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Neste ensaio filosófico, irei centrar-me nesta dúvida: Será a morte um mal? Este tema,
embora não tenha sido fácil, foi necessário confrontá-lo, desde as mais diversas
perspetivas, pela comunidade filosófica e por cada um de nós individualmente.
Primeiramente, deve-se esclarecer dois conceitos que iram ser bastante referidos a
seguir: a morte e o mal. A etimologia da palavra morte deriva do latim “mors, mortis”,
que significa a interrupção completa de um organismo. Ao longo do tempo, o conceito
de morte foi sofrendo alterações profundas, ou seja, antes considerava-se que a morte
ocorria imediatamente após a paragem do coração do ser vivo, agora passou a ser vista
apenas como um processo, que a partir do um momento, torna-se inconversível. Apenas
se conhece a nossa morte através da morte do outro que, abre caminho para outro,
dando continuidade à história, que é constituída de ciclos: vida e morte. Já a palavra
“mal” deriva do latim “male”; geralmente refere-se a tudo aquilo que não é desejável e
que está no vício, em oposição à virtude.
Para alguns filósofos, a morte é considerada um mal inevitável, enquanto para outros é
vista como uma passagem natural da vida.
É verdade que o Homem, desde que nasce, já é suficientemente velho para morrer, ou
seja, “a vida está sempre à beira do desastre” (Salk). A morte é a outra face da vida.
Pascal afirma: “nem a morte, nem o sol, podem ser olhados de frente”, ou seja, qual
quer um pode ser o primeiro a morrer, então devemos abordar a morte com respeito e
não a evitar, vivendo como se ela não existisse, pois para a morte, o corpo de um
cientista bem-conceituado que ganhou um Prémio Nobel tem o mesmo destino que um
sem-abrigo. Ou seja, este destino que nos torna a fim ao cabo todos iguais, é mais uma
razão para nos mostrarmos modestos. O Padre António Vieira, num dos seus sermões,
afirma que a única diferença entre os vivos e os mortos reside no facto de os vivos
serem pó levantado, enquanto os mortos pó que jaz. Parafraseando o poeta português,
António Gedeão, “a morte comanda a vida”. Dessa forma, olhar a vida pelo prisma da
morte, parece uma coisa natural, e paradoxalmente pode ajudar a viver. Por outras
palavras, viver a morte não significa matar a vida, antes viver a vida, porque também “a
vida comanda a morte”.
Essas crenças podem influenciar a maneira como vemos a morte e a maneira como
lidamos com ela. Nesse sentido, a morte pode ser vista como um evento positivo, um
momento de libertação da dor e do sofrimento e uma oportunidade de alcançar um
estado mais elevado de se reunir com pessoas próximas a nós que já partiram. Além da
religião, a morte também tem diferentes significados e impactos em diferentes contextos
e culturas. Por exemplo, em algumas culturas, a morte é vista como um evento natural e
até mesmo celebrado como uma transição para uma nova fase da existência, ou seja,
pode ser vista como um aspeto necessário da vida, que nos permite crescer e evoluir
como seres humanos e como uma oportunidade para refletir sobre a vida, para nos
conectarmos e para alcançar um estado de paz e aceitação, enquanto em outras culturas
é vista como uma tragédia e um sinal de fracasso perante os projetos, sonhos e objetivos
pessoais. A morte pode ser vista como uma interrupção prematura da vida, privando a
pessoa de conseguir alcançar seus objetivos e realizar seus desejos. No entanto, é
importante lembrar que isto faz parte da vida e que a morte de uma pessoa não apaga as
memórias e experiências que ela deixou para trás. Mas, existem fatores como a idade, a
saúde, os relacionamentos e certas circunstâncias que podem influenciar a maneira
como as pessoas experimentam e percebem a morte. Por fim, esta questão também pode
ser vista de um lado ético e político. Por exemplo, em algumas sociedades, a morte é
causada por fatores como a pobreza, a violência ou a falta de acesso à saúde, o que pode
levantar questões sobre a responsabilidade social e a justiça.
Outro ponto importante a considerar é que a morte pode ser vista como um mal por
conta de sua inevitabilidade. O facto de que todos nós, em algum momento, teremos de
enfrentar a morte pode levar a uma sensação de impotência. Todavia, é importante
lembrar que o reconhecimento da finitude da vida também pode levar a uma maior
vontade para viver plenamente o presente.
Concluindo, esta questão tem sido debatida por filósofos ao longo da história e
provavelmente continuará a ser discutida à medida que tentamos entender a natureza da
existência humana e a relação com o mundo ao nosso redor.
Eu defendo que a morte não pode continuar a ser um tabu, ausente dos lugares
educativos e da família. Tudo na natureza fala-nos desta antítese, vida e morte, como
por exemplo o dia e a noite ou a onde que vem e que morre na praia.
Relembrando que esta questão “Será a morte um mal?” não tem uma resposta definitiva.
Na minha opinião, a perceção da morte como um mal pode variar de acordo com o
contexto, as crenças e os valores pessoais. Além disso, a resposta a essa questão pode
mudar ao longo do tempo, à medida que nossas experiências e perspetivas sobre a vida e
a morte evoluem.
Webgrafia:
https://www.dicio.com.br/morte/
https://www.dicio.com.br/mal/
https://www.culturagenial.com/existencialismo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo