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Resumo de português- «Amor de Perdição», de Camilo Castelo Branco

Capítulo IV
Este capítulo IV é um bom exemplo para ver as relações entre as personagens. Por um lado,
existe a relação familiar entre pai e filha – Teresa e Tadeu Albuquerque – e, por outro, existe
a relação entre dois apaixonados – Simão Botelho e Teresa Albuquerque.

O capítulo abre com uma caracterização de Teresa, a partir do diálogo com Baltasar
Coutinho, destacando o narrador que ela é uma mulher de «orgulho fortalecido pelo amor».
Por carta, Teresa relata o sucedido a Simão, omitindo apenas as ameaças do primo.

Teresa é caracterizada psicologicamente de uma forma muito positiva. Mostra-se submissa


ao pai, mas ele prepara secretamente o seu casamento com o primo.

A relação de Tadeu e a sua filha Teresa é uma relação conflituosa e injusta. Acreditando que
o casamento de sua filha com o Baltasar é o melhor (pois não aceita o amor entre Teresa e
Simão), quando Teresa recusa-se a casar com o seu primo, Tadeu reage de uma forma
negativa e impulsiva.

A vida de Teresa parece regressar à normalidade (não entrará no convento, não se falava em
casamento e Baltasar Coutinho estava ausente), até ao momento em que o pai lhe diz que,
nesse dia, ela deve casar com Baltasar- desvendado num domingo de junho “ao romper da
alva”.

Teresa responde descrevendo aquilo que lhe é pedido como um sacrifício e afirmando que
odeia o primo. Tadeu amaldiçoa a filha e diz-lhe que ela morrerá num convento, por ela não
ter aceitado a sua proposta. Aconselhado por Baltasar o pai acaba por acalmar.

Ao sobrinho Baltasar, diz que não lhe pode dar a mão de Teresa porque já não tem filha.
Teresa acaba por não ser enviada para um convento, segundo o conselho do primo, e
escreve uma carta a Simão contando-lhe o sucedido. Simão fica fora de si e planeia matar
Baltasar, mas abandona esta ideia ao perceber que essa ação o afastaria de Teresa para
sempre.

A relação entre Teresa e Simão é amorosa e infinita. Também se encontra um elemento de


proteção entre estas duas personagens. O amor deles é apresentado de uma forma clara
quando Teresa recusa-se a casar com Baltasar, pois sente que o seu amor por Simão é mais
importante que a felicidade do seu pai.
O capítulo mostra a qualidade impulsiva de Simão, a sua qualidade mais predominante,
quando este recebe a carta de Teresa onde é lhe explicado a situação do casamento
arranjado. Porém, ao ler a carta pela terceira vez, considera “menos afrontosas” as ações de
Baltasar. Por isso, já não pensa em matá-lo, mas ir a Viseu e ver Teresa.

O estudante resolve ir a Viseu para ver a filha de Tadeu. Como precisa de um sítio seguro
onde ficar, o arrieiro recomenda-lhe a casa de um primo seu, que fica perto de Viseu, que
lhe arranjou o cavalo para a viagem.

Simão e Teresa trocam cartas, através da mendiga, e assim combinam um encontro às onze
horas, à noite,no dia do aniversário desta, no quintal de casa de Teresa. À hora marcada,
Simão comparece no quintal e fica surpreendido por ouvir música vinda de uma casa que ele
sempre considerará triste e sem vida.

Tópicos principais tratados neste capítulo:

Relações entre as personagens: A ação da obra centra-se no triângulo amoroso Simão,


Teresa e Mariana.

1. Simão Botelho: filho de Domingos Botelho e D. Rita Preciosa, nasceu em 1784 (tem 17
anos no início da ação).
↳ A sua relação com os pais nunca é pacifica e mesmo quando é condenado à forca o pai
recusa-se a interceder por ele, fazendo-o apenas
por imposição dos seus parentes;

↳ Antes de se apaixonar por Teresa, tem um


comportamento arruaceiro e violento, contudo o
amor por Teresa transforma-o e abandona a vida
boémia e dedica-se aos estudos;

↳ Morre a 28 de março de 1807 no barco que o


transportava para o degredo e o seu corpo é lançado ao mar.

2. Teresa:
Tem 15 anos e destaca-se pela sua beleza.
↳ Configura o ideal de mulher-anjo pelas suas características – pureza, fragilidade,
capacidade de sofrer em nome do amor;
↳ Assume uma atitude de desobediência para com o pai quando recusa casar com Baltasar
Coutinho, no entanto aceita o afastamento de Simão que este lhe impõe ao entrar para o
convento.

3. Mariana: Tem 24 anos e destaca-se pela sua beleza física.


↳ Filha de João da Cruz;

↳ Revela características da mulher-anjo ao entregar-se ao seu amor por Simão, não


esperando nada em troca, a ponto de se sacrificar por ele, quando serve de elo de ligação
entre Simão e Teresa e quando acompanha-o para o degredo;

↳ É exemplo de dignidade, compaixão, determinação e vontade própria.

4. Domingos Botelho: é um magistrado corrupto, mas com preconceito de honra social.

5. Tadeu de Albuquerque: pai de Teresa.


↳ Odeia o pai de Simão por este não ter decidido em seu favor num litígio;
↳ O amor que nutre pela filha não consegue superar o seu ódio mesquinho e a sua noção de
honra.
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Prefácio da segunda edição - texto mais extenso, produzido no Porto, em 1863, e que
apresenta informações cruciais sobre a obra em causa: desde logo, uma referência ao facto
de Simão Botelho ser tio paterno do escritor e de este ter ouvido a sua “triste história” de
uma tia; segue-se a indicação das circunstâncias particulares de redação da obra, numa
preocupação evidente de incutir veracidade ao relato; Camilo aponta ainda certas
características da obra que explicariam o seu êxito; por fim, tece algumas considerações
sobre a utilidade do romance;

Introdução
Assumindo-se como contador de uma história real, cuja veracidade é atestada em fontes
(«livros de antigos assentamentos»), o narrador aproxima-se do historiador. Encontramos
uma referência explícita ao destinatário — o leitor e a leitora, «amiga de todos os infelizes
—, ficando este preparado para todas as emoções que a história nele provocará.
Respostas- Exame 2019
1- Caracterize os espaços em que as personagens Teresa e Simão Botelho se movimentam?

Ao longo do capítulo IV, Teresa uma jovem pura e frágil com apenas 15 anos, apaixonada por
Simão Botelho, movimenta-se num convento, segundo o qual caracteriza-se pela presença
de um coro, de um santuário da sua tia, das celas, de uma janela que abre-se para o lado do
mar e de um mirante, sendo este um local de clausura, de recolhimento e de oração.
Já Simão Botelho movimenta-se em uma nau fundeada no porto com um tombadilho, um
portaló e uma amurada, em que Simão encosta-se para olhar na direção de Teresa, portanto
trata-se de um espaço carcerário, isto é, uma nau-prisão que transporta condenados para o
degredo.

2. Explicite o sentido da expressão «Eram hinos à felicidade prevista» (linha 10).

A expressão «Eram hinos à felicidade prevista» (l. 10), representa, metaforicamente, as


cartas enviadas de Simão Botelho para Teresa, que simbolizam os sonhos de uma felicidade
futura, conferindo às cartas um caráter poético, inspirado pela paixão amorosa.

3. Na linha 21, o narrador faz referência a uma «ordem» cujo teor só virá a ser revelado
mais tarde. Apresente dois dos efeitos produzidos por este processo narrativo.

Os dois efeitos produzidos por este processo narrativo são aumentar a tensão dramática
associada às cartas, pelo facto de ser omitido o teor da ordem, marcar a importância das
cartas íntimas dos namorados e antecipar o momento em que a ordem é cumprida, quando,
mais tarde, o «pacotinho» (l. 34) é entregue a Simão pela «pobre de Viseu» (l. 33).

4. Refira o valor simbólico dos acenos trocados entre Teresa e Simão Botelho.

Os acenos trocados entre Teresa e Simão Botelho têm um valor simbólico, visto que,
sugerem uma vitória do amor que os une sobre a fatalidade que os separa, representam
uma comunhão última, e sublinham o momento de despedida.

Teste 3- studocu
1. Divide o texto nas suas partes constitutivas, fundamentando a divisão que efetuares.

No excerto é possível diferenciar três momentos distintos: os acontecimentos ocorridos


pelas “onze horas da noite” (l. 1), quando Simão resolve procurar Teresa no convento em
Viseu e, ao tentar sair de casa de João da Cruz sem ser visto, é surpreendido por Mariana (ll.
1-15). Outro momento é a chegada de Simão ao convento e a espera pela saída de Teresa (ll.
16-18). E por fim, o surgimento da família de Teresa para iniciar a sua transferência de
convento (ll. 19-30).

2. Interpreta os pensamentos de Simão no momento em que é surpreendido por


Mariana.

Simão quando é surpreendido por Mariana, o jovem reflete sobre a dedicação da jovem,
que considera seu “anjo da guarda” (l. 8), e que na qual reconhece uma extrema dedicação
sentimental. Os seus pensamentos sugerem também que ele próprio assume que deveria
seguir os conselhos de prudência anteriormente dados pela filha de João da Cruz.

3. Considerando os sete primeiros parágrafos, aponta dois dos traços caracterizadores de


Mariana. Justifica a tua resposta com elementos textuais.

Mariana caracteriza-se por ser extremamente atenta e cuidadosa com Simão, mantendo-se
vigilante mesmo depois de, anteriormente, o jovem não ter assumido que sairia nesta noite
para ver Teresa. Desse modo, surpreende-o quando abandona a casa e, prudente, sensata e
resignada, despede-se emotivamente dele. Durante o breve diálogo que mantém com Simão
e após a sua saída, revela a sua dimensão espiritual e religiosa, “orando com o fervor das
lágrimas” (l. 15) causadas pela despedida e pela inquietação.

4. Atenta no momento em que se descreve a chegada de Tadeu e Baltasar.


4.1. Interpreta a expressão com que o narrador conclui a sua observação de Baltasar:
“gesticulava com aprumo de quem dá as suas irrefutáveis razões, e
consola tomando a riso a dor alheia” (ll. 21-22).

A expressão com que o narrador conclui a sua observação de Baltasar, destaca os traços de
carácter de Baltasar que o primo de Teresa revela no diálogo seguinte com o tio e ao longo
da ação, nomeadamente, a arrogância e prepotência e, simultaneamente, a exiguidade
moral de quem se satisfaz com o sofrimento dos outros, como acontece com a repreensão
que dirige a Tadeu, censurando-o e culpando-o pela “ousadia” de Teresa.

4.2. Caracteriza a relação existente entre tio e sobrinho, comprovando as tuas afirmações
com passagens do excerto.

Baltasar mostra-se aparentemente condescendente com o tio, acompanhando-o e


amparando-o (ll. 19-20) naquele momento delicado em que “denotava quebranto e
desfalecimento a espaços” (l. 20). Contudo, o sobrinho, Tadeu recebia essencialmente
censura e repreensão, pois culpabiliza-o por ter criado Teresa “à discrição” (ll. 25-26), ou
seja, ter promovido a “desobediência” (l. 30) e favorecido a afoiteza de tentar “escolher
marido” (l. 27). No fundo, subvertem-se os papéis naturais em núcleos familiares marcados
pela harmonia, com o sobrinho irreverente e presunçoso a deixar “soluçando” (l. 28) o tio
com as suas admoestações arrogantes.

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