta, essa direção é desconhecida necessitando obter dois parâme-
tros, a profundidade da LN x (x = 0 na FOS) e a sua rotação .

Devido à complexidade envolvida na solução do problema, com grande esforço


computacional mesmo para seções retangulares com armadura simétrica, o cálculo
da armadura via ábacos torna-se um meio simples, eficaz e seguro para seções desse
tipo.

As hipóteses de cálculo no ELU são as mesmas utilizadas nos dimensionamen-


tos anteriores. A condição básica de equilíbrio é que os esforços internos resistentes
sejam maiores ou igual aos esforços externos solicitantes, ou seja, NRd ≥ NSd, MRdx ≥
MSdx, MRdy ≥ MSdy. A construção do ábaco adimensional de interação à flexão oblíqua
composta requer a definição de três variáveis adimensionais:

 Força normal de cálculo “reduzida”


d = Nd / (Acfcd)

 Momento fletor de cálculo em x “reduzido”


xd = Mxd / [(Acfcd)hx] = Nd ex / (Acfcd)hx =d ex / hx

 Momento fletor de cálculo em y “reduzido”


yd = Myd / [(Acfcd)hy] = Nd ey / (Acfcd)hy =d ey / hy

Definida uma seção, inclusive com a armadura, as variáveis resistentes adi-


mensionais definem uma superfície no espaço tridimensional (,x, y) que repre-
senta o critério de resistência da peça (ver figura 12.18). Podem ser construídos vários

12.54
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ábacos para uma mesma seção (com mesma geometria e arranjo das barras da ar-
madura) variando a taxa mecânica de armadura, desde “zero” (seção resistente ape-
nas de concreto) até uma taxa máxima permitida, conforme mostrado na figura 12.19.

Para o cálculo da armadura bastaria entrar com os três valores adimensionais


solicitantes e encontrar no ábaco a taxa mecânica resistente (igual a solicitante) que
equilibraria a flexão oblíqua.

Embora a sistemática acima seja simples, a confecção e a utilização de um


ábaco tridimensional seria quase impossível. Dessa forma constroem-se ábacos bidi-
mensionais, (x-y), escolhendo-se vários valores constantes para a força normal, a

partir do valor  = 0. Os ábacos bidimensionais correspondem a planos no espaço

tridimensional para um valor constante de  (ver figura 12.18).

Figura 12.18 - Diagrama de interação (Fig. 7.1 Venturini)

12.55
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Para um valor  = constante podem ser construídos ábacos de interação x-

y, para diversas taxas mecânicas ( = Asfyd / Acfcd) de armadura, conforme mostrado
na figura 12.19.

Figura 12.19 - Diagrama de interação (representação plana) (Fig. 7.2 Venturini)

12.56
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12.7 - Exemplos

12.7.1 - Exemplo 1

Para um pilar de seção retangular 20/40 cm2, submetido a uma par de esforços
(N,M), calcular o momento total considerando, de forma aproximada, os efeitos de 2a
ordem.

Dados: fck = 20 MPa, e = 2,80 m, N = 500 kN (comp.), Mx,A = 1000 kNcm


(a excentricidade da carga N está na direção de hx = 20 cm)

Nd = 500x1,4 = 700 kN M1d,A = 1000x1,4 = 1400 kNcm

M1d,min = Nd(0,015 + 0,03hx) = 700(0,015 + 0,03x0,20) = 14,7 kNm = 1470 kNcm

Como M1d,A < M1d,min M1d,A = M1d,min = 1470 kNcm

x = 3,46 (e / hx) = 3,46 (280 / 20) = 48,44 b = 1,0  (M1d,A < M1d,min)

 Curvatura aproximada

Nd 700
ν   0,6125  0,5
A c fcd (20x40)(2/1,4)

 2  2
 1  280   0,005 
e2   e       1,76 cm
 10 
   r   10   200,6125  0,5

Md,tot  αbM1d,A  Nde2  1,0x1470  700x1,76  2702 kNcm

 Rigidez aproximada

a  5hx  5x20  100

12.57
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2Nd 2e 2 700x2802
b  h Nd   5hαbM1d,A  20 x700   5x20x1,0x1470  38500
320 320

c  Ndh2αbM1d,A  700x202 x1,0x1470  411600000

 b  b 2  4ac 38500   385002  4x100(411600000


Md,tot    2230 kNcm
2a 2x100

Dos resultados obtidos nota-se uma diferença entre os dois métodos aproxima-
dos em torno de 20%.

12.7.2 - Exemplo 2 (Pilar interno)

Dados:
Seção 20/50 cm2, fck = 20 MPa, fc = 0,85x2 / 1,4 = 1,214 kN/cm2

e = 4 m (nas duas direções), N = 875 kN (comp.) Nd = 875x1,4 = 1225 kN


Aço CA 50 fyd = 43,5 kN/cm2

 Seção intermediária - Direção x

M1dx,min = Nd(0,015+0,03hx) = 1225(0,015 + 0,03x0,20) = 25,725 kNm = 2572,5 kNcm

 Verificação da flambagem

x = 3,46 (e / hx) = 3,46 (400 / 20) = 69,2

Para o cálculo do índice de esbeltez limite 1 considerar b = 1,0 (M1d < M1d,min), e1 =
0 (só força normal aplicada), assim:

e 
25  12,5 1  25  12,5 0 
λ1x   hx    20   25  35  adotar λ1  35
αb 1,0

12.58
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Como 1x < x = 69,2 ≤ 90 é obrigatória a consideração dos efeitos de 2a ordem (e2x ≠
0).

1225  4002   0,005 


  0,857  0,5 e2x    2,95 cm
(20x50)(2/1,4)  10   200,857  0,5
 

Mdx, tot  M1dx,min  NSd e2x  2572,5  1225x2,95  6186 kNcm

Mdx, tot 6186


ex    5,05 cm
NSd 1225

 Seção intermediária - Direção y

M1dy,min = Nd(0,015+0,03hy) = 1225(0,015 + 0,03x0,50) = 36,75 kNm = 3675 kNcm

 Verificação da flambagem

y = 3,46 (e / hy) = 3,46 (400 / 50) = 27,68 < 35

Como o índice de esbeltez na direção y já deu menor que 35, que é o valor mínimo
para 1y, não há necessidade da consideração dos efeitos de 2a ordem nessa direção
(e2y = 0).

Mdy,tot  M1dy,min  NSd e2y  3675  1225x0  3675 kNcm

Mdy,tot 3675
ey    3,00 cm
NSd 1225

12.59
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 Dimensionamento das armaduras

Nd = 1225 kN, ex = 5,05 cm (Mxd = 6186 kNcm), hx = 20 cm (d = 15), hy = 50 cm

 FNC com armaduras distintas (Tepedino) - Direção x

 h  20 
MSd  NSd  d   6186  1225 15  
 2  2 
Caso 1 K 2
 2
 0,901  K   0,295
fc bd 1,214x20x15

Como K > Kdeve-se fazer nas fórmulas para cálculo das armaduras K’ = K = 0,295

A s1 
  
fc bd 1  1  2K'  NSd 1,214x50x15 1- 1- 2x0,295  1225


 20,63 cm2
f yd 43,5

   
 fc bd  K  K'   1,214x50x15  0,901 0,295 
A s2       1 9,04 cm2
 f yd  d'   43,5  5 
  1    1 
 d   15 
As = As1 + As2 = - 20,63 +19,04 < 0  Passar ao caso 2

Caso 2

 N h 2  d'  MSd  122520 2  5  6186


y  d' d'2  2 Sd 2
  5  5  2   9,79  h  20
 fc b   1,214x50 

(d’/d) = 5/15 = 0,33 > 2 = 0,259 e (y/d’) = 9,79/5 = 1,958 < 1,959(15/5) = 5,89

 = 1,6905[1,25(y/d’) - 1] / [1,25(y/d’)] = 0,9998 ≈ 1


NSd  fcby 1225  1,214x50x9,79
A 's    14,50 cm2 > As,min As = 0
 fyd 1x43,5
0,15 (Nd / fyd) = 0,15x1225 / 43,5 = 4,22 cm2 (*)
As,min ≥
0,4% Ac = 0,4%x20x50 = 4 cm2

12.60
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Dessa forma, em um dos lados de 50 cm é colocado 8 16 mm (Ase = 16,09 cm2) e


no outro, como teoricamente nenhuma armadura é necessária (A s = 0), deve ser co-
locado pelo menos 4 10 mm (bitola mínima). Duas nos cantos externos e duas nos
cantos internos dos estribos duplos, conforme mostrado na seção esquerda da figura
12.20. Se não fossem usados os estribos duplos seriam necessários quatro estribos
suplementares (tipo gancho), tanto no detalhamento esquerdo quanto no direito da
figura 12.20. O espaçamento entre as barras de 10 mm é menor que o valor máximo
permitido emax = 40 cm, nesse caso.

O detalhamento com armaduras distintas deve ser evitado, devido ao grande risco de
inversão das posições das armaduras na execução do pilar, sendo mais recomendado
detalhar com armaduras simétricas, colocando nos dois lados a maior delas (ver figura
12.20 a direita).

Figura 12.20 - Seção retangular submetida à FNC do exemplo 2

12.61
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Como o detalhamento recomendado é o simétrico, foram usados estribos duplos em


substituição aos quatro estribos suplementares que seriam necessários (apenas a pri-
meira bitola de 16 mm a partir da barra do canto superior e inferior não teria estribos
suplementares tipo gancho).

 FNC com armaduras simétricas - Direção x

Conforme já mencionado é recomendável detalhar pilares com armaduras simétricas,


além de ser mais econômico que o cálculo anterior, quando se repete a maior das
armaduras. O cálculo das armaduras simétricas, para uma grande faixa de solicita-
ções (N, M), conduz a uma solução iterativa que pode ser resolvida com o auxílio de
programas computacionais ou por meio de ábacos de interação N-M.

a) Programa FNCAS (FNC com Armaduras Simétricas)

O programa FNCAS (FNC com armaduras simétricas), de minha autoria, fornece além
do valor das armaduras a profundidade x da LN, que soluciona o problema. Esse pro-
grama é extremamente simples e calcula simultaneamente para cada profundidade
da LN e para cada taxa geométrica de armadura, o par NRd e MRd (esforços resistentes
de cálculo) que a seção suporta, enquanto a LN varia desde o final do domínio 1 (x =
-) ao final do domínio 5 (x = +). A taxa s = (As,total / Ac) varia desde 0% até o valor
máximo 4% (até 8% na região das emendas das barras).

Ao comparar em cada iteração o par resistente de cálculo (NRd - MRd) com o par soli-
citante de cálculo (NSd - MSd) o programa para, quando essa diferença entre os pares
for menor ou igual a uma tolerância previamente fixada (0,5% no FNCAS).

Esse exemplo resolvido no programa FNCAS, para fck = 20 MPa, h = 20 cm, b = 50


cm e d = 15 cm, fornece:

x = 14,22 cm As = A’s = 13,40 cm2 7 16 mm / face 50 cm

(As,total = 2x13,40 = 26,80 cm2) > As,min  s,total = 2,68%

12.62
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Adicionalmente o programa fornece o par resistente (NRd - MRd) = (1219 - 6160) cuja
diferença com o par solicitante (NSd - MSd) = (1225 - 6186) está abaixo da tolerância
especificada de 0,5%.

Apenas para verificar o resultado fornecido pelo programa FNCAS , o valor de x =


14,22 cm se situa no domínio 4 (ELU) uma vez que = (x / d) = 14,22 / 15 = 0,95 é
maior que 3L = 0,628 e menor que 4L = 1 (CA 50). Nessa posição da LN a deformação
(encurtamento) da armadura A’s vale’s = [3,5(x - d’) / x] = 2,27‰ > yd = 2,07‰, que
implica em em ’s = fyd = 43,5 kN/cm2. A deformação (alongamento) da armadura As
vale s = [3,5(d - x) / (x)] = 0,19‰ < yd = 2,07‰, que implica em s = 21x0,19 = 4,03
kN/cm2. Portanto as resultantes, respectivamente, de compressão e de tração nas
armaduras valem: R’sd = Asfyd = 13,40x43,48 = 582,26 kN e Rsd = Ass = 13,40x4,03 =
54,02 kN. A resultante no concreto vale Rcc = 1,214x50x(0,8x14,22) = 690,69 kN. Com
esses valores resistentes internos determinam-se a força normal resistente NRd = Rcc
+ R’sd – Rsd = 690,69 + 582,26 – 123,28 = 1218,93 ≈ 1219 kN e o momento resistente
MRd = Rcc (10 – 0,4x14,22) + (R’sd + Rsd) (10 – d’) = 6159,66 ≈ 6160 kNcm.

b) Ábaco de FNC

Esse mesmo exemplo será resolvido com o auxílio do ábaco (vários diagramas) de
interação N-M com armaduras simétricas do Montoya (1979). Como nesse livro a re-
lação máxima para (d’ / h) é igual a (0,15) e a do exemplo é (d’/h) igual (5/20 = 0,25),
será usado o ábaco A-5 (figura abaixo) da apostila para dimensionamento de pilares
à FNC do Prof. Venturini (USP-SC). Os dados adimensionais de entrada são:

Força normal reduzida: = Nd / (Ac fcd) = 0,857


Momento fletor reduzido:  = Md / (Ac h fcd) =  (e / h) = 0,857x5,05 / 20 = 0,216

Com esses dados de entrada obtém- se:  = 0,91


Armadura total: As,tot =  Acfcd / fyd = 0,91x(20x50)x(2 / 1,4) / 43,5 = 29,89 cm2

As1 = As2 = 29,89 /2 = 14.94 cm2 8 16 mm / face 50 cm

12.63
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 = 0,91 ≈ 0,86  ≈ 0,22

 FNC com armaduras distintas - Direção y

Nd = 1225 kN, ey = 3,00 cm (Myd = 3675 kNcm), hy = 50 cm (d = 45), hx = 20 cm

 50 
3675  1225  45  
 2 
Caso 1 K  0,573  K   0,295
1,214x20x452

A s1 
 
1,214x20x45 1- 1- 2x0,295  1225
 19,12 cm2
43,5

 1,214x20x45  0,573  0,295 


A s2      7,86 cm2
 43,5  1  5 45 

As = As1 + As2 = - 19,12 +7,86 < 0  Passar ao caso 2

12.64
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122550 2  5  3675
Caso 2 y  5  5 2  2   46,72  h  50
 1,214x20 

(d’/d) = 5/45 = 0,11 < 2= 0,259 e (y/d’) = 46,72 / 5 = 9,34 > 0,137(45/5) + 0,663 =

1,896     =1
1225  1,214x20x46,72
A 's   2,08 cm2 As = 0
1x43,5

Fazendo As = A’s (recomendado) As,total = 2x2,08 = 4,16 cm2 < As,min

Adotar As,tot = As,min = 4,22 cm2

 FNC com armaduras simétricas - Direção y

FNCAS (h = 50 cm, b = 20 cm, d = 45 cm, fck = 20 MPa, N = 875 kN, M = 2625 kNcm)

x = 56,80 cm As = A’s = 1,95 cm2 As,tot = 3,90 cm2 < As,min

Adotar As,tot = As,min = 4,22 cm2

(NRd - MRd) = (1216 - 3665) ≈ (NSd - MSd) = (1225 - 3675)

A armadura calculada na direção y não se soma à armadura já calculada na direção


x (direção da excentricidade inicial). As duas barras com bitola de 16 mm colocadas
em cada canto da face com 20 cm (Ase = 4,02 cm2 no detalhamento simétrico adotado
na direção x), são suficientes para equilibrar a FNC na direção y.

O detalhamento final para o pilar analisado está apresentado na figura 12.21, ado-
tando-se o número de barras obtidas no cálculo com armadura simétrica com o pro-
grama FNCAS (7 16 mm / face de 50 cm). A distância entre eixos das barras longi-

12.65
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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tudinais é de 7,1 cm < 20t = 20x0,5 = 10 cm, necessitando de três estribos suplemen-

tares como indicado. O espaçamento dos estribos deve ser menor ou igual a 12 =
12x1,6 = 19,2 cm, sendo adotado s = 19 cm.

A armadura mínima já foi verificada restando saber se a armadura usada atende à


máxima permitida pela NBR 6118. A taxa final é s = (14x2,011) / (20x50) = 0,0282 =

2,82% < s,max = 8% (ou 4% se houver emenda das barras).

Figura 12.21 - Detalhamento final para o exemplo2

12.7.3 - Exemplo 3 (Pilar de borda)

Dados:
Seção 20/60 cm2 fck = 25 MPa fc = 0,85x2,5 / 1,4 = 1,518 kN/cm2
Aço CA 50 fyd = 43,5 kN/cm2

e = 4 m (nas duas direções), N = 1070 kN (compressão), Nd = 1070x1,4 = 1498 kN


Mx,A = 2500 kNcm, Mx,B = -1200 kNcm (traciona lado oposto ao do Mx,A)
(Excentricidade inicial na direção x, correspondente à dimensão hx = 20 cm)

12.66
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 Direção x (direção da excentricidade inicial)

 Seção de extremidade
M1d,A = 1,4x2500 = 3500 kNcm com MA > MB

M1dx,min = Nd(0,015+0,03hx) = 1498(0,015 + 0,03x0,20) = 31,46 kNm = 3146 kNcm

Adotar M1d,A = 3500 kNcm (e1d,A = 3500 / 1498 = 2,34 cm)

 Seção intermediária

 
Mdx, tot  NSd e1x  e2x   NSd e *  eimp  NSd e2x (1a + 2a ordem)

 Excentricidade de 1a ordem e1x

e1x = e* + eimp ≥ e1x,min = 3146 / 1498 = 2,10 cm

e*  0,6
MA M
 0,4 B  0,6
2500
 0,4
 1200  0,95 cm  0,4 MA  0,93 cm
N N 1070 1070 N

Adotar e* = 0,95 cm

1 1 1 H 400
θ1    0,005  eimp  θ1  0,005  1 cm
100 H 100 4 200 2 2

e1x = 1,00 + 0,95 = 1,95 cm < e1x,min = 2,10 cm

Adotar  
NSd e *  eimp  M1dx,min  3146 kNcm

 Excentricidade de 2a ordem e2x

x = 3,46 (e / hx) = 3,46 (400 / 20) = 69,2

12.67
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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MB - 1200
αb  0,6  0,4  0,6  0,4  0,408  0,4
MA 2500

e 
25  12,5 1  25  12,5 2,34 
λ1x   hx    20   64,9
αb 0,408

Como 1x < x ≤ 90 é obrigatória a consideração dos efeitos de 2a ordem (e2x ≠ 0).

Nd 1498
ν   0,70  0,5
A c fcd (20x60)(2,5/1,4)

 4002   0,005 
e2x       3,33 cm
 10 
   200,70  0,5 

 
Mdx, tot  NSd e *  eimp  NSd e2x  3146  1498x3,33  8134 kNcm

Mdx, tot 8134


ex    5,43 cm
NSd 1498

 Direção y (direção onde não existe excentricidade inicial)

 Seção intermediária - Direção y

Mdy,tot  M1dy,min  NSd e2y (1a + 2a ordem)

M1dy,min = NSd(0,015+0,03hy) = 1498(0,015 + 0,03x0,60) = 49,43 kNm = 4943 kNcm

y = 3,46 (e / hy) = 3,46 (400 / 60) = 23,1 < 1y = 35  e2y = 0

Mdy,tot  4943  1498x0  4943 kNcm

Mdy,tot 4943
ey    3,30 cm
NSd 1498

12.68
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 Dimensionamento das armaduras

As situações de projeto para o dimensionamento das armaduras estão mostradas na


figura 12.22.

Figura 12.22 - Situações de projeto para o exemplo 3

Nd = 1498 kN, ex = 2,34 cm (Mxd = 3500 kNcm), hx = 20 cm (d = 15), hy = 60 cm

 FNC com armaduras distintas - (Tepedino)

12.69
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 20 
3500  1498 15  
 2 
Caso 1 K  0,536  K   0,295  K'  K 
1,518x60x152

A s1 
 
1,518x60x15 1 - 1 - 2x0,295  1498
 23,13 cm2
43,5

 1,518x60x15  0,536  0,295 


A s2      11,35 cm2
 43,5  1 5 15 

As = As1 + As2 = - 23,13 +11,35 < 0  Passar ao caso 2

149820 2  5  3500
Caso 2 y  5  5 2  2   15,61  h  20 cm
 1,518x60 

(d’/d) = 5/15 = 0,33 > 2 = 0,259 e (y/d’) = 15,61 / 5 = 3,12 < 1,959(15/5) = 5,88

 = 1,6905[1,25(y/d’) - 1] / [1,25(y/d’)] = 1,55  =1


1498  1,518x60x15,61
A's   1,75 cm2 < As,min = 2x2,58 = 5,17 cm2
1x43,5

0,15 (Nd / fyd) = 0,15x1498 / 43,5 = 5,17 cm2 (*)


As,min ≥
0,4% Ac = 0,4%x20x60 = 4,8 cm2

 FNC com armaduras simétricas - (programa FNCAS)

x = 19,44 cm - As = A’s = 1,44 cm2 - (As,total = 2x1,44 = 2,88 cm2) < As,min = 5,17 cm2

 FNC com armaduras simétricas - (ábaco A-5 VENTURINI)

= Nd / (Ac fcd) = 0,70  =  (e / h) = 0,70x2,34 / 20 = 0,082


d’/h = 0,25  = 0,12

As,tot =  Acfcd / fyd = 0,12x(20x60)x(2,5 / 1,4) / 43,5 = 5,91 cm2 > As,min = 5,17 cm2

12.70
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Nd = 1498 kN, ey = 3,30 cm (Myd,min = 4943 kNcm), hy = 60 cm (d = 55), hx = 20 cm

 FNC com armaduras distintas - (Tepedino)

 60 
4943  1498  55  
 2 
Caso 1 K  0,462  K   0,295  K'  K 
1,518x20x552

A s1 

1,518x20x55 1 - 1 - 2x0,295  1498 20,62 cm2
43,5
 
 
 1,518x20x55  0,462  0,295 
A s2    7,05 cm2
 43,5  5 
 1 
 55 
As = As1 + As2 = - 20,62 +7,05 < 0  Passar ao caso 2

149860 2  5  4943
Caso 2 y  55  552  2   126,9  h  60 cm
 1,518x20 
Passar ao caso 3

NSd  fc bh h  d'   MSd


Caso 3 As  2  0 (NSd - fcbh) < 0
42d  d'

NSd  fc bh d  h   MSd 1498  1,518x20x60 55  60   4943


 2  2 
A's   0
42 d  d' 42 55  5
(NSd - fcbh)(d - h/2) + MSd < 0 Adotar armadura mínima - As,min = 5,17 cm2

Nesse caso não serão calculadas as armaduras (simétricas) pelo programa FNCAS e
pelo ábaco por serem menores que a armadura mínima. Portanto, para a seção de
extremidade A, na direção y, apenas 4 16 mm são suficientes.

Nd = 1498 kN, ex = 5,43 cm (Mxd,tot = 8134 kNcm), hx = 20 cm (d = 15), hy = 60 cm

12.71
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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 FNC com armaduras distintas - (Tepedino)

 20 
8134  1498 15  
 2 
Caso 1 K  0,762  K   0,295  K'  K 
1,518x60x152

A s1 
 
1,518x60x15 1 - 1 - 2x0,295  1498
 23,13 cm2
43,5

 1,518x60x15  0,762  0,295 


A s2      22,02 cm2
 43,5  1  5 15 

As = As1 + As2 = - 23,13 + 22,02 < 0  Passar ao caso 2

149820 2  5  8134
Caso 2 y  5  5 2  2   8,30  h  20 cm
 1,518x60 

(d’/d) = 5/15 = 0,33 > 2 = 0,259 e (y/d’) = 8,30 / 5 = 1,66 < 1,959(15/5) = 5,88

 = 1,6905[1,25(y/d’) - 1] / [1,25(y/d’)] = 0,88


1498  1,518x60x8,30
As = 0 A 's   19,38 cm2 > As,min = 5,17 cm2
0,88x43,5

 FNC com armaduras simétricas - (FNCAS)

x = 13,58 cm As = A’s = 14,04 cm2


(As,total = 2x14,04 = 28,08 cm2) > As,min = 5,17 cm2

 FNC com armaduras simétricas - (ábaco A-5 VENTURINI)

= 1498 / (1200x2,5/1,4) = 0,70  = 0,70x5,43 / 20 = 0,19


d’/h = 0,25  = 0,63

As,tot = 0,63x(20x60)x(2,5 / 1,4) / 43,5 = 31,03 cm2 > As,min = 5,17 cm2

12.72
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Nd = 1498 kN, ey = 3,30 cm (Myd,tot = 4943 kNcm), hy = 60 cm (d = 55), hx = 20 cm

Mesmo dimensionamento feito para a seção de extremidade A, na direção y, que for-


neceu armadura mínima.
As,min = 5,17 cm2

 Detalhamento final

O detalhamento final para o pilar analisado está apresentado na figura 12.23, ado-
tando-se o número de barras obtidas na situação de cálculo mais desfavorável da
seção intermediária, com armaduras simétricas resultando 8 16 mm / face de 60 cm.

A distância entre eixos das barras longitudinais é de aproximadamente 7,5 cm < 20t
= 20x0,5 = 10 cm, necessitando de quatro estribos suplementares como indicado à
esquerda. Como alternativa pode-se usar estribos duplos, descartando-se dessa
forma os estribos suplementares. O espaçamento dos estribos deve ser menor ou

igual a 12= 12x1,6 = 19,2 cm, sendo adotado s = 19 cm. A taxa final é s =

(16x2,011) / (20x60) = 0,0201 = 2,68% < s,max = 8% (ou 4% se houver emenda das
barras).

Figura 12.23 - Detalhamento final para o exemplo 3

12.73
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___________________________________________________________________________

12.7.4 - Exemplo 4 (Pilar de canto)

Dados:
Seção: 25/50 cm2, fck = 25 MPa (fc = 0,85x2,5 / 1,4 = 1,518 kN/cm2)
Aço CA 50 fyd = 43,5 kN/cm2

hx = 25 cm hy = 50 cm  e = 3 m (nas duas direções)


N = 1600 kN (comp.) Nd = 1600x1,4 = 2240 kN
Mx,A = 3800 kNcm Mx,B = -3000 kNcm (traciona lado oposto ao do Mx,A)
My,A = 5000 kNcm Mx,B = -4000 kNcm (traciona lado oposto ao do My,A)

Os dados desse exemplo estão indicados na figura 12.24. A direção x corresponde ao


lado de 25 cm.

M1dx,min = Nd(1,5 + 0,03hx) = 2240(1,5 + 0,03x25) = 5040 kNcm e1x,min = 2,25 cm


M1dy,min = Nd(1,5 + 0,03hy) = 2240(1,5 + 0,03x50) = 6720 kNcm e1y,min = 3,00 cm

Figura 12.24 - Seção e momentos iniciais para o exemplo 4

12.74
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___________________________________________________________________________

 Primeira situação de cálculo

Seção de extremidade A (topo)

 Direção x

M1d,A = 1,4Midx,A = 1,4x3800 = 5320 kNcm > M1dx,min = 5040 kNcm


Adotar M1d,A = 5320 kNcm ex = 5320 / 2240 = 2,38 cm

 Direção y

M1d,A = 1,4Midy,A = 1,4x5000 = 7000 kNcm > M1dy,min = 6720 kNcm


Adotar M1d,A = 7000 kNcm ey = 7000 / 2240 = 3,13 cm

 Segunda situação de cálculo

Seção de extremidade B (base)

 Direção x

M1d,A = 1,4Midx,A = 1,4x3000 = 4200 kNcm < M1dx,min = 5040 kNcm


Adotar M1d,A = 5040 kNcm ex = e1x,min = 2,25 cm

 Direção y

M1d,A = 1,4Midy,A = 1,4x4000 = 5600 kNcm < M1dy,min = 6720 kNcm


Adotar M1d,A = 6720 kNcm ey = e1y,min = 3,00 cm

 Terceira situação de cálculo

Seção intermediária

12.75
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 Direção x

 
Mdx, tot  NSd e *  eimp  NSd e2x (1a + 2a ordem)

 Excentricidade de 1a ordem e1x

e1x = e* + eimp ≥ e1x,min = 2,25 cm

e*  0,6
MA M
 0,4 B  0,6
3800
 0,4
 3000  0,48 cm  0,4 MA  0,68 cm
N N 2240 2240 N

Adotar e* = 0,68 cm

1 1 1 1 H 1 300
θ1     eimp  θ1   0,75 cm
100 H 100 3 173 200 2 200 2

e1x = 0,68 + 0,75 = 1,43 cm < e1x,min = 2,25 cm

Adotar  
NSd e *  eimp  M1dx,min  5040 kNcm

 Excentricidade de 2a ordem e2x

x = 3,46 (e / hx) = 3,46 (300 / 25) = 41,52


MB - 3000
αb  0,6  0,4  0,6  0,4  0,28  0,4 Adotar αb  0,4
MA 3800

e 
25  12,5 1  25  12,5 2,38 
λ1x   hx    25   65,5
αb 0,40

Como x < 1x não é necessária a consideração dos efeitos de 2a ordem (e2x = 0).

12.76
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 
Mdx, tot  NSd e *  eimp  NSd e2x  5040  2240x0  5040 kNcm

Mdx, tot 5040


ex    2,25 cm
NSd 2240

 Direção y

 
Mdy,tot  NSd e *  eimp  NSd e2y (1a + 2a ordem)

 Excentricidade de 1a ordem e1y

e1y = e* + eimp ≥ e1y,min = 3,00 cm

e*  0,6
MA M
 0,4 B  0,6
5000
 0,4
 4000  0,63 cm  0,4 MA  0,89 cm
N N 2240 2240 N

Adotar e* = 0,89 cm

1 1 1 1 H 1 300
θ1     eimp  θ1   0,75 cm
100 H 100 3 173 200 2 200 2

e1y = 0,89 + 0,75 = 1,64 cm < e1y,min = 3,00 cm

Adotar  
NSd e *  eimp  M1dy,min  6720 kNcm

 Excentricidade de 2a ordem e2y

y = 3,46 (e / hy) = 3,46 (300 / 50) = 20,76 < 1,min = 35

Como y < 1,min não é necessária a consideração dos efeitos de 2a ordem (e2y = 0).

12.77
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___________________________________________________________________________

 
Mdy,tot  NSd e *  eimp  NSd e2y  6720  2240x0  6720 kNcm

Mdy,tot 6720
ey    3,00 cm
NSd 2240

As três situações de cálculo estão resumidas abaixo:

 Resumo

Primeira situação de cálculo (topo)

Nd = 2240 kN, Mxd,tot = 5320 kNcm (ex = 2,38 cm), Myd,tot = 7000 kNcm (ey = 3,13 cm)
2240 ex 2,38
  1,00 μx    1,00  0,095
(25x50)(2,5/1,4) hx 25
ey 3,13
μy    1,00  0,063  = 1,0 x = 0,095 y = 0,063
hy 50

Segunda situação de cálculo (base)

Nd = 2240 kN, Mxd,tot = 5040 kNcm (ex = 2,25 cm), Myd,tot = 6720 kNcm (ey = 3,00 cm)
2240 ex 2,25
  1,00 μx    1,00  0,090
(25x50)(2,5/1,4) hx 25
ey 3,00
μy    1,00  0,060  = 1,0 x = 0,090 y = 0,060
hy 50

Terceira situação de cálculo (intermediária) - mesma da segunda situação

Nd = 2240 kN, Mxd,tot = 5040 kNcm (ex = 2,25 cm), Myd,tot = 6720 kNcm (ey = 3,00 cm)

12.78
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

 Dimensionamento

O cálculo das armaduras é feito à flexão oblíqua composta para cada uma das situa-
ções de cálculo separadamente e o detalhamento final adotado é aquele que conduzir
à maior armadura encontrada.

Pela grande variedade de arranjo das barras assim como pelas diversas relações (d’
/ h), nas duas direções, optou-se pelo cálculo das armaduras usando-se o ábaco de
FOC do Venturini. O valor de d’ foi arbitrado em 5 cm e as relações ficam:
(d’x / hx) = 5 / 25 = 0,20 (d’y / hy) = 5 / 50 = 0,10

A armadura total calculada é função dos esforços e também da disposição das barras.
Serão comparadas as armaduras para diferentes ábacos com as relações definidas
acima, apenas para a primeira situação de cálculo.

 = 1,0 x = 0,095 y = 0,063

Ábaco com 4 4= 0,50 As = 0,50x25x50x(2,5/1,4) / 43,5 = 25,7 cm2 (4 32 mm)
Ábaco com 8 8= 0,54 As = 0,54x25x50x(2,5/1,4) / 43,5 = 27,7 cm2 (8 22 mm)
Ábaco com 12 12= 0,55 As = 0,55x25x50x(2,5/1,4) / 43,5 = 28,2 cm2 (12 20 mm)

As áreas efetivamente existentes nos três casos acima ficam:


Ase,4 = 4x8,042 = 32,2 cm2
Ase,8 = 8x3,801 = 30,4 cm2 (opção mais econômica após detalhamento)
Ase,12 = 12x3,142 = 37,7 cm2

Para a segunda situação de cálculo será adotada nesta apenas o ábaco com 8 barras

 = 1,0 x = 0,090 y = 0,060

12.79
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Ábaco com 8 8= 0,52 As = 0,52x25x50x(2,5/1,4) / 43,5 = 26,7 cm2 (8 22 mm)

O detalhamento final adotado deve atender à maior taxa mecânica  = 0,54, ou seja,

8 22 mm =, conforme mostrado na figura 12.25. A bitola da armadura transversal

deve ser maior ou igual a um quarto da bitola da armadura longitudinal, portanto t ≥

22 / 4 = 5,5 mm, portanto t = 6,3 mm. O espaçamento dos estribos vale 12 = 12x2,2
= 26,4 cm > 25 cm (menor dimensão do pilar). O espaçamento deve ser então, 25
cm.
A taxa geométrica de armadura é s = 8x3,801 / (25x50) = 0,024 = 2,4% < 8%

Figura 12.25 - Detalhamento final para o exemplo 4

12.80
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

ÁBACOS

12.81
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do MONTOYA para FNC armaduras simétricas

12.82
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do MONTOYA para FNC armaduras simétricas

12.83
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Ábaco A-1 VENTURINI para FNC (armadura simétrica) para (d’/h) = 0,05
12.84
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Ábaco A-2 VENTURINI para FNC (armadura simétrica) para (d’/h) = 0,10
12.85
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco A-3 VENTURINI para FNC (armadura simétrica) para (d’/h) = 0,15
12.86
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
___________________________________________________________________________

Ábaco A-4 VENTURINI para FNC (armadura simétrica) para (d’/h) = 0,20
12.87
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco A-5 VENTURINI para FNC (armadura simétrica) para (d’/h) = 0,25
12.88
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do VENTURINI para FOC com 8 barras

12.89
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do VENTURINI para FOC com 8 barras

12.90
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do VENTURINI para FOC com 12 barras

12.91
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Pilares
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Ábaco do VENTURINI para FOC com 12 barras

12.92
CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 13

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

INSTABILIDADE NA FLEXÃO NORMAL COMPOSTA


____________________________________________________________________________

13.1 – Tipos de equilíbrio

Segundo a mecânica dos corpos indeformáveis, o equilíbrio de uma estrutura ou


elemento estrutural isolado acontece quando a resultante das ações (ativas e reativas)
e a resultante dos momentos que atuam sobre o mesmo são nulas. De uma forma
simples as condições acima são satisfeitas nos três casos da figura 13.1, parte supe-
rior, sendo a reação R igual ao peso P do cone.

Figura 13.1 – Tipos de equilíbrio (adaptada de Rachid, Mori - 1989)


Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A figura 13.1 mostra de forma simplificada que, embora teoricamente possível,


o equilíbrio nos três casos é intuitivamente diferente. O cone apoiado pela base, figura
13.1(a), representa um equilíbrio estável. Uma rotação desse cone para qualquer lado,
parte inferior da figura 13.1(a), produz um momento estabilizante, fazendo sempre o
cone retornar a sua posição inicial de equilíbrio estável.

Para a situação retratada na figura 13.1(b), de equilíbrio instável, qualquer mo-


vimento do cone apoiado pelo vértice o momento resultante será sempre desestabili-
zante, ou seja, o cone não retornará a sua posição inicial. Já na situação do cone apoi-
ado por uma geratriz, um deslocamento dado indiferentemente em qualquer direção,
conduzirá a uma situação semelhante à posição inicial retratando pois, um equilíbrio
indiferente.

13.2 – Barra rígida, axialmente comprimida, com vinculação elástica (desloca-


mentos aproximados)

Uma situação tão simples quanto à apresentada na figura 13.1, pode ser dado
para uma barra rígida com vinculação elástica, axialmente comprimida, com os deslo-
camentos calculados de forma aproximada (sen ≈ ), conforme figura 13.2. Na figura
13.2 à esquerda, o modelo da barra rígida comprimida axialmente está na sua posição
inicial de equilíbrio, ou seja, são nulos o deslocamento horizontal da mola em B e a
rotação  da rótula em A (a mola é equivalente à rigidez à flexão da barra).

Na figura 13.2 centro, a barra está deslocada apresentando uma rotação  em

A e um deslocamento horizontal em B igual a Δ = sen ≈ . A mola de constante


linear K, distendida de um comprimento Δ, produz uma força de intensidade F = K Δ =

K. Essa força será equilibrada por uma reação em A, de mesmo valor, gerando um
binário estabilizante igual a:

MEstab = F  = (K) = K2 (13.1)

13.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Esse momento tende voltar a barra deslocada para sua posição inicial de equi-
líbrio, de forma análoga, ao que acontece com a energia de deformação acumulada no
deslocamento elástico de uma barra. Cessada a ação, esta energia acumulada é res-
ponsável pelo retorno da barra à sua posição indeformada.

Figura 13.2 –Barra rígida com vinculação elástica (modelo com aproximações)
Adaptada de Rachid, Mori (1989)

O momento desestabilizante será dado pela força de compressão P, aplicada

em B, multiplicada pelo deslocamento Δ = sen ≈  resultando:

MDesestab = P Δ = P (13.2)

Os tipos de equilíbrio nesse modelo simples são definidos comparando-se o mo-


mento estabilizante com o desestabilizante, da seguinte forma:

P < K2 EQUILÍBRIO ESTÁVEL

P > K2 EQUILÍBRIO INSTÁVEL (13.3)

P = K2 EQUILÍBRIO INDIFERENTE

13.3
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Aumentando-se a carga P na primeira das equações (13.3), chega-se ao valor


da carga que iguala o momento desestabilizante ao estabilizante, terceira equação de
(13.3). A partir dessa carga o equilíbrio que era estável passa a ser instável. A carga
responsável pela mudança de equilíbrio é denominada carga crítica e o seu valor nesse
caso, com deslocamentos aproximados, é dado por:

Pcrit = K2  Pcrit = K    (13.4)

O valor da carga crítica em (13.4) independe do ângulo , ou seja, a carga crítica


para barra com vinculação elástica axialmente comprimida, com deslocamentos calcu-
lados de forma aproximada, atinge este valor para um ângulo  indeterminado. Essa
situação está ilustrada no gráfico da direita da figura 13.2. Para uma carga P menor
que a carga crítica a forma de equilíbrio estável é a configuração reta sem rotação.
Quando P atinge o valor Pcrit. ocorre a bifurcação do equilíbrio. Para P > Pcrit, a confi-
guração estável é a deformada, independentemente do valor do ângulo .

13.3 – Barra rígida, axialmente comprimida, com vinculação elástica (desloca-


mentos sem aproximações)

Reestudando o modelo anterior com os deslocamentos calculados sem aproxi-


mação, ou seja, ≠ sen, obtém-se o modelo mostrado na figura 13.3 onde de forma
análoga haverá a mudança de equilíbrio quando:

MEstab = MDesestab  Psen = (Ksen) (cos)

P sen = Ksen cos (13.5)

Analisando a equação (13.5) tem-se: P/  = 0 Equação (13.5) é uma identidade

P/  ≠ 0 P = K cos (13.6)

13.4
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.3 –Barra rígida com vinculação elástica (modelo sem aproximações)
Adaptada de Rachid, Mori (1989)

A equação (13.6) fornece a carga axial P que torna possível o equilíbrio em qual-
quer posição deslocada definida pelo ângulo . Para a situação limite em que o ângulo

 tende a “zero”, obtém-se:

Quando   0 P = Pcrit = K  (13.7)

Conforme as equações (13.6) e (13.7) o gráfico da figura 13.3 mostra que a barra
continua na posição vertical de equilíbrio estável, até se atingir a carga crítica. Nesta
situação haverá a bifurcação do estado de equilíbrio e a partir daí o equilíbrio só será
possível para uma carga P, definida para cada ângulo , que agora não é mais inde-
terminado.

13.5
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.4 – Barra rígida, excentricamente comprimida, com vinculação elástica

A figura 13.4 mostra os mesmos modelos anteriores, com os deslocamentos


calculados de forma aproximada e sem aproximações, para uma barra com vinculação
elástica, submetida a uma força de compressão excêntrica.

Figura 13.4 –Barra rígida com compressão excêntrica


Adaptada de Rachid, Mori (1989)

Para o modelo com deslocamentos calculados de forma aproximada, figura 13.4


(centro), o momento desestabilizante iguala-se ao estabilizante quando:

P( + a) = (K)

Pa

K  P
2

(13.8)

K 2
P
 a

13.6
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Para o modelo sem aproximações esta igualdade ocorre quando:

P( + acos) = (Ksen)(cos)

Ksen
P (13.9)
a
tg

Tanto na equação simplificada (13.8) quanto na exata (13.9) o ângulo  é deter-


minado mesmo para valores da carga P menores que a carga crítica.

Pela primeira das equações (13.8) quando a carga P atinge o valor crítico P =

Pcrit = K, o ângulo  tende para mais infinito, assim como na segunda equação (13.8)

quando  = - (a / ), a carga P tende para menos infinito. Fisicamente o ângulo  = - (a

/ ), significa que a linha de ação da carga P passa pela rótula da base da barra rígida,
ponto A da figura 13.4, situação semelhante ao mesmo modelo aproximado com carga
axial.

Pela equação 13.9 a carga P tende para menos infinito quando o ângulo  tende

para o arco cuja tangente vale - (a / ). Este ângulo tem o mesmo significado físico do

ângulo  = - (a / ) encontrado para o modelo aproximado, carga excêntrica.

A figura 13.5 mostra os gráficos (P -) para as duas situações descritas acima.

13.7
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.5 – Gráficos para barra rígida com compressão excêntrica


Adaptada de Rachid, Mori (1989)

13.5 – Equação da linha elástica

Os modelos simples apresentados acima, considerando-se uma barra rígida


(indeformável), presa a uma mola para simular sua elasticidade real, servem para
mostrar como seria o comportamento de barras elásticas reais, dentro de certos limi-
tes, sob a ação de cargas axiais de compressão.

Considere duas seções transversais inicialmente planas, indeformadas e sepa-


radas de uma distância infinitesimal dx, em uma barra (viga) deformável submetida a
um momento fletor M, como mostrado na figura 13.6. Após a deformação produzida
pela flexão, estas duas seções se mantém planas apresentando um ângulo entre elas
igual a d. Os planos dessas seções deformadas se cruzam a uma distancia r (raio
de curvatura da viga) a partir do eixo longitudinal (eixo x) da viga. Para um ponto de
ordenada y a distancia entre as duas seções deformadas passa de dx para d’x.

13.8
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.6 – Viga genérica submetida à flexão

A diferença entre esses dois valores (x), é dada por:

x = d’x - dx = (r - y)d - rd = - yd

A deformação longitudinal, x, dos pontos situados a essa distância y da LN,


que na flexão simples contém o centro geométrico CG, é dada por:

13.9
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Δx  yd y 1 ε
εx      x (13.10)
dx rd r r y

A grandeza (1/r), inverso do raio de curvatura, é denominada curvatura da


viga, na seção considerada.

Pela figura 13.6 a distancia horizontal dx é obtida aproximadamente como o


comprimento do arco de raio r e ângulo d. Isto se justifica para um ângulo infinitesi-

mal d.

dy d d 2y 1
rd  dx     (13.11)
dx dx dx 2 r

Onde o ângulo  = (dy / dx) representa a rotação da seção transversal, que é


obtida da primeira derivada da equação da linha elástica y.

De (13.10) e (13.11) obtém-se:

1 d2y ε
 2  x (13.12)
r dx y

Para materiais elásticos com o módulo de elasticidade longitudinal do material E


(ou módulo de Young) conhecido, a deformação longitudinal x é obtida pela lei de
Hooke:
σx
εx  (13.13)
E

As tensões normais σx devidas à flexão em vigas é obtida da clássica equação


da Resistência dos Materiais:

M
σx  y (13.14)
I

13.10
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Onde I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo z que


passa pelo seu centro geométrico CG. Deve-se salientar que a viga em questão está
contida no plano xy.

De (13.13) e (13.14) obtém-se:

M
εx  Y (13.15)
EI

Levando-se a equação (13.15) na equação (13.12) tem-se:

d2y M 1 ε
-   - x (13.16)
dx 2 EI r Y

A equação (13.16) é a equação diferencial clássica da linha elástica de uma


viga escrita em termo dos esforços, no caso o momento fletor M. Derivando-se duas
vezes a equação (13.16) em relação a x obtém-se a equação diferencial da linha elás-
tica em termos da carga p, distribuída na viga:

d4y p
4
 (13.17)
dx EI

A equação (13.17) pode ser obtida da equação clássica de quarta ordem (Kirch-
hoff) para placas, equação (3.1), onde o deslocamento transversal da placa w é equi-
valente ao deslocamento vertical da viga y, as derivadas em y são nulas e neste caso
a rigidez da placa D é igual à rigidez da viga à flexão, EI.

Para seções em concreto armado submetidas à flexão, a curvatura expressa


na equação (13.10) pode ser escrita em termos da deformação da fibra mais compri-
mida do concreto (c,max) e da deformação da armadura de tração (s). As distâncias

13.11
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

em que estas deformações ocorrem são respectivamente X (positivo) e (d-X) (nega-


tivo), onde X é a profundidade da linha neutra e d é a altura útil da seção transversal.
Assim:

1 ε ε εs ε c, max  ε s
    c, max    (13.18)
r y X  d - X  d

Em (13.18) a deformação no concreto é negativa, encurtamento, para uma or-


denada y = X positiva, coerente com a equação (13.12). Para a deformação positiva
na armadura tracionada, alongamento, a ordenada é negativa (para baixo), y = - (d -
X), também coerente com (13.12). Portanto a curvatura em (13.18) deve ser avaliada
com as deformações com seus valores absolutos.

Na equação (13.16), a curvatura (1/r) é aproximada. O valor exato da curvatura


é dado por:

d 2y
1
 dx 2  
M
(13.19)
r  2 32
 dy  
EI
1    
  dx  

Quando a primeira derivada é pequena, o seu valor ao quadrado pode ser des-
prezado em relação à unidade, ficando a equação (13.19) igual a equação (13.16). A
equação (13.19) é a equação diferencial exata da linha elástica para vigas.

Para uma viga-coluna (barra submetida simultaneamente a ações externas axial


e de flexão) como apresentado na figura 13.7, onde a barra está sob a ação de uma
carga de compressão excêntrica, pode-se, de acordo com a NBR 6118:2014, assumir
que a sua deformada seja senoidal:

π
y  a sen x (13.20)

13.12
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A equação (13.20) se anula quando x = 0 e x = , passando pelo seu valor

máximo a, quando x =  / 2 (figura 13.7).

Derivando-se duas vezes a equação (13.20) conforme (13.12), obtém-se:

Figura 13.7 – Viga-coluna com carga excêntrica e deformada senoidal

2 2
1 d 2y π π π
 2   a   sen x     y (13.21)
r dx   

A partir da equação (13.21) nota-se que a deformada y, quando se assume va-


riação senoidal, é uma função linear da curvatura (1/r), ou seja:

2
 1 1
y    K (13.22)
π r r

13.13
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O momento externo em uma seção qualquer da coluna é constituído de uma


parcela de primeira ordem, devido à excentricidade inicial e1, e uma parcela de segunda
ordem, devida a deformação da coluna y = e2, no ponto considerado.

2
 1
M ext  Pe1  y   Pe1  P   (13.23)
π r

A primeira parcela da direita de (13.23) é o momento externo de primeira ordem


e a segunda é o momento de segunda ordem. O valor de e2 é dado por:

22 2
 1  1  1
e2     2  (13.24)
 π  r π r 10 r

Para a seção do meio da viga tem-se a máxima parcela do momento de segunda

ordem, onde y = e2 = a e a curvatura (1/r) é a da seção x =  /2.

Para uma coluna rotulada, conforme figura 13.7, o comprimento de flambagem

e é igual ao comprimento  da coluna. Desta forma e2 em (13.24) assume o mesmo


valor estabelecido na NBR 6118:2014, item 15.8.3.3.2, para determinação dos esforços
locais de segunda ordem, feito pelo método aproximado do pilar-padrão com curvatura
aproximada.

13.6 – Carga crítica em viga-coluna

Seja uma viga-coluna rotulada nas extremidades, submentida a um carrega-


mento w(x) transversal ao seu eixo e uma carga axial de compressão P. A equação
diferencial para a deformada desta viga, escrita em termos dos esforços é dada por:

d2y M
 , com M = Mw + Py (13.25)
dx 2 EI

13.14
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Onde M é o momento fletor em uma seção transversal genérica de abscissa x,


formado por uma parcela de primeira ordem (viga na posição indeformada) proveniente
do carregamento w (Mw), acrescida de uma parcela de segunda ordem (viga na posição
deformada), correspondente ao momento produzido pela carga P com a flecha y da
seção (ver figura 13.8). EI é a rigidez á flexão da seção de abscissa x.

Figura 13.8 – Carregamento transversal e axial em uma viga genérica

Quando o carregamento transversal é nulo, o momento de primeira ordem pro-


duzido pela carga w é nulo, Mw = 0, transformando a equação diferencial (13.25) para
a viga genérica da figura 13.8 em:

d2y Py
2
 0 (13.26)
dx EI

Derivando-se duas vezes a equação (13.26) resulta:

d4y P d2y d 2m
4
 0   K 2m  0 (13.27)
dx EI dx 2 dx 2

Onde:

d2y
m (13.28)
dx 2

13.15
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P P
K2   K (13.29)
EI EI

A solução para a equação diferencial de segunda ordem em (13.27) é do tipo:

d2y P P
m 2
 AsenKx  BcosKx  Asen x  Bcos x (13.30)
dx EI EI

Integrando-se duas vezes a equação (13.30) chega-se à equação da deformada


da viga-coluna dada por:

P P
y  C1sen x  C 2cos x  C 3 x  C4 (13.31)
EI EI

Aplicando-se quatro condições de contorno determinam-se as constantes da


equação (13.31):

x=0  y=0  0 = C2 + C4

x = 0  (d2y/dx2) = 0  0 = -C2(P/EI)  C2 = 0  C4 = 0

P
x=  y=0  0  C1sen   C3 
EI

P P
x =   (d2y/dx2) = 0  0  C1 sen 
EI EI

Se C1 = 0 implica em C3 = 0, a solução do problema será, portanto a trivial, uma


vez que C2 = C4 = 0. Para evitar a solução trivial, ou seja, C1 ≠ 0, deve-se fazer:

P P n 2 π2EI
sen  0    nπ  Pcrit  2
(13.32)
EI EI 

13.16
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Na equação (13.32) quando n = 1, tem-se a carga crítica de Euler :

π2EI
Pe  (13.33)
2

De uma maneira geral para colunas com diferentes condições de contorno, tem-
se:

π 2EI
Pe  (13.34)
 2e

Onde e é o comprimento de flambagem da coluna, conforme figura (13.9).

Figura 13.9 – Comprimentos de flambagem em colunas

13.17
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13.7 – Instabilidade

13.7.1 – Instabilidade na compressão axial. Flambagem

Para barras retas axialmente comprimidas verifica-se experimentalmente que


o crescente aumento da carga pode produzir um estado limite em que a forma reta
inicial de equilíbrio seja instável, passando a partir da ação de cargas superiores a
essa, a uma configuração fletida estável. Essa carga responsável pela mudança da
forma estável de equilíbrio, de reta para fletida, é a carga crítica Pcrit, ou a carga de
Euler (Pe = Ne).

Considerando o regime elástico e a expressão exata da curvatura, para cargas


P > Pcrit a forma estável de equilíbrio é a forma fletida (ver figura 13.10). Neste caso,
a mudança da forma de equilíbrio corresponde a um comportamento simétrico e es-
tável. Simétrico porque não importa para qual lado ocorra o deslocamento, em qual-
quer situação a configuração secundária (fletida) de equilíbrio é estável.

O fenômeno da instabilidade para barras retas axialmente comprimidas pode


ser caracterizado pela presença do ponto de bifurcação do equilíbrio, no diagrama que
relaciona a carga axial P aplicada e a flecha máxima lateral a, da barra. Esse ponto é
mostrado na figura 13.10 nos diagramas (P, a) para as curvaturas exata e aproximada.
Quando se emprega a expressão exata da curvatura, equação (13.19), em princípio
pode-se determinar as flechas para cargas superiores à carga crítica, segundo Fusco
(1981). Além disto, neste caso, mantendo-se o regime elástico são possíveis duas
diferentes configurações estáveis de equilíbrio, a reta e a fletida.

Quando se emprega a equação aproximada da curvatura, equação (13.16),


pode-se determinar o valor da carga crítica embora as flechas da configuração fletida,
sejam indeterminadas. Essa carga crítica já foi determinada para colunas com diferen-
tes condições de contorno, as quais conforme a figura (13.9), definem os valores dos

comprimentos de flambagem e.

13.18
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A coluna mostrada na figura 13.10 tem o comprimento de flambagem e = 2, e


comporta como se fosse uma das metades da coluna da figura 13.7. Assim, cortando-
se esta coluna da figura 13.7 ao meio, no ponto onde a flecha vale a, e considerando-
a engastada neste ponto, tem-se o mesmo comportamento da coluna da figura 13.10.
Esse, aliás, é o procedimento usado na NBR 6118:2014, item 15.8.3.3.2, para determi-
nação dos esforços locais de segunda ordem, usando-se o método aproximado do pi-
lar-padrão com curvatura aproximada.

Figura 13.10 – Instabilidade na compressão axial, adaptada de Fusco (1981)

Para materiais estruturais como o concreto e o aço, o estado limite correspon-


dente ao fenômeno da flambagem deve ser considerado um estado limite último, como
o definido no item 10.3 da NBR 6118:2014, referente ao esgotamento da capacidade
resistente da estrutura no seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda
ordem. A flecha que ocorre para pequenos acréscimos da carga crítica é da mesma

13.19
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

ordem de grandeza do comprimento da coluna, a qual de fato romperá por flexão com-
posta. Esta é a situação ilustrada na figura 13.10, para o diagrama obtido com a equa-
ção exata da curvatura. Um acréscimo de 5% na carga crítica corresponde uma flecha
máxima da ordem de 40% do comprimento da coluna.

A equação (13.34) da carga crítica de Euler só é válida enquanto a tensão crítica


(σcrit), produzida por essa carga, for inferior ao limite de proporcionalidade (f0) do ma-
terial.

Pe  Pcrit π 2EI π 2Ei 2 π 2E π 2E π 2E


σcrit       σcrit   f0
A A2e  2e  e 
2
λ 2 λ 2
 
 i 
 
(13.35)
Onde:

I
i (13.36)
A

é o raio de giração da seção transversal e:

e
λ (13.37)
i

é índice de esbeltez da coluna analisada.

De (13.35) a (13.37) pode-se concluir que, para um mesmo comprimento de


flambagem, quanto menor o raio de giração, maior o índice de esbeltez e, portanto
menor o valor da carga além da qual se tem a flambagem elástica.

Pela equação (13.35) nota-se que a variação da tensão crítica com o índice de
esbeltez da coluna se dá de acordo uma hipérbole, conhecida como curva de flamba-
gem elástica ou hipérbole de Euler (ver figura 13.11).

13.20
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.11 – Curva de flambagem


(Adaptada de Fusco -1981)

Para a situação em que se tem σcrit. = σ0, limite de proporcionalidade do material,


o valor do índice de esbeltez atinge o seu limite mínimo, ou seja:

π 2E
σ crit.  σ 0  λ  λ lim  (13.38)
σ0

Para valores de λ maiores que λlim tem-se a curva de flambagem elástica (hi-
pérbole de Euler). Quando são menores, ocorre a flambagem inelástica que depende
das propriedades físicas e geométricas da coluna (ver figura 13.11). Neste caso pode-
se ainda empregar a equação (13.34) para calcular a carga crítica desde que se subs-
titua o módulo de elasticidade E, pelo módulo tangente.

Deve-se salientar que o fenômeno da instabilidade das barras axialmente com-


primidas pode ocorrer tanto com tensões menores quanto com tensões maiores que
o valor σ0 de proporcionalidade, sem que isto altere a natureza do fenômeno, que é o
da mudança da forma de equilíbrio.

13.21
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Entretanto, quando não existe mais o comportamento elástico linear do mate-


rial, segundo Fusco (1981), apud Ratzersdorfer (1954,1955,1958), é possível provar
que a mudança da forma de equilíbrio pode corresponder a um comportamento simé-
trico instável (ver figura 13.12). Para cargas maiores que a carga crítica Pcrit a forma
reta de equilíbrio é instável e a fletida é impossível.

Figura 13.12 – Flambagem além do limite de proporcionalidade P0


(Adaptada de Fusco -1981)

Na situação ilustrada na figura 13.12, por menor que seja o acréscimo da carga
em relação ao Pcrit, será atingido efetivamente um estado limite último ou de ruína,
pois a barra passaria à forma curva de equilíbrio impossível.

13.7.2 – Estabilidade da configuração fletida de equilíbrio

Considere a possibilidade da existência de uma configuração de equilíbrio fle-


tida e estável, para barras axialmente comprimidas e admita-se que após a flambagem
a linha elástica seja senoidal, conforme já visto anteriormente na equação (13.20) e
ilustrada na figura 13.7. A única diferença aqui é que a deformada da barra é para
comportamento pós-crítico e carga de compressão sem excentricidade.

13.22
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Quando se assume variação senoidal para a linha elástica e a expressão sim-


plificada da curvatura, conforme já mostrado na equação (13.22), a deformada é uma
função linear da curvatura.

Adotando-se a equação exata da curvatura, equação (13.19), e variação senoi-


dal como acima, obtém-se neste caso para a curvatura, a seguinte expressão:

2
d 2y π π
 a  sen x
1
 dx 2   
(13.39)
r  32 32
2  2 
 dy  2 π  2 π
1     1  a   cos x
  dx      

Onde:

π 2 π y 2 y 2  a2
cos x  1  sen x  1  2 
2
(13.40)
  a a2

E finalmente:
2
π
  y
1
  (13.41)
r  32

 
2
π
1    a 2  y 2 
    

De (13.41) vê-se que a linha elástica não é mais função linear da curvatura,
quando se usa a equação exata.

Considere ainda que uma carga de compressão, maior que a crítica, seja apli-
cada progressivamente produzindo a cada acréscimo de carga, um aumento corres-
pondente das flechas e consequentemente dos momentos fletores externos. O mo-
mento é considerado externo porque é produzido pela carga externa solicitante e pelo
braço de alavanca y, deformada da coluna no ponto considerado:

Mext = P y cujo valor máximo vale: Mext,max = P a (13.42)

13.23
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Para cada configuração da linha elástica ocorre uma determinada distribuição


de momentos fletores internos, ou resistentes, cujos valores dependem da curvatura
em cada seção da barra. Em uma seção qualquer:

Mint = (1 / r) EI cujo valor máximo vale: Mint,max = (1 / r)x=/2 EI (13.43)

Esses momentos são considerados internos ou resistentes, porque são obtidos


pelo produto da rigidez à flexão da barra EI pela curvatura (1/r) da seção considerada.

Se a cada aumento do momento externo corresponder um aumento do mo-


mento interno, de tal forma que a condição de equilíbrio expressa em (13.44) seja
atendida, o equilíbrio será estável.

Mext = Mint (13.44)

Para que o equilíbrio possa realmente existir, é necessário que as curvas


correspondentes ao momento externo Mext e ao momento interno Mint, da barra anali-
sada, se cruzem e que as tensões desenvolvidas nesse ponto não superem a sua
capacidade resistente, provocando a ruptura do material.

13.7.2.1 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Simplificada

Quando se usa deformada senoidal (equação 13.20) e a curvatura de forma


simplificada (equação 13.16), tanto a equação 13.22 das flechas [y = K(1/r)] quanto
as equações do momento interno [eq. 13.43, Mint = EI(1/r)] e externo [eq. 13.42, Mext
= Py = pK(1/r)], são funções lineares da curvatura (1/r) e passam pela origem do grá-
fico (momento - curvatura), como mostrado na figura 13.13. Desta forma, como não
é possível o cruzamento das funções Mint e Mext torna-se injustificável a estabilidade
da forma fletida de equilíbrio.

Da condição de equilíbrio, equação (13.44), a partir de (13.22) e (13.42), pode-


se escrever:

13.24
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___________________________________________________________________________

Figura 13.13 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Simplificada


(Adaptada de Fusco -1981)

1   π 2  π 2EI
M int  Mext  EI  P y  EI     y  P y  Pcrit  2 (13.45)
r      

Obtém-se de (13.45) a mesma expressão para a carga crítica de Euler, (eq.


13.33). Embora o uso da equação simplificada permita calcular o valor da carga crítica,
as flechas para valores superiores a ela, são indeterminadas.

13.7.2.2 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Exata

Quando se usa a equação exata da curvatura (13.19), o momento interno


(13.43) continua sendo uma função linear da curvatura. Para o momento externo
(13.42) a expressão de y deve ser obtida em função da curvatura conforme (13.41),
não sendo mais uma função linear.

Conforme mostrado na figura 13.14, como a função do momento interno Mint é


linear, regime elástico, ela sempre cruzará as funções 1,2 e 3 dos momentos externos

13.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Mext em um ponto correspondente à configuração estável de equilíbrio. Portanto en-


quanto persistir o regime elástico a estabilidade do equilíbrio é garantida. A função 1
corresponde à forma reta estável, quando a carga P é menor que a carga crítica
Pcrit. A função 2, para uma carga P maior que Pcrit, cruza a função momento interno
em um ponto em que não há a ruptura do material. Aumentando-se ainda mais a carga
além da crítica, chega-se na situação mostrada na função 3, em que embora possível,
o equilíbrio real não ocorre devido à ruptura do material.

Figura 13.14 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Exata


(Adaptada de Fusco -1981)

13.7.2.3 – Compressão Centrada - Regime Anelástico - Equação Exata

A figura 13.15 mostra essa situação em que todas as funções não são mais
lineares. Para que haja o equilíbrio as funções momento interno e externo devem se
cruzar, o que acontece nas funções Mext 1, 2 e 3. O equilíbrio não é possível na função
4, porque ela é divergente da função momento interno. Na função 1, a carga aplicada
é menor que a crítica e nas funções 2 e 3 ela é maior. Embora possíveis nestas duas

13.26
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

últimas, o equilíbrio só é atingido realmente na função 2, porque na 3 o ponto de con-


vergência ocorre além da capacidade resistente do material.

Nas curvas 2 e 3 a mudança de equilíbrio corresponde à um comportamento


simétrico e estável, já na curva 4 a um simétrico instável.

Figura 13.15 – Compressão Centrada - Regime Anelástico - Equação Exata


(Adaptada de Fusco -1981)

13.7.3 – Flexão Composta de Barras Esbeltas - Regime Elástico

Considerando-se a flexo-compressão, as flechas podem ser calculadas pela


equação diferencial simplificada (13.16) onde o momento fletor M tem duas parcelas.
Uma de primeira ordem, devido à excentricidade inicial e1, e outra de segunda ordem
devido à deflexão y da barra (figura 13.16).

d 2y M Pe1  y  d 2y P P
    y   e1
dx 2 EI EI dx 2 EI EI

13.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

d 2y P
2
 K 2 y  K 2e1 com K (13.46)
dx EI

Figura 13.16 – Flexão Composta em Barras Esbeltas - Regime Elástico


(Adaptada de Fusco -1981)

A equação diferencial (13.46) por ter segundo membro diferente de zero, per-
mite que se calculem as flechas mesmo para a equação aproximada da linha elástica.
No entanto não existe o ponto de bifurcação do equilíbrio, conforme figura 13.10 da
carga axial de compressão, corespondente à carga crítica de Euler (13.33). Isto leva
à falsa ideia de que essa carga crítica tenha algum significado físico na flexão com-
posta. De fato, pelo gráfico da curvatura aproximada na figura 13.16 o resultado dado

13.28
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

pelo limite (13.47) não tem significado físico real, como se comprova pelo gráfico da
curvatura exata.

lim P Pcrit a   (13.47)

Desse modo conclui-se que enquanto o material permanecer no regime elástico


não existe problema de instabilidade na flexão composta. Essa mesma conclusão será
reforçada quando se analisar, no próximo item, a estabilidade da configuração fletida
das barras submetidas à flexão composta.

13.7.4 – Instabilidade na Flexão Composta

Seja agora a configuração fletida na flexão composta e admita-se, por simplici-


dade, linha elástica senoidal e curvatura aproximada, coforme já mostrado na figura
13.7. Com essas hipóteses o momento externo é uma função linear da curvatura (1/r),
conforme equação (13.22).

O momento externo tem duas parcelas, uma de primeira ordem, devida ao mo-
mento inicialmente aplicado e uma de segunda ordem, devida à configuração defor-
mada na flexão composta. Assim, de (13.22), pode-se escrever:

   2 1  
2
 Pe1  y   Pe1  P      Pe1  Pk  y  k  k   
1 1
Mext (13.48)
  π  r  r r π

Para o regime elástico o momento interno Mint = EI (1/r) é uma reta que passa
pela origem e tem coeficiente angular EI, ver figura 13.17. Analisando a equação da
reta do momento externo (13.48) nota-se que o seu coeficiente angular em valor ab-
soluto vale (Pk) = P(/)2, que normalmente é menor que o coeficiente da reta do
momento interno (EI). Dessa forma as duas retas se cruzarão em um ponto corres-
pondente ao equilíbrio estável, realmente possível, desde que não seja superada a
tensão de ruptura do material.

13.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.17 – Flexão Compressão - Regime Elástico


(Adaptada de Fusco -1981)

A reta do momento externo passa a não cruzar com a do momento interno


quando a inclinação da primeira se iguala ao da segunda. Neste caso têm-se as duas
retas paralelas, ou seja, com os mesmos coeficientes angulares:

2
 π 2EI
EI  P   P  P  Pe  Pcrit
π 2
(13.49)

A equação (13.49) é a mesma da carga crítica de Euler obtida anteriormente


para colunas axialmente comprimidas, equação (13.34).

Analisando a figura 13.17 notam-se duas retas para momentos externos, uma
devida à carga Pa e excentricidade e1a, e outra devida à carga Pb e excentricidade
e1b, com e1a < e1b. Se as cargas Pa = Pb = P, as retas dos momentos externos serão
paralelas. Para momento externo nulo obtém-se:
13.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Mext  Pe1  y   Pe1  Pk


1 1 e
0   1 (13.50)
r r k

Dessa forma os prolongamentos das retas Maext e Mbext interceptam o eixo das
abscissas (1/r) em -(e1a/k) e -(e1b/k), respectivamente. Da mesma forma, para (1/r) =
0, os momentos externos são dados por Maext = Pae1a e Mbext = Pbe1b.

As retas dos momentos externos cortam a reta do momento interno em pontos


de equilíbrio estável. Nesses pontos, conforme equação (13.48), de y = k (1/r) obtém-
se a curvatura (1/r) = (y/k).

Do visto acima, enquanto perdurar o regime elástico (σmax < σ0) sempre haverá
uma configuração de equilíbrio estável. No entanto se a tensão ultrapassar o limite de
proporcionalidade o diagrama de momento interno passará a ser curvo, surgindo um
novo fenômeno de instabilidade, ilustrado na figura 13.18.

Figura 13.18 – Instabilidade na Flexo-Compressão


(Adaptada de Fusco -1981)

13.31
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nessa figura, o fenômeno da instabilidade na flexão composta é caracterizado


por uma carga P = Pcrit, para a qual a reta do momento externo tangencia a curva do
momento interno. Para cargas menores que essa haverá equilíbrio estável e para car-
gas maiores, o equilíbrio será impossível.

Observando-se as figuras 13.17 e 13.18 nota-se que a utilização da equação


exata da curvatura ou uma linha elástica não senoidal não altera os resultados anteri-
ores. De fato, abandonando-se as simplificações adotadas, a expressão do momento
externo deixa de ser linear em função da curvatura. Isto não altera o fato de sempre
existir o equilíbrio estável enquanto o momento interno for uma função linear da cur-
vatura. Somente a não linearidade da função momento interno permitirá o apareci-
mento do ponto de tangência com a função momento externo, seja esse último uma
função linear ou não.

Conforme mostrado na figura 13.19, o fenômeno da instabilidade na flexão


composta é caracterizado quando, para uma determinada excentricidade inicial de
primeira ordem e1, existe um valor máximo da carga (P = Pcrit) além da qual o equilíbrio
é impossível. Consequentemente, fixando o valor da carga de compressão P = P1
existe uma excentricidade máxima e1,crit, indicada na figura 13.19, de tal forma que
para e1 > e1,crit o equilíbrio é impossível e para e1 < e1,crit o equilíbrio é estável.

Na figura 13.20 os gráficos (momento)x(deslocamento) (Mint,ext)x[y = K(1/r)]


mostram o fenômeno de instabilidade em função do momento de 1a ordem. No gráfico
da esquerda, a ruptura do material ocorre antes do momento interno crítico, caracte-
rizado no gráfico da direita por um ponto de momento máximo absoluto (derivada nula
da curva momento). Tem-se no primeiro caso um estado limite último de ruína, carac-
terizado pela ruptura do material e no segundo um estado limite último de instabili-
dade.

Do ponto de vista prático a segurança contra o estado limite último de instabili-


dade na flexão composta será garantida quando o momento externo solicitante de

13.32
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___________________________________________________________________________

cálculo de primeira ordem MS1,d, for menor ou igual ao momento crítico de primeira
ordem M1,crit, ou seja, MS1,d ≤ M1,crit.

Figura 13.19 – Excentricidade Crítica de 1a Ordem


(Adaptada de Fusco -1981)

Figura 13.20 – Estados Limites Últimos na Flexo-Compressão


(Adaptada de Fusco - 1981)

13.33
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13.7.5 – Deformações na Flexo-Compressão

O diagrama momento-curvatura (M-1/r) para materiais no regime elástico,  =

E, já foi desenvolvido anteriormente considerando-se a curvatura de forma aproxi-


mada, equação (13.16), ou a exata, equação (13.19). Enquanto persistir o regime
elástico a função momento interno, Mint = EI(1/r), será sempre linear. A função mo-
mento externo, Mext = Py, só será linear quando se usar a equação aproximada da
curvatura. Dentro do regime de elasticidade linear o cálculo das flechas pode ser feito
tanto pela integração direta da equação da linha elástica quanto pela analogia de
Mohr.

Assim, quando o material não for elástico (anelástico) ou quando se usar a


equação exata da curvatura deve-se construir o diagrama (M-1/r), para obtenção das
deformações na flexo-compressão. Para o caso de material anelástico e usando-se a
curvatura aproximada, equação (13.16), não é possível determinar a linha elástica da
barra por integração direta dessa equação, porque a mesma só vale para materiais
elásticos. Uma alternativa para determinar a flecha de uma viga consiste em usar a
analogia de Mohr.

A partir do diagrama de momentos M da barra e conhecendo-se o diagrama


momento-curvatura (M-1/r) da seção considerada, determina-se o diagrama de cur-
vaturas (1/r) = (d2y) / (dx2). A equação que determina a curvatura é análoga à se-
guinte relação entre esforços solicitantes p = (dV / dx) = (d2M) / (dx2). Dessa forma
carregando-se ficticiamente a barra com pfict = (1/r), o momento fletor na seção con-
siderada da viga fictícia é a flecha procurada, Mfict = y.

Seja calcular a flecha máxima para uma viga biapoiada carregada com
uma carga P aplicada no meio do vão. Seja P0 a carga correspondente ao momento
M0, que desperta tensões máximas de compressão e tração iguais ao limite elástico do
material 0, conforme mostrado na parte esquerda da figura 13.21. Para uma carga P
≤ P0 a viga comporta elasticamente, podendo as flechas ser calculadas tanto pela inte-
gração direta da equação (13.16) ou pela analogia de Mohr. No caso esquerdo da figura
13.34
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___________________________________________________________________________

13.21 a flecha no meio do vão vai ser calculada pela analogia de Mohr. O diagrama de
momentos está mostrado e o diagrama de curvaturas é elástico linear, sendo obtido
dividindo-se o diagrama de M por EI (1/r = M/EI). Carregando-se a viga real com o
carregamento fictício pfic = 1/r = M/EI, o momento na seção do meio é a flecha procu-
rada. O momento fletor máximo no meio do vão para a viga carregada ficticiamente
vale:

P 2    P 2  1   P 3
M max,fic       y max (13.51)
16EI  2  16EI  3 2  48EI

A flecha máxima na viga biapoiada calculada com analogia de Mohr dá o mesmo


valor que a calculada pelas integrações da equação (13.16) A vantagem da analogia
de Mohr se explica não para o caso acima, mas para barras cujas tensões nos materiais
ultrapassaram o limite elástico, conforme a viga da direita na figura 13.21, carregada
com uma carga P = Pu, que implica em um momento no meio do vão, igual ao momento
último para a barra.

Como o momento supera o momento elástico M0, as deformações máximas úl-


timas nesse exemplo, são iguais ao dobro das elásticas 0 (ver figura 13.21). A partir

da deformação elástica0, o material considerado plastifica-se perfeitamente, apresen-


tando tensões constantes, tanto na compressão quanto na tração, iguais a tensão elás-
tica limite0. Dessa forma podem ser calculados os momento elástico M0, o momento
último Mu e o momento plástico Mp.

 σ  h  2 h  b h2
M 0  2 0  b    σ 0  σ 0ω 0 (13.52)
 2  2  3 2  6

Onde 0 = (bh2/6) é o módulo de resistência elástica à tração ou compressão


da seção transversal (retangular).

 σ  h  2 h   h  3h  11b h 2 11 b h 2 11
Mu  2 0  b    σ0  b    σ0  σ0  M0 (13.53)
 2  4  3 4   4 8  48 8 6 8

13.35
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Figura 13.21 - Analogia de Mohr para cálculo de flecha no regime anelástico


Adaptada de Fusco (1981)

13.36
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  h  h b h2
M p  2σ 0  b    σ 0  1,5 M 0 (13.54)
  2  4 4

Nos casos normais é recomendável discretizar a barra, dividindo-a em segmen-


tos menores e substituir o diagrama real das curvaturas por um diagrama linear apro-
ximado para as mesmas. O erro cometido será tão menor quanto maior for a discre-
tização.

13.7.6 – Diagrama momento fletor - força normal - curvatura (M, N, 1/r)

A curvatura de uma barra submetida à flexo-compressão depende da inclinação


da seção transversal deformada (considerando a hipótese das seções deformadas
permanecerem planas), conforme a equação aproximada da curvatura:

1 d 2y ε ε1  ε 0 ε 2  ε 0 ε1  ε 2 ε 0
      (13.55)
r dx 2 y y1 y2 h y0

Onde 0 e y0 são a deformação e a ordenada do centro geométrico (relativo à


linha neutra LN) da seção, respectivamente.

Observando-se essas deformações mostradas na figura 13.22, percebe-se que


a curvatura pode ser expressa em função da deformação 0 do centro geométrico.
Assim:
1 ε c  ε 0 ε si  ε 0 yc y
   εc  ε 0  e ε si  ε 0  si (13.56)
r yc y si r r

Pelas equações expressas em (13.56) nota-se que a deformação num ponto


qualquer, é função da deformação no centro geométrico 0, da curvatura (1/r) e da
ordenada do ponto y.

13.37
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___________________________________________________________________________

A partir das equações (13.56) e conhecidas as equações constitutivas (diagra-


mas -) dos materiais concreto e aço, as tensões c e si de qualquer ponto é dada
por funções F eG :

c = F (0, yc/r)
si = G (0, ysi/r)

Figura 13.22 - Curvatura na flexo-compressão - Adaptada de Fusco (1981)

Os esforços solicitantes na seção transversal são obtidos pela integração con-


veniente das tensões no concreto e no aço em toda a área. Assim:

nb
 y  nb
 y 
N  σcdAc   σsiAsi   F  ε0 , c dA c  G  ε0 , si Asi
 r 
Ac i 1 Ac i 1  r 

(13.57)
nb
 y  nb
 y 
M  σcycdAc   σsiysiAsi   F  ε0 , c y cdA c  G  ε0 , si y si Asi
 r 
Ac i 1 Ac i 1  r 

As expressões acima permitem a determinação dos esforços solicitantes N e M


na seção transversal em função da curvatura (1/r) e da deformação no seu centro

13.38
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___________________________________________________________________________

geométrico 0. Essa deformação pode ser determinada a partir das condições limites
de deformações para o concreto e para o aço. Assim:

y c1
ε c, max  ε 0,max   ε cu  3,5 0 00 para fck  50 MPa (grupo I)
r
(13.58)
y si,2
ε si,max  ε 0, max   ε su  10 0 00
r

Onde yc1 e si,2 são as ordenadas extremas correspondentes aos pontos mais
comprimido do concreto e mais tracionado das barras da armadura.

O processo para construção do diagrama (M, N, 1/r) é iterativo e o fluxograma


para o mesmo está mostrado na figura 13.23.

Figura 13.23 - Fluxograma para construção do diagrama (M, N, 1/r)


Adaptada de Fusco (1981)

13.39
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___________________________________________________________________________

O cálculo manual é extremamente trabalhoso optando-se pela utilização de ta-


belas ou ábacos, construídos para uma determinada seção retangular e para um ar-
ranjo de armadura, que forneça uma taxa mecânica 0 = (As fyd / Ac fcd), conforme a
figura 13.24. O ábaco dessa figura foi baseado nas tabelas do CEB, considerando
coeficiente de fluência  = 0, taxa mecânica 0 = 0,1, relação (d’/d) = 0,1 e aço com
fyd = 420 MPa.

Figura 13.24 - Diagrama (M, N, 1/r) - Figura 5.2.3-3 de Fusco (1981)

Nota-se nesse ábaco que, para uma dada curvatura, a tendência de cresci-
mento do momento (0) para um acréscimo de força normal (0) só se verifica para

valores de 0 até (0,5). A partir desse valor essa tendência se inverte.

13.40
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.7.7 – Cálculo da carga critica pelo método geral

Esse método é considerado geral por ser aplicado a qualquer tipo de estrutura,
podendo ser empregado no cálculo de barras com seção e carregamento variáveis ao
longo do comprimento. A carga crítica, por esse método, é determinada a partir das
deformações calculadas, considerando-se tanto a não-linearidade física dos materiais
quanto a não-linearidade geométrica da estrutura. Observa-se na aplicação do mé-
todo geral um trabalho material muito grande.

Inicialmente traça-se o diagrama carga-deslocamento da estrutura ou barra,


aplicando-se um carregamento incremental, escolhendo-se um parâmetro , que re-
presenta a parcela da carga aplicada, e um deslocamento de referência yref, apropri-
ado à verificação da estabilidade da configuração de equilíbrio (ver figura 13.25). O
conjunto é estável se a cada incremento de  corresponder um aumento do desloca-
mento de referência. A instabilidade do sistema ocorre quando a derivada da curva
carga-deslocamento é nula, ou seja, a curva passa por um máximo absoluto. Nessa
situação, representada na figura 13.25, atinge-se a carga crítica e o correspondente
valor crit.

Figura 13.25 - Fundamento do método geral - Adaptado de Fusco (1981)

13.41
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13.7.8 – Processo do carregamento progressivo proporcional

O processo do carregamento progressivo é o mesmo descrito acima. O


carregamento é proporcional porque em cada etapa a carga aplicada é proporcional
a uma parcela . Esse processo é exato devendo ser usado em peças de grande
esbeltez ou com seção variável ao longo do comprimento. O método será tão mais
preciso quanto menor for o incremento de carga aplicado. As etapas do processo são
as seguintes (ver figura 13.26):

a) - O carregamento é aplicado em incrementos Fi, partindo-se de zero e

aumentando-se todas as ações proporcionalmente ao mesmo parâmetro ;


b) - para cada etapa de carregamento calcula-se o deslocamento de referência
yref. Para o cálculo da flecha da etapa “n”, yn, correspondente ao carrega-
mento nF são considerados além do momento de 1a ordem devido a [(nF)
(e1)], o de 2a ordem produzido por [(nF) (yn-1)], onde yn-1 é a flecha da
etapa anterior;
c) - o carregamento crítico (critF) é aquele para o qual tende assintoticamente
a curva carga-deslocamento.

Pelas etapas acima nota-se que a aplicação do método exato depende apenas
da obtenção do deslocamento de referência yref.

Em barras retas isostáticas basta apenas conhecer os diagramas (M, N, 1/r) e


usar a analogia de Mohr. Em estruturas hiperestáticas em cada etapa de carrega-
mento a estrutura deverá ser resolvida, considerando-se simultaneamente a não-line-
aridade geométrica da estrutura e a não-linearidade física dos materiais.

Obs.: A figura 13.26 será a mesma para o processo das excentricidades progressivas
(item 13.7.9), adaptada para uma carga (F) constante e as excentricidades aplicadas
de forma incremental (e1).

13.42
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.26 - Processo do carregamento progressivo


- (Processo da excentricidade progressiva)
Adaptado de Fusco (1981)

13.43
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13.7.9 – Processo das excentricidades progressivas

No processo do carregamento progressivo a excentricidade de 1a ordem e1 é


mantida constante variando-se apenas a carga aplicada. Pode-se também determinar
a carga crítica mantendo-se a carga aplicada constante variando-se progressiva-
mente, apenas a excentricidade de 1a ordem, até um valor limite e1,crit.

Como no processo anterior, o cálculo é feito por etapas. Primeiramente aplica-


se uma excentricidade e1,1 = e1 e calcula-se a flecha de 1a ordem y1. Progressiva-
mente aumenta-se a excentricidade calculando-se a flecha na seção de referência,
levando-se em conta os efeitos de 1a ordem e de 2a ordem. Esse último é obtido com
a flecha calculada na etapa anterior. O valor crítico da excentricidade, e1,crit, é obtido
quando a curva (e1,i , yi) atinge inclinação nula, conforme mostrado na figura 13.26
(valores representado entre parênteses e escrito em itálico).

Uma vez conhecido o diagrama (e1, y) pode ser construído o diagrama (M, y)
para M = M1 + M2 = Fe1 + Fy (primeira mais segunda ordem), conforme figura 13.27.

Figura 13.27 - Valor crítico do momento de 1a ordem - Adaptado de Fusco (1981)

13.44
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Reciprocamente se for conhecido o diagrama (M, y), subtraindo o momento de


2a ordem M2 = Fy, obtém-se o valor do momento crítico de 1a ordem, M1,crit. Esse será
o caminho utilizado no processo do pilar padrão, mostrado a seguir.

13.7.10 – Pilar padrão

Conforme visto anteriormente, a aplicação do método geral usando-se o pro-


cesso do carregamento progressivo proporcional exige em cada etapa de carga o cál-
culo da deformação da barra por meio da integração do diagrama de curvaturas. Esse
processo é extremamente trabalhoso para o cálculo manual. Como alternativa de sim-
plificação do método geral, criou-se o método do pilar padrão, aplicável apenas a bar-
ras com seção e armadura constantes ao longo do comprimento.

Por definição, pilar padrão é um pilar em balanço com uma distribuição de cur-
vaturas que provoque na sua extremidade livre uma flecha “a” dada por (ver figura
13.28):
 2   2e  1 
a  0,4      com  e  2 (13.59)
 r 
 base 10  r base

O princípio básico do pilar padrão é assumir que a sua deformada seja senoidal,
conforme equação (13.20). Dessa forma pode-se afirmar que a flecha máxima “a” seja
uma função linear da curvatura da seção da base, como visto na equação (13.22):

2
1    1
y K  e   (13.60)
r  π  r

Como (2 ≈ 10), a equação (13.60) é a mesma que a (13.59).

Do exposto conclui-se que o pilar padrão é um pilar em balanço, com uma


deformada senoidal (figura 13.28). A flecha máxima “a” é uma função linear da
curvatura da base e depende apenas dessa curvatura e do comprimento do pilar.

13.45
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.28 - Pilar padrão - Adaptado de Fusco (1981)

13.7.11 – Processo do pilar padrão (com o método geral)

O princípio básico do pilar padrão consiste em calcular a flecha na extremidade


como função linear da curvatura da seção da base (equações (13.22) ou (13.60)), y =
K(1/r)base. O diagrama (Mbase, 1/rbase) pode ser feito, conforme figura 13.29, a partir do
diagrama (M, N, 1/r) da seção da base do pilar padrão, sem a necessidade da inte-
gração de curvaturas ao longo do comprimento do pilar.

Para uma seção transversal qualquer, conhecendo-se o diagrama (M, N, 1/r) e


admitindo-se um certo valor da força normal N aplicada, pode-se traçar a curva do
momento interno como função da curvatura da seção dada, Mint = F [(1/r)seção dada]. O
momento externo solicitante é dado por Mext = M1 + M2, com M1 e M2 momentos de 1a
e 2a ordem, respectivamente.

13.46
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.29 - Método geral com o processo do pilar padrão


Adaptado de Fusco (1981)

Admitindo-se pilar padrão tem-se para a seção da base: M2,base = N a = N (e2


/ 10) (1/r)base. Dessa forma a parcela de 1a ordem na seção da base é dada dimi-
nuindo-se do momento interno o momento de 2a ordem acima, resultando:

M1,base = Mint - M2,base (13.61)

O valor máximo do momento de 1a ordem, M1,crit, corresponde ao estado limite


de instabilidade quando, conforme figura 13.29, a curva do momento interno tangencia
a reta paralela ao momento externo. Com esse cálculo foi obtido apenas um ponto do

diagrama (N, M1,crit), para um certo valor do comprimento de flambagem e. Repetindo

o cálculo para um mesmo comprimento e e diferentes valores de força normal N,


obtém-se o diagrama de interação, como mostrado na figura 13.30.

13.47
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.30 - Diagrama e ábaco de interação (M, N) - Adaptado de Fusco (1981)

Para seções transversais que difiram apenas pela armadura, medida pela taxa
mecânica  = (As/Ac) (fyd/fcd), podem ser traçados vários diagramas de interação for-

mando um ábaco, para um mesmo comprimento de flambagem e, conforme mostrado


a direita na figura 13.30.

Os resultados podem ser apresentados também em forma de tabelas de inte-


ração, como mostrado em Fusco (1981). Esse autor apresenta ábacos de interação
(, ), construídos a partir dos diagramas (M, N, 1/r) para aços nacionais (ver ÁBA-
COS no final do capítulo). O processo do pilar padrão com o método geral conduzirá
a resultados exatos se a linha elástica do pilar for realmente senoidal. Isso acontecerá
em barras com seção constante, não submetidas a carregamentos transversais. Caso
haja cargas transversais, o processo deve ser melhorado, chegando-se ao chamado
“método do pilar padrão corrigido”.

13.7.12 – Cálculo da carga crítica pelo método do equilíbrio

Como visto anteriormente, a determinação da carga crítica pelo método geral


exige sempre o traçado completo do diagrama esforço-deslocamento ou momento-

13.48
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

deslocamento. De fato, conforme figura 13.26, para o processo exato do carrega-


mento progressivo deve ser traçado o diagrama (F, y) e para o processo exato das
excentricidades progressivas o diagrama (M, y), também representado na figura
13.26, com valores entre parênteses e caracteres em itálico.

O processo simplificado do pilar padrão, que só deve ser usado com seção
constante, inclusive a armadura, na ausência de cargas transversais exige o traçado
de um diagrama (M1, 1/r), figura 13.29, de obtenção bem mais simples que os diagra-
mas (M, y) ou (F, y).

A ideia central do método do equilíbrio é evitar o traçado completo de um dia-


grama esforço-deslocamento. A verificação do estado limite de instabilidade é reali-
zada calculando-se apenas um ponto desse diagrama.

13.7.12.1 – Método do equilíbrio - Processo do deslocamento de referência

Como visto anteriormente , a carga crítica pode ser calculada pelo método ge-
ral, empregando-se tanto o processo das cargas progressivas quanto o das excentri-
cidades progressivas. Em ambos os processos a carga crítica é encontrada quando a
flecha yref da seção de referência escolhida tende assintoticamente para uma reta
paralela ao eixo das abscissas, conforme figura 13.31.

O método do equilíbrio com o processo do deslocamento de referência garante


que a segurança contra o estado limite de instabilidade está assegurada, se sob a
ação do carregamento de cálculo Fd ou da excentricidade de cálculo e1d, a flecha yref
da seção de referência corresponde a uma configuração estável de equilíbrio.

Conforme mostrado na figura 13.32, calcula-se apenas um ponto do diagrama


esforço-deslocamento. No caso dessa figura, o diagrama (F, y) do processo do carre-
gamento progressivo.

O processo será ilustrado por etapas. Na primeira, aplica-se a carga Fd, com
excentricidade fixa e1, calculando-se a flecha de 1a ordem y1. O valor de y1 pode ser

13.49
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

calculado para qualquer tipo de variação da seção transversal ou de carregamento


conhecendo-se o diagrama (M, N, 1/r). Na segunda etapa considera-se o efeito de 2a
ordem produzido pela flecha da primeira etapa (y1) e assim sucessivamente.

Figura 13.31 - Processo do deslocamento de referência


Adaptado de Fusco (1981)

Figura 13.32 - Etapas do processo do deslocamento de referência


Adaptado de Fusco (1981)

13.50
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Se as flechas calculadas y1, ... yn-1, yn constituir uma sequência convergente,


prova-se a estabilidade da configuração de equilíbrio. O único ponto calculado,
quando yn ≈ yd,ref, comprova a estabilidade da barra porque esse ponto só pode estar
no ramo ascendente da curva (F, yref), caso contrário estaria na situação da carga
crítica, onde essa curva tende assintoticamente para a direção horizontal ou no seu
ramo descendente, pós-carga crítica.

Quando a sequência é convergente sabe-se que a força de cálculo Fd é menor


que a carga crítica Fcrit. Nesse caso há uma reserva de segurança quanto ao estado
limite de instabilidade, embora não se possa precisar o quanto de reserva está dispo-
nível (ver figura 13.32).

13.7.13 – Exemplos

13.7.13.1 – Exemplo 1

Calcular o pilar da figura 13.33 empregando-se o processo do pilar padrão com o mé-
todo geral. Usar a tabela de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos, Fusco (1981).

Figura 13.33 – Seção transversal e dados do pilar do exemplo 1

13.51
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

 1o cálculo ei = e1y = 13 cm
 Seção de extremidade
M1d,tot = Nd(e1y) = 1400x13 = 18200 kNcm > M1dy,min = Nd(1,5 + 0,03x60) = 4620 kNcm

Nd = 1400 kN M1dy = 18200 kNcm (e1y = 13 cm)

 Seção intermediária
M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2
e* = 0,6 (MA/N) + 0,4 (MB/N) = 0,6x13 + 0,4x0 = 7,8 cm > 0,4x13 = 5,2 cm
1 1 1 1 600
1     eimp   1,22 cm
100 6 245 200 245 2
(e* + eimp) = 7,8 + 1,22 = 9,02 cm > e1y,min = (1,5 + 0,03x60) = 3,3 cm
Nd(e* + eimp) = 1400x9,02 = 12628 kNcm

y = 3,46x600 / 60 = 34,6 < 1,min = 35  e2 = 0

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2 = 12628 + 1400x0 = 12628 kNcm

Nd = 1400 kN M1dy = 12628 kNcm (e1y = 9,02 cm)

Dimensionamento
a) Para a solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN, e1y = 13
cm ) e usando-se a tabela para o traçado do diagrama de interação (M1d,
Nd), tem-se:

Nd 1400
0    0,64  0,6  0  0,7
0,85Ac fcd 30x600,852 1,4
M1d e 13
0    1  0,64x  0,139
0,85fcdA ch h 60

e / h = 600 / 60 = 10 (d’ / h) = 0,10

13.52
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A tabela do Fusco (1981) (fig. 5.3.5-3) é de dupla entrada. Na entrada horizontal são
listados valores das forças normais reduzida 0 e na vertical os valores das taxas me-

cânicas de armadura 0. O valor procurado na realidade é 0, com o qual se calcula
a armadura As = (0,85fcdAc)0. Dessa forma com o valor de 0 = 0,139, que está entre
os valores 0.090 a 0.151 (em destaque na parte da tabela mostrada abaixo) encontra-
se que o valor de 0 procurado, está entre (0,0) e (0,1), assim como o valor de 0 =

0,64 está entre (0,6) e (0,7) e o valor de (e/h) = 10.

Interpolando-se três vezes, a primeira para 0 = 0, com 0 = 0,6 e 0 = 0,7, calcula-se


0 = 0,083 para 0 = 0,64, a segunda para 0 = 0,1, com 0 = 0,6 e 0 = 0,7, calcula-
se 0 = 0,143 para 0 = 0,64 e a terceira interpolação para 0 = 0,64, com 0 = 0,083
e 0 = 0,143, calcula-se 0 = 0,098 para 0 = 0,139.

13.53
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

0 = 0,6 0 = 0,0 0 = 0,090


0 = 0,64 0 = 0,0 0 = 0,083
0 = 0,7 0 = 0,0 0 = 0,072
0 = 0,6 0 = 0,1 0 = 0,151
0 = 0,64 0 = 0,1 0 = 0,143
0 = 0,7 0 = 0,1 0 = 0,131

0 = 0,64 0 = 0,0 0 = 0,083


0 = 0,64 0 = 0,139 0 = 0,098
0 = 0,64 0 = 0,1 0 = 0,143

0,85Ac fcd 0,8530x602 1,4


As  0  0,098  4,92 cm2
fyd 43,5

As,tot = 2xAs = 2x4,92 = 9,84 cm2  4x1  20 mm (Ase = 12,57 cm2)

A tabela foi construída para armadura disposta apenas nos quatro cantos do pilar,
com relação (d’/h) = 0,1, e sd = 2‰ (fyd = 42 kN/cm2).

b) Para a mesma solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN e


e1y = 13 cm ) e usando-se o ábaco do diagrama de interação (M1d, Nd), para
aço CA 50, As,tot = 2 As, nas duas faces com hx = 30 cm (não mais nos

cantos), (d’/h) = 0,1 e (e/h) = 600/60 = 10, tem-se:

13.54
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nd 1400
d   0,850   0,54
A c fcd 30x602 1,4
do ábaco   = 0,30

M1d e 13
d   0,850  d 1  0,54x  0,117
fcdA ch h 60

A s,tot 
A c fcd
0 
30x602 1,4 0,30  17.63 cm2
fyd 43,5

As = As,tot / 2 = 8,87 cm2 2x3  20 mm (face 30 cm) Ase,tot = 18,85 cm2

c) Calculando-se esse mesmo pilar como FNC, armaduras As ≠ A’s (Tepedino)


para d’ = 0,1h = 6 cm, d = 60 - 6 = 54 cm, tem-se:

Caso 1
1400(54 - 30)  18200
K  0,488  K   0,295  K'  K   0,295
1,214x30x542

A s1 
 
1,214x30x54 1- 1- 2x0,295  1400
 15,91cm2
43,5
1,214x30x54 0,488  0,295
A s2   9,82 cm2
43,5 1  6 54

13.55
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Como As = As1+As2 < 0  passar para o caso 2


Caso 2

1400(30  6)  18200
y  6  62  2  29,7 cm  h  60 cm
1,214x30

d’/d = 6/54 = 0,11 < 2 = 0,259 e y/d’ = 29,7/6 = 4,95 > 0,137(54/6)+0,663 = 1,9

 =1
1400 - 1,214x30x29,7
As = 0 A's   7,32 cm2
1x43,5

Repetindo a armadura comprimida A’s nas duas laterais do pilar, tem-se:

As,tot = 2x7,32 = 14,64 cm2 2x4  16 mm (face 30 cm) Ase = 16,09 cm2

d) Usando o programa FNCAS (armadura simétrica), As = A’s, obtém-se:

x = 45,92 cm, As = A’s = 1,89 cm2,


As,tot = 2x1,89 = 3,78 cm2  < As,min = 0,4%Ac = 7,2 cm2
Adotar  2x3  12,5 mm / face (30 cm) (Ase = 7,36 cm2)

Obs.: a discrepância entre as armaduras As e A’s calculadas com as fórmulas de FNC


(Tepedino), letra c, e com o programa FNCAS, letra d, se explica por duas razões. A
primeira é que se repetiu a armadura A’s nas duas faces do pilar. A segunda é que,
para se ter o equilíbrio com uma região comprimida de concreto (y < h) e apenas uma
armadura de compressão A’s (As = 0 nesse caso 2), só foi possível com uma armadura
de compressão A’s = 7,32 cm2, com y = 29,7 cm. É possível obter o mesmo equilíbrio
com uma profundidade da LN, x = 45,92 cm (y = 0,8x45,92 = 36,76), com duas arma-
duras simétricas As = A’s = 1,89 cm2 (valores obtidos com FNCAS). A deformação na
armadura A’s será ’s = 3,04‰ > yd e a tensão será ’s = fyd com resultante R’sc =

1,89x43,5 = 82,2 kN (compressão). Analogamente na armadura A s, s = 0,62‰ < yd

e a tensão será s = 21000x0,62‰ = 13 kN/cm2 e a resultante Rst = 1,89x13 = 24,6 kN


(tração). A resultante de compressão no concreto vale Rcc = fcby =

13.56
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

1,214x30x(0,8x45,92) = 1337,9 kN. Portanto, a força normal interna resistente será NRd
= 1337,9 + 82,2 - 24,6 = 1395,5 ≈ NSd = 1,4x1000 = 1400 kN (diferença de 0,32%).O
momento interno resistente será MRd = (82,2 + 24,6)(30 - 6) + 1337,9x(30 - 0,4x45,92)
= 18125,7 kNcm ≈ MSd = 1400x13 = 18200 kNcm (diferença de 0,41%). As duas dife-
renças foram inferiores a 0,5%, que é a tolerância estipulada no programa FNCAS.

Detalhamento na direção y
Será adotado o detalhamento com a armadura obtida pelo ábaco, opção b, 3  20 mm
por lado de 30 cm. Os estribos são de bitola  = 5 mm com espaçamento s = 12x2 =
24 cm > 20 cm (adotar 20 cm).

 2o cálculo ei = e1x = 5 cm

 Seção de extremidade

M1d,tot = Nd(e1x) = 1400x5 = 7000 kNcm > M1dx,min = Nd(1,5 + 0,03x30) = 3360 kNcm

Nd = 1400 kN M1dx = 7000 kNcm (e1x = 5 cm)

 Seção intermediária

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2


e* = 0,6 (MA/N) + 0,4 (MB/N) = 0,6x5 + 0,4x0 = 3 cm > 0,4x5 = 2 cm
1 1 1 1 1 600
1    , adotar 1   eimp   1,22 cm
100 6 245 200 245 245 2
(e* + eimp) = 3 + 1,22 = 4,22 cm > e1y,min = (1,5 + 0,03x30) = 2,4 cm

Nd(e* + eimp) = 1400x4,22 = 5908 kNcm

x = 3,46x600 / 30 = 69,2
b = 0,6 + 0,4(MB / MA) = 0,6 + 0,4x0 = 0,6 > 0,4

13.57
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

25  12,5e1 h 25  12,55 30


λ1    45,1
αb 0,6
Como x = 69,2 > 1 = 45,1  e2x ≠ 0
1400
  0,54  0,5
(30x60)(2/1,4)

6002 0,005
e2x   5,77 cm
10 300,54  0,5

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2 = 1400x4,22 + 1400x5,77 = 13986 kNcm

Nd = 1400 kN M1dx = 13986 kNcm (e1x = 9,99 cm)

Dimensionamento
a) Para a solicitação máxima (seção intermediária, Nd = 1400 kN, e1x = 9,99
cm) e usando-se a tabela para o traçado do diagrama de interação (M1d, Nd)
tem-se:

1400 9,99
0   0,64  0,6  0  0,7 0  0,64x  0,213
30x600,852 1,4 30

e / h = 600 / 30 = 20

Da tabela:
0 = 0,6 0 = 0,3 0 = 0,207
0 = 0,64 0 = 0,3 0 = 0,197
0 = 0,7 0 = 0,3 0 = 0,182

0 = 0,6 0 = 0,4 0 = 0,275
0 = 0,64 0 = 0,4 0 = 0,263
0 = 0,7 0 = 0,4 0 = 0,244

13.58
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Para
0 = 0,64 0 = 0,3 0 = 0,197
0 = 0,64 0 = 0,213 0 = 0,313
0 = 0,64 0 = 0,4 0 = 0,263

0,8530x602 1,4
As  0,313  15,73 cm2
43,5

As,tot = 2xAs = 2x15,73 = 31,45 cm2  4x3  20 mm (cantos)

Para a solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN e e1x = 9,99 cm) e


usando-se o ábaco do diagrama de interação (M1d, Nd), para aço CA 50, As,tot = 2 As,

nas duas faces hy = 60 cm (não mais nos cantos), (d’/d) = 0,1 e (e / h) = 600 / 30 =
20, tem-se:

13.59
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nd 1400
d   0,85 0   0,54
A c fcd 30x602 1,4
do ábaco   = 0,30
M1d e 9,99
d   0,850   d 1  0,54x  0,090
fcd A c h h 60

A s,tot 
A c fcd
ω0 
30x602 1,4 0,30  17,73 cm2
fyd 43,5

As = As,tot / 2 = 8,87 cm2 2x5  16 mm / face (60 cm) Ase = 20,11 cm2

b) Calculando-se esse pilar como FNC, armaduras As ≠ A’s (Tepedino) tem-se:


d’ = 0,1h = 3 cm (coerência com a tabela), d = 30 - 3 = 27 cm.

Caso 1
1400(27 - 15)  13986
K  0,580  K   0,295  K'  K   0,295
1,214x60x272

A s1 
 
1,214x60x27 1- 1- 2x0,295  1400
 15,91cm2
43,5
1,214x60x27 0,580  0,295
A s2   14,50 cm2
43,5 1  3 27

Como As = As1+As2 < 0  passar para o caso 2

Caso 2

1400(15  3)  13986
y  3  32  2  9,29 cm  h  30 cm
1,214x60

d’/d = 3/27 = 0,11 < 2 = 0,259 e y/d’ = 9,29/3 = 3,1 > 0,137(27/3)+0,663 = 1,9

 =1
1400 - 1,214x60x9,29
As = 0 A's   16,63 cm2
1x43,5

Repetindo a armadura comprimida A’s nas duas laterais do pilar, tem-se:

13.60
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

As,tot = 2x16,63 = 33,26 cm2

c) Usando o programa FNCAS (armadura simétrica), As = A’s, obtém-se:

x = 21,05 cm, As = A’s = 7,65 cm2, (NRd = 1400,51 kN, MRd = 13972 kNcm)
As,tot = 2x7,65 = 15,30 cm2 2x4  16 mm Ase = 16,09 cm2

Detalhamento na direção x
Será adotado o detalhamento com a armadura obtida pelo ábaco, opção b, 2x5  16

mm, em cada lado de comprimento 60 cm. Os estribos são de bitola  = 5 mm com


espaçamento s = 12x1,6 ≈ 19 cm.

Figura 13.34 – Detalhamentos do pilar do exemplo 1

13.61
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.7.13.2 – Exemplo 2

Calcular o pilar abaixo utilizando o diagrama de interação (M1d, Nd) para pilares
esbeltos (método do pilar padrão).

DADOS:
Seção - (22 / 100) cm2 fck = 20 MPa Aço CA 50

ex = ey = 880 cm N = 930 kN ei = 0 (compressão centrada)

Direção x (hx = 22 cm)


e 880
 x  3,46  3,46  138,4, 90   x  140, deve ser considerada a fluência
hx 22

 Desprezando-se a fluência

Md,tot = M1d,min + Nd e2x

Obs.: Como o comprimento de flambagem e = 880 cm (bem maior que os compri-


mentos usuais) será verificado se Nd(e* + eimp) > M1d,min.

e* = 0 eimp = 1(H / 2) = [1 / (100x8,81/2)] (880 /2) =(1 / 296,7)(440) = 1,48 cm

Nd(e* + eimp) = Nd(0 + 1,48) = 1,48 Nd


Nd(e* + eimp) < M1d,min
M1d,min = Nd(1,5 + 0,03x22) = 2,16 Nd

Portanto o cálculo do momento total deve ser feito com a parcela de 1 a ordem igual
ao momento mínimo.

M1d,min = Nd(1,5 + 0,03x22) = 2,16 Nd = 2,16x(930x1,4) = 2812 kNcm

e2x  o processo já leva em conta (e / h) = 880 / 22 = 40

 ábaco da página 187 de Fusco (1981)


13.62
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nd 1,4x930
d    0,414
A c fcd 22x1002 1,4

no ábaco= 0,6
M1d e 2,16
d    d 1  0,414x  0,041
A chfcd h 22

A c fcd 22x100x(2/1,4)
A s,tot   0,6  43,35 cm2
fyd 43,5

As,tot / 2 = 21,68 cm2  (2x7  20 mm, Ase,tot = 43,99 cm2)

 Considerando-se a fluência

Md,tot = Nd(e1,min + ecc) + Nd e2x

e1,min = 2,16 cm

 Msg
ecc  
 N
 ea  2,718 sg
Ne Nsg   1 , conforme equação (12.20).
 Nsg  
  

Com:
Msg = 0
Nsg = 80%N = 0,8x930 = 744 kN (valor arbitrado)
ea = eimp = 1,48 cm
 = 2 (valor arbitrado)
2EciI c 10EciI c 10x2169x88733
Ne  2
 2
  2485 kN
 e  e 8802

Eci  5600 20  21689 MPa  2169 kN / cm2

Ic = 100x223 / 12 = 88733 cm4.


   
ecc  0  1,48 2,7182x744 2485744  1  1,48 2,7180,855  1  1,482,35  1  2,0 cm

13.63
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

(e1,min + ecc) = 2,16 + 2,00 = 4,16 cm

d = 0,414
4,16
d  0,414x  0,078
22
22x100x(2/1,4)
 = 0,8  A s,tot  0,8  57,80 cm2
43,5
As,tot / 2 = 28,90 cm2  (2x10  20 mm, Ase,tot = 62,84 cm2)

13.7.13.3 – Exemplo 3

Verificar a segurança contra o estado limite último de instabilidade para o pilar abaixo,
empregando-se o método do equilíbrio, com o processo do deslocamento de referên-
cia. Dados:
F0d = 1800 kN, F1d = F2d = F3d = F4d = 300 kN, F0d = 1800 kN (valores de cálculo)
fck = 20 MPa fcd = 1,429 kN/cm2 fc = 1,214 kN/cm2 Aço CA 50
Taxa mecânica de armação  = 0,6 (constante em todas as seções)

Figura 13.35 - Ações e esforços para o exemplo 3


13.64
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nd  e
d   0 , d   d
A c fc 0,85 h

1a Etapa - Esforços

h Ac Nd M1d e1
Seção d e1/h 1d
(m) (m2) (kN) (kNm) (m)
0 0,60 0,60 1800 0,25 0 0 0 0
I 0,70 0,70 2100 0,25 500 0,24 0,34 0,085
II 0,80 0,80 2400 0,25 1000 0,42 0,52 0,130
III 0,90 0,90 2700 0,25 1500 0,56 0,62 0,155
IV 1,00 1,00 3000 0,25 2000 0,67 0,67 0,168

1a Etapa - Cálculo das flechas

(1/r)x103
Seção  d 1d 103(d/r)** d=0,95h y (cm)
(m-1)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 8,13
I 0,6 0,25 0,085 0,72 0,67 1,07 4,87
II 0,6 0,25 0,130 1,23 0,76 1,62 2,23
III 0,6 0,25 0,155 1,54 0,86 1,79 0,56
IV 0,6 0,25 0,168 1,72 0,95 1,81 0

(**) valores interpolados dos diagramas (d-d-d/r) para aço CA 50, (d’/h) = 0,05

com d = 0,20 e d = 0,30 de Fusco (1981).


Fazendo apenas para a seção I:
Para d = 0,20,  = 0,6, 1d = 0,085 do ábaco 103(d/r) = 0,73

Para d = 0,30,  = 0,6,  1d = 0,085 do ábaco 103(d/r) = 0,70

Para d = 0,25,  = 0,6,  1d = 0,085 103(d/r) = (0,73 + 0,70) / 2 = 0,72


Para as demais seções se faz de forma análoga.

13.65
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

As flechas são calculadas usando-se a analogia de Mohr, carregando-se ficticiamente


o pilar com as curvaturas encontradas na 1a etapa, conforme a figura 13.36. O “mo-
mento fletor” no pilar carregado com as “curvaturas” é a flecha no ponto desejado.

yIV = 0

yIII = 10-3[1,79x2,52/2 + (0,02x2,5/2)(1,67)] = 5,64x10-3 m = 0,56 cm

yII = 10-3[1,79x2,5x3,75 + (0,02x2,5/2)(4,17) + 1,62x2,52/2 + (0,17x2,5/2) (1,67) =


22,30x10-3 m = 2,23 cm

yI = 10-3[1,79x2,5x6,25 + (0,02x2,5/2)(6,67) + 1,62x2,5x3,75 + (0,17x2,5/2) (4,17) +


1,07x2,52/2 + (0,55x2,5/2)(1,67)] = 48,71x10-3 m = 4,87 cm

y0 = 10-3[1,79x2,5x8,75 + (0,02x2,5/2) (9,17) + 1,62x2,5x6,25 + (0,17x2,5/2) (6,67) +


1,07x2,5x3,75 + (0,55x2,5/2)(4,17) + (1,07x2,5/2)(1,67)] = 81,25x10-3 m = 8,13 cm

Figura 13.36 - Curvaturas e flechas da 1a etapa


13.66
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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2a Etapa - Esforços

h y (cm) e2
Seção νd e2/h e1/h e/h 1d
(m) (1a etapa) (cm)
0 0,60 0,25 8,13 0 0 0 0 0
I 0,70 0,25 4,87 3,26 0,05 0,34 0,39 0,098
II 0,80 0,25 2,23 5,90 0,07 0,52 0,59 0,148
III 0,90 0,25 0,56 7,57 0,08 0,62 0,70 0,175
IV 1,00 0,25 0 8,13 0,08 0,67 0,75 0,188

2a Etapa - Flechas

(1/r)x103 y (cm) Erro


Seção  νd 1d 103(d/r) d=0,95h
(m-1) (2a etapa) (%)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 9,59 15,2
I 0,6 0,25 0,098 0,88 0,67 1,31 5,71 14,7
II 0,6 0,25 0,148 1,53 0,76 2,01 2,58 13,6
III 0,6 0,25 0,175 1,78 0,86 2,07 0,65 13,8
IV 0,6 0,25 0,188 1,97 0,95 2,07 0 0

3a Etapa - Esforços

h y (cm) e2
Seção νd e2/h e1/h e/h 1d
(m) (2a etapa) (cm)
0 0,60 0,25 9,59 0 0 0 0 0
I 0,70 0,25 5,71 3,88 0,06 0,34 0,40 0,100
II 0,80 0,25 2,58 7,01 0,09 0,52 0,61 0,153
III 0,90 0,25 0,65 8,94 0,10 0,62 0,72 0,180
IV 1,00 0,25 0 9,59 0,10 0,67 0,77 0,193

13.67
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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3a Etapa - Flechas

(1/r)x103 y (cm) Erro


Seção  νd 1d 103(d/r) d=0,95h
(m-1) (2a etapa) (%)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 9,78 1,9
I 0,6 0,25 0,100 0,89 0,67 1,33 5,84 2,2
II 0,6 0,25 0,153 1,51 0,76 1,99 2,66 3,0
III 0,6 0,25 0,180 1,85 0,86 2,15 0,67 3,0
IV 0,6 0,25 0,193 2,01 0,95 2,12 0 0

Figura 13.37 - Cargas aplicadas na 2a etapa - Flechas superpostas das 3 etapas

13.68
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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A segurança do pilar foi demonstrada porque as flechas dos diferentes pontos


analisados, após três etapas convergem atingindo, portanto, uma posição de equilíbrio
estável.

Esse exemplo tem caráter apenas demonstrativo (verificar a segurança contra


a instabilidade), apresentando flechas maiores que as reais, porque o diagrama ten-
são-deformação usado para o concreto foi o diagrama parábola-retângulo de cálculo
da NBR 6118. Esse diagrama, correspondente ao estado limite último de ruina, ruptura
à compressão do concreto ou de alongamento plástico excessivo da armadura, leva
a uma estimativa exagerada das flechas.

Normas internacionais admitem diagramas semelhantes ao de cálculo acima


onde se usou pico = 0,85 fcd, considerando agora tensão de pico do concreto como

sendo 0,85 fck ou fck, para pilares esbeltos ( > 90) ou pilares muito esbeltos ( > 140).

13.69
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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ÁBACOS

13.70
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Tabela para traçar diagramas de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos
FUSCO (1981)

13.71
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Ábacos de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos - FUSCO (1981)

13.72
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Ábacos de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos - FUSCO (1981)

13.73
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.74
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.75
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.76
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.77
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.78
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.79
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.80
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.81
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.82
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.83
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.84
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.85
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.86
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.87
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.88

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