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José Saramago,

Memorial do convento
Índice
Contextualização Dimensão simbólica

Título Estrutura

Linhas de ação Intertextualidade

Tempo Exercícios

Visão crítica

José Saramago, Memorial do convento


Contextualização

«Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra.
Era uma vez a gente que construiu esse convento.
Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes.
Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.
Era uma vez.»
José Saramago, Memorial do convento, Caminho , 2014 [texto da contracapa].

José Saramago, Memorial do convento


Título
Memorial – forma de fixar algo que se pretende guardar na memória (o verdadeiro obreiro – o
povo).

Convento de Mafra – edifício que resulta da promessa feita pelo rei D. João V, caso a rainha
engravidasse no espaço de um ano.

José Saramago, Memorial do convento


Linhas de ação
Primeira linha
Promessa de D. João V:
construção de um
convento em Mafra

Quarta linha Segunda linha


Sonho do Padre Epopeia do trabalho:
Bartolomeu Lourenço: construção do convento
construção da passarola pelo povo

Terceira linha
Romance: história de
amor de Baltasar e
Blimunda

José Saramago, Memorial do convento


Tempo
Tempo histórico – aquele que é evocado pela ação e que se
circunscreve a uma determinada época:

– Século XVIII – Reinado de D. João V – 1711 a 1739

Tempo da narrativa – duração da ação (28 anos):

– Desde a promessa de D. João V (1711) à condenação de Baltasar


(1739)

José Saramago, Memorial do convento


Tempo
Tempo histórico:

– contexto político: Absolutismo régio;


– contexto religioso: Inquisição.

Saramago respeita as referências históricas, registadas e comprovadas pelos


documentos, associadas à construção do Convento de Mafra.

José Saramago, Memorial do convento


Tempo
Tempo do discurso:

– sequências cronológicas não lineares;

– recurso a analepses (recuos temporais) e prolepses (avanços temporais);

– referências à atualidade.

José Saramago, Memorial do convento


Visão Crítica
Poder do rei:

arbitrariedade: perdão para os poderosos; castigo para os humildes;


vaidade, megalomania, prepotência da figura régia;
má gestão e falta de produtividade do reino;
negligência régia face às necessidades do povo (é mantido propositadamente na
ignorância);
ausência de valores verdadeiramente cristãos (peca por adultério, não revela
compaixão; limita-se a cumprir rituais).

José Saramago, Memorial do convento


Visão Crítica
Poder da Igreja:
hipocrisia;
mistificação;
injustiça e perseguição religiosa (fogueiras da Inquisição);
ausência de valores verdadeiramente cristãos (incumprimento do
voto de castidade, revela vaidade e incapacidade em perdoar, comete
assassínios).

José Saramago, Memorial do convento


Visão Crítica
Povo:
é vítima das decisões dos poderosos;
é explorado e oprimido (vive sob o controlo da coroa e da Igreja);
é mantido propositadamente num estado de ignorância;
sobrevive na miséria;
exulta com a violência, o sangue, o sofrimento e as emoções fortes (privado do
prazer espiritual, compraz-se com o prazer natural, mais próximo da condição animal do
que da humana).

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
A linguagem, os números, as datas, escondem símbolos fundamentais para a construção da
mensagem deste romance.

Nos pormenores, o leitor encontra a confirmação e o reforço de ideias essenciais para a leitura
do Memorial do convento.

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Ideias/Palavras:

Sonho, vontades: representam a força motora que conduz à evolução e ao


progresso.
Passarola: materialização do sonho de voar e de alcançar o céu; metáfora da
liberdade e do poder do homem.
Convento: produto da vaidade do rei; símbolo do poder da Igreja, da prepotência
régia e da opressão do povo (dominado pelo sofrimento e submetido a um trabalho
hercúleo).

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Apelidos:

Sete-Sóis e Sete-Luas: união do princípio feminino ao masculino em harmoniosa


complementaridade; união e plenitude.
Sete-Sóis: dia; trabalho; força física;
Sete-Luas: noite; magia; transcendência; sonho.

A junção dos dois concretiza a perfeição, visível no simbolismo das alcunhas, no significado do
número sete e nas três sílabas que constituem os seus nomes próprios (Bal-ta-sar; Bli-mun-da).

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Números:
3: ordem espiritual e intelectual; totalidade..

É o número perfeito: símbolo cristão da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Blimunda, Baltasar e Bartolomeu são três pessoas em plena comunhão que lutam pelo sonho,
formando a Trindade Terrestre.

4: pontos cardeais; Terra; espaço e tempo completos; elementos da natureza.

No romance, Domenico é o quarto elemento que se soma ao trio. São o grupo que concretiza a
ousada missão de alcançar o céu, de voar. É um elemento imprescindível para o sucesso dessa
missão.

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Números:

7: mudança; renovação; totalidade.

É o resultado soma do número perfeito (três) com o número da totalidade (quatro).


Este algarismo repete-se inúmeras vezes na ação (sete homens que vão trabalhar para o
convento; sete regiões do país das quais são oriundos os trabalhadores; sete bispos que
batizaram a infanta; sete idas de Blimunda a Lisboa em busca de Baltasar; a data da bênção da
primeira pedra: 17/11/1717).

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Números:
9: procura; gestação; esforço.
Blimunda procura Baltasar durante nove anos, tempo de busca incessante. O reencontro é, para
Blimunda, uma recompensa do esforço e da dedicação. Ao fim desses nove anos, cumpre-se a
gestação necessária ao surgimento de uma nova vida em comum: Blimunda e Baltasar ficam
juntos para sempre, pois ela colhe a sua vontade, quando este morre.

28: fim de um ciclo (lunar). É igual a 4 x 7.

É o número de anos que dura a ação do romance, começando na chegada de Baltasar à capital
e terminando com a sua morte. Corresponde ao ciclo narrativo (início, meio e fim).

José Saramago, Memorial do convento


Dimensão simbólica
Listagem simbólica de nomes: ordenada de A a Z:

O narrador apresenta uma lista de nomes de trabalhadores como representação de todos os


que sacrificaram as suas vidas na construção do convento de Mafra.

«Odisseia da pedra»: epopeia do trabalho; exploração dos mais desfavorecidos:

O narrador descreve o transporte da pedra mãe como um ato heroico dos operários. Têm de
transportar uma pedra gigantesca, num carro comparado a uma «nau da Índia». Contaram
com a ajuda de duzentas juntas de bois e dos seiscentos homens que a puxam.
O povo, protagonista do romance, é imortalizado pelo seu esforço, coragem e resiliência,
sendo assim enaltecidos os sacrifícios por que passaram (matéria épica).

José Saramago, Memorial do convento


Estrutura
Estrutura externa:

– divisão em 25 capítulos.

Estrutura interna:

– compreende os acontecimentos narrados cronologicamente dentro


das quatro linhas de ação.

José Saramago, Memorial do convento


Intertextualidade
Bíblia (crítica aos comportamentos dos clérigos);
Provérbios (valorização da linguagem e dos costumes do povo);

Polifonia: Camões, Padre António Vieira e Fernando Pessoa (diálogos com outros
nomes literários como ponto de partida para ironizar, caricaturar e ridicularizar situações
relatadas).

José Saramago, Memorial do convento


Exercícios

José Saramago, Memorial do convento


Exercícios
1 Assinala como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações.

A. A ação do romance é complexa, existindo quatro linhas de ação.


• Verdadeira

B. Uma das linhas de ação diz respeito à história de amor entre Baltasar e Blimunda.
• Verdadeira

C. O título do romance remete para o objetivo do autor: relembrar o reinado de D. João V.


• Falsa

Solução

José Saramago, Memorial do convento


Exercícios
1 Assinala como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações.

D. Nesta obra, encontramos algumas relações intertextuais com grandes nomes da


literatura portuguesa.
• Verdadeira

E. Uma das principais características do estilo de José Saramago é o cumprimento rigoroso


das regras de pontuação que regulam a introdução do discurso direto.

• Falsa

Solução

José Saramago, Memorial do convento


Exercícios
2. Completa as frases, escolhendo a opção correta.

2.2 A
A. Mensagem
intriga do aproxima-se
romance inicia-se
da obra
noOs
anoLusíadas,
de (1739/1711).
uma vez que…
Ao longo da obra, constatamos a
existência de (três/quatro) linhas de ação que se entrecruzam e enriquecem o enredo. O ciclo
a) narrativo
… ambas as emobras
Memorial
têm como
do convento
tema central
dura (28/30).
o nacionalismo.
(28/30).
b) … têm ambas a mesma autoria.
c) … são as duas obras de caráter poético.
B. Em Portugal, vigorava uma monarquia (liberal/absolutista)
(liberal/absolutista), caracterizada pela opressão
d) … ambas são escritas em português contemporâneo.
permanente que a Coroa exercia sobre o (clero/povo) nomeadamente através da
(justiça/exploração) laboral, facto que está bem visível na narração e na descrição da
construção do convento de Mafra.
Solução

José Saramago, Memorial do convento

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