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“Busque Amor novas artes, novo engenho” - Poema de Luís de

Camões
trabalho realizado por: Ana Beatriz; Catarina costa e Filipa Abreu - 11ºG
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!


Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto


onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto


um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
(p.207 manual 10ºano)

• Análise formal
• Estrofes: O poema é constituído por 4 estrofes, das quais as duas
primeiras têm 4 versos, ou seja são quadras, e a segunda e terceira
estrofe consistem em 3 versos cada ( tercetos) o que torna este
poema um soneto por ter como forma 2 quadras e
dois tercetos.
• Rima:
Primeira e segunda estrofe: ABBA
- A- interpoladas: têm 2 ou mais versos entre eles
- B- emparelhadas: rimas em 2 versos seguidos
Terceira e quarta estrofe: CDE
- C, D e E são rimas interpoladas
• Métrica: 10 sílabas métricas em todos os versos ao longo do
poema
exemplo: Bus/que A/mor/ no/va/s ar/tes,/ no/vo en/ge/nho
(a palavra engenho tem a penúltima sílaba como sílaba tónica, portanto a última
sílaba não é contabilizada)

• Análise de conteúdo
• Tema: Amor
• Assunto: Desespero amoroso, angústia, falta de esperança
• Desenvolvimento do assunto pelo poeta: O poeta diz que não lhe
podem ser tiradas quaisquer esperanças no amor, porque nunca as
teve. Refere a perda dessa esperança na vida agitada e finaliza o
soneto exprimindo a incerteza deste sentimento incompreensível.
• Forma como o poema está estruturado:
1ª,2ª e 3ª estrofe: O poeta desafia o Amor a arranjar novas formas
de o mandar a baixo, pois não lhe pode tirar as esperanças que ele
não tem; mostra-se falsamente seguro, com a sua esperança a
afundar-se no mar atribulado da vida.
Ainda assim, o Amor conseguiu atingi-lo e magoá-lo sem que ele
soubesse o motivo.
4ª estrofe: o poeta conclui dizendo que não compreende a sensação
do Amor no seu todo.
• Sentimentos do sujeito poético
O poeta exprime a impossibilidade do seu desgosto amoroso
aumentar, sente se perdido, decepcionado e confuso.
• Conclusão
O sujeito poético conclui que não compreende o sentimento do
amor, nem o motivo de sentir esse "(...) mal, que mata e não se vê"
(v.11)
" um não sei quê, que nasce não sei onde, / vem não sei como, e
dói não sei porquê "

• Análise estilística
• Recursos expressivos
• (V.2) hipérbole: " para matar-me" está a exagerar o conceito de
amor.
• (V.4) ironia: "que mal me tirará o que eu não tenho" não lhe pode
ser retirado algo que ele já não tem.
• (V.5) ironia: "olhai de que esperanças me mantenho!" Ironiza a ideia
de esperança, que já referiu anteriormente que é inexistente.
• (V.6) antítese: " vede que perigosas seguranças" exprime duas
ideias contrárias (perigosas seguranças).
• (V.8) metáfora: "andando em bravo mar, perdido o lenho" o bravo
mar simboliza a vida agitada e o lenho, o navio perdido, simboliza a
esperança perdida.
• (V.11) personificação e antítese: " Amor um mal, que mata e não se
vê"

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