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Palavras10

4.º Teste de avaliação – 10.º ano fevereiro / março

Educação Literária

Grupo I (100 pontos)


A (60 pontos)

Lê atentamente o seguinte texto e consulta as notas apresentadas.

A fermosura desta fresca serra,


e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,


o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza


com tanta variedade nos ofrece,
me está (se não te vejo) magoando.

Sem ti, tudo me enoja1 e m’ avorrece;


sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.

Luís de Camões, Rimas, Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, apresentação de Aníbal Pinto
de Castro, Coimbra: Almedina, 2005, p.184.

1. Explicita a estrutura do soneto, dividindo-o nas suas partes lógicas.


2. Indica os elementos fundamentais da descrição e caracteriza a visão da natureza sugerida
pela descrição.
3. Explica a importância da amada na perceção que o sujeito tem da realidade, justificando o
uso da anáfora no último terceto.

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Entristece. Cf. Nojo, que significa luto.
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B (40 pontos)

4. Escreve uma exposição (120 a 150 palavras) sobre as características da poesia


camoniana, organizando os seguintes tópicos:

 Introdução:
 Poesia camoniana: vertente tradicional, vertente renascentista;
 Desenvolvimento:
 Redondilhas – temas e formas:
 Representação da amada, reflexão sobre o amor, reflexão sobre a
vida pessoal, o tema do desconcerto;
 Vilancetes, cantigas, trovas e esparsas;
 Sonetos: temas e características:
 Representação da amada, representação da natureza, experiência
amorosa e reflexão sobre o amor, reflexão sobre a vida pessoal,
tema do desconcerto, tema da mudança;
 Conclusão:
 Poesia camoniana: canto de grande beleza formal.

Grupo II (50 pontos)


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

Leitura | Gramática

As letras assinadas

No paredão austero da Mundial, onde a prudência administrativa mandou pespegar uma


lápide: “É proibido afixar anúncios nesta propriedade”, um miúdo de metro e meio de altura
escreveu a carvão estas letras infamantes para a higiene do edifício: “Viva o Benfica”.
O miúdo não percebia de leis, pelos vistos. O miúdo não sabia que homens muito sábios,
muito avisados e muito prudentes têm escrito milhares de palavras de ordem – e que essas palavras
e essa ordem foram articuladas para serem rigorosamente cumpridas. O miúdo só sabia que tinha
uma mensagem para dizer, umas palavras que eram a ordem das coisas e a própria expressão do seu
mundo: “Viva o Benfica”. E o miúdo escreveu-as. Em letras grandes, malfeitas, mas grandes e
arrogantes. Limpou as mãos aos calções e ficou a espiar a sua obra. Faltava lá qualquer coisa.
Tornou a pegar no carvão e escreveu: Manel. Responsável pela afirmação, o Manel não quis que ela
ficasse anónima. A sua responsabilidade começou a partir daí. Um polícia aproximou-se
lentamente. Viu tudo. E, como as leis são feitas para se cumprirem, agarrou num braço do Manel. O
Manel, a princípio, ficou surpreendido e perplexo; depois, como ter medo é próprio dos homens, o
medo apareceu-lhe em veios, por todo o corpo, para se exprimir, finalmente, em resistência e em
lágrimas.

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Começou a juntar-se gente. Manel gritava e o polícia manifestava firmeza na mão e


indiferença no olhar. Com razão ou sem ela, a verdade é que as pessoas que formavam roda
penderam em simpatias e inclinações, para o miúdo-pardal-de-telhado que estava à beira de ser
engaiolado. O polícia, certamente, começou a pensar que uma situação absoluta é horrível –
concluindo, para os seus botões de metal, que “nem tanto ao mar nem tanto à terra”, que é um belo
aforismo, muito profundo e muito reverente. Afrouxou a pressão que fazia no braço do Manel.
Afrouxou, também, a tensão que se estabelecera entre as pessoas que miravam a cena. Manel deu
por isso tudo, com os seus olhitos espertos e traquinas. E correu. E escapou-se. Antes, porém, de
virar a esquina, voltou-se para trás e gritou para o polícia:
− Se calhar o sô guarda é do Sporting, não?

Baptista-Bastos, Cidade Diária, Lisboa: Editorial Futura, 1972, p. 22.

1. O título do texto
(A) refere-se à assinatura do rapaz no documento da polícia.
(B) refere-se metaforicamente à expressão que o rapaz escreveu nas paredes de um
edifício.
(C) refere-se à placa “É proibido afixar anúncios nesta propriedade”.
(D) refere-se ao aforismo “nem tanto ao mar nem tanto à terra”.

2. O primeiro parágrafo do texto


(A) utiliza diferentes registos de língua de uma forma irónica.
(B) apresenta um caso digno de queixa judicial.
(C) é um elogio aos apoiantes do futebol.
(D) apresenta aspas para realçar certas expressões.

3. A personagem que é protagonista


(A) é um miúdo adepto do Sporting.
(B) foi preso por um polícia.
(C) assinou o nome do polícia na parede do edifício.
(D) chorou quando foi agarrado pelo polícia.

4. O polícia
(A) era autoritário e frio.
(B) deixou o rapaz fugir deliberadamente.
(C) ficou surpreendido por o rapaz chorar.
(D) era do Sporting.

5. A expressão “miúdo-pardal-de-telhado que estava à beira de ser engaiolado” significa que


(A) o miúdo gostava de andar nos telhados a apanhar pardais.
(B) o menino tinha muitos pardais presos na gaiola.
(C) o rapaz era um jovem inocente, mas irreverente que quase ia preso.
(D) o rapaz foi parar à prisão por ter cometido um crime.

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6. A frase “Limpou as mãos aos calções e ficou a espiar a sua obra.” (l. 9) apresenta
(A) uma oração.
(B) uma oração subordinada e uma oração subordinante.
(C) duas orações coordenadas copulativas.
(D) uma oração coordenada.

7. Na frase “Afrouxou a pressão que fazia no braço do Manel.” (l. 21) a palavra sublinhada é
(A) um pronome relativo.
(B) uma locução subordinativa.
(C) uma conjunção subordinativa.
(D) um pronome interrogativo.

8. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada na frase “Faltava lá


qualquer coisa” (l. 9).
9. Classifica a oração sublinhada: “Responsável pela afirmação, o Manel não quis que ela ficasse
anónima.” (l. 10).
10. Na frase “Afrouxou a pressão que fazia no braço do Manel” (l. 21), transcreve e classifica a
oração subordinada.

Grupo III (50 pontos)


Escrita
Os cartazes fazem parte do nosso quotidiano. Encontrámo-los por toda a parte.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 280 palavras,
apresenta uma exposição sobre a necessidade de restringir a colocação de cartazes a locais
autorizados. Recorre a exemplos que conheças para fundamentares a tua opinião.

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