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Teste de Português - 10° ano

Grupo
A
Leia a cantiga de Nuno Eanes Cerzeo. Se necessário, consulte as notas.

Mia senhor fremosa, direi-vos ua rem:


VóS sodes mia morte e meu mal e meu bem!
E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Vós sodes mia mort'e meu mal, mia senhor,


e quant'eu no mund'hei de bem e de sabor!
E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
Mia mote sodes, que me fazedes morrer!

Mia morte mia coita sodes, nom hái al,


e os vossos olhos mi fazem bem e mal.
E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Senhor, bem me fazem soo de me catar,


pero vem m'en coita grand'; e vos direi ar:
E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, edição coordenada por Graça Videira Lopes,


Vol. 2, Lisboa, BNP/IEM/CESEM, 2016, pp. 167-168
notas
ar (verso 14) - novamente; também.

catar (verso 13) olhar.


en (verso 14) disso; disto.
nom há i al (verso 9) - sem qualquer dúvida.
rem (verso 1) - coisa.

sabor (verso 6) - gosto; prazer; desejo.


soo (verso 13) - só.

1. Apresente três características do poema que permitam identificá-lo como uma cantiga
de amor.

2. Explicite dois dos efeitos que resultam da oposição estabelecida, ao longo do texto,
entre «meu mal» e «meu bem».

3. Analise o sentido das palavras «morte» e «morrer», tal como ocorrem no segundo
conta estereótipos do amor cortes.
verso do refrão, tendo em os
B
Leia a cantiga.

Um cavalo nom comeu


há seis meses, nem
s'ergueu
mais proug'a Deus que choveu,
e creceu erva,
e per cabo si paceu,
e ja se leva!

Seu dono nom Ihi buscou


cevada, nen'o ferrou;
mai'lo bom tempo tornou,
e creceu erva,
e paceus e arribou,
e já se leva!

Seu dono nom Ihi quis dar


cevada, nen'o ferrar
mais, cabo d'um lamaçal",
e creceu erva,
e paceu, arriçou
e já se leva!

João Garcia de Guilhade (CBN 1487, CV 1098)

4.Classifique, justificadamente, o género textual em que se insere a cantiga.

5. Explicite o caráter documental do texto.

Grupo I
Leia o texto que se segue.

O Poeta D. Dinis

proponho é lembrar o rei D. Dinis


como o grande
O que me
reuniu
de uma riquíssima produção lirica que
representante potugus
e distintas origens sociais na
personalidades poéticas de diversos quadrantes E é a
e meio da nossa ldade Média.
Peninsula lbérica, ao longo de um século
de quem há mais de duas décadas procuraa
homenagem modesta, mas sentida,

levantou
pastou
arrebitou
"lamaceiro, charco
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1.1. O objetivo principal do texto transcrito é
A. sublinhar a importância da lirica trovadoresca no Ensino Secundário
B. uma homenagem modesta ao rei D. Dinis
C. evidenciar a dimensão cultural do rei D. Dinis.
D. mostrar a importância do rei D. Dinis como trovador
1.2. As cantigas de D.Dinis revelam
A. esquemas verbais próprios do registo culto.
B. uma multiplicidade de aspetos variados.
C. múltiplas variantes do esquema paralelistico.
D. um pendor satirico acentuado.

1.3. A expressão «alunos do Ensino Secundario e universitários » (. 9-10)


desempenha a função sintática de
A. complemento direto.
B. complemento obliquo.
C. modificador do nome apositivo
D. predicativo do sujeito.

1.4. No contexto em que ocorrem, as expressões "histôria literária" (. 12) e


"composições poéticas" (1.21)
A. pertencem ao mesmo campo semåntico.
B. pertencem ao mesmo campo lexical.
C. estabelecem uma relação de sinonimia.
D. estabelecem uma relação de antonimia.

1.5. O constituinte «o trovador com o maior número de composições


poéticas» (1. 21) desempenha a função sintática de
A. complemento direto.
B. complemento obliquo.
C. complemento indireto.
D. predicativo do sujeito.

1.6. As orações «A sua apetência pela cultura e pelas Letras tinha [.] um
sentido coletivo,| porque D. Dinis não era apenas um aristocrata
letrado» (II. 25-26) são, respetivamente
A. oração coordenadaeoração coordenada explicativa.
B. oração subordinada adverbial causal e oração subordinante.
C. oração subordinante e oração subordinada adverbial final.
D
O
A
5
` L
Sugestão de correção - Lirica trovadoresca - 10° ano, novembro 2019,

Grupo
A
1. As caracteristicas que permitem identificar o poema como uma cantiga de amor
são:
-a apóstrofe «mia senhor» (v. 1 e 5);
-

a voz masculina do sujeito poético;


-

o tema do amor tratado segundo o ideal do amor cortês,


-

uma acentuação dos aspetos contraditórios do sentimento amoroso


- o elogio da dama, caracterizada pelo sujeito poético como «fremosa» (v. 1).

2. Na resposta, devem ser desenvolvidos dois s ópi seguintes, ou outros


igualmente relevantes.
A oposição estabelecida entre «meu mal» e «meu bem» produz os seguintes efeitos
- marcar o tom antitético que, introduzido no verso 2, se manterá ao longo do poema,
- sugerir o sofrimento («meu mal») eo prazer («meu bem») provocados pelo amor

que o sujeito poético sente pela amada;


-

-
expressar a tensão provocada por sentimentos
acentuar a intensidade da paixão amorosa.
contraditórios
3. Na resposta, devem ser desenvolvidos dois dos tópicos seguintes, ou outros
igualmente relevantes.
Tal como ocorrem no segundo verso do refräo, as palavras «morte»e «morrer»
remetem para:
a expressão dos efeitos dolorosos do sentimento
-

amoroso
a sugestão de que a morte é consequência inevitável da «coita» (vv. 9 e 14)
a representação poética da intensidade da paixão despertada pela «senhor»;
-

a manifestação de um amor intenso, embora impossivel.

Todos estes aspetos integram o código amoroso do amor cortês.

4. A cantiga satirica em análise é uma cantiga de escárnio, uma vez que não há
identificação do sujeito criticado, sendo este apenas referido como "seu dono".

5. Esta cantiga retrata a situaçãode breza envergonhada a que muitos nobres


chegaram nessa época. Não querendo assumir as suas dificuldades económicase
querendo manter a aparência de senhores ricos, muitos condenavam à miséria e à
fome servos e animais. Na cantiga em apreço é narrada uma pequena história
exemplificativa da miséria encoberta e da pelintrice da pequena nobreza ( um cavalo
foi maltratado pelo seu dono, que não Ihe deu de comer nem o ferrou durante seis
meses, o que o tornou de tal modo fraco e débil que nem se conseguia levantar. A
situação, no entanto, alterou-se, porque choveu, o pasto cresceu, o cavalo comeu e
agora já "se leva".)

Grupo
1.1 C; 1.2 B; 1.3 C;1.4 B; 1.5 D; 1.6 D; 1.7 A

2.1-a)sincope do "g" e sinérese de "ee" em "ei".


un6
eu
CO

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