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Análise dimensional para previsão e confirmação

de fórmulas

Gabriel Wendell Celestino Rocha

23 de Outubro de 2020

Natal - RN
1 Introdução
1.1 Grandezas fı́sicas
O conceito de grandeza fı́sica é um dos conceitos mais básicos no estudo da fı́sica.
Elas são usadas para descrever fenômenos e sistemas fı́sicos. Além disso, grande-
zas fı́sicas são caracterizadas por terem dimensões 1 . Existem seis grandezas fı́sicas
fundamentais (também chamadas de grandezas primitivas) na qual todas as outras
grandezas (chamadas de grandezas derivadas) podem ser escritas como uma com-
binação destas, são elas2

Tabela 1: Grandezas fundamentais


Quantidade Unidade (S.I.) Sı́mbolo Dimensão
Comprimento metro m L
Tempo segundo s T
Massa quilograma kg M
Corrente elétrica ampére A I
Temperatura termodinâmica kelvin K θ
Intensidade Luminosa candela cd J
Quantidade de matéria Mol mol N

Como mencionado anteriormente, todas as grandezas derivadas podem ser expres-


sas em termos das grandezas fundamentais, por exemplo, uma medida de aceleração
tem dimensões de comprimento por segundo ao quadrado, ou seja, L · T −2 . No
que segue, indica-se as dimensões de uma certa grandeza fı́sica X com colchetes da
seguinte forma: [X].

1.2 Teorema de Bridgman


Teorema 1 (Bridgman) Toda e qualquer função que tenha argumentos dimensio-
nais é um produto de potências de grandezas primitivas de um determinado sistema
de unidades3 .

Dessa forma, se X é uma grandeza fı́sica e possui dimensão, então as dimensões de


X podem ser escritas da seguinte forma

[X] = M α Lβ T γ (1)

onde α, β e γ são números inteiros ou racionais, positivos ou negativos. No exemplo


da aceleração, α = 0, β = 1 e γ = −2. Há ainda os números puros que são adimen-
sionais, ou seja, não possuem dimensão, por exemplo, a número π ou o número de
ouro ϕ.

1
Não confunda o conceito de dimensão usado aqui com o conceito de dimensão fı́sica (dimensões
espaciais e temporais).
2
Geralmente se usa a letra grega θ para representar a dimensão da temperatura termodinâmica
ao invés de um T maiúsculo para não haver confusão com a dimensão de tempo.
3
A demonstração desse teorema estará presente no apêndice A.

1
Ex.: 1 A unidade de medida de uma força genérica F , no S.I., é o Newton (N).
Como força é o produto da massa m de um corpo pela sua aceleração a, então a
unidade de força é o produto da unidade de massa pela unidade de aceleração. Logo,
pelo teorema de Bridgman:

[F ] = [m] · [a] = M · L · T−2

Nesse caso, os nossos expoentes são α = 1, β = 1 e γ − 2.

2 Análise Dimensional
De forma geral, a análise dimensional é a arte de prever como uma determinada
grandeza vai depender de outras grandezas presentes em uma certa situação ou
problema fı́sico. Esse processo de antecipação dispensa contas detalhadas, ou seja,
não é necessáro resolver explicitamente as equações que definem o problema. É
uma ferramenta poderosa, extremamente útil para uma série de tarefas como sim-
plificação de problemas fı́sicos, detecção de erros em uma teoria e principalmente no
desenvolvimento de uma intuição fı́sica mais aguçada.

2.1 Princı́pio da homogeneidade dimensional


Teorema 2 Uma equação fı́sica é verdadeira se e somente se os dois lados da
equação forem dimensionalmente iguais.

Em outras palavras, o princı́pio da homogeneidade dimensional diz que toda equação


fı́sica tem que ser dimemnsionalmente uniforme, ou seja, todos os termos da equação
têm que ter as mesmas dimensões. É possı́vel combinar (multiplicar ou dividir)
grandezas com dimensões diferente mas só é possı́vel comparar (somar ou subtrair)
grandezas com dimensões iguais.

2.2 Análise de uma grandeza


Para se analisar uma grandeza qualquer X e ver como ela depende de outras gran-
dezas, devemos fazer o seguinte:

1. Escrevemos as dimensões [Y] de Y em função das três grandezas mais básicas

[Y ] = M α Lβ T γ (2)

Nesse caso, os expoente α, β e γ são determinados.

2. Tentamos identificar as grandezas Xi , (i = 1, 2, . . .) das quais Y pode depender.

3. Escrevemos Y como um monômio destas grandezas Xi , com uma quantidade


adimensional K
Y = KX1a1 X2a2 . . . (3)
Aqui, os expoentes ai , (i, 1, 2, . . .) são o que desejamos determinar.

2
4. Comparando (3) com (2) e resolvendo para os expoentes a1 , (i = 1, 2, . . .)
obtemos
[X1aa ][X2a2 ] . . . = M α Lβ T γ (4)
lembrando que [C] = 1, uma vez que o mesmo é adimensional.

5. Cada variável Xi tem expoentes αi , βi e γi atrelado a ela, como ambos os lados


esquerdo e direito da equação devem ser dimensionalmente iguais, obtemos o
seguinte de equações

a1 α 1 + a2 α 2 + a3 α 3 + . . . = α

a1 β1 + a2 β2 + a3 β3 + . . . = β
a1 γ1 + a2 γ2 + a3 γ3 + . . . = γ
Determinando as soluçãos ai podemos, portanto, determinar a dependência de
Y em relação a Xi

2.2.1 Algumas precauções


Alguns cuidados necessários na hora de analisar uma grandeza são

1. Argumentos de funções, como por exemplo funções trigonométricas, têm de


ser adimensionais.

2. A sua análise deve estar condizente com o teorema Π4 de Buckingham que


será enunciado mais formalmente logo adiante, mas que diz que o número de
combinações adimensionais de um número n de grandezas é n − 3.

3. Se for necessário tomar limites, deve-se tomar cuidado para que os limites
façam sentido, ou seja, para estarmos comparando, no limite, quantidades
com as mesmas dimensões5 .

2.3 Teorema Π de Buckingham


Teorema 3 (Buckingham) Se existe n grandezas, então o número r de combinações
adimensionais que pode ser dado é

r = n − 3. (5)

Essas combinações adimensionais são chamadas de Πa , com a = 1, 2, . . . , r. Note


que, para r ≤ 1, a quantidade K introduzida em (3) é uma constante (como, por
exemplo, 2π ou 1/2), mas, para r ≥ 2, K será uma função de algumas das com-
binações de Πa .

4
Letra grega pi maiúscula.
5
Em particular, dizer que x << 1 ou x >> 1 somente faz sentido se x for um número puro
assim como o 1.

3
3 Alguns exemplos de aplicação
3.1 Constante Gravitacional de Newton
Sabe-se da teoria da gravitação de Newton que a força de atração entre dois corpos
de massas M e m, separados por uma distância r é dada por

− Mm
F = G 2 r̂ (6)
r
onde r̂ é o versor6 que aponta na direção da reta suporte que liga os dois planeta
e G é a chamada constante gravitacional de Newton cujo valor é G = 6, 67 · 10−11
N · m2 · kg −2 .
Vamos determinar as dimensões da constante G utilizando análise dimensional. Pri-
meiramente, avaliamos a dimensão em ambos os lados da equação (6)

[M ][m]
[F ] = [G] · (7)
[r]2

Lembre-se que a grandeza força possui unidade o Newton que é expressa como o
produto da grandeza de massa pela grandeza de aceleração, ou seja, [F ] = M LT −2 .
Desenvolvendo a equação acima e resolvendo em [G] obtemos

[F ][r]2 M LT −2 · L2
[G] = =
[M ][m] M2

m3
[G] = M −1 L3 T −2 =
kg · s2
Note que as unidades de G estão corretas pois se analisarmos as grandezas ao invés
das dimensões envolvidas na equação (7) obtemos

N · m2 (kg · m · s−2 ) · m2 m3
[G] = = =
(kg)2 (kg)2 kg · s2

Note que com a análise dimensional podemos obter as dimensões das mais varia-
das constantes fı́sicas, basta conhecermos alguma equação que envolva a constante
fı́sica em análise, conhecendo as dimensões das outras variáveis podemos resolver
a equação dimensional e assim obter as dimensões da constante que desejamos. O
raciocı́nio é análogo para qualquer outra variável presente em alguma equação fı́sica.

6
Define-se versor como o vetor unitário atrelado ao eixo de referência do versor.

4
3.2 Perı́odo de um pêndulo
Vamos tentar determinar o perı́odo de um pêndulo simples e suas dependências
usando as nossas ferramentas de análise dimensional. Primeiramente, atente para a
Figura 1 abaixo.

Figura 1: Parâmetros de um pêndulo simples

Note que a princı́pio existem cinco grandezas importantes na análise do perı́odo


de um pêndulo, são elas: o perı́odo τ 7 do pêndulo (com dimensão de T ), o com-
primento do fio ` (com dimensão de L), a massa do pêndulo m (com dimensão de
M ), da aceleração da gravidade g (com dimensão de L · T −2 ), e por fim o ângulo do
deslocamento pendular inicial θ0 (que é adimensional).
Temos então, 5 parâmetros nos quais devemos levar em consideração na hora de
analisar o perı́odo de um pêndulo, logo pelo teorema Π de Buckingham, teremos um
número r = 5−3 = 2 combinações adimensionais. A primeira combinação é Π1 = θ0
e a segunda será uma combinação entre as grandezas τ , m, ` e g (lembre-se que no
final essa combinação deve ser adimensional). Aplicando o teorema de Bridgman,
podemos escrever
τ = K(θ0 )`α mβ g γ , (8)
onde K(θ0 ) é a nossa quantidade adimensional (que nesse caso será uma constante)
que depende do parâmetro θ0 . Vamos avaliar a dimensão de cada termo da equação
acima
[τ ] = [K(θ0 )][`]α [m]β [g]γ =⇒ T = 1 · Lα · M β · (LT −2 )γ
Desenvolvendo a última equação obtemos

T = Lα+γ · M β · T −2γ (9)

7
Aqui vamos usar a letra grega τ para representar o perı́odo do pêndulo ao invés da letra T
para evitar confusão com a dimensão de tempo (T ).

5
Pelo princı́pio da homogeneidade dimensional, temos que os lados esquerdo e
direito da equação (7) devem ser dimensionalmente iguais, como no lado esquerdo
temos apenas a presença da dimensão T , então as outras grandezas L e M devem
possuir expoente nulo. Igualando os expoentes de cada dimensão em ambos os lados
da equação obtemos o seguinte sistema

α + γ = 0

β=0 (10)

−2γ = 1

O sistema acima é de fácil resolução, resolvendo a terceira equação do sistema obte-


mos γ = −1/2, substituindo o valor de γ na primeira equação do sistema obtemos
α = 1/2 e, pela segunda equação do sistema, β = 0. Substituindo os valores de α,
β e γ na equação (8) vem
τ = K(θ0 )`1/2 m0 g −1/2 (11)
Desenvolvendo a equação (9) concluı́mos então que o perı́odo de um pêndulo simples
será s
`
τ = K(θ0 )
g

A partir daqui já podemos tirar algumas conclusões interessantes. Primeiro que o
perı́odo de oscilação de um pêndulo simples não depende da massa do mesmo mas
somente do comprimento do fio ` e da aceleração da gravidade local g. Segundo,
mesmo que somente a análise dimensional não é suficiente para determinar a cons-
tante K(θ0 ), temos uma noção muito boa de como a equação se parece. E por fim,
mesmo que o perı́odo de um pêndulo dependa de uma constante K(θ0 ) desconhecida,
a razão entre o perı́odo de dois pêndulos diferentes (perı́odos τ1 e τ2 e comprimentos
`1 e `2 ), mas com o mesmo ângulo inicial θ0 , então essa constante se torna irrelevante
pois q
`1
τ1 K(θ 0 ) g τ `
= q =⇒ 1 = 1
τ2 K(θ0 ) `g2 τ2 `2

Para aqueles que já estudaram MHS, sabem que a constante adimensional K(θ0 ) =
2π 8 . Note que a análise dimensional é uma ferramenta poderosa que apesar de suas
limitações nos permite verificar como uma certa grandeza irá depender de outras,
consequentemente, prever muitas equações fı́sicas importantes.

8
O valor de K(θ0 ) surge naturalmente da resolução da equação diferencial do pêndulo simples,
mas não vamos nos preocupar com isso aqui.

6
3.3 Velocidade de um satélite em órbita rasante
Vamos agora determinar a velocidade de um satélite em órbita rasante. Imagine
um satélite executando uma órbita circular a uma altura h da superfı́cie da Terra,
dizemos que o satélite está a executar uma órbita rasante quando h << R de tal
forma que a distância do satélite até o centro da Terra é aproximadamente o raio
do planeta.
A princı́pio, podemos supor que a velocidade v de um satélite executando tal órbita
irá depender, a priori, da massa m do satélite, do raio do planeta R, da aceleração da
gravidade g e de alguma quantidade adimensional K (que analogamente ao exemplo
do perı́odo do pêndulo também será uma constante). Dessa forma, pelo teorema de
Bridgman, podemos escrever
v = K · mα Rβ g γ (12)
Agora vamos avaliar a dimensão de cada termo presente na equação (12)

[v] = [K][m]α [R]β [g]γ =⇒ LT −1 = 1 · M α Lβ (LT −2 )γ

Desenvolvendo a última equação obtemos

LT −1 = Lβ+γ M α T −2γ (13)

Pelo princı́pio da homogeneidade dimensional, temos que as dimensões nos lados


esquerdo e direito da equação (13) devem ser iguais. Igualando os expoentes de
cada dimensão em ambos os lados da equação obtemos o sistema abaixo

β + γ = 1

α=0 (14)

−2γ = −1

Resolvendo a terceira equação do sistema obtemos γ = 1/2, subsituindo o valor de γ


na primeira equação obtemos β = 1/2 e, pela segunda equação, α = 0. Substituindo
os valores de α, β e γ na equação (12) vem

v = K · m0 R1/2 g 1/2 (15)

Desenvolvendo a equação (15) concluı́mos então que a velocidade de um satélite em


órbita rasante será p
v = K gR
Note que a velocidade orbital do satélite, neste tipo de órbita, só dependerá do raio
e da aceleração da gravidade na superfı́cie do planeta. Do estudo de movimentos
circulares sabemos que o valor da constante adimensional K = 19

9
Como o satélite se encontra próximo da superfı́cie, a força que o estará puxando em direção ao
planeta será a força peso P , mas como a órbita é circular temos que essa força será igual a força
2 √
centrı́peta Fcp . Igualando as forças você obtem mg = mv R o que implica v = gR, ou seja, K = 1

7
4 Seção de Problemas

4.1 Determinando algumas constantes fundamentais


1. Sabe-se da teoria do eletromagnetismo que a força de atração ou repulsão
eletrostática (também chamada de força coulombiana) entre duas cargas de
módulo Q e q separadas por uma distância d é dada por


− |Q||q|
F = k0 · êr
d2
1
onde k0 = 4πε 0
é a constante eletrostática medida no vácuo, ε0 é a constante
dielétrica também medida no vácuo (que é adimensional) e êr é o versor atre-
lado à reta suporte que liga as duas cargas. Sabendo que as cargas são medidas
em Coulomb (C), determine a dimensão da constante eletrostática k0 .

Dica: Lembre-se que Coulomb é definido como a quantidade de carga elétrica


transportada em 1 segundo por uma corrente de 1 ampere, ou seja, C = A · s.

2. Sabe-se dos estudos de Fı́sica Moderna que a energia emitida por um fóton é
diretamente relacionada à frequência f e ao comprimento de onda λ do fóton.
Podemos exprimir a energia E de um fóton da seguinte forma
hc
E= = hf
λ
onde h é chamada de constante de Planck e c é a velocidade da luz. Dado o
exposto, determine as dimensões da constante h.

Dica: Lembre-se que frequência é definida como sendo o inverso do perı́odo.

3. No estudo da teoria cinética dos gases, uma das equações mais importantes
presentes nesse campo de estudo é a equação geral dos gases, que diz que todo
gas ideal deve obedecer a equação

P V = nRT

onde P é a pressão na qual o gás está sendo submetido, V o volume ocupado


pelo gás, n é o número de moléculas do gás, T é a temperatura do gás e R é
a constante universal dos gases. Determine as dimensões da constante R.

8
4. Uma constante fı́sica que aparece em muitos resultados presentes em Ter-
modinâmica e em Fı́sica Moderna é a constante de Stefan-Boltzmann que é
definida como sendo
2π 2 kB
4
σ=
15h3 c2
onde h é a constante de Planck, c é a velocidade da luz no vácuo e kB é a
constante de Boltzmann que pode ser obtida por meio da razão R/NA , onde
R é a constante universal dos gases e NA o número de Avogadro. Diante do
exposto, determine as dimensões da constante de Stefan-Boltzmann.

Dica: Use os resultados que você obteve nas questões 2. e 3.

4.2 Deduzindo algumas fórmulas...


5. Um oscilador massa-mola é um oscilador harmônico no qual se tem uma mola
de constante elástica k presa em uma das extremidades a um bloco de massa
m e a outra presa a uma parede. Sendo g a aceleração da gravidade local,
deduza, utilizando análise dimensional, a fórmula do perı́odo de oscilação T
do oscilador massa-mola.

6. No estudo da ondulatória é comum determinar uma equação que exprima a


velocidade de propagação de uma onda mecânica em um determinado meio
em função das caracterı́sticas do meio e das grandezas da fonte que geram a
onda.

a) Determine a velocidade v de propagação de uma onda numa corda de


violão sabendo que a mesma depende da densidade linear µ da corda
(densidade linear de massa) e da força T na qual a corda é tracionada.
O que podemos afirmar com relação a velocidade da onda neste caso?

b) Determine a velocidade V de propagação de uma onda em um fluı́do


homogêneo de densidade ρ sabendo que a mesma depende do ”módulo
de Bulk”K (módulo volumétrico) que possui unidades de pressão. O que
podemos afirmar com relação a velocidade da onda neste caso?

c) Notou alguma semelhança entre as duas equações obtidas nos itens ante-
riores? Era esperada? Discuta sobre os resultados.

9
7. Na década de ’50, o fı́sico inglês G. I. Taylor estudou fotos de explosões como
as da figura abaixo.

Figura 2: Frentes de choque em explosões de bombas atômicas.

Nas imagens acima é possı́vel ler o tamanho das explosões (uma quantidade
chamada de R com unidades de comprimento) em função do tempo t. Um
fato importante é que em explosões como essa a pressão do ar em torno da
explosão pode ser desprezada, enquanto somente a densidade volumétrica ρ do
ar é importante na análise. Diante dos dados fornecidos até então, determine
a energia E liberada na explosão.

8. Na questão 6. foi discutido acerca da velocidade de propagação de uma onda


em uma corda de violão. Agora, vamos discutir acerca da energia E armaze-
nada em uma corda vibrante. Ela provavelmente dependerá da força de tração
T na corda e da densidade linear de massa µ. Mas também não é muito difı́cil
notar que ela também dependerá do comprimento ` da corda e da amplitude de
oscilação A (afinal, quanto mais ampla for a oscilação, maior será a energia).

a) Quantas combinações adimensionais são possı́veis? Quais são elas?


b) Determine a energia armazenada em uma corda vibrante.

Dica: Analise bem as quantidades adimensionais obtidas no item a) e veja


qual delas faz sentido em ser usada no item b).

10
9. Quanta energia gastamos para mexer o açúcar no nosso café? É claro que esse
problema é extremamente complicado e depende de muitos parâmetros. A
análise dimensional, contudo, permite simplificar as coisas um pouco. Podemos
imaginar que a potência P gasta para mexer o café dependerá da densidade
volumétrica ρ do café e de sua viscosidade µ (que possui unidade de massa
por comprimento e tempo, ou seja, kg · m−1 · s−1 ) e o tamanho do mexedor
(que podemos imaginar como sendo cilı́ndrico, com diâmetro d) e, enfim, a
velocidade v do movimento do mexedor.

a) Quantas combinações adimensionais são possı́veis? Quais são elas?

b) As quantidades adimensionais obtidas no item anterior possuem nomes


especı́ficos, uma delas se chama número de Reynolds (Re) que depende
somente das caracterı́sticas do fluı́do e a outra é chamada de número de
potência (NP ). Você conseque dizer qual delas é das que você obteve?

c) Com base nos dados fornecidos até entãom determine a potência gasta
por um mexedor de café. Deixe sua resposta em função de Re ou de NP .

Dica: Faça uma análise análoga a que você fez na questão 8. e veja qual das
quantidades adimensionais faz sentido em ser colocada na equação para P .

4.3 Análise Dimensional no ITA


10. (ITA - 2002) Em um experimento verificou-se a proporcionalidade existente
entre energia e a freqüência de emissão de uma radiação caracterı́stica. Neste
caso, a constantede proporcionalidade, em termos dimensionais, é equivalente

a) Força.
b) Quantidade de Movimento.
c) Momento Angular.
d) Pressão.
e) Potência.

11. (ITA - 2004) Durante a apresentação do projeto de um sistema acústico, um


jovem aluno do ITA esqueceu-se da expressão da intensidade de uma onda
sonora. Porém, usando da sua intuição, concluiu ele que a intensidade média
(I) é uma função da amplitude do movimento do ar (A), da freqüência (f ),
da densidade do ar (ρ) e da velocidade do som (c), chegando à expressão
I = Ax f y ρz c. Considere as grandezas fundamentais: massa, comprimento
e tempo, assinale a opção correta que representa os respectivos valores do
expoentes x, y e z.

a) -1, 2, 2.
b) 2, -1, 2.
c) 2, 2, -1.
d) 2, 2, 1.
e) 2, 2, 2.

11
12. (ITA - 2005) Quando camadas adjacentes de um fluido viscoso deslizam re-
gularmente umas sobre as outras, o escoamento é dito laminar. Sob certas
condições, o aumento de velocidade provoca o regime de escoamento turbu-
lento, que é caracterizado por movimento aleatórios das partı́culas do fluido.
Observa-se, experimentalmente, que o regime de escoamento (laminar ou tur-
bulento) depende de um parâmetro adimensional (número de Reynolds) dado
por r = ρα v β dγ η τ em que ρ é a densidade do fluido, v, sua velocidade, η, seu co-
eficiente de viscosidade e d, uma distância caracterı́stica associada à geometria
do meio que circunda o fluido. Por outro lado, num outro tipo de experimento,
sabe-se que uma esfera de diâmetro D, que se movimenta num meio fluido,
sofre a ação de uma força de arrasto viscoso dada por F = 3πDηv. Assim
sendo, com relação aos respectivos valores de α, β, γ e τ , uma das soluções é

a) α = 1, β = 1, γ = 1, τ = −1.
b) α = 1, β = −1, γ = 1, τ = 1.
c) α = 1, β = 1, γ = −1, τ = 1.
d) α = −1, β = 1, γ = 1, τ = 1.
e) α = 1, β = 1, γ = 0, τ = 1.

13. (ITA - 2008) Define-se intensidade I de uma onda como a razão entre a
potência que essa onda transporta por unidade de área perpendicular à direção
dessa propagação. Considere para uma certa onda de amplitude A, freqüência
f e velocidade v, que se propaga num meio de densidade ρ, foi determinada
que a intensidade é dada por: I = 2π 2 f x ρvay . Indique quais são os valores
para x e y, respectivamente.

a) x = 2 ; y = 2
b) x = 1 ; y = 2
c) x = 1 ; y = 1
d) x = −2 ; y = 2
e) x = −2 ; y = −2

14. (ITA - 2009) Sabe-se que o momento angular de uma massa pontual é dado
pelo produto vetorial do vetor posição pelo seu momento linear. Então, em
termos das dimensões de comprimento (L), de massa (M), e de tempo (T), um
momento angular qualquer tem sua dimensão dada por:

a) L0 M 1 T −1 .
b) L1 M 0 T −1 .
c) L1 M 1 T −1 .
d) L2 M 1 T −1 .
e) L2 M 1 T −2 .

12
15. (ITA - 2010) Pela teoria Newtoniana da gravitação, o potencial gravitacional
devido ao Sol, assumindo simetria esférica, é dado por −V = GM/r, em que r
é a distância média do centro do corpo ao Sol. Segundo a teoria da relatividade
essa equação deve ser corrigida para −V = GM/r + A/r2 , em que A depende
de G, de M e da velocidade da luz, c. Com base na análise dimensional e
considerando K uma constante adimensional, assinale a opção que apresenta
a expressão da constante A, seguida da ordem de grandeza da razão entre o
termo de correção, A/r2 , obtido por Einstein, e o termo GM/r da equação de
Newton, na posição da Terra, sabendo que a priori k = 1.

a) A = kGM
c
e 10−5 .
kG2 M 2
b) A = c
e 10−8 .
kG2 M 2
c) A = c
e 10−3 .
kG2 M 2
d) A = c
e 10−5 .
kG2 M 2
e) A = c
e 10−8 .

16. (ITA - 2011) Um exercı́cio sobre a dinâmica da partı́cula tem seu inicio as-
sim enunciado: ”Uma partı́cula está se movendo com uma aceleração cujo
3
módulo é dado por µ(r + ar2 ), sendo r a distância entre a origem e a partı́cula.
Considere que a partı́cula foi lançada a partir de uma distância a com uma

velocidade inicial de 2 µa”.
Existe algum erro conceitual nesse enunciado? Por que razão?

a) Não, porque a expressão para a velocidade é consistente com a da ace-


leração;

b) Sim, porque a expressão correta para a velocidade seria 2a2 µ;
p
c) Sim, porque a expressão correta para a velocidade seria 2a2 µ/r;
p
d) Sim, porque a expressão correta para a velocidade seria 2 a2 µ/r;

e) Sim, porque a expressão correta para a velocidade seria 2a µ;

17. (ITA - 2012) Ondas acústicas são ondas de compressão, ou seja, propagam-
se em meios compressı́veis. Quando uma barra metálica é golpeada em sua
extremidade,
p uma onda longitudinal propaga-se por ela com velocidade v =
Ea/ρ. A grandeza E é conhecida como módulo de Young, enquanto ρ é
a massa especı́fica e a uma constante adimensional. Qual das alternativas é
condizente à dimensão de E?

a) J/m2 .
b) N/m2 .
c) J/s · m.
d) kg · m/s2 .
e) dyn/cm3 .

13
18. (ITA - 2016) Considere um corpo esférico de raio r totalmente envolvido por
um fluı́do de viscosidade η com velocidade média v. De acordo com a lei de
Stokes, para baixas velocidades, esse corpo sofrerá a ação de uma força de
arrasto viscoso dada por F = −6πrηv. A dimensão de η é dada por

a) m · s−1
b) m · s−2
c) kg · m · s−2
d) kg · m · s−3
e) kg · m−1 · s−1

19. (ITA - 2017) Ondas gravitacionais foram previstas por Einstein em 1916 e di-
retamente detectadas pela primeira vez em 2015. Sob determinadas condições,
um sistema girando com velocidade angular w irradia tais ondas com potência
proporcional a Gcβ Qγ wδ , em que G é a constante de gravitação universal; c,
a velocidade da luz e Q, uma grandeza que tem unidade em kg · m2 . Assinale
a opção correta.

a) β = −5, γ = 2 e δ = 6
b) β = −3/5, γ = 4/3 e δ = 4
c) β = −10/3, γ = 5/3 e δ = 5
d) β = 0, γ = 1 e δ = 3
e) β = −10, γ = 3 e δ = 9

20. (ITA - 2018) Considere uma estrela de neutrons com densidade média de 5·1014
g/cm3 sendo que sua frequência de vibração radial ν é função do seu raio R,
de sua massa m e da constante da gravitação universal G. Sabe-se que ν
é dada por uma expressão monomial, em que a constante adimensional de
proporcionalidade vale aproximadamente 1. Então o valor de ν é da ordem de

a) 10−2 Hz
b) 10−1 Hz
c) 100 Hz
d) 102 Hz
e) 104 Hz

14
5 Respostas
5.1 Determimando algumas constantes fundamentais
1. [k0 ] = M L3 T −4 I −2
2. [h] = M L2 T −1
3. [R] = M L2 T −2 N −1 θ−1
4. [σ] = M T −3 θ−4

5.2 Deduzindo alguma fórmulas...


p
5. T = K(ϕ0 ) m/k.
p
6. a) v = C T /µ
p
b) V = C K/ρ
c) No geral, a velocidade de propagação de uma onda mecânica irá depender
de alguma quantidade responsável por gerar o pulso (uma corda tracio-
nada ou o módulo de Bulk) e da densidade atrelada ao meio (densidade
linear no caso do violão e densidade volumétrica no caso do fluı́do).
7. E = CρR5 /t2
8. a) r = 2 combinações adimensionais. Π1 = E/AT e Π2 = `/A.
b) E = AT · Π2 = AT · f (`/A)
9. a) r = 2 combinações adimensionais. Π1 = ρvd/µ e Π2 = P/ρv 3 d5 .
b) Π1 ≡ Re e Π2 ≡ NP .
c) P = ρvd5 · f (Re)

5.3 Análise Dimensional no ITA


10. C
11. D
12. A
13. A
14. D
15. E
16. E
17. B
18. E
19. A
20. E

15

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