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FÍSICA E

QUÍMICA
ÍNDICE
MEDIÇÃO NA CIÊNCIA .........................................................................................................................05

QUÍMICA - 10ºANO................................................................................................................................07
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO ............................................................................ 08
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA ................................................................... 14

FÍSICA – 10º ANO....................................................................................................................................21


ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO ...................................................................................................... 22

FÍSICA – 11º ANO....................................................................................................................................30


MECÂNICA............................................................................................................................................ 31
ONDAS E ELETROMAGNETISMO...................................................................................................... 37

QUÍMICA – 11º ANO ..............................................................................................................................43


EQUILÍBRIO QUÍMICO ......................................................................................................................... 44
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS................................................................................................. 48
MEDIÇÃO NA CIÊNCIA

1. Exatidão e Precisão
1.1. Exatidão 1.2. Precisão
Aproximação dos valores Concordância entre os valores
medidos ao valor verdadeiro. medidos.
2. Erros Experimentares
2.1. Erros sistemáticos 2.2. Erros acidentais
Perturbações que alteram Fatores ocasionais, variáveis e
sempre no mesmo sentido, como incontroláveis, como vibrações
a má calibração. ocasionais.
Afetam a exatidão. Afetam a precisão.
Os erros acidentais podem ser minimizados pela repetição da mesma
medição e calculando a média que será o valor mais provável.
Devemos também calcular os desvios das medições: d = x – x
Exemplo: d1 = 12,3 – 12,5 = - 0,2g
d2 = 12,6 – 12,5 = 0,1g
d3 = 12,5 – 12,5 = 0g
A incerteza absoluta corresponde ao maior desvio à média em valor
absoluto: δa = l d(máx) l
Exemplo: δmassa = I - 0,2 I = 0,2g

Assim, o resultado deve ser apresentado na seguinte forma:


medida = (valor médio ± incerteza absoluta) unidade
Exemplo: massa = (12,5 ± 0,2) g

3. Características dos aparelhos de medida


Alcance Sensibilidade Precisão
Valor máximo que Valor da menor Fração da menor
permite medir. divisão da escala. divisão da escala.
Ex: régua - 15cm. Ex: régua - 1mm. Ex: régua – 1/2 mm.
4. Algarismos Significativos
Os algarismos significativos correspondem a todos os algarismos certos
mais o primeiro algarismo incerto de uma medida.
Exemplo: Alg. certos
2,73 cm – 3 algarismos significativos
Alg. incerto

MEDIÇÃO NA CIÊNCIA 5
MEDIÇÃO NA CIÊNCIA

Estes são contados da esquerda para a direita, sendo que os zeros à


esquerda não contam e, no caso da notação científica, a potência de 10 não é
incluída na contagem (ex.: 6,4×104 – 2 algarismos significativos).
4.1. Soma e diferença
Numa soma ou diferença, o resultado é arredondado ao mesmo
número de casas decimais que o dado inicial com menos casas.
Exemplo: 10,34 + 2,318 = (12,658) = 12,66
4.2. Multiplicação e divisão
Numa multiplicação ou divisão, o número de algarismos significativos
do resultado é igual ao do dado inicial com menos, recorrendo à notação
científica, se necessário.
Exemplo: 0,04 × 20000 = (800) = 8 × 102
4.3. Números exatos
Números obtidos de definições ou de contagem de objetos são
denominados números exatos e têm algarismos significativos infinitos, ou
seja, não contam.
Exemplo: Cálculo da média de 3 componentes: 6,64 ; 6,68 ; 6,70.
x = 6,64 + 6,68 + 6,70 = (6,67333) = 6,67
3 (nº exato)

MEDIÇÃO NA CIÊNCIA 6
QUÍMICA
10º ANO
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

1. Ordens de Grandeza
A Ordem de Grandeza (OG) consiste na
aproximação do valor real à potência de base 10
mais próxima.

2. Escalas de Comprimento
A interpretação de dados pode ser facilitada pelo uso de múltiplos e
submúltiplos, como os seguintes:
1pm (picómetro) = 1×10-12m 1m (metro) = 1m
1Å (Angström) = 1×10-10m 1Km (Quilómetro) = 1×103m
1nm (nanómetro) = 1×10-9m 1Mm (Megametro) = 1×106m
1𝛍m (micrómetro) = 1×10-6m 1Gm (Gigametro) = 1×109m
1mm (milímetro) = 1×10-3m 1Tm (Terametro) = 1×1012m

2.1. Nanotecnologia
A nanotecnologia baseia-se na manipulação de matéria à escala atómica
e molecular (entre 1 e 100nm), tendo diversas aplicações e vantagens em
áreas como a medicina, indústria, etc.
3. Constituição da matéria
Há cerca de 2500 anos, Demócrito afirmou que a matéria é constituída por
partículas indivisíveis – os átomos.
Em 1827, Robert Brown observou o movimento errático de partículas de
grãos de pólen em suspensão aquosa e verificou que partículas visíveis colidem
com outras invisíveis, designando esse fenómeno de movimento browniano.
Esta explicação foi apresentada por Albert Einstein em 1905, suportando
a compreensão da teoria atómica e molecular da matéria, tendo sido validada
mais tarde, em 1909, por Jean Perrin.

John Dalton idealizou o átomo com massa constante e indivisível


pelo modelo “bola de bilhar”.
Já Joseph Thomson descobriu, em 1897, o eletrão, apresentando o
modelo “pudim de passas”.
Ernest Rutherford concluiu que o átomo é constituído por um
núcleo, muito pequeno e denso, rodeado por um grande espaço vazio
onde se movimentam os eletrões.

Hoje, sabemos também que o protão tem uma


carga muito maior que a do eletrão.

QUÍMICA 8
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

4. Elementos Químicos
Um elemento químico (X) corresponde a um conjunto de átomos A
com o mesmo número atómico (Z), isto é, o número de protões. Já o Z X
número de nucleões é designado pelo número de massa (A) .
Átomos com o mesmo número atómico, mas número de massa diferente
são denominados isótopos.
4.1. Massa atómica relativa (Ar)
Segundo o SI, 1 unidade da massa de um átomo corresponde a um 1/12
da massa do carbono-12.
Ar (X) = Ar (isótopo 1) × % (isótopo 1) + Ar (isótopo 2) × % (isótopo 2) + …
100
4.2. Massa molecular relativa (Mr)
A massa relativa de uma molécula obtém-se pela soma das massas
relativas dos átomos constituintes, tendo em conta a sua quantidade.
Ex.: Mr (H2O) = 2 × Ar (H) + Ar (O) = 2 × 1,01 + 16,00 = 18,02
4.3. Massa molar (M)
Expressa em grama por mole (g/mol), a massa molar (M) designa a massa
de uma mole de substância, equivalendo à massa molecular relativa.
Ex.: Mr (H2O) = 18,02 M (H2O) = 18,02 g/mol
5. Quantidade de Matéria
Quando submetidos à mesma pressão e temperatura, igual volume de
gases, mesmo diferentes, têm o mesmo número de partículas.
A mole (mol) é a quantidade de matéria com número de partículas igual à
constante de Avogadro (NA), isto é, 6,022 × 1023 partículas.
A quantidade de matéria (n) Já o número de partículas (N) é a
obtém-se através da massa dividida quantidade de matéria multiplicada
pela massa molar, em pela constante de
n= m N = n × NA
moles. M Avogadro.
5.1. Fração Molar (𝒙)
A fração molar/ fração em mole para AαBβCγ calcula-se por:
𝑛𝐴 𝛼
𝒙𝑨 = ou 𝒙𝑨 =
𝑛𝐴 + 𝑛𝐵 + 𝑛𝐶 𝛼+𝛽+𝛾
5.2. Fração Mássica (ω)
A fração mássica/ fração em massa para AαBβCγ calcula-se por:
𝑚𝐴 𝛼 𝐴𝑟𝐴
𝝎𝑨 = ou 𝝎𝑨 =
𝑚𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑀𝑟(𝐴𝛼𝐵𝛽𝐶𝛾)

QUÍMICA 9
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

6. Espetros
6.1. Espetro eletromagnético
O espetro eletromagnético é o conjunto das radiações
eletromagnéticas ordenadas por frequência, sendo que quanto menor o
comprimento de onda, maior a frequência e a respetiva energia.
Quando se faz passar luz branca por um prisma ótico, observa-se a
dispersão da luz - separação das diferentes cores do espetro da luz visível.
Plücker descobriu que aplicando uma descarga elétrica sobre um gás a
baixa pressão se verificava a emissão de luz, sendo que a cor da luz emitida
depende do gás em questão.
6.2. Espetros de emissão
Os espetros de emissão são obtidos a partir da decomposição da
radiação emitida por uma substância previamente excitada, podendo ser:
Descontínuos/ de riscas Contínuos
Originam uma série de riscas São caracterizados por um
coloridas sobre um fundo conjunto ininterrupto de
negro. cores na zona do visível.
6.3. Espetros de absorção
Já os espetros de absorção resultam da interposição de uma
determinada substância entre uma fonte de luz e um prisma.
Descontínuos Contínuos
Obtêm-se ao intercalar um Obtêm-se ao intercalar uma
gás, entre a fonte de radiação e substância entre o foco de
o prisma. radiação e o prisma.
O espetro de absorção descontínuo de um elemento é simétrico ao seu
espetro de emissão descontínuo, sendo que as suas riscas correspondem a
frequências especificas para cada elemento.
6.3.1 Quantificação de energia
A radiação pode-se comportar como uma partícula de
energia, o fotão. , energia (E) essa que depende da frequência
E=hƒ
do fotão (ƒ), recorrendo à constante de Planck (h) – 6,63 × 10-34 .
6.4. Aplicações da Espetroscopia
A espetroscopia é a técnica que permite o estudo de espetros, tendo
várias aplicações como:
Análise de tintas; Área forense;
Controlo alimentar; Análise de compostos.

QUÍMICA 10
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

7. Modelo Atómico de Bohr


n=3
Um eletrão só pode ter determinados valores de energia que n = 2
correspondem aos níveis de energia (n) - onde orbitam em torno n = 1
do núcleo.
Quando um eletrão adquire energia suficiente para transitar para um nível
superior, encontra-se no estado excitado. Contudo, este tende a regressar ao
nível anterior e, logo, ao estado fundamental, libertando energia através da
emissão de radiação.
A quantidade de energia transmitida é igual à ΔE = En final – En inicial
diferença de energia entre os dois níveis.
8. Espetro atómico do hidrogénio
A energia de qualquer nível do átomo hidrogénio é dada por:

En = - 2,18 × 10 (J) Se o fotão incidente não for energético o


-18

n2 suficiente, não haverá transição.


O átomo fica ionizado, isto é, perde um eletrão quando a energia incidente
for igual à do estado fundamental (2,18 × 10-18 J). Caso o fotão exceda essa
energia, o eletrão é expelido com energia cinética.
As riscas do espetro de emissão do hidrogénio originadas aquando a
passagem entre níveis de energia correspondem a séries designadas pelo
nome dos cientistas que as descobriram:
Série de Lyman Série de Balmer Série de Paschen
Transições de níveis Transições de níveis Transições para o
superiores para o nível superiores para o nível nível 3, com a missão
1, emitindo luz UV. 2, emitindo luz vísivel. de luz infravermelha.

9. Modelo Quântico do Átomo


Broglie defendeu que se uma radiação tem propriedades de
partícula, então os eletrões têm propriedades de onda.
Através do Princípio da Incerteza de Heisenberg sabemos que é
impossível determinar a posição e energia exatas do eletrão, até porque este
não se movimenta numa órbita regular, mas sim de acordo com uma dada
orbital, isto é, a região em torno do núcleo provável de encontrar um eletrão
com dada energia.
No modelo quântico o valor do nível de energia está associado ao
tamanho da orbital e à energia dos eletrões, resultante da atração pelo núcleo
e da repulsão entre os eletrões.

QUÍMICA 11
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

10. Configuração eletrónica


A espetroscopia fotoeletrónica consiste na determinação da energia
necessária para remover um eletrão de um átomo ou para excitar eletrões para
níveis superiores.
Sempre que um eletrão é removido, os restantes são mais atraídos pelo
núcleo, possuindo uma energia de ionização maior.
Os eletrões distribuem-se ao longo de níveis e subníveis de energia.
Segundo Sommerfeld, diferentes subníveis admitem diferentes formas de
orbitais, afirmando ainda que o eletrão possui várias orientações possíveis
correspondentes a diferentes orbitais.
Orbitais do mesmo
subnível possuem a mesma
energia e, por isso,
designam–se por orbitais
degeneradas.
De acordo com o Princípio de Exclusão de Pauli, em cada orbital só
podem existir, no máximo, 2 eletrões com spins opostos.
Segundo o Princípio da Construção, num átomo os vários eletrões vão
ocupando os diferentes subníveis e orbitais por ordem crescente de energia.
2p Pela Regra de Hund, primeiro preenche-se cada orbital com os
2s eletrões do mesmo spin, e só depois se preenchem as orbitais com os
1s eletrões de spin oposto.

A distribuição eletrónica de um elemento assume a seguinte estrutura:


n - nível de energia;
nz y z - subnível de energia;
y - número de eletrões.

11. Tabela Periódica


A tabela periódica consiste na organização dos 118 elementos químicos,
de acordo com as suas propriedades, tendo recebido diversos contributos de
vários cientistas como:
Döbereiner: organização dos elementos por tríades;
Newlands: organização dos elementos por oitavas;
Mendeleev: organização em 8 colunas e 12 linhas;
Moseley: ordenação em função do número atómico.
Os elementos dividem-se em metais, semimetais e não metais, estando
distribuídos por ordem crescente de número atómico ao longo de 18 grupos
(colunas) e 7 períodos (linhas).

QUÍMICA 12
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

Os elementos do mesmo grupo/ família apresentram o mesmo número de


eletrões de valência e possuem propriedades físicas e químicas semelhantes,
podendo ter designações como:
Metais alcalinos (g1) Halogéneos (g17)
Metais alcalinoterrosos (g2) Gases nobres (g18)
Já o número de níveis de energia indica o período a que pertence.
Estes podem ainda ser agrupados por blocos (s, p, d, f), de acordo com o
seu subnível de valência.
Os elementos do bloco d designam-se de elementos de transição, do
bloco f elementos de transição interna e os dos restantes blocos designam-se
por elementos representativos.
11.1. Raio atómico ( )
O raio atómico corresponde à distância média entre o núcleo e os
eletrões da subcamada mais afastada, sendo que:
Diminui ao longo do período; Aumenta ao longo do grupo.

Isto porque o aumento da carga Quanto maior o período, maior o


nuclear (ao longo do período) leva nível de valência, logo mais
ao aumento da atração pelos afastados estão os eletrões de
eletrões, aproximando-os. valência e maior o raio atómico.

O raio atómico é sempre maior que o raio do catião e menor que o raio
do anião a que pode dar origem.
11.2. Energia de ionização ( )
Já a energia de ionização corresponde à energia mínima necessária
para remover um eletrão do átomo no estado fundamental, sendo que:
Aumenta ao longo do período; Diminui ao longo do grupo.

Ao longo do período a carga Quanto maior o período, mais


nuclear vai aumentando levando à afastados se encontram os eletrões
maior atração dos eletrões, logos e menos atraídos são, logo são mais
são mais difíceis são de remover. fáceis de remover.

QUÍMICA 13
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

1. Ligações Químicas
Uma ligação química entre átomos resulta das suas atrações e repulsões,
conferindo-lhes maior estabilidade e menos energia do que quando separados.
Nestas ligações existe uma distância internuclear mais estável com o
equilíbrio entre as forças de atração e repulsão – o comprimento de ligação.
Já a energia libertada para formar a ligação designa-se por energia de ligação.
Quanto maior a energia de ligação, menor é o comprimento de ligação e,
logo, mais forte é a ligação e mais estável é a molécula.
Ligação covalente Ligação iónica Ligação metálica
Partilha mútua de Transferência de Perda de eletrões de
eletrões de valência eletrões de um átomo valência de elementos
entre elementos não de um elemento metálicos que se
metálicos de modo a metálico para um não deslocam livremente
adquirir a configuração metálico, formando entre os iões formados,
eletrónica de um gás iões de carga contrária originando uma nuvem
nobre. que se atraem. eletrónica comum.
1.1. Ligação covalente
Tendo em conta os eletrões de valência, uma ligação covalente pode ser
simples, dupla ou tripla, podendo ser representada de duas formas:
Notação de Lewis Fórmula de estrutura
1H) H H 6O) O O 5N) N N 1H) H H O) O O
6 N) N N
5

1.1.1. Regra de Octeto


Quando ocorre uma ligação química, os átomos desejam adquirir a
configuração eletrónica do gás nobre mais próximo na Tabela Periódica.
1.1.2. Moléculas diatómicas
Homonucleares Heteronucleares
Os dois átomos possuem Os dois átomos possuem
núcleos iguais. Correspondem a núcleos diferentes. Tratam-se de
ligações apolares, onde os ligações polares, pelo que a
eletrões são igualmente atraídos atração dos eletrões pelos dois
pelos dois núcleos. núcleos não é simétrica.
Nas moléculas polares dá-se uma distribuição assimétrica da nuvem
eletrónica entre átomos formando polos com diferentes forças de atração.
Quando não há eletrões não ligantes no átomo central de uma
molécula heteronuclear, esta é apolar, embora com ligações polares.

Química 14
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

1.1.3. Geometria das moléculas poliatómicas


A geometria molecular é definida pelos ângulos formados entre as
ligações dos átomos para que a molécula atinja o estado de energia mínima
ao estabelecer um equilíbrio das repulsões entre pares de eletrões.
Geometria tetraédrica Geometria piramidal trigonal
Não há eletrões não- Os eletrões não-ligantes geram
ligantes, prevalecendo as uma assimetria na
repulsões do tipo par distribuição dos
ligante-par ligante. átomos.
Ex.: Metano (CH4) Ex.: Amoníaco (NH3)
Geometria angular Geometria linear
Existem dois pares de eletrões Existem quatro pares de eletrões
ligantes e dois pares ligantes, estabelecendo duas
não-ligantes no ligações covalentes
átomo central. duplas.
Ex.: Água (H2O) Ex.: Dióxido de Carbono (CO2)
Dadas as suas geometrias, as moléculas de NH3 e H2O são polares,
enquanto que as moléculas de CH4 e CO2 são apolares.
2. Hidrocarbonetos
São compostos orgânicos formados apenas por átomos de carbono e
hidrogénio ligados por ligações covalentes, dividindo-se em:
Saturados Insaturados
Os átomos de carbono ligam-se Estes encontram-se ligados por
apenas por ligações covalentes ligações covalente duplas – alcenos,
simples, designando-se por alcanos. ou triplas – alcinos.
2.1. Alcanos
A nomenclatura dos alcanos resulta da
junção do prefixo relativo ao número de
carbonos e o sufixo -ano.
2.1.1. Radical alquilo
Um alquilo é um grupo resultante da exclusão de um átomo de
hidrogénio a um átomo de carbono de um alcano, podendo
unir-se a outros compostos. H C H
Estes designam-se substituindo o sufixo -ano por -ilo. H
Metilo

Química 15
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

2.1.2. Alcanos de cadeia ramificada


A cadeia principal de um grupo de alcanos é aquela com mais átomos
de carbono. Se existirem várias, escolhe-se a mais ramificada.
Esta é numerada de modo a que os radicais estejam ligados aos
átomos de carbono correspondentes ao número mais baixo.
O nome da cadeia principal é antecedido pelo nome dos radicais
que lhe estão associados e pelo número correspondente. No caso da
repetição de radicais, a sua nomenclatura possui o prefixo di, tri…
metil
1 2 3 4 5 6
3-etil-2,4,4-trimetil-hexano
2
metil
1 2 3 dimetilpropano
metil metil

etil metil

2.1.3. Haloalcanos / Derivados halogenados


São compostos derivados dos
hidrocarbonetos que sofreram substituição de 2 1

átomos de hidrogénio por átomos de halogéneos,


indicados por ordem alfabética.
1,1,2-tricloro-
Exemplo: Clorofluorocarbonetos (CFC) -1,2,2-trifluoroetano
2.1.4. Outros compostos orgânicos
Um grupo funcional é um conjunto de átomos que confere a uma
molécula determinadas propriedades químicas, sendo que todos os
compostos do mesmo grupo funcional pertencem à mesma família de
compostos orgânicos e possuem propriedades químicas semelhantes.
Álcoois Cetonas
Grupo hidroxilo. Grupo carbonilo.
Ex.: Desinfetantes. Ex.: Solvente de tintas.
Aldeídos Ácidos carboxílicos
Grupo carbonilo. Grupo carboxilo.
Ex.: Corantes. Ex.: Vinagre.
Aminas
Grupo amino.
Ex.: Produtos sintéticos como a borracha.

Química 16
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

3. Ligações intermoleculares
As ligações entre moléculas são responsáveis pelas propriedades
químicas das substâncias e são caracterizadas por serem mais fortes, pelo que
quanto menos significativa a partilha de eletrões, mais fraca e determinante das
propriedades físicas das substâncias é a ligação.
Já quanto maior a força de atração, maior será a ligação entre as partículas,
originando um aumento dos pontos de fusão e ebulição da substância.
3.1. Ligações de van der Waals
3.1.1. Dipolo - Dipolo
São resultantes da atração entre moléculas polares,
sendo que estas se atraem pelos polos opostos.
3.1.2. Dipolo – Dipolo induzido
Têm origem na atração entre uma molécula polar e
uma unidade estrutural apolar, que sofre uma deslocação
da nuvem eletrónica.
3.1.3. Forças de London
Derivam de atrações entre unidades estruturais
apolares, onde ocorre uma deformação instantânea da
nuvem eletrónica de uma molécula que induz a criação de
um dipolo numa molécula vizinha.
3.2. Ligações de Hidrogénio
As ligações de hidrogénio são um caso particular das ligações dipolo-
dipolo, que ocorrem entre um átomo de hidrogénio de uma molécula polar
ligado a um átomo muito eletronegativo de outra molécula polar.
Os elementos mais eletronegativos da tabela periódica e propícios a
ligações de hidrogénio são o flúor, o oxigénio e o nitrogénio.
Estas ligações são as mais intensas, contudo, são
mais fracas do que qualquer ligação intramolecular.
3.3. Miscibilidade dos líquidos
A miscibilidade/ imiscibilidade de líquidos está relacionada com as
ligações intermoleculares estabelecidas entre as unidades estruturais.
Substâncias que estabelecem entre si forças intermoleculares de
intensidade semelhante são miscíveis. Pelo contrário, substâncias com
intensidades diferentes são imiscíveis.
Semelhante dissolve semelhante.

Química 17
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

4. Gases e Dispersões
4.1. Volume molar e Massa Volúmica
O volume molar (Vm) consiste no volume de uma mole de
Vm = V
dado gás para certas condições de pressão e temperatura. n
Segundo a constante de Avogadro, o volume molar é igual para todos
os gases nas condições PTN, sendo equivalente a 22,4 dm3 mol -1.
Já a massa volúmica (𝝆) corresponde à massa 𝝆= m 𝝆= M
ocupada por volume para determinadas condições. V Vm
4.2. Soluções, coloides e suspensões
Solução Coloide Suspensão
Mistura uniforme de Mistura de Mistura de
substâncias invisíveis a substâncias invisíveis a substâncias de aspeto
olho nu e ao olho nu, mas visíveis ao heterogéneo e visíveis
microscópio ótico. microscópio ótico. a olho nu.
Partículas < 1nm. Partículas 1-1000nm. Partículas > 1000nm.
4.3. Atmosfera Terrestre
A atmosfera é considerada a parte gasosa que envolve a Terra, sendo
dividida em 5 camadas definidas pela mudança da variação da temperatura.
Componentes maioritários Componentes minoritários
Nitrogénio (N2) e Oxigénio (O2). Dióxido de Carbono e Árgon (Ar).
A atmosfera pode ser considerada uma solução gasosa, na qual também
se encontram coloides e suspensões, estando sujeita a poluentes primários
e secundários (resultado da reação dos poluentes primários), que podem ter
origem em fontes naturais ou antropogénicas.
4.4. Composição de soluções
Concentração mássica Concentração molar
cm = m soluto [X] = n soluto
Vsolução Vsolução

Percentagem em massa Percentagem em volume


% m/m = m soluto × 100 % V/V = V soluto × 100
m solução V solução

Partes por milhão Fração molar


ppm m/V = m/ V soluto × 106 x soluto A = n soluto A
m/ V solução n total da solução

Química 18
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

4.5. Diluição de soluções


Diluir uma solução significa adicionar mais solvente à mesma ao manter
a mesma quantidade de soluto, formando, assim, uma solução diluída (com
menor concentração de soluto) através da solução concentrada inicial.
n i = n f Logo, a quantidade química de soluto mantém-se constante.
O fator de diluição (fd) indica o quão menor é a
f d = ci f d = Vf
concentração da solução diluída (cf) em relação à cf Vi
concentração da solução concentrada (ci).
5. Transformações Químicas
Sistema aberto Sistema fechado Sistema isolado
Efetua trocas de Ocorrem apenas Não ocorre qualquer
energia e de matéria. trocas de energia. tipo de trocas.
5.1. Energia interna
A energia total (U) de um sistema corresponde a: U= Ec + Ep
Energia Cinética (Ec) + Energia Potencial (Ep)
Movimento das partículas. Interação entre partículas.
5.2. Sistemas Isolados
Segundo a primeira lei da termodinâmica a energia Δ Ec = - Δ Ep
de um sistema isolado é constante.
Reação exotérmica Reação endotérmica
Aumento da energia cinética. Aumento da energia potencial.
Logo há diminuição da energia Logo há diminuição da energia
potencial. cinética.
5.3. Sistemas Fechados
As trocas de energia efetuadas com o meio exterior até atingir um
equilíbrio podem ser sob a forma de calor (Q) ou de trabalho (W).
Tudo o que entra no sistema é positivo e tudo o que sai é negativo.

5.3.1. Calor de reação (Q)


O calor de reação (Q) consiste na quantidade de calor trocado entre
o sistema e o meio exterior necessária para que a temperatura do sistema
depois da reação seja a mesma que a temperatura no início da reação.
5.3.2. Variação de Entalpia (ΔH) ∆H = E reag. - E prod.
Já a variação de entalpia (ΔH) corresponde à quantidade de energia,
sob a forma de calor, trocada entre o sistema e a vizinhança.

Química 19
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

Ligações Exotérmicas Ligações Endotérmicas

ΔH < 0 ΔH > 0
5.4. Energia das ligações
Formação de uma ligação Quebra de uma ligação
Liberta-se energia – energia de Absorve-se energia – energia de
ligação. dissociação.
Reação exoenergética. Reação endoenergética.
A fotodissociação consiste na quebra de ligações químicas provocada
pela radiação incidente, que pode originar radicais livres (X•), ou seja,
espécies muito reativas por possuírem eletrões desemparelhados.
A incidência de radiação pode também provocar a fotoionização de
moléculas e átomos, isto é, a remoção de um eletrão.
Sabemos que a radiação que provoca a fotoionização é mais forte do que
a radiação que provoca a fotodissociação.
5.4.1. Ozono estratosférico
A camada de ozono, localizada na estratosfera, é o único filtro para
alguns tipos de radiações ultraviolentas muito nocivas.
O ozono (O3) pode ser formado pela fotodissociação de oxigénio,
originando radicais (O•) que se aglomeram a moléculas de oxigénio (O2).
Por outro lado, uma molécula de ozono pode sofrer fotodissociação,
levando a uma molécula de O2 e a um radical oxigénio, que ao unir-se a
uma nova molécula de O3, decompõe o ozono em duas moléculas de O2
Um outro destrutor da camada de ozono é o cloro, derivado da
fotodissociação de clorofluorocarbonetos (CFC) que atingem a
estratosfera. Por isso, é desaconselhada a utilização de CFCs, que podem
ser substituídos por hidroclorofluorocarbonetos (HCFC).
Como referido, o ozono tem um papel fundamental na estratosfera.
Contudo, quando encontrado na troposfera devido à ação humana, acaba
por ser prejudicial e atua como poluente atmosférico.

Química 20
FÍSICA
10º ANO
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

1. Energia e movimentos
A energia é uma qualidade de todos os corpos que está presente em tudo
o que fazemos e usamos no dia a dia. Esta reduz-se a dois tipos fundamentais:
Energia cinética (Ec) Energia potencial (Ep)
Associada ao movimento de um Já a energia potencial está
corpo, a energia cinética depende da associada à interação entre corpos,
sua massa e sendo uma energia
Ec = 1 m v2 Ep = m g h
velocidade. 2 armazenada.
A energia potencial pode assumir a forma de energia potencial gravítica,
elétrica ou elástica, dependendo do tipo de forças de interação.
Por fim, a energia mecânica de um corpo consiste na soma da sua energia
cinética com a sua energia potencial.
1.1. Energia interna
Quando um corpo está em repouso ao nível do solo, não possui energia
cinética nem energia potencial. Contudo, não deixa de possuir energia
interna (Eint), isto é, a energia resultante da agitação das suas partículas.
Esta calcula-se somando a energia cinética e a potencial das partículas.
Assim, quanto maior o número de partículas e mais elevada a
temperatura, maior a agitação das mesmas e maior a energia interna.

1.2. Sistema mecânico


Um sistema mecânico corresponde a um sistema físico em que as
variações de energia interna não são tidas em conta.
O movimento de um sistema mecânico, que possua apenas movimento
de translação, pode ser reduzido ao de um ponto - o centro de massa, que
se desloca como se possuísse massa igual à do sistema.

1.3. Trabalho realizado por forças


O trabalho (W) consiste numa medida de W ⃗𝑭 = F d cos 𝜽
⃗ ).
transferência de energia entre sistemas devido à ação de uma força (F
Este depende da amplitude do ângulo θ, pelo que:
0º – 90º 90º 90º - 180º
Trabalho potente (+). Trabalho nulo (0). Trabalho resistente (-).
Aumento da Ec. A Ec não varia. Diminuição da Ec.
Assim, a variação de energia cinética corresponde ao W 𝐅 = Δ Ec
R

valor do trabalho da força resultante aplicada.

Física 22
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

1.3.1. Força eficaz


A força eficaz corresponde à componente da força Fef = F cos 𝜽
na direção do deslocamento que, eficazmente, realiza
trabalho, pelo que o trabalho de uma dada força é igual
W 𝐅 = Fef d
ao da força eficaz (W 𝐅 = W 𝐅 ef).
1.3.2. Gráfico força-deslocamento
O trabalho realizado por uma força pode ser calculado
através de um gráfico força-deslocamento, pelo que
corresponde ao valor da área do mesmo.
1.3.3. Forças conservativas
Um força é considerada conservativa se realizar um trabalho nulo ao
longo de um percurso (o corpo regressa à posição de onde partiu).
O trabalho realizado por uma força conservativa não depende da
trajetória seguida, apenas do ponto de partida e do ponto de chegada.
Sendo o peso uma força conservativa, o seu trabalho
W 𝐏⃗ = - Δ Ep
é o simétrico da variação da energia potencial gravítica.

1.4. Variação e conservação da energia mecânica


O valor da variação da energia mecânica é igual ao
W 𝐅 Ñ cons. = Δ Em
do trabalho das forças não conservativas.
Assim, quando sobre um sistema só atuam forças conservativas ou o
trabalho das forças não conservativas for nulo, a sua energia mecânica
permanece constante.
W𝐅 Ñ cons. =0J Δ Em = 0 J Em i = Em f
1.6. Potência
A potência traduz-se pela energia consumida por unidade P= E
de tempo, medindo a rapidez com que a energia se transforma. Δt
2. Energia e fenómenos elétricos
2.1. Circuitos elétricos
A corrente elétrica consiste no movimento orientado de portadores de
carga elétrica, sendo necessário um circuito condutor fechado.
Um circuito elétrico é o conjunto de componentes ligados por fios, que
inclui geradores, condutores e recetores.
Corrente contínua Corrente alternada
Deslocamento no mesmo sentido. Mudança periódica de sentido.

Física 23
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

Sentido convencional Sentido real


Movimento das cargas positivas. Movimento das cargas negativas.
Polo positivo – polo negativo Polo negativo – polo positivo.
A grandeza corrente elétrica (I), expressa em ampere (A) e q
medida por amperímetros, é a carga elétrica que passa numa I=
Δt
secção reta de um condutor, por unidade de tempo.
A diferença de potencial elétrico ou tensão elétrica (U), expressa em
volt (V) e medida por voltímetros, é a energia elétrica transferida para o
condutor por unidade de carga elétrica que o atravessa.
Já a resistência elétrica (R) de um condutor, expressa em
R= U ohm (Ω) e medida por ohmímetros, é o quociente entre a
I
diferença de potencial elétrico e a corrente elétrica.
Segundo a lei de Ohm, a temperatura constante, existe uma razão
constante entre a diferença de potencial elétrico e a corrente elétrica.
A resistência elétrica de um condutor depende da l
R=𝝆
resistividade do material que o constitui e do seu comprimento A
e área da secção reta.
2.2. Efeito Joule
A corrente elétrica possui três efeitos principais: o efeito Joule (térmico),
o efeito químico e o efeito magnético.
A potência elétrica de um recetor, para além de corresponder à energia
consumida por unidade de tempo, está também relacionada com
P=UI
a diferença de potencial e a corrente elétrica que o percorre.
Manipulando a fórmula da potência sabemos que a
E = U I Δt
energia consumida pode ser calculada da seguinte forma:
Segundo o efeito de Joule, a energia dissipada corresponde à
Edissipada = R I2 Δt libertação de energia como calor com uma
determinada resistência.
A potência dissipada é diretamente proporcional
Pdissipada = R I 2
à resistência e ao quadrado da corrente elétrica.
2.2.1. Vantagens e inconvenientes
O efeito de Joule está presente em vários equipamentos elétricos,
podendo ser vantajoso para torradeiras e ferros de engomar, por exemplo.
Contudo, pode ser inconveniente em equipamentos como lâmpadas de
incandescência que dissipam grande parte da energia e, logo, têm um
baixo rendimento, ao contrário dos LED, lâmpadas fluorescentes, etc.

Física 24
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

2.3. Associação de componentes elétricos


Os componentes de um circuito elétrico podem estar associados em
série, em paralelo, ou até mesmo de forma mista
Associação em série Associação em paralelo
Com um só caminho da corrente Com a corrente elétrica dividida
elétrica, esta é igual em qualquer pelas ramificações, o seu valor no
secção do circuito, sendo a circuito principal corresponde à
diferença de potencial nos extremos soma do valor de cada ramo, sendo
a soma do valor de cada resistência. que a diferença de potencial nos
Num circuito em série, aplica-se a extremos de cada resistência é
Lei de Ohm. igual.

2.4. Geradores de corrente contínua


Um gerador possui uma resistência interna (r), logo parte da energia
que produz é dissipada por efeito de Joule no próprio gerador.
Já a força eletromotriz (ε) de um gerador, expressa em volt
(V), é a quantidade de energia recebida que é transformada em 𝜺 = Eg
q
energia elétrica por unidade de carga elétrica que o atravessa.

Energia do gerador: Energia dissipada: Energia útil:


𝐸𝑔 𝑬𝒅 = 𝒓𝒈 . 𝑰𝟐 . ∆𝒕 𝐸𝑢
𝜀= ⇔ 𝐸𝑔 = 𝜀. 𝑞 𝑈= ⇔ 𝐸𝑢 = 𝑈. 𝑞
𝑞 𝑞
⇔ 𝑬𝒈 = 𝜺. 𝑰. ∆𝒕 ⇔ 𝑬𝒖 = 𝑼. 𝑰. ∆𝒕

Lei da conservação de energia:


𝐸𝑔 = 𝐸𝑢 + 𝐸𝑑 ⇔ 𝜀. 𝐼. ∆𝑡 = 𝑈. 𝐼. ∆𝑡 + 𝑟𝑔 . 𝐼 2 . ∆𝑡
⇔ 𝜀 = 𝑈 + 𝑟𝑔 . 𝐼 ⇔ 𝑼 = 𝜺 − 𝒓𝒈 . 𝑰

… 𝜀 = 𝑈 + 𝑟𝑔 . 𝐼 ⇔ 𝜀 = 𝑅. 𝐼 + 𝑟𝑔 . 𝐼 ⇔ 𝜀 = 𝐼 ൫𝑅 + 𝑟𝑔 ൯
𝜺
⇔𝑰=
𝑹 + 𝒓𝒈

Potência do gerador: Potência dissipada: Potência útil:


𝐸𝑔 𝜀. 𝐼. ∆𝑡 𝐸𝑑 𝑟𝑔 . 𝐼 2 . ∆𝑡 𝐸𝑢 𝑈. 𝐼. ∆𝑡
𝑃𝑔 = = 𝑃𝑑 = = 𝑃𝑢 = =
∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡
⇔ 𝑷𝒈 = 𝜺. 𝑰 ⇔ 𝑷𝒅 = 𝒓𝒈 . 𝑰𝟐 ⇔ 𝑷𝒖 = 𝑼. 𝑰

Física 25
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

3. Energia, fenómenos térmicos e radiação


Um sistema, delimitado pela sua fronteira, constitui o universo juntamente
com a sua vizinhança.
Sistema mecânico Sistema termodinâmico
Trata-se de um sistema físico cujas Consiste num sistema constituído
variações de energia interna não são por imensas partículas no qual se tem
tidas em conta. em conta a energia interna.
3.1. Temperatura
As sensações de quente e frio são subjetivas, ao contrário da
temperatura: uma propriedade que permite determinar se um sistema está
ou não em equilíbrio térmico com outros.

Diz-se que um sistema está em equilíbrio térmico com a vizinhança


quando as suas temperaturas são iguais.
Segundo a Lei Zero da Termodinâmica, dois sistemas em equilíbrio
térmico com um terceiro estão em equilíbrio térmico entre si:
TA = TC ∧ TB = TC ⇒ TA = TB

As partículas de um sistema estão em permanente agitação, por isso


possuem energia cinética, sendo que quanto mais alta a temperatura de um
sistema, maior a agitação das partículas e, consequentemente, maior a sua
energia cinética média.
Logo, sabemos que um sistema com temperatura mais alta possui maior
energia interna, tal como o sistema com mais partículas.
Escala Celsius Escala de Kelvin
Medida em graus Celsius (ºC), Correspondente à unidade SI,
regista o ponto de fusão da água possui um zero absoluto (0 K).
(0ºC), bem como o seu ponto de A variação de 1 K é igual à
ebulição (100ºC). variação de 1ºC.
A temperatura em Kelvin corresponde à
T = θ + 273,15
temperatura em graus Celsius mais 273,15.
3.2. Transferência de energia como calor
A energia transferida espontaneamente entre sistemas a temperaturas
diferentes designa-se calor, o qual é sempre transferido do sistema com a
temperatura mais elevada para o outro com temperatura reduzida.
As experiências de Thompson e de Joule comprovaram que é possível
variar a energia interna de um sistema através do trabalho e do calor.

Física 26
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

A energia pode ser transferida como calor através de:


Condução térmica Convecção térmica Radiação
Transferência de Deslocamento de Propagação de luz
calor das partículas de partículas do fluído, que aumenta a
maior energia cinética gerando correntes de energia interna das
para as de menor. convecção. partículas.
3.3. Interação radiação-matéria
A radiação eletromagnética que incide num corpo sofre: reflexão, na sua
superfície; absorção, aquecendo-o; e transmissão, atravessando-o.
Assim, a radiação incidente é calculada
E inc. = E refl. + E abs. + E tran.
somando essas três partes:
Todos os corpos não só emitem radiação eletromagnética a qualquer
temperatura devido à agitação das suas partículas com carga elétrica, como
também absorvem radiação da sua vizinhança, sendo a irradiância de um
corpo a radiação emitida por unidade de tempo e de área.
Sabemos ainda que:
Quando um corpo está em equilíbrio térmico com a vizinhança, a
quantidade de energia transmitida é a mesma que a absorvida.
Superfícies pretas absorvem toda a radiação visível;
O Sol emite radiação maioritariamente visível, enquanto que a
Terra emite radiação na zona do infravermelho.
Os painéis fotovoltaicos são uma associação de células fotovoltaicas
que aproveitam a energia da luz solar para produzir corrente elétrica.
Os sistemas fotovoltaicos autónomos têm de ser dimensionados em
função do consumo energético. Deste modo, para calcular a área de painel
fotovoltaico necessária, precisamos de saber a potência elétrica necessária, a
potência solar média e a potência elétrica do painel.
3.5. Capacidade térmica mássica
A capacidade térmica mássica (c) de um material corresponde à
energia transferida como calor para que 1 kg desse material varie 1ºC/ 1K.
A energia transferida como calor quando não há mudança de estado
físico é diretamente proporcional à massa, capacidade
Q = m c Δθ
térmica mássica e variação de temperatura do corpo.
A capacidade térmica (C) de um corpo é a energia
C=mc
necessária para variar 1ºC, independentemente da massa.

Física 27
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

Quando se transfere energia a um corpo, este pode mudar de estado


físico. Contudo, durante essa mudança a temperatura não varia.
A variação de entalpia mássica de fusão (Δhfusão) ou calor latente de
fusão (Lf) é a energia necessária para ocorrer a fusão
Q = m Δ hfusão
completa após atingir o ponto de fusão.
Já a variação de entalpia mássica de vaporização (Δhvaporização) ou calor
latente de vaporização (Lv) é a energia necessária para, após atingir o ponto
de ebulição, a substância passar toda para o estado
Q = m Δhvaporização
gasoso.
3.6. Primeira lei da termodinâmica
Segundo a primeira lei da termodinâmica, a variação de energia
interna de um sistema (ΔU) é igual à soma da energia
ΔU = Q + W
transferida como calor e como trabalho.
Quando o calor e o trabalho são Quando esses valores são
positivos, o sistema recebe energia, negativos, o sistema cede energia,
aumentando a energia interna. diminuindo a energia interna.
No caso de o sistema ser termicamente isolado (sem trocas de calor):
Compressão Descompressão
Diminuição de volume dado o Aumento de volume devido ao
trabalho realizado pela vizinhança trabalho realizado pelo sistema
sobre o sistema. sobre a vizinhança.
A energia interna aumenta. A energia interna diminui.
Se num sistema não ocorrerem trocas de energia na forma de calor e de
trabalho, a energia interna é constante.
3.7. Segunda lei da termodinâmica
Os fenómenos que ocorrem na natureza são espontâneos, isto é,
ocorrem sem ajuda de nenhuma máquina. Os processos podem ser
reversíveis quando o seu regresso ao estado inicial é possível, seguindo
exatamente a sequência de acontecimentos na ordem inversa.
A segunda lei da termodinâmica pode ter várias interpretações:
Os processos espontâneos dão-se no sentido da diminuição de
energia útil, dado que esta se degrada.
É impossível a cedência de energia como calor de um corpo com
temperatura mais baixa para um com temperatura mais elevada.
Nenhum sistema termodinâmico cíclico pode transferir energia como
calor de uma única fonte, transformando-a integralmente em trabalho.

Física 28
ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO

3.7.1. Máquinas térmicas


As máquinas térmicas recebem energia na forma de calor de uma
fonte quente que transformam em trabalho (energia útil), transferindo calor
para a fonte fria (energia dissipada).
O seu rendimento depende da energia útil (W) e da energia total
consumida (Qq), sendo que a soma da energia útil e |W| × 100
da dissipada é igual à energia consumida.
𝜼 =
|Qq|

Qq Qf
Fonte quente Fonte fria

Trabalho

Física 29
FÍSICA
11º ANO
MECÂNICA

1. Tempo, posição e velocidade


1.1 Coordenadas cartesianas
A unidade de gráficos cartesianos é definida através de um versor (𝐞
⃗) –
um vetor com a mesma direção e sentido do eixo a que está associado.
A posição de um corpo pode ser definida através do vetor posição (𝐫),
com origem na origem do sistema de eixos e extremidade no ponto em que
se encontra o corpo.

e⃗𝑥 𝐫𝐂 C
1D 𝑥(𝑚)
rC = 3 e⃗𝑥 ⇒ ‖rC ‖ = 3 m

𝑦(𝑚)

𝑥P P
rP = 3 e⃗𝑥 + 2 e⃗𝑦

2D 𝐫𝐏 𝑦P ‖rP ‖ = √32 + 22
e⃗𝑦 ⇔ ‖rP ‖ = 3,3 m
e⃗𝑥 𝑥(𝑚)

𝑧(𝑚)

rQ = 2 e⃗𝑥 + 4 e⃗𝑦 + 2 e⃗𝑧

Q ‖rQ ‖ = √22 + 42 + 22
3D e⃗𝑧
𝐫𝐐
e⃗𝑥 ⇔ ‖rP ‖ = 4,9 m
e⃗ 𝑦 𝑦(𝑚)

𝑥(𝑚)

1.2. Movimento
Caso um corpo mude de posição ao longo do tempo, houve movimento,
sendo que o movimento é um conceito relativo. A trajetória é também
considerada relativa, podendo ser retilínea ou curvilínea.
A variação de posição é traduzida através do vetor deslocamento (∆𝐫),
com origem no ponto de partida e extremidade no ponto de chegada.
𝑦
A
∆𝐫
B
ri
rf
ri + ∆r = rf ⇒ ∆𝐫 = 𝐫𝐟 - ⃗⃗𝐫𝐢

Física 31
MECÂNICA

Já a variação de posição a nível escalar é expressa através do


deslocamento escalar (∆𝐬) e a sua norma é sempre maior
∆𝐬 = 𝐬𝐟 - 𝐬𝐢
ou igual à do vetor deslocamento.
O espaço percorrido (𝒅) é calculado pelo
𝒅 = σ𝒏𝒕=𝟏 |∆𝒙𝐢 |
somatório da distância de todas as inversões de sentido.
Este coincide com a norma do deslocamento escalar caso não haja
inversão de sentido e a trajetória for aberta.

Com a mesma direção e sentido do vetor deslocamento, o vetor


velocidade média (𝒗
⃗ 𝒎 ) e a respetiva norma podem ser calculados por:
∆𝐫 ‖∆𝐫‖
⃗𝒗𝒎 = ‖𝒗
⃗ 𝒎‖ =
∆𝐭 ∆𝐭
Já a velocidade média escalar (𝒗𝒎 ): E a rapidez média (𝐫𝒎 ):
∆𝐬 𝒅
𝒗𝒎 = 𝐫𝒎 =
∆𝐭 ∆𝐭

1.3. Velocidade (instantânea)


A velocidade (𝒗
⃗ ) é uma grandeza vetorial que indica a rapidez a que o
corpo se move num dado instante e a direção e sentido desse movimento.
Valor 𝒗
⃗ constante Valor 𝒗
⃗ crescente Valor 𝒗
⃗ decrescente

Movimento uniforme Movimento acelerado Movimento retardado


Quando menor o intervalo de tempo, mais próximos os valores ∆r e ∆s.
Logo, quando se trata de um instante são muito semelhantes e, por isso, os
valores da velocidade instantânea e da velocidade média são iguais.
1.3.1. Gráfico posição-tempo
A partir de um gráfico posição-tempo pode-se calcular a velocidade:
Movimento retilíneo uniforme Movimentos variados
A componente escalar da A componente escalar da
velocidade média é igual à velocidade num dado instante
componente escalar da velocidade corresponde ao declive da reta
e é dada pelo declive da reta. tangente à curva no ponto.
𝑥(𝑚) 𝑥(𝑚)

𝑣=0
𝒗𝒎
𝑣<0

𝑡(𝑠) 𝑡(𝑠)

Física 32
MECÂNICA

1.3.2. Gráfico velocidade-tempo


Os gráficos velocidade-tempo indicam como varia a componente
escalar da velocidade ao longo do tempo.
𝑣
Pela análise do gráfico sabemos que:
[t0, t1]: o corpo esteve em repouso;
t4 t5
t1 t2 t3 t6 𝑡
[t1, t2] e [t3, t4]: a velocidade aumentou;
[t2, t3] e [t5, t6]: a velocidade diminuiu;
[t4, t5]: a velocidade foi constante;
[t1, t3]: o corpo moveu-se no sentido positivo, mudando de sentido
em t3 e passando a mover-se no sentido negativo em [t3, t6].
No gráfico velocidade-tempo é também possível calcular
deslocamentos - área entre a linha do gráfico e o eixo horizontal.
1.4. Aceleração
A aceleração consiste na variação da velocidade, exprimindo a alteração
de valor, sentido e direção.
Deste modo, a aceleração média (𝒂 ⃗ 𝒎 ) consiste na variação da
velocidade num certo intervalo de tempo, possuindo a mesma ⃗
⃗ 𝒎 = 𝚫𝒗
𝒂
direção e sentido do vetor variação de velocidade. Δt
Num movimento retilíneo (eixo xx) a sua componente escalar é dada por:

𝒂𝒎 = 𝚫𝒗𝒙
Δt
Movimento retilíneo acelerado Movimento retilíneo retardado
Os vetores velocidade e Os vetores velocidade e
aceleração média têm a mesma aceleração média têm sentidos
direção e sentido. opostos, mas a mesma direção.
Já a aceleração instantânea pode ser definida pela ⃗
𝚫𝒗
⃗𝒂 = ∆𝒕𝐥𝐢𝐦
→ 𝟎 Δt
variação de velocidade num dado instante.
Quando se trata de um movimento curvilíneo uniforme, a aceleração
média é perpendicular ao vetor velocidade.
Quando num movimento retilíneo, o valor da aceleração é o mesmo em
qualquer instante, esta coincide com a aceleração média, tratando-se de um
movimento uniformemente variado, podendo ser:
Uniformemente acelerado Uniformemente retardado

Se o valor da velocidade aumentar. Se o valor da velocidade diminuir.

Física 33
MECÂNICA

2. Interações e seus efeitos


Sendo uma grandeza vetorial expressa em newtons, uma força (𝐅), aplicada
no centro de massa do corpo, resulta sempre de interações entre corpos, que
podem ser exercidas por contacto ou à distância.
Todas as interações entre sistemas existentes no Universo são de um dos 4
tipos de interações fundamentais da Natureza:
Gravítica Nuclear forte
Com alcance infinito, as forças Com alcance curto, é a mais

Escala do núcleo atómico


gravíticas são sempre atrativas e intensa, mantendo unidos
exercidas à distância. protões e neutrões no núcleo.
Eletromagnética Nuclear fraca
As forças eletromagnéticas Também com alcance curto, é
consistem na atração entre polos responsável pela transformação
diferentes e repulsão entre polos de um neutrão num protão ou
iguais, sempre à distância. vice-versa.
2.1. Interação gravítica
Quando dois corpos interagem entre si por forças gravíticas, atraem-se
um ao outro, exercendo forças de igual intensidade. Estas
Fg = G m12m2
dependem da massa dos corpos e da distância entre eles. r
Contudo, a intensidade de uma força gravítica só é significativa quando
a massa de pelo menos um dos corpos é muito grande, como a Terra, cuja
força que exerce sobre um corpo se designa por peso.

2.2. Terceira Lei de Newton/ Lei da Ação-Reação


Quando um corpo exerce uma força sobre outro, este retribui com uma
de igual intensidade e direção, mas sentido oposto. Este conjunto designa-se
por par ação-reação.
2.3. Segunda Lei de Newton/ Lei Fundamental da Dinâmica
A força resultante (𝐅𝐑 ) relaciona-se com a massa e a
𝐅R = m ⃗𝒂
aceleração, possuindo a mesma direção e sentido que 𝑎.
2.4. Primeira Lei de Newton/ Lei da Inércia
Se a resultante das forças exercidas num corpo for nula, a sua
velocidade não irá variar e, logo, a aceleração será nula.

Deste modo, os corpos não são sensíveis à velocidade, mas apenas à sua
variação, ou seja, à aceleração.

Física 34
MECÂNICA

2.5. Efeitos das forças sobre a velocidade


Quando aplicamos uma força a um corpo com a mesma direção da sua
velocidade, trata-se de um movimento retilíneo que pode ser:
Acelerado Retardado

Mesmo sentido. Sentidos opostos.


Por outro lado, quando a resultante das forças tem direção diferente da
velocidade, é necessário decompor a força resultante em duas componentes:
𝐅t (direção igual à velocidade) 𝐅n (direção perpendicular à velocidade)
Altera o valor da velocidade. Varia a direção da velocidade.
3. Forças e movimentos
3.1. Movimentos retilíneos uniformemente variados
Num movimento retilíneo de queda livre a sua resultante das forças
⃗ ) e a aceleração será a aceleração gravítica (𝐠
será o peso (𝐏 ⃗ ).
Dado que a aceleração é constante, o movimento será uniformemente
variado e é independente da massa ou forma do corpo.
Nestes casos, quando t0 = 0, aplicam-se as seguintes equações:
Equação das velocidades Equação das posições

v (t) = v0 + a t x (t) = x0 + v0 t + 1 2 a t2

3.2. Movimento retilíneo uniforme


Em movimentos retilíneos uniformes, a velocidade é constante e,
consequentemente, a aceleração é nula. Logo:
Equação das velocidades Equação das posições

v (t) = v0 x (t) = x0 + v0
t
3.3. Movimento retilíneo de queda com resistência do ar
A resistência do ar é uma força dissipativa que se opõe ao movimento e
depende da forma e tamanho do corpo. Esta aumenta com a velocidade e
afeta a resultante das forças e a aceleração, logo, o movimento será variado.
Por exemplo, num movimento de queda retilíneo acelerado, a
velocidade aumenta tal como a resistência do ar, levando à diminuição da
aceleração, até ao ponto em que a resistência do ar anula o peso e o corpo
atinge a velocidade terminal. Neste caso, a força resultante e a aceleração
serão nulas, estando perante um movimento retilíneo uniforme.

Física 35
MECÂNICA

3.4. Movimento circular uniforme


Num movimento circular uniforme, o valor da velocidade é constante,
contudo, a sua direção muda formando uma trajetória circular.
Neste caso, a resultante das forças é perpendicular à
velocidade, tem direção radial e aponta para o centro da
trajetória, designando-se por força centrípeta.
A aceleração possui o mesmo sentido e direção da força centrípeta,
designando-se por isso por aceleração centrípeta.
O tempo que o corpo demora a Já o nº de rotações efetuadas por
efetuar uma rotação segundo chama-se
T = Δt 𝒇= n
chama-se período (T). n frequência (𝒇). Δt
A velocidade angular (𝝎) consiste no ângulo descrito por unidade de
tempo, equivalendo ao ângulo de uma rotação completa pelo 2𝛑
𝝎 =
tempo que demora a percorrer - período. T
Neste caso, o módulo da E o valor da aceleração
velocidade é dado por: centrípeta obtém-se por:

𝒂c = v
2
v =𝝎r
r
3.4.1. Movimento circular uniforme de satélites
Nos satélites com movimento circular uniforme, o módulo da
velocidade não depende da sua massa, tal como o período de rotação.
Os satélites geoestacionários possuem um período igual ao da
rotação da terra, ou seja:
T = 24 horas = 86 400 segundos

Física 36
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

1. Ondas e sinais
Para gerar uma onda é necessário um sinal, ou seja, uma perturbação leva
à alteração de uma propriedade física do meio. Este é denominado pulso
quando tem curta duração.

A onda consiste, então, na propagação de um sinal com transporte de


energia, mas não de matéria. As ondas podem dividir-se em dois tipos:
Ondas transversais Ondas longitudinais
A direção de oscilação é A direção de oscilação e a de
perpendicular à direção de propagação do sinal são
propagação do sinal. paralelas.

Consoante o meio em que se propagam, as ondas também se dividem em:


Ondas mecânicas Ondas eletromagnéticas
Necessitam de um meio material Não necessitam de um meio
para se propagarem, podendo ser material para se propagarem, sendo
transversais ou longitudinais. transversais.
1.1. Periocidade temporal e espacial de ondas
Quando o sinal for periódico, ou seja, um mesmo sinal produzido em
intervalos de tempo iguais, a sua propagação consiste numa onda periódica
com características que se repetem no espaço e no tempo.
Ao local onde se cria a perturbação designa-se fonte emissora da onda.
Período de oscilação T Amplitude de oscilação A

Tempo de oscilação completa da Máximo afastamento à posição de


fonte emissora. equilíbrio.
Já a frequência da onda (𝒇), ou seja, o número de oscilações por unidade
de tempo, é o inverso do período.
Ondas harmónicas/ sinusoidais derivam de sinais harmónicos/
sinusoidais e podem ser descritas matematicamente
y (t) = A sin (𝝎 t )
por uma função seno ou cosseno.
A distância a que se propaga uma onda num período chama-se
comprimento de onda (𝝀), correspondendo à distância entre dois pontos
consecutivos do gráfico no mesmo estado de vibração.
Em ondas longitudinais derivadas de sinais
harmónicos criam-se zonas de compressão e
zonas de rarefação.

FÍSICA 37
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

O módulo da velocidade de propagação de uma onda


v= 𝝀 =𝝀𝒇
depende das características do meio. T
Os sinais complexos não são descritos por uma só função harmónica,
mas sim por uma sobreposição de várias.
A energia transportada por uma onda depende da energia da fonte
emissora.
Já a intensidade da onda é a energia transportada por unidade de
tempo e por unidade de área perpendicular à direção de propagação, sendo
que esta diminui ao longo do tempo devido à absorção de energia pelo meio.
1.2. O som como onda de pressão
O que conhecemos como som resulta da produção e propagação de
ondas sonoras – ondas mecânicas produzidas pela oscilação de uma porção
de um meio material elástico.
A propagação do som, enquanto onda de pressão, origina variações de
pressão no espaço, formando zonas de rarefação – onde o ar é menos denso,
e zonas de compressão – onde o ar é mais denso.
A velocidade de propagação do som depende do meio e da
temperatura. Dado ser uma onda mecânica, o som não se propaga no vazio.
Um som pode ser mais forte ou mais Um som pode ser mais agudo ou
fraco consoante a intensidade/ mais grave consoante a frequência
amplitude da onda. da onda.
O timbre é uma característica sonora da fonte que é resultado da
sobreposição das diversas frequências produzidas.
Os sons dizem-se puros caso as ondas sonoras sejam sinusoidais.
Contudo, os sons usuais são complexos.
Para analisar os sons podemos recorrer a um microfone que transforma
o sinal sonoro num sinal elétrico para ser medido por um osciloscópio.
2. Eletromagnetismo
2.1. Carga elétrica e campo elétrico
Uma carga elétrica é uma propriedade fundamental das partículas que
constituem a matéria. A carga elementar consiste na carga livre mais
pequena até hoje detetada:
e = 1,602 × 10-19 C
Um corpo eletricamente neutro tem igual número de protões e neutrões
e, logo, carga total nula. É possível eletrizar os corpos transferindo eletrões.

FÍSICA 38
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

A carga elétrica de um corpo (Q ou q) resulta das cargas de todas as


suas partículas, sendo que o seu módulo é sempre um múltiplo
IQI = n e
do módulo da carga elementar.
Segundo o Princípio da Conservação da Carga Elétrica, quando se
transferem eletrões de um corpo para outro, um perde eletrões e outro
ganha-os, mas a soma das cargas dos dois é a mesma.
Um corpo eletrizado interage com os corpos à sua volta através de forças
elétricas, que podem ser:
Atrativas Repulsivas
ou
Entre cargas de sinais opostos. Entre cargas de sinais iguais.
O campo elétrico (𝑬⃗ ) é uma grandeza vetorial definida em ⃗
⃗𝑬 = 𝑭𝒆
cada ponto do espaço sob a influência de cargas elétricas. q
Neste sentido, a carga Q – fonte do campo - cria um campo elétrico à
sua volta e a carga q sofre ação desse campo ficando sujeita a forças elétricas.
O campo elétrico tem a direção da linha que une o ponto à carga, sendo
radial. A sua intensidade aumenta com o módulo da carga da fonte do campo
e diminui com a distância do ponto à carga. O seu sentido:
Aponta para a carga se esta for Aponta no sentido contrário da
negativa. carga se for positiva.
O campo elétrico pode ser representado por linhas de
campo elétrico, ou seja, linhas imaginárias que nos dão noção da
intensidade e orientação do campo.
Estas linhas podem tomar formas diversas devido à sobreposição dos
campos criados por várias cargas pontuais.
Num campo elétrico uniforme, a sua intensidade,
direção e sentido é igual e todos os pontos da região.
2.2. Campo magnético
O campo magnético (𝑩 ⃗⃗ ) é caracterizado por uma grandeza vetorial,
sendo resultado da influência de um ou mais ímanes.
À volta de um íman, a limalha de ferro alinha-se segundo a direção do
campo magnético. Esta distribuição designa-se por espetro magnético e
evidencia as linhas do campo magnético.
Estas linhas são fechadas e nunca se cruzam, orientando-se:
Norte → Sul Sul → Norte
Fora do íman Dentro do íman.

FÍSICA 39
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Num íman em «U» com ramos paralelos, as linhas de campo entre os


ramos são paralelas e equidistantes, pelo que o campo magnético é uniforme.
2.2.1. Campo elétrico criado por corrente elétrica
Os campos magnéticos são geralmente criados por ímanes. Contudo,
Oersted descobriu que também podem ser criados por corrente elétrica.
Deste modo, um campo magnético pode assumir várias formas
consoante o tipo de condutor de corrente elétrica que o cria:
Fio retilíneo longo Espira circular /anel Solenoide /bobina
longa
As linhas de campo As linhas de campo
são circunferências passam pelo interior No seu interior, o
em planos da espiral, sendo que campo magnético é
perpendiculares ao sobre o eixo da praticamente
fio e centradas nele. espiral, o campo tem uniforme, tornando-o
a direção do eixo. bastante útil em
O campo tem a
certos dispositivos.
mesma intensidade
em pontos à mesma
distância do fio.

2.3. Indução eletromagnética

O fluxo magnético (𝚽) é uma grandeza física que se relaciona com o


número de linhas de campo magnético que atravessam dada superfície.
B – intensidade do campo magnético;
𝚽 = B A cos 𝜶 A – área de superfície;
𝛼 – ângulo entre o campo e a normal.

Numa bobine, ou seja, numa sobreposição de várias espiras, o fluxo


obtém-se multiplicando o número de espiras pelo
𝚽bobine = N 𝚽espira
fluxo de uma só espira.
Para produzir corrente elétrica, designada corrente induzida (Ii) é
necessária uma variação do fluxo magnético ao longo do tempo, sendo que
este não pode ser nulo.

Este fenómeno designa-se por indução eletromagnética.

FÍSICA 40
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

Segundo a Lei de Faraday, ao criar corrente induzida |𝚫𝛟|


estabelece-se uma diferença de potencial elétrico – força |𝜺𝒊 | =
Δt
eletromotriz induzida (𝜺i).
Neste sentido, a potência disponibilizada calcula-se por: P = 𝜺i Ii .
3. Ondas eletromagnéticas
James Clerk Maxwell, criador da teoria do eletromagnetismo, descobriu
que o campo elétrico e o campo magnético, tal como a luz, se propagam como
ondas à velocidade de 3,00×108 m/s.
A perturbação que cria as ondas eletromagnéticas resulta da oscilação de
cargas elétricas, pelo que a sua frequência é igual à da oscilação e,
v=𝝀𝒇
logo, esta depende apenas da fonte emissora.
Quando a luz incide numa superfície, esta
E inc. = E refl. + E abs. + E tran.
é refletida, absorvida e transmitida.
Da luz solar incidente na Terra, 30% é refletida – albedo.
3.1. Reflexão da luz
Segundo as leis da reflexão da luz, o raio incidente, o raio refletido e a
normal à superfície estão no mesmo plano, sendo que o ângulo de incidência
(em relação à normal) e o ângulo de reflexão são iguais.
A onda incidente e a onda refletida possuem a mesma frequência (pois
esta depende apenas da fonte), a mesma velocidade de propagação
(continuam no mesmo meio) e o mesmo comprimento de onda.
Contudo, a energia da onda refletida é menor que a da incidente (e, logo,
é menos intensa), devido à absorção de energia pela superfície.
3.2. Refração da luz
Quando a luz incide na superfície de separação de meios diferentes, é
transmitida, pelo que a velocidade muda e a direção é desviada - refração.
Este desvio depende do índice de refração do meio (n),
n= c
sendo que quanto maior, menor será a velocidade de propagação. v
A frequência da onda refratada mantém-se, mas a sua intensidade é
menor que a da onda incidente, sendo que a sua velocidade e comprimento
de onda também sofrem alteração.
Segundo as Leis da refração, o raio incidente,
n1 sin 𝛂1 = n2 sin 𝛂2
o refratado e a normal estão no mesmo plano.
Deste modo, se o meio da onda refratada tiver maior índice de
refração, a direção da onda desvia-se aproximando-se da normal.

FÍSICA 41
ONDAS E ELETROMAGNETISMO

3.3. Reflexão total da luz


Quando a luz passa para um meio com menor índice de refração, afasta-
se da normal, sendo que a partir de um ângulo de incidência deixa de ocorrer
refração e a luz não passa para o segundo meio – reflexão total.
Isto acontece quando o ângulo de incidência é superior ao ângulo
crítico e, logo, o ângulo de refração é superior a 90º.
3.4. Difração da luz
Tanto as ondas sonoras como as eletromagnéticas se propagam em
todas as direções, contudo apenas o som tem a capacidade de contornar
obstáculos, ao contrário da luz.
Deste modo, quando a luz encontra uma fenda ou um
obstáculo espalha-se a partir dela - difração, sendo que este
fenómeno só é notório se a fenda tiver comprimento de onda
da mesma ordem de grandeza que a onda.
Neste fenómeno surge um padrão de interferência dada a
sobreposição das ondas, existindo zonas em que se anulam (interferência
destrutiva) ou se ampliam (interferência construtiva).
As ondas das telecomunicações podem ter várias frequências:
< frequência > comprimento de onda > frequência < comprimento de onda
Difratam facilmente, contornando Transportam maior quantidade de
obstáculos. dados.
3.5. Efeito Doppler
Embora a frequência de uma onda depende apenas da fonte e é sempre
a mesma, a frequência percecionada em movimento pode ser diferente.
Aproximação Afastamento
Som torna-se mais agudo – maior O som fica mais grave – menor
frequência. frequência.
Este fenómeno - efeito Doppler - consiste na alteração da frequência
percecionada devido ao movimento relativo entre o recetor e a fonte da onda.
Este permite medir o movimento de objetos celestes em relação à Terra:
Corpo parado Corpo a afastar-se Corpo a aproximar-se
Comprimento de onda Comprimento de onda Comprimento de onda
inalterável. maior – redshift. menor – blueshift.
A luz proveniente de galáxias distantes revele redshift, logo estão a
afastar-se, o que nos permite concluir que o Universo está em expansão.

FÍSICA 42
QUÍMICA
11º ANO
EQUILÍBRIO QUÍMICO

1. Aspetos Quantitativos das Reações Químicas


1.1. Reações Químicas
Uma reação química consiste na transformação de substâncias
formando uma nova:
Reagentes Produtos de reação

Estas reações são expressas por equações químicas que respeitam a lei
de Lavoisier – a massa total do sistema mantém-se durante a reação, bem
como o número total de átomos de cada elemento.

Deste modo, ao acertar equações químicas devemos substituir os


coeficientes estequiométricos de modo a respeitar a lei de Lavoisier.
A razão entre os coeficientes estequiométricos dos diferentes elementos
é constante, sendo igual à razão da quantidade química das substâncias.
Numa reação química, os reagentes nem sempre estão em quantidades
estequiométricas, podendo um deles estar em menor quantidade em relação
à proporção estequiométrica, limitando a reação – reagente limitante.
Quando este se esgota, a reação termina, deixando reagentes em excesso.
O processo mais simples para identificar o reagente limitante passa por:
1. Escrever a quantidade química de cada reagente;
2. Dividir a quantidade do reagente pelo coeficiente estequiométrico;
3. Conclusão: o reagente limitante corresponde ao menor valor obtido.
1.2. Grau de pureza de amostras
Quase todos os materiais contêm
impurezas, sendo que o seu grau de % pureza = m substância pura × 100
m total amostra
pureza é calculado por:
1.3. Reações completas/ incompletas e rendimento
Uma reação química diz-se completa quando pelo menos um dos
reagentes é totalmente convertido em produto – rendimento de 100%.
A maioria das reações químicas são incompletas, nas quais nenhum dos
reagentes se esgota por completo e, deste modo, a quantidade de produtos
de reação obtida é inferior à prevista – rendimento < 100%.
O rendimento de uma reação química pode ser definido como o
quociente entre a quantidade de produto
obtida e a quantidade de produto teórica para 𝜼 = n produto obtida × 100
n produto teórica
uma conversão de 100%.

QUÍMICA 44
EQUILÍBRIO QUÍMICO

1.4. Química verde e economia atómica


A química está bastante presente na produção de vários materiais do
nosso dia a dia. Contudo, tal implica a formação de subprodutos tóxicos que
contaminam o ambiente. A preocupação com estas conduziu à necessidade
da associação da Química e da sustentabilidade – Química verde.
A química verde consiste, portanto, na invenção, desenvolvimento e
aplicação de produtos e processos químicos para reduzir o uso e produção
de substâncias tóxicas.
A economia atómica (AE) mede a eficiência de uma reação, tendo em
conta a massa de átomos de reagentes
m produtos × 100
incorporados no produto e a massa total de AE = m
reagentes
átomos nos reagentes.
2. Estado de equilíbrio e extensão das reações químicas
2.1. Reações incompletas e irreversíveis
Todas as reações completas são irreversíveis, ou seja, após a formação
dos produtos é impossível recuperar os reagentes pela reação inversa.
Já as reações incompletas podem ser reversíveis, sendo possível a
reação nos dois sentidos: sentido direto e sentido inverso.
As reações reversíveis evoluem para um equilíbrio químico – estado em
que a velocidade da reação direta iguala a da reação inversa e se produzem
reagentes e produtos à mesma escala, logo, as concentrações são constantes.
O equilíbrio químico é, portanto, um equilíbrio dinâmico, podendo ser:
Homogéneo Heterogéneo
Todas as substâncias se Pelo menos uma substância está
encontram na mesma fase. numa fase diferente.
2.2. Constante de equilíbrio K c

Verifica-se que para diferentes concentrações [C]ec . [D]ed


Kc =
iniciais Kc mantém-se igual, para a mesma temperatura. [A]ea . [B]eb
Comparando a constante de equilíbrio da reação direta 1
Kc’ =
(Kc) e da reação inversa (Kc’) verificamos que são inversas. Kc
A constante de equilíbrio varia com a temperatura:
Kc aumenta com a temperatura Kc diminui com a temperatura

Reação endotérmica Reação exotérmica

QUÍMICA 45
EQUILÍBRIO QUÍMICO

2.3. Extensão das reações


Quanto maior o valor da constante de equilíbrio, mais extensa é a reação
e, logo, predominam os produtos de reação face aos reagentes.
2.4. Quociente da reação
O quociente (Q) baseado nas concentrações [C]c . [D]d
Q=
medidas permite avaliar a evolução do sistema da reação: [A]a . [B]b

Q < Kc Q = Kc Q > Kc

Evolui no sentido Está em equilíbrio Evolui no sentido


direto. químico. inverso.

2.5. Alterações do equilíbrio químico


O estado de equilíbrio de um sistema pode ser alterado pelos fatores:
Concentração Temperatura Pressão
2.5.1. Concentração
Aumento da concentração dos Diminuição da concentração dos
reagentes - Q < Kc reagentes - Q > Kc

Evolui no sentido direto Evolui no sentido inverso

Aumento da concentração dos Diminuição da concentração dos


produtos - Q > Kc produtos - Q < Kc

Evolui no sentido inverso Evolui no sentido direto


2.5.2. Temperatura
Nas reações endotérmicas, que consomem calor (∆H > 0):
Aumento da temperatura Diminuição da temperatura

Evolui no sentido direto Evolui no sentido inverso


Já nas reações exotérmicas, que libertam calor (∆H < 0):
Aumento da temperatura Diminuição da temperatura

Evolui no sentido inverso Evolui no sentido direto

QUÍMICA 46
EQUILÍBRIO QUÍMICO

2.5.3. Pressão
A pressão afeta apenas substâncias gasosas, sendo que:
Aumento da pressão Diminuição da pressão

Diminuição do nº de moles de gás Aumento do nº de moles de gás


2.6. Princípio de Le Châtelier
Segundo o princípio de Le Châtelier, se um sistema químico em
equilíbrio for sujeito a uma perturbação externa, evolui de forma a contrariar
a ação dessa perturbação até atingir um novo estado de equilíbrio.
2.7. Equilíbrio químico e otimização de reações químicas
Em quantidades reduzidas, o amoníaco (NH3) é biodegradável e
absorvido pelas plantas, mas em concentrações elevadas torna-se tóxico para
os seres vivos. A sua síntese é traduzida pela seguinte reação:
3 H2 (g) + N2 (g) 2 NH3 (g) ∆H < 0
Sabendo que a temperatura reduzida favorece o sentido direto e, logo,
a produção de amoníaco, mas diminui a velocidade da reação, o processo
de Haber e Bosch permitiu otimizar este processo através de:
Catalisador Temperatura Pressão elevada
Facilita a dissociação industrial baixa A pressão elevada
dos reagentes, ao Temperatura ideal favorece o sentido
aumentar a velocidade que favorece a reação direto, embora
da reação (direta), sem direta, sem compro- limitada dados os
alterar o equilíbrio. meter a velocidade. custos e a segurança.

QUÍMICA 47
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

1. Reações ácido-base
Os ácidos e as bases são substâncias com propriedades características.
Segundo Arrhenius, a distinção destas substâncias estava relacionada com
a presença de iões H+ e OH-, pelo que:
Ácido Base
Contém hidrogénio que se disso- Contém grupo hidroxilo (OH) que
cia em iões H+ em solução aquosa. se dissocia em OH- em sol. aquosa.
Assim, neutralizam-se ao reagirem entre si: H+ (aq) + OH- (aq) → H2O (ℓ).
Contudo, esta teoria não explicava o comportamento de bases que não
possuíam o grupo OH e aplicava-se apenas a soluções aquosas.

Já a teoria aceite atualmente – Teoria de Brönsted-Lowry – define ácidos


e bases em função da sua capacidade de transferência de protões:
Ácido Base
Espécie química capaz de ceder Espécie química capaz de aceitar
protões (H+). protões (H+).

Assim, para que haja uma espécie que se comporta como ácido, é
necessária uma que se comporta como base (captando o protão cedido).
Os pares de espécie de uma reação que apenas diferem num protão
denominam-se pares ácido-base conjugados.
Existem substâncias que tanto se podem comportar como ácidos ou bases,
dependendo da espécie com que reagem – substâncias anfotéricas (ex: água).
1.1. Acidez e basicidade das soluções
O caráter ácido ou básico das soluções é definido pelo valor das
concentrações dos iões H3O+ em solução aquosa, pelo que quanto maior a
concentração de H3O+, mais ácida é a solução.
Este caráter pode ser expresso através do pH,
[H3O+] = 10-pH
proposto por Soren Sörensen, que é igual ao
simétrico do logaritmo do valor da concentração pH = - log [H3O+]
de iões H3O+.
À temperatura de 25ºC:
Solução básica Solução neutra Solução ácida
[H3O+] < 10-7 mol/ dm3 [H3O+] = 10-7 mol/ dm3 [H3O+] > 10-7 mol/ dm3

pH > 7 pH = 7 pH < 7

QUÍMICA 48
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

1.2. Autoionização da água


A água, sendo anfotérica tanto pode agir como ácido ou como base,
cedendo ou captando protões. Logo, duas moléculas de água podem reagir
entre si pelo processo de autoprotólise da água ou autoionização da água.
Ao produto das concentrações de H3O+ e OH-
KW = [H3O+] . [OH-]
a dada temperatura dá-se o nome de produto
iónico da água (KW).
Para a água, a 25ºC:
[H3O+] = [OH-] = 1,0 × 10-7 mol/dm 3
KW = 1,0 × 10-14 mol/dm 3

Tal como se define o pH, também se pode definir pOH e pKW:


pOH = - log [OH-] pKW = - log KW pKW = pH + pOH
Como o valor de KW é constante para dada temperatura, quando a
concentração de um dos iões aumenta, a do outro diminui, logo:
[H3O+] < [OH-] [H3O+] = [OH-] [H3O+] > [OH-]
pH > pOH pH = pOH pH < pOH

Solução básica Solução neutra Solução ácida


1.2.1. Efeito da temperatura na autoionização da água
Verifica-se que o valor do produto iónico da água (KW) aumenta com
a temperatura, logo o aumento da temperatura favorece a ionização da
água, pois aumentam as concentrações de H3O+ e OH- e diminui o pH.
De acordo com o princípio de Le Châtelier, o aumento da temperatura
favorece a reação endotérmica, logo pode concluir-se que:

A reação de autoionização da água é uma reação endotérmica.

1.3. Ácidos e bases em soluções aquosas


A passagem de corrente elétrica por uma solução deve-se à presença de
iões livres, iões esses que resultaram da dissociação ou da ionização.
Quando entram em contacto com a água (solvente):
Compostos iónicos (bases) Compostos moleculares (ácidos/ bases)

Dissociação Ionização
Em ambos os processos ocorre solvatação – iões formados ficam
rodeados por moléculas de água.

QUÍMICA 49
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

1.3.1. Ionização de ácidos e bases


O grau de ionização (α) é dado pela expressão n ionizado
seguinte, podendo ser calculado em percentagem.
α= n inicial
Quanto mais próximo do 1/100%, mais ionizada está a substância.
O grau de ionização de ácidos e bases indica a sua força:
α<5% 5 % < α < 50 % α ≥ 50 %

Ácido/ base muito fraco Ácido/base fraco Ácido/base forte


A diluição da solução aumenta o grau de ionização dos ácidos,
aproximando o comportamento dos ácidos fortes e dos ácidos fracos.
1.4. Constantes de acidez e de basicidade
Ácidos Bases
Nos ácidos fortes, a ionização é As bases fortes dissociam-se
quase completa. completamente em água.
Contudo nos ácidos fracos a Já as bases fracas sofrem
reversibilidade da reação de ionização na água, sendo a
ionização torna-se relevante (reação reversibilidade da reação relevante
incompleta), sendo necessário (reação incompleta), logo é
considerar o equilíbrio químico da necessário considerar o equilíbrio
solução. químico da solução.
Nos ácidos a constante de Nas bases a constante denomina-
equilíbrio denomina-se constante se constante de basicidade (Kb),
de acidez (Ka), indicando a força. indicando a sua força.
[C]ec . [D]ed [C]ec . [D]ed
Ka = Kb =
[A]ea . [B]eb [A]ea . [B]eb

1.5. Ácidos e bases polipróticos


Ácidos que apenas cedem um Já ácidos que podem ceder dois
protão à água são denominados ou mais protões denominam-se
ácidos monopróticos. ácidos polipróticos.
O mesmo se verifica nas bases:
Bases monopróticas Bases polipróticas
Captam apenas um protão da água. Podem captar dois ou mais protões.
Nos ácidos e bases polipróticos, a ionização realiza-se em várias etapas,
consoante o número de protões a transferir

QUÍMICA 50
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

1.6. Força relativa de ácidos e bases


As reações ocorrem sempre no sentido da formação de espécies mais
fracas, pelo que quando um ácido é forte, a sua base conjugada é fraca.
Nos pares ácidos-base conjugados verifica-se que: Ka . Kb = Kw
Deste modo, quanto maior o Ka do ácido, menor o Kb da base conjugada.
1.7. Titulações ácido-base
A reação entre um ácido e uma base designa-se por reação de
neutralização, sendo geralmente completas, formando água e um sal.
Ácido + Base Sal + Água
As titulações ácido-base são uma ferramenta de análise quantitativa em
química analítica que visa determinar a concentração de uma solução aquosa
de um ácido (ou base) ao neutralizá-lo com dada concentração de uma base.
Titulante Titulado
Concentração conhecida. Concentração a determinar.
Assim, adiciona-se lentamente o titulante ao titulado até que a reação
de neutralização esteja completa, ou seja, atingir o ponto de equivalência.
Para permitir detetar rigorosamente este ponto, a reação química deve:
Ser rápida;
Ser estequiométrica;
Ser completa;
Apresentar variação brusca de uma propriedade facilmente detetável.
A partir do volume de titulante adicionado para atingir o ponto de
equivalência, é possível calcular a concentração inicial de titulado, pois:
No ponto de equivalência - n titulante = n titulado
Consoante as substâncias, pH no ponto de equivalência varia:
Titulação ácido forte – Titulação ácido forte – Titulação ácido fraco –
base forte base fraca base forte
PE: pH = 7 (a 25ºC) PE: pH < 7 (a 25ºC) PE: pH > 7 (a 25ºC)
O pH no ponto de equivalência corresponde ao pH do sal formado.
1.7.1. Indicadores ácido-base
Um indicador ácido-base é uma substância cuja cor depende do pH
do meio. É o caso da fenolftaleína:
0 < pH < 8,2 8,2 < pH <12
Incolor. Rosa-carmim.

QUÍMICA 51
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

A utilização destes indicadores nas reações de titulação permite


acompanhar o progresso da reação e detetar o ponto de equivalência. A
mudança de cor do indicador apenas é percetível quando o ponto de
equivalência já foi ligeiramente ultrapassado – ponto final da titulação.
A diferença de volume de titulante entre os pontos de equivalência e
final designa-se erro de titulação e deve ser o menor possível.

Para assinalar o ponto de equivalência numa titulação deve escolher-


se o indicador adequado, consoante algumas regras, principalmente:
O pH do ponto de equivalência deve estar contido na zona de
viragem do indicador;
A zona de viragem pode não conter o pH no ponto de equivalência
desde que esta esteja totalmente incluída no intervalo de variação
brusca do valor de pH (vizinhança do PE).

1.8. Acidez e basicidade de sais em soluções aquosas


Os sais são compostos iónicos formados na reação entre um ácido e uma
base, dissociando-se completamente em água.
Ácido forte - base forte Ácido forte - base fraca
O sal formado é neutro em O sal formado é ácido em solução
solução aquosa, com pH = 7, a 25ºC. aquosa, com pH < 7, a 25ºC.
Ácido fraco - base forte Ácido fraco - base fraca
O sal resultante é básico em Os iões formados sofrem hidrólise
solução aquosa, com pH > 7, a 25ºC. e o pH depende da força relativa.
1.9. Aspetos ambientais das reações ácido-base
A água da chuva é naturalmente ácida devido ao facto de o dióxido de
carbono (CO2) atmosférico ser solúvel nela. A reação entre estes é dada por:
CO2 (g) + H2O (ℓ) H2CO3 (aq)
O ácido carbónico (H2CO3) formado sofre ionização:
H2CO3 (aq) + H2O (ℓ) H3O+ (aq) + HCO3- (aq)
Reação global:
CO2 (g) + 2 H2O (ℓ) H3O+ (aq) + HCO3- (aq)
O óxido de enxofre (SO2), de origem natural ou antrópica, reage com a
água sendo convertido em ácido sulfuroso (H2SO3):
SO2 (g) + H2O (ℓ) H2SO3 (aq)

QUÍMICA 52
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

Já o trióxido de enxofre (H2SO3) forma ácido sulfúrico (H2SO4):


SO3 (g) + H2O (ℓ) H2SO4 (aq)
O ácido sulfuroso (H2SO3) e o ácido sulfúrico (H2SO4) reagem com o
carbonato de cálcio (CaCO3) do mármore e rochas calcárias, danificando-as:
CaCO3 (s) + H2SO4 (aq) CaSO4 (s) + H2O (ℓ) + CO2 (g)
Outra substância responsável pelo aumento da acidez da chuva é o
dióxido de nitrogénio (NO2), sendo formado a partir do monóxido de
nitrogénio (NO) por ação da luz solar. O monóxido de nitrogénio (NO)
apenas é formado a elevadas temperaturas como nos motores de automóveis
ou fornos industriais:
N2 (g) + O2 (g) NO (g)
O dióxido de nitrogénio pode reagir com a água atmosférica origi-
nando ácido nítrico (HNO3) e ácido nitroso (HNO2), que aumentam a acidez.
2 NO2 (g) + H2O (ℓ) HNO3 (aq) + HNO2 (aq)
Para combater a poluição e minorar os efeitos destas substâncias, têm
surgido novos processos e medidas mais “amigos” do ambiente:
Remoção do enxofre dos combustíveis fósseis;
Eliminação de SO2 formado nas centrais termoelétricas;
Conversor catalítico nos automóveis que reduz a libertação de
monóxido de azoto (NO).
2. Reações de oxidação-redução
Reações que envolvem a transferência de eletrões entre espécies
denominam-se reações de oxidação-redução ou reações redox.
Oxidação Redução
Perda de eletrões Ganho de eletrões
Estes fenómenos ocorrem em simultâneo, não existindo um sem o outro,
pelo que o número de eletrões perdidos é igual ao de eletrões captados.
As reações podem ser expressas pelas (semi)equações das semirreações:
Semirreação de oxidação Semirreação de redução
Fe (s) Fe2+ (aq) + 2 e- Cu2+ (aq) + 2 e- Cu (s)

Fe (s) + Cu2+ (aq) Fe2+ (aq) + Cu (s)


Agente redutor Agente oxidante
Espécie oxidada (Fe). Espécie reduzida (Cu2+).

QUÍMICA 53
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

A carga que o átomo de um elemento tem quando estabelece uma ligação


denomina-se por número de oxidação (n.o.), podendo ser:
Real Formal
Iões em solução. Compostos moleculares
Para determinar o número de oxidação devemos seguir algumas regras:
1. O número de oxidação de cada átomo livre ou substância elementar é
sempre zero.
Ex.: H – n.o. (H) = 0
2. O número de oxidação de um ião monoatómico é igual à sua carga.
Ex.: Na+ – n.o. (Na) = +1
3. O número de oxidação do hidrogénio nas substâncias compostas é +1.
Ex.: NH3 – n.o. (H) = +1
Exceção: na ligação de hidrogénio com metais – hidretos metálicos – o
número de oxidação do hidrogénio é -1.
Ex.: NaH – n.o. (H) = -1
4. O número de oxidação do oxigénio nas substâncias compostas é -2.
Ex.: H2CO3 – n.o. (O) = -2
Exceção: Nos peróxidos o número de oxidação do oxigénio é -1.
Ex.: H2O2 – n.o. (O) = -1
5. A soma dos n.o. de todos os átomos de um composto é 0.
Ex.: H2O – n.o. (H) = +1
2 × n.o. (H) + n.o. (O) = 2 × 1 -2 = 0
n.o. (O) = -2
6. A soma dos números atómicos de todos os átomos de um ião
poliatómico é igual à carga do ião.
Ex.: SO42- - n.o. (S) = +6
n.o. (S) + 4 × n.o. (O) = 6 - 4 × 2 = -2
n.o. (O) = -2
7. Quando ligados a outros elementos, os dos grupos 1 e 2 da tabela
periódica têm número de oxidação +1 e +2, respetivamente.
Ex.: NaH – n.o. (Na) = +1
CaO - n.o. (Ca) = +2
8. O n.o. dos elementos do grupo 17 é -1.
Exceção: Quando ligados ao oxigénio ou entre si, o elemento com o
menor número atómico é o que tem o n.o. igual a -1.
O n.o. do flúor é sempre -1, independentemente da ligação.

QUÍMICA 54
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

Considerando a reação de formação de ferrugem:


redução
n.o. (O) = 0 n.o. (O) = -2 n.o. (H) = +1
2 Fe (s) + O2 (g) + 2 H2O (ℓ) 2 Fe(OH)2 (s)
n.o. (Fe) = 0 n.o. (H) = +1 n.o. (H) = +1 n.o. (Fe) = +2
oxidação

Deve-se sempre ter atenção ao acerto das equações tanto quanto às cargas
elétricas, quer quanto aos átomos.
Os pares conjugados oxidação-redução apresentam-se na forma
oxidante/ redutor.
2.1 Força relativa de oxidantes e redutores
Nem todos os oxidantes e redutores se comportam do mesmo modo.
O poder redutor de um metal Já o poder oxidante de um metal
define a sua capacidade de sofrer é a capacidade da espécie de sofrer
oxidação e, portanto, reduzir outra. redução e, logo, oxidar outra.
Assim, quanto maior o poder redutor de um metal, menor o poder
oxidante do ião do seu par conjugado oxidante/ redutor.
Podemos ordenar os redutores/ oxidantes segundo o seu poder redutor/
oxidante numa série eletroquímica e, a partir dela, concluir se dada reação
irá ocorrer ou não.
Quando um metal se encontra acima de um dado ião metálico na série
eletroquímica, tem capacidade de o reduzir. O contrário não acontece.
2.2. Corrosão
A corrosão consiste na deterioração de metais por processos
eletroquímicos - reações de oxidação-redução, enfraquecendo as estruturas.
Este fenómeno pode ser:
Corrosão eletroquímica Corrosão química Corrosão eletrolítica
Reação com um eletró- Metal é atacado por Aplicação externa de
lito ou atmosfera húmida. agentes químicos. corrente elétrica.
A corrosão tem impacto na economia, segurança e saúde.
3. Soluções e equilíbrio de solubilidade
3.1. Mineralização das águas e processo de dissolução
A salinidade, expressa em partes por mil (%o), corresponde à massa total
(em gramas) de sais dissolvidos por quilograma de água.

QUÍMICA 55
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

A dissolução, ou seja, a mistura de soluto e solvente depende sobretudo


das intensidades relativas das atrações entre as substâncias.
A velocidade de dissolução de um sólido aumenta com:
O estado de divisão do soluto sólido;
O grau de agitação da solução.
3.2. Solubilidade de sais em água
A solvatação consiste no fenómeno em que os iões ficam rodeados por
moléculas de solvente.
Define-se solubilidade (s) como a composição analítica de uma solução
saturada expressa pela proporção soluto por solvente.
Assim, numa solução saturada, a concentração de soluto é igual à
solubilidade. Consoante a concentração de soluto, as soluções também
podem ser:
Não saturadas Sobressaturadas
Não se atinge a concentração de Conseguiu-se dissolver ainda mais
soluto definida pela solubilidade. soluto que a solubilidade indica.
Para distinguir estes tipos de soluções podemos adicionar uma pequena
quantidade de soluto:
Não saturada Saturada Sobressaturada

O soluto adicionado O soluto não se O soluto em excesso


dissolve-se. dissolve. precipita.
3.2.1. Efeito da temperatura na solubilidade
A solubilidade dos sais depende da temperatura.
Geralmente, a solubilidade Contudo, existem casos em que
aumenta com a temperatura. esta diminui com a temperatura.

A dissolução é uma reação A dissolução é uma reação


endotérmica. exotérmica.
3.3. Equilíbrio químico e solubilidade de sais

Em sais pouco solúveis em água ocorre dissolução do sal simultânea-


mente com a sua precipitação. Quando a velocidade de dissociação iguala a
velocidade de precipitação atinge-se o equilíbrio de solubilidade, sendo
heterogéneo dado que se distingue parte sólida e parte líquida.

QUÍMICA 56
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

Neste caso, a constante de equilíbrio denomina-se produto de


solubilidade (KS), que se pode calcular por:
MmAa (s) m M+ (aq) + a A- (aq) KS = [M+]em . [A-]ea
A partir da expressão do produto de solubilidade é possível determinar
a solubilidade do sal em água, sendo que esta relação varia de composto
para composto consoante a proporção entre os iões.
Quando os iões de dois sais estão Contudo, quando a proporção
presentes na mesma proporção, entre os iões é diferente, apenas
podemos comparar a solubilidade a podemos comparar a solubilidade a
partir do valor de KS. partir do valor de s.
3.3.1. Previsão da formação de precipitados
Ao adicionar um sal a água ou ao misturar duas soluções aquosas com
iões, é possível prever a formação de um precipitado. Para tal, devemos:
1. Conhecer as concentrações dos iões em solução;
2. Conhecer o valor do produto de solubilidade (KS);
3. Determinar o quociente de reação (Q);
4. Comparar o quociente de reação (Q) com o produto de solubilidade (KS).
Através dessa comparação, podemos concluir que:
Q < KS Q = KS Q > KS

A solução não está A solução está A solução está


saturada. saturada. sobressaturada

Não há formação de Não há formação de Há formação de


precipitado. precipitado precipitado.
3.4. Alteração da solubilidade dos sais
Para além da temperatura, o produto de solubilidade depende de
fatores como:
Efeito de ião comum;
Adição de soluções ácidas
Formação de iões complexos.
3.4.1. Efeito do ião comum
Para evitar a presença de sais tóxicos, podemos perturbar o equilíbrio
de solubilidade, adicionando uma nova substância que irá conduzir à
formação de precipitado, diminuindo a solubilidade do sal.

QUÍMICA 57
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS

3.4.2. Efeito da adição de soluções ácidas


Ao adicionarmos um ácido forte a uma solução aquosa saturada de um
sal pouco solúvel dá-se a solubilização do precipitado, aumentando a
solubilidade.
3.4.3. Formação de iões complexos
O efeito da adição de uma solução que forma um ião complexo com o
catião do sal resulta na diminuição da concentração do catião, logo
aumento da solubilidade do sal e solubilização do precipitado.
3.5. Desmineralização de águas e precipitação
A dureza total da água deve-se à presença do catião cálcio (Ca2+) e
magnésio (Mg2+) e da sua concentração (mg/ L).
A água dura é indesejável para máquinas de uso doméstico e industrial,
pois levam à formação de incrustações de calcário em tubagens e resistências
elétricas, e diminuem a eficiência dos sabões e detergentes.
A dureza pode ser:
Temporária Permanente
Presença de hidrogenocarbonato. Presença de sais como sulfatos,
Este pode ser eliminado por cloretos e nitratos.
precipitação de carbonato de Estes não podem ser eliminados
cálcio/ magnésio após ebulição. por aquecimento.
O amaciamento é a eliminação da dureza das águas pela remoção de
iões cálcio, magnésio e outros que estejam em excesso, podendo ser por
permuta iónica (substituição dos iões cálcio e magnésio por catiões) ou
precipitação química (precipitação de cálcio e magnésio).

QUÍMICA 58

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