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Apreciação Crítica

Para fazer a minha apresentação oral optei por analisar um cartoon de um artista
que para muitos de vocês pode ser mais desconhecido, porém possui uma vasta
coleção de obras e de prémios conquistados.
“Desenhar é a minha maneira de expressar a minha opinião e de fazer as
pessoas refletirem sobre questões sociais e políticas”. Esta foi a frase escolhida
por Vasco Gargalo, o criador do cartoon que escolhi. Uma das principais razões
para escolher uma das suas obras é o facto de ter nascido em Vila Franca de Xira,
o que acrescenta um significado especial à minha análise.

O cartoon que selecionei, como já referi, é da autoria de Vasco Gargalo, foi


criado em outubro de 2016 e é intitulado “Exploração Infantil”.

Como podem observar, a ilustração apresenta uma criança ajoelhada, desnutrida


e com um olhar cansado, em uma posição miserável. O jovem encontra-se sobre
uma imponente máquina de costura, ilustrada com o mapa do mundo.
Consegue-se perceber que a criança está a acabar de costurar um vestido
vermelho de uma mulher elegante, em pose graciosa, com as mãos na cintura,
fazendo alusão ao mundo luxuoso da moda. Se nos forcarmos nas tonalidades do
cartoon, evidencia-se uma grande disparidade entre a mulher (destacando-se
pelos tons vibrantes do vestido), enquanto a criança é marcada pelos tons
escuros, sombrios e melancólicos.
Quanto ao simbolismo, a imagem denuncia o desrespeito pelos direitos
humanos, mais propriamente a exploração infantil, que apesar de estar mais
presente em países em desenvolvimento, é uma realidade também em países
desenvolvidos, tal como se pode comprovar no mapa na máquina de costura.
Ao longo de vários séculos, as crianças entre os 5 e os 14 anos trabalhavam em
especial, na agricultura, nas minas e noutros serviços rurais e urbanos, em todas
as partes do Mundo. No entanto, no século XIX estas crianças trabalhavam
especialmente como operárias em fábricas devido à revolução industrial e ao
êxodo rural, que em consequência à miséria da grande parte da população, foi
necessário que todos os membros da família trabalhassem.
Efetivamente, a exploração de crianças ainda persiste em pleno século XXI,
devido à realidade em que em alguns países, as crianças são obrigadas a
contribuir para o sustento da família, em vez de frequentarem a escola tal como
nós, retirando-lhes a liberdade, a inocência e a infância.
O autor reflete, de certa forma, a disparidade económica entre ricos e pobres.
Na economia globalizada dos tempos modernos, simbolizada pela máquina de
costura, o essencial para as grandes empresas multinacionais, é o máximo lucro,
independentemente da condição dos seus empregados e da violação dos direitos
humanos. Assim, em diversos setores comerciais, como a indústria do café, a
produção de chocolate, no campo da tecnologia e, no caso abordado, o setor da
moda, é comum a contratação de mão-de-obra proveniente de países menos
desenvolvidos, inclusive crianças, que são obrigadas a trabalhar, com uma
enorme pressão, sem pausas para descansar, recebendo salários diminutos, tudo
para que os artigos sejam produzidos a um custo mínimo, para aumentar a
margem de lucro.

É notável destacar que este cartoon recebeu um prémio pela sua poderosa
mensagem e sensibilidade em relação à exploração infantil, no concurso
internacional de cartoons sobre escravatura e trabalho forçado, que decorreu no
ano de 2021.

Quero terminar este trabalho, salientando que segundo a OIT, existem 160
milhões de crianças, entre os 5 e os 17 anos, em todo o mundo, que são vítimas
do trabalho infantil. Com o simbolismo desta imagem, percebemos que a
globalização do mundo e da economia, compromete, em muitos casos, o
respeito pelos direitos humanos, a segurança e bem-estar dessas crianças,
tornando-se urgente que a sociedade tome consciência das consequências da
exploração de menores, quer físicas, quer mentais, na vida destes jovens.

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