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GIL VICENTE

Recursos expressivos
GIL VICENTE | Recursos expressivos

Observação
Observa o enunciado:

(…)Entra hum Diabo com ũa tendinha


diante de si, como bufarinheiro, e diz:
Eu bem me posso gabar,
e cada vez que quiser,
que na feira onde eu entrar
sempre tenho que vender,
e acho quem me comprar. (…)
Gil Vicente, Auto da Feira.
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Informação / regra
No enunciado anterior, a personagem Diabo apresenta-se como
um vendedor numa feira também ela alegórica, simbolizando a
grande mercado da vida, onde tudo se negoceia, desde as
virtudes aos melões e onde personagens alegóricas como Roma
querem comprar paz a troco de indulgências (perdão do pecado
cometido a troco de pagamento).

Etimologicamente, alegoria pressupõe a representação de um


conceito ou de uma abstração. Utiliza-se para dizer uma coisa por
outra, para representar o abstrato através do concreto, muitas
vezes a partir de uma acumulação de metáforas.
(cf. as personagens Anjo e Diabo de Auto da Barca do Inferno)
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Observação
Observa o enunciado:

(…)
Inês:
Coitada, assi hei-de estar
encerrada nesta casa
como panela sem asa (…)
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira.
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Informação / regra
Verifica que, no enunciado anterior, Inês, lamentando a sua
condição de rapariga que deve ter uma vida regatada de
trabalho doméstico, se compara a uma panela sem asa,
objeto sem préstimo.

Comparação
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Observação
Observa o enunciado:
(…)
Inês:
E assi hei-de estar cativa
em poder de desfiados? (…)
Hui! e que pecado é o meu,
ou que dor de coração? (…)
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira.
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Informação / regra
Inês sozinha em palco, ao longo do seu monólogo inicial, coloca
várias perguntas que não espera que sejam respondidas, uma
vez que não há qualquer interlocutor presente. Através da
colocação desta interrogação pretende chamar a atenção para
o facto de que não merece viver encarcerada em casa a
trabalhar.
Pergunta retórica que confere ênfase ao lamento de Inês.

Interrogação retórica
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Observação
Observa o enunciado:
(…)
Mãe:
Logo eu adivinhei
lá na missa onde eu estava,
como a minha Inês lavrava
a tarefa que eu lhe dei…(…)
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira.
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Informação / regra
A Mãe, nesta fala, diz o contrário daquilo que pensa. O que a
Mãe pretende dizer é que já sabia que a filha não estaria a
trabalhar como lhe tinha pedido. A Mãe tece este comentário
porque não gostou de chegar a casa e verificar que a filha não
tinha cumprido a tarefa que lhe tinha sido indicada.

Ironia
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Observação
Observa o enunciado:
(…)
Inês:
Praza a Deus que algum quebranto
Me tire de cativeiro. (…)
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira.
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Informação / regra
Com esta fala, Inês faz uma associação entre a vida que leva sempre
em casa a trabalhar com a vida de um prisioneiro em cativeiro.

CASA PRISÃO
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Informação / regra
Metáfora
É o recurso expressivo mais importante, que consiste na fusão de
duas realidades diferentes que são assemelhadas, atribuindo-se à
primeira uma qualidade pertencente à segunda.
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Observação
Observa o enunciado:
(…)
Escudeiro (acerca do Moço):
Fui despedir um rapaz
que valia Perpinhão,
por tomar este ladrão. (…)
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira.
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Informação / regra
Nesta fala, o Escudeiro refere-se ao Moço de forma depreciativa,
dizendo que despediu um criado anterior com muito mais valor
e qualidades para ficar com este e ficou mal servido. Para referir
algo de valioso, refere-se a Perpinhão, uma praça muito
disputada no século XV.

PERPINHÃO ALGO VALIOSO


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Informação / regra
Recurso expressivo que se caracteriza pela atribuição a uma
coisa do nome de outra, devido a uma relação de contiguidade.

Metonímia
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Aplicação
Identifica os recursos expressivos:
1. Mãe: Sempre tu hás-de bailar,/e sempre ele há-de tanger?

2. Inês: Fresco vinha aí o presente/com folhinhas borrifadas!

3. Mãe: Agora vos digo eu/que Inês está no Paraíso!

4. Moço: Esta carta vem d’Além,/ creio que é de meu senhor.

5. Inês: Sobre quantos mestres são/experiência dá lição.


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Solução
Identifica os recursos expressivos:
1. Interrogação retórica.

2. Ironia.

3. Metáfora.

4. Metonímia.

5. Metáfora.
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