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PORTUGUÊS - RESUMOS DO AMOR DE PERDIÇÃO

Autor-narrador ou narrador-autor: Camilo Castelo Branco, filho de Manuel Botelho


que era irmão do protagonista da história, Simão Botelho.
Data de lançamento: 1862, demorou 15 dias a ser escrita
A obra corresponde ao culminar da novela passional camiliana e do idealismo que lhe
está associado.
Situação política e económico-social de Portugal naquela altura: houveram alguns
inventos importantes, tais como:
 as Invasões Francesas (1807- 1811);
 a fuga da família real portuguesa para o Brasil;
 o governo despótico dos ingleses, que ajudaram a expulsar os franceses;
 propagação dos ideais liberais oriundos das revoluções ocorridas dos EUA
(1776) e em França (1789-1799);
 revolta liberal (1820);
 primeira constituição liberal e proclamação da independência do Brasil;
 morte do rei D. João IV;
 guerra civil entre absolutistas e liberais.
Aos anos que se seguiram foram ainda de instabilidade política provocada,
essencialmente, pelas lutas entre os apoiantes da Constituição de 1822 e os apoiantes
da Carta Constitucional, em vigor.

É neste período de lutas políticas de CCB começa a produzir a sua obra e em que se
manifesta em Portugal o ROMANTISMO.

Romantismo- movimento estético e cultural que surgiu na europa em finais do século


XVIII. É indissociável das várias transformações políticas, sociais e económicas nessa
altura.

Características do romantismo:
 o indivíduo “eu”
 subjetivismo
 valorização dos sentimentos
 desejo da liberdade
 valorização das tradições medievais e de tudo o que é nacional.
 Exibição confessionalista;
 Visão permissiva e melancólica do mundo;
 Desejo forte de alienação e evasão no tempo e no espaço;

Amor de Perdição é um exemplo da iterseção da vertente romântica do


idealismo, do amor-paixão, da vertente realista da sátira social e de crónica de
mudança social.

AMOR-PAIXÃO: é um amor de que leva à desgraça, à perdição e, como


consequência, à morte. É um amor vivido intensamente, que se alimenta do
sofrimento.
 É o núcleo da ação
 Sentimento avassalador, febril, egoísta;
 Sentimento que desperta o desejo de vingança e de conservação da honra
 Responsável pela sacralização dos amantes, por aproximação com a paixão de
cristo.

HERÓI ROMANTICO: personagem que acredita em valores elevados e que se move por
ideais grandes e, regra geral, inalcançáveis ou tidos como impossíveis de alcançar: o
amor, a justiça, a liberdade, a construção de um mudo melhor.
 Ânsia o absoluto;
 Individualismo;
 Vigor anímico;
 Rebeldia;
 Defesa da liberdade.

O herói romântico desta obra é Simão Botelho. Este possui um estatuto nobre
(nobreza de carácter) e sentimentos fortes. Antes de amar era rebelde,
marginal e violento. Ao amar é apaixonado, fiel, obstinado na defesa da sua
honra de amante perseguido, excessivo no amor e no ódio, tem veia poética
(cartas) e morre ao amor. Existe uma TRANSFORMAÇÃO deste pela paixão.

Nesta obra existe, também, 2 heroínas românticas: Mariana e Teresa.

Mariana: Teresa:
É nobre de sentimentos, porém o Possui um estatuto nobre e
seu amor por Simão não é sentimentos fortes. Vive o amor
correspondido. Sofre em silencio intensamente e morre de amor
por amor. É caracterizada com (amor-paixão). É obstinado na
abnegação, generosidade e recusa da autoridade paterna. É
dedicação. É indiferente à caracterizada como jovem, pura
sociedade. Suicídio é a sua morte e frágil. É considerada mulher-
por amor. É considerada mulher- anjo.
anjo.

Relação entre as personagens

Simão e Teresa: correspondência amorosa, amor incondicional.


Simão e Mariana: amor fraterno de Simão por Mariana e amor incondicional de
Mariana por Simão.
Mariana e Teresa: cartas.

Oponentes: Domingos Botelho; D. Rita; Irmãos de Simão (menos Rita); Tadeu de


Albuquerque; Baltasar Coutinho.
Adjuvantes: arrieiro; João da Cruz (ferrador); mendiga; comandante.

Estrutura da Obra:

40 anos Capítulo I: Fernão Botelho- Domingos Botelho- Simão Botelho


Locais: Lisboa; Coimbra; Vila Real de Trás-os-Montes; Lamego; Viseu.

Capítulo II-X: “Amou”


Aprox. 7 anos
Simão- locais: Coimbra, Viseu.
Teresa- locais: Viseu (casa do pai e convento)
Morte de Baltasar Coutinho.

Capítulo XI-XX: “Perdeu-se”


Simão é preso.
9 dias
Teresa é presa no convento de Monchique, no Porto.
Mariana é presa a Simão

Conclusão: “Morreu amando”


Simão- morre no camarote do navio a caminho do degredo.
Teresa- morre de tuberculose
Mariana- suicida-se agarrando-se ao corpo de simão quando este é
jogado ao mar.

Crónica da mudança social:


Este “moço de 18 anos” representa a mudança de sociedade; há uma nova sociedade,
assembler na liberdade e no valor do indivíduo, que se opõe a uma sociedade antiga,
assente na falsa virtude.

A morte de Simão e de Teresa são um grito de revolta contra a sociedade na qual


estavam inseridos, são um sinal da mudança social a que tantos aspiravam. São uma
prova do desejo de liberdade face à opressão e à violência.

Os discursos de Tadeu de Albuquerque mostram bem como funcionava a sociedade


naquela época, uma sociedade regida pela violência, pela submissão total ao pai e/ao
marido. Era uma sociedade estagnada, preconceituosa e corrompida pela honra e pelo
dinheiro. Camilo Castelo Branco faz várias críticas sobre esta ao longo da história.

Narrador- o narrador é um narrador ausente no decorrer da história à exceção da


introdução e da conclusão.

Tem uma focalização omnisciente, isto é, o narrador detém um conhecimento


ilimitado do que vai narrar.

Tem uma focalização externa, ou seja, o narrador centra-se de forma objetiva nos
acontecimentos, nas personagens e daí esta focalização ser constituída pela
representação das características superficiais e materiais observáveis de uma
personagem, de um espaço ou de certas ações.

Tem uma focalização interna, ou seja, corresponde à instituição de um ponto de vista


de uma personagem inserida na ficção. Este tipo de focalização predomina sobretudo
nas cartas.

É um narrador omnisciente, interventivo (tece comentários sobre o comportamento


ou destino das personagens, tomando claramente, o partido de umas relativamente a
outras), heterodiegético (narra na terceira pessoa).

É também um narrador-personagem, ao assumir um discurso de 1ª pessoa, ao


interpelar o leitor e ao dirigir-se a simão como seu interlocutor. Dá-se a sua intrusão na
história, como se de uma personagem se tratasse.

É um narrador subjetivo.

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