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FERNANDO PESSOA ORTÓNIMO

A poesia ortonímica ora segue, formalmente, os modelos da poesia tradicional


portuguesa, ora procura experiências modernistas. Na vertente tradicional, com
poemas de métrica curta, abundam aliterações e rimas internas, numa linguagem
sóbria e intimista, mas de grande suavidade musical e rítmica.

TÓPICOS DE CONTEÚDO:

O fingimento A dor de Sonho e A nostalgia da


artístico pensar realidade infância

O FINGIMENTO ARTÍSTICO
- representação de uma dor imaginária;
- intelectualização das emoções;
- as emoções e os sentimentos, mesmo os verdadeiros são fingidos, ou seja, são
artisticamente trabalhados;
- através do fingimento artístico, o poeta transforma as suas emoções e as suas
experiências em matéria poética;
- o poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade;
- o ato poético apenas pode comunicar uma dor fingida, inventada, pois a dor real
(sentida) continua no sujeito, que, por palavras e imagens, tenta uma representação e,
os leitores tendem a considerar uma dor que não é sua;
-a dor surge em três níveis de compreensão: a dor real, a dor fingida e dor lida;
- a dor sentida não deve ser confundida com a dor fingida, que é uma
representação/recriação artística desta recriação artística desta emoção mas atenção:
Fingir Mentir

A DOR DE PENSAR
- existe um conflito em Pessoa entre o pensar e o sentir provocado pela
intelectualização das emoções;
- para se libertar da dor desta permanentemente racionalização, o sujeito poético deseja
tornar-se inconsciente mas mantendo a lucidez, o sujeito poético inveja a sorte
daqueles que vivem de acordo com os seus instintos desaprovados de racionalidade.

SONHO E REALIDADE
- perante o desalento e a angústia provocados pela realidade, Pessoa encontra um
possível refúgio para uma rota de evasão que leva à felicidade utópica (sem a
interferência do pensamento);
- o sonho é esse momento efémero de felicidade que o afasta do pensamento
obsidiante e que o leva a imaginar por momentos uma vida de inconsciência.
A NOSTALGIA DE INFÂNCIA
- um paraíso perdido que contrasta com a angústia e o tédio existencial associados ao
presente;
- espaço mítico de ternura;
- tempo de pureza, felicidade, unidade, inocência e inconsciência;
- o que o deixa com nostalgia não são as memórias da sua própria infância, mas sim, a
saudade de um tempo imaginário intelectualmente recriado;
- frequentemente, para Fernando Pessoa, o passado é um sonho inútil, pois nada se
concretizou, antes se traduziu numa desilusão. Daí o constante ceticismo perante a
vida real e de sonho, daí, também, uma nostalgia do bem perdido, do mundo fantástico
da infância, único momento possível de felicidade.

RECURSOS EXPRESSIVOS:
- anáfora;
- antítese;
- apóstrofe;
- enumeração;
- gradação;
- metáfora;
- personificação.

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