O documento discute as duas representações da mulher na poesia de Luís de Camões: 1) A mulher petrarquista, idealizada e inacessível, que inspira vassalagem; 2) A imagem realista da mulher, associada à paixão carnal e determinada a lutar pelos seus interesses. Exemplos de cada tipo são dados, como Helena em "A verdura amena" e a descrição física e psicológica da amada nos poemas.
O documento discute as duas representações da mulher na poesia de Luís de Camões: 1) A mulher petrarquista, idealizada e inacessível, que inspira vassalagem; 2) A imagem realista da mulher, associada à paixão carnal e determinada a lutar pelos seus interesses. Exemplos de cada tipo são dados, como Helena em "A verdura amena" e a descrição física e psicológica da amada nos poemas.
O documento discute as duas representações da mulher na poesia de Luís de Camões: 1) A mulher petrarquista, idealizada e inacessível, que inspira vassalagem; 2) A imagem realista da mulher, associada à paixão carnal e determinada a lutar pelos seus interesses. Exemplos de cada tipo são dados, como Helena em "A verdura amena" e a descrição física e psicológica da amada nos poemas.
Na lírica camoniana existe um óbvio contraste entre dois tipos de
mulher: uma imagem realista e uma segunda imagem, a mulher petrarquista. A representação da amada nos poemas de Camões aparece tanto nas redondilhas como nos sonetos que representam retratos físicos e psicológicos da mulher. Estes tipos de mulher são as antíteses características das obras de Camões: a mitologia e o cristianismo; a alegria e a angústia; a paixão carnal e o idealismo amoroso. A mulher petrarquista é a mulher idealizada, associada ao idealismo amoroso. Neste ideal, Camões segue as ideias de Francesco Petrarca (1304 - 1374), poeta italiano. Esta mulher é profundamente associada ao espiritualismo e impõe um modelo feminino absolutamente inacessível, intocável, impalpável, que irradia serenidade e harmonia e que é retratada como um símbolo de perfeição. Um dos exemplos de mulher petrarquista na lírica camoniana é no poema “Um mover d’olhos, brando e piadoso” pois no verso 10 o autor a descreve com “um ar sereno”, sendo a serenidade uma das características desta mulher. Também o facto de este a descrever como a “minha Circe” no verso 13, enquadra-se nos ideais de mulher petrarquista, pois Circe era uma figura da mitologia Grega conhecida como sendo a mulher mais bela do mundo com o poder de atrair qualquer homem que a desejasse. Esta representação da mulher na lírica camoniana está também relacionada com a vassalagem e a submissão, pois vai de encontro a sua característica de inacessibilidade. Ela é intocável tornando assim os homens que a desejam, seus vassalos, seus submissos. A mulher petrarquista é também caracterizada com a capacidade de influenciar positivamente a natureza. Por isso é que um dos exemplos desta mulher nos poemas de Camões se encontra no poema “A verdura amena”. Helena é retratada como a razão dos gados pastarem, dos ventos serenarem e de a partir de espinhos se formarem flores, sendo este um indubitável impacto positivo na natureza. Helena é também a razão de vassalagem de homens e do próprio cupido, encaixando assim em mais um aspeto da mulher petrarquista “Os corações prende/ com graça inhumana/ de cada pestana/ uma alma lhe prende./ Amor se lhe rende,/ e, posto em giolhos,/ pasma nos seus olhos” v.v. 18-24 Dito isto, a segunda representação é a imagem realista. É uma mulher terrena, modelada perante o qual o homem se sente irresistivelmente atraído, deste modo estando associada à paixão carnal. São mulheres apaixonadas, alegres, determinadas a lutar pelos seus interesses e os seus sentimentos. Esta representação de mulher é a prova que nem sempre na poesia de Luís de Camões, a mulher aparece idealizada.