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MEMORIAL DO CONVENTO

Algo que se quer lembrar Simboliza o


(nomes dos trabalhadores Convento de Mafra,
que construiram o construído por
convento). D.João V.

CLASSIFICAÇÃO DA OBRA:
Romance histórico que descreve a sociedade portuguesa no início do século
XVIII marcado pela sumptuosidade da corte associado à Inquisição e, pela exploração
dos operários. Dentro da linha Neorrealista, preocupado com a realidade social, em
que sobressai o operário oprimido, Memorial do Convento apresenta-se também como
um romance social. Designamos a obra como romance de espaço ao representar uma
época, interessando-se por traduzir não apenas o ambiente histórico, mas também por
apresentar quadros sociais que permitem um melhor conhecimento do ser humano.

RELAÇÃO TÍTULO/CONTEÚDO:
O título apresenta uma carga simbólica quer enquanto sugere as memórias –
evocativas do passado – e pressuposições existenciais, quer ao remeter para o Mundo
místico e misterioso. Ao lado da história da construção do convento, com tudo o que
de grandioso e de trágico representou, surge o fantástico erudito e popular que permite
a realização dos sonhos e as crenças num universo de magia. O Convento de Mafra
liga-se ao sonho dos fardes que aproveitam a oportunidade de terem um convento, mas
reflete, sobretudo, a magnificência da corte de D. João V e do poder absoluto, que se
contrapõe ao sacrifício e à opressão do povo que nele trabalhou, muitas vezes,
aniquilado para servir o sonho do seu rei. Com as memórias de uma época é um
romance histórico, mas simultaneamente social ao fazer a análise das condições sociais,
morais e económicas da corte e do povo.

NARRADOR:
É na generalidade, heterodiegético, isto é, um narrador de 3ª pessoa que relata a
história, que estrutura os factos, mas que, embora não participando na narrativa,
consegue organizá-la, manipulá-la, controlando-a através de um tom judicativo,
moralista, através dos seus apartes, opiniões, tomadas de posição, comentários e
ironias, tantas vezes, cáusticas. É um narrador irreverente, assume uma posição
subjetiva em relação ao que narra, que não é indiferente, que reage, que se manifesta.
Passa a ser um narrador homodiegético, incluindo-se a si próprio e ao narratório no fio
narrativo, como acontece na apresentação de Baltasar ou na referência à passagem dos
condenados no auto de fé. Quando o narrador transfere a impessoalidade da 1ª pessoa
do plural para a individualidade da 1ª pessoa do singular, num discurso autodiegético
ganha nova dimensão, tal como ocorre, na apresentação da mãe de Blimunda nesse
mesmo auto de fé. É também um narrador, possuidor de um olhar crítico, que assume,
recorrentemente a uma posição omnisciente, o que lhe permite conhecer todos os
factos. Este conhecimento da História, possibilita-lhe a apropriação do passado e do
futuro.
ESPAÇOS:
Os espaços físicos privilegiados pela ação são Mafra e Lisboa, sendo também espaços
sociais.
espaços físicos sociais
LISBOA Ribeira, Rossio, Palácio da Procissão da Quaresma,
Corte Real, Terreiro do Autos de Fé, Tourada,
Paço... Procissão do Corpo de
Deus..
MAFRA Alto da Vela, Barreguedo, Recrutamento de
Montejunto... trabalhadores para a
construção do convento,
sagração da Basílica...

ESTRUTURA DA AÇÃO:
Apresenta duas linhas condutoras da ação – construção do Convento de Mafra e
a relação entre Baltasar e Blimunda – que se entrelaçam com acontecimentos diversos,
recolhidos na História ou fantasiados. Está dividido em 25 partes ou capítulos, não
nomeados nem numerados, mas perfeitamente reconhecidos pelos espaços brancos que
os separam.

PERSONAGENS:
D. Maria Ana Josefa
Vinda de Áustria limita-se a assumir apenas a sua função reprodutora, de modo a dar
ao rei, um descendente legítimo. Funciona como o símbolo da mulher submissa,
obediente e dependente, que vive uma relação fria e vazia de sentimentos com o rei, o
que a leva a sentir-se frustrada, canalizando para o mundo dos sonhos a sua
sexualidade reprimida. Assim, sonha com o seu cunhado, o infante D. Francisco. É
uma mulher frustrada, infeliz e traída, que, apenas no mundo onírico se liberta e
transgride as regras sociais e morais estipuladas. No fundo, estes sonhos acabam por
dar à rainha uma dimensão menos estereotipada e mais humana. Consciente da
transgressão que as fantasias com o cunhado representam aos olhos da moral, omite
essa circunstância ao seu confessor, vivendo atormentada com esse pecado. Esses
devaneios terminarão quando o próprio D. Francisco, com o objetivo de alcançar o
poder, lhe propuser casamento, aproveitando-se da doença do rei.

D. João V
D. João V é caracterizado como um rei megalómano, infantil, devasso, libertino
e ignorante, que não hesita em utilizar o povo, o dinheiro e a posição social para
satisfazer os seus caprichos. Poderoso e rico anda preocupado com a falta de
descendente, apesar de possuir bastardos. Promete “levantar um convento em Mafra”
se tiver filhos da rainha Maria Ana Josefa, com quem tem relações para cumprimento
de dever, em encontros frios e programados. A sua pretensão vai realizar-se com o
nascimento da princesa Maria Bárbara e, apesar de deceção por não ser um menino,
mantém a promessa.
O povo
Personagem importante, o povo trabalhador construiu o convento de Mafra, à custa de
muitos sacrifícios e mesmo de algumas mortes. Definido pelo seu trabalho, pela sua
miséria física e moral, pela sua devoção, este povo humilde surge como o verdadeiro
obreiro da realização do sonho de D. João V.

Baltasar
É um mutilado da guerra que, no início da obra, é apresentado como um homem rude,
um marginal, capaz de matar, mas a partir do momento que conhece Blimunda, num
auto de fé, no Rossio, transforma-se por amor. Baltasar Sete-Sóis vai ter um papel
fundamental na consecução do projeto do padre Bartolomeu. Será ele que o vai
materializar, que vai transformar o sonho em realidade e essa tarefa acabará por lhe
restituir a sua grandeza humana, abalada com a perda da mão esquerda, dando-lhe uma
nova dimensão divina, pois Bartolomeu Lourenço compara-o com Deus que “é maneta”
“e fez o universo”

Blimunda
É uma mulher extraordinária, dotada de poderes únicos que a fazem ver o interior das
pessoas e das coisas, quando está em jejum e quando não muda o quarto da lua. Tal
como o padre afirma, comparado com o seu poder, voar é coisa simples. Filha de
Sebastiana Maria de Jesus que fora, pela Inquisição, condenada e degredada, por ser
cristã-nova, conhece Baltasar. Com capacidades de vidente e possuidora de uma
sabedoria muito própria, vai ajudar na construção da passarola e partilhar com Baltasar
as alegrias, tristezas e preocupações da vida. Blimunda é uma estranha vidente que vê
no interior dos corpos os males que destroem a vida e consegue recolher as “vontades”
vitais que permitirão o voo da passarola do padre Bartolomeu. Por amar Baltasar,
Blimunda recusa usar a magia para conhecer o seu interior. O poder de Blimunda
permite, simultaneamente, curar e criar, ou melhor, ver o que está no mundo, as
verdades mais profundas que o sustentam.
Bartolomeu Lourenço, compreendendo perfeitamente, a complementaridade deste
casal, batiza de Blimunda de Sete-Luas “Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás
Sete-Luas porque vês às escuras”.

Padre Bartolomeu Lourenço


O sonho da passarola voadora e a sua futura realidade apresentam o padre Bartolomeu
como um homem que só conseguirá evitar a inquisição pela amizade que lhe tem o rei
D. João V, que também possui o sonho e a esperança da máquina voadora. Ajudado
por Baltasar e Blimunda e, por vezes, com a companhia de Domenico que ao som do
cravo sonhava e ajudava a sonhar, o padre Bartolomeu construiu a sua obra.
Domenico Scarlatti
É o músico italiano, exímio executante de cravo, que vem para Portugal para dar aulas
de música à infanta e que, fascinado pelo sonho do padre, se transformará no quarto
elemento a dar um contributo para a concretização do projeto de voar. Junta-se à
trindade terrestre, partilhando o seu segredo e, no momento em que a passarola se
eleva no ar, Scarlatti, que tinha levado um cravo para a abegoaria, associa a sua música
a esse instante, atirando, em seguida, o seu cravo para o fundo de um poço para
esconder da Inquisição a sua ligação ao projeto do padre. O maestro acompanhou o
processo de construção da passarola, interpretando o seu instrumento e foi também a
sua música que curou Blimunda e que lhe restituiu a vontade de viver. Depois de
recolher as vontades dos vivos, por ocasião da febre-amarela e da cólera em Lisboa,
Blimunda fica muito debilitada e a música funcionará como a salvação.

Trindade Terrestre
Os três elementos que constituem este conjunto, e cujo nome começa pela letra B
emprestaram parte de si à construção da passarola e vão sofrer as consequências dessa
entrega. Baltasar e Blimunda apropriam-se do sonho do padre, tornam-no como seu e
dão-lhe uma nova dimensão. Partilham com o padre as dúvidas, as alegrias, o
sofrimento e as consequências. Vão sofrer, como se a sua ousadia de querer voar
merecesse um castigo: o padre enlouquece e morre, Baltasar é queimado num auto de
fé e Blimunda assiste à morte do seu homem, depois de uma busca dolorosa de nove
anos. Apesar de ser o mentor do projeto, quando a passarola cai no Monte Junto, o
padre, enlouquecido, tenta destruir a sua máquina e foge, deixando ao casal o encargo
de a manter escondida do Santo Ofício, mas em condições de voar. Podemos comparar,
por oposição, a construção do convento, fruto da vaidade de um homem e realizado,
coercivamente, por outros, com a construção da passarola, fruto do sonho de um
homem, partilhado com outros. A construção do convento remete para um universo de
egoísmo, de humilhação e de repressão, pelo contrário, o projeto de Bartolomeu
Lourenço espalha a capacidade de sonhar, de acreditar nos outros e na grandeza do
homem.

UNIVERSO SIMBÓLICO:
A História de Manuel Milho
A história, que Manuel Milho vai contando, durante os vários dias que dura o
transporte da pedra, é uma reflexão sobre a existência humana e mostra que, no fundo,
o mais importante é o ser humano e a sua essência. Manuel Milho narra a história de
uma rainha que gostaria de ser mulher para conseguir decidir se, na verdade, queria ser
ou não rainha, e de um ermitão que queria ser homem. Ambos desejavam não ser o
que eram, mas ser apenas um homem e uma mulher. Esta história mostra que cada um
é aquilo que as condições sociais e as circunstâncias permitem que o seja (capítulo
XIX).
Número três
Representa a ordem espiritual e intelectual, é o número perfeito, a expressão da
totalidade. Para o cristianismo, os três elementos da trindade são o Pai, o Filho e o
Espírito Santo, um só Deus em três pessoas, tal como Baltasar, Blimunda e
Bartolomeu Lourenço que constituem a Trindade Terrestre, três pessoas em perfeita
comunhão que alcançam um poder divino e uno.

Número quatro
Número ligado ao quadrado e à cruz, significa o sólido, a totalidade, mas uma
totalidade perecível. Curiosamente, Domenico Scarlatti será o quarto elemento de um
conjunto de pessoas que concretizam a audaciosa missão de voar. Ele parece ser o
elemento que completa esse todo, elemento esse, imprescindível à plena realização
desse projeto. No entanto, esse sonho, irá desfazer-se, será findável.

Número sete
Muito referido na Bíblia, surge recorrentemente na obra, sete são os homens que vêm
trabalhar para Mafra no convento, oriundos de sete regiões do país; sete bispos
batizam a infanta; sete vezes Blimunda vai a Lisboa à procura de Baltasar e o número
sete repete-se na data da bênção da primeira pedra do convento – 17 de novembro de
1771. O sete é o resultado do número perfeito, o três e, do número da totalidade, o
quatro e, representa a totalidade do espaço e do tempo, do universo em movimento.

Número nove
Número da procura, da gestação, simboliza o coroar do esforço, o fim de um ato
criativo, o fim de um período de busca frutuosa, como acontece com Blimunda que,
durante nove anos, procurou o seu amado. Após a separação, Blimunda reencontra
Baltasar e, recolhendo a sua vontade, une-se àquele que ama. Esta união representa a
vitória do poder do amor.

A passarola
Funciona como o elo de ligação entre a terra e o céu, e surge, na obra,
metaforicamente, referida como uma ave, o que remete, de imediato, para o voo das
aves. O sonho de voar conota a ousadia e a conquista, mas pode ter um lado negativo:
a queda, a desilusão.

O ovo
A máquina inventada pelo padre Bartolomeu aparece também designada por ovo,
elemento que simboliza a origem, o nascimento. Como que protegido de qualquer
ameaça, o casal vive no seu interior momentos de amor intenso. O ovo pode ser
interpretado simultaneamente como um espaço de segurança e como a renovação
constante do amor.
Convento
Símbolo do definitivo, do imutável, do eterno e, nesse sentido, opõe-se à passarola. É
evidente o contraste entre o caráter libertador do projeto de Bartolomeu de Gusmão,
que evidencia a atitude criadora do homem e a capacidade de vencer barreiras quando
trabalha em conjunto, e a natureza opressora da promessa do rei, que espelha uma
vontade egoísta e megalómana.

Os olhos/O olhar
Ocupam um espaço privilegiado devido ao poder visionário de Blimunda. O seu olhar
mágico seduz Baltasar e será muitas vezes uma forma de comunicação entre o casal.

Espigão
O espigão de Baltasar de que Blimunda se serve para se defender, no Monte Junto, da
tentativa de violação, presentifica o próprio Baltasar. É, como se, na sua ausência,
tivesse ficado para salvar Blimunda a “mão” do seu amor.

Mutilação de Baltasar
Aparece frequentemente como uma marca de inaptidão e de marginalidade, todavia, na
obra, Baltasar conseguirá superar a sua incapacidade ao contribuir para construir a
passarola e o convento.

Sonho
É o espaço onde as personagens deixam transparecer as suas emoções, medos,
frustrações, desejos, funcionando, por vezes, como um fator de equilíbrio, como é o
caso da rainha, que compensa, no mundo onírico, as suas frustrações afetivas e sexuais.
Em relação ao rei, os sonhos espelham, acima de tudo, a manifestação do seu poder.
Os sonhos comuns de Baltasar, Blimunda e Bartolomeu são uma forma de sublinhar a
sua cumplicidade e partilha.

Música
Simboliza a harmonia e a plenitude do cosmos. A música de Scarlatti representa a
comunicação e tem o poder de curar. O som do seu cravo irá fascinar o padre e
acompanhar o processo de construção da passarola e o momento em que ela se eleva
no céu.

Pedra/A mãe pedra


Símbolo da Terra-Mãe exige um esforço enorme por parte dos trabalhadores que, com
coragem, força, habilidade e inteligência e vão transportar de Pero-Pinheiro até Mafra.
É uma laje descomunal que evidencia a pequenez do homem, mas que
comparativamente ao convento se torna pequena. Conseguir transportar a pedra até ao
seu destino, vai transformar estes homens em verdadeiros heróis. A pedra, pela sua
firmeza, também se pode associar à sabedoria.
Abegoaria
É o espaço escondido onde se constrói a passarola, onde se materializa o sonho. É o
espaço da utopia, da invenção, da descoberta, da partilha e da amizade.

Sangue
Símbolo de vida.

Montanha (Monte Junto)


Estabelece a relação da terra com o céu, centro do mundo, traduz a estabilidade e a
inalterabilidade, guardando o que nela permanece, como a passarola que cai no Monte
Junto. A máquina voadora ficou protegida dos homens e do Santo Ofício e, assim,
mais tarde, inusitadamente e, como por magia, levantou voo, dando sentido à vida da
trindade terrestre.

Fogo
É conforto, aconchego, purificação e regeneração, mas também destruição. O fogo da
lareira, em casa de Blimunda, é proteção e bem-estar; o fogo que Bartolomeu
Lourenço lança à sua máquina é uma forma de destruir o seu sonho fracassado; o da
fogueira dos autos de fé é opressão, destruição e morte.

Sete-Sóis e Sete-Luas
Os nomes de Baltasar e de Blimunda têm o mesmo número de letras, começam por B e
as alcunhas deles são uma forma de mostrar a sua complementaridade. Baltasar está
relacionado com o Sol, fonte de luz, de calor e de vida, enquanto Blimunda surge
relacionada com a lua, símbolo da dependência, da periodicidade e da renovação. A
lua marca o ritmo biológico da mulher e o seu poder está, na verdade, dependente das
fases da lua. A vida dela necessita da presença de Baltasar, mas o contrário também é
verdadeiro, o que dá uma nova perspetiva a esta correlação. Os dois formam um só ser,
como se as particularidades/defeitos de um fossem colmatadas pelo outro.
Estas alcunhas aparecem associadas ao número sete que representa perfeição que, no
caso, apenas se atinge em conjunto. Eles são perfeitos porque se amam e se entregam
sem reservas a esse amor.

EPISÓDIOS IMPORTANTES:

INÍCIO DAS OBRAS EM MAFRA


No capítulo aparece uma breve descrição do lançamento da primeira pedra para
a construção do convento de Mafra. Ocorre em 1717, 6 anos após a promessa dessa
construção ser feita por D.João V, se lhe nascesse um filho da rainha. Entretanto tinha
escolhido o local, no Alto da Vela, em Mafra, e o rei tinha comprado os terrenos para a
construção do convento.
PASSAROLA VOADORA
A máquina voadora do Padre Bartolomeu é um projeto que representa o sonho
de voar mas também o desejo de liberdade. Resultou do conhecimento e trabalho da
“Trindade Terrestre”(constituída pelo Padre Bartolomeu, Baltasar e Blimunda), a que
se juntou depois de o músico Scarlatti.
Os contributos para a construção foram múltiplos e complementares. O Padre
deu o seu conhecimento científico, fazendo o projeto, conseguindo o apoio do rei e
acompanhando os trabalhos durante 15 anos. Baltasar era o “mecânico”, contribuindo
com o trabalho manual ou artesanal. Blimunda colaborou com a magia que lhe
permitiu recolher as duas mil vontades que iriam fazer a máquina voar, mas também
inspecionou os materiais. Scarlatti ajudou a recuperar Blimunda da doença com a sua
música (musicoterapia), além de animar os trabalhadores com a sua música.
Todas estas personagens acabaram por ser vítimas do desafio à igreja que a
máquina representava: Scarlatti deita a um poço o seu cravo para escapar à inquisição;
o Padre vai fugir para Espanha, acabando por morrer louco; a Blimunda irá peregrinar
9 anos à procura de Baltasar e este será queimado num Auto de Fé.

O USO DA PASSAROLA
A passarola voadora saiu de S.Sebastião da Pedreira, passou por Lisboa,
sobrevoou Mafra e foi aterrar a Monte Junto.
O Padre tentou incendiá-la para não ser encontrada pela inquisição, mas Baltasar e
Blimunda impediram-no, o Padre desaparece, sabendo-se depois que morreu louco em
Espanha. Baltasar e Blimunda voltam para Mafra onde decorria uma procissão em
honra do espírito santo que tinha passado pelo local.

EPOPEIA DA PEDRA
A epopeia da pedra apresentada no capítulo XIX relata o transporte de uma
pedra gigantesca, entre Pêro Pinheiro e Mafra.
Esta, iria servir para a varanda sobre o pórtico da Basílica do Convento de Mafra.
30 toneladas, 15km, 8 dias, 600 homens, 400 bois (Nau da Índia).
Ao enumerar com todas as letras do alfabeto de “A” a “Z” os nomes dos
trabalhadores que colaboraram na epopeia da pedra, o narrador pretende prestar
homenagem ao povo simples e trabalhador.
Tratam-se de pessoas que os livros de História não falam, mas que Saramago quer
tornar conhecido “deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação”, só para isso
escrevemos, torná-los imortais”.
trata-se da imortalização do povo anónimo
HISTÓRIA DA RAINHA E DO ERMITÃO
Esta história é narrada por Manuel Milho em vários episódios, ao longo do
capítulo XIX.
Uma rainha queria saber o que é ser mulher sem ser rainha. Para isso foi
questionar um ermitão que lhe respondeu ser necessária uma rebelião para deixar de
ser o que não se quer ser, e para se descobrir o que é ser diferente. Entretanto, a rainha
afastou-se do palácio e o marido mandou o exército à sua procura, mas ninguém a
encontrou. Ficou sem se saber se a rainha se fez realmente mulher.
Esta história é uma reflexão sobre o que é necessário para se ser o que se pretende ser,
também sobre a importância da revolta contra o que acontece sem a nossa vontade,
sobre a liberdade de escolha e sobre os sonhos e objetivos de cada um.
Em síntese, trata-se do reconhecimento da importância do empenho e dedicação
pessoal para se ser alguém, homem ou mulher integral. O caminho terá de ser através
da concretização dos nossos sonhos.

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