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O LÚDICO COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Deuzirene de Jesus Brito Sampaio¹


Leidilene Ribeiro Oliveira²
Orientador: Profº Mauricio Martins Cabral³
RESUMO

Na Educação Infantil, as crianças compartilham um conjunto de situações regulares em sua forma e frequência,
que envolvem ações estruturantes para o bem-estar das crianças na escola e para a progressiva construção de
valores significativos na interação social, como a autonomia e a cooperação. Partindo deste pressuposto resolveu-
se desenvolver este trabalho, tendo como temática “A importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil,
pois se sabe que os jogos são instrumentos lúdicos de aprendizagem que de forma agradável e eficaz
proporcionam velocidade no processo de mudança de comportamento e aquisição de novos conhecimentos.
Aprender jogando é a maneira mais prazerosa, segura e atualizada de ensinar. Desta forma os alunos da sala de
recursos estão, de maneira lúdica, através de jogos em sala de aula aprendendo de forma diferenciada. Qual a
contribuição das brincadeiras e dos brinquedos para o desenvolvimento do aprendizado da criança de 0 a 5 anos
da Educação Infantil? Quais são as metodologias utilizadas para a inserção de jogos apropriados para essa
determinada idade? De que forma a realidade é levada para dentro da escola? Nossas escolas estão preparadas
para elaborar programas que possam conter no campo técnico brincadeiras e jogos, para as crianças aprenderem
de uma forma mais inovadora. A presente pesquisa tem como objetivo principal Investigar a importância da
inserção de jogos lúdicos, como um modelo prático de vivência e consciência, visando uma melhor prática no
desenvolvimento da criança. Compreendendo a importância do lúdico no ensino das crianças com o intuito de ter
uma sociedade que se volte para esse trabalho. Analisando as possibilidades e os limites das crianças, a partir de
trabalhos que mobilizem a prática desenvolvida no dia-a-dia de cada uma delas.

Palavras-chave: Lúdico, Aprendizagem, Educação Infantil.

1. INTRODUÇÃO

Na Educação Infantil, as crianças compartilham um conjunto de situações regulares


em sua forma e frequência, que envolvem ações estruturantes para o bem- estar das crianças
na escola e para a progressiva construção de valores significativos na interação social, como a
autonomia e a cooperação. Propor um

¹Aluna do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade maranhense – Arari – MA.


2021/2022.
²Aluna do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade maranhense – Arari – MA.
2021/2022.
³Professor do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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espaço para brincar e conviver com os outros, a educação infantil destaca a interação
interação com os diversos aspectos da cultura como eixo estruturante da aprendizagem nesse
segmento escolar.
Partindo deste pressuposto resolveu-se desenvolver este trabalho, tendo como temática
“A importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, pois se sabe que os jogos são
instrumentos lúdicos de aprendizagem que de forma agradável e eficaz proporcionam
velocidade no processo de mudança de comportamento e aquisição de novos conhecimentos.
Aprender jogando é a maneira mais prazerosa, segura e atualizada de ensinar. Desta forma os
alunos da sala de recursos estão, de maneira lúdica, através de jogos em sala de aula
aprendendo de forma diferenciada.
Percebe-se que nos dias atuais não vemos mais isto acontecer, pois ninguém mais
tem tempo para brincar com seus filhos, o que se vê é cada vez mais um número maior de
escolinhas de esportes, escolas de línguas, de computação, de danças, entre outras. Não há
mais como ausentar o lúdico do processo pedagógico, pois ele é o agente de um ambiente
motivador e coerente. Ao se separar as crianças do ambiente lúdico estão automaticamente
ignorando seus próprios conhecimentos, pois quando a criança entra na escola ela já possui
muitas experiências que lhes foram proporcionadas através das brincadeiras e do jogo.
Não devemos negar que a escola tenha também o seu lado sério, o problema é a
forma pela qual ela interage com as crianças. O fato de apresentar-se séria não quer dizer que
ela deva ser rigorosa e castradora, mas que ela consiga penetrar no mundo infantil para a
partir daí, poder desempenhar a sua real função de formadora afetivo intelectual. É necessário
que a mesma valorize a seriedade na busca do conhecimento, resgatando o lúdico, o prazer do
estudo, sem, contudo reduzir a aprendizagem ao que é apenas prazeroso em si mesmo.
Como nos diz Santo Agostinho apud Santos (1997, p. 45): "o lúdico é
eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade
a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda criação".
Qual a contribuição das brincadeiras e dos brinquedos para o desenvolvimento do
aprendizado da criança de 0 a 5 anos da Educação Infantil? Quais são as metodologias
utilizadas para a inserção de jogos apropriados para essa determinada idade? De que forma a
realidade é levada para dentro da escola? Nossas escolas estão preparadas para elaborar
programas que possam conter no campo
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técnico brincadeiras e jogos, para as crianças aprenderem de uma forma mais inovadora.
Sabe-se que através do brincar a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu
relacionamento social e a respeitar a si mesma e ao outro. Por meio da ludicidade a criança
começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões,
exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar. Os
professores podem realizar diversas brincadeiras lúdicas com as crianças, sabe-se que todas as
brincadeiras que serão realizadas devem “possuir um proposito” para a aprendizagem da
criança, ou seja, as brincadeiras devem serem pensadas e preparadas com intuito de repassar
as crianças uma aprendizagem de forma lúdica.
A presente pesquisa tem como objetivo principal Investigar a importância da
inserção de jogos lúdicos, como um modelo prático de vivência e consciência, visando uma
melhor prática no desenvolvimento da criança. Compreendendo a importância do lúdico no
ensino das crianças com o intuito de ter uma sociedade que se volte para esse trabalho.
Analisando as possibilidades e os limites das crianças, a partir de trabalhos que mobilizem a
prática desenvolvida no dia-a-dia de cada uma delas.
A monografia cujo tema é Jogos e Brincadeira: A importância dos jogos e
brincadeiras na educação infantil com crianças de 0 a 5 anos fundamentou-se em autores que
abordam o assunto nos meios educacionais, sobretudo a respeito da importância dessa
atividade para o desenvolvimento intelectual e social da criança. Para tanto, buscou-se
respaldar em Piaget (1971), Vygitsky (1984) Tizuko, Morchida, Keshimoto (2007), Gilles
Brougére (1994), Leal (2007), Albuquerque e Rios (2004).
A metodologia utilizada é o bibliográfico que oportunizou confrontar os argumentos
de vários autores buscando desta forma, corroborar o tema. Utilizou-se também o estudo de
caso por uma abordagem metodológica de investigação que fez compreender explorar e
descrever as experiências dos docentes. Para recolhimento dos dados do conhecimento e da
formação humana, ao mesmo tempo em que considera a formação cultural e a função
humanizadora da escola como ponto relevante e essencial.
As possibilidades de incorporação da ludicidade na aprendizagem são inúmeras,
porém para que uma atividade pedagógica seja lúdica deve permitir a fruição, a decisão. A
escolha, as descobertas, as indagações e as soluções por parte
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do sujeito, ou será apenas mais uma atividade sem significado algum e, portanto,
desnecessário no processo de ensino aprendizagem.

2. ENSINO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

As crianças brincavam a partir dos saberes que eram passados por avós, tios e tias
ou até mesmo do seu vizinho. Mas com o passar dos anos, houve mudança nas formas de
brincadeiras, bem como nos próprios brinquedos. Antes, os brinquedos eram confeccionados
pelos pais e avós, agora esses mesmos brinquedos são confeccionados pela indústria, esta
passou a criar e produzir brinquedos em todo mundo.
As crianças, ao aprenderem a fazer seus próprios brinquedos com a ajuda dos seus
avós e pais, desenvolviam a criatividade e raciocínio. Hoje, as crianças não precisam mais de
criatividade para brincar e confeccionar seus brinquedos, nem tudo já se encontra criado
industrializado para a venda.
Diante desse quadro, observa-se que as brincadeiras de antes permitiam mais às
crianças descobrir, inventar e procurar soluções para situações-problema que há nas
brincadeiras e jogos. Sendo assim, o brincar para a criança é obedecer aos impulsos
conscientes e inconscientes que levam às atividades físicas mentais promovendo o interesse
da criança. Segundo Velasco (1996, p. 78):
Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a
criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades inatas
podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem
maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso.
Para Velasco (1996), as brincadeiras abordam o desenvolvimento, bem como a
socialização e a aprendizagem. É nesse momento que a criança tem prazer em realizá-las, pois
permite a ela todo o desenvolvimento sem esforço. Independente da época e da cultura, as
crianças sempre brincaram e brincam, ou seja, elas vão brincar e aprender da forma que mais
gostam.
Acredita-se que o lúdico é de grande importância para as crianças, pois sem
distinção de idade ou classe social, estas atividades lúdicas devem constar no
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contexto político pedagógico da escola. O lúdico compreende os jogos as brincadeiras e os


próprios brinquedos, tanto as brincadeiras de antigamente, bem como as atuais, pois são de
cunho educativo e auxiliam na aprendizagem dos alunos, assim como no convívio social. É
com a interação que as crianças vão desenvolvendo suas criatividades e liberdades.
Desse modo, o brinquedo traduz, de acordo com Piaget (1973), o real para a
realidade infantil. Portanto, com a brincadeira, a inteligência e sua sensibilidade estão sendo
desenvolvidas. Assim, a presença de atividades lúdicas na prática educativa articula-se na
forma espontânea e dirigida, em que ambas são educativas. É na fase espontânea que se
constitui o brincar cotidiano da criança, que flui e é mobilizado a partir de questões internas
do sujeito, sem nenhum comprometimento com a produção de resultados pedagógicos.
De acordo com Piaget (2003), o caráter educativo do brincar é visto como uma
atividade formativa, que pressupõe o desenvolvimento integral do sujeito quer seja, na sua
capacidade física, intelectual e moral, como também a constituição da individualidade, a
formação do caráter e da personalidade de cada um. Enquanto que na fase dirigida há a
presença das brincadeiras como atividades cujo objetivo específico é o de promover a
aprendizagem de um determinado conceito, ou seja, além de serem marcados pela
intencionalidade do educador.

2.1. A importância dos jogos durante a educação infantil

Quando os jogos são usados como estratégia de ensino-aprendizagem nas salas de


aula, eles precisam favorecer a criança na formação do seu conhecimento científico,
possibilitando que haja uma vivência das situações reais e imaginárias.
Além de estimular a criança a realizar os desafios, assim como estimular a busca de
soluções para as situações difíceis que aparecem no jogo, isso vai fazer com que a criança
raciocine, troque ideias e depois tome decisões. Tudo isso sendo exercitado em um único
jogo.
O ato de brincar é uma atividade natural e espontânea, e a criança precisa viver esse
momento. É algo importante para a formação dela, uma peça-chave para o seu crescimento
mental e controle de suas habilidades. É bastante evidente a sua
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necessidade e importância, pois é por meio das brincadeiras que a criança cria o seu mundo.
As brincadeiras estão diretamente ligadas ao sentimento de prazer para uma criança.
E quando ela acontece na educação infantil, além do prazer, proporciona também o
desenvolvimento intelectual, ensinando de forma agradável e divertida os hábitos necessários
para o seu crescimento, como o raciocínio, a persistência, o companheirismo, a perseverança e
outros.
Portanto, os jogos e as brincadeiras proporcionadas na sala de aula pelos educadores
devem privilegiar o ensino de conteúdos da realidade, além de ser uma estratégia de ensino,
sendo vista como algo de destaque durante o planejamento pedagógico.
É importante destacar que as brincadeiras e jogos escolhidos pelos educadores
precisam, além de proporcionar diversão, ter fins pedagógicos e de aprendizado, sempre
visando ao desenvolvimento das crianças envolvidas. O conhecimento será abordado e
entendido mais facilmente se for apresentado de diferentes maneiras metodológicas.
As atividades lúdicas, brincadeiras e jogos, se forem feitos de forma correta,
contribuirão imensamente para a construção da compreensão do conhecimento, sendo
atividades essenciais no desenvolvimento infantil, principalmente quando os professores têm
conhecimento sobre a atividade proposta e seu objetivo, juntamente com um trabalho de
qualidade.
Contudo, os jogos só serão úteis para o aprendizado se realizados no momento certo,
delimitado pelo professor, assim como a explicação do jogo, seu objetivo e regras.

2.2. O Jogo e a Brincadeira como recurso pedagógico

A realização de jogos e brincadeiras na primeira infância traz consigo


espontaneamente e naturalmente a presença dos movimentos, que vai dominar como
componente, pois através dele a criança se coloca no meio, inteirando-se com os objetos, com
as pessoas, e através das suas necessidades, começa a explorar seu próprio corpo, o espaço
físico. Uma das funções da brincadeira é permitir à criança o exercício do movimento.
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Segundo Piaget (1975) no jogo motor, o desenvolvimento cognitivo individual é


apresentado desde o nascimento até os três anos de idade, a criança explora seus próprios
estímulos brinca sozinha, fazendo vários movimentos com os objetos: pega, mexe, levanta,
junta, sacode, esconde, acha objetos.
Por meio do brincar a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e adquire
habilidades. Montessori (1987) diz que os movimentos contribuem para o exercício das
atividades da criança no favorecimento de seu desenvolvimento. Podemos observar que a
criança vive experiências a cada movimento executado por elas a todo o momento, até em
situações em que para o adulto pareça insignificante, um simples ato criado por suas próprias
ações já as satisfazem, pelo fato de ser algo novo e independente causados por um desejo de
construção significativa, o alcance do seu objetivo sendo realizado através dos seus
movimentos, explorando os objetos que os cercam, melhoram sua agilidade física,
experimentam seus sentidos e desenvolvem seu pensamento.
O brincar da criança apoia e valoriza seu desenvolvimento, no sentido de que a
brincadeira surge como a linguagem natural da criança. Os jogos e brincadeiras são recursos
indispensáveis para o professor empenhado em aplicar um trabalho consciente e benéfico para
o aprendizado na educação infantil. È através dos jogos, trabalhados com seriedade que o
professor terá com o decorrer do seu trabalho futuros educandos autônomos, independentes,
confiantes e críticos. Segundo Piaget (1976) os jogos e as brincadeiras infantis exercem um
papel muito além da simples diversão, possibilitam aprendizagem de diversas habilidades e
são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual da criança.
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório- motor e
de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu
alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do
eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos que se
forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a
assimilar as realidades intelectuais e que, sem isso, permanecem exteriores à
inteligência infantil. (PIAGET, 1976, p. 160)

Durante as brincadeiras, as crianças investigam o desconhecido, enfrentam desafios,


desenvolvem suas emoções e seus sentimentos. Segundo Oliveira (1994) para que as crianças
menores de seis anos absorvam conhecimentos na aprendizagem escolar, as atividades que
tem maior interesse e bom resultado na participação são aquelas desenvolvidas especialmente
nos jogos e brincadeiras preferidos. O jogo é utilizado como recurso pedagógico facilitando
a interação,
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dedicação e desempenho, favorecendo para a educação infantil o seu desenvolvimento


pessoal. A criança através dos jogos e brincadeiras se torna um indivíduo portador de
capacidades e autonomia devido aos seus estímulos causados pela atividade lúdica e tem sido
destacada por teóricos como relevante para o desenvolvimento intelectual humano.
Os trabalhos educacionais relacionados aos jogos e brincadeiras é para a criança um
espaço de investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo. Os
jogos e as brincadeiras são uma das formas mais originais que a criança tem de se relacionar e
de se apropriar do mundo devido à liberdade de expressão. É brincando que ela se relaciona
de forma direta com as pessoas e objetos ao seu redor, aprendendo o tempo todo com as
experiências que pode ter no ambiente que a mesma esta inserida. São essas vivências
familiares, na interação com as pessoas de seu grupo social, que possibilita a criança a se
apropriar da realidade, da vida em toda sua plenitude.

2.3. A Relação Professor, Jogos e Brincadeiras

A aprendizagem da criança depende em grande parte da motivação: as


necessidades e os interesses das mesmas são mais importantes do que qualquer outra razão
pela qual a ligue a uma atividade. Independentemente, de inteligência, curiosa e iniciativa, são
características significativas que fazem parte da personalidade integral construída através dos
métodos utilizados aqui relacionados.
Não é necessário que a escola invista em materiais pedagógicos caros para que
ocorra um desenvolvimento mutuo da criança referente à utilização dos jogos e brincadeiras
em sala de aula, mas sim, que invista em bons educadores preparados para este fim.
Essa relação entre os jogos e a aprendizagem significativa destaca que a boa escola
não é necessariamente aquela que possui uma quantidade enorme de caríssimos
brinquedos eletrônicos ou jogos ditos educativos, mas que disponha de uma equipe
de educadores que saibam como utilizar a reflexão que o jogo desperta, saibam fazer
de simples objetos naturais uma oportunidade de descoberta e exploração
imaginativa (ANTUNES, 2004, p. 31).

A criança se expressa através das brincadeiras, ela nos mostra o mundo real que
vive e sua vida cotidiana através de gestos e atividades realizadas na escola, ora também que a
mesma absorve tudo ao seu redor.
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Quando a criança brinca, ela cria uma situação imaginaria, sendo esta uma
característica definidora do brinquedo em geral. Nesta situação imaginaria, ao
assumir um papel, a criança inicialmente imita o adulto tal como ela observa em seu
contexto. Nesse sentido, a imitação assume um papel fundamental no
desenvolvimento da criança em geral, e na brincadeira em especial, na medida em
que indica que primeiro a criança faz aquilo que ela viu o outro fazendo, mesmo sem
ter clareza do significado desta ação, para então, á medida que deixa de repetir por
imitação, passa a realizar a atividade conscientemente, criando novas possibilidades
e combinações. Assim sendo, a imitação não pode ser considerada uma atividade
mecânica ou de simples copia de um modelo, uma vez que a criança, ao realizá-la,
está construindo em nível individual o que observou nos outros. (FIDELIS, 2005)

Através do jogo e da brincadeira, abrem-se varias possibilidades e acessibilidades


de incentivar o desenvolvimento da criança, usando como metodologia, mas não as
priorizando como instrumento didático.
O ambiente escolar da educação requer uma atenção especial, pois com a
modernidade atual, as crianças estão inseridas num contexto aonde as informações chegam
com muita facilidade, com isso, o professor deve estar informado sobre essas diversidades e
se atualizar para que seus alunos tenham jogos e brincadeiras adequados ao mundo que
vivemos.
O planejamento curricular para as creches e pré-escolas busca, hoje, romper com a
histórica tradição de promover o isolamento, para que as crianças se desenvolvam com mais
faculdade dentro da sua realidade de mundo.
O jogo e a brincadeira para que haja um intuito pedagógico, deve haver um planejamento e
direcionamento de um adulto, como estamos falando de alunos, no caso, de um professor
qualificado e informado.
Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de
aprendizagem significativa. Em primeiro lugar, o jogo ocasional, distante de uma
cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento de
exercícios aeróbicos para quem pretende ganhar maior mobilidade física. E, em
segundo lugar, uma certa quantidade de jogos incorporados a uma programação
somente tem validade afetiva quando rigorosamente selecionada e subordinada à
aprendizagem que se tem como meta. Em síntese, jamais pense em usar os jogos
pedagógico sem rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por etapas muito
nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos, e jamais avalie sua
qualidade de professor pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar e
selecionar (ANTUNES, 2000, p.39).

A ênfase do jogo e da brincadeira como elemento mediador na construção de


relações entre aluno/professor direciona para o desenvolvimento integral da criança através da
integração de cada indivíduo e varia de criança para criança.
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O processo de aprendizagem facilita o processo de reflexão, de autonomia e


criatividade, estabelecendo uma relação estreita entre a ludicidade e a aprendizagem.
É de suma importância de que se conscientizem os pais, educadores e também a
sociedade de que a ludicidade faz parte de uma aprendizagem prazerosa e eficaz para que
ocorra um grau maior de desenvolvimento integral da criança nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Pode-se afirmar, segundo Rcnei:
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com
os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas
crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (RCNEI,
1998, p. 23).

Educar não é apenas repassar informações ou guiá-los a um caminho, mas a


construir e moldar crianças para que possam ser cidadãos dignos, que construam valores e
visão de mundo com as circunstancias diversas que cada um irá encontrar e enfrentar. Nessa
linha de pensamento, pode-se afirmar, segundo RCNEI:
O professor é um mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,
organizando e propiciando espaços e situações que aprendizagens que articulem os
recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais, e cognitivas de cada criança
aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de
conhecimento humano. (RCNEI, 1998, p. 30)

Para ser educador e um mediador de conhecimentos para a criança, deve- se acima


de tudo, amar o que se faz, pois há uma grande responsabilidade para o professor, que é
através dele que serão formadas pessoas com personalidade e caráter significativo conforme
foi sua vida escolar e infância.
Alguns colegas de profissão têm a concepção errada de ser educador, pois
possuem o pensamento de que a repetição e a rigorosidade em sala de aula farão com que as
crianças tenham um grau maior de assimilação do conhecimento, esquecendo que o que move
a criança são a afetividade e criatividade do mesmo para que haja um desenvolvimento
integral da criança.
A compreensão de que as instituições de educação infantil têm como função educar
e cuidar de forma indissociável e complementar as crianças de 0 a 6 anos é
relativamente recente.[...] O desafio está acima de tudo estreitamente ligado às
relações creches-família, que precisam ser enfrentadas urgentemente no sentido de
explicitar qual o papel que estas duas instituições devem ter no atual contexto
histórico, a fim de que as professoras de educação infantil e as famílias – pais e
mães das crianças – possam assumir suas responsabilidades com maior clareza
dos seus papéis que, mesmo
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sendo complementares um em relação ao outro, são diferentes e devem continuar


sendo (CERISARA, 1999, p.12).

Nessa perspectiva, a avaliação que se faz então dos papéis dos pais e dos profissionais de
educação infantil, ainda que estes encontrem dificuldades quanto às práticas metodológicas a
serem utilizadas, a função e o papel de cada um deve ser complementar e de responsabilidade
única.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Artigo Científico nos mostra que a criança aprende enquanto brinca. De alguma
forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos indispensáveis ao relacionamento
com outras pessoas. As brincadeiras são veículos que possibilitam o crescimento e a
aprendizagem, dando à criança a oportunidade de descobrir, aprender e explorar o mundo em
que vive. Assim, a criança estabelece uma relação natural e consegue extravasar suas tristezas
e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades, é por meio da brincadeira
que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro numa troca mútua de saber.
Além da interação, o brincar proporciona um fundamental mecanismo para
desenvolver a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para
melhor desenvolver a aprendizagem.
Brincando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis,
tais como atenção, afetividade, o hábito de concentrar-se, dentre outras habilidades. Nessa
perspectiva, as brincadeiras e os brinquedos vêm contribuir significamente para o importante
desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas do aluno.
Vemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade,
mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão,
mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é
construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a
formação integral da criança.
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A brincadeira favorece ainda o desenvolvimento da autoestima, da criatividade e da


psique infantil, ocasionando mudanças qualitativas em suas estruturas mentais. Através das
brincadeiras, as crianças desenvolvem também algumas noções de grande importância para a
vida em sociedade, como a noção das regras e também dos papes sociais.
Perceber e valorizar a importância do lúdico em sala de aula é fundamental para que
esta prática seja cada vez mais comum e presente nas escolas. E o papel principal de
implementar e cultivar tal metodologia é dos professores, em seus planejamentos e programas
de aula, levando aos alunos uma forma mais leve, divertida e prazerosa de aprender.
O lúdico vem como o diferencial para a educação que necessita de mudança, de
novidade, de estímulo e incentivo. Trazer para as crianças e adolescentes um aprendizado que
seja significativo e ao mesmo tempo leve e prazeroso é renovar o modelo de escola que
temos, modificando a visão de lugar sério e chato, tornando-a um lugar mais aconchegante
para os que nela passam tanto tempo. Este pode ser um pequeno e inicial passo para se superar
a visão que se tem de escola, já ultrapassada, por ser desinteressante.
Portanto, as atividades lúdicas no cotidiano escolar são muito importantes, devido
a influencia que os mesmos exercem frente aos alunos, pois quando eles estão envolvidos
emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e dinâmico o processo de ensino e aprendizagem.
Conclui-se que o aspecto lúdico voltado para as crianças facilita a aprendizagem e
o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e cognitivo. Enfim,
desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, a educação infantil deve considerar o
lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e na
aprendizagem da criança.

REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT 6022. Informação e


Documentação – Artigo em publicação Periódica Cientifica Imprensa. Rio de
Janeiro, 2003.
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ANTUNES, Celso. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e
ouvir. Fascículo 15. 2º ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
. O jogo e o brinquedo na escola. In SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca a
criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, Vozes, 2000.
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FIDELIS, Silvio Aparecido & TEMPEL, Monica. Educação Infantil: uma proposta
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2003.
VELASCO, Calcida Gonsalves, Brincar: o despertar psicomotor, Rio de Janeiro:
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