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Crónica

-> texto de natureza historiográfica dedicado ao registo dos acontecimentos


respeitantes a um determinado reinado

Fernão Lopes
-> 1380/1390, Lisboa
-> cronista

Crónica de D. João I __________________________________


-> redigida por Fernão Lopes, entre 1434 e 1443
-> registo/narração dos acontecimentos marcantes do reinado de D. João I ,
desde o momento em que, ainda Mestre de Avis, é apoiado por parte da
população portuguesa durante a crise de sucessão verificada
após a morte de D. Fernando, até ao estabelecimento de paz com Castela

Personagens -> individuais - Mestre de Avis/D. João I , D. Leonor Teles,


Conde Andeiro…
-> coletivas - povo de Lisboa

Cap. 115 Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender, quando el-Rei de
Castela pôs cerco sobr'ela.
Descreve a forma como a cidade de Lisboa se organizou para resistir ao
cerco castelhano, salientando o esforço e a coragem determinantes para o
sucesso da defesa da capital :
-> apresentando as estratégias para a recolha e o armazenamento de
mantimentos, recorrendo ao rio Tejo, o reforço das muralhas da cidade e
as armas utilizadas na sua proteção
-> explicando o sistema de vigilância implementado na cidade, com a atribuição
de quadrilhas (partes da muralha) a «fidalgos e cidadãos honrados»
incumbidos de garantir a sua guarda

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-> realçando a disponibilidade, o empenho e a determinação com que todos os
habitantes da capital acorriam quando eram chamados (através dos sinos) a
intervir nas manobras de defesa da cidade, em momentos de afirmação da
consciência coletiva que evidenciam a vontade comum de
garantir a independência

Texto Dramático
-> composição textual, com uma organização especial, pois destina-se
a ser representado

Estrutura externa
-> atos - grandes núcleos de ação que se distinguem por uma
pausa na representação; dividem-se em cenas
-> cenas - começam e acabam com a entrada e a saída das personagens
da ação

Texto principal e secundário


-> texto principal - falas das personagens
-> texto secundário - indicações cénicas/didascálias
- geralmente entre parênteses e em itálico
- indicações sobre vários aspetos para a peça ser
representada da forma como o dramaturgo a idealizou

Estrutura interna
-> exposição - fase inicial em que se faz a apresentação das personagens e
dos antecedentes da ação
-> conflito - sucessão de acontecimentos que constituem a ação
-> desenlace - parte final que contém o desfecho feliz ou infeliz da ação dramática

Tipos de cómico
-> cómico de linguagem - o vocabulário e o tipo de discurso criam o riso
-> cómico de carácter - a maneira de ser e de se apresentar criam o riso
-> cómico de situação - o que faz e as circunstâncias da sua atuação criam o riso

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Caracterização direta e indireta
-> direta - feita através da enumeração direta dos aspetos da personagem,
através de palavras da personagem sobre si própria,
de outras personagens ou indicações das didascálias
-> indireta - deduzida pelo leitor ou pelo espetador através dos
comportamentos e atitudes de uma personagem

Gil Vicente
-> 1465, Guimarães - 1536, poeta dramaturgo português
-> foi famoso como ourives, atraindo, com a sua obra, a atenção da rainha Leonor,
que se tornou sua protetora
-> 1.ª peça, em 1502 - Auto da Visitação - para celebração do nascimento do
filho da rainha
-> esteve 35 na corte, onde escreveu 50 peças
-> usava a língua do povo, a língua de transição entre a arcaica e a clássica
-> em 1562, o seu filho, Luís, fez a Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente
-> obra vicentina - autos : carácter religioso, Auto da Barca do Inferno
- farsas : carácter profano, Farsa de Inês Pereira

A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente ______________________


Inês Pereira, uma jovem caprichosa e ambiciosa, vê-se pressionada a casar com
Pêro Marques, lavrador simples e sem cultura, mas está encantada pelo galante
combatente Brás da Mata. É neste momento de escolha de pretendentes (e suas
consequências) que se centra a mais famosa farsa escrita por Gil Vicente e, sem
dúvida, uma das mais divertidas e satíricas da vida quotidiana do seu tempo.

-> foi feita para Gil Vicente se defender das acusações de plágio feitas por sábios
-> tem como tema um provérbio popular :
Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube.
Pêro Marques aceda Escudeiro a maltrate,
às suas lhe tire a
vontades liberdade

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-> na Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente, o título que surge é
Auto de Inês Pereira, devido a, na Idade Média, o termo “auto” se aplicar
a qualquer peça de teatro
-> tinha como objetivo divertir o rei, a sua família e os cortesãos, sendo
Gil Vicente um artista da corte

● Linguagem
-> língua em transição entre o português antigo e o clássico, com
arcaísmos medievais a par de inovações renascentistas
-> adequação da linguagem aos grupos sociais intervenientes

● Caracterização das personagens


Inês Pereira - protagonista
-> caracterização social - rapariga do povo que pretende arranjar um marido
-> autocaracterização psicológica - insatisfeita com a vida de solteira
- ambiciosa e revoltada
- deseja mais liberdade e divertimento
- desejosa de mudança e determinada em
sair da “prisão”, a sua casa
-> caracterização física - jovem em idade de casar

Pêro Marques - protagonista


-> pretendente de Inês
-> caracterização social - homem do campo, rústico
-> caracterização psicológica - respeitador, carinhoso, apaixonado
- ingénuo, ignorante, estúpido
-> heterocaracterização (por Inês) - rude, deselegante, e tosco, ao apresentar-se
-> relação entre personagens - ​interesse por Inês
- desdém e postura trocista de Inês por ele

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Mãe de Inês - personagem secundária
-> representa um grupo social ; mulher do povo que educa sozinha a filha
-> caracterização psicológica - controladora
- preocupada, autoritária e rígida
- realista (conhece a filha que tem)
- conselheira, amiga, sincera, provocadora
Lianor Vaz - personagem secundária
-> alcoviteira (casamenteira)
-> caracterização psicológica - honesta, bem‑intencionada e sincera
- valoriza o seu trabalho
-> relação entre personagens - procura um marido para Inês
- a mãe pretende que a filha arranje um bom partido
- Inês só casará com alguém inteligente e bem‑falante

Por outro lado, tratando-se de um texto literário, está permeado de


recursos expressivos que lhe conferem novos sentidos, para além do óbvio.
Ironia -> manifestação através da qual se dá a entender o contrário do que se diz
Comparação -> relação de semelhança entre duas entidades/realidades,
estabelecida por uma expressão comparativa
Interrogação -> formulação de uma pergunta para a qual, na verdade, não
retórica se pretende uma resposta, apenas dar ênfase ao que se enuncia

● Natureza e estrutura da obra : a farsa

Características do género farsa Farsa de Inês Pereira


- não é muito extenso (1116 versos)
Curta extensão – normalmente,
- não está dividido nem em atos nem em cenas,
a peça apresenta apenas um
embora exista uma estrutura tripartida
ato e não tem divisão cénica
(introdução, desenvolvimento, conclusão)

Representação de cenas da - através da sátira, apresenta várias


vida profana através da sátira cenas da vida profana, como :

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. a realização de trabalhos domésticos, como
a costura, atividade de que Inês não gosta
. a intervenção de uma alcoviteira, que dá a
conhecer a Inês Pereira um possível marido,
Pêro Marques
. o casamento de Inês Pereira com o
Escudeiro e os festejos ocorridos
. a ida do Escudeiro para a guerra
. o casamento de Inês Pereira com o
lavrador Pêro Marques

- estas cenas retratam a vida quotidiana daquela


época, principalmente a de figuras que se
enquadram no ambiente popular :
Reprodução do ambiente
- a Mãe de Inês Pereira é referida como uma
popular da época e de
mulher de baixa sorte e as restantes
flagrantes da vida quotidiana
personagens integram-se nesse ambiente (a
Alcoviteira, os Judeus, o Lavrador, o Escudeiro, o
Moço, o Ermitão)

- revela um conflito entre forças opostas,


entre mãe e filha :
Apresentação de um conflito . Inês Pereira, uma jovem “muito fantesiosa”,
entre forças opostas, no deseja casar com um “homem discreto” e
âmbito das relações sociais “que saiba tanger viola”
(pais/filhos; amos e criados; . a Mãe, mais experiente, deixa-lhe alguns
marido e mulher) conselhos: “Não te apresses tu, Inês, / maior
é o ano qu' o mês”; “Muitas vezes, mal
pecado, / é melhor boa simpreza”.

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Estrutura que pode ir da mais - a intriga desta peça tem um princípio, um meio e
simples intriga à justaposição um fim, sendo, por isso, mais complexa, quando
de episódios, ou até uma comparada com a de outras farsas
intriga mais complexa com - podemos reconstituir toda uma história e não
princípio, meio e fim apenas um episódio

Número reduzido de - em cena, há número reduzido de personagens


personagens – podendo estas - algumas são consideradas personagens-tipo :
ser o retrato vivo de certos personagens que representam as características
tipos ou personagens que de um determinado grupo social e/ou profissional
apresentam já uma vivência - como a Alcoviteira
psicológica acentuada

● Atualidade da crítica social na farsa


-> dissimulação e hipocrisia de Lianor Vaz, do Escudeiro e do Ermitão
-> ambição, materialismo e desrespeito, espelho da dissolução de
costumes da sociedade
-> falta de liberdade e de direitos da mulher num casamento visto como um negócio
-> conflito de gerações na relação entre mãe e filha

Análise da parte do 1.º protagonista (vv. 258 - 373)


Pêro Marques
-> rude cómico de carácter :
-> bem intencionado —---> - postura inadequada
-> ingénuo - falas e comportamentos
-> pouco instruído

Inês Pereira Mãe de Inês


-> irónica -> interesseira
-> atrevida e maliciosa -> esperta

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Exposição _________________________________________
-> texto de caráter demonstrativo, oral ou escrito, que responde ao “como” e
“porquê”, apresentando sempre provas exemplificativas; pretende-se, através da
fundamentação das ideias, explicar um tema de forma objetiva e concisa

Intenção comunicativa
-> divulgar informação sobre o tema, baseando-se em explicações fundamentais

Estrutura
-> título e corpo de texto
-> introdução - apresentação do tema : concisão e objetividade na
delimitação do tema
-> desenvolvimento - fundamentação das ideias e confirmação : isto é, quer dizer,
a saber, nomeadamente, como é o caso de, em particular
-> conclusão - retoma do que já foi dito : concluindo, em suma, para finalizar

Linguagem
-> discurso sem ambiguação, opinião clara
-> linguagem valorativa
-> recursos expressivos
-> argumentos encadeados de forma lógica e consistente com conectores
- exprimir opinião : na minha opinião, a meu ver, em meu entender…
- enumerar / adicionar argumentos : em primeiro lugar, além disso, assim como…
-> apreciação de um cartoon - contexto da publicação : período histórico-social
- tema : construção de sentidos
- imagens : quantidade, cor, formato
- nível semântico : humor crítico
- organização : articulação imagem/texto

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Apreciação crítica ____________________________________
-> expressão, oral ou escrita, de uma apreciação pessoal, baseada numa
descrição sucinta do objeto, acompanhada de comentário crítico

Intenção comunicativa
-> descrever e analisar o objeto
-> apreciar / avaliar o objeto, normalmente de natureza artística

Estrutura
-> título - breve apresentação do objeto em análise
-> introdução - apresentação do objeto em análise
-> desenvolvimento - descrição e análise sucintas do objeto
- crítica sobre o objeto (aspetos positivos e negativos)
-> conclusão - retoma / reforço e comentários finais

Linguagem
-> discurso sem ambiguação, opinião clara
-> linguagem valorativa
-> recursos expressivos
-> argumentos encadeados de forma lógica e consistente com conectores
- exprimir opinião : na minha opinião, a meu ver, em meu entender…
- enumerar / adicionar argumentos : em primeiro lugar, além disso, assim como…
-> apreciação de um cartoon - contexto da publicação : período histórico-social
- tema : construção de sentidos
- imagens : quantidade, cor, formato
- nível semântico : humor crítico
- organização : articulação imagem/texto

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Exemplo de uma apreciação crítica
Introdução:

Desenvolvimento:

Conclusão:

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