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Grupo Rhema Educação

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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO DAS


CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Joana D’arc Sabino 1
Lucio Mauro R. Santos 2

RESUMO

Os jogos e brincadeiras têm sido considerados elementos de grande importância para


os programas de educação para a primeira infância. A principal função deste trabalho
é abordar de forma direta e simplificada a questão do brincar na Educação Infantil. O
presente trabalho foi estruturado em três capítulos: a primeira busca explicar o
verdadeiro motivo das brincadeiras estarem inseridas no trabalho pedagógico nesta
faixa etária; o segundo aborda de forma clara a importância do lúdico; e o terceiro e
último capítulo, mostra exemplos de jogos e brincadeiras que auxiliam o professor no
desempenho de seu trabalho. Portanto, quanto melhor os educadores e os pais
compreenderem a brincadeira melhor serão o desenvolvimento das crianças nesta
fase

Palavras-chave: Educação Infantil. Brinquedos. Brincadeiras.

ABSTRACT:

Games and games have been considered of great importance for early childhood
education programs. The main function of this paper is to directly and simply address
the issue of play in early childhood education. The present work was structured in
three chapters: the first one tries to explain the true reason of the games being
inserted in the pedagogical work in this age group; the second addresses clearly the
importance of playfulness; and the third and last chapter, shows examples of games
and games that help the teacher in the performance of his work. Therefore, the better
the educators and parents understand the play, the better the children's development
at this stage.

Keywords: Child education. Toys. Just kidding.

1 – Acadêmica de pós graduação do Instituto Rhema Educação; 2 – Docente orientador.


1. Introdução

A criança quando nasce por si só é curiosa, ativa, ansiosa por novas


descobertas. Quando ingressa na escola, anseia por novas experiências e
oportunidades de interagir com outras crianças e com o ambiente que a cerca. Essa
interação só é possível através de jogos e brincadeiras que auxiliam no
desenvolvimento cognitivo, motor e intelectual. Dessa forma, ela irá formar conceitos,
relacionar ideias, estabelecer relações lógicas, desenvolver a expressão oral e
corporal, reforçar habilidades sociais, reduzir a agressividade, integrar-se na sociedade
e construir seu próprio conhecimento.
Este trabalho busca desenvolver um assunto muito amplo e de fundamental
importância, tanto para educadores, que desenvolvem seu trabalho com os pequenos,
como para pais, que possuem seus filhos nesta faixa etária. Este estudo parte do
pressuposto de destacar a importância do lúdico na construção do conhecimento nas
crianças de 0 a 6 anos. É vital que o brincar seja trabalhado nas escolas de forma que
proporcione as crianças condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas
para satisfazer suas necessidades de aprendizagem.
Logo, é necessária a busca de respostas e explicações ao respeito do brincar,
pois as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, e é
através destas atividades que ocorre o desenvolvimento afetivo, social e mental.
Assim, o brincar se torna uma das necessidades básicas, tais como a nutrição, a
saúde e a habitação.
Portanto, este trabalho busca responder a algumas indagações sobre a real
importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento das crianças. Refletindo
sobre a forma como se pode trabalhar com esses artifícios pedagógicos na Educação
Infantil.
2. Por que se brinca na educação infantil?

O brincar na Educação Infantil é um ato, que ao contrário do que muitos pais


pensam, fornece às crianças desta faixa etária, do 0 aos 6 anos, a possibilidade de
construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa, onde a criança que brinca
penetra no mundo do trabalho, da cultura e dos afetos por via da representação e da
experimentação.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, para que
as crianças exerçam sua capacidade de criar, é preciso que haja riqueza e diversidade
nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições de aprendizagem, onde o
brincar não seja visto apenas como uma mera diversão, mas como a primeira etapa
educacional, que possibilita que a criança seja criadora de fantasias, sendo capaz de
inventar, criar, entender, construir, modificar, experimentar, destruir e imaginar.
De acordo com Moyles (2002, p. 117): “O brincar é tanto um processo quanto
uma estratégia de ensino”. Pois embora as crianças precisem conhecer os materiais
lúdicos, as suas funções, suas propriedades e nomes, e também precisem de
habilidades de manipulação e coordenação ao utilizá-los, é preciso que o educador se
aproprie do brincar para elaborar conteúdos rumo á aprendizagem através de
atividades lúdicas dirigidas, observando, avaliando e registrando o desenvolver dos
trabalhos, ressaltando que na Educação Infantil a avaliação é realizada por meio de
observações e registros.
Trazer novos materiais lúdicos para a sala de aula possibilita o início da
brincadeira, e é necessário que o professor esteja ciente dos processos do brincar, das
técnicas para direcionar a brincadeira infantil; é preciso que os educadores se façam
alguns questionamentos antes de começar a organizar sua provisão para o brincar e a
aprendizagem. (MOYLES, 2002).
Esses questionamentos muito importantes, poie eles norteiam todo o trabalho
pedagógico realizado, dentre eles podemos citar:
 O que eu vou oferecer aos meus alunos?
 Que habilidades espero que as crianças adquiram?
 Que áreas do currículo será possível cobrir?
 Qual será a minha abordagem: tarefas, atividades, brincar livre/ brincar
dirigido...?
 Como a sala de aula precisará ser organizada?
 Aquilo que quero fazer vai realmente interessar, estimular e motivar essas
crianças?
 Que registros precisarei fazer?
Analisando estes questionamentos o educador descobrirá a real necessidade
das crianças, podendo dirigir o brincar de maneira com que elas desenvolvam suas
habilidades, levando em conta o seu planejamento. É necessário lembrar e estar
consciente do fato de que as crianças, durante o brincar, se envolvem em profundos
processos mentais que consomem energia, por isso um educador competente das
séries iniciais, tem de planejar sempre pensando em tudo.
Os brinquedos são um convite ao brincar, pois facilita e enriquece a
brincadeira, proporcionando no desafio e motivação, ajudando e dando respaldo ao
trabalho pedagógico. Quando a criança vê o brinquedo, ela é instigada pela sua
proposta, onde conhece novas coisas, descobrem outras, experimenta e reinventa,
analisa, compara e cria, suas habilidades e sua imaginação se desenvolvem,
enriquecendo seu mundo interior.
As brincadeiras e os brinquedos são ótimas oportunidades para nutrir e ajudar
a desenvolver a linguagem da criança, estimulando a linguagem interna e o aumento
de vocabulário. Segundo Cunha (2005, p.13):

O entusiasmo da brincadeira faz com que a linguagem verbal se torne mais


fluente e haja maior interesse pelo conhecimento de palavras novas. A
variedade de situações que o brinquedo possibilita pode favorecer a aquisição
de novos conceitos. A participação de um adulto, ou criança mais velha, pode
enriquecer o processo; a criança faz experiências descobrindo as leis da
natureza, o adulto introduz os novos conceitos por ela vivenciados,
completando, assim, a sua integração.

É brincando que a criança desenvolve seu senso de companheirismo, é jogando


com os companheiros que aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando
entender as regras. Isso possibilitará que a criança cresça ciente de seus direitos e
deveres na sociedade, e seja um adulto participante ativo nela.
A criança que participa de jogos e brincadeiras grupais provavelmente quando
se tornar adulto saberá trabalhar em grupo, por ter aprendido a aceitar as regras do
jogo, e saberá respeitar as normas de convivência em grupos e instituições sociais. É
brincando que ela vai aprender a ser um adulto consciente, capaz de participar e
engajar-se na vida de sua comunidade.
Nas instituições de Educação Infantil é normal os pais pensarem que as
crianças vão à escola apenas para brincar, sem nenhum propósito pedagógico,
brincam apenas para passar o tempo de uma maneira divertida. Ao contrário do que
eles pensam, é preciso esclarecer a real função do brincar, é preciso explicar que
desde bebês, as crianças precisam de estímulos, e isso é feito por meio de
brincadeiras, compartilhando atividades, conversando, rindo e cantando juntos.
Quando um bebê faz um som ou um gesto, o papel do educador é estimulá-lo,
repetindo suas ações, e é assim que ele é instigado em aprender a se comunicar
através de relações ternas e afetivas, pois são vitais para seu desenvolvimento físico,
social e emocional. À medida que o bebê for crescendo, ele vai sendo estimulado de
várias outras formas. Por meio de brincadeiras, ele é incentivado a engatinhar, ficar em
pé e caminhar, desenvolver a motricidade, entre outras habilidades. Por isso, o diálogo
entre pais e professores é essencial para a vida escolar das crianças. De acordo com
Spodek e Saracho (1998, p. 184):

O trabalho com os pais é uma parte importante da educação em qualquer


nível, especialmente quando se trata de crianças muito pequenas. Os
professores precisam desenvolver um entendimento dos pais de seus alunos e
da situação familiar, bem como uma variedade de técnicas para trabalhar com
os pais de forma que sirvam a diferentes propósitos. Mais importante ainda:
eles devem entender que a educação de crianças pequenas não pode ser
considerada isoladamente. Para ter sucesso no trabalho com crianças, os
professores precisam da cooperação ativa dos pais.

O professor possui papel fundamental na brincadeira educativa, pois se a


brincadeira deve ser educativa, os educadores precisam assumir um papel principal,
determinando suas condições, direcionando-as e modificando-as. Não é porque a
brincadeira é uma atividade espontânea nas crianças, que significa que o professor
não precise ter uma atitude ativa sobre ela. O pedagogo precisa saber algumas
influências que afetam as brincadeiras das crianças antes de planejar suas atividades:
 Os fatores físicos do espaço afetam a brincadeira social, a aprendizagem, o
nível e a qualidade da atividade.

 A interação da criança com seus pais afeta sua capacidade de brincar.

 A interação da criança com seus companheiros influenciam a brincadeira social,


auxiliando no processo de descentração.

 A facilitação direta ou indireta do brincar, por parte do professor, afeta o tipo, a


qualidade e a quantidade da brincadeira.

 O treinamento ou a experiência em certos tipos de brinquedo pode afetar o


comportamento durante a aplicação da atividade, podendo melhorar a
aprendizagem de habilidades, principalmente aquelas que requerem processos
cognitivos.

Cabe ao educador ser um facilitador das brincadeiras, mesclando momentos


onde orienta, dirige o processo, observa e coleta informações, pois embora não
possam determinar algumas das influências sobre o brincar, eles podem controlar
outras, tais como assegurar que a brincadeira tenha consequências educacionais
positivas, enriquecê-la em futuras oportunidades, participar das brincadeiras, organizar
e estruturar o espaço de forma a estimular as crianças, etc.
Portanto, o brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da
criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir, no
futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto, dando-lhe condições de encarar o
mundo de forma segura e objetiva nas suas ações. É bom, é gostoso, dá felicidade, e
ser feliz é estar mais predisposto a ser bondoso, a amar o próximo e a partilhar
fraternalmente, e é brincando que a criança vai se desenvolver, exercitando suas
potencialidades. Brincando a criança aprende com toda a riqueza do aprender
fazendo, espontaneamente, sem medo de errar, desenvolvendo a sociabilidade,
fazendo amigos e aprendendo a conviver respeitando os outros, nutrindo sua vida
interior. Sendo assim, fica claro que o brincar na Educação Infantil não é uma questão
apenas de pura diversão, mas torna-se um modo de socialização, educação,
construção e desenvolvimento pleno de suas potencialidades.
3. O Lúdico na educação infantil

O ser humano é classificado biologicamente de diversas formas, tais como


Homo sapiens, porque tem como função vital o raciocínio, que lhe permite aprender e
conhecer o mundo no qual está inserido; Homo faber, pois tem a capacidade de
fabricar objetos e utensílios para seu uso próprio; e Homo ludens, porque tem a
capacidade de dedicar-se à atividade lúdica, ou seja, ao jogo.
Pesquisando o real significado da palavra “jogo”, constatamos dois significados
importantes deste verbete segundo Ferreira (1980) e Freire (1954):
 Atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que define a
perda ou o ganho.

 Exercício ou brincadeira de crianças em que estas fazem prova de sua


habilidade, destreza ou astúcia.

Segundo Huizinga (1971, p. 3):

[...] os animais brincam tal como os homens... Convidam-se uns aos outros
para brincar mediante um certo ritual de atitudes e gestos. Respeitam a regra
que os proíbe morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do próximo.
Fingem falar zangados e, o que é mais importante, eles, em tudo isto, parecem
experimentar um imenso prazer e divertimento.

Ou seja, o homem como outros animais brincam para se divertir,


desenvolvendo habilidades.
Para Piaget (1971, p. 146):

Nas espécies superiores, como o chimpanzé, que se diverte a fazer a água


correr, a juntar objetos ou a destruí-los, a dar cambalhotas e a imitar os
movimentos de marcha etc., e na criança, a atividade lúdica supera
amplamente os esquemas reflexos e prolonga quase todas as ações.

A criança utiliza a atividade lúdica não apenas como reflexos, mas como uma
atividade que lhe permitirá futuramente obter algumas noções básicas para seu
convívio em sociedade.
O jogo possui funções muito importantes no aprendizado das crianças
pequenas, principalmente porque tem uma função vital para o indivíduo, não só para
distração e descarga de energia, mas como forma de assimilação da realidade, pois é
jogando que a criança aprende a respeitar regras e a assimilar a ideia de que nem
sempre se ganha, às vezes se pode perder.
Os jogos podem ser classificados de diversas maneiras, depende do critério
adotado por seus estudiosos. São vários os autores que abordam em seus estudos
este tema amplo e mágico. Eles tentam explicar sua origem e buscam classificá-los de
acordo com que acreditam que eles possam se agrupar. Dentre esses pesquisadores
estão: Henri Wallon, Roger Caillois, Claparède, Karl Groos, Grandjouan, Quérat, Stern,
Bühler e Jean Piaget. Em particular, será citada a classificação de Jean Piaget, pois
suas implicações têm forte ligação com a Educação Infantil.
Piaget acredita que o jogo é essencial na vida da criança. Nos primeiros anos
de vida, a criança tem o jogo de exercício sensório-motor, que é aquele em que ela
repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em
torno dos 2 aos 3 e dos 5 aos 6 anos, nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que
satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar mentalmente o
acontecido, mas de executar a representação. Depois surgem os jogos de regras, que
são transmitidos socialmente de criança para criança e por consequência vão
aumentando de importância de acordo com o progresso do desenvolvimento social,
constituindo expressão e condição para o desenvolvimento infantil, uma vez que as
crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
Jean Piaget elaborou sua classificação baseada na evolução das estruturas
genéticas, pois as três classes de jogos (de exercício, de símbolo e de regras)
correspondem a três fases do desenvolvimento mental da criança.
O impulso lúdico acontece na criança logo nos primeiros meses de vida, na
forma do chamado jogo de exercício sensório-motor. Do segundo ao sexto ano de vida
predomina sob a forma de jogo simbólico. E a partir da etapa seguinte, através do jogo
de regras.
De acordo com Bee (2003, p. 202):

Se você observar crianças pequenas em seus momentos de brincadeiras


livres, não-estruturadas, vê-las construindo torres com blocos, conversando
com suas bonecas ou alimentando-as, fazendo “chá” com o conjunto de
xícaras e bule, dirigindo caminhões pelo chão, vestindo-se com roupas de
adulto. Elas estão, em resumo, jogando. Esta não é uma atividade trivial ou
vazia; é disso que parece depender grande parte do desenvolvimento
cognitivo.

3.1- Jogo de exercício sensório-motor


A primeira forma que a atividade lúdica se manifesta é sob exercícios motores
simples, e sua realização depende da maturidade do aparelho motor das crianças. O
que caracteriza esse tipo de jogo é o puro prazer funcional que os pequenos sentem
quando realizam exercícios motores.
Os exercícios sensório-motores se fundam na repetição de gestos simples e
movimentos simples, com valores exploratórios, pois a criança os realiza para explorar
e exercitar os movimentos do próprio corpo, ou então para ver o efeito que sua ação
vai produzir. Exemplos simples desses exercícios são: esticar e recolher os braços e
as pernas; agitar as mãos e os dedos; tocar objetos e sacudi-los; produzir ruídos com
a boca. É se movimentando que a criança descobre os próprios limites de seu corpo,
descobre a sua capacidade de se locomover no ambiente que a cerca.
As primeiras atividades lúdicas são de caráter exploratório. Segundo Cunha
(2005, p. 17):

O bebê começa por explorar a si mesmo, suas possibilidades de


movimentação, de produção de sons, de uso do espaço ao redor e de
comunicação. Essa atividade exploratória é fundamental para subsidiar o
processo de construção do conhecimento, mas nem sempre é bem aceita
pois, infelizmente, algumas pessoas julgam ser necessário inibir este processo
pensando que a criança deve ser ensinada desde cedo. Embora seja
necessário colocar limites no comportamento, é extremamente importante
oferecer oportunidades para exploração do ambiente e dos objetos e para
vivências de experiências que subsidiem e enriqueçam o processo de
aquisição de conhecimentos.

Piaget descreve que por volta do segundo mês de vida, começam a aparecer
as “reações circulares”, onde a criança provoca involuntariamente um fato, tentando
repetir algo que tenha acontecido, iniciando assim suas primeiras ações coordenadas.
Esta é a fase em que a estimulação visual e sonora devem ser realizadas, onde as
conversas com o bebê são muito importantes.
Quando a criança chega aos quatro meses, surgem as ações intencionais,
desenvolve-se a coordenação óptico-manual e a preensão palmar. Já por volta dos
seis meses, acontece a aquisição da noção de permanência do objeto, onde a criança
começa a perceber que os objetos continuam existindo, mesmo que ela não os veja.
Se escondermos um objeto embaixo de uma fralda, por exemplo, ela irá procurá-lo.
O campo de ação da criança é ampliado dos oito aos doze meses, onde ela já
senta e já é capaz de passar os objetos de uma mão para a outra. As ações que antes
eram apenas exploratórias agora são manipulatórias. Nas brincadeiras manipulativas,
as crianças manuseiam brinquedos de maneira independente, pois elas já possuem a
capacidade de preensão das mãos.
Essa forma de atividade lúdica ultrapassa os primeiros anos da infância, pois
ela reaparece durante toda a infância, e até mesmo na fase adulta do indivíduo. Isso
acontece sempre quando um novo poder ou uma nova capacidade são adquiridos.
As brincadeiras motoras também se desenvolvem, nas crianças maiores,
ações musculares amplas, como correr, saltar ou andar de triciclo, que as ajudam a
desenvolverem suas habilidades motoras ou a aprenderem a usá-las em situações
novas.
3.2- Jogo simbólico
O jogo simbólico se manifesta na criança no período compreendido entre os
dois e os seis anos, aparecendo na forma de jogo de ficção ou imaginação, e de
imitação. Durante o desenvolvimento da imaginação, um cabo de vassoura, por
exemplo, pode se transformar em um cavalo; uma caixa de fósforos num carro, e um
caixote num trem muito bem elaborado. E durante o desempenho de papéis ou
imitação, o brincar de mãe e filho, de professor e aluno, de médico, tornam-se
brincadeiras ricas, que vão proporcionar à criança momentos mágicos de criação.
A função desse tipo de atividade lúdica consiste em satisfazer a criança por
meio da transformação do real em função da realização dos desejos, onde a criança,
brincando, refaz sua vida, corrigindo-a de acordo com o que ela pensa, revivendo
todos os prazeres e conflitos através da ficção. Assim, assimilar a realidade é uma das
principais características do jogo simbólico.
Segundo Rizzi e Haydt (2007, p.13):

[...] o jogo simbólico, de imaginação ou imitação, tem como função assimilar a


realidade, seja através da liquidação de conflitos, da compensação de
necessidades não-satisfeitas, ou da simples inversão de papéis
(principalmente no que se refere aos papéis de obediência e autoridade). É o
transporte a um mundo de faz-de-conta, que possibilita à criança a realização
de sonhos e fantasias, revela conflitos interiores, medos e angústias, aliviando
a tensão e as frustrações.

Nesses jogos, a criança reproduz atitudes e relações predominantes no meio


em que vive. É dependendo desse meio, que ela se tornará uma pessoa autoritária ou
liberal, carinhosa ou agressiva, de acordo com o tratamento que receberá do adulto
com os quais convive. Um exemplo claro dessa situação, é quando a criança vive em
uma atmosfera repressiva, onde as ordens e os castigos físicos predominam, a
tendência da criança é reproduzir nas brincadeiras o comportamento dos adultos que a
cercam.
Desse modo, é através dos jogos simbólicos que a criança expressa e integra
as experiências já vivenciadas por elas. De acordo com Cunha (2005, p. 45): “O
pensamento da criança evolui a partir de suas ações. As crianças precisam vivenciar
ideias em nível simbólico para poder compreender seu significado na vida real”.
3.3- Jogo de regras
Essa forma de jogo se manifesta por volta dos sete aos doze anos,
predominando durante toda a vida do indivíduo, como por exemplo, nos esportes, no
xadrez, nos jogos de cartas, etc. Os jogos de regras podem ser de combinações
sensório-motoras ou intelectuais, em que existe competição entre os indivíduos. A
principal característica é o fato de ser regulamentado por meio de um conjunto
sistemático de leis, as regras.
O jogo de regras é uma conduta lúdica que auxilia nas relações sociais ou
interindividuais, pois a regra permite uma ordenação, uma regularidade imposta pelo
grupo, exigindo a existência de parceiros, o que lhe dá um caráter social. Sendo desse
modo, esse tipo de jogo é uma atividade lúdica que tem por finalidade ajudar no
processo de socialização da criança, fazendo com que ela abandone o jogo
egocêntrico em proveito de uma aplicação efetiva de regras e do espírito de
cooperação entre os jogadores.
Portanto, como já foi abordado anteriormente, o jogo na criança, que
inicialmente era egocêntrico e espontâneo, vai tornando-se cada vez mais uma
atividade social, onde a criança vai aprender a conviver harmoniosamente em
sociedade, tornando-se um cidadão ciente de seus direito e deveres.
4. Brincadeiras para crianças na educação infantil

Segundo Rizzi e Haydt existem jogos e atividades específicas para o


desenvolvimento das crianças. Elas baseiam-se na classificação dos jogos de acordo
com Jean Piaget.
Abaixo relacionaremos alguns exemplos de jogos e exercícios que podem
respaldar o trabalho dos professores da Educação Infantil.

4.1- Exercícios sensório-motores


Como já esclarecido anteriormente, os jogos sensório-motores são atividades
com valor exploratório, pois são realizadas para explorar e exercitar os movimentos do
próprio corpo, seu ritmo, sua cadência e seu desembaraço, bem como os efeitos que
sua ação pode produzir.
Abaixo estão relacionadas algumas dessas atividades:
 As atividades de andar são muito importantes, pois trabalham a
coordenação motora ampla e a orientação espacial e a discriminação
visual.
 As atividades de correr trabalham a coordenação motora ampla e a
orientação espacial.
 As atividades de saltar trabalham a coordenação motora ampla e a
orientação espacial.
 As atividades dígito-manuais trabalham a coordenação motora.

4.2- Exercícios envolvendo representação simbólica.


A representação simbólica supõe a formação da imagem mental. Por isso,
as atividades apresentadas a seguir têm como base a imagem mental e envolvem
a imitação, imaginação e linguagem. Assim como o desenho, a linguagem oral e
escrita é uma forma de representação simbólica da realidade, pois a palavra
funciona como símbolo, capaz de evocar objetos e ventos.
São algumas dessas atividades: brincar de casinha, de escola, de médico e
dentista, de correio, de feira, andar como gato, elefante, tartaruga, pular como um
sapo, voar como um avião, correr como carro, andar como trenzinho, reproduzir
situações vivenciadas.
4.3- Exercícios utilizando regras.
Os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras ou
intelectuais, que norteiam a cooperação e a competição entre os participantes. As
regras do jogo devem ser bem explicadas pelo professor e seguidas por todos os
participantes. Ao apresentar um novo jogo, convém primeiro fazer uma descrição do
jogo inteiro, e depois dar as instruções específicas para a realização de suas várias
partes.
Algumas atividades que podem ser citadas como exemplo de jogos de regras
são: batata quente, lenço atrás, vôo das borboletas, gato e rato, arranje um par, fuga
dos pássaros, boca do forno, coelhinho na toca, bola ao túnel, entre outras.
5. Conclusão

Foram apresentadas de maneira resumida algumas ideias interessantes sobre


o brincar. Agora, cabe aos educadores fazerem uma reflexão sobre este tema tão
mágico e ao mesmo tempo, cheio de muitos mistérios que valem a pena serem
desvendados.
Todas as pessoas que trabalham diretamente com a Educação Infantil sabem
exatamente como é enriquecedor ver as crianças se desenvolverem, e saber que
fazemos parte desse processo. Muito mais gratificante ainda, é poder ver no futuro
elas se tornarem adultos com responsabilidade social, que interagem na sociedade em
que vivem.
Todas as informações disponibilizadas neste trabalho foram pesquisadas com
o intuito de ajudar professores e pais a compreenderem melhor este universo, pois os
jogos e as brincadeiras são um passaporte único para o mundo da fantasia e para o
desenvolvimento integral das crianças.
REFÊRENCIAS
BEE, H. A criança em desenvolvimento. 9. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
CUNHA, N. H. S. Brinquedos, desafios e descobertas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
MOYLES, J. R. Só brincar? O papel do brincar na Educação Infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
RIZZI, L.; HAYDT, R. C. Atividades lúdicas na Educação das crianças. São Paulo,
SP: Editora Ática, 2007.
SPODEK, B.; SARACHO, O. N. Ensinando crianças de três a oito anos. Porto
Alegre: Artmed, 1998.

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