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Os Impactos da pandemia no processo de escolarização dos alunos que

ingressam no Ensino fundamental - Corpos Cadernos: Para onde vai o


brincar no processo de escolarização do sujeito no Ensino Fundamental
       Luana Mendes Alves 1
Orientadora Dra. Luciana Duenha Dimitrov2
● Introdução com articulação entre a trajetória do/a candidato/a, consideradas as
dimensões acadêmica, profissional e/ou pessoal,
Minha trajetória se inicia no final do ensino médio no ano de 2021, estudava na
escola E. E . Prof.º Paulo Roberto Faggione e prestei vestibular em uma
escola que oferecia cursos profissionalizantes na escola Filomena, escolhi o
curso de Contabilidade , passei no vestibular em 3º lugar fiquei muito feliz, mas
ao ir para a escola na primeira semana de aula decidi mudar para o curso de
Magistério, pois eu achei muito chato o curso de contabilidade. Pedi para
minha mãe ir até a escola e trocar meu curso e pegar a “carterinha” da escola ,
a contra gosto ela foi, pois a escola era longe e ela teve que ir a pé. Mas
estávamos passando por dificuldades em casa, meu pai estava se separando
da minha mãe e ficava dias ausente, e por conta desta situação começamos a
ficar passar certa dificuldade financeira, alimentar, familiar em casa, então
decidi sair do curso e arrumar um emprego para que as coisas não piorassem.
Eu e meu irmão mais velho fomos trabalhar enquanto a situação dos meus pais
ainda estava conturba. Foram tempos difíceis, minha mãe era alcoólatra e
voltou a beber e meu pai mal passava em casa, eu e meus irmãos estávamos
nos virando. Desisti de fazer o curso, fui trabalhar em uma lanchonete o tempo
passou mudei muitas vezes de emprego , trabalhei em alguns segmentos:
alimentação, atendimento , telemarketing, balconista, efim... foram muitos
empregos, conheci meu esposo namoramos uns 2 anos e casamos no ano de
2005 minha primeira filha nasceu, em 2007 a segunda e em 2009 a terceira
( chega) ainda com muitas idas e vindas do mercado. No Ano de 2012 meu
irmão começou a fazer o curso de engenharia na faculdade e a partir daí houve
muitas insistências para que eu fosse para a faculdade, com incentivo do meu

1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho. Pós Graduanda em
Psicomotricidade pela Universidade Nove de Julho.
2
Doutora em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora da Pós-Graduação
na Uninove.
marido , que me obrigou a ir para a faculdade, comecei o curso de pedagogia
na Universidade Nove de julho.
 O tema e o problema de pesquisa proposto
● Objetivos e justificativos da pesquisa
● Fundamentação teórica
● Procedimentos metodológicos
● Plano de execução (com cronograma)
RESUMO
Esta pesquisa convida-nos a refletir sobre: qual a importância do brincar no
contexto escolar? Como se dá a construção de uma cultura corporal do brincar
para crianças do ensino fundamental? Com as contribuições de Oliveira(2004),
Gonsalves (2012), Gallahue (2005), ARROYO(2004) entre outros autores,
ainda com a participação de Silvio Guarde 3(Supervisor Escolar na Prefeitura
Municipal de São Paulo desde 2006), Por meio desta pesquisa pretendemos
evidenciar o brincar e como ação natural das crianças, que contribui no
processo de ensino aprendizagem assim como no desenvolvimento integral do
sujeito, desenvolvendo e potencializando suas habilidades motoras, cognitivas,
sociais e afetivas.
Palavras Chave: Brincar, crianças, desenvolvimento, processo de ensino
aprendizagem.

ABSTRACT
This research invite us to reflect about: What’s the importance of playing in the
school context? How do we construct a body culture of playing to children from
the elementary school? With the contribution of  Oliveira(2004), Gonsalves
(2012), Gallahue( 2005),  ARROYO(2004)  among other authors,
still with the participation of Silvio Guarde (School supervisor in the Town Hall
of São Paulo since 2006), from this research we intend to point the playing as a
natural action of the children, that contributes with the process of teaching
learning, as in the integral development of the subject,
developing and increasing his motor, cognitive, social and affective abilities.

3
Silvio Guarde, Mestre em Educação, com pós-graduações em Psicopedagogia, Gestão
Universitária e Educação Ambiental e graduado em Matemática e Pedagogia. Cargo atual:
Supervisor Escolar na Prefeitura Municipal de São Paulo desde 2006, foi, também Supervisor
de Ensino na Rede Estadual de São Paulo até abril de 2006.
Key words: Play, Children, Development, teaching learning process
INTRODUÇÃO      
Da antiguidade a modernidade o corpo foi construído e descontruído,
entendido de várias maneiras, “corpo  e alma”, de geração em  geração, o
conceito, a cultura e interpretação do corpo foi se modificando, as vezes em
evidência, outras vezes oculto,  mas sempre presente nas “evolução
humana”.  
O corpo desde tempos passados é objeto de pesquisa para muitos
pensadores e teóricos, estando presente no pensamento dos filósofos antigos
e ainda hoje na modernidade, este corpo é objeto de estudo, na sua
composição, no seu comportamento, no seu desenvolvimento.   
Para realização desta pesquisa vamos mais uma vez  falar do corpo,  de
sua relação com a aprendizagem no processo de escolarização do sujeito,
buscando compreender como se dá essa construção de uma cultura corporal, 
através do brincar no  desenvolvimento  das crianças com idade de 6 a 13
anos,  que estão recentemente  matriculadas no ensino fundamental .  
 Ao longo dos anos várias pesquisas foram feitas sobre o tema,
enfatizando a importância do brincar principalmente  no desenvolvimento
infantil. (crianças com idade 0 a 5 anos)      
    
Corpos Infantis, poeticamente cantados e amorosamente
cuidados. Já na pré-adolescência e adolescência, quando a
inocência se dilui, os corpos começarão a ser condenados,
ignorados, ou vistos como incomodo a nossa docência. As
imagens dos alunos mudam na medida em que vão mudando
os olhares sobre seus corpos. ( ARROYO, 2004, p. 130)         
      
       
Temas que por vezes direcionados  a educação, mas que estão deveras
ligados   na  formação no  desenvolvimento do sujeito na sua essência,  da
concepção até a  velhice.    
               Com a contribuição de autores: Oliveira(2004), Gonsalves (2012),
Gallahue( 2005), ARROYO(2004) entre outros autores, ainda com a
participação de Silvio Guarde (Supervisor Escolar na Prefeitura Municipal de
São Paulo desde 2006), buscamos através desta pesquisa reconhecer quão 
importante é a brincadeira, sua contribuição no processo de escolarização aos
alunos do Ensino Fundamental, assim como no desenvolvimento integral do
sujeito. Crianças que nesta fase estão em constante desenvolvimento
alargando seus conhecimentos, e potencializando suas habilidades.
Desta forma propõem-se que as brincadeiras sejam inseridas nas salas de aula
e nos espaços escolares com mais frequência, contribuindo assim na formação
de uma cultura corporal e no próprio processo de aprendizagem.
          Esta pesquisa será apresentada em tópicos, que inevitavelmente se
mesclam em algum momento devido a intima relação  dos temas entre si. Que
serão interligados  de maneira que o objetivo seja alcançado com naturalidade
e clareza.  
Desenvolvimento psicomotor; Desenvolvimento da criança; Jogos brinquedos
e brincadeiras, Brincando no Ensino Fundamental.   
No que se refere a escola, pretende-se  apresenta-la como ambiente de
socialização,  das diversidades de povos e culturas  que compõe nossa
sociedade. Como também ambiente das ações: Ação de pensar, criar, ser,
fazer amigos, brincar, crescer e desenvolver, um lugar de ensaio, experiências,
lugar onde a criança está se preparando para ocupar um lugar na sociedade.  
  
Corpo: Desenvolvimento Psicomotor  
Desenvolvimento humano,  crescimento contínuo, não apenas
crescimento físico, mas também motor e psicológico, o aprimoramento e 
conhecimento, do corpo de suas funções e habilidades psicomotoras ao longo
da vida.   
O desenvolvimento  motor é a contínua  alteração no
comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada
pela interação entre  as necessidades da tarefa, a biologia
do individuo  e as condições do ambiente.( GALLAHUE,2005,
p.03) 

As crianças entre 6 a 13 anos aproximadamente estão desenvolvendo a


estrutura neural do cérebro, a rede de comunicação de seu corpo com o mundo
exterior.  A base do movimento depende da condução de impulsos nervosos da
região periférica do corpo até o sistema nervoso central e de volta para os
músculos, promovendo assim a ação do movimento. As experiências dos
movimentos adquiridos são essenciais para o desenvolvimento de uma rede
neural do cérebro, que é a base para o aprendizado e o desenvolvimento.  
O desenvolvimento, neste  período da infância é marcado por alterações
estáveis e progressivas das áreas cognitiva, afetiva e motora. Período
importantíssimo no desenvolvimento  e aprimoramento de suas habilidades
psicomotoras, tanto para as atividades fundamentais como para a prática de
esportes.  
As habilidades motoras perceptivas na infância tornam-se
crescentemente refinadas. O sensório motor trabalha cada vez em mais em
harmonia, de modo que no final da infância a criança, possa desempenhar 
habilidades motoras refinadas. Como agarrar objetos arremessados, rebater
objetos em movimento, por exemplo. Isso ocorre pelas habilidades perceptivas
em maturação, melhoram o processo de integração destas com as estruturas
motoras.   A falta da prática de tais habilidades podem comprometer o
desempenho eficaz nas atividades motoras.  
Uma característica  que marca essa faixa etária é o ingresso na escola,
ensino fundamental,  no 1º ano o descobrimento das competências de leitura e
escrita, percepção do mundo a sua volta,  reconhecimento do mundo além de
si.  
As crianças no início do ensino fundamental, são normalmente alegres e
estáveis, sabem lidar com novas situações e desejam muito aprender mais
sobre elas próprias e sobre eu mundo ao seu redor . Nessa faixa etária ocorre
as primeiras solicitações formais de compreensão cognitiva, por volta desses
anos as crianças devem ser capazes de cumprir tarefas cognitivas, afetivas e
psicomotoras que lhes é colocada. 
Nesta idade os períodos de concentração tendem a ser curtos
aumentando gradativamente, dedicando sua atenção na maior parte do tempo
em atividades do seu interesse.   
Brincar é o que as crianças mais fazem, é  a forma natural de
conhecerem o mundo, terem suas experiências e aprendizado. Pela
brincadeiras elas conhecem mais  seu corpo e testam suas capacidades,
desenvolvem e aprimoram habilidades: cognitivas, afetivas e motoras.  
Ao descrever algumas características das crianças nesta
idade Gallahue (2005) diz:  As crianças aprendem melhor pela participação
ativa. A integração dos conceitos acadêmicos, às atividades motoras é um
modo efetivo de reforçar as atividades essenciais ao raciocínio. Oliveira (2004)
complementa a fala de Gallahue(2005) corroborando com o autor do
desenvolvimento pelo movimento com as considerações de Friedman (1996): 
  
É por meio das atividades sensórios-motoras que a criança vai
aprendendo, a partir do desenvolvimento de  suas habilidades
corporais, cognitivas, sociais e emocionais que, por sua vez,
vão constituindo a ponte entre as ações puramente físicas e
concretas para ações mais abstratas( OLIVEIRA, 2005, p. 28) 
  
            Quanto aos aspectos motores e físicos; nota-se certa estagnação do
crescimento durante um período que dura aproximadamente até os 13 anos de
idade.  Percebe-se ganho de peso e altura moderados.   
As meninas geralmente estão um ano à frente dos meninos quanto ao
desenvolvimento fisiológico,  entrando na fase da puberdade, crescimento de
pelos pubianos, seios e consequentemente a menstruação.   
Os interesses de  meninos e  meninas são parecidos: o respeito às
autoridades, punições justas, apreciam o encorajamento, e incentivos.  São
ativos, estão sempre  na companhia dos amigos. Meninas  não se dedicam
muito as atividades físicas, porém  têm uma capacidade de auto concentração,
e maturidade de sua personalidade.
 Enquanto os meninos preferem atividades em grupo e dinâmicas como
jogar bola, demonstram certa  agressividade,  dificuldade de aceitação tanto da
derrota como da vitória.   
.   
Crianças conseguem ter pensamento abstrato e raciocínio simbólico
sem o auxilio de material concreto, desenvolvendo memória e aprimorando sua
inteligência.
No que se refere  ao desenvolvimento escolar, este está intrinsicamente
ligado a psicomotricidade. Os processos de locomoção, sensação,
compreensão recordação, individualização, pressupõem o refinamento dos
fatores psicomotores:  Equilibração;  Tonicidade; Lateralidade;  Noção de
espaço temporal  e Coordenação global e fina,  aspectos que  estão presentes
desde o nascimento e vão se aprimorando e se desenvolvendo conforme o
amadurecimento, desenvolvimento do sujeito.
  Gallahue autor sobre o desenvolvimento humano  cita as brincadeiras
em vários momentos, enfatizando a importância do brincar no desenvolvimento
humano. Na fase de 6 a 13 anos o autor nos fala: “brincadeiras  que envolvam
tópicos como respeitar a vez de cada um, jogar de maneira honesta, não
trapacear  e outros valores universais  servem para estabelecer um sentido
mais completo do certo e errado”.(GALLAHUE,2005)  
Desta maneira já vimos que o brincar é uma ação natural e esta
presente em nossas vidas desde o nascimento, e ao longo do texto vamos
expor como a presença da brincadeira no contexto escolar contribui em todo
processo escolarização do sujeito.
  
Desenvolvimento da Criança      
O desenvolvimento da criança  é  interessante,  complexo  fascinante,
nessa faixa etária há uma gama de  oportunidades para o aprendizado do
movimento e através dele. Esse é um período da vida muito valioso, pois o
movimento passa a ser um dos seus meios para o aprendizado, onde as
crianças, exploram o ambiente, dando condições para o aprimoramento  das
habilidades motoras corporais que por sua vez são fundamentais para
seu  desenvolvimento cognitivo , maturação de seus sentimentos e emoções e
e crescimento.      
        Dos teóricos que  contribuíram para esta pesquisa  Piaget, Havighurst,
Erikson teóricos desenvolvimentistas, autores que construíram suas bases
teóricas e retratam o desenvolvimento humano de acordo com a faixa etária,
servindo de base para pesquisas acerca do desenvolvimento humano,  falando
da brincadeira na fase compreendida na fase operações concretas,( 7 a 11
anos ):   
    
A criança usa a brincadeira nesta fase para compreender seu
mundo físico e social, Regras e regulamentos são de interesse
da criança quando aplicadas às brincadeiras. As brincadeiras
todavia, perdem  suas características assimiladoras e tornam-
se um processo subordinado equilibrado de pensamento
cognitivo. Como resultado, a curiosidade encontra expressão
na experimentação intelectual e não apenas nas brincadeiras
ativas.( GALLAHUE,2005,p.48)
    
       Robert Havighurst (1963-1980): Professor especialista em envelhecimento,
sua teoria é baseada na maturação do indivíduo, a partir da interação com o
meio em que que vive, pelo movimento.  O autor divide o desenvolvimento
humano em períodos: Primeira infância, média infância, adolescência, inicio da
idade adulta , media idade adulta e maturidade.  Voltando os olhos para a
idade 6 a 13 anos média infância aproximadamente, Havighurst  descreve
rapidamente a interpretação das tarefas que se espera que a pessoa realize de
acordo com a sua idade dentre as atividades destacamos na tabela abaixo as
que associamos ao brincar:    

Aprender a se relacionar com colegas da mesma idade

Desenvolver consciência, moralidade e uma escala de valores.

Aprender hábil idades físicas necessárias para jogos comuns.


(Fonte: GALLAHUE, 2005, p. 50)  
   
        Semelhante aos teóricos anteriores Erik Erikson subdividiu as fases do
desenvolvimento de acordo com a faixa etária, onde preferiu usar
nomenclaturas para se referir a cada fase do desenvolvimento.    
         O estudioso cita  a brincadeira como meio de desenvolvimento da
criança, entre uma fase e outra. No período que corresponde a infância  ele
enfatiza a brincadeira da seguinte maneira:    
    
Nesse período, as crianças, encontram uma agradável
realização na manipulação de brinquedos significativos. As
habilidades motoras fundamentais estão sendo denominadas,
influenciando o sucesso das crianças nas atividades lúdicas de
sua cultura.(GALLAHUE, 2005, p.42 )
   
        Ainda nos períodos seguintes; Atividade  versus  Inferioridade - Idade
escolar;  Identidade  versus  Confusão de Papéis- Pré-adolescência e
Intimidade  versus  Isolamento–Final da Adolescência, nestes
estágios Erikson refere-se a brincadeira  com seriedade, destacando algumas
características perceptíveis no comportamento do sujeito: meninos  meninas
brincam separadamente...jogos, esportes e atividades recreacionais, de lazer
passam a fazer parte do cotidiano desses sujeitos de maneiras diferentes.       
Nestes  estágios é  possível constatar que a brincadeira mudou, são
brincadeiras  que ganham outras características, intenções e significados. Nas
palavras do autor: “O desempenho de atividades nessa fase costuma refletir a
competição por meio de jogos e esportes organizados. Jogar por conta própria
começa a perder importância no final desse estágio”.(Gallahue,2005, p43) 
          Os autores  acima citados têm a mesma fala, expõem  mesmas 
constatações, o brincar como fator que contribui no processo de
desenvolvimento do sujeito,  preparando-o para a fase seguinte. Ora então
podemos dizer que a brincadeira pode ser considerada como instrumento que
leva e  proporciona, o conhecimento?    
Concordamos com os teóricos citados,  no que se refere ao brincar, e
vamos nos aprofundando na brincadeira abordando outras nuances sobre sua
função social do brincar, onde passar de uma brincadeira de faz de conta,
passando para jogos de competição e ganhando um formato cheio de
significados e intenções e propósitos. A brincadeira expande.
O brincar para as crianças é uma ação natural,  pelo brincar as crianças
crescem e se desenvolvem, interagem umas com as outras, socializam,
desenvolvem respeito entre os amigos, tem ideias, resolvem conflitos
nas várias situações do cotidiano, exercitam o corpo e trabalham a
mente simultaneamente sem perceber que através de suas brincadeiras estão
aprimorando as habilidades do desenvolvimento ( lateralidade, noção espaço
temporal, ritmo, noção do corpo, coordenação motora global e fina, equilíbrio)
enquanto vão crescendo construindo sentidos para suas ações dentro e fora da
escola.     
Quando a criança brinca e se relaciona com outras pessoas: crianças e
adultos, além do mundo ao seu redor, suas experiências motoras contribuem
para um novo aprendizado, potencializando suas habilidades motoras , afetivas
e cognitivas        

       
Jogos , brinquedos  e brincadeiras      
     
           É inevitável  falarmos de brincadeira, sem considerarmos o
desenvolvimento humano, brincar é natural das crianças, e ao longo da vida se
modifica: com características, propósitos, intenções, amigos e grupos
diferentes, nos mais diversos contextos sociais e culturais.   
Sendo  ser humano tríade: cognitivo, afetivo, motor  de que maneira a
brincadeira contribui no processo de desenvolvimento ?      
        Pesquisadores, pedagogos, psicólogos, educadores, profissionais da área
da educação têm-se preocupado com “o brincar”  das crianças na infância, fase
da vida onde se aprende e se desenvolve habilidades motoras, Oliveira,
(2004,p.36) reforça nossa fala ao dizer que:
“Brincar é fundamental para a formação da criança. É no brincar que ela
aprende identifica-se e relaciona-se com o mundo; sendo sua principal
atividade, é o seu trabalho e o seu lazer”.   
        Para os pesquisadores que abordaram o brincar como tema, fica evidente
que é por meio do brincar que as crianças interagem com outras pessoas,
como ambiente ao seu redor, sem distinção de cor, gênero, idade, crianças
enquanto seres brincantes,  aprendem  e  se expressam  naturalmente sem 
limitação.      
       Como dito anteriormente, o brincar muda suas características, propósitos e
intenções de acordo com a faixa etária em que o sujeito se encontra,  quanto
mais velho , mais complexa se torna a brincadeira,  ainda sim contribuindo  no
processo de formação, aprimoramento das habilidades do sujeito,    
    
        Segundo a  Profa. Dra. Maria Ângela Barbato Carneiro  o brincar  mudou.
O tempo, as crianças, os espaços, as brincadeiras mudaram, e não precisamos
pesquisar muito para tal constatação, se olharmos nossos filhos, sobrinhos,
alunos, e compararmos com nossa infância ( 20,30 anos atrás) fica evidente
essa mudança.    
Considerando o momento histórico   em que vivemos, vemos  cada vez
menos as crianças se movimentarem, os espaços estão sendo reduzidos , e as
brincadeiras esquecidas.     
Vivemos na era digital, limitamos nosso espaço, a interação com o EU e
o outro, limitando nossos movimentos prejudicando o processo de formação,
escolarização do sujeito, enquanto ser em desenvolvimento que logo irá ocupar
um lugar na sociedade.   
          Em seu texto O brincar hoje: da colaboração ao individualismo, a autora
contribui com esta pesquisa, quando cita que as crianças e brincadeiras
sempre existiram, de acordo com o contexto histórico em que estão
inseridas, costumes, crenças populares, cultura, atividades do cotidiano são
passadas de geração em geração por meio da brincadeira e nos dias atuais:    
 As transformações ocorridas neste último século em grande
parte das sociedades contemporâneas, produto das mudanças
sociais e econômicas, influenciaram na maneira de vida das
diferentes populações e, evidentemente, as atividades lúdicas.
O consumo, o isolamento e a falta de espaços, entre outras
coisas, têm mostrado que o brincar vem sofrendo
transformações e em alguns lugares até desaparecendo.... as
brincadeiras conjuntas foram se modificando e se
transformando em atividades individuais em virtude da
diminuição dos espaços, tempos e pares para brincar. Houve
um aumento significativo do uso de equipamentos tecnológicos,
especialmente entre as classes sociais mais favorecidas, o que
tem contribuído para diminuir as relações pessoais e
presenciais caracterizadas pelo movimento  corporal, pelo uso
da linguagem falada, pela exploração dos sentidos e das
emoções e até mesmo pelo prazer de descobrir e de criar.”
(CARNEIRO, 2012.)  
    
          Como a pesquisa vem revelando, nos dias atuais esta mais difícil de
encontrarmos crianças brincando livremente nos espaços públicos (na rua),
crianças brincando em  pequenos grupos, conversando ou interagindo juntos. É
comum vermos pequenos grupos  com celulares ou tablets em mãos,
brincando em um mundo virtual, deixando a “magia” do brincar morrer aos
poucos.
Arrisco-me a dizer que se não houvesse uma insistência de pessoas em
pesquisar, promover, ensinar,  atividades lúdicas e recreativas, resgatando o
Brincar entre as crianças nos mais diferentes espaços como: clubes,  em
centros recreativos, escolas. Muitos profissionais se empenham em promover
brincadeiras que fizeram parte da infância contribuindo positivamente em suas
vidas, sem isso, o brincar, as brincadeiras e jogos tradicionais cairiam
em esquecimento passando a ser folclore,  pois:      
    
A criança quando brinca, é capaz de deixar-se absorver
inteiramente nesse ato; ela se transforma, descobre a sua
capacidade de escolher, decidir e participar.  Brincar livremente
é uma forma de relação com o mundo; é explorar e perceber a
realidade, construindo-a e reconstruindo-a a cada momento,
sempre a partir de um aprendizado. No brincar, a criança joga
utilizando, com liberdade, suas habilidades individuais e
reproduzindo suas ações para mostrá-las a si próprio e aos
outros (OLIVEIRA,2004, p.36).   

Gonsalves complementa e consente a fala da Profa. Dra. Maria Ângela


Barbato Carneiro, relacionando os tópicos abordados na pesquisa. 
Contudo, considerando o momento histórico   em que vivemos, vemos 
cada vez menos as crianças se movimentarem, os espaços estão sendo
reduzidos, e as brincadeiras esquecidas.  Vivemos conectados ao mundo
virtual, limitamos nosso espaço, a interação  do EU com o outro, nossos
movimentos, prejudicando de alguma forma o processo de formação e
escolarização do sujeito, enquanto ser em desenvolvimento que logo irá ocupar
um lugar na sociedade.     
     Nas pesquisas  Carneiro(2012) e Oliveira (2004) dizem que na sociedade
moderna na qual vivemos, com a globalização, capitalismo, pais trabalhando, o
incentivo ao consumismo escancarado, os espaços para “DE” e “PARA” brincar
mudaram, se tornando cada vez mais extintos.    
    
O espaço público destinado ao lazer vem desaparecendo, há
um incentivo cada vez maior ao consumo, as atividades grupais
vem sendo substituídas, muitas vezes, pelo isolamento e as
brincadeiras tradicionais deixam de ser praticadas devido à
expansão das novas tecnologias.    
Na realidade não se trata de uma questão de desvalorizar as
brincadeiras tradicionais e supervalorizar as novas tecnologias,
mas trata-se de pensá-las e utilizá-las de forma complementar
em benefício do desenvolvimento da criança É necessário
pensar que a escola é sim um lugar de brincar, talvez o
único espaço para a realização da brincadeira coletiva.    
No entanto, devemos pressionar as autoridades
governamentais para que se crie uma cultura do brincar,
através da construção de espaços públicos adequados e com
qualidade para a realização da atividade pelas
crianças (CARNEIRO, 2012.)   
       
Nessa perspectiva, onde as brincadeiras estão ficando “esquecidas”  o
cognitivo, músculos e nervos da mão, vão se desenvolvendo viciados em
tecnologia.
Não estamos falando que a escola tenha que se responsabilizar em
promover os espaços e tempo para a brincadeira, queremos enfatizar que a
brincadeira como ação natural da criança sendo utilizada pelo professor pode
complementar e contribuir no processo de ensino aprendizagem, garantindo a
formação integral do sujeito.

  Brincando no Ensino Fundamental.    


Com a escassez  dos espaços DE e PARA brincar a escola torna-se um
lugar onde a brincadeira é bem vinda, pois ela  complementa e integra o
aprendizado tornando-o mais rico e interessante uma vez que parte da
realidade do educando.        
 Sendo uma a escola uma  instituição social, que promove o
conhecimento, ela em contra mão do movimento privilegia, e supervaloriza o
desenvolvimento cognitivo, não permitindo que o corpo, os sentimentos, a
criatividade, os movimentos estejam presentes no mesmo espaço, desta forma
alienando, reprimindo o corpo esquecendo que este não está mais
fragmentado “corpo e mente”. (Cardim 2009, São Paulo)  
A escola transmite e proporciona o conhecimento, acadêmico
pelas disciplinas (português, matemática, história, geografia...etc.) “que não
pode ser adquirido em casa, na comunidade ou no trabalho”(YOUNG,2007).  
   Atende pessoas de várias etnias, classes sócias, gêneros, lugar com
uma gama de possibilidades que de algum modo está desatualizada do seu
tempo, pois, ensina olhando o passado, visando um futuro sem olhar e viver o
presente.  Com a fala de Gonçalves (2013) temos uma definição de como se
dão as aulas do sistema escolar em que estamos inseridos.  
Na escola não se dá como elaboração de experiências
sensoriais, mas sim com um acumular de conhecimentos
abstratos que são aprendidos por meio de palavras, fotografias,
números, fórmulas, com pouca participação do corpo,
ocasionando uma cinética reprimida e frustrada.
(GONÇALVES, 2013, p.35)
              
Ainda se lembrarmos que desde o ano de 2013 com a implantação do
programa mais educação as crianças entram mais cedo no ensino
fundamental, aos seis anos de idade. São crianças que estão em uma fase de
transição e amadurecimento, onde a brincadeira ainda é muito presente no seu
cotidiano, e quando elas ingressam precocemente no ensino fundamental os
espaços e tempo de brincar se tornam ainda mais escassos.   
De uma forma inesperada as crianças se veem em uma sala de aula
com os novos amigos, sentados, muitas vezes enfileirados, e precisam prestar
atenção, fazer silencio, escrever aprender codificar e decodificar códigos para
então conseguir aprender a ler e escrever.
Para esses alunos, do primeiro ano do ensino fundamental ainda existe
uma programação diferenciada, a brincadeira esta presente nos horários
diferenciados os alunos frequentam:  brinquedoteca, parque externo, é
promovido o dia do brinquedo. Ações permitidas e contempladas pelo PPP das
escolas, mas que infelizmente não atende a todos os alunos do ensino
fundamental.  
Ao que parece quanto maior a criança, menos ela pode se movimentar,
brincar, explorar com o corpo o ambiente a sua volta, devendo apenas estar
concentrada nas lições, treinando seu corpo e a sua mente.

Há quem coloque que nas escolas dão-se muitos


conhecimentos matemáticos, científicos e pouca expressão
corporal e plástica, e tenta-se juntar a uma mesma modalidade
de ensino  novas matérias, caindo na mesma armadilha com
diferentes aspectos, pois não se modifica o principal: O espaço
da aprendizagem. O espaço educativo deve ser um espaço de
confiança, de liberdade, de jogo.
( FERNÁNDEZ,1991,p.60)

É curioso que a escola que prima pela aquisição do conhecimento, e do


desenvolvimento integral do sujeito, permita e reforce a manipulação dos
corpos,  frustrando e contendo os movimentos dos “corpos dóceis” que compõe
a escola.  
Nesta perspectiva se hoje há uma urgência em entender o corpo na
contemporaneidade onde o aluno se reconheça se sinta parte integrante e
integrada ao sistema escolar, se faz necessario rever sua proposta de forma a
contemplar de maneira mais significativa a presença dos corpos na sala de
aula.
Nossa intenção não é criticar a  organização social Escola, nosso intento
nesta pesquisa é chamar  atenção, evidenciar, ressaltar a importância do
brincar no ensino fundamental como fator  complementar o processo de ensino
aprendizagem.  .  
No processo natural do desenvolvimento humano, os aspectos físico,
social, emocional e cognitivo, constituem  um todo, sendo impossível imobilizar
o corpo e treinar  a mente como partes separadas. Este pensamento seria um
retrocesso. Os pátios  e quadras  se enchem de corpos, que anseiam
liberdade de seus movimentos, pois sabem que na sala de  serão submetidos
ao treinamento incessante da mente, ou pelo menos serão tentados a isso.
Com base na leitura do estudo de caso de universitários do município
de Itajui/RS PIBID-UNIJUI, relataram que nos documentos oficiais não negam a
importância do corpo na formação dos educandos, porém não reforçam ou 
enfatizam de maneira adequada sua presença no processo educativo.   
As atividades lúdicas estão presentes nas atividades escolares, mas
com ressalvas. Não é incomum  no horário do recreio, vermos crianças, soltas,
correndo, gritando, em uma grande desordem.  
Nesta perspectiva se hoje há uma urgência em entender o corpo na
contemporaneidade onde o aluno se reconheça se sinta parte integrante
e integrada ao sistema escolar, Este necessita rever sua proposta de menira a
contemplar de forma mais significativa a presença dos corpos na sala de aula,
fazendo da brincadeira fator integrador das disciplinas aos conhecimentos
acadêmicos.  
Neste contexto sugerimos que os professores  insiram na rotina escolar
uma diversidade de atividades lúdicas, conceituando tais atividades ao
conteúdo e currículo escolar, respeitando as características de cada
turma.  Proporcionar atividades que explorem o ambiente escolar
minuciosamente, com olhos abertos a novas perspectivas, para novas
brincadeiras e aprendizados sem se prender aos conceitos pedagógicos para
não inibir a espontaneidade, criatividade, e liberdade da ação de brincar,
quando isto for pertinente a ocasião , afinal sabemos que pela espontaneidade
e criatividade das crianças podem surgir indícios para novos saberes.

Borba (2007, p. 43) afirma que, “se incorporarmos, de forma efetiva, a


ludicidade nas nossas práticas, estaremos potencializando as possibilidades de
aprender e o investimento e o prazer das crianças no processo de conhecer”.
Percebemos  que o brincar complementa  a aprendizagem, pois a criança
aprende naturalmente pela sua prática,  sendo  o professor promotor das
brincadeiras no âmbito escolar enriquecendo o aprendizado no ensino
fundamental.
Com a participação de Silvio Guarde4, que gentilmente aceitou o convite
para enriquecer nossa pesquisa com seus conhecimentos e suas experiências
profissionais sobre o assunto.  .  

* Qual a importância da brincadeira no Ensino Fundamental?

Penso que a brincadeira é um importante recurso pedagógico


independentemente da idade do aluno. Mesmo em etapas mais avançadas da
vida escolar do aluno aprender brincando pode ser uma dentre muitas
estratégias utilizadas pela escola e pelo professor. Evidentemente, nos anos
iniciais da escolarização a brincadeira cumpre também outros papeis, pois,
quanto mais nova é a criança, mais lúdico é seu raciocínio e sua forma de
apreender a realidade.

Por este raciocínio, defendo a ideia de que jogos e brincadeiras sejam


utilizados em todo o percurso do Ensino Fundamental como forma de cativar o
aluno e mobilizá-lo para situações de aprendizagem. Infelizmente, 'brincar" é
entendido equivocadamente como atitude não "séria" e, por esta razão, é
pouco explorado como recurso para aprendizagem. Nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, a brincadeira como estratégia deve ser ainda mais utilizada. Ela
proporciona o desenvolvimento de raciocínios elaborados, organização,
seguimento de regras, construção de regras, respeito a acordos estabelecidos
com colegas, melhora a sociabilização, possibilita superação de desafios,
ensina a lidar com o sucesso e o fracasso representados nos acertos e erros
da brincadeira, entre tantos outros benefícios.

* A brincadeira é oferecida no Ensino fundamental como ação que contribui e


complementa o Ensino Fundamental?

4
Silvio Guarde, Mestre em Educação, com pós-graduações em Psicopedagogia, Gestão
Universitária e Educação Ambiental e graduado em Matemática e Pedagogia. Cargo atual:
Supervisor Escolar na Prefeitura Municipal de São Paulo desde 2006, foi, também Supervisor
de Ensino na Rede Estadual de São Paulo até abril de 2006.

 
São raras as escolas que estimulam a brincadeira no Ensino
Fundamental. De modo geral, professoras e escolas entendem que a
brincadeira é para as crianças da Educação Infantil e, no meu modo de
entender, se equivocam por esquecer que nas EMEIs a criança tem 5 anos e
na EMEF tem 6 anos de idade. Ou seja, continuam crianças e continuam
gostando e necessitando de brincar para construir suas experiências de vida.

* De que maneira a brincadeira é oferecida no Ensino Fundamental?

Nas poucas vezes que vi escolas proporcionando situações de


brincadeiras para os alunos, foram descontextualizadas dos momentos de
aprendizagem. Penso que esses momentos também são importantes (brincar
por brincar), mas devem ser raros, uma vez que estamos falando de brincar
como estratégia para a aprendizagem.

* No seu ponto de vista há espaço para inserir a brincadeira livre no cotidiano


do ensino Fundamental?

Sim. A brincadeira pode ser livre para o aluno, mas nunca para o
professor que pode sempre observar as diversas situações que ocorrem no
momento de brincar. Dessas observações é que nascerão as intervenções do
professor para que o aluno aprenda algo específico ou aprimore características
e conhecimentos que já possui. Não vejo como adequado as brincadeiras
serem sempre direcionadas. deve ser dada ao aluno a possibilidade de trazer
seu repertório de brincadeiras para o grupo, de se envolver com outras trazidas
pelos colegas e também de construir estratégias novas. Para a escola esses
momentos podem ser ricos de oportunidades para conhecer avanços e
dificuldades que podem ser trabalhados em outros momentos da
escolarização.

Considerações Finais.      
Diante das contribuições dos teóricos, presentes nesta pesquisa da
colaboração do Professor Silvio Guarde, das informações encontradas, é
evidente que a brincadeira na escola deveria estar mais presente na rotina
escolar do ensino fundamental.
Pelo brincar a criança aprende conceitos e valores, desenvolve e
aprimora suas habilidades motoras, sociais, e psicológicas, pelo brincar as
crianças socializam com as pessoas treinam suas ações que serão
posteriormente vivenciadas no seu cotidiano.
Como Piaget preconizou , criança aprende de acordo com as interações
que tem com o meio em que vive.  
Se hoje  há maior incidência de problemas de aprendizagem , tema que
não foi abordado nesta pesquisa, decerto seja necessário promover  mais
tempo de brincadeiras,  de acordo com nossa realidade, as crianças perderam
ao longo do tempo  espaços e crianças para brincar, de certa forma, a falta de
vivência das brincadeiras vem implicando no processo de ensino
aprendizagem.  
Nas palavras do nosso convidado: “O brincar como ferramenta no
processo de ensino aprendizagem, contribui significativamente no
desenvolvimento cognitivo do aluno, ainda contemplando o movimento, e a
expressão corporal, desta forma sim assegurando a formação integral do
sujeito, nos aspectos cognitivo, psicológico, motor , social e afetivo.”     
Ainda que de maneira sútil nossa cultura corporal está em constantes
modificações, hora em evidência, por vezes buscando seu espaço em uma
sociedade capitalista, alienada. Deixemos uma reflexão encontrada em
Fernández (1991). Será que temos que fazer de todos os alunos corpos
cadernos?
Maria Sol, Maria Sol, uma boa aluna de 3º série em uma escola
municipal de Buenos Aires, contou-me um pesadelo que havia tido na
noite anterior, mais ou menos assim: "Tive um sonho horrível.
Estávamos, meus companheiros e eu, na escola. Vinham uns maus e
obrigavam-nos a tomar um líquido para diminuir. Um liquidozinho
para diminuir-nos, para que entrássemos nas aulas, porque nossos
corpos eram grandes para entrar na sala. Quando tomávamos, as
cabeças diminuíam, mas os corpos ficavam achatados como de
papel... Como cadernos! Sabe como quando as professoras põem os
cadernos para corrigir, um em cima do outro sobre a escrivaninha?
Assim ficávamos. (FERNÁNDEZ,1991,p.63)

O tema brincar é vasto e há campo para novas pesquisas, é necessário


um olhar mais atento a outras faixas etárias, pois  para realização desta
pesquisa foi necessário pesquisar a fundo os referenciais teóricos que abordam
com “veemência” a educação infantil deixando rasas as pesquisas em outras
idades.     
Em visita ao site do mec. bibliotecas de universidades como: USP, PUC,
não foi encontrado nenhuma publicação que se dirigisse a brincadeira no
ensino fundamental, já na educação infantil diversos exemplares publicados. 
Outros assuntos como: Dificuldades de aprendizagem, atraso no
desenvolvimento que se relacionam no contexto das brincadeiras no ensino
fundamental, ficam em aberto para que o tema seja ainda mais explorado,
difundido,  pois há campo e necessidade  para aprofundar e ramificar a
presente pesquisa.  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
     
ARROYO, Miguel G. Imagens Quebradas: Trajetórias e tempos de alunos e
mestres / Miguel G. Arroyo.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2004  
BORBA, Â. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In:
BEAUCHAMP, Jeanete; RANGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia
Ribeiro do. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da
criança de seis anos de idade. 2ª ed. Brasília: MEC/SEB, 2007
CARNEIRO, Angela Barbato,O brincar hoje: da colaboração ao
individualismo / Simpósio Internacional da OMEP;  Campo Grande, 2012  
DAVIS, Claudia ; Oliveira, Zilma . Psicologia na Educação. São Paulo:
Cortez,2010     
DIGIÁCOMO, Murillo José e Digiácomo Ildeara Amorim.- Estatuto da criança
e do adolescente anotado e interpretado / Curitiba . Ministério Público do
Estado do Paraná. Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e
do Adolescente, 2013.
FERNANDEZ, Alicia A inteligência Aprisionada; São Paulo : Artmed 1991
GALLAHUE, D. L. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos/ David. L. Gallahue,John C Ozmun;
revisão ciêntífica de Marcos Garcia Neira; [tradução de Maria Aparecida da
Silva Pereira Araújo, Juliana  de Medeiros Ribeiro, Juliana Pinheiro Souza e
Silva ].3ed.-São Paulo: Phorte, 2005     
HENRI Wallon / Hélène Gratiot-Alfandéry; tradução e organização: Patríc   
Junqueira. – Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.   
OLIVEIRA, Cláudia; O ambiente urbano e a formação da criança/ Cláudia
Oliveira.- São Paulo: Aleph,2004   
Young, Michael, Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, vol. 28,
n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007

Paulo Carlan2 , Carine Ott Dias3 , Priscila Moreira4 , Robson Mittelstaedt5 ,


Andressa Laís Dos Santos Riger6 , Dorival Dellias Pereira7, PROJETO
POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA: UMA COMPREENSÃO A PARTIR
DO CONCEITO DE CORPO E CORPOREIDADE, Salão do conhecimento,
ciência-tecnologia-desenvolvimento Social, Unijuí,2014. Disponível em: <
https://www.publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/
article/view/3320> acesso em: 01Out.2016

Material de estudo: SEPI / UNIP disponivel


em:<http://unipvirtual.com.br/material/UNIP/LICENCIATURA/GRUPO1.2/
PDF/mod_8.pdf >Acesso em 01.out.2016

Brasil.Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da


criança e do adolescente e dá outras providencias . Disponivel em :
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm>
Acesso em 21.nov.16

Aula de anatomia; Ossos da mão, disponível em:


<www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-esqueletico/membro-
superior/ossos-da-mao/>
Acessado em 19/jan/17 19:22 
       
Zana, Augusta; et al. O brincar na sala de aula, CECIERJ, Rio de
Janeiro,2013 Disponível em:
<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0369.html >
Acesso em 11/dez/16

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