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Ondados fios d’ouro reluzente

Francisca Martins Nº 7 - Sara Nuno Nº24


ÍNDICE

01 02 03 04
Poema Tema/Assunto
Biografia de Camões Estrutura externa

05 06 07 08
Influências
Estrutura interna Análise linguística Apreciação Crítica
09 10
Questões Webgrafia
Luís
Vaz de
Camões
Nascimento: 1524/1525 (?), Lisboa Falecimento:
10 de junho de 1580, Lisboa
Principais Obras:
- Os Lusídas (1572)
- Anfitriões (1587)
- Rimas (1595)
Ondados fios d’ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzente,

Que agora da mão bela recolhidos, Honesto riso, que entre a mor fineza

Agora sobre as rosas estendidos De perlas e corais nasce e parece,

Fazeis que sua graça se acrecente; Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!

Olhos, que vos moveis tão docemente, Se imaginando só tanta beleza,

Em mil divinos raios encendidos, De si, em nova glória, a alma se esquece,

Se de cá me levais alma e sentidos, Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!

Que fora, se de vós não fora ausente?


Tema/Assunto
TEMA ASSUNTO
Representação da mulher Neste poema o sujeito
amada poético descreve as
qualidades físicas e
psicológicas da mulher
amada, cuja beleza, só
imaginada, o leva à total
rendição.
Análise da estrutura externa
● Este poema é um soneto, pois é constituído por catorze versos distribuídos por duas quadras e

dois tercetos; o último terceto é também chamado de chave d’ouro


● Os versos são decassílabos, ou seja, apresentam 10 sílabas métricas

Ex: “On | da | dos| fi | os | d’ou | ro | re | lu | zen | te”

x x x
“que a | go | ra| da | mão | be | la | re | co | lhi | dos”

“a | go | ra | so | bre as | ro | sas | es | ten | di | dos”

x
“Ho | nes | to | ri | so, | que en | tre a | mor | fi | ne | za”
Análise da estrutura externa
a Ondados fios de ouro reluzente, c Honesto riso, que entre a mor fineza

b Que agora da mão bela recolhidos, d De perlas e corais nasce e parece,

b Agora sobre as rosas estendidos e Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!

a Fazeis que sua graça se acrecente;

c Se imaginando só tanta beleza,

a Olhos, que vos moveis tão docemente, d De si, em nova glória, a alma se esquece,

b Em mil divinos raios encendidos, e Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!

b Se de cá me levais alma e sentidos, Nas quadras: rima interpolada e emparelhada


Nos tercetos: rima sempre interpolada
a Que fora, se de vós não fora ausente?
Análise da Estrutura Interna
1ª Parte
Ondados fios de ouro reluzente,
Que agora da mão bela recolhidos,
Agora sobre as rosas estendidos
Fazeis que sua graça se acrecente; Descrição das características
físicas e psicológicas da mulher
amada e o efeito que esta beleza
Olhos, que vos moveis tão docemente,
causa no “eu”.
Em mil divinos raios encendidos,
Se de cá me levais alma e sentidos,
Que fora, se de vós não fora ausente?

Honesto riso, que entre a mor fineza

De perlas e corais nasce e parece,

Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!


Análise da Estrutura Interna
Chave D’ouro:
conclusão
2ª Parte

Se imaginando só tanta beleza,


Consciente de que a beleza só
De si, em nova glória, a alma se esquece, imaginada influencia
Que fará quando a vir? Ah! quem a visse! profundamente o seu sentir, o
“eu” expressa, então, o desejo
de a poder ver, de modo a
Nota: relação percecionar o efeito que tal
causa/efeito visão provocaria nele.
entre partes
Apóstrofe: Análise da estrutura interna
O sujeito
poético interpela
os cabelos
Caracterização dos cabelos através da metáfora

Ondados fios de ouro reluzente,


Caracterização da mão / Delicadeza com recurso à
adjetivação
Que agora da mão bela recolhidos,
Referência à face rosada através do uso da
Agora sobre as rosas estendidos metáfora |comprimento dos cabelos|

A beleza e graciosidade da figura feminina torna-se


Fazeis que sua graça se acrescente; mais intensa devido aos ondados fios

Nota: Qualidades da mulher petrarquista (beleza, delicadeza, graciosidade)


Análise da estrutura interna

Apóstrofe
Marcas de 2ª
O sujeito Ondados fios de ouro reluzente, pessoa
poético interpela
(dirige-se aos
os cabelos
ondados fios)
Que agora da mão bela recolhidos,

Agora sobre as rosas estendidos Dinamismo dos


cabelos é conseguido
através da anáfora
Fazeis que sua graça se acrescente;
Apóstrofe- o “eu” Análise da estrutura interna
interpela os olhos
Caracterização psicológica, mulher serena/doce
(traços da mulher petrarquista)
Olhos, que vos moveis tão docemente,
Olhos brilhantes - hipérbole salienta a
vivacidade do olhar, enfatizando a natureza
Em mil divinos raios encendidos,
divina da mulher

Efeito dos olhos no eu: os olhos levem-no à


Se de cá me levais alma e sentidos,
rendição total, anulando-se por completo

Interrogação retórica- o eu lírico questiona-se


Que fora, se de vós não fora ausente? quanto ao poder que estes “olhos” exerceriam
Leva o leitor a aperceber-se
de que este retrato é fruto sobre ele, caso estivessem presentes, ou seja, no
da imaginação do sujeito caso de a senhora se encontrasse perante si
Análise da estrutura interna

Apóstrofe- o sujeito
Marcas de
poético interpela os
olhos, do seu ideal
Olhos, que vos moveis tão docemente, 2ª pessoa
(dirige-se
platónico, os
aos olhos)
responsáveis pela
paixão que sente Em mil divinos raios encendidos,

Marca de
Se de cá me levais alma e sentidos, 1ª pessoa
(eu lírico)

Que fora, se de vós não fora ausente?


Hipálage- atribui
uma característica da Análise da estrutura interna
figura feminina (a
sua honestidade), ao
seu sorriso Caracteriza não só a simpatia da mulher amada
mas também a sua honestidade (características
psicológicas)
Honesto riso, que entre a mor fineza
Metáfora- dentes e lábios
De perlas e corais nasce e parece, - expressão do sorriso

Caracterização psicológica, suavidade do


Se n'alma em doces ecos não o ouvisse! sorriso que se mantém no “eu”, através do
eco da voz suave
Frase exclamativa: traduz a emotividade e
envolvimento amoroso do “eu”
Análise da estrutura interna

Chave D’ouro:
conclusão

Frase com valor condicional: realça a natureza


idealizada do retrato, isto é, toda a descrição da
figura feminina foi fruto da imaginação do eu.

Se imaginando só tanta beleza,


Análise da estrutura interna

Efeito que a imagem desta mulher ideal exerce


no “eu”- submissão e anulação
Hipérbato: realça esse efeito
Hipálage: é o sujeito (a alma esquece-se de si, em nova glória)
De si, em nova glória, ase esquece
alma de si
se esquece,
Análise da estrutura interna

Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!

Interrogação retórica: traduz a dúvida do sujeito poético


quanto ao efeito da beleza da mulher amada se tivesse a
possibilidade de a ver
Interjeição: “Ah” / Frase exclamativa:“Quem a visse!”-
revelam o desejo do “eu” em ver a mulher idealizada.
Porém, o uso da forma verbal “visse”, conjugada no
pretérito imperfeito do conjuntivo, anuncia já
impossibilidade de alcançar esse querer, pois trata-se de
uma mulher inalcançável
Análise Linguística
● Este soneto apresenta uma linguagem cuidada/culta e poética: uso de recursos

expressivos; anteposição de adjetivos aos nomes (“Ondados fios”; “Honesto riso”)

● O recurso à enumeração, à adjetivação expressiva, ao encavalgamento (vv. 9 e 10), ao

uso das reticências, tal como aos versos decassílabos, contribuem para um ritmo lento do

poema.

● Pontualmente, graças ao uso da interrogação retórica ( vv.8 e 14: “Que fora, se de vós não

fora ausente?” e “Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!”), verifica-se um ritmo mais

acelerado - traduz a ansiedade e o desejo do “eu”.


Influências
Influência da medida nova, lírica renascentista

● Utilização do soneto, com versos decassílabos; o último terceto assume-se como


chave d’ouro, pois sintetiza a mensagem desenvolvida
● Idealização da mulher - amor idealizado, espiritual
● Retrato da mulher, segundo o ideal petrarquista: a mulher perfeita, quase divinal,
em que a referência às qualidades físicas servem para apresentar as características
psicológicas
● Mulher inacessível e intocável, pois é fruto da imaginação/idealização
● Mulher como ser superior
Questões
1. Explica se neste poema o sujeito poético descreve o ideal de mulher, tendo em
conta as características petrarquistas.
2. Explica o sentido da pergunta feita pelo sujeito poético na segunda quadra.
3. Identifica o elemento natural que é usado pelo sujeito poético para se referir às
“faces”.
3.1 Refere o recurso expressivo usado e o seu valor expressivo.
4. Os lábios e os dentes são representados de uma forma poética, explica de que
forma?
5. Explicita o desejo do sujeito poético no final do poema.
Cenários de resposta
1. Com efeito, o sujeito poético descreve a figura
feminina, salientando nela os traços de influência 2. Através da interrogação retórica-
petrarquista: “Que for a, se de vós não fora
-mulher perfeita a nível físico: cabelos louros ondulados; ausente?”, o sujeito poético salienta
faces rosadas; pele branca; dentes brancos e perfeitos; o grande poder que a mulher
lábios rosados/avermelhados e mão bela e delicada; amada, embora longe, exerce sobre
-a nível psicológico: os olhos e o sorriso estão ao serviço ele. Por isso, questiona-se quanto ao
da caracterização psicológica- doçura, suavidade, que aconteceria se ela estivesse
vivacidade e graciosidade dos olhos; honestidade e presente.
simpatia do sorriso;
-mulher idealizada de natureza espiritual/platónico e por
isso mulher inacessível.
Cenários de resposta
3. De modo a realçar o rosado das faces, o sujeito recorre
à metáfora “rosas”. 5. No final do poema, recorrendo à
3.1. Através da metáfora “rosas”, o sujeito poético realça interjeição - “AH!” - e à frase exclamativa
a beleza extrema da figura feminina, fazendo sobressair o – “Quem a visse” -, o sujeito exprime o
rosado das faces sobre a pele branca do rosto – desejo de ver a mulher amada para
características da mulher petrarquista. percecionar ou sentir os efeitos que a
sua presença poderia provocar nele.
4. Através das metáforas (“corais” e “perlas”): os “corais” Note-se que o uso do pretérito
remetem para a cor rosada/avermelhada dos lábios e as imperfeito do conjuntivo -“visse -
“perlas” para a beleza, brancura e perfeição dos dentes reforça, do mesmo modo, essa vontade
da mulher amada. do “eu”, mas deixando perceber alguma
incerteza quanto à concretização de tal
querer.
Apreciação crítica
Tal como fomos observando, neste soneto, género literário da corrente renascentista,
Camões desenha o retrato da mulher amada, segundo a cânones (normas, valores,
princípios) clássicos de influência petrarquista. Note-se que a figura feminina descrita a
nível físico - cabelos “d’ouro”, olhos …, faces, dentes, lábios- e a nível psicológico-
graciosa, doce, honesta- de forma harmoniosa e equilibrada. Eis, pois, a exaltação da
mulher idealizada, perfeita, que tem o poder de transformar a alma do “eu”- “de si em
nova glória, a alma se esquece”.
Nesta composição, Camões desenha com encanto e graciosidade a mulher inalcançável
e etérea que representa o vivo quadro renascentista.
Webgrafia

01
PPT disponibilizados pela
professora

02
Escola virtual,
Porto Editora

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