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Grupo I
PARTE A
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6 Inês Porém, não hei-de casar 7 Lia. Eu vos trago um bom marido,
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senão com homem avisado12. rico, honrado, conhecido.
Ainda que pobre e pelado, Diz que em camisa vos quer13
seja discreto em falar, Inês Primeiro eu hei-de saber
que assi o tenho assentado. se é parvo, se sabido.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura),
Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 165-170.
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hoje dir-se-ia “lá estás tu…”; 2 sozinha, solteira; 3 “vejam que desgraça…” (ironia); 4 diligente; 5 pálida; 6 por ali; 7 interjeição
“por Deus”; 8 agarrou-me; 9 comprometida; 10 agrada; 11 arranjo de vida; 12 discreto; 13 Diz que em camisa vos quer: “diz que
vos aceita sem dote”.
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Justifique a reação da Mãe, considerando os versos “Hui! naceo-te algum unheiro? / Ou cuidas
que é dia santo?” (vv. 7-8). (20 pontos)
Quando chegou da missa, a Mãe percebeu que a tarefa de bordar que tinha dado à filha não tinha sido cumprida.
Com efeito, esta constatação não lhe agradou, o que a levou a afirmar ironicamente que tal só poderia dever-se a um
problema de unhas ou ao facto de ser dia santo.
Em suma, a Mãe reage com ironia, já que não haveria razão para o trabalho que lhe dera não estar terminado.
2. Lianor Vaz, nos versos 40-41, coloca a hipótese de apresentar uma queixa ao Rei ou ao Cardeal.
2. 1 Enuncie os motivos que originam essa intenção. (20 pontos)
Lianor Vaz apresenta-se agitada e nervosa, afirmando ter sido vítima de ataque por parte de um clérigo (“vinha agora pereli
[…] e um clérigo […] lançou mão de mi.”, vv. 44-47).
Consequentemente, este acontecimento terá levado a alcoviteira a colocar a hipótese de apresentar uma queixa, ou ao Rei
ou ao Cardeal, uma vez que se tratava de um membro da Igreja.
3. Explicite as razões da visita da alcoviteira e a reação de Inês à sua proposta. (20 pontos)
Lianor Vaz vem propor a Inês um pretendente, assegurando que se trata de um homem “rico, honrado, conhecido”.
No entanto, a donzela, não rejeitando de imediato a proposta, afirma que gostaria de saber como ele é, uma vez que só
casaria com homem “avisado” que, “ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar.”
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PARTE B
A mãe é confidente, uma vez que a donzela lhe conta o encontro que teve com o amigo e as razões pelas quais o foi
visitar (“Fui oj’eu, madre, veer meu amigo”).
Nesta cantiga, opostamente ao que acontece na generalidade das composições deste género é o
amigo que exprime o seu a. ___________ face à b. __________ da amada. A sua dor, que lhe provoca
o choro, é fruto da dúvida sobre a visita da donzela, como prova o verso c. ___________.
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a. b. c.
1. medo 1. visita 1. "Vej'eu viir quanto bem no mund'hei," (v. 15)
2. sofrimento 2. rejeição 2. “mais, pois m'el viu, u m'el estava asperando,” (v. 10)
3. desejo 3. ausência 3. “cuidand'em mi, se iria, se nom,” (v. 9)
a. 2; b. 3; c. 3.
Grupo II
Leia o texto. Se necessário, consulte as notas. (50 pontos)
Catarina Lucas
Em consulta, alguém me disse: “não sei se queria casar, mas gostava que ele tivesse querido
casar comigo”. É sobre isto que reflito num dos capítulos do meu mais recente livro “Vida a
Dois”. Parece que o casamento está em crise. Todos ouvimos múltiplas referências ao
casamento como algo que “não faz sentido”, que “não muda nada”, que “um papel não
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acrescenta valor”, que “não é importante”, que “nunca foi um sonho” … poderíamos continuar
com os exemplos… […] Mas, um olhar mais atento e perspicaz, misturado com alguma
sensibilidade e experiência, faz-nos entender que talvez as coisas não sejam “tanto assim” e
que este é ainda o sonho de muita gente. […]
Talvez o casamento seja hoje olhado como um sinal de fraqueza ou de dependência.
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Assumir que queremos casar pode colocar-nos num papel de fragilidade e até inferioridade.
Não que isto tenha algum fundo de verdade, mas parece ecoar no seio de uma sociedade que
se quer independente, que não precisa do outro, que rejeita veemente qualquer ideia que se
assemelhe a conservadorismo (nada mais conservador do que casar, diriam alguns).
Contudo, assistimos com alguma frequência a situações onde a mágoa pelo não casamento
15 parece ficar encoberta. Por alguma razão, parece que queremos esconder de nós mesmos esse
desejo mais íntimo do casamento, negando-o para nós e para os outros.
O “não quero casar” soa em muitos casos a um mecanismo de proteção e a uma estratégia
de manutenção do amor-próprio ou orgulho. Nada pior do que assumir que queremos casar e
ouvirmos do lado de lá algo como, “mas eu não quero casar”. Independentemente dos motivos
20 da outra pessoa, esse “não quero casar” soará sempre a rejeição, a um “ele/a não quer casar
comigo”. […] Anos mais tarde, parecem começar a surgir as mágoas.
Por vezes, para compreendermos a evolução dos tempos e das sociedades é preciso dar
alguns passos atrás. Numa sociedade que se vangloria de ser independente, parecem continuar
a emergir necessidades antigas. […]
25 A sociedade está em mudança, disso ninguém duvida. O homem já não procura uma mulher
que cuide dele, do mesmo modo que a mulher não procura um homem que garanta a
subsistência da família. Se quisermos colocar as coisas numa ótica mais prática, as pessoas não
estabelecem relações por necessidades que outrora motivaram casamentos. Se retirarmos
estas motivações, o foco incide sobre as necessidades emocionais.
https://visao.sapo.pt/(consultado em 28/02/2021).
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Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
5. No segmento textual «que “não faz sentido”, que “não muda nada”, que “um papel não acrescenta
valor”, que “não é importante”, que “nunca foi um sonho”» (ll. 4-5), a vírgula separa uma
enumeração de orações subordinadas (5 pontos)
(A) substantivas completivas.
(B) adjetivas relativas explicativas.
(C) adjetivas relativas restritivas.
7. O referente do pronome “o” na forma verbal “negando-o para nós e para os outros“ (l. 16) é a
palavra (5 pontos)
(A) casamento.
(B) íntimo.
(C) desejo.
8. A função sintática desempenhada pelos constituintes “em mudança” (l. 25) e “sobre as necessidades
emocionais” (l. 29) são, respetivamente: (5 pontos)
(A) predicativo do sujeito e complemento oblíquo.
(B) complemento oblíquo e predicativo do sujeito.
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(C) complemento oblíquo e modificador.
10. As orações sublinhadas nos segmentos “Numa sociedade que se vangloria de ser independente“ (l.
23) e “Se retirarmos estas motivações, o foco incide sobre as necessidades emocionais.” (ll.28-29)
classificam-se, respetivamente como: (5 pontos)
(A) subordinada substantiva relativa e subordinada adverbial condicional
(B) subordinada adjetiva relativa restritiva e subordinada adverbial concessiva
(C) subordinada adjetiva relativa restritiva e subordinada adverbial condicional
Grupo III
A figura da mãe, tal como é perspetivada em diversas obras da literatura portuguesa, tem um papel
determinante no que se refere à educação dos filhos.
Num texto expositivo, entre 180 a 245 palavras, refira-se, exemplificando, ao papel da mãe na
educação das jovens, considerando o estudo da lírica trovadoresca e da obra vicentina “Farsa de
Inês Pereira”. (50 pontos)
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
Desvalorização
Tipo de ocorrências
(pontos)
erro inequívoco de pontuação 1
erro de ortografia (incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra minúscula ou de
letra maiúscula e erro de translineação)
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erro de morfologia
incumprimento das regras de citação de texto ou de referência a título de uma obra
erro de sintaxe
impropriedade lexical 2
A repetição de um erro de ortografia na mesma resposta (incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra
minúscula ou de letra maiúscula e erro de translineação) é contabilizada como uma única ocorrência. Se da
aplicação deste fator de desvalorização resultar uma classificação inferior a zero pontos, atribui-se zero pontos à
correção linguística.
FIM
COTAÇÕES DA PROVA
GRUPO I - Educação Literária .................................................................................. 100 pontos
1. a 5........................................................................................................ 20 pontos
• Escreve com correcção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia). (4 pontos)
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CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO E RESPECTIVOS CENÁRIOS DE RESPOSTA
4. ........................................................................................................................................ 20
pontos
• Escreve com correcção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia). (4 pontos)
Cenário de resposta
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Pergunta n.º Resposta do aluno a melhorar Resposta melhorada