Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Grupo I
Leia atentamente o seguinte texto.
Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-
nascida. Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela
incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a
usual nos seus anos.
5 Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos quinze anos, como paixão
perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O
amor aos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas; é tentativa
da avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que está da
fronde1 próxima chamando: tanto sabe a primeira o que é amar muito, como a segunda o que é
10 voar para longe.
3. Identifica o recurso expressivo presente em “Não ficara ela incólume da ferida que fizera
no coração do vizinho” (l. 3-4) e comenta o seu valor.
1
folhagem, copa de árvore.
2 3
briga em que Simão se envolveu, descrita no início da obra. obedecer
Texto B
Teresa de Albuquerque
em sua carta ao Mundo
Simão Botelho, meu amado esposo.
Não te admires da configuração daquela que te há de parecer uma bem estranha carta.
Quando estas laudas1 chegarem às tuas mãos, saberás que as escrevi com tinta feita da cinza que
5 dia e noite me rodeia, diluída na escorrenteza das minhas próprias lágrimas. Oxalá matérias tão
precárias resistam à viagem e consigam levar-te saudações da minha parte, seja onde for que te
encontres, e estejas tu acompanhado por quem quer que seja que o destino te tenha dado por
10 amiga ou amante.
Pois pelo meu lado, se muito mudei, continuo a querer-te como no primeiro dia em que te vi
cavalgando pelas ruas de Viseu, e a amar-te da mesma forma, sem refrigério 2 nem apelo, como no
15 último instante, quando te dirigiste ao portaló para receberes as minhas cartas, na nau que em
breve partiria levando-te a caminho da Índia. Nessa hora, a minha vida acabou, Simão, mas a tua
felicidade, fatalmente sem mim, continua a ser o meu maior cuidado. A tua felicidade é o meu
20 destino. Vê como são as coisas, meu amado. Agora, pouco me importa que aquela, com quem
fazias projetos de partilhar uma casinha nos arredores de Coimbra, já não se chame Teresa, nem
que o peito onde sonhavas encostar a tua cabeça, já não seja o seu. A vida mudou, isto é, a morte
25 mudou o que foi sonhado em vida. Mas o mais importante é que sei agora o que não sabia antes.
E por isso posso dizer-te que a natureza daquela Eternidade que ora víamos como um paraíso
perfeito, ora como um lugar de quietude e silêncio para onde os dois iríamos adormecer para
sempre, afinal é muito diferente do que ambos imaginávamos. Posso dizer-te que se escrevo esta
30 carta, é porque faço empenho em avisar-te para que não sejas tomado tu pela surpresa que a
mim me prende. Meu divino esposo do céu, meu amado, estávamos enganados, a vida a partir
daqui tem um sentido diferente. O amor que aí vivemos até ao desespero, cá deste lado, não tem
o valor de um pinto, e os bens que pensávamos que nos conduziriam a um lugar de bom
merecimento, ficaram pelo caminho. Grande dolo 3. Só o meu amor por ti, meu adorado esposo,
continua igual, absoluto e derradeiro, e por isso preciso explicar-te o que por cá se passa, antes
que seja tarde. Podes crer. Tão grande é a minha emoção ao fazer esta denúncia, que me
atrapalho nas letras de cinza que desenho sobre este pedaço de sudário 4, e tão grande a minha
urgência em fazer-to saber, que nem sei como chamar as palavras.
2
Colóquio Letras, n.º 181, setembro/dezembro de 2012, p. 136.
1
folhas de papel.
2
alívio, conforto.
3
engano, fraude.
4
lenço usado para envolver um cadáver, mortalha.
1 - Segundo o texto que acabou de ler, determine qual a alínea correta para completar a ideia apresentada.
Indique a Letra correspondente a cada um dos Números.
1.Teresa escreve “uma bem estranha carta” (l. 2), uma vez que
A. se encontra enclausurada.
B. já morreu e comunica com Simão.
C. as frases não têm nexo.
D. a tinta é de má qualidade.
TEXTO C
No Verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias
depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira
lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que em
Setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima* da mamã…
3
– Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto…
– E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura… O amor
é um luxo caro, Vilaça.
– Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!
E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício*, nos brios de raça de seu filho,
chegava a tranquilizar Vilaça.
Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de
Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro
a caleche* azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um
vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro, sentado ao seu lado: as
fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a sua
face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos de um
azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de
modista, encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no
braço, o guarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho e fresco, a caleche
passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a
chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:
– Caramba! É bonita!
Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate que agora se inclinava sobre Pedro,
quase o escondia, parecia envolvê-lo todo – como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o
verde triste das ramas.
Eça de Queirós, Os Maias Lisboa, Livros do Brasil, 1998
1 - O título – “Os Maias” - liga-se à história trágica que serve de pretexto para o desenvolvimento da comédia
de costumes que o subtítulo
4
2 - Na obra temos a história de uma família lisboeta, representante da alta burguesia (num conjunto de três
gerações sucessivas). A primeira geração é representada por
3 - O início do romance situa-nos em 1875, no Outono. Estamos, por isso, na 3.ª geração, na história de Carlos.
Apercebemo-nos, no entanto, que será necessário recuar no tempo para encontrar explicações para alguns
factos do presente. Assim, surgem
A) as analepses.
B) as prolepses.
C) as reduções temporais.
4- O Realismo
A) baseia-se numa doutrina filosófica que procura representar o mundo exterior de uma forma fidedigna,
sem interferência de reflexões intelectuais nem -preconceitos, e voltada para a análise das condições
políticas, económicas e sociais.
B) procura ver a realidade de forma objetiva e surge como reação ao idealismo clássico, ou melhor, como
afirma Gaëtan Picon, «sucede ao Classicismo como a análise à síntese, a exploração minuciosa à intuição
global».
C)é um movimento artístico e cultural que surge no século XVIII, durante o neoclassicismo, e dura até
meados do século XIX. Desde cedo se revela como um novo modo de vida e maneira de sentir e de pensar.
3 - O Naturalismo
A) O Naturalismo cria assim uma conceção idealista da vida e da estética, numa atitude de constante
desprezo e rebeldia face às normas estabelecidas.
B) aparece como reação do espírito nacional à tentativa de hegemonia do poder napoleónico. Alemanha,
Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal despertam para os seus valores nacionais e procuram a total
liberdade política, religiosa, cultural e literária.
C) é uma conceção filosófica que considera a Natureza como única realidade existente, analisando os
problemas sociais e recusando explicações que transcendam as ciências naturais
5
Grupo II
sintáticas sublinhadas:
1. Apesar do seu pai não concordar, Pedro ofereceu a sua mão A. Modificador do nome apositivo
a Maria Monforte
eclesiástica
5. Afonso e Brown optaram por dar uma educação rígida a E. Complemento oblíquo
Carlos
Todas as borboletas são criaturas fascinantes. As suas múltiplas curiosidades (biológicas, ecológicas,
evolutivas e de interação com o homem) e os encantadores padrões coloridos das suas asas, que
parecem saídos de uma paleta divina, não deixam ninguém indiferente. Com a chegada da primavera,
6
não param de nos maravilhar com as suas coreografias aéreas, que trazem mais vida e cor aos campos
e) A Madeira é um _________________________.
GRUPO III
“É indubitável a importância da educação na formação pessoal de um indivíduo. Trata-se de um tema intemporal que
foi e continua a ser abordado na literatura. Assim, por exemplo, na obra “Os Maias” de Eça de Queirós, é analisada a
influência da educação na personalidade das personagens.”
Num texto bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão), com um mínimo de cento e cinquenta
e um máximo de duzentas palavras, apresenta uma reflexão sobre a perspetiva veiculada pela afirmação acima
transcrita.
I-C 1. 2. 3. 4. 5.
5 5 5 5 5 25
II 1. 2. 3.
(3x5) 15 (20x1,25) (5x2) 10 50
25
III I
50 50 200
8
9