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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia de Estruturas

CONCRETO ARMADO II

José Márcio
Fonseca Calixto

Ronaldo Azevedo
Chaves

Versão Junho 2018


CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 1

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

DEFORMAÇÕES POR FLEXÃO


DEEs- UFMG Concreto Armado II – Deslocamentos em Vigas

Concreto Armado II
Notas de Aula

Autores: Prof. José Marcio Calixto


Prof. José Miranda Tepedino
Prof. Marcio Dario da Silva
Prof. Ronaldo Azevedo Chaves

Agosto 2016

Uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de Engenharia Civil da UFMG


DEEs- UFMG Concreto Armado II – Deslocamentos em Vigas

OBSERVAÇÃO INICIAL:

Estas notas de aula são de uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de
Engenharia Civil da UFMG. Elas abrangem somente os critérios e as prescrições da NBR
6118/2014 para concretos com valor da resistência característica à compressão igual ou menor
que 50 MPa. Para outras classes de resistência do concreto, outras fontes deverão ser
consultadas.

Março, 2016
José Marcio Calixto
Ronaldo Azevedo Chaves

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DEEs- UFMG Concreto Armado II – Deslocamentos em Vigas

DESLOCAMENTOS EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

1 - INTRODUÇÃO

Todo o cálculo dos deslocamentos de barras, devidas à flexão, tem por base a clássica
equação diferencial da linha elástica dada por:

d2 y M
=− , (1)
d2 x EI

onde:
M = momento fletor para uma seção genérica de abcissa x;
EI = rigidez efetiva à flexão da viga composta do módulo de elasticidade E e do momento
de inércia à flexão I;
y = ordenada da linha elástica correspondente à abcissa x, conforme mostra a figura 1.

Linha elástica: y = f (x)


y

Figura 1 – Deslocamentos em uma viga

Nas peças de concreto armado, sujeitas à flexão, ocorre, para cargas de serviço, fissuração da
parte tracionada de algumas seções transversais, passando nelas a valer o estádio II com concreto
apenas parcialmente ativo, o que representa, em geral, significativa redução do momento de inércia.
Porém, em outras seções a inércia continua ainda bruta (estádio I), conforme mostra a figura 2.
Comumente, o valor do momento de inércia para a seção fissurada situa-se entre 35 e 45% do
correspondente à seção bruta.

Figura 2 – Estado de fissuração em uma viga

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A dificuldade em calcular os deslocamentos de uma viga de concreto armado é, portanto, a


determinação correta de sua rigidez efetiva ao longo do vão visto ser esta rigidez variável em
função não só da viga apresentar seções fissuradas e não fissuradas como também ser a área de
armadura, em geral, diferente ao longo do comprimento, a qual influencia no cômputo do momento
de inércia.

2 – DETERMINAÇÃO DE FLECHAS EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO SEGUNDO


A NBR 6118/2014

A verificação dos deslocamentos em elementos estruturais lineares, de acordo com o item


17.3 da NBR 6118/2014, deve ser realizada através de modelos que considerem a rigidez efetiva
das seções, ou seja, levem em consideração a presença de armadura tracionada e comprimida, a
existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as deformações diferidas no tempo. O
modelo para a determinação da flecha admite, ainda, comportamento elástico e linear para o
concreto e o aço visto que os carregamentos atuantes são de serviço. A Norma prescreve também
que deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de elasticidade estático secante Ecs do
concreto, sendo obrigatória a consideração do efeito da fluência.

2.1 Flecha imediata

Para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas, pode-se utilizar a seguinte
expressão de rigidez equivalente:

 
3  M 
3 
 M  I II  ≤ E CS × I C ,
( EI )eq = E CS  r  × I C + 1 −  r  (2)
 M a    Ma   
 
onde:
(EI)eq = rigidez equivalente da peça;
IC = momento de inércia da seção bruta de concreto;
III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II, calculado com
Es
n=
E cs
Ma = momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no vão
para vigas biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços, para a
combinação de ações considerada nessa avaliação;
Mr = momento de fissuração do elemento estrutural;
ES = módulo de elasticidade do aço = 210000 MPa; e
ECS = módulo de elasticidade secante do concreto = α E x α i x 5600 f ck , com fck
em MPa.

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Momento de fissuração Mr

O momento de fissuração, conforme prescrições da NBR-6118, é dado por:

f ct
Mr = α × Ic , (6)
yt

onde:
α = fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência à tração direta do concreto;
α = 1,2 para seções T;
α = 1,3 para seções I ou T invertido;
α = 1,5 para seções retangulares;
fct = resistência à tração direta do concreto, com o quantil apropriado; no estado limite de
2
deformação excessiva este valor corresponde a f ct , m = 0 ,3 x f ck3 , fckem MPa;
yt = distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada; e
Ic = momento de inércia da seção bruta de concreto.

Momento fletor na seção crítica Ma


Para o cálculo do momento fletor na seção crítica deve ser adotada a combinação quase
permanente de serviço para o carregamento, que, de acordo com a NBR 6118/2014, corresponde a:
Fd, ser = Fgk + Σ ψ 2 Fqi,k , (5)
onde:
Fd, ser = valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
Fgk = somatório de cargas permanentes diretas (peso próprio, reações permanentes das lajes,
alvenarias, etc);
ψ 2 = fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço; e
Fqi,k = valor característico da ação variável direta i.

O fator de redução ψ 2 é dado na tabela abaixo:

ψ2
Cargas acidentais de edifícios residenciais 0,3
Cargas acidentais de edifícios comerciais, de 0,4
escritórios, estações e edifícios públicos
Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,6

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Momento de inércia da seção bruta de concreto IC

O momento de inércia da seção bruta de concreto é igual ao momento de inércia da seção


transversal plena considerando-se somente o concreto.

Momento de inércia da seção fissurada III

Na determinação do momento de inércia da seção fissurada admite-se comportamento


elástico e linear para o concreto e o aço. Assim para uma viga de seção retangular, o momento de
inércia da seção fissurada pode ser calculado conforme mostra a figura 3 abaixo.

A’s Es
n= = relação modular
E cs
d’ x • Posição da linha neutra x é dada pela solução da
d seguinte equação no intervalo (0 ≤ x ≤ d) :
b x2
As + ( n − 1 ) A's ( x − d ' ) = n A s ( d − x ) (3)
2
• Momento de inércia da seção fissurada III :
b
b x3
+ ( n − 1 ) A's ( x − d ' ) 2 + n A s ( d − x ) 2 (4)
3

Figura 3 – Momento de inércia da seção fissurada para uma seção retangular

Na relação modular acima o valor do módulo de elasticidade secante do concreto pode ser
calculado pela seguinte expressão:

E cs = α E x α i x 5600 f ck , onde

fck = resistência característica à compressão do concreto em MPa;


αE = coeficiente em função do tipo mineralógico do agregado graúdo usado no concreto:
αE = 1,3 para agregados graúdos de basalto e diabásio;
αE = 1,0 para agregados graúdos de granito e gnaisse;
αE = 0,9 para agregados graúdos de calcário;
αE = 0,7 para agregados graúdos de arenito;
f ck
αi = 080 + 0 ,2 . ≤ 1 ,00 com f ck ≤ 50 MPa .
80

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Para vãos de vigas contínuas, quando for necessária maior precisão, pode-se adotar, para a rigidez
equivalente EI, o valor ponderado com o critério estabelecido de acordo com a figura abaixo:

(7)

(EI)eq,1 = rigidez equivalente do trecho 1;


(EI)eq,2 = rigidez equivalente do trecho de momento positivo;
(EI)eq,3 = rigidez equivalente do trecho 3;
Em cada trecho a rigidez equivalente deve ser calculada considerando as armaduras existentes e
com Ma igual a M1, Mv, e M2 respectivamente. Pode-se adotar a1/l e a2/l aproximadamente iguais
a 0,15.

Expressões para cálculo de flechas imediatas em vigas

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2.2 Flecha diferida no tempo

A flecha adicional diferida, decorrente das cargas de longa duração em função da fluência,
pode ser calculada de maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator αf dado
pela expressão:

∆ξ
αf = (8)
1 + 50 ρ '
onde:
A's
ρ' =
b .d

ξ é um coeficiente função do tempo dado pelas seguintes expressões:


∆ξ = ξ(t) − ξ( t0 ) ;
ξ(t) = 0,68 . (0,996 t ) . t 0,32 para t ≤ 70 meses;
ξ(t) = 2 para t > 70 meses ,
sendo:
t é o tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida; e
t0 é a idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração.

Tabela - Valor do coeficiente ξ em função do tempo


Tempo (t) 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 > 70
meses

Coeficiente ξ 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2

O valor da flecha total deve ser obtido multiplicando a flecha imediata por ( 1 + αf ).

Em vigas contínuas, o valor de ρ’ para cálculo da flecha diferida pode ser ponderado no vão
de maneira análoga a determinação da rigidez equivalente EI.

2.3 Valores limites para os deslocamentos

A NBR 6118/2003, no item 13.3, prescreve os seguintes valores para os deslocamentos


limites em vigas:
• vão/250 para o deslocamento total diferido no tempo, considerando todas as cargas
aplicadas; e
• vão/500 ou 10 mm para o acréscimo de deslocamento diferido no tempo após a
construção das alvenarias.

A norma esclarece ainda que os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela
especificação de contraflechas. Entretanto, a atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um
desvio do plano maior que o vão/350.

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FLEXÃO NORMAL SIMPLES – SEÇÃO RETANGULAR (TEPEDINO)

A’s d’ σcd=fc=0,85fcd
σ’s
A’s.σ
y=0,8x
Rcc=fcby
d

d-d’
d-y/2
As Md
Asfyd

K ≤ KL ⇒ K’ = K
Md
K=
f c bd 2
K > KL ⇒ K’ = KL

A s1 =
f c bd
f yd
(1 − 1 − 2K' )
A s ≥ A s1 + A s2

f c bd K − K'
A s2 =
f yd 1 − d'
d
A's = A s2 ÷ φ

Valor de KL
fck KL
≤ 50 MPa 0,295

Relações entre d’ e d para se ter o nível de tensão φ = 1


σ'sd
Aço fck ≤ 50 MPa Cálculo do valor de φ=
f yd
(d’/d) ≤ (d/d’) ≥

[ ( )]≤ 1
CA-25 0,317 3,155
d'
CA-50 0,184 5,435 73,5 0,45 - d
φ=
CA-60 0,131 7,634 f yd 0,45

com fyd em kN/cm2

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FLECHAS EM VIGAS – Exemplo 1


Verificar a flecha total diferida para a viga mostrada na figura abaixo. A viga é da periferia
do pavimento tipo de um edifício comercial com 25 andares localizado na região metropolitana de
Belo Horizonte. Considerar que a viga entrará em carga após 28 dias de sua execução.

O cálculo dos valores das reações de apoio já foi feito e se encontra indicado também na
figura.

P = 110 kN
q = 55 kN/m
75 cm

A B C D 25 cm

153,32 kN 534,18 kN 534,18 kN 153,32 kN

7,5 m 4,0 m 4,0 m 7,5 m

Dados: gpermanente = 35 kN/m


qvariável = 20 kN/m
Ppermanente = 70 kN
Pvariável = 40 kN
Concreto fck = 25 MPa e agregado de gnaisse
Aço CA 50

SOLUÇÃO

1) Diagramas dos esforços solicitantes

Diagrama da força cortante

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Diagrama do momento fletor

Tramos A-B e C-D

M max = 153 ,32 . 2 ,79 − 27 ,5 . (2 ,79 ) 2 = 213 ,70


M=0

Tramo B-C
x2
M = − 396 ,98 − 275 x − 55 válido para 0 ≤ x ≤ 4
2
M=0

x = 1,75

M max = − 396,98 + 275 . 4,0 − 27 ,5 . (4 ,0)2 = 263,03

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2) Dimensionamento à flexão

Tramos A-B e C-D – momento fletor positivo

M = 213,70 kN.m
0,85 x 2,5
fck = 25 MPa → 2,5 kN/cm2 ⇒ fc = = 1,518 kN / cm 2
1,4
Aço CA 50
b = 25 cm
d = 75 – 5 = 70 cm
M 1,4 x 213,70 x 100
k= = = 0,161 < kL ∴ k' = k e As' = 0
2 2
fc x b x d 1,518 x 25 x 70

f c x b x d 1 − 1 − 2.k ' 


As =  (
 = 1,518 x 25 x 70 1 − 1 − 2 x 0,161 = 10,79 cm 2 )
f yd 43,5

As = 10,79 cm 2 → 4 φ 20 mm (As real = 12,57 cm2 )


Tramos A-B e C-D – momento fletor negativo
M = -396,98 kN.m
1,4 x 396,98 x 100
k= = 0,299 > kL ∴ k ' = kL e As' ≠ 0
2
1,518 x 25 x 70
f xb xd
As' = c
(k − k L ) = 1,518 x 25 x 70 x (0,299 − 0,295) = 0,23 cm 2
f yd
x
 d' 
1 − d 
43,5 1− 5
70
( )
 

As1 =
(
1,518 x 25 x 70 1 − 1 − 2 x 0,295
= 21,97 cm 2
)
43,5

As'
As 2 = = 0,23 cm 2
φ

As = As1 + As 2 = 22,20 cm 2 (
→ 5 φ 25 mm As real = 24,55 cm 2 )
Tramo B-C – momento fletor positivo

M = 263,03 kN.m
1,4 x 263,03 x 100
k= = 0,198 < kL ∴ k' = k e As' = 0
2
1,518 x 25 x 70

As = =
(
1,518 x 25 x 70 1 − 1 − 2 x 0,198 )
= 13,61 cm 2 → 5 φ 20 mm As real = 15,71 cm 2 ( )
43,5

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3) CÁLCULO DO MOMENTO DE SERVIÇO

Considerando que:

q = 55 kN/m

P = 110 kN

Como:

Pode-se, de forma simplificada, considerar:

4) MOMENTO DE FISSURAÇÃO - Mr

α = 1,5 (seção retangular);

Mserviço > Mr → usar seção fissurada em parte do vão

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5) CÁLCULO DA INÉRCIA DA SEÇÃO FISSURADA

Es = 210.000 MPa

Ecs = α E x α i x 5600 x [ (
f ck = 1,0 x 0,8 + 0,2 x 25
80
)] x 5600 x 25 = 24150 MPa

E s 210000
n= = = 8,70
Ecs 24150

Posição da linha neutra – momento fletor positivo dos Tramos A-B e C-D

b x2
2
( )
+ (n − 1). As' . x − d ' = n . As . (d − x )

25 x 2
+ (8,70 − 1). 0 . (x − 5) = 8,70 .12,57 . (70 − x )
2

4 φ 20,0

25 x 2
= 109,36 . (70 − x ) ⇒ 25 x 2 + 218,72 x − 15310,4 = 0
2

− 218,72 ± (218,72)2 − 4 . 25 . (−15310,4 )


x= = 20,76 cm
2 . 25

Posição da linha neutra – momento fletor negativo dos Tramos A-B e C-D
As = 5 φ 25 mm → A s = 24,55 cm 2

As' = 2 φ 20 mm → A s' = 6,29 cm 2

25 x 2
+ (8,70 − 1). 6,29 . (x − 5) = 8,70 . 24,55. (70 − x )
2

25 x 2 + 524,04 x − 30386,23 = 0 → x = 25,92 cm

Posição da linha neutra – momento fletor positivo Tramo B-C

As = 5 φ 20 mm → A s = 15,71 cm 2

25 x 2
= 136,68. (70 − x ) ⇒ 25 x 2 + 273,35 x − 19135,2 = 0 → x = 22,73 cm
2

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Momento de inércia da seção fissurada

Momento fletor positivo – Tramos A-B e C-D

I II =
b x3
3
( )2
+ (n − 1). As' . x − d ' + n . As . (d − x )2

25 x 20,763
I II = + 8,7 x12,57 x (70 − 20,76)2 = 339.709 cm 4
3
Momento fletor negativo – Tramos A-B e C-D

25 x 25,923
I II = + (8,7 − 1) x 6,29 x (25,92 − 5)2 + 8,7 x 24,55 x (70 − 25,92)2
3
I II = 581.321 cm 4
Momento fletor positivo – Tramo B-C

25 x 22,733
I II = + 8,7 x15,71 x (70 − 22,73)2 = 403.261 cm 4
3

6) CÁLCULO DA RIGIDEZ EQUIVALENTE


 90  3   90  3  
 
6.1 – EI eq = 2415.   .878.906 + 1 −    . 339.709
 166,69    166,69   

EI eq = 2415. (138.338 + 286.240 ) = 2415 x 424.578 kN .cm 2

 90  3   90  3  
 
6.2 – EI eq = 2415.  
 .878.906 + 1 −  
 . 581.321
 309,64    309,64   

EI eq = 2415. (21.582 + 567.046) = 2415 x 588.628 kN .cm 2

 90 3   90  3  
 
6.3 – EI eq = 2415.   .878.906 + 1 −    . 403.261
 205,16    205,16   

EI eq = 2415. (74.198 + 369.217 ) = 2415 x 443.415 kN .cm 2

Tramos A-B e C-D


1
EI eq = [(2415 x 424.578 x 5,575) + (2415 x 588.628 x 1,925)]
7,5
EI eq = 2415 x (315.603 + 151.081) = 2415 x 466.684 kN .cm 2

Tramo B-C
1
EI eq = [2 x (2415 x 588.628 x 1,75) + (2415 x 443.415 x 4,50)]
8,0
EI eq = 2415 x (257525 + 249.421) = 2415 x 506.949 kN .cm 2

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7) CÁLCULO DA FLECHA IMEDIATA

Tramos A-B e C-D


q = 43 kN/m

A B M = -309,64
7,5 m kN.m

Através de tentativas, arbitrando-se valores para x, a flecha máxima encontrada é de 0,64


cm para x = 3,13 m.

Tramo B-C
P = 86 kN
q = 43 kN/m

M = -309,64
kN.m B C M = -309,64
kN.m
4,0 m 4,0 m
_
=

q = 43 kN/m P = 86 kN M = -309,64 M = -309,64


kN.m kN.m
+ +
B C B C B C
8,0 m 4,0 m 4,0 m 8,0 m
(1) (2) (3)

5 qL4 5 0,43 x 800 4


f estr . 1 = = x = 1,873 cm
384 EI equiv. 384 2415 x 506.949

PL3 1 86 x 800 3
f estr . 2 = = x = 0,749 cm
48 EI equiv. 48 2415 x 506.949

ML2 1 30964 x 800 2


f estr . 3 = − 2 =−2x x = − 2,023 cm
16 EI equiv. 16 2415 x 506.949

f total = 1,873 + 0,749 − 2,023 = 0,60 cm

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8) CÁLCULO DA FLECHA DIFERIDA NO TEMPO

t0 = 28 dias = 0,933 mês


ξ(t0) = 0,66
ξ(∞) = 2

Tramos A-B e C-D

f t = ∞ = (1 + 1,34) x 0,64 = 1,50 cm

f t=∞ < f admissível → OK!

Tramo B-C

f t = ∞ = (1 + 1,34) x 0,60 = 1,40 cm

f t=∞ < f admissível → OK!

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Flechas em Vigas – Exemplo 2


Uma viga em balanço com seção 20/60 cm foi executada conforme o detalhado na figura. O
escoramento da viga da figura foi retirado 15 dias após a concretagem, quando ela ficou
submetida ao seu peso próprio e uma carga permanente de 15 kN/m até a idade de 4 meses.
Somente após esse período é que foram colocadas as demais cargas, que correspondem a mais
40 kN/m.
Pergunta-se se esta viga atende às prescrições normativas da NBR 6118 relativas às
deformações.

Dados: Concreto fck = 25 MPa e agregado de gnaisse


Aço CA 50
q xl4
Flecha de viga em balanço com carga uniformemente distribuída: f =
8 x E cs x I

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DEEs- UFMG Concreto Armado II – Deslocamentos em Vigas

SOLUÇÃO:

1ª fase
pp = 0,20 x 0,60 x 25,00 = 3,00 kN/m
g1 = 15,00 kN/m
TOTAL (1ª fase) = 18,00 kN/m (0,18 kN/cm)

X = -18,00 x 2,00² / 2 = -36,00 kN.m

Como

Ecs = α E x α i x 5600 x [ (
f ck = 1,0 x 0,8 + 0,2 x 25
80
)] x 5600 x 25 = 24150 MPa

I = I c = 360.000 cm 4

qL4 1 0,18 x 200 4


f1 = = x = 0,041 cm
8 EI c 8 2415 x 360.000

2ª fase

pp = 0,20 x 0,60 x 25,00 = 3,00 kN/m


g1 = = 15,00 kN/m
g2 = = 40,00 kN/m
TOTAL (2ª fase) = 58,00 kN/m (0,58 kN/cm)

X = -58,00 x 2,00² / 2 = -116,00 kN.m

Como

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Cálculo de
As = 2 x 2,011 = 4,022 cm²
As’ = 2 x 0,312 = 0,624 cm²
E s 210000
n= = = 8,70
Ecs 24150

b x2
2
( )
+ (n − 1). As' . x − d ' = n . As . (d − x ) ⇒
20 x 2
2
+ (8,70 − 1) . 0,624 . ( x − 3) = 8,70 . 4,022 . (56 − x )

10 x 2 + 39,80 x − 1973,93 = 0 ⇒ x =12,20 cm

I II =
b x3
3
2
( )
+ (n − 1). As' . x − d ' + n . As . (d − x )2

20 x12,203
I II = + (8,7 − 1) x 0,629 x (12,20 − 3)2 + 8,7 x 4,022 x (56 − 12,20)2 = 79645 cm 4
3
 3   M 3  
 M r  
I eq =   . I c + 1 −  r   . I II 
 M a   Ma   
 
 46,08 3   46,08  3  
  4
I eq =   x 360 .000 +  1 −    x 79645  = 97219 cm < 360.000 cm 4
 116,00    116,00   

qL4 1 0,58 x 200 4


f2 = = x = 0,494 cm
8 EI c 8 2415 x 97.219

→ A flecha final será a somatória das flechas de cada fase acrescidas das flechas diferidas no
tempo.
As' 0,624
ρ' = = = 0,00056
b. d 20 x 56
→ Flecha devida à 1ª carga (de 15 dias a 4 meses)

αf =
∆ξ
=
(1,04 − 0,5) = 0,525
(
1+ 50 ρ ' )
(1+ 50 x 0,00056)
( )
f t = 4 meses = f1 . 1 + α f = (1 + 0,525) x 0,041 = 0,064 cm
→ Flecha devida à 2ª carga (de 4 meses a 70 meses)

αf =
∆ξ
=
(2,0 −1,04) = 0,934
(
1+ 50 ρ ' )
(1+ 50 x 0,00056)
( )
f t = ∞ = f 2 . 1 + α f = (1 + 0,934 ) x 0,494 = 0,955 cm
→ Flecha final
f total no t = ∞ = 0,064 + 0,955 = 1,02 cm

→ Verificação
2 L 2 x 200
f adm = = = 1,60 cm ⇒ f t = ∞ < f adm OK !!!!
250 250

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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 2

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

TORÇÃO
Concreto Armado II – Torção em Vigas

TORÇÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

1 - INTRODUÇÃO

Dizemos que uma peça de concreto armado está sujeita à torção pura, quando tem por
solicitação única, um momento de torção T, isto é, está submetida a um momento cujo eixo é
paralelo à diretriz da peça. Normalmente a torção ocorre acompanhada de outros esforços, tais
como flexão e cisalhamento.

Como para as demais solicitações, o dimensionamento à torção é feito no estado limite


último. Assim sendo, a determinação das armaduras baseia-se, mais uma vez, no princípio
fundamental de que o concreto não deve absorver as tensões de tração produzidas pelo
carregamento. O aço se encarregará desta função. O cálculo da área de armadura será feito
isoladamente para a torção. Porém se a peça estiver também sujeita à flexão e ao cisalhamento, a
armadura final será obtida pela combinação das armaduras determinadas para cada uma das
solicitações em separado.

2 – SITUAÇÕES DE PROJETO A CONSIDERAR

Dependendo do momento de torção ser ou não um esforço indispensável ao equilíbrio e


estabilidade da peça em estudo, podemos dividir as solicitações de torção em dois grandes grupos:

2.1 Torção de equilíbrio

Todas as vigas mostradas na figura 1 estão submetidas a momentos de torção. Estes


momentos de torção são necessários para satisfazer às condições de equilíbrio. As vigas poderão
entrar em colapso na falta de rigidez e capacidade resistente à torção. Essas vigas devem ser
dimensionadas para absorver, integralmente, os momentos de torção. Portanto o dimensionamento
à torção, nestes casos, é obrigatório.

alvenaria

viga

marquise

Figura 1 – Torção de equilíbrio

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2.2 Torção de compatibilidade

Analisemos agora a situação mostrada na figura 2. Possuindo a Viga 1 rigidez à torção, não
existe liberdade absoluta de rotação para a Viga 2 em torno do eixo x-x, correspondendo à
deformação impedida o aparecimento de um momento de engastamento no ponto E para a Viga 2
que se constituirá em um momento de torção concentrado para a Viga 1. Caso não se coloque, na
Viga 2, armadura de combate a este momento de engastamento, ocorrerá fissuração desta viga
fazendo com este momento decresça a zero permitindo, portanto, liberdade de giro da viga em torno
do ponto E. Com isso nenhum momento de torção será transmitido a Viga 1. Neste caso, a torção
despertada é um esforço oriundo da compatibilidade das deformações, por isto chamada de torção
de compatibilidade. Verifica-se também que o equilíbrio do sistema é satisfeito, desde que se
considere a Viga 2 simplesmente apoiada sobre a Viga 1. O dimensionamento à torção, nestas
situações, é, portanto, desnecessário visto que o equilíbrio do sistema é obtido com torção nula.

Viga 1
E

x Viga 2

Figura 2 – Torção de compatibilidade

3 – ESTUDO DA TORÇÃO PURA

3.1 Dimensionamento à torção pura

3.1.1 Resultados de ensaios de laboratório

Ensaios de laboratório, realizados na Europa, em peças de concreto submetidas à torção pura


mostraram que, após a fissuração, somente uma casca delgada de concreto junto a face externa da
peça colabora na resistência. Isso é demonstrado pelo fato de que uma barra com seção quadrada
maciça, no Estádio II, apresenta a mesma capacidade portante de uma seção vazada de mesmo
contorno externo e mesma área e disposição de armadura (Fig. 3).

Uma outra comprovação é a de que retângulos com áreas iguais, porém com lados b e h de
dimensões variáveis, no Estádio II, têm a mesma capacidade resistente à torção pura (Fig. 4).

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Figura 3 – Resistência à torção pura de seções cheias e vazadas

h
h

Figura 4 – Resistência à torção pura de retângulos de mesma área no Estádio II

Estes resultados dos ensaios mostram que, após a fissuração, as seções cheias podem ser
calculadas através de um modelo de seção vazada quadrada com praticamente a mesma solicitação.
O padrão de fissuração desta seção vazada quadrada está mostrado na figura 5.

A fissuração, em cada face da seção vazada quadrada (Fig. 5), é muito similar ao padrão
encontrado para o esforço cortante em vigas de concreto armado. Na torção, porém, isto ocorre em
cada uma das faces da seção. Assim as paredes delgadas da seção vazada quadrada, considerada
para dimensionamento, serão constituídas por treliças de diagonais simples que quando superpostas
formam uma treliça espacial.

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he

TSd

Figura 5 – Padrão de fissuração de uma seção vazada quadrada.

3.1.2 Analogia de treliça

Apresenta-se a seguir o modelo de dimensionamento de uma viga de concreto armado, com


seção vazada quadrada, quando submetida à torção pura. É importante frisar que este modelo
servirá para o dimensionamento não só de elementos maciços, mas também para diferentes formas
de seção transversal (retangular, circular, poligonal, etc). O modelo assume que, após a fissuração
do concreto, o funcionamento da viga seja equivalente ao de uma treliça espacial na periferia da
seção, com diagonais comprimidas a 45° (representadas pelo concreto) e forças de tração absorvidas
por armações, decompostas em duas direções: uma longitudinal, e outra transversal, estribos, (vide
Fig. 6). A decomposição da armadura em duas direções se deve ao fato de ser construtivamente
complicada a armação a 45°, em torno do eixo da peça.

TSd

he

Figura 6 – Armadura de combate à torção pura

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A figura 7 representa a treliça espacial gerada no interior da peça, com diagonais


comprimidas a 45° (representada pela força Dd ) e tração resistida pelos estribos e barras
longitudinais (força Hld ) existentes nos quatro vértices do eixo médio do núcleo. Vale frisar que,
devido à simetria existente, o conjunto de forças convergentes no nó A será o mesmo para os
demais nós B, C e D.

Figura 7 – Treliça espacial formada no interior da peça submetida à torção pura

Apesar da NBR 6118/2014 permitir que as diagonais comprimidas tenham inclinação no


intervalo entre 30° e 45° com o eixo da peça, foi escolhido o valor de 45° por ser este, segundo
Süssekind, o que leva ao dimensionamento mais econômico.

As condições de equilíbrio estático da treliça espacial levam à determinação das forças tanto
nas diagonais comprimidas quanto nas barras tracionadas. Senão vejamos:
a) Equilíbrio do nó A
O equilíbrio do nó A, conforme mostra a figura 8, indica:

Figura 8 – Equilíbrio do nó A

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Dd sen 45 = H wd (1)

Dd cos 45 = H ld (2)
Dd 2
ou seja H ld = H wd = (3)
2

b) Equilíbrio no plano E F G H
O equilíbrio, no plano E F G H, entre os esforços internos e o momento externo de
torção TSd , conforme mostra a figura 9, indica que:

TSd

Figura 9 – Equilíbrio no plano E F G H

4a
Dd / 2 = TSd (4)
2
T 2
ou seja Dd = Sd (5)
2a

Combinando agora as equações 3 e 5 teremos:


T
H ld = H wd = Sd (6)
2a

3.1.3 Critérios da NBR 6118/2014

Com base nestas equações de equilíbrio, a NBR 6118/2014 admite satisfeita a resistência à
torção pura, numa dada seção em peças de concreto armado, quando se verificam simultaneamente
as seguintes condições.

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I - Verificação da resistência das diagonais comprimidas de concreto

Nesta verificação estamos interessados em determinar o valor da tensão de


compressão que a força Dd provoca no concreto. Esta força solicita uma faixa de
a 2
largura y igual a (vide fig. 10) . Portanto teremos:
2

Figura 10 – Largura de atuação da força Dd

a 2 he 2 TSd
σ td = , (7)
2 2a
obtendo-se:
TSd TSd
σ td = = , (8)
2 Ae he
a he

onde Ae (= a2) é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada.

Segundo a resistência dos materiais, a tensão de cisalhamento τtd para uma seção
vazada de parede fina submetida a um momento de torção TSd é dada por:
TSd
τ td = , (9)
2 Ae he

onde,
Ae é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada; e
he é espessura da parede.

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Combinando agora as equações 8 e 9 teremos:


σ td TSd
τ td = = . (10)
2 2 Ae he
Esta tensão τ td , segundo a NBR 6118/2014, deve ser menor ou igual a τ td 2 , dada
por:
τ td 2 = 0 ,25 .α v 2 . f cd , (11)

com α v 2 =  1 − ck
f  sendo f em megapascal. Embora para o cálculo de α a
 250  ck v2

unidade utilizada seja o MPa, a unidade da tensão τ td 2 é kN/cm2.

A tabela 1 apresenta os valores da tensão máxima τ td 2 para valores usuais de fck.

Tabela 1 – Valores de τ td 2

fck (MPa) τtd2 (KN/cm2)

20 0,3286
25 0,4018
30 0,4714
35 0,5375

II - Verificação da parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do elemento estrutural

Com base nas figuras 7 e 8 bem como na equação 6, pode-se ver que a força de tração
Hwd deve ser resistida num trecho de comprimento a ao longo do elemento estrutural
por estribos normais ao eixo deste elemento. Considerando o espaçamento entre os
estribos igual a s, tendo cada estribo uma área A90 e sendo fywd sua tensão de cálculo
teremos:
TSd a
H wd = = A90 f ywd , (12)
2a s
obtendo-se:
A 90 TSd TSd
= = . (13)
s 2 a 2 f ywd 2 A e f ywd

A tensão de cálculo do aço dos estribos fywd está limitada a 435 MPa.

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III - Verificação da parcela resistida pelas barras longitudinais paralelas ao eixo do


elemento estrutural

Com base nas figuras 7 e 8, pode-se ver que a força de tração Hld existe em cada
vértice da seção vazada. Esta força será deve ser resistida por uma armadura de área
A1. Sendo a tensão de cálculo desta armadura fywd teremos:

TSd
H ld = = A1 f ywd , (14)
2a
obtendo-se:
TSd
A1 = . (15)
2 a f ywd

Portanto a área total de armadura longitudinal Asl será igual a 4 A1. Se no sentido de
reduzir a fissuração entre os vértices da seção vazada, substituirmos esta armadura
concentrada nos cantos por uma armadura uniformemente distribuída ao longo do
perímetro u da área Ae , sendo u neste caso igual a 4a, chegamos à seguinte relação:

Asl 4 A1 4TSd TSd


= = = (16)
u 4a 8 a 2 f ywd 2 Ae f ywd

A tensão de cálculo do aço da armadura longitudinal está também limitada a 435 MPa.

De acordo com a NBR 6118/2014, as áreas calculadas acima para os estribos e para as
barras longitudinais devem satisfazer um valor mínimo dado por:
Asl A f
= 90 > 0,2 he ctm , (17)
u s f ywk

onde fctm é a resistência média à tração do concreto e fywk é resistência ao escoamento do aço da
armadura. A resistência média à tração do concreto fctm, de acordo com o item 8.2.5 da NBR
6118/2014, pode ser avaliada pela seguinte relação:
2
f ctm = 0 ,3 . f ck3 ( fck em MPa) (18)

A resistência ao escoamento do aço da armadura fywk deve ser sempre ≤ 500 MPa.

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IV Geometria da seção vazada resistente

Seções poligonais convexas cheias


A seção vazada equivalente se define a partir da seção cheia com espessura da parede he
dada por:
A
2 c1 ≤ he ≤ ,
u
onde,
A é a área da seção cheia;
u é o perímetro da seção cheia; e
c1 é a distancia entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face lateral do
elemento estrutural.
Caso A u resulte menor que 2c1, pode-se adotar he = A u ≤ bw − 2c1 e a superfície média
da seção vazada equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando-
se o cobrimento exigido nos estribos).

Seções vazadas
Deve ser considerada a menor espessura de parede entre a espessura real da parede e a
espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo contorno externo da
seção vazada.

4 – PRESCRIÇÕES DA NBR 6118/2014

4.1 - Solicitações combinadas

4.1.1 Flexão e Torção

Nos elementos estruturais submetidos à torção e à flexão simples ou composta, as


verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicitações normais. Porém
no detalhamento final devem ser observadas as seguintes prescrições:
• Na zona tracionada pela flexão, a armadura longitudinal de torção deve ser
acrescentada à armadura necessária para as solicitações normais, considerando
em cada seção os esforços que agem concomitantemente.
• No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida
em função dos esforços de compressão que atuam na espessura efetiva he e no trecho
de comprimento ∆u correspondente à barra ou feixe de barras consideradas

4.1.2 Torção e Força Cortante

Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de inclinação
das bielas de concreto θ coincidentes para os dois esforços. Quando for utilizado o modelo I para a

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força cortante, que subentende θ = 45°, esse deve ser o valor considerado também para a torção.
Além disso, devem ser observadas as seguintes prescrições:
• A resistência à compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à
expressão:
τ wd τ
+ td ≤ 1 ,
τ wd 2 τ td 2
onde τwd e τtd são as tensões de cálculo que agem concomitantemente numa
mesma seção.
• A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras determinadas
separadamente para VSd e TSd .

4.2 - Detalhamento das armaduras

No detalhamento das armaduras de torção, consideram-se efetivos na resistência os ramos


dos estribos e as barras longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada
equivalente. Além disso, devem ser observadas as seguintes prescrições:
• Os estribos para a torção devem ser fechados em todo o contorno, envolvendo as barras
das armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente
ancoradas por meio de ganchos em ângulo de 45°.
• O diâmetro φ dos estribos deve ser ≥ 5 mm e ≤ bw/10.
• O espaçamento s dos estribos deverá ser de:
para τtd ≤ 0,67.τtd2 ⇒ smáx = 0,6.d (ou 0,6.b) < 30 cm
para τtd > 0,67.τtd2 ⇒ smáx = 0,3.d (ou 0,3.b) < 20 cm

Figura 11 – Possibilidade de ruptura do canto devido ao empuxo ao vazio


• As barras longitudinais da armadura de torção devem ser espaçadas de no máximo 35
cm.
• Deve-se respeitar a relação ∆Asl/∆u, onde ∆u é o trecho de perímetro da seção efetiva
correspondente a cada barra ou feixe de barras de área ∆Asl, exigida pelo
dimensionamento.
• As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de torção, pelo menos
uma barra.

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Torção em Vigas – Exemplo 1

A passarela da figura está submetida a uma sobrecarga de 5,0 kN/m2. Dimensioná-la somente
à torção e esboçar a armadura que será constante em todo o seu comprimento.

Dados: Concreto fck = 25 MPa


Aço CA 50
C1 = 5 cm

Seção Transversal Típica

Vista Longitudinal

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SOLUÇÃO:
O maior momento de torção por unidade de comprimento ocorre quando meio passadiço
estiver carregado como indicado na figura. As outras cargas atuantes estão equilibradas e não
produzem momento de torção.

t = 5,00 x 1,90² / 2 = 9,025 kN.m / m.

Os valores máximos dos momentos de torção, neste caso, se encontram nos apoios. Serão
comparados os valores à esquerda e à direita do apoio.

Tmáx = 85,74 kN.m ⇒ Td = γf x Tmáx = 1,4 x 85,74 kN.m = 120 kN.m

Geometria da seção a considerar:

Determinação de he
▪ menor espessura real = 15 cm
▪ 2 c1 = 2 x 5 = 10 cm
▪ A/ u = (60 x 90)/[2 x (60 + 90)] = 18 cm
10 cm ≤ he ≤ 15 cm ⇒ he = 12 cm

Parametros da seção
▪ Ae = (60 - 12) x (90 – 12) = 3744 cm2
▪ u = 2 x [(60 - 12) + (90 – 12)] = 252 cm

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Verificação da resistência das bielas com θ = 45°°:


Td 12000
τ td = = = 0 ,134 kN / cm 2
2 Ae he 2 x 3744 x 12
τ td 2 = 0 ,4018 kN / cm 2 ⇒ τ td ≤ τ td 2

{
OK !!!!
0,6 d
 2
τ td ≤   τ td 2 ⇒ s ≤ 0,6 b
 3
30 cm

Determinação da armadura transversal (estribos) com θ = 45°°:


A90 Td 12000
= = = 0 ,037
s 2 Ae f ywd 2 x 3744 x 43 ,5

para s = 100 cm ⇒ A90 = 3,70 cm2 / metro ⇒ φ 8,0 mm c/ 13 cm

Determinação da armadura longitudinal com θ = 45°°:


Asl Td 12000
= = = 0 ,037
u 2 Ae f ywd 2 x 3744 x 43 ,5
para u = 252 cm ⇒ Asl = 9 ,32 cm 2 ⇒ 12 φ 10 mm

Verificação da armadura mínima:


A90 Asl f ctm 0 ,3 x ( f ck )2 / 3
= ≥ 0 ,2 he = 0 ,2 x 12 x = 0 ,011 OK !!!!
s u f ywk 500

Detalhamento:

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Concreto Armado II – Torção em Vigas

Torção em Vigas – Exemplo 2


Dimensionar e detalhar a viga (seção 40/75 cm) mostrada na figura. Centrada sobre a viga
existe uma alvenaria de tijolos maciços com largura igual a 0,25 m e altura de 3,0 m.

Dados: Concreto fck = 25 MPa


Aço CA 50
γtijolo = 18 kN/m3
Largura do apoio = 0,4 m

Esquema da viga Seção transversal típica

SOLUÇÃO:

Análise dos balanços

q = 0,40 x 0,75 x 25 = 7,5 kN/m


R = 60 + 7,50 x 1,3 = 69,75 kN
X = - 60 x 1,3 - 7,50 x 1,30² / 2 = - 84,34 kN.m

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Concreto Armado II – Torção em Vigas

Esquema de carregamentos

ql 2 21 x 8 2
M máx = + 2 x 69 ,75 = + 2 x 69 ,75 = 307 ,5 kNm
8 8

Dimensionamento à flexão
Md = 1,4 x 307,5 = 430,5 kN.m = 43050 kN.cm
b = 40 cm
d = 75 – 5 = 70 cm
f 2 ,5
f c = 0 ,85 ck = 0 ,85 x = 1 ,52 kN / cm 2
1 ,4 1 ,4
Md 43050
k= = = 0,145 < k L = 0,295 ⇒ k ' = k = 0,145
fc x b x d 2 1,52 x 40 x 70 2
f c x b x d  1 − 1 − 2 k '  1 ,52 x 40 x 70 1 − 1 − 2 x 0 ,145
( )
 
As = = = 15 ,34 cm 2
f yd 43 ,5

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Dimensionamento ao esforço cortante


Diagrama de esforço cortante para dimensionamento

Vface = 153,75 – 21 x 0,2 = 149,55 kN

Verificação da resistência das bielas – modelo I (θ = 45°)


1 ,4 x V face 1 ,4 x 149 ,55
τ wd = = = 0 ,075 kN / cm 2
b .d 40 x 70

τ wd 2 = 0 ,4339 kN / cm 2 ⇒ τ wd ≤ τ wd 2 OK !!!!
Determinação da armadura transversal (estribos) com θ = 45°:
0 ,7 x 0 ,3 x ( f ck )2 / 3
τ c 0 = 0 ,6 f ctd = 0 ,6 x = 0 ,769 MPa = 0 ,0769 kN / cm 2
1 ,4
As 90
≥ bw x
(
τ wd − τ c0 ) ⇒
As 90
≤0 ⇒ usar estribo mínimo
s 39 ,15 s

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Concreto Armado II – Torção em Vigas

Dimensionamento à torção


Carregamento fictício

Geometria da seção a considerar:


Determinação de he
▪ 2 c1 = 2 x 5 = 10 cm
▪ A/ u = (40 x 75)/[2 x (40 + 75)] = 13 cm
10 cm ≤ he ≤ 13 cm ⇒ he = 10 cm

Parametros da seção:
▪ Ae = (40 - 10) x (75 – 10) = 1950 cm2
▪ u = 2 x [(40 - 10) + (75 – 10)] = 190 cm

Verificação da resistência das bielas com θ = 45°:


Td 1 ,4 x 42 ,17 x 100
τ td = = = 0 ,151 kN / cm 2
2 Ae he 2 x 1950 x 10
τ td 2 = 0 ,4018 kN / cm 2 ⇒ τ td ≤ τ td 2 OK !!!!!!!

Verificação conjunta :
τ td τ 0 ,151 0 ,075
+ wd = + = 0 ,38 + 0 ,17 = = 0 ,55 ≤ 1 ⇒ OK ! ! !
τ td 2 τ wd 2 0 ,402 0 ,434

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Concreto Armado II – Torção em Vigas

Determinação da armadura transversal (estribos) com θ = 45°:


A90 Td 1 ,4 x 42 ,17 x 100
= = = 0 ,0348
s 2 Ae f ywd 2 x 1950 x 43 ,5

para s = 100 cm ⇒ A90 = 3,48 cm2 / metro

Determinação da armadura longitudinal com θ = 45°:


Asl Td 1,4 x 42 ,17 x 100
= = = 0 ,0348
u 2 Ae f ywd 2 x 1950 x 43 ,5

para u = 190 cm ⇒ Asl = 6 ,61 cm 2

Detalhamento final
a) Estribos totais
Verificação da armadura mínima de estribos:
0 ,2 f 0 ,3 x ( f ck )2 / 3
cisalhamento : As 90 ≥ s bw ctm = 0 ,2 x 100 x 40 x = 2 ,05 cm 2 / m
2 f ywk 500
f ctm 0 ,3 x ( f ck )2 / 3
torção : A90 ≥ 0 ,2 s he = 0 ,2 x 100 x 10 x = 1 ,03 cm 2 / m
f ywk 500

Estribos totais = Estribocis. + Estribotorção = 0 + 3,48 = 3,48 cm2/m ⇒ φ 8,0 mm c/ 14 cm


b) Armadura longitudinal
30
face inf = As flexão + As torção = 15 ,34 + x 6 ,61 = 16 ,38 cm 2 ⇒ 8 φ 16 mm
190
30
face sup = As torção = x 6 ,61 = 1 ,04 cm 2 ⇒ 2 φ 8 mm
190
65
faces laterais = As torção = x 6 ,61 = 2 ,26 cm 2 ⇒ 3 φ 10 mm
190

2φ8
φ 8 c/ 14 cm

3 φ 10 3 φ 10

8 φ 16

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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 3

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

LAJES NERVURADAS
Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

LAJES NERVURADAS

1 – INTRODUÇÃO

Com os objetivos de economizar concreto, de reduzir o peso próprio e de conseguir vencer vãos
maiores (entre 7 e 15 metros), construímos lajes cujas partes inferiores são constituídas de nervuras
conforme mostram as figuras 1 e 2.

Figura 1 – Vista de uma laje nervurada

armadura negativa mesa ou capeamento

hf

h nervura

armadura positiva
b2 b2
bw bw bw
h = altura total da laje hf = espessura da mesa ou do capeamento
bw = espessura da nervura b2 = distancia livre entre as nervuras

Figura 2 – Seção transversal de uma laje nervurada

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Entre as nervuras podemos ou não colocar material para tornar a superfície inferior da laje
plana. Caso se coloque este material (isopor, tijolos ou blocos) ele será inerte, isto é, não participará
dos mecanismos resistentes da laje. Lajes assim constituídas são chamadas de lajes nervuradas.

Material inerte (isopor, tijolos ou blocos)

Figura 3 – Material inerte de uma laje nervurada

As nervuras podem existir em uma única direção ou em duas constituindo, como em lajes
maciças, lajes nervuradas armadas numa só direção ou com armaduras em cruz.

2 – MATERIAL INERTE

Tijolo cerâmico – mais leve, mais barato, porém muito quebradiço (aumento no consumo de
concreto).

Bloco de concreto – mais pesado, mais caro que tijolo cerâmico, porém menos quebradiço.

Bloco de concreto celular – bastante leve, fácil manuseio, liberdade de dimensões, mais caro.

Bloco de EPS (poliestireno expandido) – levíssimo, fácil manuseio, liberdade de dimensões.

Vazio – fôrmas de polipropileno (ATEX, FORMPLAST).

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

3 – PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS COM FÔRMAS DE POLIPROPILENO

Figura 4 – Fixação das fôrmas

Figura 5 – Fixação das fôrmas

Figura 6 – Escoramento das fôrmas

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Figura 7 – Aplicação do líquido desmoldante

Figura 8 – Colocação das armaduras

Figura 9 – Concretagem

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Figura 10 – retirada das fôrmas

Figura 11 – Aspecto final da laje

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

4 – PRESCRIÇÕES REGULAMENTARES

De acordo com a NBR 6118/2014, as seguintes prescrições devem ser observadas na análise e
dimensionamento de lajes nervuradas:
 A espessura da mesa, quando não houver tubulações horizontais embutidas, deverá ser
sempre maior ou igual a 1/15 da distância livre entre as nervuras e não menor que 4 cm. O
valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser de 5 cm quando existirem de
tubulações embutidas de diâmetro menor ou igual a 10 mm. Para tubulações com
diâmetro  maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura mínima de 4 cm + , ou de
4 cm + 2 no caso de haver cruzamento destas tubulações.
 A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm. Nervuras com espessura menor que 8
cm não devem conter armadura de compressão para o momento negativo.
 Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode ser
dispensada a verificação da flexão da mesa desde que não atue sobre ela cargas
concentradas (alvenarias, pilaretes, etc); para a verificação do cisalhamento da região das
nervuras é permitida a utilização dos critérios de dimensionamento para lajes.
 Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se a
verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento como
vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de nervuras for
menor ou igual a 90 cm e a largura média das nervuras for maior que 12 cm.
 Para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm, a mesa
deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus
limites mínimos de espessura.
 As lajes nervuradas armadas em uma só direção devem ser analisadas segundo a direção das
nervuras desprezando-se a rigidez transversal e a rigidez à torção.
 As lajes nervuradas armadas em cruz podem ser calculadas, para efeito da determinação dos
esforços solicitantes, como lajes maciças.

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

5 – ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS

Na determinação dos esforços solicitantes (momentos fletores e reações de apoio) de lajes


nervuradas temos duas situações a considerar:
Caso 1 – As espessuras das nervuras e o espaçamento entre elas são iguais nas duas direções

Seção típica para o cálculo inércia na direção a


direção a

bw
B

b2
B
direção b

bw
Ja

b2

bw
A

Jb = Ja
Jb
Inércias iguais nas duas direções

b2 b2
bw bw bw

Seção típica para o cálculo inércia na direção b

Figura 12 – Laje nervurada com inércias iguais

Neste caso calculamos os esforços solicitantes como em lajes maciças comuns utilizando
para tal qualquer tabela de lajes, exceto aquelas que têm como principio básico a teoria das
linhas de ruptura.

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Tabela 1 – Momentos fletores, regime elástico


Tipo
de A B C D E F
laje

b/a ma mb ma mb na ma mb na nb ma mb na ma mb na nb ma mb na nb
0,50 - - 119,0 44,1 32,8 - - - - 113,6 47,9 33,7 222,2 72,7 49,3 35,2 - - - -
0,55 - - 91,7 40,0 27,6 - - - - 88,5 44,8 28,6 161,3 64,3 40,5 30,7 - - - -
0,60 - - 74,1 37,2 23,8 - - - - 73,0 42,9 25,0 123,5 58,4 34,4 27,2 - - - -
0,65 - - 61,7 35,3 20,9 - - - - 60,2 42,0 22,2 99,0 54,3 29,8 24,6 - - - -
0,70 - - 52,1 34,1 18,6 - - - - 53,5 41,7 20,1 82,0 51,3 26,2 22,5 - - -
0,75 - - 45,2 33,4 16,8 - - - - 47,2 42,0 18,5 69,0 49,5 23,4 21,0 - - - -
0,80 - - 40,2 33,1 15,4 - - - - 42,9 43,0 17,3 59,2 48,4 21,2 19,7 - - - -
0,85 - - 36,1 33,2 14,2 - - - - 39,4 44,2 16,3 52,4 47,9 19,5 19,2 - - - -
0,90 - - 32,9 33,5 13,3 - - - - 36,5 45,7 15,5 47,4 48,0 18,1 18,7 - - - -
0,95 - - 30,3 33,9 12,5 - - - - 34,2 47,8 14,8 43,1 48,6 17,1 18,4 - - - -
1,00 23,6 23,6 28,2 34,4 11,9 37,2 37,2 14,3 14,3 32,4 49,8 14,3 39,7 49,5 16,2 18,3 49,5 49,5 19,4 19,4
1,10 20,0 23,6 25,1 36,2 10,9 31,3 37,4 12,7 13,6 29,9 54,7 13,5 34,8 52,3 14,8 17,7 41,3 50,4 17,1 18,4
1,20 17,4 23,7 22,8 38,6 10,2 27,4 38,2 11,5 13,1 28,0 61,5 13,0 31,6 56,5 13,9 17,4 34,8 53,0 15,6 17,9
1,30 15,5 24,2 21,2 41,4 9,7 24,6 40,0 10,7 12,8 26,7 67,2 12,6 29,4 61,6 13,2 17,4 32,7 56,4 14,5 17,6
1,40 14,1 25,0 20,0 44,4 9,3 22,6 41,8 10,1 12,6 25,8 75,0 12,3 27,9 68,0 12,8 17,4 30,1 60,7 13,7 17,5
1,50 13,0 25,7 19,1 47,3 9,0 21,1 44,4 9,6 12,4 25,3 83,9 12,3 26,7 74,1 12,5 17,5 28,3 67,3 13,2 17,5
1,60 12,1 26,8 18,4 51,4 8,8 20,0 48,2 9,2 12,3 24,8 93,0 12,1 25,9 81,4 12,3 17,7 27,1 73,7 12,8 17,5
1,70 11,4 27,9 17,8 55,8 8,6 19,2 52,4 9,0 12,3 24,4 101,8 12,0 25,3 88,7 12,1 17,9 26,1 82,4 12,5 17,5
1,80 10,9 28,8 17,4 59,4 8,4 18,5 56,1 8,7 12,2 24,2 110,2 12,0 24,9 99,6 12,0 18,0 25,5 88,2 12,3 17,5
1,90 10,5 30,4 17,1 63,0 8,3 18,0 60,2 8,6 12,2 24,0 120,4 12,0 24,5 106,5 12,0 18,0 25,1 98,9 12,1 17,5
2,00 10,1 31,6 16,8 67,6 8,2 17,5 62,5 8,4 12,2 24,0 131,6 12,0 24,3 113,6 12,0 18,0 24,7 104,2 12,0 17,5
O valor do momento positivo é dado por: M = pa2/m e do negativo por X = - pa2/n
a é o vão com o maior número de engaste. Caso o número de engaste seja o mesmo nas duas direções, a é o menor vão

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Tabela 2 – Reações de apoio em lajes retangulares

Tipo A
C D E
de B
laje F
r’a = 0,183 ra = 0,144
ra=0,25 r’’a = 0,317
b/a rb ra r’b r’’b r’b r’’b rb r’a r’’a rb
0,50 - 0,165 0,1250,217 - - 0,217 0,125 0,217 0,158
0,55 - 0,172 0,1380,238 - - 0,238 0,131 0,227 0,174
0,60 - 0,177 0,1500,260 - - 0,259 0,136 0,236 0,190
0,65 - 0,181 0,1630,281 - - 0,278 0,140 0,242 0,206
0,70 - 0,183 0,1750,302 - - 0,294 0,143 0,247 0,222
0,75 - 0,183 0,1870,325 - - 0,308 0,144 0,249 0,238
0,80 - 0,183 0,1990,344 - - 0,320 0,144 0,250 0,254
0,85 - 0,183 0,2080,361 - - 0,330 0,144 0,250 0,268
0,90 - 0,183 0,2170,376 - - 0,340 0,144 0,250 0,281
0,95 - 0,183 0,2250,390 - - 0,348 0,144 0,250 0,292
1,00 0,250 0,183 0,2320,402 0,183 0,317 0,356 0,144 0,250 0,303
1,05 0,262 0,183 0,2380,413 0,192 0,332 0,363 0,144 0,250 0,312
1,10 0,273 0,183 0,2440,423 0,200 0,346 0,369 0,144 0,250 0,321
1,15 0,283 0,183 0,2500,432 0,207 0,358 0,374 0,144 0,250 0,329
1,20 0,292 0,183 0,2540,441 0,214 0,370 0,380 0,144 0,250 0,336
1,25 0,300 0,183 0,2590,448 0,220 0,380 0,385 0,144 0,250 0,342
1,30 0,308 0,183 0,2630,455 0,225 0,390 0,389 0,144 0,250 0,348
1,35 0,315 0,183 0,2670,462 0,230 0,399 0,393 0,144 0,250 0,354
1,40 0,321 0,183 0,2700,468 0,235 0,408 0,397 0,144 0,250 0,359
1,45 0,328 0,183 0,2740,474 0,240 0,415 0,400 0,144 0,250 0,364
1,50 0,333 0,183 0,2770,479 0,244 0,423 0,404 0,144 0,250 0,369
1,55 0,339 0,183 0,2800,484 0,248 0,429 0,407 0,144 0,250 0,373
1,60 0,344 0,183 0,2820,489 0,252 0,436 0,410 0,144 0,250 0,377
1,65 0,348 0,183 0,2850,493 0,255 0,442 0,413 0,144 0,250 0,381
1,70 0,353 0,183 0,2870,497 0,258 0,448 0,415 0,144 0,250 0,384
1,75 0,357 0,183 0,2890,501 0,261 0,453 0,418 0,144 0,250 0,387
1,80 0,361 0,183 0,2920,505 0,264 0,458 0,420 0,144 0,250 0,390
1,85 0,365 0,183 0,2940,509 0,267 0,463 0,422 0,144 0,250 0,393
1,90 0,368 0,183 0,2960,512 0,270 0,467 0,424 0,144 0,250 0,396
1,95 0,372 0,183 0,2970,515 0,272 0,471 0,426 0,144 0,250 0,399
2,00 0,375 0,183 0,2990,518 0,275 0,475 0,428 0,144 0,250 0,401
O valor da reação é dado por: R = r . p.a
a é o vão com o maior número de engaste. Caso o número de engaste seja o mesmo nas duas direções, a é o
menor vão

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Tabela 3 – Flecha elástica em lajes retangulares


Tipo
de
laje A B C D E F

b/a f1 f1 f1 f1 f1 f1
0,50 - 0,0068 - 0,0062 0,0033 -
0,55 - 0,0090 - 0,0080 0,0045 -
0,60 - 0,011 - 0,0098 0,0058 -
0,65 - 0,014 - 0,012 0,0073 -
0,70 - 0,017 - 0,014 0,0090 -
0,75 - 0,020 - 0,015 0,011 -
0,80 - 0,022 - 0,017 0,012 -
0,85 - 0,025 - 0,019 0,014 -
0,90 - 0,028 - 0,020 0,015 -
0,95 - 0,030 - 0,021 0,017 -
1,00 0,048 0,033 0,025 0,023 0,018 0,015
1,05 0,053 0,035 0,027 0,024 0,020 0,016
1,10 0,057 0,037 0,029 0,024 0,021 0,018
1,15 0,062 0,039 0,032 0,025 0,022 0,019
1,20 0,066 0,041 0,034 0,026 0,023 0,020
1,25 0,071 0,043 0,036 0,027 0,024 0,021
1,30 0,075 0,044 0,038 0,027 0,025 0,022
1,35 0,079 0,046 0,040 0,028 0,026 0,023
1,40 0,083 0,047 0,041 0,028 0,026 0,024
1,45 0,087 0,049 0,043 0,029 0,027 0,025
1,50 0,090 0,050 0,045 0,029 0,027 0,026
1,55 0,094 0,051 0,046 0,029 0,028 0,027
1,60 0,097 0,052 0,047 0,029 0,028 0,027
1,65 0,100 0,053 0,048 0,030 0,028 0,027
1,70 0,103 0,053 0,049 0,030 0,028 0,028
1,75 0,106 0,054 0,050 0,030 0,028 0,028
1,80 0,109 0,055 0,050 0,030 0,028 0,028
1,85 0,112 0,056 0,051 0,030 0,029 0,029
1,90 0,114 0,056 0,052 0,030 0,029 0,029
1,95 0,116 0,057 0,054 0,030 0,029 0,029
2,00 0,119 0,058 0,055 0,030 0029 0,029
O valor da flecha é dada por: f = f1 . (p.a4) / (Ecs . h3)
a é o vão com o maior número de engaste. Caso o número de engaste seja o mesmo nas duas direções, a é o
menor vão.

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Caso 2 – A espessura das nervuras e/ou o espaçamento entre elas são diferentes nas duas direções

Seção típica para o cálculo inércia na direção a


direção a

bwa
b2a
direção b

B B

bwa
Ja

b2a

bwa
A

Jb Jb  Ja
Inércias desiguais nas duas direções

b2b b2b
bwb bwb bwb

Seção típica para o cálculo inércia na direção b

Figura 13 – Laje nervurada com inércias desiguais

Os esforços solicitantes são determinados, neste caso, utilizando-se a “teoria das grelhas”
que tem com princípio básico a compatibilidade das flechas das nervuras nas direções a e
b. Assim “quinhões de carga” são calculados para cada direção, desconsiderando-se,
portanto, a rigidez à torção das lajes. Este procedimento reduz o problema da bi-flexão das
lajes em duas flexões ortogonais “independentes”, desprezando-se, portanto o efeito
benéfico dos momentos volventes que reduzem os momentos fletores positivos atuantes.

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Teoria das grelhas

Se observarmos as expressões para determinação das flechas máximas em vigas de um só


tramo quando submetidas a cargas uniformemente distribuídas, notamos que essas
expressões podem ser escritas da seguinte forma:

fmax = C1 q.L4 , (1)


E.J
onde:
fmax = flecha máxima da viga;
C1 = fator que depende das condições de apoio da viga;
q = carga uniformemente distribuída que atua na viga;
L = vão da viga; e
E.J = rigidez à flexão da viga.

A tabela abaixo apresenta os valores do fator C1 bem como os valores máximos dos
momentos fletores positivos e negativos de vigas de um só tramo submetidas a cargas
uniformemente distribuídas.

Tabela 4 – Fator C1 e valores máximos de momentos fletores

Fator C1 Momento fletor Momento fletor


máximo no vão máximo nos apoios

q
5 q L2
384 0
L 8

q
2 ,1 q L2 q L2
L 384 14 ,22
8

q
1 q L2 q L2
L 384 24 12

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Portanto se, numa laje qualquer, considerarmos como representadora de cada direção uma
faixa de largura unitária podemos escrever:

1m

C a qa a 4
fa 
Ea J a
direção b

1m C b qb b 4
b

fb 
Eb J b

Porém, por hipótese, fa = fb


a

direção a

C a qa a 4 C b qb b 4
Então: 
Ea J a Eb J b
direção a

Como q = qa + qb e Ea = Eb vem:

qb = Kb q
1
Kb 
1  nK
com n = Cb / Ca

e K = (Ja / Jb) x (b / a)4

Calculado q b temos que qa = q - q b .

Figura 14 – Cálculo dos quinhões de carga

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6 – DIMENSIONAMENTO DE LAJES NERVURADAS

6.1 Momento fletor positivo

O dimensionamento dessas lajes para momento fletor positivo é feito considerando as nervuras
como vigas de seção “T”. Assim sendo deve-se observar as prescrições relativas a este tipo de seção
transversal de viga.

bf = bw + 2b1

hf
0,5 b2
h
b1 b1
b1 
{ 0,1 a
b2 b2
bw bw bw

Figura 15 – Geometria de seção “T”


A distancia a pode ser estimada em função do comprimento do vão L da laje naquela
direção:
a = L para vão simplesmente apoiado;
a = 0,75.L para vão com momento em uma só extremidade; e
a = 0,60.L para vão com momentos nas duas extremidades.

6.2 Momento fletor negativo

Neste caso o dimensionamento é feito considerando as nervuras como vigas de seção retangular
com largura bw.

7 – DETERMINAÇÃO DE FLECHAS EM LAJES NERVURADAS SEGUNDO A NBR


6118/2014

O modelo de cálculo das flechas em lajes nervuradas admite comportamento elástico linear para o aço
e o concreto, de modo que as seções ao longo da laje possam ter deformações específicas determinadas
no estádio I, desde que os esforços não superem aqueles que dão início à fissuração, e no estádio II, em
caso contrário. Portanto a análise deve ser realizada através de modelos que considerem a rigidez
efetiva das seções, ou seja, levem em consideração a presença de armadura tracionada e comprimida, a
existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as deformações diferidas no tempo.

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7.1 – Lajes unidirecionais

Neste caso, podem-se utilizar os mesmos critérios da avaliação aproximada de flechas para vigas sem
nenhuma alteração adicional. Para facilitar a análise, considera-se a laje nervurada como uma viga de
largura igual a um metro.

7.2 – Lajes bidirecionais (armadas em duas direções)

Neste caso, o procedimento sugerido pela NBR 6118 é adaptar o critério empregado para vigas. Esta
adaptação é feita considerando a direção correspondente ao maior valor do momento fletor positivo no
vão da laje nervurada. Caso o valor deste momento, determinado para a combinação de ações em
serviço, supere o momento de fissuração da laje, a rigidez efetiva da laje nesta direção deverá ser
calculada de maneira análoga à de vigas.

7.3 – Valores limites para flechas em elementos de concreto armado segundo a NBR 6118

A NBR 6118/2014, no item 13.3, prescreve os seguintes valores para os deslocamentos limites em
vigas e lajes:
 vão/250 para o deslocamento total diferido no tempo, considerando todas as cargas
aplicadas; e
 vão/500 ou 10 mm para o acréscimo de deslocamento diferido no tempo após a
construção das alvenarias.

A norma esclarece ainda que os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela
especificação de contraflechas. Entretanto, a atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um
desvio do plano maior que o vão/350.

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Lajes Nervuradas – Exemplo 1

Dimensionar e esboçar as armaduras para as lajes da figura onde a sobrecarga especificada é de


2,5 kN/m2. Projetar as lajes como nervuradas empregando blocos com dimensões de 20 x 20 x 40
cm, capeamento de 4 cm e nervuras com 10 cm de largura.

Planta
(medidas em centímetro)

Dados: Concreto fck = 25 MPa e agregado de gnaisse


Aço CA 50
 bloco = 13 kN/m3

SOLUÇÃO:

Verificação da altura mínima para a laje


menor vão 575
Regra prática: h  h  19 ,1 cm
30 30
Altura a ser utilizada = 20 cm (bloco) + 4 cm (capeamento) = 24 cm

Disposição dos blocos

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Estudo da unidade padrão

Volume da unidade = 0,5 x 0,5 x 0,24 = 0,060 m3


Volume dos blocos = 0,4 x 0,4 x 0,20 = 0,032 m3
Volume de concreto = 0,028 m3

Peso próprio da unidade  volume de concreto x  concreto  volume de blo cos x  blo cos
Peso próprio da unidade  0 ,028 x 25 kN / m 3  0 ,032 x 13 kN / m 3  1,12 kN

Carregamentos da laje
peso próprio da unidade 1 ,12
peso próprio    4 ,46  4 ,5 kN / m 2
área em planta da unidade 0 ,5 x 0 ,5
sobrecarga = 2,5 kN / m2
revestimento + pavimentação = 0,8 kN / m2
carregamento total q = 7,80 kN / m2

Análise da laje
Laje de inércias iguais nas duas direções  tabela de lajes no regime elástico

Relação b/a = 0,80



ma = 40,2
mb = 33,1
na = 15,4

q .a 2 7 ,8 x 7 ,2 2
M a  total   10 ,06 kNm / m
ma 40 ,2
q . a 2 7 ,8 x 7 ,2 2
M b  total   12 ,22 kNm / m
mb 33,1
q .a 2 7 ,8 x 7 ,2 2
X a   total    26 ,26 kNm / m
na 15 ,4
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momento por metro de laje


Momentos fletores por nervura 
número de nervuras por metro
10 ,06
M a / nerv   5 ,03 kNm
1,00
0 ,50
12 ,22
M b / nerv   6 ,11 kNm
1,00
0 ,50
26 ,26
X a / nerv     13 ,13 kNm
1,00
0 ,50

Dimensionamento das lajes


Momento fletor positivo  dimensionar como viga T

a  Direção b M b / nerv  6 ,11 kNm  M d  1,4 x 6 ,11 x 100  856 kN .cm

b f  bw  2 b1  10  2 x 20  50 cm
onde b1  0 ,1 x vão  0 ,1 x 575  57 ,5 cm e b1  0 ,5 x b2  0 ,5 x 40  20 cm
f 2,5
f c  0,85 ck  0,85 x  1,52 kN / cm 2
1,4 1,4
 h 
 
M referência  b f h f f c  d  f   50 x 4 x 1,52 x 22  4  6080 kNcm
2 2
 
Md  Mreferência  dimensionar a seção como retangular com largura bf
Md 856
k   0,0233  k L  0,295  k '  k  0,0233
fc x b f x d 2 1,52 x 50 x 222

 
As 
fc x b f x d 1 1 2 k' 



 1,52 x 50 x 22 1  1  2 x 0,0233 
 0,91 cm 2
f yd 43,5

2 0,15 Ac 2 0,15 x 4 x 50  20 x 10


As  x  x  0,40 cm 2
3 100 3 100

As  0,90 cm 2  2  8 mm / nervura

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b  Direção a M a / nerv  5 ,03 kNm  M d  1,4 x 5 ,03 x 100  704 kN .cm


Como a laje possui inércias iguais, as nervuras em cada direção são também iguais e
conseqüentemente o momento de referencia (igual a 6080 kN.cm) também o será.
Portanto:
Md  Mreferência  dimensionar a seção como retangular com largura bf
Md 704
k   0,019  k L  0,295  k '  k  0,019
fc x b f xd2 1,52 x 50 x 222

 
As 
fc x b f x d 1 1 2 k' 



 1,52 x 50 x 22 1  1  2 x 0,019
 0,74 cm 2

f yd 43,5

As  0,74 cm 2  1  8 mm  1  6,3 mm por nervura

Momento fletor negativo  dimensionar com viga de seção retangular de largura bw

X a / nerv  13 ,13 kNm  M d  1,4 x 13 ,13 x 100  1838 kN .cm


Md 1838
k   0,250  k L  0,295  k '  k  0,250
f c x bw x d 2 1,52 x 10 x 222
 
As 
f c x bw x d  1  1  2 k ' 



 1,52 x 10 x 22 1  1  2 x 0,250 
 2,25 cm 2 / nerv
f yd 43,5
Esta armadura deve ser colocada na face superior de cada nervura. Como a mesa é
contínua e para facilitar a execução e reduzir a fissuração, detalharemos esta armadura
como uniformemente distribuída em toda a extensão da laje. Assim teremos:
As distribuido  As nervura x número de nervuras por metro

As distribuido  2,25 x  1,00   4,50 cm 2 / metro   8,0 mm c / 10 cm


 0,50 

Esboço do detalhamento das lajes

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Verificação da flecha das lajes


Cálculo do momento fletor de serviço
Carga pquase perm = q perm + 2 qacidental onde 2 neste caso é igual 0,4.
pquase perm  5,3 kN / m 2  0,4 x 2,5 kN / m 2  6,3 kN / m 2

M serviço  12,22 x  6,3   9,87 kNm / metro  M nerv  4,94 kNm  494 kNcm
 7,8 

Cálculo do momento de fissuração


 I c f ct 1,2 x 21333x 0,257
Mr    411,2 kNcm
yt 16
  1,2 ( seçãoT )

f ct  0,3  f ck  3  0,3 25 3  2,57MPa  0,257 kN / cm 2


2 2

50 x 4 x 22  20 x 10 x 10
y cg   16 cm
400
50 x 24 3 40 x 20 3
Ic   50 x 24 x 4 2   40 x 20 x 6 2 
12 12
I c  57600 19200 26667 28800 21333cm4

M serviço  M r  laje vai fissurar em serviço



Calcular rigidez efetiva

Cálculo do momento de inércia da seção fissurada

Ecs   E x  i x 5600 x 
f ck  1,0 x 0,8  0,2 x 25  80
 x 5600 x 25  24150 MPa  2415 kN / cm 2

E s  21000 kN / cm2
E
n s  8,70
E cs
As  1,00 cm2
b f x2
Posição da LN:  n As d  x 
2
25x 2  8,70 22  x   25x 2  8,7 x  191,4  0
 8,7  138,62
x  x  2,60 cm  4 cm OK!!!!
50
b f x3 50 x 2,603
I II   n As d  x 2   8,70 22  2,602  3567 cm 4
3 3

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Cálculo da rigidez efetiva


 3   3 
 M r  M r   
EI efetiva  E cs  

.Ic  1 


  
. I II 
 M serviço  M
  serviço   
 
 3  3 
EI efetiva  2415  411,2  x 21333 1   411,2   x 3567 
 494    494   
 
EI efetiva  2415 12304  1510   2415 x 13814 kN .cm 2

Cálculo da flecha imediata supondo a laje maciça com altura h = 24 cm


Laje de inércias iguais nas duas direções  tabela de Bares para cálculo da flecha

Relação b/a = 0,80



f1 = 0,022

p .a4 0,00063 x 7204


flecha  f 1  0,022 x  0,112 cm
E cs . h 3 2415 x 24 3
a  720 cm
h  24 cm
p  6,3 kN / m 2  0,00063 kN / cm2
E cs  2415 kN / cm 2

Cálculo da flecha imediata da laje nervurada considerando a fissuração


I maciça / metro
fl nerv . e fis.  fl maciça
I nerv . e fis. / metro
100 x 243
I maciça / metro   115200cm 4
12
I nerv . e fis . / metro  2 x 13814  27628cm 4
115200
fl nerv . e fis .  0,112 x  0,467 cm
27628

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Cálculo da flecha total diferida da laje nervurada


f t    f imediata 1   f   0,467 x 1  1,46  1,15 cm

f   1,46
1  50 '
As'
'   0
b.d
 t    2,00
 t  0  0,54 (retirada do escoramento realizada na idade de 14 dias)
   t     t  0  2,00  0,54  1,46

menor vão da laje 575


f admissível    2,30 cm
250 250

ft    f admissível OK !!!!!!!

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Lajes Nervuradas – Exemplo 2

Dimensionar a laje mostrada na figura para qual a sobrecarga especificada é de 1,5 kN/m2.
Projetar as lajes como nervuradas empregando blocos com dimensões de 20 x 20 x 40 cm,
capeamento de 5 cm e nervuras com 10 cm de largura.

Planta
(medidas em centímetro)

Dados: Concreto fck = 30 MPa e agregado de gnaisse


Aço CA 50
 bloco = 13 kN/m3

SOLUÇÃO:

Verificação da altura mínima para a laje


menor vão 700
Regra prática: h  h  23 ,1 cm
30 30
Altura a ser utilizada = 20 cm (bloco) + 5 cm (capeamento) = 25 cm

Disposição dos blocos

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Estudo da unidade padrão

Volume da unidade = 0,3 x 0,5 x 0,25 = 0,0375 m3


Volume dos blocos = 0,2 x 0,4 x 0,20 = 0,016 m3
Volume de concreto = 0,0215 m3

Peso próprio da unidade  volume de concreto x  concreto  volume de blo cos x  blo cos
Peso próprio da unidade  0 ,0215 x 25 kN / m 3  0 ,016 x 13 kN / m 3  0 ,746 kN

Carregamentos da laje
peso próprio da unidade 0 ,746
peso próprio    4 ,97  5 ,0 kN / m 2
área em planta da unidade 0 ,3 x 0 ,5
sobrecarga = 1,50 kN / m2
revestimento + pavimentação = 0,50 kN / m2
carregamento total q = 7,00 kN / m2

Análise da laje
Laje de inércias desiguais  calcular quinhões de carga

a – Direção a (vão = 700 cm)

Ca  5
384
30 x 25 x 12 ,5  20 x 20 x 10
ycg   15 ,36 cm
350
30 x 25 3 20 x 20 3
Ja   750 ( 15 ,36  12 ,5 ) 2   400 15 ,36  102 
12 12
J a  20372 cm 4

J a / metro  J a x número de nervuras por metro


J a / metro  20372 x  1 ,00   67906 cm 4 / metro
 0 ,30 

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b – Direção b (vão = 900 cm)

Cb  5
384
50 x 25 x 12 ,5  40 x 20 x 10
ycg   16 ,94 cm
450
50 x 25 3 40 x 20 3
Ic   1250 ( 16 ,94  12 ,5 ) 2   800 16 ,94  102 
12 12
I c  24548 cm 4

J b / metro  J b x número de nervuras por metro


J b / metro  24548 x  1 ,00   49096 cm 4 / metro
 0 ,50 

c – Cálculo dos quinhões de carga


q q
qb    0 ,21 q  1,47 kN / m 2
1  nk 1  3 ,78
Cb
n 1
Ca
4 4
Ja  b  67906  900 
k       3 ,78
Jb  a  49096  700 

qa  q  qb  0 ,79 q  5 ,53 kN / m 2

d – Cálculo dos esforços solicitantes

- direção a (vão = 700 cm)


5 ,53 x 7 2
Ma   33 ,87 kNm / m
8
33 ,87
M a / nerv   10 ,16 kNm
1 ,00
0 ,30

- direção b (vão = 900 cm)

1 ,47 x 9 2
Mb   14 ,88 kNm / m
8
14 ,887
M b / nerv   7 ,44 kNm
1 ,00
0 ,50

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Dimensionamento das lajes


Momento fletor positivo  dimensionar como viga T

a  Direção a M a / nerv  10 ,16 kNm  M d  1,4 x 10 ,16 x 100  1422 kN .cm

b f  bw  2 b1  10  2 x 10  30 cm
onde b1  0 ,1 x vão  0 ,1 x 700  70 ,0 cm e b1  0 ,5 x b2  0 ,5 x 20  10 cm
f 3 ,0
f c  0 ,85 ck  0 ,85 x  1 ,82 kN / cm 2
1 ,4 1 ,4
 h 
 
M referencia  b f h f f c  d  f   30 x 5 x 1 ,82 x 23  5  5597 kNcm
 2  2
Md  Mreferencia  dimensionar a seção como retangular com largura bf
Md 1422
k   0,049  k L  0,295  k'  k  0,049
fc x b f x d 2 1,82 x 30 x 232

f c x b f x d  1  1  2 k '  1 ,82 x 30 x 23 1  1  2 x 0 ,049


 
 
As    1 ,46 cm 2
f yd 43 ,5
2 0 ,173 Ac 2 0 ,15 x 5 x 30  20 x 10 
As  x  x  0 ,40 cm 2
3 100 3 100
As  1 ,46 cm 2  2  10 mm / nervura

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b  Direção b M b / nerv  7 ,44 kNm  M d  1,4 x 7 ,44 x 100  1042 kN .cm

b f  bw  2 b1  10  2 x 20  50 cm
onde b1  0 ,1 x vão  0 ,1 x 900  90 ,0 cm e b1  0 ,5 x b2  0 ,5 x 40  20 cm
f 3 ,0
f c  0 ,85 ck  0 ,85 x  1 ,82 kN / cm 2
1 ,4 1 ,4


h 

M referencia  b f h f f c  d  f   50 x 5 x 1 ,82 x 23  5  9327 kNcm
2 2

Md  Mreferencia  dimensionar a seção como retangular com largura bf
Md 1042
k   0,022  k L  0,295  k '  k  0,022
fc x b f xd2 1,82 x 50 x 232

f c x b f x d  1  1  2 k'  1 ,82 x 50 x 23 1  1  2 x 0 ,022


 
As     1 ,05 cm 2
f yd 43 ,5
2 0 ,173 Ac 2 0 ,173 x 5 x 50  20 x 10 
As  x  x  0 ,52 cm 2
3 100 3 100
As  1 ,05 cm 2  2  8 mm / nervura

Esboço do detalhamento das lajes

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Verificação da flecha das lajes


Cálculo do momento fletor de serviço
Carga pquase perm = q perm + 2 qacidental onde 2 neste caso é igual 0,4.
pquase perm  5 ,5 kN / m 2  0 ,4 x 1 ,5 kN / m 2  6 ,1 kN / m 2

qa serviço  0 ,79 x 6 ,1  4 ,82 kN / m 2


4 ,82 x7 2
M a serv   29 ,52 kNm / metro  M a / nerv  0 ,3 x 29 ,52  8 ,85 kNm  885 kNcm
8

Cálculo do momento de fissuração


 I c f ct 1,2 x 20372 x 0 ,29
Mr    462 kNcm
yt 15 ,36
  1 ,2 ( seção T )
f ct  0 ,3  f ck   0 ,3 30
2 2
3 3  2 ,90 MPa  0 ,290 kN / cm 2

30 x 25 x 12 ,5  20 x 20 x 10
ycg   15 ,36 cm
350
30 x 25 3 20 x 20 3
Ic   750 ( 15 ,36  12 ,5 ) 2   400 15 ,36  102 
12 12
I c  20372 cm 4

M serviço  M r  laje vai fissurar em serviço



Calcular rigidez efetiva

Cálculo do momento de inércia da seção fissurada


Ecs   E x  i x 5600 x 
f ck  1,0 x 0 ,8  0 ,2 x 30  80
 x 5600 x 30  26838 MPa  2684 kN / cm 2

E s  21000 kN / cm2
E
n s  7,82
E cs
As  1 ,60 cm 2
b f x2
Posição da LN:  n As d  x 
2
30x 2  7,82 x 1,60 23  x   15x 2  12,51 x  287,78  0
 12,51  132,0
x  x  3,98 cm  5 cm OK!!!!
30
b f x3 30 x 3,983
I II   n As d  x 2   7,82 x 1,6 23  3,982  5157 cm 4
3 3

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Concreto Armado II – Lajes Nervuradas

Cálculo da rigidez efetiva


 
3   
3 
EI efetiva  E cs  M r  . I c  1   M r

  . I 
 M serviço    M serviço 
  II 
   
 3   462  3  
EI efetiva  2684  462  x 20372  1     x 5157 
 885    885   
EI efetiva  2684 2898  4423  2684 x 7321 kN / cm 2

Cálculo da flecha imediata


5 q a serv . . a 4 5 0 ,0482 x 700 4
fl imed .    2 ,30 cm
384 EI  efet .
x
384 2684 x 24403

 
EI efet .  1
0 ,3
x 2684 x 7321  2684 x 24403 kN / cm 2

Cálculo da flecha total diferida da laje nervurada

 
f t    f imediata 1   f  2 ,30 x 1  1,32  5 ,34 cm


f   1,32
1  50 '
As'
'   0
b.d
 t    2,00
 t  0  0,68 (retirada do escoramento realizada na idade de 30 dias)
   t     t  0  2  0,68  1,32

menor vão da laje 700


f admissível    2,80 cm
250 250

ft    f admissível não OK !!!!!!!

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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 4

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

FLEXÃO NORMAL COMPOSTA


UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta

FLEXÃO NORMAL COMPOSTA

1 - INTRODUÇÃO
Com a aprovação da nova Norma Brasileira para Projeto de Estruturas de Concreto (NBR
6118/2014), adquiriu excepcional importância o dimensionamento de seções à flexão normal
composta, tipo de solicitação com que freqüentemente se depara o calculista, em conseqüência das
prescrições da Norma citada. Dentro deste cenário, o objetivo deste trabalho é exatamente oferecer
uma sistemática que permita agilizar, tanto quanto possível, o tratamento de tais problemas, seja por
via manual, com o uso de formulários e uma única tabela, seja pelo emprego de calculadora
programável, planilhas do tipo Excel ou programas de computador.

Pela sua incidência, o caso das seções retangulares é o mais significativo. Por isso o assunto
será estudado com ênfase especial para este tipo de seção. Primeiramente serão abordados os
conceitos envolvidos e a análise das hipóteses possíveis de flexão composta; a seguir será
focalizada a aplicação prática, via manual.

Os conceitos básicos a serem aqui aplicados são única e exclusivamente aqueles contidos na
NBR 6118 (2014) para concretos com resistência característica à compressão fck ≤ 50 MPa; por
isso, são a seguir transcritos os artigos da referida Norma que mais interessam ao caso.

1.1 - Hipóteses de Cálculo


As hipóteses de cálculo no estado limite último, nos casos de flexão simples ou composta,
normal ou oblíqua e de compressão ou tração uniforme, excluídas as vigas paredes, são as
seguintes:

a) As seções transversais permanecem planas. Os casos possíveis são ilustrados na figura 1;

Figura 1

b) Para o encurtamento de ruptura do concreto nas seções não inteiramente comprimidas


considera-se o valor convencional de 3,5 %0 (domínios 3 a 4a na figura 1). Nas seções
inteiramente comprimidas (domínio 5 na figura 1) admite-se que o encurtamento da borda
mais comprimida, na ocasião de ruptura, varie de 3,5 %0 a 2,0 %0, mantendo-se inalterada e
igual a 2,0 %0 a deformação a 3/7 da altura total da seção, a partir da borda mais
comprimida.

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c) O alongamento máximo permitido ao longo da armadura de tração é de 10 %0 (domínios 1 e


2 da figura), a fim de prevenir deformação plástica excessiva.

d) A distribuição das tensões do concreto na seção se faz de acordo com o diagrama parábola-
retângulo da figura 2. Permite-se a substituição desse diagrama pelo retângulo de altura
0,8x, com a seguinte tensão:
0 ,85. fck
I. , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não
γc
diminuir a partir desta para a borda comprimida;
0 ,765. fck
II. , caso contrário.
γc

A resistência à tração do concreto é desprezada.

0,85. fcd ou
0,765. fcd

Figura 2

e) A tensão na armadura é a correspondente à deformação determinada de acordo com as


alíneas anteriores e obtida na diagrama tensão–deformação correspondente à classe do aço
(figura 3).

Figura 3

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2 - SEÇÃO RETANGULAR

2.1 - Definições
Seja uma seção retangular qualquer de concreto armado, cujas características geométricas
estão representadas na figura 4.

CG

d”

Figura 4

Os elementos indicados têm as seguintes denominações:

b- largura;
h- altura total;
d- altura útil;
As armadura de tração (ou menos comprimida);
A’s armadura de compressão (ou mais comprimida);
Nd força normal última de cálculo; será considerada positiva, quando de
compressão; e
Md momento fletor último de cálculo.

Observe-se que d´ é a “distância entre o centro da armadura A’s e a borda mais próxima”.
Não deve ser confundido com o “COBRIMENTO”, e definido como a distância entre as superfícies
do concreto e as barras da armadura. A distância (h - d) entre o centro da armadura As e a borda que
lhe é próxima dar-se-á pela designação d’’, sendo freqüentemente diferente de d` .

2.2 - Simplificações
No caso da seção retangular, é altamente conveniente adotar-se o diagrama simplificado
retangular para as tensões do concreto. Essa simplificação, além de facilitar extremamente a análise
e a formulação do problema, ainda oferece a vantagem de introduzir um erro de pequeno
significado nos resultados.

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2.3 – Primeiro Caso


Considerar-se-á como primeiro caso aquele em que existe ao menos uma armadura tracionada,
podendo haver ou não uma armadura de compressão, como ilustra a figura 5.

As .σ sd
0,01

Figura 5

Podem-se armar as seguintes equações de equilíbrio:

N d = ( f c .b. y ) + ( A' s .σ ' sd ) − ( As .σ sd ) (1)

 h  y
N d . d −  + M d = ( f c .b . y ). d −  + ( A' s .σ ' sd ).( d − d' ) (2)
 2  2

Dividindo ambos os lados da equação 2 por fc b d 2 teremos:

 h
Nd . d −  + Md
 2  α  A' s . f yd  d' 
k= 2
= α . 1 − + .ϕ . 1 −  , (3)
f c .b.d  2 f c .b.d  d

onde k é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante (externo)
de cálculo e
y 0 ,8 . x
α= = (4)
d d
σ'
ϕ = sd (5)
f yd

 α
Fazendo α . 1 −  = k ' , onde k’ é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do
 2
momento fletor interno resistido pelo bloco comprimido de concreto, a área de armadura de
compressão A´s fica dada por :

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f c .b.d k − k ' 1
A' s = . . (6)
f yd  d'  ϕ
1 − 
 d
Esta última expressão mostra que somente haverá necessidade de armadura de compressão A´s se
k > k´ , nunca podendo ser k < k´.

A NBR 6118 prescreve que para assegurar a dutilidade das estruturas nas regiões de apoios
das vigas e/ou pilares ou de ligações com outros elementos estruturais, a posição da linha neutra no
ELU deve obedecer o seguinte limite:
x/d ≤ 0,45 para concretos com fck ≤ 50 MPa.
Portanto existe um limite para a relação x/d e conseqüentemente um valor limite o parâmetro
adimensional k’, denominado kL, correspondente ao máximo momento interno resistente pelo bloco
comprimido de concreto que assegure dutilidade na ruptura. Senão vejamos:
y 0 ,8 . x  x
α= = ∴ α L ≤ 0,8  (7)
d d  d  máximo
e
 α 
k ' ≤ α L . 1 − L  = k L . (8)
 2 
A tabela 1 apresenta o valor final de kL.

Tabela 1 – Valores máximos de kL para assegurar dutilidade


fck kL
≤ 50 MPa 0,295

Assim, caso se tenha, no cálculo, k ≤ kL, faremos k’ = k na equação 6, ou seja não existe
necessidade de armadura de compressão. Caso contrário faremos k’ = kL nesta mesma equação
sendo, portanto, A´s diferente de zero.

Respeitando-se os limites acima para o valor de k’, assegura-se a dutilidade e a seção será
sempre sub-armada. Seção sub-armada é aquela seção para a qual o aço escoa antes da ruptura do
concreto à compressão. Nessas condições, σsd = fyd na equação 1, que após um rearranjo de
termos fica igual:
 f bdα − N d 
As =  c  + ϕ . A' s = As 1 + As 2 , (9)
 f yd 
 
onde
f c bdα − N d f c b d (1 − 1 − 2k ' ) − N d
As 1 = = ( 10 )
f yd f yd

 f c bd   k − k ' 
As 2 = ϕ . A' s =  . ( 11 )
 f   1 − d ' 
 yd   d

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O valor de ϕ pode ser tabelado, para as diversas qualidades de aço, em função de ε´s e,
portanto, de x/d´ ou y/d´.

Deve ser notado na equação 9 o valor de As pode, em determinadas circunstâncias, ser


negativo, o que contraria a hipótese inicial de existir ao menos uma armadura de tração. Caso isto
ocorra deve-se passar ao caso seguinte.

2.4 – Segundo Caso


Conforme mostra a figura 6, este caso corresponde a hipótese na qual o equilíbrio da seção
pode ser conseguido apenas com a compressão do concreto, em parte da seção, e da armadura A´s.
Chega-se a este quando, no cálculo pelo caso anterior, conclui-se que As < 0.

Figura 6

As equações de equilíbrio são:


N d = ( f c .b. y ) + ( A' s .σ ' sd ) ( 12 )

h  y 
N d . − d '  − M d = f c .b. y . − d '  ( 13 )
2  2 
Transformando esta última equação tem-se:

 h  
 N d . 2 − d '  − M d 
y = d '+ (d ' ) 2 + 2.    ≤ h ( 14 )
 f c .b 
 
 
Na equação acima, deve-se ter y ≤ h por razões óbvias. No limite, a seção de concreto já
estará totalmente comprimida. Caso se obtenha y > h em deve-se passar ao caso seguinte.

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Com o valor obtido de y, a área de armadura comprimida A´s é dada por:

( N d − f c .b. y )
A' s = ( 15 )
ϕ . f yd

e As será sempre igual a zero.

Eventualmente, pode-se obter A´s < 0. Isto significa que, em teoria, nenhuma armação será
necessária, bastando a seção de concreto, parcialmente comprimida, para equilibrar os esforços
solicitantes. Nestas condições deve ser adotada a armadura mínima para peças comprimidas fixada
em Norma.

2.5 – Terceiro Caso


Este caso (figura 7) trata da hipótese na qual o concreto está totalmente comprimido e
existem duas armaduras (As e A´s) ambas também comprimidas. Chega-se a este caso quando, no
cálculo pelo caso anterior, conclui-se que y > h.
f c = 0 ,85 f cd

As σ sd

Figura 7
As equações de equilíbrio são:

N d = ( f c .b .h ) + ( A' s .σ ' sd ) + ( As .σ sd ) ( 16 )

h   h
M d = A' s .σ ' sd . − d '  − As .σ sd  d −  ( 17 )
2   2

Neste caso ocorre uma indefinição na posição da linha neutra, que pode ser qualquer, desde
que x > 1,25 h e que as armaduras sejam suficientes para atenderem às equações acima. O diagrama
de deformação (fig. 7), que corresponde ao domínio 5 (fig. 1), mostra que as tensões σsd e σ'sd a
que estão submetidas as armaduras, dependem dos respectivos alongamentos εsd e ε´sd , que por
sua vez são funções da posição da linha neutra. Haverá, pois, uma infinidade de soluções de
equilíbrio, das quais, naturalmente, a mais interessante seria aquela que minimizasse a soma As +
A´s .

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A fim de simplificar a análise, adotar-se-á para y/h > 1 a linha neutra no infinito, ou seja,
seção uniformemente comprimida, com εc = εsd = ε´sd = 0,002. Tal simplificação, que levanta a
indeterminação e facilita substancialmente a análise, justifica-se pelos fatos de ser estreita a faixa de
variação possível, em termos de excentricidade da solicitação, significando pequena incidência de
casos desta natureza, e de ser pequeno e favorável à segurança o excesso obtido, que, em geral, não
ultrapassa em 2% o mínimo possível da soma das armaduras.

Resolvendo, agora, o sistema de equações acima para As e A´s com suposição de que σsd =
σ´sd = φ fyd teremos :

h 
( N d − f c .b.h). − d '  − M d
As = 2  ( 18 )
ϕ . f yd .(d − d ')

 h
( N d − f c .b.h). d −  + M d
A' s =  2
( 19 )
ϕ . f yd .(d − d ')

Ainda dentro deste caso de solicitação, existe uma variante, aliás de bastante interesse
prático, no arranjo da armadura, consistindo em considerá-la não concentrada junto às bordas, mas,
conforme a figura 8, composta por uma parcela Aos, centrada, e uma outra ∆As que reforça apenas
a borda mais comprimida.

Figura 8

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Esta forma de calcular e distribuir a armação é, via de regra, mais conveniente e econômica,
para um tipo de solicitação muito freqüente em edifícios (pilares sujeitos à compressão Nd com
pequena excentricidade). As equações de equilíbrio ficam:
N d = ( f c .b.h) + ( Aº s + ∆As ).σ ' sd ( 20 )

h 
M d = ∆As .σ ' sd . − d '  ( 21 )
2 

Resolvidas estas equações temos:


 
 M d   1 
Aº s =  N d − f c .b.h − .  ( 22 )
 h    ϕ . f yd 

  − d ' 
 2 
 
 M  1 
∆As =  d  .  ( 23 )
 h    ϕ . f yd 

  2 − d ' 
 

2.6 - Quarto Caso


Trata-se da hipótese, pouco comum, mas possível, de estar a seção totalmente tracionada,
em flexão composta. Chega-se a ela ao obter-se k < 0 no primeiro caso. A seção funcionará como
sendo constituída apenas pela armadura; o concreto em nada ajudará visto estar totalmente fissurado
(figura 9). Seria o caso de um tirante com carga Nd (negativa = tração) excêntrica.

Figura 9

Analogamente ao terceiro caso, a seção será considerada uniformente tracionada, com εs =


ε´s =≥ εyd e conseqüentemente σsd = σ´sd = fyd .Esta solução alia a simplicidade à economia,
pois minimiza a soma As + A´s .

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As equações de equilíbrio são:

N d = ( As + A' s ). f yd ( 24 )

 h h 
Md = As . f yd . d −  − A' s . f yd . − d '  ( 25 )
 2 2 
Resolvidas, dão:
h 
N d . − d '  + M d
As = 2  ( 26 )
f yd .(d − d ' )

 h
N d . d −  − M d
A' s =  2
( 27 )
f yd .(d − d ' )

A variante, análoga àquela apresentada para o terceiro caso, é aqui também cabível e
igualmente conveniente: uma armadura composta de uma parcela Aos centrada e outra ∆As, agora
reforçando a borda mais tracionada (fig.10).

Figura 10

As equações de equilíbrio são:


N d = ( Aº s + ∆As ). f yd ( 28 )

 h
M d = ∆As . f yd . d −  ( 29 )
 2
Resolvidas, dão:

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 
 M 
Nd − d 
 h
 d − 2  
Aº s =  
( 30 )
f yd
 
 M 
 d 
 h 
 d − 2  
 
∆As =  ( 31 )
f yd

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Quadro Resumo

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fck kL

≤ 50 MPa 0,295

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Flexão Normal Composta – Exemplo 1

Dimensionar e detalhar a seção da base (dimensões 40/60 cm) do suporte, mostrado na figura,
da tubulação de uma adutora da COPASA. Desprezar o peso próprio da estrutura.

Vista Lateral
(medidas em centímetro)

Dados: T1 = T2 = 260 kN
Concreto fck = 20 MPa e Aço CA 50

SOLUÇÃO:

Primeira situação de cálculo - Apenas a tubulação T1 está em funcionamento

Esforços solicitantes na seção da base:


N = 260 kN
M base = 260 x (50 + 30) = 20800 kNcm

Valores da geometria da seção a considerar

Largura b = 40 cm
Altura útil d = 60 – 5 = 55 cm

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Dimensionamento da seção
f 2 ,0
f c = 0 ,85 ck = 0 ,85 x = 1,21 kN / cm 2
1,4 1,4
Começando pelo primeiro caso teremos:

k=
(
Nd d − h
2
)
+ Md
=
1 ,4 x 260 x (55 − 30 ) + 1 ,4 x 20800
= 0 ,261
2
fc x b x d 1 ,21 x 40 x 55 2

k < k L = 0 ,295 ⇒ k' = k = 0 ,261 e A's = A s 2 = 0

f c x b x d  1 − 1 − 2 k '  − N
As 1 =
  d
=
( )
1 ,21 x 40 x 55 1 − 1 − 2 x 0 ,261 − 1 ,4 x 260
= 10 ,51 cm 2
f yd 43 ,5
As = As 1 = 10 ,51 cm 2 ⇒ 6 φ 16 mm

Segunda situação de cálculo - Ambas as tubulações estão em funcionamento

Esforços solicitantes na seção da base:


N = 520 kN
M base = 0 kNcm

Dimensionamento da seção
Como a seção da base do suporte está submetida apenas a uma força centrada de compressão
pode-se deduzir que esta seção está totalmente comprimida, correspondendo, portanto, ao
terceiro caso. Começando pelo terceiro caso e escolhendo a distribuição uniforme de
armadura teremos:

N d = ( f c .b .h ) + ( Aº s + ∆As ).ϕ . f yd = ( f c .b .h ) + ( Aº s + 0 ).ϕ . f yd


N d − f c .b .h 1 ,4 x 520 − 1 ,21 x 40 x 60
∴ Aso = = ≤0
ϕ . f yd ϕ . f yd

usar armadura mínima de peças comprimidas

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Esboço do detalhamento da seção da base


60 cm

40 cm

6 φ 16 6 φ 16

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Flexão Normal Composta – Exemplo 2

Um suporte de uma correia transportadora foi executado com locação diferente da projetada,
3 centímetros conforme mostra a figura abaixo. Verificar se o detalhamento apresentado para
a seção da base do suporte é adequado para resistir ao carregamento aplicado. Desprezar o
peso próprio da estrutura.

Vista Lateral Esboço do detalhamento da seção da base do suporte


(medidas em centímetro) (medidas em centímetro)

Vista A - A
(medidas em centímetro)

Dados: N1 = 150 kN
Concreto fck = 20 MPa e Aço CA 50

SOLUÇÃO:

Cálculo dos esforços solicitantes na seção da base do suporte

N = 300 kN
M base = 300 x 3 = 900 kNcm

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UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta

Valores da geometria da seção a considerar

Largura b = 50 cm
Altura útil d = 30 – 5 = 25 cm

Dimensionamento da seção
f 2 ,0
f c = 0 ,85 ck = 0 ,85 x = 1,21 kN / cm 2
1,4 1,4
Começando pelo primeiro caso teremos:

k=
(
Nd d − h
2
)
+ Md
=
1 ,4 x 300 x (25 − 15 ) + 1 ,4 x 900
= 0 ,143
2
fc x b x d 1 ,21 x 50 x 25 2

k < k L = 0 ,295 ⇒ k' = k = 0 ,143 e A's = A s 2 = 0

f c x b x d  1 − 1 − 2 k '  − N d 1 ,21 x 50 x 25 1 − 1 − 2 x 0 ,143 − 1 ,4 x 300


( )
 
As 1 = = = − 4 ,24 cm 2
f yd 43 ,5
Como A s = As 1 ≤ 0 ⇒ passar para o 2o caso

2o caso :

 h  
 N d . 2 − d'  − M d 
y = d' + ( d' ) 2 + 2    =
 f c .b 
 
 

 1 ,4 x 300 (15 − 5 ) − 1 ,4 x 900 


y = 5 + ( 5 )2 + 2   = 16 ,04 cm ≤ h = 30 cm OK!!!!
 1 ,21 x 50 

( N d − f c .b . y ) ( 1 ,4 x 300 − 1 ,21 x 50 x 16 ,04 )


A' s = = ≤0
ϕ . f yd ϕ . f yd

usar armadura mínima de peças comprimidas


Detalhamento está OK!!!

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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 5

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

PILARES
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

PILARES DE CONCRETO ARMADO

1 - DEFINIÇÃO
Pilares são elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças
normais de compressão são predominantes.

Pilar-parede é aquele pilar no qual a maior dimensão em planta é maior que 5 (cinco) vezes a
outra dimensão.

2 - PRESCRIÇÕES DA NBR 6118

2.1 - Dimensões
A seção transversal de pilares e pilares-parede maciços, qualquer que seja a sua forma, não
deve apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais, permite-se a consideração de
dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem os esforços solicitantes finais de
cálculo nos pilares, quando de seu dimensionamento, por um coeficiente adicional γn dado pela
seguinte equação:
γn = 1,95 - 0,05b,
onde b é igual à menor dimensão da seção transversal do pilar.

TABELA 1 – Valores de γn
b ≥ 19 18 17 16 15 14
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior a 360 cm².

2.2 - Armaduras

2.2.1 – Armadura Longitudinal

a - 10 mm ≤ φbarra longitudinal ≤ (1/8) da menor dimensão da seção transversal.

b – A área mínima de armadura As deverá ser:


Nd
A S,min = 0,15 ≥ 0,004 A c , onde Ac = área da seção real.
fyd

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

c – A área máxima de armadura As deverá ser sempre ≤ 0,08 (Ac)real mesmo nas regiões
de emenda por traspasse.
PISO (i+1)
l PISO (i+1)

PISO i PISO i
l

l PISO (i-1)
l PISO (i-1)

Fig. 2.1: 100% de emendas Fig. 2.2: 100% de emendas


em todos os pisos em pisos alternados

PISO (i+2)
l

PISO (i+1)

l PISO (i+1)

PISO i
l l
/ l
50% da Armadura
emendada
l PISO i

l PISO (i-1)

Fig. 2.3: 50% de emendas Fig. 2.4: 100% (2x50%)


em pisos alternados de emendas no andar

d – Distribuição transversal da armadura longitudinal:


- Em seções poligonais, deve existir pelo menos uma barra em cada vértice; em seções
circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do perímetro.
- O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano
da seção transversal, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores: 20
mm, diâmetro da barra ou do feixe ou da luva e 1,2 vezes o diâmetro máximo do
agregado

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

- O espaçamento máximo entre eixos das barras longitudinais, ou de centros de feixes


de barras, deve ser menor ou igual a duas vezes a menor dimensão (b) da seção no
trecho considerado, sem exceder 40 cm.

40 cm
eeixo e eixo ≤ 
2 b

2.2.2 – Armadura Transversal


A armadura transversal de pilares, constituída por estribos, deve ser colocada em toda a altura
do pilar, sendo obrigatória sua colocação na região de cruzamento com vigas e lajes.
5 mm

a- φ ≥ 1
 4 φ barra longitudinal
estribo

b – O espaçamento longitudinal (s) entre estribos, medido na direção do eixo do pilar, para
garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais deve ser igual
ou inferior ao menor dos seguintes valores:

20 cm;

s ≤ menor dimensão da seção;
 12 φ
 long para CA 50, 24 φ long para CA 25

Tabela 2.1: Estribos – Espaçamento

φt
φlong (CA-50)
10 12,5 16 20 22 25
5 12 15 19 20 - -
6,3 12 15 19 20 20 20
8 12 15 19 20 20 20

c – Os estribos garantem contra a flambagem as barras longitudinais situadas em seus cantos


e as por eles abrangidas, situadas no máximo à distância de 20 φestribo do canto, se
nesse trecho de comprimento 20 φestribo não houver mais de duas barras, não contando a
do canto. Quando houver mais de duas barras nesse trecho ou barra fora dele, deve
haver estribos suplementares ou grampos.

Fig. 2.5: Grampo

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3 - IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS LOCAIS


No caso da verificação de um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da
falta de retilineidade do eixo do pilar.

eimp eimp
1 1
θ1 = ≤
100 H i 200
Hi
Hi
φ1 2 φ1 Hi = comprimento do pilar em
metros

Falta de Retilineidade Desaprumo do pilar

Admite-se que, nos casos usuais, a consideração apenas da falta de retilineidade ao longo do lance
do pilar seja suficiente.

Momento mínimo

O efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em estruturas reticuladas pela
consideração do momento mínimo de 1ª ordem dado a seguir:
M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03h),
onde h é igual à altura total da seção transversal na direção considerada, em centímetros.

Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições locais esteja atendido
se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este momento devem ser acrescidos os
momentos de 2ª ordem, quando for o caso.

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4 - ANÁLISE DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM - FLAMBAGEM

Quando do dimensionamento de cada lance de um pilar deve ser realizada uma análise dos efeitos
locais de 2ª ordem ao longo dos mesmos. Os pilares isolados, para fins de verificação local,
devem ser formados pelas barras comprimidas, retiradas da estrutura com comprimento l e ,
porém aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos na análise global da estrutura.
Podemos então ter três situações distintas nos pilares como mostrado abaixo:

P P P
A A A

(a) (b) (c)

B
B B
P P P

Fig. 4.1: Situações de flambagem em Pilar

Observando-se as três situações acima, constata-se que o caso (a) corresponde à pior situação.
Para esse caso, o maior deslocamento transversal do eixo ocorre no trecho central. Para o pilar do
caso (b), o deslocamento máximo ocorre em uma seção mais próxima do extremo a. No caso (c),
o deslocamento no trecho central é nulo e, provavelmente, a ruína ocorrerá na seção de
extremidade, sendo desprezível o efeito de segunda ordem local.

O comprimento equivalente l e de um elemento comprimido (pilar), suposto vinculado em ambas


as extremidades, deve ser o menor dos seguintes valores:
VIGA
le = lo + h
le = l
l h l0
VIGA
Onde:
l 0 = distância entre as faces internas dos elementos estruturais,
supostos horizontais, que vinculam o pilar o pilar.
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da
estrutura em estudo
l = distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais
o pilar está vinculado.

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4.1 – Dispensa da Análise dos Efeitos Locais de 2ª ordem

Os esforços locais de 2ª ordem (flambagem) em elementos isolados podem ser desprezados


l
quando o índice de esbeltez ( λ = e ) for menor que o limite λ1 .
i
O valor de λ1 depende de:
- A excentricidade relativa de 1ª ordem (e1/h );
- A vinculação dos extremos da coluna isolada; e
- A forma do diagrama de momentos de 1ª ordem.

O valor de λ1 é dado pela expressão:


25 + 12,5 ( e1 / h )
35 ≤ λ1 = ≤ 90
αb
onde:
e1 = excentricidade de 1ª ordem na seção da extremidade, na qual não se inclui a
excentricidade correspondente à imperfeição local;
h = dimensão da seção na direção considerada.

O valor de α b deve ser obtido assim:

a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:


MB
0,40 ≤ α b = 0,60 + 0,40 ≤ 1,0
MA

M A e M B são momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para
M A o maior valor absoluto ao longo do pilar e para M B o sinal positivo, se tracionar a
mesma face que M A ; e negativo em caso contrário.

b) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:


α b = 1,0

c) Para pilares em balanço:


MC
0,85 ≤ α b = 0,80 + 0,20 ≤ 1,0
MA

M A é o momento de 1ª ordem no engaste e M C é o momento de 1ª ordem no meio do


pilar em balanço.

d) Para pilares biapoiados ou em balanços com momentos menores que o momento mínimo
especificado anteriormente:
α b = 1,0

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4.2 – Determinação dos Efeitos Locais de 2ª ordem - Flambagem

4.2.1 - Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada

O método do pilar-padrão com curvatura aproximada pode ser empregado apenas no


cálculo de pilares com λ ≤ 90, seção constante e armadura simétrica e constante ao longo
do seu eixo. A não-linearidade geométrica (ver figura 4.2) é considerada de forma
aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal, e a não-linearidade física
(ver figura 4.3) é levada em conta por meio de uma expressão aproximada da curvatura na
seção crítica.

Pilar pouco esbelto Pilar esbelto


P P
H H

l l

M= H.l + P.∆
M=H.l Momento fletor de 1ª ordem
Momento fletor de 2ª ordem

Fig. 4.2: Não Linearidade Geométrica

ε
Fig. 4.3: Não Linearidade Física

Se λ1 ≤ λ ≤ 90 , deve-se considerar uma excentricidade de segunda ordem e 2 , dada por:


l 2e 1 1
e2 = ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica.
10 r r
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  h (v + 0,5) h

v= N sd
≥ 0,5 , onde
AC . f c d
Nsd = força normal solicitante de cálculo;
Ac = área da seção real;
fcd = resistência de cálculo à compressão do concreto; e
h = dimensão da seção na direção considerada.

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5 – SITUAÇÕES DE PROJETO DOS PILARES


Dependendo do seu posicionamento na estrutura, os pilares podem ser classificados como pilares
internos, pilares de borda ou pilares de canto.

Fig. 5.1: Situações de projeto dos Pilares

Pilares Internos: Os momentos que as vigas transmitem a esses pilares são pequenos e, em geral,
podem ser desprezados. Quando os vãos da viga, adjacentes ao pilar, forem
muito diferentes entre si, ou quando houver significativa diferença no
carregamento desses vãos, pode ser necessário considerar os momentos
iniciais transmitidos pela viga. Dessa forma, um pilar interno está em uma
situação de projeto de compressão centrada, a menos que, por razões
construtivas, a força de compressão não atue no seu eixo (vigas excêntricas
em relação ao seu eixo).

Pilares de Borda: Neste caso, os momentos transmitidos pelas vigas devem ser considerados.
Dessa maneira, a situação de projeto é de flexão normal composta.

Pilares de Canto: A situação de projeto é de flexão oblíqua composta, já que devem ser
considerados os momentos transmitidos por ambas as vigas que nele
terminam.

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6 – SITUAÇÕES DE CÁLCULO DOS PILARES

6.1 – Pilares Internos


Conforme foi visto, a situação de projeto dos pilares internos é de compressão centrada,
admitindo-se que a força normal atue no centróide da seção transversal. Entretanto, a NBR 6118
(2014), exige a verificação da seção através da combinação da força normal solicitante de
cálculo Nsd com um momento total máximo no pilar para cada direção como ilustra a figura
abaixo.

{
y y
Nsd
Nsd Nsd ey
hy x ou
x x
ex

hx

O momento máximo a considerar, em cada direção, é dado pela expressão:

Md,tot = M1d,min + Nsd . e2

onde
M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 h)
Nd = força normal solicitante de cálculo;
h = altura total da seção transversal na direção considerada, em centímetros;
e2 = excentricidade de 2ª ordem caso λ 1 ≤ λ ≤ 90 em cada direção.
A excentricidade total para cada direção é dada por:
ex = (1,5 + 0,03 hx) + e2x, caso λ 1 x ≤ λ x ≤ 90 .

ey = (1,5 + 0,03 hy) + e2y caso λ 1 y ≤ λ y ≤ 90 .

A excentricidade de 2ª ordem para cada direção é dada por:


2
le 1 1
e2 = ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica, dada por:
10 r r

, onde v = N sd ≥ 0,5 .
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  h (v + 0,5) h Ac . f c d

A armadura final a ser adotada deve atender a todas as situações acima, não sendo
necessária a superposição das armaduras.

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6.1.1 – Exemplos de Análise e Dimensionamento de Pilares Internos

Exemplo 1

Dimensionar e detalhar um pilar com seção transversal 30 x 30 cm, submetido a uma força de
compressão suposta centrada N = 750 kN.

Dados: ℓe = 350
Concreto fck = 20 MPa
Aço CA 50

Solução:
a) Estudo das excentricidades
• Direção x
e x = (1 ,5 + 0 ,03 h x ) + e 2 x = (1 ,5 + 0 ,03 x 30 ) + e 2 x

Cálculo de e 2 x

le 350
λ x = 12 = 12 x = 40 ,4
hx 30

25 + 12 ,5 e 1 h 
 
e1 = 0 e α b = 1 ⇒ λ1 x = = 25 ∴ λ 1 x = 35
αb
λ x > λ1 x ⇒ e 2 x ≠ 0

Nd 1 ,4 2 x 750
ν = = = 0 ,817 > 0 ,5 ok! ! !
Ac . f cd 900 x 2

(l )2 0 ,005 (350 )2 x 0 ,005


e2 x = e x = = 1 ,55 cm
10 (ν + 0 ,5 )hx 10 (0 ,817 + 0 ,5 ) x 30
e x = (1 ,5 + 0 ,03 h x ) + e 2 x = (1 ,5 + 0 ,03 x 30 ) + 1 ,55 = 3 ,95 cm

∴ N d = 1 ,4 x 750 = 1050 kN

M dx total = 1 ,4 x 750 x 3 ,95 = 4148 kN x cm

• Direção y = Direção x

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b) Dimensionamento
• Direção x = Direção y
Ábaco de flexão normal composta com armadura simétrica
Nd 1 ,4 2 x 750
ν = = = 0 ,817
Ac . f cd 900 x 2
⇒ ω = 0 ,275
Md Nd . ex ν . e x 0 ,817 x 3 ,95
µ= = = = = 0 ,108
Ac . h . f cd Ac . h . f cd h 30

ω . Ac . f cd 0 ,275 x 900 x 2
∴ As total = = = 8 ,13 cm 2
f yd 1,4 x 43 ,5

0 ,15 . N d 0 ,15 x 1 ,4 x 750


As mínimo ≥ = = 3 ,62 cm 2
f yd 43 ,5
ok !!!!

As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 900 = 3 ,6 cm 2

c) Detalhamento
As face 8 ,13
As face = = = 4 ,07 cm 2 ⇒ 2 φ 16 mm
2 2
Estribo : φ 5 ,0 mm
Espaçamento do estribo ≤ 20 cm
Menor dim ensão da seção = 30 cm ⇒ 19 cm
12 φ long = 12 x 1,6 = 19 cm

Estribo : φ 5 ,0 mm c / 19 cm

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d) Calculo de ℓb
φ f yd φ 43 ,5
lb = = = 43 ,5 φ = 43 ,5 x 1 ,6 = 70 cm
4 f bd 4 0 ,25
f bd = η 1 . η 2 . η 3 . f ctd = 2 ,25 x 1 ,0 x 1 ,0 x 0 ,111 = 0 ,25 kN / cm 2
- coeficiente de conformação superficial da barra
CA – 60 → = 1,4 – Barra entalhada
CA – 50 → = 2,25 – Barra nervurada
- posição relativa de aderência da barra durante a concretagem
Barra vertical → Boa aderência = 1,0
Má aderência = 0,7
- diâmetro da barra
≤ 32 mm → = 1,0
0 ,7 x 0 ,3 x ( f ck ) 3 0 ,7 x 0 ,3 x (20 ) 3
2 2
f ctk , inf
f ctd = = = = 1 ,11 MPa = 0 ,111 kN / cm 2
γc 1 ,4 1 ,4

Exemplo 2

Dimensionar e detalhar um pilar com seção transversal 15 x 60 cm, submetido a uma força de
compressão suposta centrada N = 700 kN.

Dados: ℓe = 300 cm
Concreto fck ≥ 25 MPa
Aço CA 50

Solução:

a) Estudo das excentricidades


• Direção x ( hx = 15 cm)

e x = (1,5 + 0 ,03 hx ) + e 2 x = (1,5 + 0 ,03 x 15 ) + e 2 x


Cálculo de e 2 x
le 300
λ x = 12 = 12 x = 69 ,3
hx 15
25 + 12 ,5 e 1 h 
 
e1 = 0 e α b = 1 ⇒ λ1 x = = 25 ∴ λ 1 x = 35
αb
λ x > λ1 x ⇒ e 2 x ≠ 0
Nd 1 ,4 2 x 700
ν= = = 0 ,610 > 0 ,5 ok ! ! !
Ac . f cd 900 x 2 ,5

(l )2 0 ,005 (300)2 x 0 ,005


e2 x = e x = = 2 ,70 cm
10 (ν + 0 ,5 )hx 10 (0 ,610 + 0 ,5 ) x 15
e x = (1 ,5 + 0 ,03 h x ) + e 2 x = (1 ,5 + 0 ,03 x 15 ) + 2 ,70 = 4 ,65 cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

hx = 15 cm < 19 ⇒ γ n = 1,95 − 0 ,05hx = 1,95 − 0 ,05 x 15 = 1,2

∴ N d = 1 ,4 x 1 ,2 x 700 = 1176 kN

M dx total = 1 ,4 x 1 ,2 x 700 x 4 ,65 = 5469 kN x cm

• Direção y ( hy = 60 cm)

( )
e y = 1,5 + 0 ,03 h y + e 2 y = (1,5 + 0 ,03 x 60 ) + e 2 y

Cálculo de e 2 y
le 300
λ y = 12 = 12 x = 17 ,3
hy 60

λ y < λ1 y = 35 ⇒ e2 y = 0

e y = (1 ,5 + 0 ,03 x 60 ) + 0 = 3 ,3 cm

∴ N d = 1 ,4 x 1 ,2 x 700 = 1176 kN

M dy total = 1 ,4 x 1 ,2 x 700 x 3 ,30 = 3881 kN x cm

b) Dimensionamento
• Direção x
Ábaco de flexão normal composta com armadura simétrica
Nd 1 ,4 2 x 1 ,2 x 700
ν = = = 0 ,732
Ac . f cd 900 x 2 ,5
⇒ ω = 0 ,60
Md Nd . ex ν . e x 0 ,732 x 4 ,65
µ= = = = = 0 ,227
Ac . h . f cd Ac . h . f cd h 15

ω . Ac . f cd 0 ,60 x 900 x 2 ,5
∴ As total = = = 22 ,17 cm 2
f yd 1,4 x 43,5

0 ,15 . N d 0 ,15 x 1,4 x 1,2 x 700


As mínimo ≥ = = 4 ,06 cm 2 ok !!!!
f yd 43 ,5

As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 900 = 3 ,6 cm 2

As total 22 ,17
As face = = = 11 ,09 cm 2 ⇒ 6φ 16 mm
2 2

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Direção y
Ábaco de flexão normal composta com armadura simétrica
Nd 1 ,4 2 x 1 ,2 x 700
ν = = = 0 ,732
Ac . f cd 900 x 2 ,5
⇒ ω = 0 ,0
Md Nd .ex ν . e x 0 ,732 x 3 ,30
µ= = = = = 0 ,040
Ac . h . f cd Ac . h . f cd h 60

0 ,15 . N d 0 ,15 x 1,4 x 1,2 x 700


As mínimo ≥ = = 4 ,05 cm 2
f yd 43 ,5
As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 900 = 3 ,6 cm 2

As total 4 ,05
As face = = = 2 ,03 cm 2
2 2

c) Detalhamento
Estribo : φ 5 ,0 mm
Espaçamento do estribo ≤ 20 cm
Menor dim ensão da seção = 15 cm ⇒ 15 cm
12 φ long = 12 x 1,6 = 19 cm

Estribo : φ 5 ,0 mm c / 15 cm

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6.2 – Pilares de Borda


A situação de projeto é a indicada na figura abaixo, onde se admite que a força normal de
cálculo atua no eixo X com uma excentricidade inicial e i x . Essa excentricidade é devida aos
momentos fletores transmitidos pelas vigas.

Momentos iniciais aplicados nas extremidades dos pilares

{
y
y y
eix Nsd
hy Nsd ey
x ou
Nsd x x
ex

hx Figura a Figura b

O pilar deve ser dimensionado para as duas situações de cálculo indicadas nas figuras a e b de
flexão normal composta.

Em virtude da forma do diagrama de momento fletor inicial, não se sabe a priori qual seção do
pilar será a mais solicitada. Assim deve ser feita a verificação do momento fletor tanto nas
seções de extremidade quanto na seção intermediária de modo a se dimensionar para o maior
momento fletor encontrado.

Portanto o dimensionamento será feito sempre, para cada direção, combinando-se a força
normal solicitante de cálculo Nsd com um momento máximo no pilar, determinado de
acordo os sub-itens seguintes.

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Direção x (eixo sobre o qual é aplicada a excentricidade inicial)


a - Seção de Extremidade
M1d,A = 1,4 . MA com MA ≥ MB
M1d,A ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)
b - Seção Intermediária
Na seção intermediária temos duas situações a considerar:

Caso 1 - Se λx ≤ λ1x ≤ 90
Não é necessário considerar o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:
Md,tot = Nsd . ( e* + eimp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)
onde
e* = 0,6 . (MA / N) + 0,4 . (MB / N) ≥ 0,4 . (MA / N) ;
eimp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde se deve
adotar eimp = θ 1 . H;
1 1
θ1= ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200

M A e M B são momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para
M A o maior valor absoluto na extremidade do pilar e para M B o sinal positivo, se
tracionar a mesma face que M A , e negativo em caso contrário.

Caso 2 - Se λ1x ≤ λx ≤ 90
Deve ser considerado o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:
M d,tot = Nsd . ( e* + eimp ) + Nsd . e2x
onde
Nsd . ( e* + eimp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)

e* = 0,6 . (MA / N) + 0,4 . (MB / N) ≥ 0,4 . (MA / N) ;


eimp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde se deve
adotar eimp = θ 1 . H;
2
l 1 1
e2 x = ex ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica.
10 r r
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  hx (v + 0,5) hx

v= N sd
≥ 0,5
AC . f c d
Portanto o momento para dimensionamento Md,tot será o maior valor obtido entre os itens
a e b anteriores.

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Direção y (eixo sobre o qual não existe excentricidade inicial)

A NBR 6118 exige a verificação da seção nessa direção, através de um momento total
máximo no pilar, dado pela expressão:

M d,tot = M1d,min + Nsd . e2y

onde
M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy )
Nd = força normal solicitante de cálculo;
hy = altura total da seção transversal na direção y, em centímetros;
e2y = excentricidade de 2ª ordem, caso λ1y ≤ λ y ≤ 90 .

2
l ey 1 1
e2 y = ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica.
10 r r
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  hy (v + 0,5) hy

v= N sd
≥ 0,5
Ac . f c d

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

6.2.1 – Exemplos de Análise e Dimensionamento de Pilares de Borda

Exemplo 1
Determinar as excentricidades, indicando-as em croquis, para dimensionamento do pilar BD do
pórtico abaixo. No plano perpendicular ao plano da figura, o pilar está contraventado nos pontos
B e D.

1200 kN
550 kN
288,48 kNm 350 kN 280 kN
55 kN/m
30 kN/m
45,5 kN 350 kN

A B C
224,9 kN 5m

3,0 m 21,8 kN 24,05 kN


D 302,26 kN

35,8 kNm 1822,6 kN


568,7 kN 313,8 kN

5,5 m 4,0 m 3,0 m 4,2 m

40 cm
40 cm
D = 50 cm

Dados: Concreto fck = 30 MPa


Aço CA 50

Solução:

a) Diagramas de esforços solicitantes no pilar

Força Normal Momento Fletor

1822,6 kN 73,2 kN.m


B ( ei = 4,02 cm) B

D 1822,6 kN D 35,8 kN.m


(ei = 1,96 cm)

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

b) Estudo das excentricidades


• Direção x – eixo sobre o qual existe excentricidade inicial
Dx = 50 cm

- Seção de extremidade – Nó B
e ix = 4 ,02 cm
e x ,min = 1 ,5 + 0 ,03 x 50 = 3 ,0 cm
e x = 4 ,02 cm
- Seção intermediária
le 500
λx = = 0 ,7 x = 28
ix 50
4
e1 = 4 ,02 cm

α b = 0 ,6 + 0 ,4  = 0 ,6 + 0 ,4 − 35 ,8  = 0 ,404 > 0 ,4 ok .


Mb
M a   73 ,2 
 

∴ λ1 x =
( ) = 25 + 12,5(
25 + 12 ,5 e1 h 4 ,02
50 ) = 64 ,37
αb 0 ,404
∴ λ x < λ 1 x ⇒ e 2 x = 0 ⇒ Caso 1

e x = e*x + e x ,imp

e*x = 0 ,6 x 4 ,02 + 0 ,4 x (− 1 ,96 ) = 1 ,63 > 0 ,4 x 4 ,02 = 1 ,61 ok .

1 500 1 1
e x ,imp = θ 1 x H = x = x 250 = x 250 = 1 ,12 cm
2 100 H 2 100 5 ,0 223 ,6

e x = 1 ,63 + 1 ,12 = 2 ,75 cm < (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) = 3 ,0 cm


e x = 3 ,0 cm
- Excentricidade para dimensionamento nesta direção
e x = 4 ,02 cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Direção y – eixo sobre o qual não existe excentricidade inicial


Dy = 50 cm

( )
e y = 1 ,5 + 0 ,03 x D y + e 2 y = (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) + e 2 y

Cálculo de e 2 y

l e 500
λy = = = 40
i y 50
4

e1 = 0 e α b = 1 ⇒ λ1 y =
( ) = 25 ∴ λ
25 + 12 ,5 e1 h
1 y = 35
αb

Nd 1 ,4 2 x 1822 ,6
ν = = = 0 ,61 > 0 ,5 ok .
Ac . f cd 1963 x 3

(l e )20 ,005 (500 )2 0 ,005


e2 y == x = x = 2 ,26 cm
10 (ν + 0 ,5 )D y 10 (0 ,61 + 0 ,5 ) x 50
( )
e y = 1 ,5 + 0 ,03 x D y + e 2 y = (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) + 2 ,26 = 5 ,26 cm

- Excentricidade para dimensionamento nesta direção


e y = 5 ,25 cm

c) Croquis da excentricidade

5,26 cm ou 5,26 cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Exemplo 2

Dimensionar e detalhar o pilar BD do pórtico mostrado abaixo. No plano perpendicular ao plano da


figura, o pilar está também travado nos pontos B e D.

250 kN
400 kN
75,95 kNm
50 kN/m
30 kN/m
5 kN
C
6,1 kN A B
5m
211 kN
15,9 kN 11,1 kN
D

904,9 kN
5m 2m 4m

45
40 cm
cm

Dados: Concreto fck = 30 MPa


Aço CA 50

Solução:

b) Diagramas de esforços solicitantes no pilar

Força Normal Momento Fletor


904,9 kN 55,5 kN.m
B ( ei = 6,13 cm) B

D 904,9 kN 0 kN.m D
(ei = 0)

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

b) Estudo das excentricidades


• Direção x – eixo sobre o qual existe excentricidade inicial
hx = 40 cm

- Seção de extremidade – Nó B
N d = 1 ,4 x 904 ,9 = 1267 kN
M 1d , A = 1 ,4 x 904 ,9 x 6 ,13 = 7766 kN .cm
M 1d , min = 1 ,4 x 904 ,9 x (1 ,5 + 0 ,03 x 40 ) = 3421 kN .cm
M d = 1 ,4 x 904 ,9 x 6 ,13 = 7766 kN .cm
- Seção intermediária
N d = 1 ,4 x 904 ,9 = 1267 kN
le 500
λ x = 12 = 12 x = 43 ,3
hx 40
e 1 = 6 ,13

α b = 0 ,6 + 0 ,4  = 0 ,6 + 0 ,4 0 
Mb
M a   M  = 0 ,6
  a

∴ λ1 x =
( ) = 25 + 12,5(
25 + 12 ,5 e1 h 6 ,13
40 ) = 44 ,86
αb 0 ,6
∴ λ x < λ 1 x ⇒ e 2 x = 0 ⇒ Caso 1

e x = e*x + e x ,imp

e*x = 0 ,6 x 6 ,13 + 0 ,4 x 0 = 3 ,68 cm

1 500 1 1
e x ,imp = θ 1 x H = x = x 250 = x 250 = 1 ,12 cm
2 100 H 2 100 5 ,0 223 ,6

e x = 3 ,68 + 1 ,12 = 4 ,80 cm > (1 ,5 + 0 ,03 x 40 ) = 2 ,7 cm


M d = 1 ,4 x 904 ,9 x 4 ,80 = 6081 kN .cm
- Esforços para dimensionamento nesta direção
N d = 1 ,4 x 904 ,9 = 1267 kN
M d = 1 ,4 x 904 ,9 x 6 ,13 = 7766 kN .cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Direção y – eixo sobre o qual não existe excentricidade inicial


hy = 45 cm

( )
e y = 1 ,5 + 0 ,03 x h y + e 2 y = (1 ,5 + 0 ,03 x 45 ) + e 2 y

Cálculo de e 2 y

le 500
λ y = 12 = 12 = 38 ,5
hy 45

e1 = 0 e α b = 1 ⇒ λ1 y =
( ) = 25 ∴ λ
25 + 12 ,5 e1 h
1 y = 35
αb
λ y > λ1 y ⇒ e2 y ≠ 0

Nd 1 ,4 2 x 904 ,9
ν = = = 0 ,328 < 0 ,5 ⇒ ν = 0 ,5
Ac . f cd 1800 x 3

(l )2 0 ,005 (500 )2 x 0 ,005


e2 y = e x = = 2 ,78 cm
10 (ν + 0 ,5 )h y 10 (0 ,5 + 0 ,5 ) x 45
e y = (1 ,5 + 0 ,03 x h x ) + e 2 x = (1 ,5 + 0 ,03 x 45 ) + 2 ,78 = 5 ,63 cm
M d = 1 ,4 x 904 ,9 x 5 ,63 = 7132 kN .cm
- Esforços para dimensionamento nesta direção
N d = 1 ,4 x 904 ,9 = 1267 kN
M d = 1 ,4 x 904 ,9 x 5 ,63 = 7132 kN .cm

c) Dimensionamento
• Direção x
Ábaco de flexão normal composta com armadura simétrica
Nd 1 ,4 2 x 904 ,9
ν = = = 0 ,328
Ac . f cd 1800 x 3
⇒ ω = 0 ,0
Md Nd . ex ν . e x 0 ,328 x 6 ,13
µ= = = = = 0 ,05
Ac . h . f cd Ac . h . f cd h 40

0 ,15 . N d 0 ,15 x 1 ,4 x 904 ,9


As mínimo ≥ = = 4 ,37 cm 2
f yd 43 ,5

As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 1800 = 7 ,2 cm 2

As total 7 ,2
As face = = = 3 ,6 cm 2 ⇒ 2φ 16 mm
2 2

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Direção y
Ábaco de flexão normal composta com armadura simétrica
Nd 1 ,4 2 x 904 ,9
ν = = = 0 ,328
Ac . f cd 1800 x 3
⇒ ω = 0 ,0
Md N d . ey ν . e y 0 ,328 x 5 ,63
µ= = = = = 0 ,041
Ac . h . f cd Ac . h . f cd h 45

0 ,15 . N d 0 ,15 x 1 ,4 x 904 ,9


As mínimo ≥ = = 4 ,37 cm 2
f yd 43 ,5

As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 1800 = 7 ,2 cm 2

As total 7 ,2
As face = = = 3 ,6 cm 2 ⇒ 2φ 16 mm
2 2

d) Detalhamento
Estribo : φ 5 ,0 mm
Espaçamento do estribo ≤ 20 cm
Menor dim ensão da seção = 30 cm ⇒ 19 cm
12 φ long = 12 x 1,6 = 19 cm

Estribo : φ 5 ,0 mm c / 19 cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

6.3 – Pilares de Canto


A situação de projeto é a indicada na figura abaixo, onde e i x e e i y são as excentricidades
iniciais nas duas direções.
y eix

Nsd eiy
hy
x

hx

Em virtude da forma do diagrama de momento fletor para cada direção, não se sabe a priori qual
seção do pilar será a mais solicitada. Assim deve ser feita a verificação dos momentos tanto para
as seções de extremidade quanto para a seção intermediária. Portanto o dimensionamento será
feito sempre, para as seções de extremidade (topo e base) e intermediaria, combinando-se a
força normal solicitante de cálculo Nsd com um par de momentos fletores ortogonais Mxd e
Myd, determinados de acordo os sub-itens seguintes.

Primeira Situação de Cálculo – Seção do Topo


a – Direção x
Mxd,A = 1,4 . MxA
Mxd,A ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)
b – Direção y
Myd,A = 1,4 . MyA
Myd,A ≥ M1d,min. = Nsd (1,5 + 0,03 hy)

Com o terno de valores Nsd, Mxd,A e Myd,A é feito o dimensionamento da seção à flexão
oblíqua composta correspondente à primeira situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Segunda Situação de Cálculo – Seção da Base


a – Direção x
Mxd,B = 1,4 . MxB
Mxd,B ≥ M1d,min = Nsd(1,5 + 0,03 hx)
b – Direção y
Myd,B = 1,4 . MyB
Myd,B ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy)

Com o terno de valores Nsd, Mxd,B e Myd,B é feito o dimensionamento da seção à flexão
oblíqua composta correspondente à segunda situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

Terceira Situação de Cálculo – Seção Intermediaria


a – Direção x

Mxd,tot = Nsd . ( ex* + eximp ) + Nsd. e2x

onde
Nsd. ( ex* + eximp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)
ex* = 0,6 . (MxA / N) + 0,4 . (MxB / N) ≥ 0,4 . (MxA / N) ;
eximp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde deve-se
adotar eximp = θ 1 . H
1 1
θ1= ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200

M xA e M xB são momentos de 1ª ordem na direção x nos extremos do


pilar. Deve ser adotado para M xA o maior valor absoluto na extremidade
do pilar e para M xB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que M xA ,
e negativo em caso contrário.

Caso λ1x ≤ λx ≤ 90, tem-se efeito local de 2ª ordem, portanto e2x dado por:
1
2
l ex 1
e2x = ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica.
10 r r
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  hx (v + 0,5) hx

v= N sd
≥ 0,5
AC . f c d

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

b – Direção y
Myd,tot = Nsd . ( ey* + eyimp ) + Nsd . e2y
onde
Nsd . ( ey* + eyimp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy)
ey* = 0,6 . (MyA / N) + 0,4 . (MyB / N) ≥ 0,4 . (MyA / N) ;
eyimp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde deve-se
adotar eyimp = θ 1 . H
1 1
θ1= ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200

M xA e M xB são momentos de 1ª ordem na direção y nos extremos do


pilar. Deve ser adotado para M xA o maior valor absoluto na extremidade
do pilar e para M xB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que M xA ,
e negativo em caso contrário.

Caso λ1y ≤ λy ≤ 90, tem-se efeito local de 2ª ordem, portanto e2y dado por:
2
l ey 1 1
e2y = ⋅ , sendo   a curvatura na seção crítica.
10 r r
1 0,005 0,005
 = ≤
 r  hy (v + 0,5) hy

v= N sd
≥ 0,5
AC . f c d

Com o terno de valores Nsd, Mxd,tot e Myd,tot é feito o dimensionamento da seção à flexão
oblíqua composta correspondente à terceira situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

A armadura a ser adotada deverá satisfazer às três situações de cálculo

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

6.3.1 – Exemplos de Análise e Dimensionamento de Pilares de Canto

Exemplo 1
Dimensionar e detalhar o pilar de canto com os momentos iniciais de serviço indicados nos
diagramas da figura abaixo.

Dados: Força Normal N = 1600 kN


l e = 300 cm
Concreto fck = 25 MPa
Aço CA 50

Solução:

a) Primeira Situação de Cálculo – Seção de extremidade de topo


• Direção x – hx = 25 cm
M 1d , A = 1 ,4 x 38 = 53 ,2 kN .m = 5320 kN .cm
M 1d , min = 1 ,4 x 1600 x (1 ,5 + 0 ,03 x 25 ) = 5040 kN .cm
Adotar M 1d , A = 5320 kN .cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Direção y – hy = 50 cm
M 1d , A = 1 ,4 x 50 = 70 kN .m = 7000 kN .cm
M 1d , min = 1 ,4 x 1600 x (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) = 6720 kN .cm
Adotar M 1d , A = 7000 kN .cm

Primeira Situação de Cálculo – Solicitações para dimensionamento


M dx = 5320 kN .cm
N d = 1 ,4 x 1600 = 2240 kN
M xd = 5320 kN .cm
M yd = 7000 kN .cm

M dy = 7000 kN .cm

b) Segunda Situação de Cálculo – Seção de extremidade da base


• Direção x – hx = 25 cm
M 1d , A = 1 ,4 x 30 = 42 kN .m = 4200 kN .cm
M 1d , min = 1 ,4 x 1600 x (1 ,5 + 0 ,03 x 25 ) = 5040 kN .cm
Adotar M 1d , A = 5040 kN .cm

• Direção y – hy = 50 cm
M 1d , A = 1 ,4 x 40 = 56 kN .m = 5600 kN .cm

M 1d , min = 1 ,4 x 1600 x (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) = 6720 kN .cm


Adotar M 1d , A = 6720 kN .cm

Segunda Situação de Cálculo – Solicitações para dimensionamento


N d = 1 ,4 x 1600 = 2240 kN
M xd = 5040 kN .cm M dx = 5040 kN .cm

M yd = 6720 kN .cm

M dy = 6720 kN .cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

c) Terceira Situação de Cálculo – Seção intermediária


• Direção x – hx = 25 cm
le 300
λ x = 12 = 12 x = 41,57
hx 25
e 1 = 2 ,38 cm

( )
α b = 0 ,6 + 0 ,4 M B M  = 0 ,6 + 0 ,4 − 30 38 = 0 ,284 < 0 ,4 ∴ α b = 0 ,4
 A

∴ λ1 x =
25 + 12 ,5 e1 h( ) = 25 + 12,5( 2 ,38
25 ) = 65 ,48
αb 0 ,4
∴ λ x < λ 1 x ⇒ e 2 x = 0 ⇒ Caso 1

e x = e*x + e x ,imp

e*x = 0 ,6 x 2 ,38 + 0 ,4 x (− 1 ,88 ) = 0 ,68 < 0 ,4 x 2 ,38 = 0 ,95 ∴ e*x = 0 ,95


1 1 1 1 1
θ1 = = = > ∴θ 1 =
100 H 100 3 ,00 173 ,2 200 200
1
e x ,imp = θ 1 x H = x 150 = 0 ,75 cm
2 200
e x = 0 ,95 + 0 ,75 = 1 ,7 cm < (1 ,5 + 0 ,03 x 25 ) = 2 ,25 cm
∴ M d = 1 ,4 x 1600 x 2 ,25 = 5040 kN .cm

• Direção y – hy = 50 cm
le 300
λ x = 12 = 12 = 20 ,78
hy 50
e1 = 3 ,13 cm

α b = 0 ,6 + 0 ,4

Mb
M a 
(
 = 0 ,6 + 0 ,4 − 40
50
)
= 0 ,28 < 0 ,4 ∴ α b = 0 ,4

∴ λ1 y =
25 + 12 ,5 e1 h( ) = 25 + 12,5( 3 ,13
50 ) = 64 ,45
αb 0 ,4
∴ λ y < λ 1 y ⇒ e 2 y = 0 ⇒ Caso 1

e y = e*y + e y ,imp

e*y = 0 ,6 x 3 ,13 + 0 ,4 x (− 2 ,5 ) = 0 ,88 < 0 ,4 x 3 ,13 = 1 ,25 ∴ e*y = 1 ,25


1
e y ,imp = θ 1 x H = x 250 = 0 ,75 cm
2 200
e y = 1 ,25 + 0 ,75 = 2 ,0 cm < (1 ,5 + 0 ,03 x 50 ) = 3 ,0 cm
∴ M d = 1 ,4 x 1600 x 3 ,0 = 6720 kN .cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Terceira Situação de Cálculo – Solicitações para dimensionamento


N d = 1 ,4 x 1600 = 2240 kN M dx = 5040 kN .cm
M xd = 5040 kN .cm
M yd = 6720 kN .cm

M dy = 6720 kN .cm

d) Dimensionamento
Ábaco de flexão oblíqua composta para 8φ
• Primeira Situação de Cálculo
N d = 1 ,4 x 1600 = 2240 kN
M xd = 5320 kN .cm
M yd = 7000 kN .cm

Nd 1,4 2 x 1600
ν= = = 1,0
Ac . f cd 1250 x 2 ,5

M xd Nd .ex ν . e x 1 ,0 x 2 ,38
µ xd = = = = = 0 ,095
Ac . h x . f cd Ac . h x . f cd hx 25
⇒ ω = 0 ,52
M yd Nd .e y ν . e y 1 ,0 x 3 ,13
µ yd = = = = = 0 ,063
Ac . h y . f cd Ac . h y . f cd hy 50

ω . Ac . f cd 0 ,52 x 1250 x 2 ,5
∴ As total = = = 26 ,68 cm 2
f yd 1,4 x 43,5

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

• Segunda e Terceira Situação de Cálculo


N d = 1 ,4 x 1600 = 2240 kN
M xd = 5040 kN .cm
M yd = 6720 kN .cm

Nd 1,4 2 x 1600
ν= = = 1,0
Ac . f cd 1250 x 2 ,5

M xd Nd . ex ν . e x 1 ,0 x 2 ,25
µ xd = = = = = 0 ,090
Ac . h x . f cd Ac . h x . f cd hx 25
⇒ ω = 0 ,50
M yd Nd .e y ν . e y 1 ,0 x 3 ,0
µ yd = = = = = 0 ,060
Ac . h y . f cd Ac . h y . f cd hy 50

ω . Ac . f cd 0 ,50 x 1250 x 2 ,5
∴ As total = = = 25 ,66 cm 2
f yd 1,4 x 43,5

e) Detalhamento
0 ,15 . N d 0 ,15 x 1 ,4 x 1600
As mínimo ≥ = = 7 ,72 cm 2
f yd 43 ,5

As mínimo ≥ 0 ,004 . Ac = 0 ,004 x 1250 = 5 ,0 cm 2

As total = 26 ,68 cm 2 ⇒ 8 φ 22 mm

Estribo : φ 6 ,3mm c / 20 cm

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

7 – ANEXO 1 – Exemplos de detalhamento das armaduras dos Pilares

N1-8Ø16 N2-Ø6,3 c/19 N3-Ø6,3 c/19

〈 20 φt
Fig. 7.1: Detalhamento da armadura de Pilar

≤ 20 φt

N10-10Ø12.5 N11-Ø6.3 c/15 (2x)

Fig. 7.2: Detalhamento da armadura de Pilar

N13-Ø6.3 c/12

N12-4Ø10
Fig. 7.3: Detalhamento da armadura de Pilar

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

N16-Ø5 c/13

20
N14-12Ø12,5

13 N15-Ø5 c/13
Fig. 7.4: Detalhamento da armadura de Pilar

N18-Ø6,3 c/19
N17-10Ø16 (n 〈 6)
Fig. 7.5: Detalhamento da armadura de Pilar

N1-Ø6.3 c/15
N2-Ø6.3 c/15

N2-Ø6.3 c/15

N3-Ø6.3 c/15 N3 c/15

N1-Ø6.3 c/15

Fig. 7.6: Detalhamento da armadura de Pilar - Pilar vazado – Seção Retangular

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Alternar
emendas C1

C2
R1 R2

N3-Ø6,3 c/12 N4-Ø6,3 c/12


Fig. 7.7: Detalhamento da armadura de Pilar - Pilar vazado – Seção Circular

〈 h

l l
′ h
2
2
l
〈 5 cm
h h 〈 4Ø

7
1 l

CORTE A-A CORTE B-B CORTE C-C

Fig. 7.8: Seção Constante Fig. 7.9: Transição Suave Fig. 7.10: Transição Brusca

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Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Pilar Nasce

Pilar Continua

Pilar Morre

Fig. 7.11: Legenda de Pilares Fig. 7.12: Legenda dos Ferros

fck = 25 MPa
AÇO CA-50

Fig. 7.13: Detalhamento das Armaduras de Pilar

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36
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Fig. 7.14: Detalhamento das Armaduras de Pilares com redução

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37
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Fig. 7.15: Detalhamento das Armaduras de Pilar com redução

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38
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

8 – ANEXO 2 – ABACOS DE INTERAÇÃO

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39
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

FLEXÃO NORMAL COMPOSTA

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40
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41
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FLEXÃO OBLÍQUA COMPOSTA

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43
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44
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45
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

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46
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

9 – ANEXO 3
Dimensionamento de Pilares com o Método do Pilar Padrão
com Rigidez k Aproximada

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47
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

9.1 - Método do Pilar Padrão com Rigidez k Aproximada


O método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada pode ser empregado apenas no
cálculo de pilares com λ ≤ 90, seção retangular constante, armadura simétrica e
constante ao longo de seu eixo. A não linearidade geométrica deve ser considerada de forma
aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. A não-linearidade física
deve ser levada em conta através de uma expressão aproximada da rigidez.

Se λ 1 ≤ λ ≤ 90 , o momento total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão:


α b . M 1d , A
M d ,tot = ≥ M 1d , A
λ2
1−
120 k
ν
sendo k o valor da rigidez adimensional, dado aproximadamente pela expressão:
 M 
k = 32 1 + 5. d ,tot  .ν ,
 h. N d 
onde h é a altura da seção na direção considerada, ν a força normal adimensional
dada por N d / ( Ac f cd ) , e M1d,A é o maior momento de 1ª ordem de cálculo nos
extremos do pilar.

Observa-se que o valor da rigidez adimensional κ é necessário para o cálculo de Md,tot, e


para o cálculo de κ utiliza-se o valor de Md,tot. Assim, a solução somente pode ser obtida
por interações. Essa abordagem iterativa não é fundamentalmente necessária à aplicação do
 M d,tot 
processo. Substituindo-se a relação k/ν na expressão de Md,tot por 32  1 + 5  e
 h N d 
α b M 1d, A = M 1 tem-se:
M1
M d ,tot =
λ2
1−
 M 
120 . 32 1 + 5 . d ,tot 
 h. Nd 

Agora, realizando-se transformações matemáticas de modo a melhorar a disposição da


equação tem-se:
M1
M d ,tot =
h . N d . λ2
1−
3840 . (h . N d + 5. M d ,tot )

M d ,tot =
M1
=
(h . N d + 5. M d ,tot ). M 1
3840 . (h . N d + 5. M d ,tot ) − h . N d . λ2 h . N d . λ2
(h . N d + 5. M d ,tot ) −
3840 . (h . N d + 5. M d ,tot ) 3840

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48
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

M d ,tot . λ2 . h . N d
h . N d . M d ,tot + 5 . M 2
d ,tot − = h . N d . M 1 + 5. M 1 . M d ,tot
3840
 λ2 
h . N d . M d ,tot .1 −  + 5. M d2,tot − h . N d . M 1 − 5. M 1 . M d ,tot = 0
 3840 
λ2
Considerando k1 = 1 − , tem-se:
3840
5. M d2,tot + (k1 . h . N d − 5. M 1 ) . M d ,tot − h . N d . M 1 = 0

Adotando-se k 2 = k1 h N d , resulta a seguinte equação do segundo grau:

5. M d2,tot + (k 2 − 5. M 1 ) . M d ,tot − h . N d . M 1 = 0
Resolvendo esta equação e desprezando-se sua raiz negativa visto que o valor esperado do
momento tem que ser positivo teremos:

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot =
10
A equação acima fornece de forma direta o valor de Md,tot pelo método do pilar padrão com
rigidez k aproximada, sem a necessidade de utilizar procedimento iterativo.

Se 90 < λ ≤ 200 , o pilar deve ser analisado através de algum processo rigoroso.

9.2 – Pilares Internos


Conforme foi visto, a situação de projeto dos pilares internos é de compressão centrada,
admitindo-se que a força normal atue no centróide da seção transversal. Entretanto, a NBR
6118 (2003), exige a verificação da seção através da combinação da força normal solicitante
de cálculo Nsd com um momento total máximo no pilar para cada direção como ilustra a
figura abaixo.
y

{
y y
Nsd
Nsd Nsd ey
hy x ou
x x
ex

hx

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49
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

a) Momento na direção x
- Caso 1 – se λx ≤ λ1x ≤ 90
M d,tot = M 1d,mín = N sd (1,5 + 0,03hx ) .

- Caso 2 – se λ1x ≤ λx ≤ 90

5. M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25. M 12
M d ,tot = ≥ M 1d ,mín
10
onde
M 1 = M 1d,min = N sd (1,5 + 0,03hx )

λx 2
k1 = 1 −
3840
k 2 = k1 hx N sd

b) Momento na direção y
- Caso 1 – se λy ≤ λ1y ≤ 90
M d,tot = M 1d,mín = N sd (1,5 + 0,03hy ) .

- Caso 2 – se λ1y ≤ λy ≤ 90

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot = ≥ M 1d ,mín
10
onde
M 1 = M 1d,min = N sd (1,5 + 0,03hy )

λy
2

k1 = 1 −
3840
k 2 = k1 hy N sd

A armadura final a ser adotada deve atender a todas as situações acima, não sendo
necessária a superposição das armaduras.

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50
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

9.3 – Pilares de Borda


A situação de projeto é a indicada na figura abaixo, onde se admite que a força normal de
cálculo atua no eixo X com uma excentricidade inicial e i x . Essa excentricidade é devida aos
momentos fletores transmitidos pelas vigas.

Momentos iniciais aplicados nas extremidades dos pilares

{
y
y y
eix Nsd
hy Nsd ey
x ou
Nsd x x
ex

hx Figura a Figura b

O pilar deve ser dimensionado para as duas situações de cálculo indicadas nas figuras a e b de
flexão normal composta.

Em virtude da forma do diagrama de momento fletor inicial, não se sabe a priori qual seção
do pilar será a mais solicitada. Assim deve ser feita a verificação do momento fletor tanto nas
seções de extremidade quanto na seção intermediária de modo a se dimensionar para o maior
momento fletor encontrado.

Portanto o dimensionamento será feito sempre, para cada direção, combinando-se a


força normal solicitante de cálculo Nsd com um momento máximo no pilar, determinado
de acordo os sub-itens seguintes.

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51
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Direção x (eixo sobre o qual é aplicada a excentricidade inicial)


a - Seção de Extremidade

M1d,A = 1,4 . MA com MA ≥ MB

M1d,A ≥ M1d,min. = Nsd (1,5 + 0,03 hx)

b - Seção Intermediária
Na seção intermediária temos duas situações a considerar:

Caso 1 - Se λx ≤ λ1x ≤ 90
Não é necessário considerar o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:

Md,tot = Nsd . ( e* + eimp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)

onde
e* = 0,6 . (MA / N) + 0,4 . (MB / N) ≥ 0,4 . (MA / N) ;
eimp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde deve-se
adotar eimp = θ 1 . H

1 1
θ1= ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200
M A e M B são momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para
M A o maior valor absoluto na extremidade do pilar e para M B o sinal positivo, se
tracionar a mesma face que M A , e negativo em caso contrário.

Caso 2 - Se λ1x ≤ λx ≤ 90
Deve ser considerado o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot =
10

com M1 = 1,4 . α b . MA ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx);

λx 2
k1 = 1 − ;
3840
k 2 = k1 hx N d .

Portanto o momento para dimensionamento Md,tot será o maior valor obtido entre os
itens a e b anteriores.

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52
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Direção y (eixo sobre o qual não existe excentricidade inicial)


- Caso 1 – se λy ≤ λ1y ≤ 90
M d,tot = M 1d,mín = N sd (1,5 + 0,03hy ) .

- Caso 2 – se λ1y ≤ λy ≤ 90

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot = ≥ M 1d ,mín
10
onde
M 1 = M 1d,min = N sd (1,5 + 0,03hy )

λ y2
k1 = 1 −
3840
k 2 = k1 hy N sd

9.3 – Pilares de Canto


A situação de projeto é a indicada na figura abaixo, onde e i x e e i y são as excentricidades
iniciais nas duas direções.
y eix

Nsd eiy
hy
x

hx

Em virtude da forma do diagrama de momento fletor para cada direção, não se sabe a priori
qual seção do pilar será a mais solicitada. Assim deve ser feita a verificação dos momentos
tanto para as seções de extremidade quanto para a seção intermediária. Portanto o
dimensionamento será feito sempre, para as seções de extremidade (topo e base) e
intermediaria, combinando-se a força normal solicitante de cálculo Nsd com um par de
momentos fletores ortogonais Mxd e Myd, determinados de acordo os sub-itens seguintes.

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53
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Primeira Situação de Cálculo – Seção do Topo


a – Direção x
Mxd,A = 1,4 . MxA
Mxd,A ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)
b – Direção y
Myd,A = 1,4 . MyA
Myd,A ≥ M1d,min. = Nsd (1,5 + 0,03 hy)

Com o terno de valores Nsd, Mxd,A e Myd,A é feito o dimensionamento da seção à


flexão oblíqua composta correspondente à primeira situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

Segunda Situação de Cálculo – Seção da Base


a – Direção x
Mxd,B = 1,4 . MxB
Mxd,B ≥ M1d,min = Nsd(1,5 + 0,03 hx)
b – Direção y
Myd,B = 1,4 . MyB
Myd,B ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy)

Com o terno de valores Nsd, Mxd,B e Myd,B é feito o dimensionamento da seção à


flexão oblíqua composta correspondente à segunda situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

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54
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

Terceira Situação de Cálculo – Seção Intermediaria


a – Direção x
Na seção intermediária temos duas situações a considerar:

Caso 1 - Se λx ≤ λ1x ≤ 90
Não é necessário considerar o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na
seção intermediária será:

Mxd,tot = Nsd . ( ex* + eximp ) onde

Nsd . ( ex* + eximp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)

ex* = 0,6 . (MxA / N) + 0,4 . (MxB / N) ≥ 0,4 . (MxA / N) ;

eximp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde deve-se


adotar eximp = θ 1 . H

1 1
θ1= ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200

M xA e M xB são momentos de 1ª ordem na direção x nos extremos do


pilar. Deve ser adotado para M xA o maior valor absoluto na extremidade
do pilar e para M xB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que
M xA , e negativo em caso contrário.

Caso 2 - Se λ1x ≤ λx ≤ 90
Deve ser considerado o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot =
10
onde
M1 = 1,4 . α b . MxA ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hx)

λx 2
k1 = 1 − ;
3840
k 2 = k1 hx N sd .

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55
Concreto Armado II – Estudo de Pilares

b – Direção y
Na seção intermediária temos duas situações a considerar:

Caso 1 - Se λy ≤ λ1y ≤ 90
Não é necessário considerar o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na
seção intermediária será:

Myd,tot = Nsd . ( ey* + eyimp ) onde

Nsd . ( ey* + eyimp ) ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy)


ey* = 0,6 . (MyA / N) + 0,4 . (MyB / N) ≥ 0,4 . (MyA / N) ;

eyimp = θ 1 . (H / 2) , exceto no caso de pilares em balanço, onde deve-se


adotar eyimp = θ 1 . H

1 1
θ1 = ≤ , onde H é o comprimento do pilar em metros.
100 H 200

M yA e M yB são momentos de 1ª ordem na direção y nos extremos do


pilar. Deve ser adotado para M yA o maior valor absoluto na extremidade
do pilar e para M yB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que
M yA , e negativo em caso contrário.

Caso 2 - Se λ1y ≤ λy ≤ 90
Deve ser considerado o efeito local de 2ª ordem e o momento máximo na seção
intermediária será:

5 . M 1 − k 2 + k 22 + 10 . M 1 (2 . h . N d − k 2 ) + 25 . M 12
M d ,tot =
10
onde
M1 = 1,4 . α b . MyA ≥ M1d,min = Nsd (1,5 + 0,03 hy)
λy 2
k1 = 1 − ;
3840
k 2 = k1 h y N sd .

Com o terno de valores Nd, Mxd,tot e Myd,tot é feito o dimensionamento da seção à flexão
oblíqua composta correspondente à terceira situação de cálculo. Para este
dimensionamento pode ser utilizado o ábaco de roseta de autoria do Prof. Fusco.

A armadura a ser adotada deverá satisfazer às três situações de cálculo

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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 6

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

LAJES LISAS E COGUMELO


Concreto Armado II
Lajes Lisas
e
Lajes Cogumelo

Autor: Prof. Ronaldo Azevedo Chaves

2016

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LAJES COGUMELO OU LISAS

DEFINIÇÃO

São chamadas lajes lisas aquelas que apóiam diretamente sobre os pilares,
portanto, sem vigas de sustentação. Elas podem apresentar aumento de suas espessuras
na região dos apoios, capitéis, e são chamadas lajes cogumelo.
Essas lajes normalmente são maciças e em concreto armado, mas podem ser
nervuradas com o elemento inerte ou não. Estas últimas apresentam completas, ou
maciças, na região dos apoios para reforço ao efeito localizado de punção.
Tanto as lajes maciças quanto as nervuradas são também executadas em
concreto protendido.
Estas lajes são economicamente competitivas, quando o valor da sobrecarga é
muito grande. Ou, então, quando as distâncias entre os pilares for maior que 5,0m.
No entanto, por razões de arquitetura e funcionalidade, estas lajes continuam
sendo largamente adotadas como solução estrutural.

DADOS HISTÓRICOS

Essas lajes foram desenvolvidas no início do século XX nos Estados Unidos. Em


1904 C.A.P. Turner idealizou esta estrutura e, já em 1906, ele concluiu a primeira em
Mineápolis.
Desde então a aplicação deste tipo de estrutura foi adotada no mundo todo. E
com o desenvolvimento da indústria da construção, hoje estas lajes podem ser
concretadas “in loco”, ou então ser executadas no chão e depois içadas para a sua
posição (ou elevação) definitiva. Este último processo é conhecido como “lift-slab”.

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VANTAGENS E DESVANTAGENS

VANTAGENS

As vantagens destas lajes sobre as convencionais são listadas a seguir:

1 – Racionalização da fôrma (são planas, sem recortes e de menor metragem);


2 – Facilidade de concretagem (pode-se usar concreto mais seco, portanto com
menor consumo de cimento);
3 – Apresentam menor desnível entre um piso e outro, permitindo maior número
de andares para a mesma altura final do edifício;
4 – Para grandes ambientes confinados, frigoríficos, reservatórios e outros, estas
lajes permitem uma boa ventilação no teto. Elimina-se, assim, a existência de ar,
ou gases, confinados, o que não é o caso das lajes nervuradas sem o elemento
inerte ou enchimento;
5 – Apresentam facilidade para instalação de dutos de ar condicionado e/ou
bandejas de cabos e tubos;
6 – Exigem uma armadura muito simples (barras retas ou malhas soldadas), de
fácil execução e fixação;
7 – Apresentam acabamento final de aspecto muito bom;
8 – Permitem que o projeto arquitetônico seja bastante flexível, uma vez que as
paredes divisórias não precisam ficar somente numa posição para sempre.

DESVANTAGENS

A maior desvantagem destas lajes reside no fato de apresentarem deformações


grandes. E no caso específico de projetos onde haja alvenaria, estas “descolam” da laje
apresentando fissuras na ligação. Mas isto é solucionado com detalhes construtivos.

E quando os vãos, ou sobrecargas, são grandes, aquelas deformações crescem


mais ainda. Mas aí é que são adotadas as lajes cogumelo protendidas, as quais eliminam
essas deformações excessivas.

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ESTABILIDADE - NOÇÕES

A rigidez global de uma estrutura convencional constituída por lajes, vigas e


pilares, normalmente é maior, se comparada à rigidez de uma estrutura semelhante em
laje cogumelo (sem vigas). Quando a estrutura é pequena, tal diferença não tem muita
importância. Isto é sustentado no fato de a rigidez da estrutura, em laje cogumelo, ser
suficiente para conferir uma boa estabilidade global.
Este quadro muda de figura quando se tem edificações altas. Nestes casos
procuram-se desenvolver projetos arquitetônicos que permitam a existência de
elementos enrijecedores, por exemplo caixas de escadas e/ou de elevadores, os quais
conferem às estruturas estabilidade global. As figuras, em planta, exemplificam alguns
casos desses elementos ou expedientes.

PROCESSO DE CÁLCULO

Muitos sãos os processos de cálculo para as lajes cogumelo. A NBR-6118, que


rege o assunto, preconiza um desses procedimentos que também é indicado por várias
normas estrangeiras.
Tal método exige a divisão dos painéis das lajes em faixas internas e externas
como indicado na figura:

Para o cálculo dos esforços atuantes, considera-se que o conjunto laje - pilares forme
pórticos, ou vigas, perpendiculares entre si. E neste procedimento considera-se o
carregamento total atuando, em cada direção, isoladamente. Naturalmente que, para o
cálculo das reações nos pilares, isto não deve ser considerado.

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Como passo seguinte carregam-se os pórticos com as cargas atuantes. E como o
carregamento pode ter parcelas de cargas de naturezas diferentes (cargas permanentes e
acidentais), deve-se comparar os valores dessas cargas a fim de se considerar suas
combinações mais desfavoráveis.

a) Pórtico carregado para q ≤ 0,75g

p=g+q

p - carga total
g - carga permanente
q - carga acidental

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b) Pórtico carregado para q > 0,75g (pesquisa de “maior momento” nas seções
indicadas)

b.1

p g p g

b.2

g p p
g g

b.3

p g p g p

Como última etapa deste processo, deve-se “distribuir” os momentos fletores


encontrados, pelas faixas internas e externas nos seguintes percentuais:

-22,5% dos momentos positivos para cada faixa interna


-12,5% dos momentos negativos para cada faixa interna
-27,5% dos momentos positivos para cada faixa externa
-37,5% dos momentos negativos para cada faixa externa

Somente após esta divisão é que se parte para o dimensionamento das seções à
flexão no Estado Limite Último.

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VALIDADE E CONDIÇÕES DO PROCESSO

Conseguem-se bons resultados com este processo quando a relação entre vãos
ortogonais atende à seguinte expressão:

0,75 ≤ ℓx/ℓy ≤ 1,33

Nem sempre se consegue que os pilares estejam alinhados, como até agora estão
mostrados nas figuras. Mas para conseguir melhores resultados com esse método,
permite-se um desalinhamento máximo entre pilares como a seguir:

DIMENSÕES DOS ELEMENTOS

As lajes cogumelo devem ter espessura mínima de 14 cm. E deverão ter, no


mínimo, 16 cm quando são lajes lisas, inclusive quando destinadas a passagem de
veículos. Estas dimensões são preconizadas pela NBR-6118.
Para os pilares que suportam essas lajes, são recomendadas dimensões mínimas
da seção transversal, as quais não poderão ser reduzidas em nenhuma hipótese. Essas
dimensões mínimas são:

-30cm
-1/20 da distância entre eixos dos pilares naquela direção
-1/15 da altura livre do pilar (1/10 para os pilares cintados)
6

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Para se avaliar a espessura h de uma laje cogumelo ou lisa, recomenda-se o
seguinte, tomando ℓ como o maior vão:
h = ℓ/36 a ℓ/40 para lajes maciças em concreto armado
h = ℓ/30 para lajes nervuradas em concreto armado
h = ℓ/42 para lajes de piso em concreto protendido
h = ℓ/48 para lajes de forro em concreto protendido

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EXEMPLO

Seja dimensionar e detalhar a laje da figura usando CA-50 e fck = 30 MPa. Trata-
se de um piso de prédio residencial. O desnível entre andares é de 3,05 m.

-Escolha da espessura da laje

ℓx = ℓy = 600
h = 600/36 = 16,7 cm ou h = 600/40=15 cm
Será adotada h = 16 cm

-Dimensões dos pilares

a≥ -30 cm
b≥ -ℓ/20 = 600/20 = 30 cm
-ℓo/15 = (305-16)/15 = 19,3 cm

a x b = 30 x 30

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-Carregamento

 Peso da alvenaria externa (0,25 m em blocos)

P = 0,25x(3,05-0,16)x13,00 = 9,39 kN/m

 Cargas distribuídas

Peso próprio 4,00


Revestimento e Pavimentação 0,80
Alvenaria 1,00
g (carga permanente) 5,80

sobrecarga (q) 1,50

p = (g + q) 7,30 kN/m²

Observar que q < 0,75g

-Cálculo dos esforços

 Direção X

Iv = 4,00x0,16³/12 = 0,001365 m4 (eixos A e C)


Iv = 6,00x0,16³/12 = 0,002048 m4 (eixo B)
Ip = 0,30x0,30³/12 = 0,000675 m4

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Eixo B

Eixos A e C

Os valores entre parênteses são os mínimos exigidos pela NBR-6118.

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 Direção Y

Iv = 0,001365m4 (eixos 1 e 4)
Iv = 0,002048m4 (eixos 2 e 3)
Ip = 0,000675m4

Eixos 1 e 4

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Eixos 2 e 3

-Dimensionamento

O cálculo é feito para os valores máximos encontrados para cada trecho. Será
feito aqui um dimensionamento único para todos os eixos em cada direção, tendo em
vista as pequenas diferenças dos valores encontrados.

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Direção X Largura da faixa – 6,00/4 = 1,50

Faixas Externas
Momentos no Momento AS AS
% por d
painel por faixa (total) (por m) Ø c/
faixa [cm]
[kN].[m] [kN].[m] [cm2] [cm2]/[m]
-17,66x6 = -105,96 37,5 -39,74 12,3 11,21 7,47 Ø10 c/ 10
-23,36x6 = -140,16 37,5 -52,56 12,1 15,57 10,38 Ø12,5 c/ 12
12,85x6 = 77,10 27,5 21,20 13,6 5,17 3,45 Ø8,0 c/ 15
10,95x6 = 65,70 27,5 18,07 12,8 4,67 3,11 Ø8,0 c/ 16

Faixas Internas
Momentos no Momento AS AS
% por d
painel por faixa (total) (por m) Ø c/
faixa [cm]
[kN].[m] [kN].[m] [cm2] [cm2]/[m]
-105,96 12,5 -13,25 13,6 3,19 2,60* Ø8,0 c/ 19
-140,16 12,5 -17,52 13,6 4,25 2,83 Ø8,0 c/ 18
77,10 22,5 17,35 13,6 4,20 2,80 Ø8,0 c/ 18
65,70 22,5 14,78 12,8 3,8 2,60* Ø8,0 c/ 19
*AS min = 0,173%bh = 2,60 cm²/m  Ø 8,0 c/ 19

Direção Y

Faixas Externas
Momentos no Momento AS AS
% por d
painel por faixa (total) (por m) Ø c/
faixa [cm]
[kN].[m] [kN].[m] [cm2] [cm2]/[m]
-17,47x6 = -104,82 37,5 -39,31 12,3 11,08 7,39 Ø10 c/ 11
-24,56x6 = -147,36 37,5 -55,26 13,4 14,52 9,68 Ø12,5 c/ 12
11,28x6 = 67,68 27,5 18,61 12,8 4,82 3,21 Ø8,0 c/ 16

Faixas Internas
Momentos no Momento AS AS
% por d
painel por faixa (total) (por m) Ø c/
faixa [cm]
[kN].[m] [kN].[m] [cm2] [cm2]/[m]
-104,82 12,5 -13,10 12,8 3,36 2,60* Ø8,0 c/ 19
-147,36 12,5 -18,42 12,8 4,77 3,18 Ø8,0 c/ 16
67,68 22,5 15,23 12,8 3,92 2,61 Ø8,0 c/ 19
*AS min = 0,173%bh = 2,60 cm²/m  Ø 8,0 c/ 19

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Detalhamento – Armadura Principal

Armadura Positiva

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Armadura Negativa

BIBLIOGRAFIA

- NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.


- FUSCO Jr., Francisco Brasiliense e CHOLFE, Luiz – Lajes, projeto com tela soldada.
Ed. Pini – São Paulo – 1989.
- MORETTO, Oreste – Curso de hormigón armado. Editorial “El Ateneo” – Buenos
Aires – 2a ed. – 1970.
- MONTOYA, P. Jiménez et al. – Hormigón armado. Editorial Gustavo Gili S.A. –
Barcelona – 7a ed.
- SHTARERMAN, M. I. e IVIANSKI, A. M. – Entrepisos sin vigas – Editora Inter
Ciência – Montevidéo – 1960.
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CONCRETO ARMADO II - UNIDADE 7

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Junho 2018

PUNÇÃO
Concreto Armado II - Punção

PUNÇÃO EM LAJES
1 - INTRODUÇÃO

O sistema estrutural conhecido como lajes lisas, no qual as lajes estão diretamente apoiadas nos pilares,
pode oferecer diversas vantagens técnicas com relação ao sistema convencional de lajes, vigas e
pilares, sendo mais econômico em muitos casos.

Uma das grandes desvantagens das lajes lisas é a possibilidade da punção da laje pelo pilar. A punção é
um tipo de ruína que pode ocorrer quando forças concentradas, ou atuando em pequenas áreas, são
aplicadas diretamente nas lajes, causando a sua perfuração. Como exemplo desta situação, tem-se a
reação do pilar quando a laje está diretamente apoiada nele. É importante destacar que, no caso de
edifícios de vários pavimentos, a ação concentrada que irá provocar a punção de uma determinada laje
está relacionada aos carregamentos aplicados nesta laje, e não com relação à força normal que atua no
pilar. A punção está associada a esforços de cisalhamento e provoca uma separação completa entre a
laje e o pilar. Como este tipo de ruína é frágil, deve-se, como diretriz de projeto, garantir que, caso a
ruína ocorra, ela não se dê por punção, mas sim por flexão.

A superfície de ruína para pilares internos, com lajes e carregamento simétricos (casos simétricos),
apresenta uma forma tronco-cônica ou tronco-piramidal, partindo do contorno da área carregada e se
estendendo até a outra face, com uma inclinação entre 30° a 35° em relação ao plano médio da laje
(figura 1).

No entanto, esta superfície pode ser alterada se houver, na laje, a presença de armaduras de combate à
punção. Neste caso existem várias possibilidades de ruína para lajes com armadura de punção. Embora
a ruptura por cisalhamento, considerando-se a laje como sendo uma viga de grande largura, também
seja possível, ela é pouco provável no caso das lajes lisas. Deste modo, desde que algumas condições
sejam respeitadas, existem basicamente três possibilidades de ruptura: na primeira, a superfície de ruína

1
Versão junho/2016
Concreto Armado II - Punção

está localizada entre a face do pilar e a armadura de punção; na segunda, ela atravessa a região
transversalmente armada; e, na terceira, ela ocorre além da região transversalmente armada (figura 2).

A técnica de verificação da resistência e do dimensionamento da punção se baseia, portanto, no estudo


de seções de controle.

Primeiramente, verifica-se a ruína entre o pilar e a região da armadura de punção (figura 2a). Esta
análise consiste na avaliação da tensão na biela de concreto na superfície de contorno do pilar, ou da
área carregada, denominado Contorno C. Esta verificação é feita indiretamente através da tensão de
cisalhamento.

A segunda verificação corresponde à ruína por tração diagonal no Contorno C’ correspondente à


região transversalmente armada (figura 2b). Este contorno está localizado a uma distância de 2d do
Contorno C, onde d é a média das alturas úteis da laje, em duas direções ortogonais (figura 3). Caso
haja necessidade, o mecanismo de transferência de carga, por exemplo, da laje para um pilar, poderá
ser reforçado com armadura. Neste caso há mais uma seção crítica a ser verificada: o Contorno C’’
(figura 2c), que é definido em função da disposição da armadura a ser colocada.

dx  dy
d 
2
Figura 3 – Altura útil média da laje

Observação: Para análise e dimensionamento de pilares situados nas bordas e cantos de lajes lisas e
cogumelo consultar as prescrições da NBR 6118 bem como referências bibliográficas
listadas no final deste capítulo.

2
Concreto Armado II - Punção

2 - PERÍMETROS CRÍTICOS OU DE CONTROLE PARA PILARES INTERNOS

Para pilares internos, os contornos utilizados para os cálculos são sempre completos. As figuras
seguintes podem esclarecer as formas dos contornos utilizadas nas análises da punção.

Figura 4 – Contornos críticos para pilares internos

- Pilares com reentrâncias

Figura 5 – Pilares com reentrâncias

3
Concreto Armado II - Punção

- Pilares com capitel

No caso de pilares com capitel (engrossamento localizado da laje) devem ser feitas duas
verificações nos contornos críticos C’, que serão dois: C’1 e C’2, conforme a seção mostrada na
figura.

Figura 6 – Pilares com capitel

onde
d – altura útil da laje no Contorno C’2;
dc – altura útil da laje na face do pilar;
da – altura útil da laje no Contorno C’1;
lc – distância entre a borda do capitel e a face do pilar.

Quando:
lc  2(dc – d)  basta verificar o Contorno C’2;

2(dc – d) < lc  2 dc  basta verificar o Contorno C’1;

lc > 2 dc  é necessário verificar os Contornos C’1 e C’2.

- Pilares próximos a abertura na laje

Figura 7 – Aberturas próximas aos pilares

4
Concreto Armado II - Punção

3 - CÁLCULO DAS TENSÕES SOLICITANTES NAS SUPERFÍCIES CRÍTICAS PARA


PILARES INTERNOS

No caso de existirem momentos em duas direções ortogonais, as tensões solicitantes nas superfícies
críticas são avaliadas por meio de expressões semelhantes à seguinte:
Fsd M sd1 M
 sd   k1  k 2 sd 2
u.d w p1  d w p 2 d
onde
Fsd – força ou reação concentrada de cálculo;
u – valor numérico perímetro do contorno considerado (u0 para C e u para C’).
d - altura útil da laje na seção de verificação;
Msd – momento fletor solicitante de cálculo para cada direção ortorgonal (vide figura 8 abaixo);
k – coeficiente que mede a parcela de cada momento Msd transmitida da laje ao pilar por
cisalhamento;
wp – módulo de resistência plástica, para cada direção, do perímetro crítico em questão.

Para as seções retangulares os valores de k podem ser avaliados em função da relação entre os
comprimentos dos lados da seção C1/C2.
Valores de k
C1/C2 0,5 1,0 2,0 3,0
k 0,45 0,60 0,70 0,80
C1 – dimensão do pilar paralela à excentricidade da força;
C2 – dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força.

Para pilares circulares internos toma-se o valor de k = 0,6.

A figura seguinte esclarece as associações dos momentos com os lados da seção.


1

Figura 8 – Associação dos momentos aplicados com os lados C1 e C2 da seção

5
Concreto Armado II - Punção

Os módulos de resistências plásticas podem ser avaliados pela expressão seguinte:

u
w p   e  dl
0
onde
dl – comprimento infinitesimal no perímetro u considerado; e
e – distância de dl ao eixo que passa pelo centro do pilar, e em torno do qual atua o momento
em questão.

4 - EXPRESSÕES PRÁTICAS PARA OS PERÍMETROS E OS MÓDULOS DE RESISTÊNCIA


PLÁSTICA DAS SUPERFÍCIES CRÍTICAS PARA PILARES INTERNOS

A seguir serão mostrados os contornos críticos para as situações mais comuns. Além disso, serão
indicadas também as expressões dos parâmetros utilizados na verificação da punção.

Pilares circulares internos

p = distância da face do pilar até a última linha de conectores, ou haste da armadura de punção.
Figura 9 – Contornos críticos para um pilar circular interno

Contorno C
u D
w p  D2
Contorno C’
u    D  4d
w p  D  4d 
2

Contorno C’’
u   D  2p  4d

w p  D  2p  4d 
2

6
Concreto Armado II - Punção

Pilares retangulares internos

Figura 10 – Contornos críticos para um pilar retangular interno

Contorno C
u  2  C1  C2 
C12
w p1   C1 C 2
2
C 22
w p2   C 2 C1
2
Contorno C’
u  2  C1  C 2   4 d
C12
w p1   C1C 2  4C 2 d  16d 2  2 dC1
2
C 22
w p2   C 2 C1  4C1d  16d 2  2 dC 2
2
Contorno C”
u  2  C1  C 2   4 d  2 p
C12
w p1   C1C 2  4C 2 d  16d 2  2 dC1  2C 2 p  16dp  4p 2   C1p
2
C 22
w p2   C 2 C1  4C1d  16d 2  2 dC 2  2C1 p  16dp  4p 2   C 2 p
2

7
Concreto Armado II - Punção

5 - TENSÕES RESISTENTES NAS SUPERFÍCIES CRÍTICAS PARA PILARES INTERNOS

Tensão resistente na superfície critica C (perímetro da área carregada)

A tensão resistente da compressão na diagonal do concreto é verificada indiretamente na superfície


crítica C. A tensão atuante sd deverá ser menor que a tensão limite Rd2 dada pela expressão:

 sd   Rd 2  0,27 v f cd

onde
 v  1  f ck / 250 , com fck em MPa;

O valor de Rd2 poderá ser ampliado de 20 %, quando os vãos, que chegam no pilar em questão, não
diferem entre si de mais de 50 %, e se não existirem aberturas junto ao pilar. Este acréscimo é função
do estado múltiplo de tensões junto ao pilar interno. Neste caso:

 Rd 2  0,324 v f cd

Tensão resistente na superfície critica C’

A verificação junto à superfície crítica C’ é dada por:

 sd   Rd 1  0 ,13  kappa  100   f ck 1 / 3 , com fck e o resultado da expressão em MPa.

onde

kappa  1  20 / d   2
   x   y  0 ,02
 
d  d x  d y / 2 - altura útil da laje em centímetro
 - taxa geométrica de armadura de flexão aderente. x e y são taxas de armadura em duas
direções ortogonais entre si. Essas taxas são medidas na largura igual à dimensão da área
carregada do pilar, acrescida de 3d para cada lado do pilar. Quando há proximidade da
borda da laje, prevalece a distância até à borda, quando ela for menor que 3d.

Figura 11 – Seção para o cálculo de

8
Concreto Armado II - Punção

Se sd  Rd1, haverá necessidade de armadura. Neste caso, a tensão resistente na superfície C’ é dada
por:
d Asw  f ywd  sen
 sd   Rd 3  0,10  kappa 100   f ck 1 / 3  1,5 
sr ud

onde
sr – espaçamento radial entre linhas de armadura transversal, não maior que 0,75d
(sr ≤ 0,75d);
Asw – armadura transversal num contorno completo paralelo a C’;
u – valor numérico do perímetro de contorno considerado;
 – ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o plano da laje;
fywd – resistência de cálculo da armadura de punção, não maior que 300 MPa para conectores,
ou 250 MPa para estribos (CA 50 ou CA 60). Para lajes com espessura maior que 15 cm
esses valores podem ser majorados como:
fywd = 250 MPa, para h ≤ 15 cm
fywd = 250 + 185(h-15)/20 MPa, para 15 < h ≤ 35 cm
fywd = 435 MPa, para h > 35 cm

A armadura de punção (Asw) deverá ser constituída, preferencialmente, por três, ou mais, linhas de
conectores ou pinos (figura 12a), com suas extremidades ancoradas fora do plano da armadura de
flexão (figura 12b). Essa armadura poderá ser constituída também por estribos bem ancorados.

a - Distribuição da armadura de punção b – Posição da armadura de flexão

Figura 12 – Detalhe da armadura de punção

Esta armadura devera ser estendida em contornos paralelos a C’ até que, num contorno C” afastado 2d
do último contorno de armadura, não seja mais necessária armadura, isto é, sd  Rd1.

Portanto, neste caso três verificações devem ser feitas:


- tensão resistente de compressão do concreto no contorno C correspondente á área carregada;
- tensão resistente à punção no contorno C’, considerando a armadura;
- tensão resistente à punção no contorno C”, sem armadura de punção.

9
Concreto Armado II - Punção

Quando a estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje à punção, como é o caso usual
das lajes lisas (ou cogumelo), a NBR 6118 exige uma armadura de punção obrigatória. A área desta
armadura deverá ser capaz de equilibrar, no mínimo, 50 % da força Fsd. Neste caso esta armadura
deverá ser colocada, mesmo que sd seja menor que Rd1.

6 - DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS PARA PILARES INTERNOS

As armaduras de combate à punção devem ser dispostas convenientemente no entorno da região sujeita
à punção, como indicado nas figuras seguintes.

Figura 13 – Distribuição da armadura de punção

A NBR 6118 exige que o diâmetro da armadura de estribos não deve ser superior a h/20, e que esses
estribos tenham contato mecânico com as barras longitudinais.

A eficiência da armadura de punção só será garantida se os espaçamentos entre as barras, ou


conectores, colocados atenderem a espaçamentos máximos entre eles. A figura seguinte mostra, em
corte, os limites dos espaçamentos da armadura de punção. Assim:
s0  0,5d
sr  0,75d
s e  2d
onde
s0 – espaçamento entre a face do pilar e a primeira linha de conectores, ou estribos;
sr – espaçamento radial entre duas linhas de conectores, ou estribos;
se – distância entre si dos conectores, ou estribos, mais afastados do pilar.

Figura 14 – Espaçamento da armadura de punção


10
Concreto Armado II - Punção

Se, na distribuição da armadura, o limite se não puder ser atendido, parte do Contorno C’’ deverá ser
desprezada na verificação da tensão.

Figura 15 – Redução no cômputo do Contorno C”

A colocação da armadura de punção deverá ser de tal forma que proteja uma área mínima em planta.
Este contorno mínimo dista 2d a partir da face do pilar, conforme a figura seguinte.

Figura 16 – Área mínima de colocação da armadura de punção em torno de um pilar interno

11
Concreto Armado II - Punção

A NBR 6118 exige que se coloque uma armadura para garantir a ductilidade local, a qual protege
contra o colapso progressivo. Para tal a armadura de flexão inferior, que atravessa o Contorno C, deve
estar ancorada além do Contorno C’ ou C”. E esta armadura deve ser calculada pela expressão
indicada adiante, onde a força Fsd poderá ser majorada considerando f = 1,2.
1 ,5 Fsd
As ,ccp 
f yd
Onde
As,ccp – somatória de todas as áreas das barras que cruzam todas as faces do pilar.
fyd – valor de cálculo da tensão de escoamento do aço

ou C”

Figura 17 – Armadura contra colapso progressivo

A figura abaixo ilustra detalhes dos conectores a serem utilizados como armadura de punção.

Figura 18 – Detalhes dos conectores

Referências bibliográficas:

1 – Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Projeto de Estruturas de Concreto –


Procedimento (NBR 6118:2014). Rio de Janeiro, 2014, 238p.

2 – IBRACON, “ABNT NBR 6118:2014 Comentários e Exemplos de Aplicação”, Outubro, 2015.

12
Concreto Armado II - Punção

Exemplo 1

Dimensionar à punção os pilares internos do pavimento mostrado na figura abaixo. A carga total
aplicada na laje é igual a 10 kN/m2. Para o cálculo dos esforços foi utilizado o processo dos pórticos
equivalentes. Devido à dupla simetria, foram definidas apenas duas faixas de projeto. As reações nos
pilares são apresentadas na tabela.

13
Concreto Armado II - Punção

O dimensionamento da laje foi feito de acordo com as recomendações da nova NBR 6118. Adotou-se:

Os detalhamentos das armaduras positivas e negativas na direção X estão indicados nas figuras a
seguir, lembrando que foi utilizada a dupla simetria do pavimento.

De posse desses detalhamentos, e com os esforços nos pilares, pode-se iniciar a verificação da punção.

14
Concreto Armado II - Punção

Solução:

Em função da dupla simetria pode-se ver que os esforços solicitantes nos pilares internos são iguais.
Por isso basta verificar apenas um deles.

Pilar P6 (40x40)
1) Carregamento de cálculo
FSd  1,4 x 252 ,74  353 ,84 kN
M Sd 1  M Sd 2  1,4 x 42 ,38  59 ,33 kNm  5933 kN .cm

2) Verificação do contorno da área carregada - contorno C

▪ Tensão resistente  Rd 2

 f ck  f ck  30  30
 Rd 2  0 ,27 .  v 2 . f cd  0 ,27 x  1    0 ,27  1    5 ,09 MPa
 250  1 ,4  250  1 ,4
▪ Tensão atuante  Sd
Geometria : d  15 cm

c1  c 2  40 cm  k1  k 2  0 ,60
u  4 x 40  160 cm

40 2
w p1  w p 2   40 x 40  2400 cm 2
2
F M Sd 1 M Sd 2 F M Sd 1
 Sd  Sd  k 1  k2  Sd  2 k 1
u .d w p1 . d w p2 . d u .d w p1 . d
353 ,84 5933
 Sd   2 x 0 ,6  0 ,147  0 ,198  0 ,345 kN / cm 2
160 . 15 2400 . 15
 Sd  3 ,45 MPa   Rd 2  5 ,09 MPa OK! ! !

15
Concreto Armado II - Punção

3) Verificação do contorno C’ (distante 2d da área carregada)

▪ Tensão resistente  Rd 1

 20   20 
kappa   1    1   2,154  2  kappa  2
 d   15 
14 x 0 ,8
x  y     0 ,0057
15 x 40  2 x 3 x 15 
 Rd 1  0 ,13 x kappa x 100 .  . f ck 
1
3 
 Rd 1   0 ,13 x 2 x 100 . 0 ,0057 . 30 
1
3  0 ,67 MPa
▪ Tensão atuante  Sd

Geometria:
u  4 x 40   2 x 30  348 ,5 cm
40 2
w p1   40 x 40  4 x 40 x 15  16 x 15 2  2 x 40 x 15  12170 cm 2
2
353 ,84 5933
 Sd   2 x 0 ,6  0 ,068  0 ,035  0 ,107 kN / cm 2
348 ,5 . 15 12170 . 15
  Sd  1,07 MPa   Rd 1  0,67 MPa  armar a punção !!!

 20  d Asw . f ywd . sen 


 Sd  0 ,10 x  1  x 100 .  . f  1
3  1 ,5 x
d 
ck
 Sr u .d

0 ,10 d Asw . f ywd . sen 


1 ,07 MPa  0 ,67 x  1 ,5 .
0 ,13 sr u .d
1,07  0 ,515 . sr . u . d 1,07  0 ,515 . sr . u
Asw  
1,5 . d . f ywd . sen  1,5 . f ywd . sen 

sr  0 ,75 d  11,25 cm  sr  10 cm

  90   sen   1
 3 
Armadura CA 60  f ywd  250  185 .    277 ,75 MPa
 20 
1,07  0 ,515  . 10 . 348 ,5
Asw   4 ,64 cm 2  16  6 ,3 mm
1,5 . 277 ,75

16
Concreto Armado II - Punção

Detalhamento

4) Verificação do contorno C’’ (distante 2d da última linha de armadura)

▪ Tensão resistente  Rd 1

 Rd 1   0 ,13 x 2 x 100 . 0 ,0057 . 30 


1
3  0 ,67 MPa
▪ Tensão atuante  Sd

Geometria:
u  2 x 4 x 40   2 . 37  30   580 ,97 cm
40 2
w p1   1600  4 x 40 x 15  16 x 15 2  2 x 40 x 15  2 x 40 x 37 
2
16 x 15 x 37  4 x 37 2   x 40 x 37  34055 ,47 cm 2
353 ,84 5933
 Sd   2 x 0 ,6  0 ,041  0 ,014  0 ,055 kN / cm 2
580 ,97 . 15 34055 ,47 . 15

  Sd  0 ,55 MPa   Rd 1  0 ,67 MPa OK ! ! !

5) Verificação do Colapso Progressivo


As ,ccp . f yd  1,5 FSd
1 ,5 F Sd 1 ,5 x ( 1 ,2 x 252 ,74 )
 As ,ccp    10 ,46 cm 2
f yd 43 ,5

Devem ser colocadas 2 x 4  10 mm (16 seções ao todo) sobre o pilar, na face inferior da laje, e
ancoradas além de C’’
.

17
Concreto Armado II - Punção

Exemplo 2

A laje lisa, mostrada na figura, não contém armadura de punção. Determinar qual o máximo valor
da carga vertical de serviço que a laje pode descarregar sobre o pilar para que com os momentos
fletores de serviço indicados não ocorra ruptura da mesma em torno do pilar.
Linha de
centro

22 kN.m
Dados: Espessura da laje h = 25 cm
40 kN.m Altura útil média da laje d = 21 cm
25 Linha de centro
x = y = 0,015
Concreto fck = 30 MPa
25 25

Planta – (medidas em cm)

18
Concreto Armado II - Punção

Solução:

1) Verificação do contorno da área carregada - contorno C

▪ Tensão resistente  Rd 2

 f ck  f ck  30  30
 Rd 2  0 ,27 .  v 2 . f cd  0 ,27 .  1    0 ,27  1    5 ,09 MPa
 250  1 ,4  250  1 ,4

▪ Tensão atuante  Sd
M Sd 1  1,4 x 40  56 kNm  5600 kN .cm
M Sd 2  1,4 x 22  30 ,8 kNm  3080 kN .cm

Geometria : d  21 cm

c1  50 cm
c 2  25 cm
c1
 2 ,0  k 1  0 ,7
c2
c2
 0 ,5  k 2  0 ,45
c1
u  2 x 25  50   150 cm

50 2
w p1   25 x 50  2500 cm 2
2
25 2
w p2   25 x 50  1562 cm 2
2
F Sd M Sd 1 M Sd 2
 Sd   k1  k2   Rd 2
u .d w p1 . d w p2 . d

F Sd 5600 3080
 Sd   0 ,7  0 ,45  0 ,509 kN / cm 2
150 . 21 2500 . 21 1562 . 21

 F Sd  1234 ,8 kN  F  1234 ,8  882 kN


1 ,4

19
Concreto Armado II - Punção

2) Verificação do contorno C’ (distante 2d da área carregada)

▪ Tensão resistente  Rd 1

 20   20 
kappa   1   1  1 ,976  2  kappa  1 ,976
 d   21 
 Rd 1  0 ,13 x kappa x 100 .  . f ck 
1
3 
 Rd 1   0 ,13 x 1 ,976 x 100 . 0 ,015 . 30 
1
3  0 ,914 MPa
▪ Tensão atuante  Sd

M Sd 1  1,4 x 40  56 kNm  5600 kN .cm


M Sd 2  1,4 x 22  30 ,8 kNm  3080 kN .cm

Geometria:
u  2 x25  50   4 x 21  413 ,9 cm
50 2
w p1   25 x 50  4 x 25 x 21  16 x 21 2  2 x 21 x 50  18253 cm 2
2
25 2
w p2   25 x 50  4 x 50 x 21  16 x 21 2  2 x 21 x 25  16117 cm 2
2

F Sd M Sd 1 M Sd 2
 Sd   k1  k2   Rd 1
u .d w p1 . d w p2 . d

F Sd 5600 3080
 Sd   0 ,7  0 ,45  0 ,0914 kN / cm 2
413 ,9 . 21 18253 . 21 16117 . 21

 F Sd  670 ,15 kN  F  670 ,15  478 ,7 kN


1 ,4

Máximo valor da carga vertical de serviço = 478,7 kN

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