Tadeu de Albuquerque, o pai rigoroso de Teresa, é um obstáculo ao seu amor por Simão devido ao seu forte controlo sobre ela e desejo de casá-la com o primo Baltasar. Apesar dos apelos de Teresa, Tadeu mantém-se firme na sua posição e envia-a para um convento quando ela recusa casar-se. Tadeu representa uma personagem plana que não muda ao longo da história.
Tadeu de Albuquerque, o pai rigoroso de Teresa, é um obstáculo ao seu amor por Simão devido ao seu forte controlo sobre ela e desejo de casá-la com o primo Baltasar. Apesar dos apelos de Teresa, Tadeu mantém-se firme na sua posição e envia-a para um convento quando ela recusa casar-se. Tadeu representa uma personagem plana que não muda ao longo da história.
Tadeu de Albuquerque, o pai rigoroso de Teresa, é um obstáculo ao seu amor por Simão devido ao seu forte controlo sobre ela e desejo de casá-la com o primo Baltasar. Apesar dos apelos de Teresa, Tadeu mantém-se firme na sua posição e envia-a para um convento quando ela recusa casar-se. Tadeu representa uma personagem plana que não muda ao longo da história.
Metodologia de Estudos Literários – Português II - Turma 2
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Na obra Amor de Perdição, desenvolvida por Camilo Castelo Branco,
Tadeu de Albuquerque é o pai rigoroso da protagonista Teresa e o seu comportamento ao longo da obra é um dos vários obstáculos que o amor entre Teresa e Simão encara. O amor entre os dois jovens encontra-se obstruído pela rivalidade e ódio mútuo entre as suas famílias durante anos. O magistrado e pai de Simão, Domingos Botelho, sempre teve um rancor para com Tadeu de Albuquerque por causa de uma desavença litigiosa anos atrás, já para não falar que dois criados cuja lealdade pertencia a Tadeu se envolveram numa pancadaria da fonte, sustentando feridas no processo. Quando era a véspera da ida de Simão para a universidade de Coimbra, Teresa deixou claro para com o seu amado que tinha intenções de esperar que o seu pai morresse de velhice, não só para se tornar livre do seu controlo, mas para também ter acesso ao património. O controlo que Tadeu possuía sobre a filha era grande e o desejo dele de unir a sua família com a família do seu sobrinho através do casamento entre Teresa e Baltasar levou-o a ameaçar deixar a própria filha num convento caso ela recusasse, provando que Tadeu mostrava fome por poder, cujos níveis ultrapassaram o amor e respeito pela sua filha e as escolhas dela. Sempre que Teresa se recusava a aceitar tal sacramento, Tadeu mostrou vontade de agredi-la para colocar a filha “na ordem,” apenas para ser impedido por Baltasar, que sabiamente insistiu que violência apenas deixaria a situação em pior estado. Em junho de 1803, era hora de Teresa dar a mão ao primo mas a jovem não se mostrou nem um pouco agradada com o compromisso que tinha que cumprir. Tadeu mostrou ser um indivíduo iludido, apegado à crença de que amor e felicidade apenas podiam ser encontradas através da violência e imposição e acreditava cegamente que o casamento entre Teresa e Baltasar traria contentamento para ele durante os poucos dias que lhe restam. Tadeu mantinha-se firme de que o casamento entre a filha e o sobrinho não era nenhum sacrifício como Teresa afirmou, mas um passo essencial para a alma de Teresa atingir a “transfiguração”. Quando Teresa finalmente se cansou da atitude teimosa, controladora e delirante do pai, ela firmemente recusou em cumprir aquilo que o pai esperava dela, levando Tadeu a renegar a filha e jurar que ela morreria num convento sem qualquer acesso a nenhuma parte do património da sua família, provando de uma vez por todas que Tadeu se encontrava mais preocupado com a fortuna do que com o bem-estar da sua própria filha e a sua felicidade. Quando a sós com Baltasar, apesar de informá- lo que já não tinha filha, Baltasar não perdeu a esperança de conquistar a prima e prometeu livrar o coração de Teresa do amor que esta sentia por Simão. De modo a atingir tal objetivo, ele mostrou-se disposto a atrair o futuro médico para casa para o matar e removê-lo do caminho, não tendo qualquer consciência que tal ação apenas provocaria uma fenda irreparável na sua relação com Teresa. Após perceber que a sua filha nunca aceitaria seguir as suas ordens, Tadeu acabou por enviá-la para o convento de Monchique no Porto, onde encorajou a filha a respirar o ar que ele alegava que pertencia aos anjos, mas tudo o que Teresa sentia era ódio e repugnância com as circunstâncias. Enquanto Teresa sentia emoções negativas relativamente à sua situação atual, Tadeu mostrou-se empenhado em conquistar a prioresa e outras religiosas através de cortesia. Através do desempenho desta personagem, podemos concluir que Tadeu corresponde a uma personagem plana, ou seja, uma figura cuja personalidade não sofreu quaisquer mudanças desde o início até ao fim do romance. Tal característica tornava Tadeu diferente do herói do romance, Simão Botelho, que apesar de partilhar com Tadeu um carácter violento no início, ele acabou por se tornar dedicado em conseguir “salvar” Teresa das garras de Baltasar e conseguir ter a vida com que sempre sonhou ao lado dela, independentemente das leis e costumes da sociedade em que vivia e contestou a falta de honra, valores éticos e cristãos e como os costumes da sociedade afetavam os laços familiares. Tais mudanças no carácter conseguem adquirir a surpresa dos leitores, o que leva o escritor a ter sua atenção total focada na personagem, que através das suas paixões, feições peculiares e defeitos, consegue levar a um realce do ser humano. Comparando Tadeu com Domingos Botelho, deve-se reparar que embora Tadeu não mostrasse qualquer respeito perante as escolhas da filha, ele ainda demonstrou um certo grau de amor retorcido por ela mesmo que ela desobedecesse às suas ordens, ao contrário de Domingos, que demonstrou desgosto perante a revelação de que Simão tinha assassinado Baltasar e recusou sacrificar a sua carreira como magistrado para proteger o filho dos inimigos que ele adquiriu, conseguindo fazer com que a sua mulher, D. Rita, concordasse com a ação dele, mesmo que os instintos maternos dele lhe dissessem que ela deveria ajudar na fuga do filho. Após a análise da obra, é essencial notar que a situação paradigmática em relação à contrariedade dos amores transmite um exemplo dos últimos anos da sociedade absolutista do século XIX, quando era destacada a presença dos patriarcas nas decisões dos filhos e eles tomavam a decisão de decidir os parceiros deles. Durante tal época, as mulheres eram os principais alvos da crueldade dos homens, tendo desenvolvido uma atitude receosa e submissa e não podendo participar em numerosas atividades, principalmente a nível político, com as autoridades supremas acreditando que a mulher não tinha intelecto suficiente para participar e não tinha permissão para sair de casa até ser aprovada pelo marido ou dono da sua residência. A análise acima torna-se num completo oposto da sociedade atualmente no séc. XXI, agora que todo o povo possui direitos e privilégios equivalentes graças à Instituição da República, que substituiu a Monarquia nos inícios do séc. XX. Sem as classes da nobreza e burguesia, o imenso controlo que os patriarcas tinham sobre o futuro dos filhos desapareceu, tal como a opção de forçar os filhos a entrar na vida religiosa contra a vontade deles, permitindo a criação de uma sociedade com os valores de liberdade, igualdade, e justiça social que Simão desejava que tivessem existido na sua altura. Concluindo, a personalidade de Tadeu de Albuquerque e as ações que ele tomou foram dois fatores críticos que contribuíram para o desenrolar e emoção da obra e as peripécias vivenciadas pelo forte amor entre Simão e Teresa, que não podia ser abalado nem pela distância física um do outro, nem pela intensa rivalidade entre as suas famílias nem pelas condições religiosas que Tadeu impôs sobre Teresa. Esse amor, paralelo ao de Romeu e Julieta, acabou por ir até ao fim das vidas dos dois jovens, que não se importavam com nada a não ser terem-se nos braços um do outro.