Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de
pensar
• Recurso
aos
símbolos
tradicionais:
• A
imagem-‐símbolo
do
gato,
que
de
forma
insAnAva
e
natural,
brinca
na
rua;
Gato
que
brincas
na
rua
Comparação
-‐
«Gato
que
brincas
na
rua/Como
se
fosse
na
tua
cama»
Como
se
fosse
na
cama,
-‐
reforça
a
autenAcidade,
simplicidade,
inconsciência
e
ingenuidade
Invejo
a
sorte
que
é
tua
do
gato.
Porque
nem
sorte
se
chama.
Bom
servo
das
leis
fatais
Aliteração
-‐
«E
sentes
só
o
que
sentes»
e
«És
feliz
porque
és
assim»
-‐
Que
regem
pedras
e
gentes,
intensifica
a
capacidade
de
senAr
do
gato
e
a
sua
própria
Que
tens
insAntos
gerais
inconsciência;
reforça
a
felicidade
do
gato,
assim
como
a
sua
E
sentes
só
o
que
sentes.
inconsciência.
És
feliz
porque
és
assim,
Todo
o
nada
que
és
é
teu
Eu
vejo-‐me
e
estou
sem
mim,
Conheço-‐me
e
não
sou
eu.
Valor
da
úl3ma
estrofe
na
construção
de
sen3dos
do
poema
m
Após
a
descrição
da
vida
do
gato,
o
sujeito
poéAco
concluiu
que
o
felino
é
feliz
porque
não
pensa
na
vida
e
nada
possui,
uma
vez
que
é
inconsciente
perante
a
sua
existência.
Já
o
sujeito
poéAco,
que
é
consciente
de
si,
inveja
o
gato
devido
à
sua
inconsciência,
pois
ele,
que
é
consciente
e
pensa
a
vida,
não
se
consegue
ver,
nem
conhecer,
o
que
revela
auto-‐
conhecimento
e
perda
de
idenAdade,
pois
conhecendo-‐se
quesAona
a
sua
própria
idenAdade,
o
que
o
leva
à
dor
de
pensar.
Na
temáAca
pessoana
dor
de
pensar
surge
a
condenação
de
se
ser
lúcido
e
a
impossibilidade
de
viver
simplesmente
e
inconsciente
perante
a
fragilidade
da
vida
e
inexorabilidade
da
morte.
O
desejo
de
a3ngir
a
inconsciência,
para
ser
feliz,
está
expresso
em
«Ela
canta,
pobre
ceifeira»
e
«Gato
que
brincas
na
rua»,
que
espelham
a
inveja
que
sente
dos
seres
comuns,
ansiando
«ter
a
[sua]
alegre
inconsciência,»,
mas
«a
consciência
disso!»,
o
que
se
revela
um
paradoxo
que
lhe
impossibilita
usufruir
da
vida
que
«é
tão
breve».
É
o
facto
de
analisar
e
intelectualizar
tudo,
«o
que
em
mim
sente
stá
pensando»,
e
não
«[senAr]
só
o
que
[sente]»,
revelador
da
dialécAca
senAr/pensar,
que
provoca
a
dor
de
pensar
e
a
dúvida
sobre
a
u3lidade
do
pensamento,
chegando
mesmo
a
provocar-‐lhe
uma
profunda
angús3a
existencial,
afirmando
«Conheço-‐me
e
não
sou
eu».
Concluindo,
Pessoa,
condenado
à
dor
de
pensar,
apercebe-‐se
que
não
consegue
alcançar
a
inconsciência
desejada,
o
que
lhe
causa
sofrimento,
restando-‐lhe,
apenas,
a
certeza
da
efemeridade
da
vida
na
«terra»
e
impossibilidade
de
a
usufruir.