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BRINCADEIRA PRAZEROSA, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Silvia Aparecida Santos Carvalho


Escola Municipal Sítio do Pica-Pau Amarelo;
sscarvalho@uberabadigital.com.br; CPF: 881.067.996-20

RESUMO
O presente trabalho tem a finalidade de destacar que a criança se transforma a partir de uma
aprendizagem significativa. É notório que a criança traz consigo uma vivência social, familiar, antes de
chegar na escola, e assim, cabe ao professor de educação infantil ampliar o conhecimento dessa criança a
partir de um planejamento que possibilite a experiência, interação e brincadeira para que construam suas
aprendizagens. Será discorrido neste referido relato, a satisfação de alcançar os direitos de aprendizagem
com crianças de três anos por meio de atividades lúdicas, e principalmente que provoquem a curiosidade,
desenvolvimento e socialização.

Palavras-chave: Aprendizagem significativa, interação, brincadeira

INTRODUÇÃO
A infância é a fase onde a criança se desenvolve, faz descobertas do meio em
que está inserida.
Como professora de educação infantil na Escola Municipal Sítio do Pica-Pau
Amarelo, Uberaba/MG, percebo que nesses últimos anos muito tem se refletido a
respeito ao que ensinar na Educação Infantil. O processo de ensino aprendizagem da
Educação Infantil não foi fácil, pois não havia uma compreensão que a criança
demandava de uma atenção especial a partir dos seus primeiros anos de vida. Segundo
Zabalza ao citar Frabboni

A etapa histórica que estamos vivendo, fortemente marcada pela


“transformação”, tecnológico - cientifico e pela mudança ético-social,
cumpre todos os requisitos para tornar efetiva a conquista do salto na
educação da criança, legitimando- a finalmente como figura social,
como sujeito de direitos enquanto sujeito social. (1998, p.68).

Uma transformação que, nós, professores da Educação Infantil devemos


evidenciar é a inclusão da BNCC. Na Escola Municipal Sítio do Pica-Pau Amarelo, nas
reuniões de formação continuada em serviço, estamos estudando, refletindo e
aprendendo a BNCC com o objetivo de nortear nos próximos anos, nosso trabalho de
ensino –aprendizagem que os alunos devem desenvolver na escola.
No entanto, os novos procedimentos de ensino-aprendizagem na Educação
Infantil a partir de experimentações significativas, como sugere a BNCC, já estão sendo
realizadas na minha prática em sala de aula e têm contribuído no processo de
desenvolvimento cognitivo e social na turma de três anos em que sou professora na
Escola Municipal Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Ser mediadora na promoção de uma aprendizagem com transformação e
reconstrução significativa, por meio de um trabalho que considere os aspectos sociais
culturais, biológicos e afetivos distintos, sendo a criança capaz de elaborar seus
singulares conceitos com tranquilidade, de forma descontraída, respeitando a realidade e
o ritmo de cada educando, é recompensador como profissional.

OBJETIVO
 Relatar sobre os avanços conquistados com crianças de três anos na Educação
Infantil por meio de uma aprendizagem significativa.

DESENVOLVIMENTO (REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLOGI


Sou professora de educação infantil há quase vinte anos e tenho testemunhado as
mudanças no que se diz respeito à Educação Infantil. A criança tem o direito de ser
cuidada e paralelamente educada. Porém, hoje, entendemos que os dois direitos são
intrínsecos no desenvolvimento educacional.
Vivenciamos na escola uma organização da educação Infantil. A nova Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), publicada no final de 2017, já movimenta nós,
professores, para ajuste de suas práticas. Estamos em processo da reconstrução do
currículo, entretanto já estamos desenvolvendo na Escola Municipal Sítio do Pica-Pau
Amarelo, projetos voltados a nova proposta da BNCC. A brincadeira é o pilar
primordial que está presente na elaboração do meu planejamento.
No início, tive algumas dúvidas de como trabalhar nessa nova proposta por meio
de projetos bimestrais com criança de três anos, apesar do meu planejamento sempre foi
pensado no lúdico e nas atividades concretas, porém era um novo desafio haja vista que
deveríamos propor às crianças experimentações mais significativas para alcançar os
direitos de aprendizagem.
Segundo a BNCC
A Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as
crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e
explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações.
(BRASIL, 2017, p.41)

O primeiro passo foi conhecer, estudar as diretrizes da BNCC, e não foi difícil
entender que já trabalhava com as crianças por meio da brincadeira dirigida, porém com
os eixos norteadores propostos pela BNCC, ficou mais claro o que devemos trabalhar e
sala de aula.
Minha turma de 3 anos, turno vespertino, é composta de 06 (seis) meninos e 10
(dez) meninas. As crianças apresentaram-se naturalmente curiosidades sobre as
atividades propostas, participam com afinco e foi latente a diferença entre a
aprendizagem por meio do contexto lúdico e a aprendizagem linear. Friso que
verdadeiramente o lúdico encanta, aflora e contextualiza o conhecimento de mundo,
tornando a aprendizagem verdadeiramente SIGNIFICATIVA e CONCRETA ao
contexto infantil.
Todos os dias, nos organizamos na rodinha para apresentação das atividades a
serem desenvolvidas no dia. Penso que a partir dessa apresentação, as crianças já estão
sendo estimuladas à aprendizagem. Faço sempre uma preparação diferente para receber
as crianças. Estimulo à curiosidade e aos desafios para a realização de uma nova
atividade.
Temos sempre portadores de textos diferentes para ser mostrado, um
personagem que passa a ser mais um membro da nossa turma. Seja construído por meio
da sucata, colagem de papel, desenhos ou tinta, a aprendizagem vai sendo construída
com significado. É comum as crianças trazerem para o nosso ciclo de aprendizagem
vivências já experimentadas no meio familiar e assim reconstruímos os saberes. Como
diz Paulo Freire (2011): “a educação não é neutra, implica valores que configuram uma
certa visão de mundo e de sociedade. Uma pedagogia transformadora, crítica, reflexiva,
deve nortear a visão do homem na sociedade”.
Observo a alegria e a fantasia que existe nas crianças enquanto brincam, as
cadeiras viram trem, as mesas casas, não há limite para imaginação. As crianças têm à
disposição uma caixa com objetos diversos para valorizar o faz- de- conta. Percebo a
importância do brincar na vida dessas crianças e do meu papel como educadora e
mediadora dessa atividade. Pressupondo que a brincadeira tem que ocupar um espaço
central da Educação Infantil, o papel do professor é fundamental para que isso
sobressaia.
A criança não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender, por meio
das interações com outras crianças e com os adultos. Ela descobre, em
contato com objetos e brinquedos, certas formas de uso desses
materiais. Observando outras crianças e as intervenções da professora,
ela aprende novas brincadeiras e suas regras. Depois que aprende,
pode reproduzir ou recriar novas brincadeiras. (KISHIMOTO, 2010,
p.1)
O importante é procurar ouvir as crianças, por sinal esta é uma característica
marcante da turma: falam muito. Minha sala é barulhenta. Será? Penso que não. É uma
sala de três anos da Educação Infantil. As crianças sentam em grupos, este é outro
diferencial, a cada dia estão em grupos diferentes, se socializam como uma só equipe. O
grupo se ajuda, são solidários, valorizam o trabalho do outro. Os conflitos quando
surgem busco transferir para eles a solução do problema, e sempre dá certo.
Tenho observado que a rotina possibilita à criança segurança e domínio de
espaço e contribui na interação e interesse pelas atividades propostas, apresentando uma
aprendizagem positiva e prazerosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as experiências vivenciadas pelas crianças são observadas por meio de
relatórios diários e sempre proponho o registro das histórias e brincadeiras por meio do
desenho espontâneo. As crianças já estão na fase do badameco, sendo duas em transição
do girino para a referida fase. Esse processo acontece tranquilamente, pois quando bem
estimuladas, as crianças conseguem apresentar-se seguras e os resultados são
espontâneos.
Com relação à linguagem oral os alunos apresentaram um ótimo
desenvolvimento na dicção e sentem-se seguros para expressar suas necessidades.
Conseguem observar elementos da linguagem visual: forma, cor, volume e textura, no
entanto sem muita precisão, pois conceitos como macio, áspero ou liso, ainda estão
sendo construídos. Com relação à psicomotricidade que engloba esta faixa etária, a
música e o movimento, foram fatores relevantes ao desenvolvimento da coordenação
global dos educandos. Os alunos apresentam concentração normal em atividades de
percepção auditiva, visual e oral.
Segundo Vygotsky (1987, p.117), "a criança se comporta além do
comportamento habitual de sua idade, além do comportamento diário; no brinquedo, é
como se ela fosse maior do que ela é na realidade”. Como professora de educação
Infantil transformo o espaço físico em possibilidades de interação e propostas
desafiadoras cognitivas e motoras que farão avançar no desenvolvimento das crianças.

CONCLUSÃO
Neste processo com minha turma, observo grandes transformações, momentos
marcantes, que se perpetuam na memória, aprendizagens significativas, jamais
esquecidos. Tanta coisa ainda a ser relatado, como o nosso jardim nascido a partir da
história A menina das Borboletas. Tantos jogos e brincadeiras vivenciados.
Chamo atenção do papel do professor de educação infantil na mediação das
brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem significativa condizente aos
direitos de aprendizagem. Embora tenhamos diversidades de problemas, crianças com
comportamentos especiais, cada uma delas tem um jeito próprio de ser e o seu tempo de
aprender. Eu respeito minha criança e sei que os resultados positivos alcançados, foi de
forma compromissada com nova proposta, tendo em vista os eixos estruturantes das
práticas pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica propostas pela
BNCC.
Dessa forma, a BNCC (2017) destaca que
As crianças irão aprender mediante situações nas quais possam
desempenhar um papel ativo no ambiente que estão inseridas e sejam
protagonistas nas situações de desafios e que se sintam provocadas a
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros
e o mundo social e natural.

REFERÊNCIA

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC


Versão Final. Brasília, DF, 2017.

FRABBONI, Franco. A Escola Infantil entre a cultura da infância e a ciência


pedagógica e Didática. In. ZABALTAR, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil.
Porto Alegre. 1998, p.68.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e terra, 2011.

KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. Anais do I


Seminário Nacional: Currículo Em Movimento – Perspectivas Atuais. Belo
Horizonte, novembro de 2010, p.1.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987,


p.117.

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