Você está na página 1de 4

AMOR DE PERDIÇÃO

Amor de Perdição, cujo subtítulo é “Memorias de uma família”, aponta para


dois níveis de ação: por um lado, são narrados os factos trágicos da personagem
principal, Simão Botelho, que podem ser resumidos na simbólica frase “Amou,
perdeu-se e morreu amando”; por outro lado, apresenta-se, em tons memorialísticos, a
genealogia da família Botelho.

CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS:


Simão Botelho
É jovem, bonito e viril. É o típico herói romântico: rebelde, intempestivo, solitário,
transformado pelo amor. É uma pessoa digna e honrada, corajosa e determinada, que
acredita no amor eterno.

Teresa Albuquerque
É jovem bonita, de origem aristocrática e rica. É apaixonada por Simão, muito sensível
e acredita no amor eterno. Tem personalidade forte e determinada - recusa casar com
Baltasar - , revelando a sua coragem - mantém a sua vontade, enfrentando a tirania do
pai.

Mariana
De origem popular, Mariana é jovem e bonita (mais bonita do que Teresa),
desembaraçada e decidida. Acredita no amor eterno e é apaixonada por Simão,
revelando-se abnegada e sofredora - ama Simão e acompanha-o sempre, mesmo
sabendo que o jovem ama Teresa e acaba por se suicidar quando Simão morre. Revela-
se umas personagem forte e determinada.

João da Cruz
É uma personagem do povo, um castiço rude e violento, mas muito corajoso, grato e
bondoso. É amigo de Simão.

Baltasar Coutinho
É orgulhoso, prepotente, insensível e arrogante. Mesmo sabendo que Teresa ama
Simão, decide levar o seu desejo de a desposar avante.

Tadeu de Albuquerque e Domingos Botelho


São orgulhosos, preconceituosos, prepotentes e inflexíveis, revelando-se insensíveis ao
amor arrebatado de Teresa e Simão, cedendo perante todas as convenções sociais.
ESTRUTURA DA OBRA:
Introdução
- apresentação de Simão Botelho, condenado ao degredo na Índia;
- reflexões do narrador;
- diálogo com o leitor.

Capítulo I
- apresentação da árvore genealógica da família Botelho;
- caracterização de Simão aos 15 anos: rebelde estudante em Coimbra.

Capítulos II e III
- liberalismo de Simão, que o leva à cadeia, em Coimbra, e ida para Viseu ao fim de 6
meses;
- paixão por Teresa, filha de Tadeu de Albuquerque, de uma família rival da sua
- mudança de comportamento de Simão, que se torna mais moderado e sereno;
- descoberta da relação por Tadeu de Albuquerque, que ameaça enclausurar a filha
num convento e promove a aproximação de Baltasar Coutinho, seu primo;
- Baltasar é recusado por Teresa, que se confessa apaixonada por Simão.

Capítulo IV
- imposição de Baltasar a Teresa, recusa desta e promessa de Tadeu de Albuquerque
de enviar a filha para um convento;
- escrita de uma missiva a Simão, na qual Teresa relata a sua situação.

Capítulos V a IX
- visita de Simão à sua amada, durante a noite, interrompida por Baltasar, que prepara
uma emboscada ao seu adversário;
- fuga de Simão, apesar de ferido, com a ajuda de João da Cruz e do cunhado, que
matam dois criados de Baltasar;
- refúgio de Simão em casa do mestre ferrador, que deve a sua vida a Domingos
Botelho, pai de Simão, enquanto Teresa é enviada para o convento em Viseu;
- Carinho de Mariana, filha de João da Cruz, a tratar de Simão, Mariana apaixona-se
por ele;
- plano de Tadeu de transferir a sua filha para o convento de Monchique, no Porto, o
que leva Simão a preparar um plano para a resgatar;
- ajuda de Mariana, que se prontifica a fazer chegar uma carta de Simão a Teresa.

Capítulo X
- ida de Simão ao convento de Viseu, onde se encontra com Baltasar, matando-o e
sendo depois preso.
Capítulos XI a XX
- abandono de Simão pela sua família, passando a contar apenas com o auxílio de
Mariana;
- condenação de Simão à forca, após sete meses de prisão, o que deixa Mariana
desvairada, passando a ser o seu pai o adjuvante na troca de correspondência entre os
dois apaixonados;
- doença de Teresa, que anseia pela morte, apesar de Simão, com quem se corresponde
secretamente, através de Mariana, a incitar a não desistir;
- decisão de Tadeu em trazer a filha para Viseu quando sabe do seu estado de saúde
frágil, mas também porque toma conhecimento de que Simão será transferido para o
Porto;
- recusa de Teresa em aceitar a vontade de seu pai;
- assassínio de João da Cruz pelo filho do almocreve que tinha morto há dez anos;
- condenação de Simão ao degredo na Índia, por dez anos, sendo que Mariana tem
intenções de o acompanhar;
- súplica vã de Teresa para que Simão não aceite o degredo e vá para a cadeia;
- partida de Simão para a Índia, na companhia de Mariana, no momento em que é
informado da morte de Teresa.

Conclusão
- morte de Simão passados 10 dias e suicídio de Mariana, que se atira ao mar, na
companhia do corpo do amado.

“AMOU, PERDEU-SE E MORREU AMANDO”:


AMOU PERDEU-SE MORREU AMANDO
Simão, apesar dos ódios Na sequência desta paixão Condenado ao degredo,
familiares que separam as arrebatadora, Simão é Simão acaba por morrer
famílias Botelho e expulso de casa dos seus durante a viagem, depois
Albuquerque, apaixona-se pais e acaba por matar de ter conhecimento da
por Teresa Albuquerque Baltasar, primo e morte da sua amada.
pretendente de Teresa, que Os dois apaixonados
estava encerrada num acreditam no amor eterno
convento, pois não aceitava e, por este motivo, veem na
o casamento com Baltasar morte a possibilidade de
que o pai lhe pretendia uma união que não
impor conseguiram obter em vida
RELAÇÕES ENTRE PERSONAGENS:

Simão Botelho
- apaixonado por Teresa
- fiel aos seus princípios

Teresa
- apaixonada por Simão Mariana
- corajosa perante o seu pai - apaixonada por Simão
- cúmplice dos dois
amantes

DIÁLOGOS:
A função dos diálogos em Amor de Perdição é:
- esclarecer situações que envolvam personagens;
- transmitir informações;
- traduzir os sentimentos das personagens;
- estabelecer confrontos entre diferentes pontos de vista.

CONCENTRAÇÃO TEMPORAL:
A ação desenrola-se de forma linear e cronológica e num ritmo rápido. (A ação
decorre durante 6 anos).
1801 - Simão tem quinze anos;
1803 - Teresa escreve uma carta a Simão, dizendo-lhe que o seu pai a ameaça com a ida
para o convento;
1804 - Simão tem dezoito anos quando é preso;
1805/1807 - Simão encontra-se preso (20 meses na prisão e decorrem mais 6 meses
antes de partir para a Índia, degredado);
17 de março de 1807 - Simão parte para a Índia;
28 de março de 1807 - Simão morre.

Você também pode gostar